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MEDIAÇÃO EDUCATIVA 
EMESPAÇOS NÃO 
FORMAIS 4
A MEDIAÇÃO EDUCATIVA EM ESPAÇOS NÃO 
FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROPOSTA 
DE DIÁLOGO ENTRE DIFERENTES PÚBLICOS
Os museus são espaços privilegiados para a busca do conhecimento, 
de acordo com sua abrangência e áreas disciplinares em que estão inseridos, 
dentre elas podemos citar como mais amplas: museus de ciência, museus 
históricos e museus de arte. Cada museu terá como objeto de conhecimento 
um recorte, uma quantidade de objetos ou obras que irão comunicar algo a 
alguém.
APRESENTAÇÃO
Organização
Vania Konell
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
Autora
Tatiane Jeruza 
Odorizzi
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
A MEDIAÇÃO 
EDUCATIVA EM ESPAÇOS 
NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO 
PROPOSTA DE DIÁLOGO ENTRE 
DIFERENTES PÚBLICOS
.04
TÓPICO 1
MUSEU E SUA FACE EDUCATIVA
1 INTRODUÇÃO
Os museus são espaços privilegiados para a busca do conhecimento, 
de acordo com sua abrangência e áreas disciplinares em que estão inseridos, 
dentre elas podemos citar como mais amplas: museus de ciência, museus 
históricos e museus de arte. Cada museu terá como objeto de conhecimento 
um recorte, uma quantidade de objetos ou obras que irão comunicar algo a 
alguém.
Podemos então fazer a seguinte pergunta: como esses espaços poderão 
tornar-se meios para a aquisição de conhecimento? A partir de uma seleção, 
organização, sistematização e comunicação, objetos e obras são selecionados 
e ocupam um determinado espaço, de acordo com seu significado e 
possibilidade de leitura.
Ao visitar um museu, cada pessoa terá um objetivo particular, algumas 
podem aproveitar esse espaço para um passeio em família em um momento 
de lazer, outras buscam conhecer um pouco da história local, nacional, outras 
ainda podem estar interessadas em vivenciar uma experiência de fruição de 
uma obra de arte, aprender novos conteúdos e tornar aquele momento muito 
interessante.
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
Um fator importante é refletir sobre o que o público espera ao final de 
uma visita a um museu, surgindo então várias perguntas: 
Qual a satisfação do público em relação ao entretenimento, às interações 
estabelecidas entre os visitantes, aos elementos envolvidos na exposição (o 
tempo disponível para desfrutá-la, os objetos expostos, o espaço físico, os 
mediadores e o seu discurso)? Tais reflexões encontram-se imersas na visita ao 
museu e estão associadas à heterogeneidade de seus públicos (MARANDINO, 
2008, p. 22).
Nesse sentido, uma visita a um museu pode ser muito mais construtiva 
do que servir somente como divertimento, promovendo o aprendizado, a 
observação e o exercício da cidadania, a partir de atividades educativas que 
unem e integrem variados públicos e grupos de realidades socioeconômicas 
diferentes. 
Existem vários fatores que devem ser considerados, como o tempo de 
visitação que geralmente é curto, o espaço físico do museu e a maneira como 
o mediador irá conduzir o processo de comunicação, além dos objetos que
são elementos centrais e a alma dos museus, sendo também fonte de 
contemplação e interatividade. Assim, nas ações educativas dos museus 
é essencial favorecer o acesso aos seus objetos, dando-lhes sentido e 
promovendo leituras sobre eles. Por meio dos objetos o visitante pode 
se sensibilizar e se apropriar dos conhecimentos expostos, assim como 
compreender os aspectos sociais, históricos, técnicos, artísticos e científicos 
envolvidos. Tais conhecimentos podem ser usados tanto para uma análise 
pessoal, quanto para discutir com os outros visitantes, com os animadores, 
com os professores etc. (MARANDINO, 2008, p. 20).
A partir da exposição desses objetos, para auxiliar no processo de 
comunicação são inseridos diversos recursos, como textos, imagens, 
materiais que contribuem para a interatividade, além de possibilitarem que o 
discurso expositivo aconteça, ou seja, que aquele objeto consiga transmitir 
as informações pertinentes. Outro fator importante é o trabalho do mediador, 
que conhecendo as especificidades do espaço do museu e dos fatores 
mencionados, poderá planejar suas ações de acordo com o público que o 
visita. 
O mediador não é um simples decodificador de informações, ele é um elo 
que permite a interação do público, que traz experiências, visões de mundo, 
outros conhecimentos e poderá ampliar sua bagagem cultural a partir da 
experiência vivenciada. Poderá “elaborar estratégias eficazes e estimulantes, 
que articulem processos educativos e comunicativos adequados e os objetivos 
esperados nas ações que participam, é um momento de criação e de produção 
de conhecimento próprio dos mediadores” (MARANDINO, 2008, p. 20).
