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GESTÃO DE OPERAÇÕES DE SEGURANÇA AULA 1 Prof. Antonio Carlos Tammenhain 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, a partir do entendimento dos conceitos de estratégia e tática, suas diferenças e interdependência, e utilizando a demonstração da estrutura organizacional simplificada com o posicionamento dos processos de segurança, bem como os fundamentos de um planejamento estratégico com seus objetivos estratégicos e fatores críticos de sucesso, fundamentaremos a importância do desenvolvimento da competência de alinhamento tático operacional da gestão de operações de segurança com a estratégia definida pela alta gestão no planejamento estratégico empresarial. TEMA 1 – ESTRATÉGIA E TÁTICA A tática lida com a forma da batalha individual, enquanto a estratégia lida com o seu uso. Ambas afetam as condições das marchas, dos acampamentos e das posições apenas durante a batalha, os itens só se tornam táticos ou estratégicos dependendo de se relacionarem à forma ou ao significado da batalha. (...) A estratégia é o uso dos combates para atingir os objetivos da guerra; portanto, deve fornecer metas para toda a ação militar que corresponda às finalidades da guerra. A estratégia, então, determina os planos para as batalhas individuais e ordena seus combates. (Carl Von Clauzewitz, citado por von Ghyczy, von Oetinger e Bassford, 2002) De acordo com Sun Tzu: A estratégia sem tática, é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota. (...)Todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que ninguém pode ver é a estratégia através da qual grandes vitórias são obtidas. (Tzu, 2005) Analisando os textos de Clausewitz (1780–1831) e de Sun Tzu (544 a.C.– 456 a.C.), observa-se a semelhança com a semântica com que os termos estratégia e tática são empregados atualmente no meio empresarial, no qual a estratégia define os objetivos gerais e faz o planejamento estratégico mais abrangente, ficando a tática com a definição da forma de emprego dos meios disponíveis para a conquista dos objetivos. Com o pensamento de Sun Tzu, é possível visualizar que será inoperante qualquer ação tática operacional que não esteja alinhada com a estratégia do negócio e focada nos seus objetivos estratégicos. No ambiente empresarial, não é difícil observar o equívoco na utilização dos conceitos de estratégia e tática e observa-se, até mesmo, que alguns gestores de sistemas de segurança não conseguem enxergar a relação existente 3 entre a estratégia da sua empresa e o posicionamento e a orientação táticos operacionais da estrutura que comandam. Essa desinformação pode ser perigosa, principalmente em virtude do não entendimento do valor estratégico que as decisões de nível tático podem ter no contexto estratégico geral da organização. Por sua vez, a alta direção precisa reconhecer o valor estratégico da função desses gestores operacionais, e esse reconhecimento depende fundamentalmente da qualificação técnica dos profissionais que assumem essas funções. Essa qualificação passa por atualização técnica e conhecimento de métodos de gestão de risco e aplicação de táticas operacionais de sistemas de segurança. Com isso, justifica-se a pertinência da relação entre estratégia e tática no contexto empresarial para a gestão de segurança, visto que não é admissível que um gestor de operações de segurança ou gestor de risco operacional não tenha a exata compreensão de todas as consequências e efeitos que ela representa, o que levará a uma miopia ou até a uma cegueira estratégica e a decisões táticas operacionais inoperantes, com grave comprometimento dos objetivos estratégicos da organização. Assim, torna-se obrigatório que os gestores de operações de segurança tenham a capacidade de entendimento do seu valor estratégico no negócio e um bom nível de conhecimento do planejamento estratégico que define os objetivos estratégicos do negócio. Somente a partir daí será possível um bom planejamento tático operacional alinhado com os objetivos mais importantes do negócio. Nesse estudo, desenvolveremos esse tema, de modo a demonstrar os detalhes da estratégia do negócio, do funcionamento dos seus diversos departamentos, mais detalhadamente a gerência de operações de segurança, suas técnicas operacionais, os métodos e processos de gestão de risco, gestão de crise e continuidade de negócio, no sentido do conhecimento da melhor forma de utilização dos conceitos de estratégia e tática, para a potencialização dos objetivos estratégicos do negócio. O entendimento dos fatores envolvidos com a estratégia do negócio e seus objetivos facilita as decisões de manobra e movimentação dos recursos táticos operacionais. É importante também mencionar a responsabilidade dos diretores organizacionais no sentido de definir os objetivos a serem atingidos, passando com precisão, aos responsáveis pelo planejamento tático, as informações necessárias para que as táticas operacionais atinjam seus melhores 4 resultados. Não é admissível a