Caxumba: Doença Viral Aguda

Caxumba Definição: Doença viral aguda, autolimitada, caracterizada por febre, edema parotídeo bi ou unilateral com ocorrência frequente de meningoencefalite e orquite. Fisiopatologia: Após a infecção, ocorre replicação viral inicialmente no epitélio do trato respiratório superior que se dissemina para linfonodos adjacentes por via linfática, seguido por viremia que espalha o vírus para os tecidos-alvo. Apresentação Clínica Anamnese O caso típico apresenta pródromos de 1-2 dias com febre, cefaleia, mialgia, anorexia, vômitos e dor . O período de incubação em geral é de 16-18 dias (intervalo de 12-25 dias) entre a exposição e o início dos sintomas. Surge então a parotidite, que inicialmente é unilateral, tornando-se bilateral na maioria dos casos, podendo ser acompanhada de otalgia ipsilateral. A febre desaparece após 3-5 dias. O aumento da parótida pode durar até 10 dias. A doença é autolimitada e geralmente seu pico de incidência é no final do inverno e início da primavera. Mais comum em crianças entre 2 e 9 anos de idade. Pode complicar com meningite asséptica, encefalite, surdez e orquite de forma mais comum, mas também com artrite, pancreatite, ataxia cerebelar , tireoidite, glomerulonefrite e miocardite. Sempre investigar a situação vacinal, já que é mais comum naqueles sem vacinação completa. Exame Físico As alterações no exame físico são concentradas próximas ao ângulo da mandíbula. Encontra-se edema dessa região, que pode apagar o contorno do ângulo da mandíbula e deixar o lobo auricular elevado para cima e para fora. Abordagem Diagnóstica Deve haver suspeita do diagnóstico quando há manifestações clínicas típicas e relevante exposição epidemiológica. Se houver suspeita diagnóstica: A confirmação da parotidite pode ser feita com a demonstração de nível elevado de amilase. Hemograma pode revelar leucopenia com linfocitose relativa. Exames confirmatórios: O diagnóstico de certeza é feito por meio de testes virológicos ou sorológicos após 5 dias do início dos sintomas (PCR viral de amostras de swab bucal, saliva e liquor; e cultura para o vírus; aumento significativo de IgM para caxumba: permanece por até 4 semanas; aumento de 4 vezes o título de IgG entre a fase aguda e a convalescente: 3 semanas após o início dos sintomas). O teste sorológico deve obrigatoriamente ser feito com amostras pareadas (1ª amostra na fase aguda; 2ª amostra 15 a 20 dias após a primeira). Diagnóstico Diferencial O diagnóstico diferencial se estabelece com outras causas de aumento de parótidas e/ou estruturas cervicais adjacentes: Infecções virais: Parainfluenza 1 e 3; Influenza A; CMV ; EBV; enterovírus, HIV , echovirus ; coxsackie A; vírus da coriomeningite linfocítica. Parotidite purulenta ( Staphylococcus aureus ); Adenite submandibular ou cervical anterior; Obstrução do ducto de Stensen; Doenças autoimunes (Sjögren e LES); Sarcoidose; Cálculo de dutos parotidianos; Cirrose; Diabetes; Hemangioma; Linfangioma; Hipersensibilidade a drogas (iodetos, fenilbutazona, tiouracil e outras); T umor parotídeo. Acompanhamento Acompanhamento ambulatorial: Salvo em raros casos graves (encefalite, meningite asséptica, pancreatite, miocardite, entre outros), não demanda internação e pode ser acompanhada ambulatorialmente. O paciente deve ser mantido fora da escola ou outras atividades sociais durante 5 dias após início dos sintomas. Caso seja necessária internação, o paciente deve ser mantido em isolamento até que o edema da parótida se resolva. Abordagem T erapêutica Não há terapia antiviral específica para caxumba. T ratamento de suporte: Repouso; Hidratação adequada; Compressas mornas ou frias para o desconforto parotídeo; Controle da dor e febre com analgésicos/antipiréticos (Dipirona 10-25 mg/kg/dose, VO, até 6/6 horas; OU Paracetamol 10 mg/kg/dose, VO, até 6/6 horas; OU Diclofenaco 1 mg/kg/dose, VO, até 8/8 horas). T ratamento de suporte para orquite: Suspensão da bolsa escrotal utilizando suspensório; Compressa local de gelo; Analgesia caso seja necessário; Anti-inflamatórios não esteroidais. Profilaxia V acinação: Inclusa no calendário vacinal na vacina tríplice viral. Evitar o contato com a saliva/gotículas e fômites da pessoa doente, uma vez que são fontes de contágio da doença.

Caxumba: Doença Viral Aguda

UFSB

Pediatria I

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