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pois normalmente as alturas de corte são grandes. Estas serras têm uma boa produtividade, mas têm o inconveniente de gerar grande quantidade de serragem. Isto se deve à maior espessura dos discos de serra em relação à serras de fita. Como os cortes de resserragem são realizados internamente na peça de madeira, a maior quantidade de serragem implica em maior perda de madeira. Em função da escassez cada vez maior de matéria prima, o que acarreta uma elevação do preço da mesma, as serrarias estão optando pela utilização de serras fitas horizontais, as quais muitas vezes geram menos da metade de serragem gerada pelas serras circulares. 2.2.2 REFILO OU CANTEAGEM As operações de refilo ou canteagem são aquelas realizadas com o intuito de regularizar as bordas laterais ou reduzir a largura de tábuas, pranchas ou pranchões, determinando a largura final das peças. Como os cortes executados são rasos, as serras mais indicadas são as circulares. Ainda por serem cortes rasos, as serras operam com grande velocidade de corte e os discos são de diâmetros pequenos o que permite aos mesmos ter pouca espessura, proporcionando pouca perda de madeira na forma de serragem. 2.2.3 DESTOPO As operações de destopo são realizadas para eliminar defeitos nas extremidades das tábuas ou para a obtenção de peças com comprimentos desejados. No caso do destopo secundário as máquinas utilizadas são exclusivamente serras circulares. 2.2.4 REAPROVEITAMENTO Chama-se de reaproveitamento, toda operação que visa desdobrar novamente peças já consideradas resíduo, como costaneiras e refilos. Porém, nem sempre desdobra-se peças de descarte da serraria. Em muitas opções de “layout”, são retiradas costaneiras com espessuras maiores para posteriormente serem 9 resserradas na máquina de reaproveitamento, permitindo maior produtividade na máquina de desdobro principal. Neste caso, as costaneiras não são descarte e sim, em função de um diagrama de corte proposto, peças que devem passar por uma operação secundária de desdobro. Para o reaproveitamento de costaneiras, o principal equipamento utilizado é uma serra fita de pequeno porte chamada de serra fita de reaproveitamento ou resserra de reaproveitamento, a qual tem a vantagem de menor geração de serragem. Já os refilos passam novamente na canteadeira, onde é diminuída a largura, em função da retirada de falhas laterais das peças. Do aproveitamento de refilos se obtém peças de larguras muito reduzidas, as quais podem servir como tabiques para a própria serraria, fabricação de cabos de vassoura, cabos de ferramentas, etc. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 10 3. MÁQUINAS PARA SERRAR MADEIRA As máquinas de serrar madeira podem inicialmente ser divididas em função da sua ferramenta cortante. Basicamente tem-se as serras que utilizam uma lâmina denteada e as serras que utilizam um disco denteado para serrar. No grupo das serras que utilizam lâminas para cortar a madeira, tem-se as serras alternativas ou de quadro e as serras fitas. O grupo das serras que utilizam um disco denteado é formado pelas serras circulares. 3.1 SERRAS ALTERNATIVAS OU DE QUADRO As serras alternativas são formadas essencialmente por um quadro de madeira ou de aço, dotado de movimento alternativo que resulta numa velocidade das lâminas variando de zero até uma velocidade máxima. Nas extremidades são presas uma ou várias lâminas de serra. Estas lâminas são colocadas ligeiramente inclinadas para frente ( 1 a 12mm), dependendo da altura do quadro, o que evita um esforço no sentido ascendente do quadro. O corte pode ser feito somente no sentido descendente quando os dentes da serra são vo ltados para baixo ou nos dois sentidos quando metade dos dentes está voltada para baixo e metade para cima. A altura das lâminas (H), varia conforme