Cap 13 - Uso e abuso de substâncias psicoativas

13 Uso e Abuso de Substâncias Psico ativas Irani Iracema de Lima Argimon, Fernanda Cerutti e Allana Almeida Moraes INTRODUÇÃO A adolescência é um período chave para o desenvolvimento huma- no, cujas rápidas mudanças biológicas e psicossociais afetam todos os as- pectos da vida dos adolescentes (WHO, 2014). É uma fase de mudanças comportamentais, de curiosidade, desejo por novidades, experimentação e desenvolvimento de papeis sociais . É também a fase de emersão da se- xualidade, onde o controle dos impulsos e das emoções se estruturam em um cérebro ainda em processo de maturação (Filho & Mesquita, 2016). Avanços recentes na compreensão do desenvolvimento do cérebro adoles- cenre most · ,. d d l ram que as reg1oes e busca de recompensa se esenvo vem anres das . ,. 1 . ai (W regioes responsáveis pelo planejamento e contro e emoc10n ad 2 0l4) . Portanto, durante o processo de maturação cerebral, são quindos os · fl · ,. d d d · ,. d das recursos que 1n uenc1arao as toma as e ectsao, a equa- nfu d f: ado! A ' por parte os adolescentes . Esses fatores azem com que a escencia . E seJa uma fase de especial atenção ao uso de drogas. lesce nteo d e-se que durante o processo de maturação cerebral do ado- nte O d 1 nático ' uso e substâncias psicoativas, seja experimental ou proble- , pode resulta 1· · ,. · , · · e emoc1 · o- r em 1m1taçoes ou preJutzos cogn1uvos 290 Uso e Abuso de Substâncias Psicoativas nais, levando inclusive à eclosão de transtornos mentais . Os fatores indi- víduo, família, escola, mídia, amigos e presença ou não de oferta de subs- tâncias podem servir tanto como fatores de proteção quanto de risco ao uso de drogas na adolescência. Portanto, este capítulo traz como proposta a abrangência entre definições, prevalência, etiologias, critérios diagnósti- cos, alterações neurofuncionais, diagnóstico diferencial e comorbidades em relação ao uso de substâncias psicoativas em adolescentes. DEFINIÇÕES Muitos indivíduos experimentam drogas na adolescência e inter- rompem o uso conforme o amadurecimento, outros seguem o uso de forma grave para além dessa fase (Bessa, Boarati, & Scivoletto, 2011) . Tais desdobramentos divergentes induzem o questionamento a respeito de quais motivos podem levar adolescentes a seguir ou não o uso de substâncias, após a experimentação. O período da adolescência pode ter como fatores de risco para o uso problemático de drogas vários aspectos que estão presentes nessa fase da vida. Recebem importância os fatores intrínsecos, como a ca- racterística de buscar novas experiências e por correr riscos, para lidar com problemas gerais da fase de vida, para obter um melhor desempe- nho acadêmico, e pela necessidade de moldar e formar uma identida - de (NIH, 2014a) . Nesse sentido, durante a adolescência O indivíduo tende a querer experimentar comportamentos novos e, por isso, é geralmente durante a adolescência que acontece o primeiro contato com O álcool, tabaco e/ou outras drogas (Bessa, Boarati, & Scivoletto, 2011). No estudo de Lee~an et al. (2014) o comportamento de busca por novas sensações se associou com comportamentos de risco na d l A • • • almente . . a o escencia, pnncip no que diz respeito ao uso problema'ti'co d ál l h e coo e macon a. Além disso, nessa fase da ·d d ,., · ras vi a as rogas sao comumente vis como ferramentas para lidar com problemas. Ainda não dispondo de Transtornos Psicopatológicos na Infância e na Adolescência 291 0 .-nportamentais para enfrentar determinadas dificuldades rs os e .,. , recll d 1 ·1· · d " e uência O a o escente as un 1za como meto e anestesiar" os cofll r q l ,. al · ,. d d ' 1 · . entos em re açao a guma s1tuaçao esagra ave - pms as drogas senurn ,. d d ,. d . " d af: . 6 . 