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Fundamentos da Educação UNIDADE 2 1 DISCIPLINA : FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO PROFESSOR COTEUDISTA: FRANCISCO MARCELO G. FERREIRA INTRODUÇÃO Caro cursista, na primeira unidade foi realizado uma panorama geral do conceito de Educação , bem como o de Pedagogia. Para tanto, buscamos na historicização desses conceitos , a chave para o entendimento da origem do fenômeno educacional. Analisando diversos contextos em di- versas localidades, visualizamos o quão é ampla essa temática , assim como suas características, contradições e semelhanças são diversas. Traçado esse arcabouço teórico, veremos na Unidade 2 , como se fundamentou a educação na chamada era moderna. Na incumbência de tornar inteligível esse momento tão importante para o fenômeno da educação, buscaremos em alguns autores clássicos como Rousseau, Kant e Marx, a relevância de suas ideias em prol desse tema. Posteriormente, a análise de algumas disciplinas como a psicologia, filosofia e sociologia , nos auxiliarão a entender a força da educação dessa época até a nossa atualidade. É necessário relembrar, para você caro aluno, acessar e realizar a leitura do Livro texto , bem como dos vídeos e textos complementares que serão inseridos nesse guia. Realizadas essas dicas, o entendimento dessa e das próximas unidades será cada vez mais profícuo. Vamos em frente ! EDUCAÇÃO E MODERNIDADE: EDUCAÇÃO PARA A MODERNIDADE Para se ter uma melhor ideia a respeito do panorama educacional na modernidade , a análise do pen- samento iluminista apresenta-se como divisor de águas para os processos de mudanças que passaram a ocorrer nesta época. O indivíduo deixou de vivenciar o chamado período das trevas , para chegar no período das luzes. Nesse contexto, a busca pela liberdade do pensamento , passa a ser o carro chefe do conhecimento iluminista , em contraposição ao poder que a religiosidade possuira na época anterior, seja da educação, seja na sociedade ou na política. Buscando a valorização da Ciência e da Razão , os humanistas começaram a propor reformas educacionais, bem como um novo perfil do homem intelectual. Dentre as principais demandas, estava a busca por uma educação gratuita, obrigatória e laica, temas que você caro leitor irá também estudar nas próximas unidades dessa disciplina. Para uma análise mais aprofundada a respeito da influência do pensamento iluminista nas políticas educacionais, realize a leitura do texto: “A influência do iluminismo nas políticas edu- cacionais: em pauta a cidadania”, de Andreza Marques de Castro Leão . Em seu artigo, a autora põe em cheque a reflexão sobre o surgimento do pensamento iluminista, que teve como contexto principal o momento histórico da Revolução francesa. As ideologia pregadas por essa revolução favorecem em muito não só mudanças sociais, mas também educativas. Não obstante, o iluminismo compactuou como a formação de uma educação burguesa, em que a burguesia tinha na edu- cação uma forma de perpetuar o poder, uma educação portanto restrita, que impossibilitava os indivíduos poderem pensar a ordem vigente. 2 Dentre os autores que mais se destacaram nesse período , está o filosofo genebreano Jean-Jacques_Rousseau, o mesmo chama atenção com seus pensamentos sobre educação, principal- mente no que diz respeito a infância. Para Rousseau, a infância seria o momento em que o ser humano teria o seu melhor, porque ainda não entraria em contato com o social, nem com o mundo corruptivo . Era na infância onde estariam os seus melhores furtos, se visualizaria a natureza do homem. A infância seria também o espaço por excelência o qual a sua criatividade se manifestaria de sua maneira mais plena, isto é, a capacidade de não aceitar o convencional, o social. Para mais detalhes sobre o pensamento de infância em Rousseau , analise o capítulo III Infância do livro de Paulo Ghiraldelli Jr: O Que é Pedagogia. Em sua obra Ghilraldlli chama atenção para o fato de como o conceito de infância passou a complexificado, bem como a ideia de tratar a criança como um individuo. Além de se apoiar numa análise de alguns ensinamentos e proposições efetivadas por Rousseau , o autor propõe a análise de autores posteriores que ampliaram não só o conceito de infância mas também de educação. Para alguns autores, o próprio conceito de infância seria caracterizado como um fenômeno burguês, e isso explicaria a intima relação entre público e privado nessa época. Responderia portanto o porque das regras internas de alguns colégios passaram a influenciar de modo de- cisivo as regaras externas, até mesmo regras na vida das cidades. Mas o pensamento de Rousseau não se resume somente ao estudo da infância, acima de tudo o mesmo tentava pensar o ser humano diante da sociedade, e a função da educação no caminhar deste. Para esse autor, o homem é bom por natureza, e deveria ao máximo tentar se livrar da sociedade que, para ele , seria corruptora. Um outro tema importante para Rousseau, era a questão da liberdade. Liberdade humana que muitas ve- zes a educação elitista daquela época e de nossa época não dava ao indivíduo. A palavra que seria sinôni- mo de liberdade seria a democracia. Nesse sentido, mais que instruir, a educação deveria se preocupar com a formação moral e política. Era essa a afirmativa que sua obra magna “Emílio: ou da educação”, apresentava enquanto tese principal. Metaforicamente, Emílio, seria um aluno ensinado por seu mestre e que seus hábitos naturais seriam valorizados durante o processo educativo. Sua visão naturalista a respeito da educação o permitia pensar ela como algo reformador e democrático , ao mesmo tempo que teceria uma severa critica a educação catequista , na qual era excludente e conservadora naquela época. Assista ao vídeo! Para um melhor entendimento sobre a principal obra de Rousseau no que concerne a educação, visualize o