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MEDIAÇÃO EDUCATIVA EMESPAÇOS NÃO FORMAIS 4 A MEDIAÇÃO EDUCATIVA EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROPOSTA DE DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES PÚBLICOS Os museus são espaços privilegiados para a busca do conhecimento, de acordo com sua abrangência e áreas disciplinares em que estão inseridos, dentre elas podemos citar como mais amplas: museus de ciência, museus históricos e museus de arte. Cada museu terá como objeto de conhecimento um recorte, uma quantidade de objetos ou obras que irão comunicar algo a alguém. APRESENTAÇÃO Organização Vania Konell Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI Autora Tatiane Jeruza Odorizzi CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. A MEDIAÇÃO EDUCATIVA EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROPOSTA DE DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES PÚBLICOS .04 TÓPICO 1 MUSEU E SUA FACE EDUCATIVA 1 INTRODUÇÃO Os museus são espaços privilegiados para a busca do conhecimento, de acordo com sua abrangência e áreas disciplinares em que estão inseridos, dentre elas podemos citar como mais amplas: museus de ciência, museus históricos e museus de arte. Cada museu terá como objeto de conhecimento um recorte, uma quantidade de objetos ou obras que irão comunicar algo a alguém. Podemos então fazer a seguinte pergunta: como esses espaços poderão tornar-se meios para a aquisição de conhecimento? A partir de uma seleção, organização, sistematização e comunicação, objetos e obras são selecionados e ocupam um determinado espaço, de acordo com seu significado e possibilidade de leitura. Ao visitar um museu, cada pessoa terá um objetivo particular, algumas podem aproveitar esse espaço para um passeio em família em um momento de lazer, outras buscam conhecer um pouco da história local, nacional, outras ainda podem estar interessadas em vivenciar uma experiência de fruição de uma obra de arte, aprender novos conteúdos e tornar aquele momento muito interessante. CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. Um fator importante é refletir sobre o que o público espera ao final de uma visita a um museu, surgindo então várias perguntas: Qual a satisfação do público em relação ao entretenimento, às interações estabelecidas entre os visitantes, aos elementos envolvidos na exposição (o tempo disponível para desfrutá-la, os objetos expostos, o espaço físico, os mediadores e o seu discurso)? Tais reflexões encontram-se imersas na visita ao museu e estão associadas à heterogeneidade de seus públicos (MARANDINO, 2008, p. 22). Nesse sentido, uma visita a um museu pode ser muito mais construtiva do que servir somente como divertimento, promovendo o aprendizado, a observação e o exercício da cidadania, a partir de atividades educativas que unem e integrem variados públicos e grupos de realidades socioeconômicas diferentes. Existem vários fatores que devem ser considerados, como o tempo de visitação que geralmente é curto, o espaço físico do museu e a maneira como o mediador irá conduzir o processo de comunicação, além dos objetos que são elementos centrais e a alma dos museus, sendo também fonte de contemplação e interatividade. Assim, nas ações educativas dos museus é essencial favorecer o acesso aos seus objetos, dando-lhes sentido e promovendo leituras sobre eles. Por meio dos objetos o visitante pode se sensibilizar e se apropriar dos conhecimentos expostos, assim como compreender os aspectos sociais, históricos, técnicos, artísticos e científicos envolvidos. Tais conhecimentos podem ser usados tanto para uma análise pessoal, quanto para discutir com os outros visitantes, com os animadores, com os professores etc. (MARANDINO, 2008, p. 20). A partir da exposição desses objetos, para auxiliar no processo de comunicação são inseridos diversos recursos, como textos, imagens, materiais que contribuem para a interatividade, além de possibilitarem que o discurso expositivo aconteça, ou seja, que aquele objeto consiga transmitir as informações pertinentes. Outro fator importante é o trabalho do mediador, que conhecendo as especificidades do espaço do museu e dos fatores mencionados, poderá planejar suas ações de acordo com o público que o visita. O mediador não é um simples decodificador de informações, ele é um elo que permite a interação do público, que traz experiências, visões de mundo, outros conhecimentos e poderá ampliar sua bagagem cultural a partir da experiência vivenciada. Poderá “elaborar estratégias eficazes e estimulantes, que articulem processos educativos e comunicativos adequados e os objetivos esperados nas ações que participam, é um momento de criação e de produção de conhecimento próprio dos mediadores” (MARANDINO, 2008, p. 20). CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. Entre os inúmeros exemplos de atividades possíveis na prática educativa em museus, podemos citar: Visitas “orienta das”, “guiadas”, “monitoradas” ou mesmo “dramatizadas”, programas de atendimento e preparo dos professores, oficinas, cursos e conferências, mostras de filme, vídeos, práticas de leitura, contação de histórias, exposições itinerantes, além de projetos