elaboração de um planejamento estratégico sem a elaboração de um planejamento tático operacional e é da mesma forma inaceitável a elaboração deste sem a existência daquele. TEMA 2 – FUNDAMENTOS DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 2.1 Conceitos Para o prof. Phillip Kotler (1996), “O planejamento estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando maior grau de interação com o ambiente”. Para Chiavenato, O planejamento estratégico representa como a estratégia será construída, formulada, implementada e avaliada, ou seja, como ela será criada e aplicada. Na verdade, ele constitui a sequência de atividades dentro da empresa que conduz à gestão estratégica do negócio. [...] O planejamento representa a primeira função administrativa, por ser exatamente a que serve de base para as demais funções, como organização, direção e controle. (Chiavenato, 2007) 2.2 Objetivo É possível inferir como objetivo de um planejamento estratégico o que afirma o professor Idalberto Chiavenato: “Planejar significa definir os objetivos e escolher antecipadamente o melhor curso de ação para alcançá-los com o mínimo de esforço e custo.” Então, não é nenhum equivoco definir como objetivo de um planejamento estratégico, de um forma bem simplificada e mais operacional, responder as perguntas: Onde queremos chegar? Onde estamos agora? Por que queremos chegar lá? Como chegaremos lá? Quando queremos chegar lá? Quem nos levará até lá? O que faremos quando chegarmos lá? A partir das respostas bem nítidas a essas perguntas, as estratégias e as táticas operacionais poderão então ser definidas, planejadas e executadas. 2.3 Pirâmide organizacional A pirâmide da estrutura organizacional é um recurso didático que ilustra de forma simplificada a estrutura de gestão em nossas organizações. Nesse modelo, estão presentes o nível de tomada de decisões relativas às estratégias 5 gerais, o nível de tomada de decisões intermediárias e o nível de execução do que foi planejado. Podemos dizer que nesse modelo estão ordenadas as funções de decisão geral, decisão e supervisão intermediárias e execução. Da mesma forma, vemos na pirâmide que o nível estratégico define os objetivos estratégicos, o nível tático define os objetivos táticos, e o nível operacional define os objetivos operacionais específicos de cada operação. Com esse recurso, é possível visualizar a posição da gestão de operações de segurança no nível tático. Figura 1 – Pirâmide da estrutura organizacionalTEMA 3 – NÍVEIS DE PLANEJAMENTO EMPRESARIAL Hierarquia dos objetivos: assim como o planejamento estratégico, também são elaborados os planejamentos táticos dos setores do nível tático da estrutura organizacional e os planejamentos operacionais de todas as operações do nível de execução na base da pirâmide organizacional. Então, cada planejamento define seus respectivos objetivos e assim temos, além dos objetivos estratégicos mais amplos, os objetivos táticos restritos a cada departamento e os objetivos operacionais estritamente focados na execução de cada função operacional. 3.1 Nível estratégico Define objetivos estratégicos de todo o negócio, faz a análise dos ambientes externos e interno, formula alternativas, formata o planejamento estratégico, implementa as ações e monitora os resultados. 6 3.2 Nível tático Determina os desdobramentos do planejamento estratégico em diversos planos táticos operacionais. Define a tática operacional para garantir a manutenção dos fatores críticos de sucesso do negócio, e suas ações são elaboradas no sentido de traduzir as decisões estratégicas de forma a serem compreendidas, assimiladas e executadas pelas equipes operacionais. Elabora os planos de ação e manuais específicos com descrições detalhadas passo a passo para cada função dos processos críticos operacionais. Analisa criticamente a execução de cada tarefa, avalia os resultados e implanta as medidas corretivas necessárias no curso dos processos críticos operacionais. 3.3 Nível operacional Executa o Plano Tático de acordo com o definido no detalhamento das funções dos processos críticos operacionais. Os planos desse nível referem-se a métodos e processos operacionais, muitas vezes elaborados pelo próprio e único executor. Trata-se da elaboração de procedimentos operacionais que descrevem como executar as ações determinadas pelo planejamento tático. Executa as tarefas de rotina ou eventuais, específicas de cada processo crítico de manutenção da normalidade operacional da organização. Será a partir da correta execução das tarefas individualizadas no nível operacional que será viabilizada a conquista dos Objetivos táticos, dos fatores críticos de sucesso e dos objetivos estratégicos do negócio. TEMA 4 – OBJETIVO ESTRATÉGICO "Se você não sabe para onde deseja ir, então qualquer caminho lhe serve" – Lewis Carroll. Objetivo definido pela alta gestão, de uma forma mais ampla e abstrata e envolvendo a organização como um todo, para atender aos interesses da estratégia do negócio. Com esse caráter genérico e