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
Entre os inúmeros exemplos de atividades possíveis na prática educativa 
em museus, podemos citar:
Visitas “orienta das”, “guiadas”, “monitoradas” ou mesmo “dramatizadas”, 
programas de atendimento e preparo dos professores, oficinas, cursos e 
conferências, mostras de filme, vídeos, práticas de leitura, contação de 
histórias, exposições itinerantes, além de projetos específicos desenvolvidos 
para comemorar determinadas datas e servir de suporte para algumas 
exposições. Além dos materiais educativos e informativos editados com a 
finalidade de servir a estas práticas, tais como: edição de livros, jogos, guias, 
folders e folhetos diversos, folhas de atividades, kits de materiais pedagógicos, 
áudio-guide (guia auditivo), aplicativos multimídia, CD-ROM, site institucional 
na internet etc. (BRASIL, 2009, p. 16).
Esses exemplos podem ser vivenciados de acordo com a necessidade 
de cada público, sendo que o mediador terá como base as orientações do 
setor educativo da instituição em que está vinculado, que deverá norteá-lo 
mediante os conhecimentos científicos, educacionais e de comunicação 
museais, possibilitando uma prática profissional efetiva e de qualidade. 
2 A MEDIAÇÃO E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM
A etimologia da palavra mediação provém do latim, Mediator, “mediador”, 
de Mediari , que significa intervir, colocar-se entre duas partes, e Medius 
“meio” (ORIGEM DA PALAVRA-SITE DE ETIMOLOGIA, 2017). O significado da 
palavra mediação, de acordo com o dicionário é: “Dividir ao meio. 2 - Intervir 
acerca de. 3 - Ficar no meio. 4 - Passar-se (entre dois fatos ou duas épocas). 
5 - Dividir ao meio. 6 - Intervir acerca de” (MEDIAÇÃO, 2017).
Podemos compreender então que a mediação nos museus tem relação 
com um processo dialógico, que permeia o discurso e a comunicação existente 
entre os objetos ou as obras, o público, o mediador, o espaço e o contexto 
em que ambos estão inseridos, e “cabe destacarmos que ela diz respeito aos 
diversos processos que envolvem a visita a uma exposição” (BARBOSA; NUNES, 
2011, p. 66), seja artística, histórica ou científica. 
O processo de mediação exige abertura para que a prática educativa 
não seja linear e repetitiva, apenas passando algumas informações acerca 
do objeto observado.
Esse espaço de diálogo que caracteriza a mediação e no qual se prioriza uma 
relação de empatia, de respeito e de valorização do saber do outro, possibilita 
experiências significativas entre públicos e mediadores, bem como permite 
que cada um como sujeito cognitivo e sensível seja o agente da mediação de 
modo que a ação seja um constante construir e reconstruir compartilhado a 
partir dos seus diferentes saberes (BARBOSA; NUNES, 2011, p. 66). 
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
Nesse sentido, a mediação vai muito além das informações passadas 
pelo profissional que trabalha no museu e na escuta do público, seja esse 
escolar ou espontâneo, ela significa uma troca de experiências,onde todos 
os indivíduos são respeitados e tem a oportunidade de serem ouvidos e de 
se expressarem. 
Deve-se ter em mente que as mediações não são meros atos de intermediar, 
mas sim a produção de sentidos em si, tanto para quem transmite as 
informações quanto para quem as recebe e apropria-se delas. O museu deve 
assumir seu lugar no processo de mediação, sempre buscando sentidos e 
sugerindo possibilidades de apropriação e participação efetiva do público 
nas exposições (LARA FILHO, 2009 apud RODRIGUES; CRIPPA, 2011, p. 32).
Esse processo de entrecruzar informações, percepções, sentidos, 
sentimentos, situações e possibilidades de leituras é que tornará a experiência 
do público significativa, pois ao adentrar no espaço do museu o indivíduo terá 
sua bagagem inicial, e ao vivenciar a mediação sairá desse espaço diferente 
do que entrou, pois foi instigado a perceber a si mesmo, o espaço expositivo, 
o outro, a obra, o objeto, correlacionando conhecimentos diversos. 
 
Com o desenvolvimento cada vez maior das tecnologias em tantos 
campos do saber humano, a relação dos museus com essas ferramentas 
passou a acontecer, vários deles disponibilizam seus acervos virtualmente, 
sendo que o observador poderá acessar o ambiente do museu, suas obras e 
navegar nesta interessante ferramenta. Outros são somente virtuais, ou seja, 
apresentam suas coleções não fisicamente, é importante destacar que:
Inicialmente os museus faziam usos da Internet com o intuito de divulgar 
seus trabalhos e trocar experiências com outros museus ou com o próprio 
público. No entanto, o uso da mesma, e de outras tecnologias incorporadas 
por ela, tornando o ambiente virtual ainda mais interativo, mostrou-se propício 
para a realização de novos tipos de exposições. Estas, no caso as virtuais, 
começaram a dar vida ao que podemos denominar como museus virtuais 
(RODRIGUES; CRIPPA, 2011, p. 33-34).
A mediação, nesse caso, não acontece por meio de um educador, o 
próprio público terá acesso ao meio virtual e escolherá as obras que quer 
conhecer. A mediação pode acontecer no próprio site, com diversos recursos 
como: jogos, mapas, vídeos, blogs etc. 