específicos desenvolvidos para comemorar determinadas datas e servir de suporte para algumas exposições. Além dos materiais educativos e informativos editados com a finalidade de servir a estas práticas, tais como: edição de livros, jogos, guias, folders e folhetos diversos, folhas de atividades, kits de materiais pedagógicos, áudio-guide (guia auditivo), aplicativos multimídia, CD-ROM, site institucional na internet etc. (BRASIL, 2009, p. 16). Esses exemplos podem ser vivenciados de acordo com a necessidade de cada público, sendo que o mediador terá como base as orientações do setor educativo da instituição em que está vinculado, que deverá norteá-lo mediante os conhecimentos científicos, educacionais e de comunicação museais, possibilitando uma prática profissional efetiva e de qualidade. 2 A MEDIAÇÃO E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM A etimologia da palavra mediação provém do latim, Mediator, “mediador”, de Mediari , que significa intervir, colocar-se entre duas partes, e Medius “meio” (ORIGEM DA PALAVRA-SITE DE ETIMOLOGIA, 2017). O significado da palavra mediação, de acordo com o dicionário é: “Dividir ao meio. 2 - Intervir acerca de. 3 - Ficar no meio. 4 - Passar-se (entre dois fatos ou duas épocas). 5 - Dividir ao meio. 6 - Intervir acerca de” (MEDIAÇÃO, 2017). Podemos compreender então que a mediação nos museus tem relação com um processo dialógico, que permeia o discurso e a comunicação existente entre os objetos ou as obras, o público, o mediador, o espaço e o contexto em que ambos estão inseridos, e “cabe destacarmos que ela diz respeito aos diversos processos que envolvem a visita a uma exposição” (BARBOSA; NUNES, 2011, p. 66), seja artística, histórica ou científica. O processo de mediação exige abertura para que a prática educativa não seja linear e repetitiva, apenas passando algumas informações acerca do objeto observado. Esse espaço de diálogo que caracteriza a mediação e no qual se prioriza uma relação de empatia, de respeito e de valorização do saber do outro, possibilita experiências significativas entre públicos e mediadores, bem como permite que cada um como sujeito cognitivo e sensível seja o agente da mediação de modo que a ação seja um constante construir e reconstruir compartilhado a partir dos seus diferentes saberes (BARBOSA; NUNES, 2011, p. 66). CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. Nesse sentido, a mediação vai muito além das informações passadas pelo profissional que trabalha no museu e na escuta do público, seja esse escolar ou espontâneo, ela significa uma troca de experiências,onde todos os indivíduos são respeitados e tem a oportunidade de serem ouvidos e de se expressarem. Deve-se ter em mente que as mediações não são meros atos de intermediar, mas sim a produção de sentidos em si, tanto para quem transmite as informações quanto para quem as recebe e apropria-se delas. O museu deve assumir seu lugar no processo de mediação, sempre buscando sentidos e sugerindo possibilidades de apropriação e participação efetiva do público nas exposições (LARA FILHO, 2009 apud RODRIGUES; CRIPPA, 2011, p. 32). Esse processo de entrecruzar informações, percepções, sentidos, sentimentos, situações e possibilidades de leituras é que tornará a experiência do público significativa, pois ao adentrar no espaço do museu o indivíduo terá sua bagagem inicial, e ao vivenciar a mediação sairá desse espaço diferente do que entrou, pois foi instigado a perceber a si mesmo, o espaço expositivo, o outro, a obra, o objeto, correlacionando conhecimentos diversos. Com o desenvolvimento cada vez maior das tecnologias em tantos campos do saber humano, a relação dos museus com essas ferramentas passou a acontecer, vários deles disponibilizam seus acervos virtualmente, sendo que o observador poderá acessar o ambiente do museu, suas obras e navegar nesta interessante ferramenta. Outros são somente virtuais, ou seja, apresentam suas coleções não fisicamente, é importante destacar que: Inicialmente os museus faziam usos da Internet com o intuito de divulgar seus trabalhos e trocar experiências com outros museus ou com o próprio público. No entanto, o uso da mesma, e de outras tecnologias incorporadas por ela, tornando o ambiente virtual ainda mais interativo, mostrou-se propício para a realização de novos tipos de exposições. Estas, no caso as virtuais, começaram a dar vida ao que podemos denominar como museus virtuais (RODRIGUES; CRIPPA, 2011, p. 33-34). A mediação, nesse caso, não acontece por meio de um educador, o próprio público terá acesso ao meio virtual e escolherá as obras que quer conhecer. A mediação pode acontecer no próprio site, com diversos recursos como: jogos, mapas, vídeos, blogs etc. CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. Acesse os seguintes sites que apresentam indicações de diversos museus que apresentam seus acervos virtualmente. Navegue nessas infinitas possibilidades de interações e conhecimento! 50 museus virtuais para você visitar: Disponível em: <https://canaldoensino. com.br/blog/50-museus-virtuais-para-voce-visitar>. Acesso em: 17 jun. 2017. 9 museus pelo mundo: Disponível em: <http://glamurama.uol.com.br/ mundo-web-9-museus-pelo-mundo-para-visitar-sem-sair-de-casa/>. Acesso em: 17 jun. 2017. 