1 .talll uma sensaçao e re uçao o 1ncomo o e astamento do osSl l 1 • P •ncomoda. Desta forma, o adolescente deixa de aprender a lidar que o l . . P roblemas e o uso pode se tornar o prmc1pal recurso que ele dis- com os ,, Para exemplificar a questão, um estudo mostrou que usuários pro- poe. . . ,. blemácicos de álcool eram mais propensos a ev1taçao dos problemas e me- nos propensos a resolvê-los do que os indivíduos abstinentes (Sorsclahl, Stein, Carrara, & Myers, 2014). Nesse sentido, os medicamentos merecem destaque, pois estão sendo amplamente utilizados como recurso para melhora de desempe- nho em atividades acadêmicas. Dessa forma, o uso da medicação tam- bém acaba por incentivar o uso de drogas como um meio de lidar com as dificuldades, a despeito de outros recursos. Dados de prevalência de uso de estimulantes para uso medicinal, recreativo e sem prescrição médica mostram crescimento nos últimos anos entre os adolescentes (McCabe, West, Teter, & Boyd, 2014). Quanto aos chamados fatores extrínsecos que podem levar o ado- lescente ao uso de drogas, encontra-se a exposição à violência, ao abuso físico e abuso emocional, o uso de drogas por um familiar, a pressão dos pares, as comorbidades clínicas e psiquiátricas, e a herança genética (NIH, 2014a). Um estudo longitudinal acompanhou indivíduos duran- te oito anos a fim de verificar a associação das implicações na saúde da- queles que haviam sofrido violência durante a adolescência. Identificou- , d ál as vttimas de violência apresentaram mais episódios de uso e cool pesado e uso de tabaco na vida adulta do que aqueles participan- que não haviam sofrido violência na adolescência (Exner - Corcens, enrode, & Rothman, 2013). A pr · · a1 d ' d é tncip tarefa que o adolescente cumprirá nesta etapa e vi a a constr ,. d derá uçao a própria identidade, de modo que o adolescente cen- a pensar · b · laÇÕe • • mais so re suas identificações, escolhas pessoais e suas re- s soc1a1s A l . · que es que escolhem usar drogas para serem ace1tos pe- ·- - , 292 Uso e Abuso de Substâncias Psicoativas - los pares ou para "se soltar" frente a uma situação nova que gere muita ansiedade podem sofrer consequências negativas nesse processo, interfe- rindo no desenvolvimento esperado (Diehl & Figlie, 2014). Em um estudo longitudinal desenvolvido por McDonough, Jose e Stuart (2016), buscou-se verificar a influência negativa dos pares como preditor de uso de álcool, cigarro de tabaco, maconha e outras drogas ilícitas. Os resultados mostraram que a influência negativa dos pares, aumentou a frequência de uso em todas as drogas, enquanto a influên- cia positiva não demonstrou causar mudanças. Fato que demanda um maior monitoramento por parte dos responsáveis para identificar com dl '" d d" quem o a o escente esta an an o . A família possui grande influência no desenvolvimento do adoles- cente. Os pais ou responsáveis são modelos a serem seguidos pelo ado- lescente que se encontra em uma fase de transição e de aprendizagem de novos comportamentos. Porém, tal influência pode ser tanto positiva, como negativa (Cerutti & Argimon, 2015). Nesse sentido, há associa- ção entre o comportamento de uso de drogas pelos pais e o uso de dro- gas por parte do filho (Virtanen et al., 2009). Além do fator comporta- mental, há também o fator genético envolvido. Estudos epidemiológi - cos com famílias e com pares de gêmeos têm comprovado que a herança genética está associada em aproximadamente 50% dos casos de usuários de substâncias psicoativas (Kendler et al., 2012) . PREVALÊNCIA E ETIOLOGIAS Já mencionamos que é durante a adolescência que geralmente acontece o primeiro contato com as drogas, porém, qual a implicação do uso na adolescência, em termos de prejuízos futuros? Primeiramente, é importante reforçar que o uso de drogas, até mesmo as lícitas (álcool e tabaco), é proibido para adolescentes, até que os mesmos atinjam os 18 anos de idade. Nos EUA, a maconha foi legalizada em muitos estados, mas ainda assim o seu uso recreacional segue sendo proibido aos adoles - Transtornos Psicopatológicos na Infância e na Ad 1 • . 293 o escenc1a es Tendo em vista essas sinalizações, alguns dados de pre ai A • cenr · v enc1a do uso de drogas na adolescência merecem atenção . Dentre os dados norte-americanos coletados pelo projeto Monito- ring the Future (MTF), 12% dos adolescentes com idades entre 13 e 14 anos já haviam se embriagado pelo menos uma vez na vida. Sobre O ta- baco, 15% relataram experimentação e 17% desses adolescentes já te- riam feito uso de cannabis 0ohnston, O'Malley, Miech, Bachman, & Schulenberg, 2013) . Na Europa, uma importante fonte de informação a respeito do uso de drogas em jovens (ESPAD), constatou que 24% dos adolescentes relatou consumo regular de cannabis, 19% teriam fu- mado um ou mais cigarros de tabaco diariamente no mês anterior e 20% haviam se intoxicado