Grátis
128 pág.

Denunciar
Pré-visualização | Página 7 de 22
cortes com pequenas alturas, onde os discos de serras podem ser menos espessos, causando menor geração de resíduos. Além disso, a maioria dos cortes realizados são cortes externos à peça. Nestes casos, não existe preocupação com o rendimento, mas sim com a produção. Porém, em algumas situações, quando se realiza a redução nas larguras das peças, TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 30 dividindo-as em duas ou mais peças, os cortes realizados são internos, implicando em maior perda de madeira e consequentemente, redução do rendimento. As serras circulares, quando utilizadas como serras principais, não têm grande influência no rendimento quando são usadas para fazer cortes externos das costaneiras. Mas, quando utilizadas para cortes múltiplos, implicam em maior geração de serragem. São mais adequadas para toras de diâmetros pequenos e matéria prima de baixo custo, pois quanto maior for o diâmetro do disco, maior será a sua espessura, aumentando a produção de serragem. A homogeneidade dos diâmetros também é fator determinante no uso de serras circulares. Quando há variação de diâmetros, os equipamentos que mais se adaptam são as serras de fita, em função de sua versatilidade. É mais comum o uso de serras circulares em serrarias modernas, com diâmetros pequenos e homogêneos, as quais compensam o baixo custo da matéria prima e a grande perda em serragem com alta produtividade. Uma característica importante das serras circulares que deve ser observada com muita atenção é a velocidade periférica, a qual tem importância no rendimento, dando a capacidade de corte do equipamento. Se esta velocidade for inferior ou superior à velocidade ideal, não se obtém a máxima velocidade de corte. É a velocidade tangencial de qualquer dente da serra, expressa pela seguinte fórmula: 60 DN xxVp π= Onde: Vp = Velocidade periférica (m/s) D = Diâmetro do disco de serra N = Número de rotações por minuto A velocidade periférica ideal é observada através do número de marcas de dentes no corte executado. Tem-se como velocidade ideal 4 marcas por centímetro. Se este número for maior, diminui-se a velocidade de avanço das peças. Se for menor, aumenta-se esta velocidade. De modo geral, a velocidade periférica oscila entre 40 e 60 m/s, não podendo exceder 45 m/s para serras com dentes removíveis. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 31 O controle da velocidade de avanço, não só para as serras circulares, mas para qualquer equipamento de uma serraria, é de vital importância sob vários aspectos. Quando a velocidade de avanço é elevada, ocorre um desgaste excessivo das ferramentas cortantes e da própria máquina, acarretando em maior consumo de energia. Além disso, a qualidade da madeira serrada na maioria das vezes será prejudicada. Quando a velocidade de avanço for insuficiente, haverá desperdício de energia e o equipamento não estará sendo utilizado em sua capacidade ideal, o implica em queda na produção e aumento do custo da madeira serrada. 3.3.1 SERRA CIRCULAR SIMPLES A serra circular simples, consiste em uma mesa com um único disco de serra. Por ter uma altura de corte pequena, é muito utilizada em operações de refilo nas serrarias de pequeno porte (FIGURA 34). FIGURA 34. SERRAS CIRCULARES SIMPLES DE (INDÚSTRIAS LANGER LTDA.). As serras circulares de mesa simples, são ineficientes quanto à produção e precisão nas dimensões serradas. Porém, são máquinas muito comuns nas pequenas serrarias de todo o país. 3.3.2 SERRA CIRCULAR DUPLA OU GEMINADA Esta é uma serra provida de dois discos os quais proporcionam um corte duplo. Esta serra pode ainda ter um disco móvel, que permite a mudança de TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 32 bitola com facilidade. A serra circular geminada pode ser utilizada no desdobro principal de toras