2.1 MEDIAÇÃO EDUCATIVA EM MUSEUS DE ARTE Nos museus de arte, a mediação tem relação com a experimentação, educação, trocas, inter-relações, comunicação, caminhos permeáveis, visto que a arte é um campo de conhecimento que permite diversas leituras, contatos e significações diversas. A arte está diretamente ligada com a vida, pode estar conectada com os sujeitos e esses poderão compreender e vivenciar a experiência estética de maneira muito peculiar. Pode-se Produzir linhas que extrapolam a obra e delineiam relações entre sujeitos. Ativar relações experimentais. Produzir um estado de abertura para estar com o outro e, nesse espaço criado, estar com arte, enquanto potência de experimentação. Diluir as fronteiras postas entre público e arte (MUNHOZ; COSTA; GUEDES, 2016, p. 375). A mediação pode ser experimentada por meio da prática, onde os sujeitos são interlocutores e participam desse processo de comunicação, em que a arte se funde com a própria vida pulsante, e esse processo de participação faz com que existam ali novas leituras para um mesmo objeto ou obra de arte, trazendo novos sentidos e significados, perpassando a complexidade existencial de cada um em um todo. A mediação é proposição artística, é construção poética, pesquisa e processo de criação conjunto. A mediação está para além de uma pedagogização das práticas, pois acontece a partir de uma forma ampla – solta, aberta, viva – de pensar educação. É ativa, propositiva e convoca os corpos a ressoar essa vibração. A mediação pode ser silêncio, contemplação do outro, introspecção, mas também grito, movimento e impulso. É gesto afetivo, gesto cotidiano, gesto artístico. A mediação está para além do museu, pois produz efeitos que extrapolam o espaço expositivo. Suas práticas repercutem no entorno e criam interlocuções com a comunidade. Mediação é relação, construção coletiva, polifonia. É afeto, troca e abertura para o outro que chega. Mediação é gesto (MUNHOZ; COSTA; GUEDES, 2016, p. 376). https://canaldoensino.com.br/blog/50-museus-virtuais-para-voce-visitar https://canaldoensino.com.br/blog/50-museus-virtuais-para-voce-visitar http://glamurama.uol.com.br/mundo-web-9-museus-pelo-mundo-para-visitar-sem-sair-de-casa/ http://glamurama.uol.com.br/mundo-web-9-museus-pelo-mundo-para-visitar-sem-sair-de-casa/ CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. Nesse sentido, a mediação nos museus de arte aproxima o público da obra, tornando o processo de fruição mais significativo, visto que faz relações com os elementos da arte, mas também com o espaço, o tempo, o contexto, e o criador da obra. Elabora reflexões de acordo com o público que terá acesso, e abre portas no sentido de possibilitar encontros de diversos indivíduos e suas diferenças, bem como suas leituras tão diversas presentes em um mesmo contexto. Devido à complexidade que a arte apresenta enquanto campo do saber humano, o processo de mediação é muito importante, além da aproximação da comunidade escolar às instituições culturais sendo de fundamental importância, pois alguns indivíduos terão somente esse tipo de acesso aos bens culturais e artísticos, por meio das visitas escolares. É uma oportunidade de estimular o acesso aos públicos que ainda percebe a arte como algo elitizado e distante do cotidiano. Observe um exemplo de mediação educativa realizada por um educador na Bienal de São Paulo. FIGURA 1 – PROCESSO DE MEDIAÇÃO REALIZADO POR UM EDUCADOR DA BIENAL DE SÃO PAULO COM ESTUDANTES FONTE: Disponível em: <http://neteducacao.com.br/noticias/home/mediador-cultural-ajuda- a-aproximar-publico-das-questoes-trazidas-pelas-exposicoes>. Acesso em: 17 jun. 2017. Realizar o processo de mediação vai muito além de apenas falar e passar informações sobre determinada obra de arte, essa comunicação propõe a escuta do público e uma participação efetiva do mesmo. Para Carlos Barmak, coordenador do setor educativo do Museu da Casa Brasileira de São Paulo, 2016: CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. A relação dos educadores com o público se dá por meio de propostas investigativas. Queremos propor experiências que possibilitem a invenção de narrativas e que levem em conta suas memórias e projeções. [...] O mediador também deve compreender que a aprendizagem não ocorre apenas no campo cognitivo. “É importante ressaltar que há diferentes dimensões no processo de aprendizagem. Em exposições, há dimensões afetivas, motoras, sociais e lúdicas, influenciadas pela consciência, emoção, memória e percepção de cada visitante”, diz (VALLE, 2016). Há inúmeros exemplos de mediação educativa, que serão elaborados e executados de acordo com cada museu ou instituição cultural , sua especificidade e objetivo com determinada exposição. Observe na imagem a seguir uma atividade realizada no setor educativo do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, do Recife, em 2016: FIGURA 2 – MEDIAÇÃO EDUCATIVA – MAMAM – 2016 FONTE: Disponível em: <https://blogmamam.wordpress.com/2016/06/01/ aconteceumediacao-com-alunos-da-aeso/>. Acesso em: 17 jun. 2017. A atividade foi realizada com estudantes de uma faculdade, durantea exposição: “1 Dedo de Prosa”, de Marcelo