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
Acesse os seguintes sites que apresentam indicações de diversos museus 
que apresentam seus acervos virtualmente. Navegue nessas infinitas 
possibilidades de interações e conhecimento!
 
50 museus virtuais para você visitar: Disponível em: <https://canaldoensino.
com.br/blog/50-museus-virtuais-para-voce-visitar>. Acesso em: 17 jun. 
2017. 
9 museus pelo mundo: Disponível em: <http://glamurama.uol.com.br/
mundo-web-9-museus-pelo-mundo-para-visitar-sem-sair-de-casa/>. 
Acesso em: 17 jun. 2017.
2.1 MEDIAÇÃO EDUCATIVA EM MUSEUS DE ARTE
Nos museus de arte, a mediação tem relação com a experimentação, 
educação, trocas, inter-relações, comunicação, caminhos permeáveis, visto 
que a arte é um campo de conhecimento que permite diversas leituras, 
contatos e significações diversas. A arte está diretamente ligada com a 
vida, pode estar conectada com os sujeitos e esses poderão compreender e 
vivenciar a experiência estética de maneira muito peculiar. Pode-se 
Produzir linhas que extrapolam a obra e delineiam relações entre sujeitos. 
Ativar relações experimentais. Produzir um estado de abertura para estar 
com o outro e, nesse espaço criado, estar com arte, enquanto potência de 
experimentação. Diluir as fronteiras postas entre público e arte (MUNHOZ; 
COSTA; GUEDES, 2016, p. 375).
A mediação pode ser experimentada por meio da prática, onde os sujeitos 
são interlocutores e participam desse processo de comunicação, em que a 
arte se funde com a própria vida pulsante, e esse processo de participação 
faz com que existam ali novas leituras para um mesmo objeto ou obra de 
arte, trazendo novos sentidos e significados, perpassando a complexidade 
existencial de cada um em um todo. 
A mediação é proposição artística, é construção poética, pesquisa e processo 
de criação conjunto. A mediação está para além de uma pedagogização das 
práticas, pois acontece a partir de uma forma ampla – solta, aberta, viva – 
de pensar educação. É ativa, propositiva e convoca os corpos a ressoar essa 
vibração. A mediação pode ser silêncio, contemplação do outro, introspecção, 
mas também grito, movimento e impulso. É gesto afetivo, gesto cotidiano, 
gesto artístico. A mediação está para além do museu, pois produz efeitos que 
extrapolam o espaço expositivo. Suas práticas repercutem no entorno e criam 
interlocuções com a comunidade. Mediação é relação, construção coletiva, 
polifonia. É afeto, troca e abertura para o outro que chega. Mediação é gesto 
(MUNHOZ; COSTA; GUEDES, 2016, p. 376).
https://canaldoensino.com.br/blog/50-museus-virtuais-para-voce-visitar
https://canaldoensino.com.br/blog/50-museus-virtuais-para-voce-visitar
http://glamurama.uol.com.br/mundo-web-9-museus-pelo-mundo-para-visitar-sem-sair-de-casa/
http://glamurama.uol.com.br/mundo-web-9-museus-pelo-mundo-para-visitar-sem-sair-de-casa/
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
Nesse sentido, a mediação nos museus de arte aproxima o público 
da obra, tornando o processo de fruição mais significativo, visto que faz 
relações com os elementos da arte, mas também com o espaço, o tempo, o 
contexto, e o criador da obra. Elabora reflexões de acordo com o público que 
terá acesso, e abre portas no sentido de possibilitar encontros de diversos 
indivíduos e suas diferenças, bem como suas leituras tão diversas presentes 
em um mesmo contexto. 
Devido à complexidade que a arte apresenta enquanto campo do saber 
humano, o processo de mediação é muito importante, além da aproximação 
da comunidade escolar às instituições culturais sendo de fundamental 
importância, pois alguns indivíduos terão somente esse tipo de acesso aos 
bens culturais e artísticos, por meio das visitas escolares. É uma oportunidade 
de estimular o acesso aos públicos que ainda percebe a arte como algo 
elitizado e distante do cotidiano. Observe um exemplo de mediação educativa 
realizada por um educador na Bienal de São Paulo.
FIGURA 1 – PROCESSO DE MEDIAÇÃO REALIZADO POR UM EDUCADOR DA BIENAL DE 
SÃO PAULO COM ESTUDANTES
FONTE: Disponível em: <http://neteducacao.com.br/noticias/home/mediador-cultural-ajuda-
a-aproximar-publico-das-questoes-trazidas-pelas-exposicoes>. Acesso em: 17 jun. 2017.
Realizar o processo de mediação vai muito além de apenas falar e passar 
informações sobre determinada obra de arte, essa comunicação propõe a 
escuta do público e uma participação efetiva do mesmo. Para Carlos Barmak, 
coordenador do setor educativo do Museu da Casa Brasileira de São Paulo, 
2016:
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
A relação dos educadores com o público se dá por meio de propostas 
investigativas. Queremos propor experiências que possibilitem a invenção de 
narrativas e que levem em conta suas memórias e projeções. [...] O mediador 
também deve compreender que a aprendizagem não ocorre apenas no campo 
cognitivo. “É importante ressaltar que há diferentes dimensões no processo 
de aprendizagem. Em exposições, há dimensões afetivas, motoras, sociais e 
lúdicas, influenciadas pela consciência, emoção, memória e percepção de 
cada visitante”, diz (VALLE, 2016).