a altura máxima de corte, de acordo com a seguinte relação: H ≥ altura máxima de corte + amplitude de corte A inclinação ideal das lâminas é determinada na prática e a largura das lâminas varia de 0,22 a 0,24 X a altura de corte. A espessura varia de 1,6 a 2,0mm. 3.1.1 SERRA COLONIAL A serra colonial é composta por um quadro de madeira onde são fixadas as lâminas. A tora ou a peça a ser desdobrada é presa num carrinho que é TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 11 dotado de movimento sincronizado com o movimento do quadro e permite o avanço da peça a ser desdobrada contra as lâminas da serra (FIGURA 7). A principal finalidade da serra colonial é de transformar a tora em pranchões. Este tipo de serra ainda é encontrado no Brasil em serrarias artesanais, movidas a roda d’água e era indicada para toras de grandes diâmetros (1,00 a 1,50m). Foi muito utilizada no desdobro de toras de araucária, imbúia e outras espécies de grandes dimensões da região Sul. FIGURA 7. SERRA ALTERNATIVA COLONIAL. 3.1.2 SERRA FRANCESA Esta serra é um tipo aperfeiçoado da colonial. Trabalha com potência mais elevada e maior número de lâminas (30 ou mais). Devido à grande velocidade, há muita vibração do quadro. Por este motivo, é totalmente constituída de aço (FIGURAS 8 e 9). As lâminas também são ligeiramente inclinadas para a frente. São serras apropriadas para pequenas alturas de corte, devido ao pequeno curso do quadro. Esta serra é mais utilizada para a resserragem de madeiras nobres com elevada rentabilidade e boa precisão de corte. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 12 FIGURA 8. SERRA ALTERNATIVA FRANCESA (INDÚSTRIAS LINCK – ALEMANHA). FIGURA 9. SERRA ALTERNATIVA FRANCESA (INDÚSTRIA EWB – ESTERER WD GmbH & CO. – www.ewd.de - ALEMANHA). TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 13 No Brasil, o uso de serras francesas é muito restrito. Em função disto não são fabricadas no país. Porém é um equipamento usado com frequência em países europeus como máquina de desdobro principal, para toras de pequenos diâmetros e em operações de resserragem de blocos e semi blocos. No QUADRO 1, pode-se observar algumas diferenças entre a serra colonial e a francesa. QUADRO 1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS SERRAS ALTERNATIVAS COLONIAL E FRANCESA. CARACTERÍSTICA COLONIAL FRANCESA Velocidade angular do volante 110 a 130 RPM 240 a 340 RPM Curso do quadro 75 a 90 cm 30 a 60 cm Velocidade média das lâminas 2,75 a 3,90 m/s 2,4 a 6,8 m/s Avanço por corte 1 a 5 mm 2 a 20 mm Velocidade de corte 2 a 10 mm/s 8 a 110 mm/s Número de lâminas máximo de 6 até 30 ou mais Altura de corte toras de grandes diâmetros (1 a 1,5 m) baixa Tipo de madeira madeiras nobres madeiras nobres Tensão nas lâminas 12 a 15 Kg/cm2 12 a 15 Kg/cm2 Potência necessária 15 HP 50 a 90 HP 3.1.3 SERRA ALTERNATIVA HORIZONTAL A grande diferença deste tipo de serra alternativa, em relação à colonial e à francesa, está no movimento do quadro, que é no sentido horizontal (FIGURA 10). Possui uma única lâmina e a tora é presa num carrinho que se move horizontalmente na direção da lâmina. Como a serra colonial, este tipo de serra ainda existe em algumas serrarias centenárias e artesanais, onde foi muito utilizada para desdobro de toras com diâmetros de até 1,5 m, principalmente na região Sul, até aproximadamente 1950. Foi também muito utilizada no desdobro de madeiras duras, devido à pequena velocidade de corte. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 14 FIGURA 10. SERRA ALTERNATIVA HORIZONTAL. FONTE: TUSET & DURAN, 1979. No QUADRO 2, são apresentadas as principais características da serra alternativa horizontal. QUADRO 2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SERRA ALTERNATIVA HORIZONTAL. CARACTERÍSTICA SERRA HORIZONTAL Velocidade angular do volante 120 a 135 RPM