Silveira e Cristina Huggins. Também é importante destacar a importância da mediação nos museus de arte, ou instituições que expõem obras de arte contemporânea, visto a sua complexidade, efemeridade, muitas vezes necessita da participação efetiva do público, que passa a coparticipar para a existência da obra. Essas relações de sentido e envolvimento do público pode ser mais rico e pleno de significados com a mediação de um educador, que poderá estimular reflexões, análises e experiências diversas de acordo com a proposta elaborada. Em muitos casos, o público que adentra um museu ou galeria de arte não é especialista nessa área, de certa maneira tendo mais conforto em analisar obras clássicas e conhecidas, poderá questionar as novas manifestações CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. artísticas, com perguntas como: isso é arte? A mediação é um desafio tanto para o mediador quanto para o público, seja ele escolar ou espontâneo, e requer uma capacidade interdisciplinar, a conexão de conhecimentos que ultrapassa a arte e se interliga com outros campos, misturando-se à tecnologia, ao cotidiano, bem como ao social, histórico e imagético. 2.2 MEDIAÇÕES EDUCATIVAS EM MUSEUS DE CIÊNCIA Os museus de ciência, bem como os museus de outras áreas específicas, buscam por meio da mediação estimular o desenvolvimento e a busca pelo conhecimento, não apenas com relação à quantidade deste e sim para atingir maior qualidade nessas interações humanas. Conforme nos aponta Marandino (2008), nos museus de ciência houve um movimento, que teve maior intensidade nas décadas de 1980 e 1990, estendendo-se até a atualidade, que buscou romper com a ideia de que o público que frequenta esses espaços não pode tocar nos objetos ali expostos, e passou então a criar espaços e exposições que proporcionassem aos visitantes a possibilidade de “aprender fazendo”, ao explorar objetos e aparatos que tinham relação com a ciência e que poderiam ser manipulados. Nesse sentido, a busca pela interatividade teve forte estímulo em museus, bem como no ensino escolar, influenciados pelos movimentos pedagógicos que tinham como base as teorias construtivistas. Essa postura de interação sem um vínculo com a construção de conhecimento começou a ser questionada, de acordo com Marandino (2008, p. 23), “a ideia de que modelos interativos nas exposições não garantem necessariamente que uma compreensão dos conceitos científicos se fortaleceu, ou seja, a manipulação de aparatos ou objetos não é garantia de envolvimento intelectual”. Sobre a interatividade nos museus de ciência e suas exposições, é importante pensar sobre os elementos que compõem todo o conjunto relacionado a uma visita, sendo possível apontar uma categorização para verificar os tipos de interatividade, que são: 1) Hands-on: que considera o toque e a manipulação física como a principal forma de interação; 2) minds-on: quando há engajamento intelectual e quando ideias e pensamentos do visitante podem se modificar durante ou depois da visita, suscitando questionamentos e dúvidas e 3) hearts-on: quando há estímulo emocional, já que a ideia é atingir a sensibilidade do visitante (WAGENSBERG, 1999 apud MARANDINO, 2008, p. 22). Podemos observar que nessa categorização não acontece apenas a manipulação dos objetos ou aparatos científicos, sendo trabalho o aspecto cognitivo por meio de um diálogo que estimula o público a refletir e questionar CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. aquele processo, bem como permitindo um envolvimento sensível e emocional deste. Para que isso torne-se efetivo o papel do mediador é fundamental, pois é ele quem irá nortear as ações para concretizar o processo. A partir daí, apresentam-se alguns tipos de mediação ou visitação possíveis para o trabalho do mediador, de acordo com Grinder e Mccoy (1998 apud MARANDINO, 2008), a primeira delas é a visita-palestra, como o próprio nome já aponta, ocorre por meio de fala aprofundada sobre o assunto em exposição, por um especialista ou educador, e geralmente atrai um público adulto, apresenta pouca interatividade. Já na discussão dirigida, a mediação acontece por meio de questões elaboradas pelo mediador, por meio de um roteiro lógico, com objetivos definidos anteriormente e que são adaptados conforme a necessidade de cada grupo que visita a exposição. Há uma interatividade maior nesse tipo de mediação, pois o público precisa participar ativamente. Na terceira categoria está a visita-descoberta, a mais interativa das três, pois utiliza jogos e atividades que são realizados no espaço da exposição e têm relação com o conteúdo, fazendo com que o público descubra esse conteúdo de maneira peculiar, pois será o próprio olhar diante daquele contexto, sendo que cada indivíduo realizará uma leitura particular e diferente. Geralmente são apl icadas as v is i tas guiadas , que consistem na explanação por parte do mediador sobre o conteúdo da exposição, enquanto os visitantes escutam. O indicado é mesclar os tipos sugeridos de visitação, para a necessidade de cada público. Prestar atenção se todos os visitantes conseguem enxergar os objetos, caso contrário, pode-se fazer as pessoas se sentarem em círculo, para que possam visualizar melhor. Além disso, é importante estimular as perguntas, o diálogo, para que os envolvidos possam participar ativamente, pois dessa maneira estarão construindo efetivamente o conhecimento, recombinando informações, refletindo sobre o conteúdo visto e vivido, o que sem dúvida poderá contribuir para o processo de ensino- aprendizagem. 