Há inúmeros exemplos de mediação educativa, que serão elaborados 
e executados de acordo com cada museu ou instituição cultural , sua 
especificidade e objetivo com determinada exposição. Observe na imagem a 
seguir uma atividade realizada no setor educativo do Museu de Arte Moderna 
Aloísio Magalhães, do Recife, em 2016:
FIGURA 2 – MEDIAÇÃO EDUCATIVA – MAMAM – 2016
FONTE: Disponível em: <https://blogmamam.wordpress.com/2016/06/01/
aconteceumediacao-com-alunos-da-aeso/>. Acesso em: 17 jun. 2017.
A atividade foi realizada com estudantes de uma faculdade, durantea 
exposição: “1 Dedo de Prosa”, de Marcelo Silveira e Cristina Huggins. 
Também é importante destacar a importância da mediação nos museus 
de arte, ou instituições que expõem obras de arte contemporânea, visto a sua 
complexidade, efemeridade, muitas vezes necessita da participação efetiva do 
público, que passa a coparticipar para a existência da obra. Essas relações de 
sentido e envolvimento do público pode ser mais rico e pleno de significados 
com a mediação de um educador, que poderá estimular reflexões, análises e 
experiências diversas de acordo com a proposta elaborada.
Em muitos casos, o público que adentra um museu ou galeria de arte não 
é especialista nessa área, de certa maneira tendo mais conforto em analisar 
obras clássicas e conhecidas, poderá questionar as novas manifestações 
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
artísticas, com perguntas como: isso é arte? A mediação é um desafio tanto 
para o mediador quanto para o público, seja ele escolar ou espontâneo, e 
requer uma capacidade interdisciplinar, a conexão de conhecimentos que 
ultrapassa a arte e se interliga com outros campos, misturando-se à tecnologia, 
ao cotidiano, bem como ao social, histórico e imagético. 
2.2 MEDIAÇÕES EDUCATIVAS EM MUSEUS DE CIÊNCIA
Os museus de ciência, bem como os museus de outras áreas específicas, 
buscam por meio da mediação estimular o desenvolvimento e a busca pelo 
conhecimento, não apenas com relação à quantidade deste e sim para atingir 
maior qualidade nessas interações humanas. 
Conforme nos aponta Marandino (2008), nos museus de ciência houve 
um movimento, que teve maior intensidade nas décadas de 1980 e 1990, 
estendendo-se até a atualidade, que buscou romper com a ideia de que o 
público que frequenta esses espaços não pode tocar nos objetos ali expostos, e 
passou então a criar espaços e exposições que proporcionassem aos visitantes 
a possibilidade de “aprender fazendo”, ao explorar objetos e aparatos que 
tinham relação com a ciência e que poderiam ser manipulados. 
Nesse sentido, a busca pela interatividade teve forte estímulo em museus, 
bem como no ensino escolar, influenciados pelos movimentos pedagógicos 
que tinham como base as teorias construtivistas. Essa postura de interação sem 
um vínculo com a construção de conhecimento começou a ser questionada, 
de acordo com Marandino (2008, p. 23), “a ideia de que modelos interativos 
nas exposições não garantem necessariamente que uma compreensão dos 
conceitos científicos se fortaleceu, ou seja, a manipulação de aparatos ou 
objetos não é garantia de envolvimento intelectual”.
Sobre a interatividade nos museus de ciência e suas exposições, é 
importante pensar sobre os elementos que compõem todo o conjunto 
relacionado a uma visita, sendo possível apontar uma categorização para 
verificar os tipos de interatividade, que são:
1) Hands-on: que considera o toque e a manipulação física como a principal 
forma de interação; 2) minds-on: quando há engajamento intelectual e 
quando ideias e pensamentos do visitante podem se modificar durante ou 
depois da visita, suscitando questionamentos e dúvidas e 3) hearts-on: quando 
há estímulo emocional, já que a ideia é atingir a sensibilidade do visitante 
(WAGENSBERG, 1999 apud MARANDINO, 2008, p. 22).
Podemos observar que nessa categorização não acontece apenas a 
manipulação dos objetos ou aparatos científicos, sendo trabalho o aspecto 
cognitivo por meio de um diálogo que estimula o público a refletir e questionar 
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
aquele processo, bem como permitindo um envolvimento sensível e emocional 
deste. Para que isso torne-se efetivo o papel do mediador é fundamental, pois 
é ele quem irá nortear as ações para concretizar o processo. 
A partir daí, apresentam-se alguns tipos de mediação ou visitação 
possíveis para o trabalho do mediador, de acordo com Grinder e Mccoy (1998 
apud MARANDINO, 2008), a primeira delas é a visita-palestra, como o próprio 
nome já aponta, ocorre por meio de fala aprofundada sobre o assunto em 
exposição, por um especialista ou educador, e geralmente atrai um público 
adulto, apresenta pouca interatividade. 
