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dotada de movimento alternativo. Esta serra era movida por um dente ou braço adaptado ao eixo de uma roda d’água. Na extremidade da serra havia um peso de chumbo, o qual possibilitava o movimento alternativo vertical (FIGURA 3). TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 3 FIGURA 3. PRIMEIRA SERRA COM MOVIMENTO ALTERNATIVO, MOVIDA POR UMA RODA D’ÁGUA. Em 1660, foi construída uma serra alternativa mais eficiente, movimentada por bielas e manivelas, também adaptadas a uma roda d’água (FIGURA 4). FIGURA 4. EXEMPLOS DE SERRAS ALTERNATIVAS MOVIDAS POR SISTEMA DE BIELAS/MANIVELAS, ADAPTADOS A UMA RODA D’ÁGUA. Com a invenção da máquina a vapor por James Watt em 1778, as serras alternativas foram melhoradas, através da construção de um quadro contendo várias serras, permitindo a execução de cortes múltiplos (FIGURA 5). TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 4 FIGURA 5. SERRA ALTERNATIVA MOVIDA A VAPOR. Em 1777, foi patenteada por Samuel Miller a primeira serra circular. Em 1880, Willian Newberry construiu as primeiras serras de fita. A partir daí, com o decorrer dos anos, as máquinas foram sendo aperfeiçoadas até o estágio atual, onde dispõe-se de grandes máquinas com altos rendimentos e ótima eficiência. Associados a estas máquinas, dispõe-se hoje, de eficientes sistemas automatizados para movimentação e transferência das peças durante as operações, além de uma variedade de equipamentos de leitura como raio laser, “scanners” e posicionadores de toras, que auxiliam num melhor aproveitamento da madeira. 1.1 DEFINIÇÃO DE SERRARIA Chama-se de serraria, o local onde toras são recebidas, armazenadas e processadas em madeira serrada, sendo posteriormente estocadas por um determinado período para secagem. No caso do Brasil, muitas vezes pode-se encontrar anexadas à serraria, ou mesmo no seu interior, unidades de beneficiamento. Porém, estas unidades nada têm a ver com a definição de serraria, ou seja, não são unidades de desdobro primário e sim unidades de usinagem de madeiras. 1.2 CLASSIFICAÇÃO DE SERRARIAS Para se classificar serrarias, existem na literatura diversas maneiras, as quais consideram tamanho, tipo de matéria prima, equipamentos utilizados e produtividade. Porém, a forma mais conveniente de se classificar uma serraria é TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 5 através da sua produção. Sendo assim, tem-se três tipos de serrarias: as pequenas, com um consumo de até 50 m3 de toras por dia ou turno; as médias, com consumo de 50 a 100 m3 de toras por dia ou turno e as grandes, com consumo acima de 100 m3 por dia ou turno. Pode-se dizer que das serrarias instaladas no Brasil, aproximadamente 65% são serrarias pequenas, 30% médias e apenas 5% serrarias de grande porte. As serrarias ainda podem ser classificadas como serrarias fixas ou móveis. As serrarias fixas, são aquelas instaladas em um local fixo e a matéria prima é deslocada até a mesma. As serrarias móveis são unidades compactas que podem ser transportadas até a floresta, e cuja vantagem é de que todo o resíduo fica no campo, ou seja, o que é transportado para fora da floresta é somente madeira serrada (FIGURA 6). Normalmente são unidades de pouca produtividade utilizadas por pequenos produtores rurais para atender suas necessidades eventuais. No caso de serrarias portáteis de maior porte, estas são de custo elevado, justificando-se o seu uso somente em áreas de difícil acesso. Também em função do custo elevado e de muitas vezes seu uso ser temporário, é muito comum a prática de locações nos países mais desenvolvidos. FIGURA 6. EXEMPLOS DE SERRARIAS MÓVEIS (WOOD-MIZER – E.U.A.; KARA – FINLÂNDIA). 6 2. OPERAÇÕES DE DESDOBRO DA MADEIRA Nas industriais de madeira serrada, as toras entram na serraria, sofrem o desdobro e outros processamentos até que as peças adquiram tamanho e forma desejados. Para tais operações, são utilizadas as serras. Estas serras são classificadas em serras principais e serras secundárias ou auxiliares. Para um bom desempenho das operações dentro de uma serraria, o que garante melhor rendimento, produto de melhor qualidade e redução dos riscos de acidentes, entre outros fa tores, é necessário que os responsáveis pelo gerenciamento da mesma conheçam e definam todas as operações executadas, desde a entrada das toras até a madeira serrada em suas dimensões finais. É muito importante também, o preparo das toras para a entrada na serraria. Este preparo envolve uma série de operações que são realizadas no pátio de toras como traçamento, descascamento e classificação, entre outras. Apesar deste preparo ser de fundamental importância para a correta condução das operações de desdobro na serraria, tratam-se de operações realizadas exclusivamente no pátio de toras, considerando-se operação de desdobro somente o traçamento ou destopo das toras no pátio. 2.1 DESDOBRO PRINCIPAL São chamadas de operações de desdobro principal, aquelas realizadas com equipamentos de grandes dimensões, os quais geralmente necessitam de muita energia para seu funcionamento. As serras principais têm a função de reduzir as dimensões das toras em peças de mais fácil trabalhabilidade que serão enviadas a equipamentos de menor porte para as operações secundárias. Nestas serras as toras são cortadas longitudinalmente e transversalmente (destopo). De acordo com suas características, as serras principais podem ser classificadas como serras alternativas ou de quadro, serras de fita, serras circulares e serras destopadeiras principais circulares ou de corrente, no caso de redução no comprimento das toras ou simples destopo das mesmas. 7 Nas operações principais as peças obtidas podem ser blocos, semi blocos, pranchões, pranchas, tábuas ou ainda toras de comprimentos menores, quando é realizado destopo principal ainda no pátio de toras. A transformação da tora em tábuas na própria serra de desdobro principal é comum em serrarias de pequeno porte, onde esta única máquina executa a maioria das operações de desdobro. Este procedimento torna o processo de desdobro lento e consequentemente pouco produtivo. Ao se utilizar uma máquina de desdobro principal para reduzir a tora em tábuas se está eliminando o conceito de desdobro principal, que é de reduzir as dimensões iniciais da tora para posteriores operações em outros equipamentos. Pode-se dizer que a finalidade das serras principais, excluindo-se as destopadeiras, é reduzir a altura de corte das peças, permitindo o uso de máquinas de menor porte nas operações secundárias. 2.2 DESDOBRO SECUNDÁRIO As operações de desdobro secundárias são aquelas realizadas logo após o desdobro principal e visam a redução das dimensões das peças ou o dimensionamento final das mesmas, seja no comprimento, na largura ou na espessura. As máquinas utilizadas no desdobro secundário são geralmente serras circulares. Porém, em algumas operações é muito frequente o uso de serras fitas de pequeno porte e serras alternativas ou de quadro. As operações secundárias subdividem-se em resserragem, reaproveitamento, refilo ou canteagem e destopo. 2.2.1 RESSERRAGEM A resserragem consiste numa operação de redução de espessura nas peças obtidas no desdobro principal. Normalmente, estas peças passam uma só vez na máquina de resserragem, onde se obtém outras peças com a espessura nominal final desejada. As peças que passam pela resserragem são blocos, semi-blocos, pranchões e pranchas. As máquinas utilizadas na resserragem podem ser serras alternativas ou de quadro, serras fitas e circulares simples ou múltiplas de um ou dois eixos. 8 Em muitas serrarias, são utilizadas serras circulares, principalmente as de dois eixos,