2.3 MEDIAÇÕES EM MUSEUS HISTÓRICOS Primeiramente vamos pensar na definição: museus históricos. Qualquer museu, seja de qual área for, será histórico, pois guarda objetos ou obras de um determinado tempo, porém nem todos guardam “objetos históricos”. Esses museus salvaguardam objetos por meio de suas exposições, que transmitem informações de um determinado recorte histórico, pertencentes a uma sociedade específica, ou seja, preservam essas memórias geralmente por meio de objetos de uma determinada coleção. CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. É importante refletir sobre a comunicação dos museus históricos, que não podem ser consideradas neutras, pois preservam a história de um determinado grupo social. Esse diálogo deve ser estimulado no que se refere às mediações educativas nesses espaços, para que os sujeitos compreendam que: As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem à universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem os utiliza. [...] As percepções do social não são de forma alguma discursos neutros: produzem estratégias e práticas (sociais, escolares, políticas) que tendem a impor uma autoridade à custa de outros, por elas menosprezadas, a legitimar um projeto reformador ou a justificar, para os próprios indivíduos, as suas escolhas e condutas. Por isso esta investigação sobre as representações supõe-nas como estando sempre colocadas num campo de concorrências e de competições cujos desafios se enunciam em termos de poder e de dominação (CHARTIER,1990, p. 17). Nesse sentido, a mediação pode contribuir para a reflexão do público, estimulando-o a vivenciar um momento de aprendizagem, de estímulo ao questionamento e a possibilidade de realizar uma leitura crítica, a partir dos objetos observados que não apenas comunicam a sua história, mas também a história dos indivíduos que os utilizaram, com determinadas finalidades e objetivos. É importante esse momento de problematização para que os visitantes possam construir conhecimento e [...]em última instância, seriam históricos os objetos, de qualquer natureza ou categoria, capazes de permitir a formulação e o encaminhamento de problemas históricos (e por problemas históricos se deveriam entender aquelas propostas de articulação de fenômenos que permitem conhecer a estruturação, funcionamento e, sobretudo, a mudança de uma sociedade) (MENEZES, 1992, p. 4-5). A capacidade de articular reflexões acerca do passado, para compreender os fatos que ocorrem no presente, buscando redirecionamentos acerca da própria sociedade, faz parte da função social dos museus, que podem ser espaços privilegiados de estímulo a uma aprendizagem voltada para o desenvolvimento da reflexão e da criticidade. Nesse sentido: Além de evocar e celebrar o passado, um museu deve organizar-se de maneira a mostrar a sociedade como organismo vivo, sujeito a mudanças. Assim, o museu histórico contribui para o enriquecimento da consciência histórica, isto é, a percepção da vida social como produto da ação humana que gera e transforma (MENEZES, 1992, p. 7). Portanto, além de preservar memórias por meio dos objetos e da exposição do museu, esse espaço tem o papel de comunicar esse acervo, por meio de um discurso e estimular a reflexão crítica por parte dos visitantes, por meio de mediações educativas de acordo com a particularidade de cada CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. instituição. Observe, na imagem, um exemplo de ação educativa, em que o personagem histórico adquire vida por meio da linguagem cênica, estimulando a participação do público. FIGURA 3 – AÇÃO EDUCATIVA NO MUSEU HISTÓRICO E PEDAGÓGICO WASHINGTON LUÍS, EM BATATAIS – SP FONTE: Disponível em: <http://mhpwashingtonluis.blogspot.com. br/2012/05/escola-celia-bueno-na-acao-educativa-do.html>. Acesso em: 18 jun. 2017. Além de repassar informações, o museu pode ser um agente de educação, preservação de memória e ação museológica com o intuito de transformação social. Diferente da escola, os espaços não formais podem contribuir com o processo educativo de maneira dialógica, participativa e de reflexão, buscando não reproduzir métodos fechados, mas ao contrário, abertos aos variados públicos e contribuindo para a preservação e também para a transformação da sociedade. CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. TÓPICO 2 ACESSIBILIDADE EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE DUCAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Primeiramente, ao abordar sobre ações educativas, que tenham como foco trabalhar a acessibilidade de públicos com necessidades especiais, deve-se ter como base a ideologia da inclusão social, mais especificamente a Educação Inclusiva. Segundo Machado, Souza e Steinbach (2013), o Movimento de Inclusão de Alunos com Necessidades Especiais (NEE), nas escolas, aconteceu recentemente, alterando as