Já na discussão dirigida, a mediação acontece por meio de questões 
elaboradas pelo mediador, por meio de um roteiro lógico, com objetivos 
definidos anteriormente e que são adaptados conforme a necessidade de 
cada grupo que visita a exposição. Há uma interatividade maior nesse tipo 
de mediação, pois o público precisa participar ativamente.
Na terceira categoria está a visita-descoberta, a mais interativa das três, 
pois utiliza jogos e atividades que são realizados no espaço da exposição e têm 
relação com o conteúdo, fazendo com que o público descubra esse conteúdo 
de maneira peculiar, pois será o próprio olhar diante daquele contexto, sendo 
que cada indivíduo realizará uma leitura particular e diferente.
Geralmente são apl icadas as v is i tas guiadas , que consistem na 
explanação por parte do mediador sobre o conteúdo da exposição, enquanto 
os visitantes escutam. O indicado é mesclar os tipos sugeridos de visitação, 
para a necessidade de cada público. Prestar atenção se todos os visitantes 
conseguem enxergar os objetos, caso contrário, pode-se fazer as pessoas 
se sentarem em círculo, para que possam visualizar melhor. Além disso, é 
importante estimular as perguntas, o diálogo, para que os envolvidos possam 
participar ativamente, pois dessa maneira estarão construindo efetivamente 
o conhecimento, recombinando informações, refletindo sobre o conteúdo 
visto e vivido, o que sem dúvida poderá contribuir para o processo de ensino-
aprendizagem. 
2.3 MEDIAÇÕES EM MUSEUS HISTÓRICOS
Primeiramente vamos pensar na definição: museus históricos. Qualquer 
museu, seja de qual área for, será histórico, pois guarda objetos ou obras de 
um determinado tempo, porém nem todos guardam “objetos históricos”. 
Esses museus salvaguardam objetos por meio de suas exposições, que 
transmitem informações de um determinado recorte histórico, pertencentes 
a uma sociedade específica, ou seja, preservam essas memórias geralmente 
por meio de objetos de uma determinada coleção. 
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
É importante refletir sobre a comunicação dos museus históricos, que não 
podem ser consideradas neutras, pois preservam a história de um determinado 
grupo social. Esse diálogo deve ser estimulado no que se refere às mediações 
educativas nesses espaços, para que os sujeitos compreendam que: 
As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem à 
universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas 
pelos interesses de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário 
relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem os utiliza. 
[...] As percepções do social não são de forma alguma discursos neutros: 
produzem estratégias e práticas (sociais, escolares, políticas) que tendem a 
impor uma autoridade à custa de outros, por elas menosprezadas, a legitimar 
um projeto reformador ou a justificar, para os próprios indivíduos, as suas 
escolhas e condutas. Por isso esta investigação sobre as representações 
supõe-nas como estando sempre colocadas num campo de concorrências 
e de competições cujos desafios se enunciam em termos de poder e de 
dominação (CHARTIER,1990, p. 17).
Nesse sentido, a mediação pode contribuir para a reflexão do público, 
estimulando-o a vivenciar um momento de aprendizagem, de estímulo ao 
questionamento e a possibilidade de realizar uma leitura crítica, a partir dos 
objetos observados que não apenas comunicam a sua história, mas também 
a história dos indivíduos que os utilizaram, com determinadas finalidades 
e objetivos. É importante esse momento de problematização para que os 
visitantes possam construir conhecimento e
[...]em última instância, seriam históricos os objetos, de qualquer natureza 
ou categoria, capazes de permitir a formulação e o encaminhamento de 
problemas históricos (e por problemas históricos se deveriam entender 
aquelas propostas de articulação de fenômenos que permitem conhecer a 
estruturação, funcionamento e, sobretudo, a mudança de uma sociedade) 
(MENEZES, 1992, p. 4-5).
A capacidade de articular reflexões acerca do passado, para compreender 
os fatos que ocorrem no presente, buscando redirecionamentos acerca 
da própria sociedade, faz parte da função social dos museus, que podem 
ser espaços privilegiados de estímulo a uma aprendizagem voltada para o 
desenvolvimento da reflexão e da criticidade. Nesse sentido:
Além de evocar e celebrar o passado, um museu deve organizar-se de maneira 
a mostrar a sociedade como organismo vivo, sujeito a mudanças. Assim, o 
museu histórico contribui para o enriquecimento da consciência histórica, 
isto é, a percepção da vida social como produto da ação humana que gera 
e transforma (MENEZES, 1992, p. 7).
 
Portanto, além de preservar memórias por meio dos objetos e da 
exposição do museu, esse espaço tem o papel de comunicar esse acervo, por 
meio de um discurso e estimular a reflexão crítica por parte dos visitantes, 
por meio de mediações educativas de acordo com a particularidade de cada 
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
instituição. Observe, na imagem, um exemplo de ação educativa, em que o 
personagem histórico adquire vida por meio da linguagem cênica, estimulando 
a participação do público.