com álcool pelo menos uma vez no último mês (Hibell et ai., 2012) . Em âmbito nacional, um estudo de amostra representativa reali- zado em 2012, constatou que 76% dos meninos e 80% das meninas com idades entre 14 e 17 anos haviam consumido até quatro doses de bebida alcóolica no mês, sendo que 49% dos meninos e 51 o/o das me- ninas experimentou álcool pela primeira vez dos 12 aos 14 anos . Com relação ao uso de drogas ilícitas, a substância de maior prevalência de uso foi a maconha, sendo que 4,3% dos adolescentes haviam relatado uso . Além dessa substância, 2,5% fizeram uso de rranquilizanres , 2 ,3% relataram uso de cocaína e 1,3% fizeram uso de estimulantes, ao menos uma vez na vida . A prevalência de uso de cocaína-crack na vida e nos últimos 12 meses observados foi de, respectivamenre, O,So/o e O,!% (INPAD, 2012) . Outro importante dado levantado diz respeito ª 0 início do uso de substâncias, que tem ocorrido de forma mais P _ re- coce no Rio Grande do Sul em comparação a outros estados (Almeida Filho, et ai., 2014) . Mas se o uso de drogas é tão comum entre os adolescentes, porque ele é p 'b'd A 1· obre o rema roi 1 o nessa fase do desenvolvimento? iteratura s tern buscad ·d A • d • , d recoce de drogas. 0 ev1 enc1as acerca os preJmzos o uso P . Em d d , . d 1· os aurores cttaram ai eS t u o e analise integrattva a 1teratura, , . gurnas d d lescenres usuanos as sequelas que se tornam comuns em a 0 -- - - - - ----- 1 1 · ~ 294 Uso e Abuso de Substâncias Psicoativas de maconha com O passar dos anos . Os autores encontraram que aque - les indivíduos que usaram diariamente maconha até os 17 anos, em comparação com aqueles que não usaram a droga na adolescência, tive- ram : menos chance de concluir o colégio , mais chance de desenvolve - rem um uso grave de maconha e mais chance de usar outras drogas ilí- citas (Sillins, et al., 2014). Os prejuízos a longo prazo também apare- cem no uso precoce de álcool, dentre os quais estão : déficits na memó- ria, lesões no fígado, interferência na produção hormonal responsável pelo crescimento (NIH, 2014a). O uso de drogas na adolescência, além de causar prejuízos ao desenvolvimento, pode atingir outras esferas da vida e se estender ao longo dela (Almeida Filho et ai., 2014), sendo um preditor para o de- senvolvimento de transtornos por uso de substâncias no futuro (NIH, 2014a). Tais problemas variam desde acidentes de trânsito até com - portamentos de risco, como estar vulnerável a doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada, violência e ferimentos não inten - cionais (Reboussin et al., 2006; Laranjeira & Romano, 2004 ; Trindade & Correia, 1999) . O consumo exagerado durante a adolescência pode causar alte- rações neurofisiológicas profundas, ocasionando graves danos à me- mória, ao aprendizado, à inteligência, à capacidade de abstração, além de aumentar a propensão dos jovens ao alcoolismo na vida adulta (Pe- chansky et ai., 2004; Paim, 2009) . Além disso, o uso do álcool pode acarretar prejuízos no desenvolvimento emocional e cognitivo dos jo- vens, que pode se estender até a maturidade (Pechansky et al., 2004) . Esse prejuízo futuro também pode ocorrer porque durante a adoles - cência o córtex pré-frontal encontra-se em desenvolvimento, e o uso do álcool pode afetar uma série de habilidades que O adolescente ne- cessita desenvolver e que são mediadas por este circuito (Pechansky et al., 2004; Strauch et ai., 2009; Grant, 1998) . Ainda neste capítulo será explicado melhor esse processo . Transtornos Psicopatológicos na Infância e na Adolescência 295 ~'1/JJJAÇÁO E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS É possível identificar alguns sintomas e comportamentos nos ado- entes que estejam fazendo uso de drogas . Embora a adolescência tra- tesc . d. ,.. . 