políticas educacionais. Dessa maneira, o processo de inclusão passará por diversas mudanças e adaptações, pois interfere não apenas no sistema educacional de maneira geral como em questões que dizem respeito a toda sociedade. Essa abertura para um processo de inclusão não garante que a escola, enquanto espaço formal de ensino, o museu enquanto espaço não formal de ensino, e que a sociedade de maneira geral, seja inclusiva. Questões de tamanha complexidade são debatidas por diversos profissionais que têm como objetivo buscar mudanças de estrutura no que diz respeito ao ensino e que respeitem em primeiro lugar o ser humano. Espaços formais e não formais se complementam, embora tenham especificidades no que tange à atuação pedagógica e à aquisição de conhecimento. Desta forma, em se tratando de programas de ação educativa inclusiva em museus ou instituições culturais dirigidos aos públicos especiais (grupos compostos principalmente por pessoas com limitações sensoriais, físicas, mentais ou grupos compostos por pessoas com e sem essas limitações ) as questões e inquietações apresentadas na educação formal são semelhantes às existentes nessas instituições, isto é, acreditar que basta integrar pessoas com necessidades especiais em um mesmo espaço cultural com pessoas com essas limitações para considerá-las socialmente e cognitivamente incluídas é um verdadeiro equívoco [...] (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013, p. 46-47). Portanto, é necessário levar em consideração algo muito mais sério do que apenas possibilitar que esse público acesse os bens culturais. As ações educativas devem estar de acordo com as políticas culturais inclusivas, além da visão contemporânea da museologia. Os profissionais atuantes no campo educativo precisam refletir sobre suas práticas, rever seus conceitos para estarem sintonizados com a inclusão sociocultural, na busca por atender às necessidades desse público e realizar um efetivo trabalho inclusivo. CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. 2 OBJETO CULTURAL E SUAS POSSIBILIDADES DE LEITURA PARA A PERCEPÇÃO MULTISENSORIAL Seja qual for o campo de conhecimento em que o museu ou instituição cultural está inserido, seja artístico, científico ou histórico, cada espaço terá seus objetos para possibilitar a comunicação. Esses objetos estão repletos de significados, e como já mencionado, eles não são neutros, pois apresentam um discurso, uma informação. É dos educadores ou mediadores dessas instituições a responsabilidade de comunicar e tornar acessíveis os objetos culturais. Um aspecto muito importante é a expografia, ou seja, a maneira como esses objetos serão expostos, em um determinado espaço. Dessa forma, a concepção de uma expografia, dentro do modelo emergente – que amplie o diálogo e a participação mais integral do público com o objeto cultural – deve contemplar tanto a mediação indireta, isto é, toda a forma de comunicação previamente concebida para aquele espaço expositivo (seleção dos objetos, textos, etiquetas, montagem, iluminação. Recursos de apoio, multimeios, entre outros), como também a mediação direta, desempenhada pela ação educativa, contando com o profissional educador e o público durante a sua visita à exposição (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013, p. 55). O mediador tem esse papel primordial de auxiliar o público a realizar as suas leituras frente aos objetos, para isso poderá utilizar diversos recursos, que tornarão mais construtivo o processo de leitura, estimulando os indivíduos a perceberem de maneira ampliada, relacionando os objetos a outros campos sensoriais. Ao estimular o público para os diversos sentidos e significados de um objeto ou obra de arte, é importante também que este participe de um processo de diálogo, contribuindo, dessa maneira, para novas leituras. Aqui se entende público tanto aquele com necessidades especiais quanto aquele que não as possui. No que diz respeito ao público com necessidades especiais, para que possa de fato ter acesso com qualidade aos bens culturais, as instituições precisam adaptar-se para oferecer uma comunicação que permita a percepção multissensorial, que pode ser estimulada por diversos recursos, entre eles podemos citar materiais de apoio, como réplicas, maquetes, objetos sonoros, entre muitos outros para servirem de instrumento comunicativo entre os objetos, os mediadores e o público. Uma abordagem multissensorial do museu evita a exclusão. Usando informação escrita e oral com diversos níveis de complexidade e empregando meios de comunicação visuais, orais, táteis e interativos, o museu cumprirá melhor a sua missão, comunicando mais eficazmente com mais pessoas. Essa abordagem não implica a banalização nem a perda de qualidade da informação. Pelo contrário, permite refletir sobre os objetivos estabelecidos, avaliar a eficácia do trabalho realizado, atingir um público mais vasto, enriquecer as exposições e descobrir mais valias no seu acervo (IPM, 2004, p. 22). CURSO LIVRE - A MED. EDU. EMESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. Além disso, a percepção multissensorial é positiva não somente para o público que apresenta necessidades especiais, como também ao público que não as possui, pois ampliar a percepção para além da visão é um exercício rico, porque amplia a capacidade de reconhecer e apreender o mundo, por meio de outros sentidos, abrindo espaço para que os indivíduos vivenciem novas experiências e descubram novas percepções. 