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UROLOGIA - Conceitos clínicos, cirúrgicos e pediátricos NEFROLITÍASE (Cálculo Renal) - Fisiopatologicamente, o surgimento de cálculos renais se dá em 3 fases: (1) supernaturacao da urina; (2) nucleaçao, formação de cristais, que não são cálculos; e (3) crescimento e agregação de cristais formando cálculos. - Manifestações clínicas • Pode ser assintomático, mas, quando manifesta alguma coisa… • Como a estrutura do calculo renal é de contornos irregulares, espiculada, o quadro clínico é marcado pelas repercussões geradas pela sua movimentação no trato urinario. • Há, portanto, hematúria e cólica nefrética. • Nas constriccoes fisiológicas é que há, normalmente, impactacao do calculo e deflagram-se as manifestações clínicas - Junção ureteropélvica - dor bem concentrada no rim (lombar, flanco) - Terço médio do ureter - dor lombar com irradiação inferior (testiculos, lábios maiores) - Junção vesicoureteral - disúria (quadro parecido com ITU) • Nefrolitíase complicada - Complicações associadas à nefrolitíase que exigem tratamento diferenciado: - Calculo renal que evolui com infecção - risco de sepse pela translocacao bacteriana à corrente sanguínea - Calculo renal que evolui com anúria - risco de IRA pós renal CÁLCULOS Detalhes Fatores predisponentes Sais de cálcio mais comum Mais frequentes De todos os sais de calcio, o mais comum é o oxalato de calcio Hipercalciúria idiopática (não há hipercalcemia, senão seria uma hipercalciuria secundária a hipercalcemia ) Estruvita Fosfato de amônio magnesiano Propensão a crescimento exagerado, Cálculos que chegam a ocupar toda a pelve renal (calculo coraliforme) normalmente são de estruvita. Infecções do trato urinario por bactérias que produzem urease (converte ureia em amônia, alcalinizando a urina e formando estruvita), como Proteus e Klebsiella. Ácido úrico Se for um calculo de ácido úrico puro, não aparece em RX (radiotransparente), mas aparece na TC Hiperuricosuria e urina ácida Cistina Urina ácida Hipercistinúria e urina ácida - Diagnostico em tese, há 4 exames que podem ser realizados, mas, na prática, os mais utilizados são a TC sem contraste (padrão ouro) e a USG de vias urinarias. - Tratamento tem dois momentos completamente distintos - Principais formas de intervenção urológica: (1) litotripsia extracorpórea - fragmentação do calculo para que seja expelido espontaneamente pelo trato urinário - indicado em calculos proximais (pelve e ureter proximal) e menores que 2cm; - contraindicado na gestante e em portadores de aneurisma de aorta. TC de abdome e pelve sem contraste Imagem hiperdensa dentro do trato urinário “obstrucao ureteral com dilatação da pelve renal ipsilateral” RX simples de abdome e pelve Imagem radiopaca no trato urinário (com exceção do cálculo de ácido úrico) Urografia excretara Administrado contraste, o rim filtra e excreta Falha de enchimento do contraste, que pode inferir a presença de calculo USG de vias urinárias gestantes devem fazer USG Imagem hiperecogênica no trato urinário Agudo • Não se deve realizar hiper-hidratação • Analgesia: • O melhor grupo farmacológico é o dos AINE (cetoprofeno, diclofenaco, indometacina) • Não havendo melhora, adicionar opioides (tramadol) • Tamanho: • < 1cm: Terapia médica expulsiva - o calculo vai ser expelido espontaneamente. Administrar alfa-bloqueador (tamsulosina) ou bloqueador de canal de cálcio (nifedipina) • > 1cm: Intervenção urológica - o calculo deve ser retirado. • Em cálculos complicados (infeccao ou anuria), a prioridade é desobstruir o trato urinário (stent ureteral duplo J ou nefrostomia percutânea) Crônico prevenção de recorrência • Hidratação volumosa > 2,5 L/dia • Tratar fatores predisponentes a depender do tipo de cálculo • Sal de cálcio • Não restringir o calcio, pois a hipercalciuria é idiopática!! • Restringir o sódio • Restringir proteínas de origem animal. • Diuréticos tiazídicos (ajudam a reabsorver o calcio, reduz a calciúria). • Estruvita • Antibioticoterapia para Proteus e Klebsiella • Refratariedade ao antibiótico - Ácido acetohidroxâmico (inibe a produção de urease e alcalinizaçao da urina) • Ácido úrico • Citrato de potássio - alcaliniza urina • Restringir