1 r. a mudanças comportamentais 1nam1cas e a terações rrequentes de hu- g ai · nda assim é fundamental que alguns sintomas específicos seJ · am rnor, observados (Marques, 2011) : , Alterações no sono; , Sintomas de depressão e/ ou ansiedade; , Humor instável; • Irritabilidade exagerada; • Faltas frequentes a compromissos; • Problemas gastrointestinais; • Irritação nasal e/ou conjuntivas; • Odor de álcool, nicotina, maconha; • Uso frequente e incomum de colírio ocular; • "Síndrome da higiene bucal", a partir de disfarces com balas, chicletes ou enxaguantes bucais . Além disso, outros comportamentos também podem ser observa- dos, como o adolescente mostrar-se menos envolvido com questões fa- miliares, estar mais isolado, estar cuidando menos de si mesmo, mudar de amizades repentinamente, passar maior tempo fora de casa ou dentro do quarto, apresentar constantes faltas ou "escapadas" do colégio e que- da no desempenho acadêmico . Deve-se atentar também a pedidos fre- ~uemes por dinheiro, em tom de maior agressividade (www.parentac- ttonondrugs . org). In st rumentos de rastreio, adaptados para a realidade brasileira, também · 1· d d l , aux11am na identificação de uso de rogas no a o escente, alem d b _ . . ª 0 servaçao de smtomas e comportamentos . Entre os tnS t ru- rnentos · mais populares, cita-se: (1) Te st e de Triagem do Envolvimento com Álcool, Tabaco e Ou- tras Subst " · · ,. M d'al d ancias - ASSIST. Desenvolvido pela Orgamzaçao un 1 ª 296 Uso e Abuso de Substâncias Psicoativas Saúde (OMS) . O ASSIST é composto por oito questões sobre o uso de nove classes de drogas . A questão 8 avalia uso de drogas injetáveis . O cálculo das pontuações é feito da seguinte forma: Questões 2-5 (O-nun- ca a 4-diariamente) ; Questões 6-7 (O-nunca a 2-sim, durante os últimos meses) . Considera-se a pontuação para cada classe de droga a partir da soma da pontuação questões 2-7, cujo total é 39, e nas questões sobre tabaco não se aplica questão 5, total igual a 31. O cálculo das pontua- ções indica: baixo risco ; risco moderado e alto risco, com pontuações diferenciadas para álcool e para outras substâncias (Formigoni, 2016) . (2) Drug Use Screening lnventory (DUSI) . É um instrumento es- pecífico para rastreio da gravidade do uso de drogas na adolescência, a partir dos 11 anos de idade. É composto por 149 questões dicotômicas de "sim" e " não", distribuídas em 1 O áreas da vida do adolescente, sendo que a primeira área investiga a frequência do uso de 15 classes de subs- tâncias no último mês . Cada resposta positiva equivale a "1 ponto", e o total é gerado pelas respostas "sim" (Fidalgo & De Micheli, 2016) . Em complementação a esse processo, é indicada também a utiliza- ção de critérios diagnósticos identificados em manuais como o DSM-5 (APA, 2014) . Os Transtornos Relacionados a Substâncias no DSM-5 en- globam dois grupos : "Transtorno por uso de Substâncias" e "Transtornos induzidos por substâncias" (intoxicação, abstinência e outros transtornos mentais induzidos por substância/medicamento) . Eles também abrangem 1 O classes distintas de drogas, sendo elas: álcool; cafeína; cannabis; aluci - nógenos (com categorias distintas para fenciclidina); inalantes; opióides; sedativos, hipnóticos e ansiolíticos ; estimulantes (anfetamina, cocaína); eabaco; e outras substâncias (ou substâncias desconhecidas) . Para o diagnóstico de Transtorno por uso de Substâncias, o DSM-5 apresenta critérios que visam identificar a gravidade do uso : Leve (2 ou 3 sintomas); Moderado (4 ou 5 sintomas) e Grave (6 ou mais sintomas) . No "Critério A" estão contidos critérios para baixo con- trole (1-4), deterioração social (5-7), uso arriscado (8-9) e critérios farma- cológicos (10-11). O Quadro 13 . 1 apresenta as características para cada grupo de critérios . ...,,, Transtornos Psicopatológicos na Infância e na Adolescência 297 dro l3 1 Critérios diagnósticos para Transtorno por uso de Substâncias (DSM-5) aua . - Critério A Critérios Diagnósticos e.-- Critério 1 : o indivíduo pode consumir a substância em quantidades maiores ou ao longo de um período maior de tempo do que pretendia originalmente . Critério 2 : O indivíduo pode expressar um desejo persistente de reduzir ou regular o uso da substância e pode relatar vários esforços Baixo controle malsucedidos para diminuir ou descontinuar o uso . Critério 3 : O indivíduo pode gastar muito tempo para obter a subs- tância , usá-la ou recuperar-se dos seus efeitos . Critério 4: A fissura se manifesta por meio de um desejo ou neces- s i dade intensos de usar a droga que podem ocorrer a qualquer momento , mas com maior probabilidade quando em um ambiente onde a droga foi obtida ou usada anteriormente . Critério 5 : O uso recorrente de substâncias pode resultar no fracasso em cumprir as principais obrigações no trabalho, na escola ou no lar