3 PÚBLICO COM NECESSIDADES ESPECIAIS – COMO O MUSEU PODE RECEBÊ-LO? Ações educativas são um importante meio para que o museu torne acessível seu repertório comunicativo, e quando essas são pensadas para públicos com necessidades especiais, deve-se levar em consideração as características e as necessidades desse público, tendo como base os conceitos estabelecidos pelo movimento de Inclusão Social. Cada deficiência apresenta suas especificidades, vamos apresentar algumas a seguir. Para trabalhar com pessoas que apresentam deficiência visual, de acordo com Machado (2013), pode-se utilizar audiodescrição e materiais sensoriais. A descrição torna acessíveis os objetos culturais, por meio dos outros sentidos que não sejam a visão. Para que o educador possa utilizar esse recurso de maneira construtiva ao planejar uma ação educativa, deve conhecer o conteúdo e os objetos da exposição para descrevê-los com referências que não sejam apenas as visuais. Pode utilizar duas técnicas, que irão comunicar ao público o que é visível na exposição “pelo uso da linguagem descrita que se refira a experiências comuns das pessoas e as propostas de materiais multissensoriais (esquemas táteis, maquetes, réplicas de objetos, aromas, degustações e etc.) (MACHADO, 2013, p. 89). Com pessoas com deficiência auditiva e surdos deve-se trabalhar a Língua Brasileira de Sinais – Libras, tanto em visitas como em ações educativas, para isso é necessário o profissional intérprete de Libras. No caso de surdos oralizados e com baixa audição, o acompanhamento de um intérprete de voz ou labial é indicado (MACHADO, 2013). Pessoas surdocegas necessitam de intérpretes em Libras táteis ou Tadoma. Esses profissionais geralmente fazem parte de organizações especializadas nesse tipo de deficiência e são indicados por essas instituições para serem contratados caso haja necessidade (MACHADO, 2013). A comunicação objetiva, com uma linguagem simples sem o uso de termos técnicos é indicada para pessoas que apresentam deficiência intelectual, além disso pode-se exemplificar por meio de materiais e exemplos multissensoriais (MACHADO, 2013). CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. Para que a mediação com pessoas com deficiência física seja adequada é necessário que os materiais visuais tenham boa visibilidade, a altura deve estar adequada à sua posição. Vitrines e mesas devem ter no máximo 90 cm de altura e apresentarem recuo na parte de baixo, isso torna possível que a cadeira de rodas se aproxime do móvel. Painéis e materiais gráficos devem ter no máximo 1,60 para que possam ser lidos com tranquilidade (MACHADO, 2013). Além de atender conforme a necessidade de cada público que apresenta alguma necessidade especial, vários fatores são igualmente importantes, como a adequação da arquitetura, comunicação inclusiva, o acesso à informação não deve apresentar barreiras, a equipe de trabalho deve estar qualificada para atendimento aos mais variados públicos, o acesso deve ser divulgado, bem como se deve realizar avaliação para verificar o público alvo, se foi bem atendido, de maneira a buscar um atendimento adequado. 4 MEDIAÇÕES EDUCATIVAS INCLUSIVAS Vários são os exemplos de atividades educativas planejadas e executadas nos mais diversos espaços culturais, tanto nacional quanto internacionalmente. Vamos abordar um exemplo que pode ser considerado como referência na área de política cultural institucional, o Programa Educativo Públicos Especiais (PEPE), do Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca do Estado de São Paulo, coordenado pela museóloga e educadora de museus, Amanda Pinto da Fonseca Tojal. O PEPE, que tem por objetivo atender grupos especiais, compostos por pessoas com limitações sensoriais, f ísicas ou mentais, como também grupos inclusivos, compostos pela integração entre pessoas com e sem limitações, tem como objetivo incentivar e ampliar o acesso desses públicos ao importante patrimônio artístico e cultural brasileiro, representado pelo acervo da pinacoteca do Estado, bem como à capacitação de profissionais e estudantes em Ensino da Arte na Educação Inclusiva, programas de Consciência Funcional, além de cursos de Formação em Acessibilidade e Ação Educativa Inclusiva em museus e instituições culturais (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013, p. 66). Este Programa disponibiliza atendimento especializado por meio de visitas orientadas, que são agendadas com antecedência pelas instituições interessadas. O público conhece obras de arte que fazem parte do acervo, tanto visualmente como por meio dos outros sentidos, o que caracteriza uma experiência multissensorial. CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. FIGURA 4 – EDUCADORA DA PINACOTECA – SP – EM MEDIAÇÃO EDUCATIVA POR MEIO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS FONTE: Machado, Souza e Steinbach (2013) Durante esse atendimento especializado existem vários percursos, entre