FIGURA 3 – AÇÃO EDUCATIVA NO MUSEU HISTÓRICO E 
PEDAGÓGICO WASHINGTON LUÍS, EM BATATAIS – SP
FONTE: Disponível em: <http://mhpwashingtonluis.blogspot.com.
br/2012/05/escola-celia-bueno-na-acao-educativa-do.html>. Acesso 
em: 18 jun. 2017.
Além de repassar informações, o museu pode ser um agente de educação, 
preservação de memória e ação museológica com o intuito de transformação 
social. Diferente da escola, os espaços não formais podem contribuir com o 
processo educativo de maneira dialógica, participativa e de reflexão, buscando 
não reproduzir métodos fechados, mas ao contrário, abertos aos variados 
públicos e contribuindo para a preservação e também para a transformação 
da sociedade. 
 CURSO LIVRE - A MED. EDU. EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE EDUCAÇÃO COMO PROP. DE DIÁL. ENTRE DIFERENTES PÚB.
TÓPICO 2 
ACESSIBILIDADE EM ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE DUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Primeiramente, ao abordar sobre ações educativas, que tenham como 
foco trabalhar a acessibilidade de públicos com necessidades especiais, 
deve-se ter como base a ideologia da inclusão social, mais especificamente 
a Educação Inclusiva. 
Segundo Machado, Souza e Steinbach (2013), o Movimento de Inclusão 
de Alunos com Necessidades Especiais (NEE), nas escolas, aconteceu 
recentemente, alterando as políticas educacionais. Dessa maneira, o processo 
de inclusão passará por diversas mudanças e adaptações, pois interfere não 
apenas no sistema educacional de maneira geral como em questões que 
dizem respeito a toda sociedade. 
Essa abertura para um processo de inclusão não garante que a escola, 
enquanto espaço formal de ensino, o museu enquanto espaço não formal 
de ensino, e que a sociedade de maneira geral, seja inclusiva. Questões de 
tamanha complexidade são debatidas por diversos profissionais que têm como 
objetivo buscar mudanças de estrutura no que diz respeito ao ensino e que 
respeitem em primeiro lugar o ser humano. 
Espaços formais e não formais se complementam, embora tenham 
especificidades no que tange à atuação pedagógica e à aquisição de 
conhecimento. 
Desta forma, em se tratando de programas de ação educativa inclusiva em 
museus ou instituições culturais dirigidos aos públicos especiais (grupos 
compostos principalmente por pessoas com limitações sensoriais, físicas, 
mentais ou grupos compostos por pessoas com e sem essas limitações ) as 
questões e inquietações apresentadas na educação formal são semelhantes 
às existentes nessas instituições, isto é, acreditar que basta integrar pessoas 
com necessidades especiais em um mesmo espaço cultural com pessoas com 
essas limitações para considerá-las socialmente e cognitivamente incluídas é 
um verdadeiro equívoco [...] (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013, p. 46-47).
Portanto, é necessário levar em consideração algo muito mais sério do 
que apenas possibilitar que esse público acesse os bens culturais. As ações 
educativas devem estar de acordo com as políticas culturais inclusivas, além 
da visão contemporânea da museologia. Os profissionais atuantes no campo 
educativo precisam refletir sobre suas práticas, rever seus conceitos para 
estarem sintonizados com a inclusão sociocultural, na busca por atender às 
necessidades desse público e realizar um efetivo trabalho inclusivo. 
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2 OBJETO CULTURAL E SUAS POSSIBILIDADES DE LEITURA 
PARA A PERCEPÇÃO MULTISENSORIAL
Seja qual for o campo de conhecimento em que o museu ou instituição 
cultural está inserido, seja artístico, científico ou histórico, cada espaço terá 
seus objetos para possibilitar a comunicação. Esses objetos estão repletos de 
significados, e como já mencionado, eles não são neutros, pois apresentam 
um discurso, uma informação. É dos educadores ou mediadores dessas 
instituições a responsabilidade de comunicar e tornar acessíveis os objetos 
culturais.
Um aspecto muito importante é a expografia, ou seja, a maneira como 
esses objetos serão expostos, em um determinado espaço.
Dessa forma, a concepção de uma expografia, dentro do modelo emergente – 
que amplie o diálogo e a participação mais integral do público com o objeto 
cultural – deve contemplar tanto a mediação indireta, isto é, toda a forma de 
comunicação previamente concebida para aquele espaço expositivo (seleção 
dos objetos, textos, etiquetas, montagem, iluminação. Recursos de apoio, 
multimeios, entre outros), como também a mediação direta, desempenhada 
pela ação educativa, contando com o profissional educador e o público 
durante a sua visita à exposição (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013, p. 55).
O mediador tem esse papel primordial de auxiliar o público a realizar as 
suas leituras frente aos objetos, para isso poderá utilizar diversos recursos, que 
tornarão mais construtivo o processo de leitura, estimulando os indivíduos a 
perceberem de maneira ampliada, relacionando os objetos a outros campos 
sensoriais. Ao estimular o público para os diversos sentidos e significados de 
um objeto ou obra de arte, é importante também que este participe de um 
processo de diálogo, contribuindo, dessa maneira, para novas leituras. Aqui 
se entende público tanto aquele com necessidades especiais quanto aquele 
que não as possui. 