Critério 6 : O i ndivíduo pode continuar o uso da substância apesar Dete ri o ração social de apresentar problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus efeitos . Critério 7 : Atividades importantes de natureza social, profissional oure- creativa podem ser abandonadas ou reduzidas devido ao uso da subs- tância . Critério 8: Uso recorrente da substância em situações que envolvem risco à integridade física . Uso arriscado Critério 9 : O indivíduo pode continuar o uso apesar de estar ciente de apresentar um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que provavelmente foi causado ou exacerbado pela substância . C ri tér i os farmacológicos Critério 10: Tolerância é sinalizada quando uma dose acentuadamente maior da substância é necessária para obter o efeito desejado ou quando um efeito acentuadamente reduzido é obtido após o con- sumo da dose habitual. Critério 11 : Abstinência É uma síndrome que ocorre quando as concentrações de uma substância no sangue ou nos tecidos diminuem em um indivíduo que manteve um uso intenso prolongado. A maior parte dos indivíduos com abstinência sente a necessidade de readministrar a substância para reduzir os sintomas. Os sinais e sintomas da abstinência variam de acordo com a substância . Font • e . APA (2014) . d A intoxicação, que está enquadrada entre os transtornos induzi- os por s b ,. · d 1 " · d u st anc1as, geralmente inicia na fase da a o escenc1a, ten e ª ser o pri . dº . meiro transtorno relacionado a substâncias. No que 12 respeito - l a 298 Uso e Abuso de Substâncias Psicoativas ~ ~~~~~~~~:.:.:.----------- ao álcool, os problemas relacionados ao uso, que não configuram ainda um transtorno, podem ocorrer antes dos 20 anos . E o transtorno pro - priamente dito costuma se instalar ao finaJ da adolescência e no início da vida adulta. Observa-se, entretanto, que quando o transtorno por uso é diagnosticado mais cedo , pode ser em decorrência de problemas de conduta ou a intoxicação precoce (APA, 2014) . Ainda de acordo com o DSM-5, sobre o uso de Cannabis, é co- mumente diagno s ticado o transtorno por uso de Cannabis duranre a adolescência ou no começo da idade adulta e menos comum na pré- -adolescência ou próximo do s 30 anos . O desenvolvimento do trans- torno acontece durante um longo período, porém, quando na adoles- cência, pode ser mais rápido , principalmente naqueles casos com pro- blemas de conduta. ALTERAÇÕES NEUROFUNCIONAIS O desenvolvimento cerebral só irá se completar no início da vida adulta, por volta dos 20, 24 anos de idade . Esse processo se inicia na parte posterior do cérebro e se conclui na parte frontal . Assim, durante a adolescência, configura-se o amadurecimento do córtex pré-frontal - área responsável pelo raciocínio de alto nível, que permite avaliar situa- ções, tomar decisões adequadas e controlar impulsos vinculados a emo- ções e desejos (Winters, 2008) . A experimentação de drogas pode estar associada a essas competências cognitivas e comportamentais ainda em desenvolvimento. Nesse caso, o adolescente irá se mostrar mais impulsi- vo e com uma capacidade reduzida de ponderar algumas decisões e di- zer .. não" ao uso de drogas, por exemplo (NIH, 2014a) . A Figura 13.l mostra, por meio da cor azul, as áreas que estão em maturação ao longo do crescimento . Devido a essas questões desenvolvimentais, os adolescentes estão fortemente voltados para a busca do prazer e, por consequência, a evira - çáo de emoções dolorosas . Pode-se imaginar O cérebro do adolescente 1 .J

Cap 13 - Uso e abuso de substâncias psicoativas

Faculdade Católica do Rio Grande do Norte

Psicopatologia

Continue navegando

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Assinale a alternativa abaixo que melhor conceitua Proteção Social Especial, com base no conteúdo das aulas. Atendimento físico destinado às famíl...

Leia o excerto a seguir: “Entende-se como síndromes relacionadas a substâncias psicoativas, os quadros de intoxicação, abuso e dependência de álcoo...

Leia o trecho a seguir: “A utilização das substâncias psicoativas reflete-se em alterações físico-comportamentais que vão se agravando no decorrer ...

Os quadros de intoxicação, abuso e dependência de álcool e de outras substâncias psicoativas caracterizam-se por uma forma particular de relação en...

Outros materiais