eles a apreciação de esculturas originais por meio do toque, para deficientes visuais. Foram selecionadas trinta esculturas em bronze, pela equipe de profissionais do Núcleo de Conservação e Restauração, de acordo com os critérios estipulados. As esculturas são predominantemente da figura humana, nacionais e internacionais, produzidas entre o século XIX e XX, o que permite que o público possa realizar uma leitura histórica do caminho que a escultura foi percorrendo e as mudanças estéticas dessa linguagem (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013). Já para obras de arte que não podem ser tocadas, a apreciação acontece por meio de reproduções em relevo, produzidas com resina acrílica similares às originais, buscando representar os principais elementos da composição. Esse tipo de material pode contribuir para que principalmente pessoas cegas ou com baixa visão possam vivenciar a fruição de obras bidimensionais. Observe na imagem a seguir um exemplo produzido a partir da obra “O violeiro”, do artista Almeida Júnior, produzida em 1899, de reproduções em relevo (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013). CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. FIGURA 5 – REPRODUÇÕES EM RELEVO – OBRA: O VIOLEIRO DE ALMEIDA JÚNIOR FONTE: Machado, Souza e Steinbach (2013) Foram elaborados também jogos sensoriais e maquetes articuladas, que apresentam os elementos tanto formais quanto interpretativos das obras de arte, elaborados de maneira interativa e que permite ser explorada pelos sentidos: visual, tátil, olfativo, auditivo e sinestésico. As obras bidimensionais (pinturas) são reproduzidas em materiais tridimensionais, isso significa que os elementos contidos na representação plana são transferidos para uma representação espacial, as formas e elementos como profundidade e perspectiva são reproduzidos para uma melhor compreensão, já que são questões complexas e de difícil tradução principalmente para pessoas que tenham cegueira congênita. Foram elaborados trinta materiais tridimensionais como maquetes, jogos articulados e indumentárias de época (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013). Observe o exemplo a seguir de uma maquete tridimensional articulada da obra Antropofagia, de Tarsila do Amaral. CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. FIGURA 6 – MAQUETE TRIDIOMENSIONAL ARTICULADA – TARSILA DO AMARAL FONTE: Machado, Souza e Steinbach(2013) Outros exemplos desenvolvidos no PEPE são a sonorização de obras do acervo por meio do estímulo ao sentido da audição durante o percurso em que o visitante aprecia as obras, com fragmentos sonoros de músicas instrumentais, sons do espaço urbano, da natureza e do cotidiano. Outro exemplo são as maquetes táteis e visuais do edifício da pinacoteca, um importante meio para que o deficiente visual possa apreender o espaço em que esse patrimônio arquitetônico está inserido, conforme imagem a seguir: FIGURA 6 – MAQUETE TRIDIOMENSIONAL ARTICULADA – TARSILA DO AMARAL FONTE: Machado, Souza e Steinbach (2013) Esses foram alguns dos recursos produzidos pelo PEPE da Pinacoteca de São Paulo, mas existem outros como galeria tátil de esculturas brasileiras que fazem parte do acervo, publicações especializadas na área, cursos, assessorias e parcerias que viabilizam um trabalho de inclusão de públicos com necessidades especiais. CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB. REFERÊNCIAS BARBOSA, Maria Helena Rosa; NUNES, Sandra Conceição. In: VANDRESEN, Monique; OLIVEIRA, Sandra Regina Ramalho e. (Orgs.). Exposição “Quem sou eu”: possibilidades transdisciplinares para a ação educativa. Florianópolis, 2011, p. 63-75. BRASIL. MEC. Secretaria de Educação a Distância. Museu e escola: educação formal e não formal. Rio de Janeiro: Salto para o futuro/ TV Escola, 2009. CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa: DIFEL,1990, 248 p. IPM. Instituto Português de Museus. Museus e acessibilidade. Coleção Temas de Museologia. Lisboa. Instituto Português de Museus (IPM), 2004. Disponível em: <www.ipmuseus.pt>. Acesso em: 18 jun. 2017. MACHADO, Elaine C. (Org.). Além do que se vê: um museu para a cidade? Museu Nacional de Imigração e Colonização. Curitiba: Lisegraff Gráfica e Editora, 2013. MACHADO, Gerson; SOUZA, Flávia Cristina Antunes de; STEINBACH, Judith (Orgs.). Educação patrimonial e arqueologia pública: experiências e desafios. Itajaí: Casa Aberta Editora, 2013, 271 p. MARANDINO, Martha. (Org.). Educação em museus: a mediação em foco. São Paulo/SP: Geenf/ FEUSP, 2008. MEDIAÇÃO. Dicionário do Aurélio, 15 de junho de 2017. 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Disponível em: <file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/139-483-3-PB.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2017. VALLE, Leonardo. Mediador cultural ajuda aproximar público de especificidades das exposições: Trabalho do educador de museus e instituições culturais deve ir além da explicação das obras. 2016. Disponível em: <http://neteducacao.com.br/noticias/home/mediador-cultural-ajuda- a-aproximar-publico-das-questoes-trazidas-pelas-exposicoes>. Acesso em: 17 jun. 2017.
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