No que diz respeito ao público com necessidades especiais, para que 
possa de fato ter acesso com qualidade aos bens culturais, as instituições 
precisam adaptar-se para oferecer uma comunicação que permita a percepção 
multissensorial, que pode ser estimulada por diversos recursos, entre eles 
podemos citar materiais de apoio, como réplicas, maquetes, objetos sonoros, 
entre muitos outros para servirem de instrumento comunicativo entre os 
objetos, os mediadores e o público. 
 
Uma abordagem multissensorial do museu evita a exclusão. Usando informação 
escrita e oral com diversos níveis de complexidade e empregando meios de 
comunicação visuais, orais, táteis e interativos, o museu cumprirá melhor a sua 
missão, comunicando mais eficazmente com mais pessoas. Essa abordagem 
não implica a banalização nem a perda de qualidade da informação. Pelo 
contrário, permite refletir sobre os objetivos estabelecidos, avaliar a eficácia 
do trabalho realizado, atingir um público mais vasto, enriquecer as exposições 
e descobrir mais valias no seu acervo (IPM, 2004, p. 22).
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Além disso, a percepção multissensorial é positiva não somente para o 
público que apresenta necessidades especiais, como também ao público que 
não as possui, pois ampliar a percepção para além da visão é um exercício 
rico, porque amplia a capacidade de reconhecer e apreender o mundo, por 
meio de outros sentidos, abrindo espaço para que os indivíduos vivenciem 
novas experiências e descubram novas percepções. 
3 PÚBLICO COM NECESSIDADES ESPECIAIS – COMO O 
MUSEU PODE RECEBÊ-LO?
Ações educativas são um importante meio para que o museu torne 
acessível seu repertório comunicativo, e quando essas são pensadas para 
públicos com necessidades especiais, deve-se levar em consideração as 
características e as necessidades desse público, tendo como base os conceitos 
estabelecidos pelo movimento de Inclusão Social. Cada deficiência apresenta 
suas especificidades, vamos apresentar algumas a seguir. 
Para trabalhar com pessoas que apresentam deficiência visual, de acordo 
com Machado (2013), pode-se utilizar audiodescrição e materiais sensoriais. A 
descrição torna acessíveis os objetos culturais, por meio dos outros sentidos 
que não sejam a visão. Para que o educador possa utilizar esse recurso 
de maneira construtiva ao planejar uma ação educativa, deve conhecer o 
conteúdo e os objetos da exposição para descrevê-los com referências que 
não sejam apenas as visuais. Pode utilizar duas técnicas, que irão comunicar 
ao público o que é visível na exposição “pelo uso da linguagem descrita que 
se refira a experiências comuns das pessoas e as propostas de materiais 
multissensoriais (esquemas táteis, maquetes, réplicas de objetos, aromas, 
degustações e etc.) (MACHADO, 2013, p. 89).
Com pessoas com deficiência auditiva e surdos deve-se trabalhar a 
Língua Brasileira de Sinais – Libras, tanto em visitas como em ações educativas, 
para isso é necessário o profissional intérprete de Libras. No caso de surdos 
oralizados e com baixa audição, o acompanhamento de um intérprete de voz 
ou labial é indicado (MACHADO, 2013).
Pessoas surdocegas necessitam de intérpretes em Libras táteis ou Tadoma. 
Esses profissionais geralmente fazem parte de organizações especializadas 
nesse tipo de deficiência e são indicados por essas instituições para serem 
contratados caso haja necessidade (MACHADO, 2013).
A comunicação objetiva, com uma linguagem simples sem o uso 
de termos técnicos é indicada para pessoas que apresentam deficiência 
intelectual, além disso pode-se exemplificar por meio de materiais e exemplos 
multissensoriais (MACHADO, 2013).
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Para que a mediação com pessoas com deficiência física seja adequada 
é necessário que os materiais visuais tenham boa visibilidade, a altura deve 
estar adequada à sua posição. Vitrines e mesas devem ter no máximo 90 cm 
de altura e apresentarem recuo na parte de baixo, isso torna possível que a 
cadeira de rodas se aproxime do móvel. Painéis e materiais gráficos devem 
ter no máximo 1,60 para que possam ser lidos com tranquilidade (MACHADO, 
2013).
Além de atender conforme a necessidade de cada público que apresenta 
alguma necessidade especial, vários fatores são igualmente importantes, como 
a adequação da arquitetura, comunicação inclusiva, o acesso à informação 
não deve apresentar barreiras, a equipe de trabalho deve estar qualificada 
para atendimento aos mais variados públicos, o acesso deve ser divulgado, 
bem como se deve realizar avaliação para verificar o público alvo, se foi bem 
atendido, de maneira a buscar um atendimento adequado. 
4 MEDIAÇÕES EDUCATIVAS INCLUSIVAS
Vários são os exemplos de atividades educativas planejadas e executadas 
nos mais diversos espaços culturais, tanto nacional quanto internacionalmente. 