amplo do conceito de objetivo estratégico, são poucas as opções de objetivos estratégicos para as organizações, porém, quando as classificamos com os dois modelos, segundo a sua relação com as partes interessadas em suas atividades, conseguimos identificar com mais facilidade os seus objetivos estratégicos. O primeiro é conhecido como modelo shareholders, em que somente o caráter comercial é 7 considerado em seu planejamento estratégico e os seus objetivos são voltados exclusivamente para dar retorno aos seus proprietários e investidores. O segundo, modelo stakeholders, considera também o caráter social da organização, e seus objetivos estratégicos contemplam alguma função social e algum tipo de ganho que suas atividades podem representar para todos os envolvidos, considerados como parceiros diretos ou indiretos em seus processos de produção de bens ou serviços. Entretanto, regra geral, o objetivo de toda organização empresarial é a obtenção lucro, ganho financeiro, geração de riqueza, ampliação operacional, expansão territorial, podendo assim atender as expectativas tanto dos seus proprietários como das suas funções sociais. TEMA 5 – FATOR CRÍTICO DE SUCESSO – FCS Definido a partir da análise minuciosa dos objetivos estratégicos do negócio, e é a partir deles que serão elaboradas as táticas operacionais dos processos críticos da organização. São fatores que determinam as reais chances do sucesso do negócio, pois são condições obrigatórias para a conquista dos seus objetivos estratégicos. A manutenção dos fatores críticos de sucesso de um negócio resulta na conquista dos objetivos estratégicos definidos no seu planejamento estratégico. Portanto, sob a ótica da gestão operacional, fator crítico de sucesso pode ser definido como “a condição operacional imprescindível, para que a ação das equipes operacionais potencialize a conquista dos objetivos estratégicos do negócio”. Dessas condições essenciais, algumas são de caráter administrativo, e outras são eminentemente de caráter operacional, ou seja, algumas dessas condições existem em função da gestão empresarial, tanto do nível tático como do estratégico, e outras existem somente em função da execução dos processos do nível operacional. De qualquer forma, nos dois casos, chamamos essas condições de fatores críticos de sucesso. NA PRÁTICA Com o entendimento de todos os fundamentos que foram apresentados nesta aula, tente definir quais seriam os fatores críticos de sucesso aplicáveis, 8 considerando as condições abaixo colocadas, para uma rápida análise e discussão. Sua empresa: prestadora de serviço de vigilância e monitoramento de segurança eletrônica; Objetivo estratégico: expansão de atendimento para o mercado de condomínios residenciais de grande porte; Sua função: gerente de operações de segurança. FINALIZANDO Se imaginarmos um fluxo de processos de gestão para as etapas que foram demonstradas nesta aula, a partir da definição, no planejamento estratégico, dos objetivos estratégicos a serem conquistados e dos fatores críticos de sucesso que os potencializam, a gestão de operações de segurança, posicionada no nível tático operacional da estrutura organizacional e já comunicada da estratégia e seus objetivos, pode definir a sua tática operacional. Elabora-se a partir desse ponto o plano tático operacional, com objetivos táticos alinhados com o planejamento estratégico da alta direção no sentido de que os processos de segurança executados pelas equipes que atuam posicionadas na base da pirâmide organizacional possam garantir a continuidade dos processos críticos que sustentam a normalidade operacional de todos os demais processos da organização. “A estratégia sem tática, é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota”, de acordo com Sun Tzu. Portanto, é de estratégica importância a qualificação do gestor de operações de segurança, começando pelo completo entendimento dos conceitos de planejamento estratégico, objetivo estratégico e fator crítico de sucesso, passando pelo conhecimento da sua posição na estrutura empresarial e pela visão da importância da gestão dos processos de segurança, executados no nível operacional e alinhados com os objetivos definidos no nível estratégico da pirâmide organizacional. Assim, fica óbvia a obrigatoriedade da existência na estrutura organizacional de um gestor de operações de segurança no nível tático operacional, com profundo conhecimento da estrutura da estratégia do negócio e qualificado para conduzir os processos executados pelas equipes operacionais, com a visão holística da conquista dos objetivos estratégicos. 9 REFERÊNCIAS VON GHYCZY, T.; VON OETINGER, B.; BASSFORD, C. Clausewitz e a estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2002. TZU, S. A arte da guerra. São Paulo: Sapienza, 2005. Glossário de Termos e Expressões para uso no Exército, 3ª Edição, 2003. CHIAVENATO, I. Administração, teoria, processo e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
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