purinas na dieta - forma menos ácido úrico • Refratariedade: Alopurinol ou febuxostat (reduzem a síntese de ácido úrico) • Cistina • Citrato de potássio - alcaliniza urina (2) nefrolitotripsia percutânea - calculos proximais (pelve e ureter proximal) e maiores que 2cm (3) ureteroscopia - calculos em ureter médio e distal CANCER DE PRÓSTATA - Adenocarcinoma da próstata - Screening não é consensual. A sociedade brasileira de urologia indica o rastreio. Ministério da Saúde não indica. INCA não indica. Assim, a responsabilidade na realização do rastreio deve ser dividida com o paciente. - Se o paciente decidir por realizar o rastreamento, deve realiza-lo aos: • 50 anos em diante • 45 anos em diante em pessoas com fator de risco (historia familiar, raça negra) • maiores de 75 anos se a expectativa de vida é maior que 10 anos. - Havendo a decisão pelo rastreio, devem-se realizar dois exames: • Toque retal - tido como suspeito se houver nódulos na próstata ou regiões endurecidas • PSA (antígeno prostático específico) alterado se maior ou igual a 4 ng/mL. - Em pessoas com < 60 anos, PSA > 2,5 ng/dL - Refinamentos do PSA: quando o resultado é borderline, são considerados suspeitos: aumento > 0,75 em 1 ano, densidade > 0,15 e fração livre < 25%. - Basta que haja alteração em um dos dois exames para que se indique a biopsia da próstata por USG transretal. - A biópsia fornece o diagnostico de câncer, bem como o grau de diferenciação da neoplasia. - Estadiamento TNM: toque retal, PSA, Gleason - Se PSA > 20 ou GLEASON > 7: CA avançado? Realizar cintilografia óssea para procurar metástases ósseas e TC ou RNM de abdome e pelve para procurar linfonodos regionais. ESCORE DE GLEASON somam-se os dois padrões histológicos mais frequentes nas lâminas. < 7: bem diferenciado (BAIXO RISCO) 7: diferenciação intermediária (MÉDIO RISCO) > 7: indiferenciado (ALTO RISCO) Padrão I II III IV V Mais diferenciado Mais anárquico - Tratamento HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA - Com o envelhecimento, há mais receptores androgenicos na próstata e, com isso, maior resposta à mesma quantidade de estimulo hormonal. - Fisiopatologia • Componente estático de obstrução mecânica pelo tecido hiperplásico. • Componente dinâmico de obstrução pelo maior tonus de musculo liso prostático, o que estrangula a uretra. Há variação durante curto espaço de tempo (maior constriccao no inicio do dia). • Quando existe dificuldade miccional, em resposta compensatoria, a musculatura detrusora da bexiga sofre hipertrofia o que culmina com menor capacidade de armazenamento vesical. - Sintomas obstrutivos: • Jato fraco e intermitente • Esvaziamento incompleto - Sintomas de armazenamento (irritativos) T1 Não palpável; toque retal normal T2 Confinado à próstata, palpável T3 Extracapsular T4 Órgãos adjacentes (bexiga, reto) N0 Não tem linfonodo N1 Tem linfonodo M0 Não há metástases M1 Metástases Doenca Estrategia Localizada T1 e T2 - Prostatectomia radical, possivelmente com linfadenectomia - Radioterapia se houver alto risco cirúrgico - Opção na doença localizada (T1 ou T2): vigilância ativa se PSA < 10 e GLEASON < 7 Localmente avançada T3 e T4 Metastatica - Terapia antiandrogênica: • Orquiectomia bilateral • Agonista GnRH (goserlina, leuprolide) • Antiandrogenios (flutamida) • Noctúria • Incontinência • Urgência urinária - vontade inadiável - Tratamento • depende da gravidade dos sintomas apresentados • Escala internacional de sintomas prostáticos (IPSS) avalia a intensidade dos sintomas - < 8 (leve): vigilância ativa - >= 8 (moderado/grave): opção de tratar - Alfa-bloqueadores (tamsulosina, doxazosina) tem ação instantanea e diminuem o tonus prostático. - Inibidores da 5-alfa-redutase (finasterida,dutasterida) demoram de 6-12 meses para o efeito pleno e, para seu uso, há que se ter aumento de próstata. - Cirurgia em casos refratários, em IRA pós-renal ou retenção urinária aguda refratária: resseccao transuretral da prostata, prostatectomia Retenção urinaria aguda - Cateter vesical + alfa-bloqueador - Retira-se o cateter vesical em 2-3 dias - Se houver nova retenção mesmo em uso de alfa-bloqueador, indica-se a cirurgia
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