Vamos abordar um exemplo que pode ser considerado como referência na 
área de política cultural institucional, o Programa Educativo Públicos Especiais 
(PEPE), do Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca do Estado de São Paulo, 
coordenado pela museóloga e educadora de museus, Amanda Pinto da 
Fonseca Tojal.
O PEPE, que tem por objetivo atender grupos especiais, compostos por 
pessoas com limitações sensoriais, f ísicas ou mentais, como também 
grupos inclusivos, compostos pela integração entre pessoas com e sem 
limitações, tem como objetivo incentivar e ampliar o acesso desses públicos 
ao importante patrimônio artístico e cultural brasileiro, representado pelo 
acervo da pinacoteca do Estado, bem como à capacitação de profissionais 
e estudantes em Ensino da Arte na Educação Inclusiva, programas de 
Consciência Funcional, além de cursos de Formação em Acessibilidade e 
Ação Educativa Inclusiva em museus e instituições culturais (MACHADO; 
SOUZA; STEINBACH, 2013, p. 66).
Este Programa disponibiliza atendimento especializado por meio de 
visitas orientadas, que são agendadas com antecedência pelas instituições 
interessadas. O público conhece obras de arte que fazem parte do acervo, 
tanto visualmente como por meio dos outros sentidos, o que caracteriza uma 
experiência multissensorial. 
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FIGURA 4 – EDUCADORA DA PINACOTECA – SP – EM MEDIAÇÃO EDUCATIVA POR 
MEIO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS
FONTE: Machado, Souza e Steinbach (2013)
Durante esse atendimento especializado existem vários percursos, entre 
eles a apreciação de esculturas originais por meio do toque, para deficientes 
visuais. Foram selecionadas trinta esculturas em bronze, pela equipe de 
profissionais do Núcleo de Conservação e Restauração, de acordo com os 
critérios estipulados. As esculturas são predominantemente da figura humana, 
nacionais e internacionais, produzidas entre o século XIX e XX, o que permite 
que o público possa realizar uma leitura histórica do caminho que a escultura 
foi percorrendo e as mudanças estéticas dessa linguagem (MACHADO; SOUZA; 
STEINBACH, 2013).
Já para obras de arte que não podem ser tocadas, a apreciação acontece 
por meio de reproduções em relevo, produzidas com resina acrílica similares 
às originais, buscando representar os principais elementos da composição. 
Esse tipo de material pode contribuir para que principalmente pessoas cegas 
ou com baixa visão possam vivenciar a fruição de obras bidimensionais. 
Observe na imagem a seguir um exemplo produzido a partir da obra “O 
violeiro”, do artista Almeida Júnior, produzida em 1899, de reproduções em 
relevo (MACHADO; SOUZA; STEINBACH, 2013).
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FIGURA 5 – REPRODUÇÕES EM RELEVO – OBRA: O VIOLEIRO DE ALMEIDA JÚNIOR
FONTE: Machado, Souza e Steinbach (2013)
Foram elaborados também jogos sensoriais e maquetes articuladas, 
que apresentam os elementos tanto formais quanto interpretativos das obras 
de arte, elaborados de maneira interativa e que permite ser explorada pelos 
sentidos: visual, tátil, olfativo, auditivo e sinestésico. As obras bidimensionais 
(pinturas) são reproduzidas em materiais tridimensionais, isso significa 
que os elementos contidos na representação plana são transferidos para 
uma representação espacial, as formas e elementos como profundidade e 
perspectiva são reproduzidos para uma melhor compreensão, já que são 
questões complexas e de difícil tradução principalmente para pessoas que 
tenham cegueira congênita. Foram elaborados trinta materiais tridimensionais 
como maquetes, jogos articulados e indumentárias de época (MACHADO; 
SOUZA; STEINBACH, 2013).
Observe o exemplo a seguir de uma maquete tridimensional articulada 
da obra Antropofagia, de Tarsila do Amaral. 
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FIGURA 6 – MAQUETE TRIDIOMENSIONAL ARTICULADA – TARSILA DO AMARAL
FONTE: Machado, Souza e Steinbach(2013)
Outros exemplos desenvolvidos no PEPE são a sonorização de obras 
do acervo por meio do estímulo ao sentido da audição durante o percurso 
em que o visitante aprecia as obras, com fragmentos sonoros de músicas 
instrumentais, sons do espaço urbano, da natureza e do cotidiano. Outro 
exemplo são as maquetes táteis e visuais do edifício da pinacoteca, um 
importante meio para que o deficiente visual possa apreender o espaço em 
que esse patrimônio arquitetônico está inserido, conforme imagem a seguir:
FIGURA 6 – MAQUETE TRIDIOMENSIONAL ARTICULADA – TARSILA DO AMARAL
FONTE: Machado, Souza e Steinbach (2013)
Esses foram alguns dos recursos produzidos pelo PEPE da Pinacoteca 
de São Paulo, mas existem outros como galeria tátil de esculturas brasileiras 
que fazem parte do acervo, publicações especializadas na área, cursos, 
assessorias e parcerias que viabilizam um trabalho de inclusão de públicos 
com necessidades especiais.
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