de pequenos diâmetros, transformando-as em semi-blocos ou blocos, no caso de uma linha composta por duas máquinas em sequência (FIGURA 35). É um equipamento muito utilizado também em operações de canteagem (FIGURA 36). Neste caso, com discos de diâmetros pequenos. FIGURA 35. SERRA CIRCULAR DUPLA PARA DESDOBRO PRINCIPAL DE TORAS DE PEQUENOS DIÂMETROS (INDÚSTRIAS KLÜPPEL LTDA.). FIGURA 36. SERRA CIRCULAR DUPLA REFILADEIRA. As serras circulares geminadas evoluíram muito em termos de dispositivos de ajuste, para um melhor aproveitamento das peças e aumento da produção. Numa serraria, podem ser instalados antes destas serras sistemas de varredura do perfil da peça, através de “scanners” ou raio laser (FIGURAS 37 e 38), definindo o melhor posicionamento dos discos no momento do corte. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 33 FIGURA 37. SISTEMAS DE “SCANNERS” PARA LEITURA DO PERFIL DE TORAS E PARA RETIRADA DE REFILOS DE TÁBUAS. FONTE: EWB (2002). FIGURA 38. SERRA CIRCULAR REFILADEIRA COM LEITURA A LASER. 3.3.3 SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA A serra circular múltipla dispõe de mais de dois discos de serra, o que permite à mesma, a execução de vários cortes simultaneamente (FIGURA 39). As serras múltiplas têm também a opção de um disco ou conjuntos de discos móveis, o que permite mudanças de bitolas com rapidez e eficiência (FIGURAS 40, 41 e 42). TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 34 FIGURA 39. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA (METALÚRGICA LUX). OPÇÕES DE OPERAÇÕES FIGURA 40. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA COM DISCOS MÓVEIS (MOOSMAYER EQUIPAMENTOS MADEIREIROS LTDA.). TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 35 OPÇÕES DE CORTE FIGURA 41. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA COM DISCOS MÓVEIS (INDÚSTRIAS KLÜPPEL S.A.). FIGURA 42. SERRA CIRCULAR REFILADEIRA MÚLTIPLA. A – UM DISCO FIXO E UM DISCO MÓVEL. B – DOIS DISCOS MÓVEIS. C – UM DISCO FIXO E DOIS DISCOS MÓVEIS. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 36 3.3.4 SERRAS CIRCULARES DE DOIS EIXOS As serras circulares têm a opção em dois eixos, ou seja, funcionam com discos em um eixo inferior e um eixo sobreposto com discos coincidindo com os discos do eixo inferior (FIGURA 43). Tal conformação permite a redução nos diâmetros dos discos com aumento na altura de corte. Em função do menor diâmetro, os discos de serra podem ter menor espessura, o que reduz a perda de madeira na forma de serragem. Além disso, o desdobro realizado com dois eixos reduz a sobrecarga sobre os discos de serra, ou seja, o trabalho de serrar a madeira é dividido. Desta maneira, as serras circulares de dois eixos permitirão maiores velocidades de avanço, quando comparadas com serras de um só eixo e tamanhos equivalentes. FIGURA 43. EXEMPLO DA DISPOSIÇÃO DOS EIXOS EM SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA DE DOIS EIXOS. A opção de dois eixos, geralmente é utilizada em serras circulares duplas ou múltiplas. Desta forma as serras passam a se chamar circular dupla de dois eixos ou circular múltipla de dois eixos. As serras circulares duplas de dois eixos são muito utilizadas no desdobro principal de toras de pequenos diâmetros, transformando-as em semi-blocos (FIGURA 44). TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 37 FIGURA 44. SERRA CIRCULAR DUPLA DE DOIS EIXOS PARA DESDOBRO PRINCIPAL DE TORAS DE PEQUENOS DIÂMETROS (SAWQUIP INTERNATIONAL INC.) As serra circulares múltiplas de dois eixos, são mais frequentemente utilizadas em operações de resserragem (FIGURAS 45 e 46). Estas serras são comumente encontradas em serrarias na transformação de blocos ou semi-blocos em tábuas. As serras circulares múltiplas de dois eixos apresentam boa velocidades de avanço, porém com maior geração de serragem. FIGURA 45. SERRA CIRCULAR MÚLTIPLA