vídeo com duração de 08:54s “ Rousseau vida e obra (O Emílio)”: www.youtube.com/emilio+e+a+educação+rousseau. Nesse vídeo é apresentado uma biografia de Rous- seau , bem como um síntese de sua principal obra Emílio ou da Educação. Em Emílio, política, educação e ética caminhariam juntos. Existiriam na vida do individuo 5 estágios prin- cipais: lactância, infância, adolescência, mocidade e finalmente vida adulta. Assim como também existiria dois tipos de educação. Uma educação primeira, onde as qualidades naturais dos indivíduos seriam valo- rizadas. Uma educação negativa, onde o educador interferiria o mínimo possível na educação da criança. O que seria importante para Rousseau não seria a razão a racionalidade e sim o sentimento , o exercer os sentidos. Em suma, as características acima apontadas sobre Rousseau , o coloca no espaço de precursor do pro- jeto educativo denominado Escola Nova , que além da tentativa de uma revolução social no sistema 3 escolar, pleiteava o projeto de denuncia de uma burguesia que preparava o mínimo de instrução para a classe trabalhadora, buscando assim uma consciência de classe. Outro filosofo iluminista que merece destaque na educação , é o alemão Immanuel Kant. Com sua obra “Sobre a Educação”, o mesmo aponta a educação como fundante do processo de moralidade do sujeito, assim como a pedagogia além do viés prático e , metodológico , possuiria também um viés filosófico. Nesse sentido, para o autor, o sujeito não nasce moral ele torna-se moral, e portanto essas duas ciências iriam auxiliar o individuo nessa incumbência. Ambas seriam portanto fomentadoras da moral humana, fariam com que o mesmo saísse do estado de animalidade e passasse para o estado de humanidade. Outro viés importante na obra de Kant, é o conceito de autonomia. Pensada como a forma que indivíduo analisa seus atos (sua moral) , o autoraponta que ao realizar esse tipo de prática, o indivíduo automati- camente estaria construindo uma ação autônoma ao cuidar dele mesmo, sem ter mais a necessidade de alguém para educá-lo. Nesse sentido, autonomia seria sinônimo de liberdade, conceito que também foi relevante na obra de Kant. Sobre a relação entre autonomia e educação, verificar o texto de Filício Mulina- ri “ Considerações sobre a pedagogia de Kant: uma educação para a autonomia” http://www.uvanet.br/helius/index.php/. Basicamente o texto de Mulinari irá aprofundar as fundamentações ditas acima. A conclusão que Mulinari chega , é que para Kant o projeto educacional de sua época deveria estar baseado na formação de um sujeito autônomo e moralmente ético. A educação faria a ponte entre natureza e moral. Para Kant entre as diversas descobertas humanas existiram duas dificuldades: a primeira seria a arte de governar, e a segunda a arte da educação. Nesse sentido, a prima- zia do sistema educacional iria além da mecanicidade ou treinamento. A criança deveria então aprender a pensar por si mesmo. Auguste_Comte apresenta-se como terceiro autor iluminista no qual suas ideias também irão interferir na educação. Adepto do paradigma positivista, pregara que as ciências humanas deveriam ter o mesmo valor que as ciência naturais, portanto seria uma ciência positiva. Segundo o positivismo a sociedade de- veria ser pensada a partir dos fatos sociais, ou seja , a mesma neutralidade existente em outras ciências também existiria ao pensar o social. Apesar de ser critico ferrenho ao sistema religioso, Comte pregara a existência de uma chamada “religião da humanidade”. No caso da educação ,essa deveria favorecer as necessidades dos indivíduos. Depois de Comte , o tam- bém francês Émile_Durkheim dá uma maior destaque para suas ideias. Para o mesmo, a sociedade pas- saria por três estágios (teológico, metafisico e positivo). No que diz respeito a educação , para Durkheim, um homem teria uma tendência a nascer egoísta, o que o tornaria solidário seria a educação. O ultimo a elencar esse quadro de pensadores que analisam a sociedade , e ao mesmo tempo a influência da educação no social é Karl_Marx . Para entender o seu pensamento, é primordial analisar o contexto his- tórico da revolução industrial , o capitalismo em sua alta potência , bem como o surgimento de duas classes sociais: proletário e burguesia. As re- lações de trabalho passam a ser portanto o norte principal desse filosofo alemão. A exploração do trabalho bem como as formas dos indivíduos saírem do chamado processo de alienação movimentam os argumentos de Marx. Sua filosofia passa a se diferenciar da filosofia clássica, na me- dida em que o autor afirma que antes o filósofos só se conformavam em contemplar o mundo, quando na realidade eles deveriam mesmo eram 4 fazer esforços epistemológicos pra mudar o mundo. Com base nisso , o modo de fazer filosofia em Marx passa a ser guiado pela práxis, ou seja pela prática. Assim, a teoria só possuiria um sentido se ela trouxer uma referência para a prática, isto é, conhecer para reformar. E ai você caro aluno se pergunta: e onde está a educação nisso tudo? Apesar de trabalhar pouco com esse tema, a educação estaria sempre implícita do pensamento marxista, uma vez que ela faria parte da dinâmica política. Como você aluno pode visualizar no vídeo de Antônio Joaquim Severino “Marx e a educação” , vídeo de 14:20s www.youtube.com/watch?v=LvQB3fqENDc: o papel da educação não é o desenvolvimento individual, mas o de colaborar para transformação da sociedade, em suas dimensões política e econômica. Segundo Marx, não seria um individuo bom que geraria a sociedade como afirmava Rousseau, mas sim, uma sociedade boa que gerava um individuo bom. Aqui a educação passaria a ter duas tare- fas primordiais. A primeira seria denunciar e diagnosticar as formas de alienação as quais os in- divíduos estão submetidos: a mídia é uma delas , como esta demonstrada na charge a seguir: http://questoessociologicas.blogspot.com.br. A mesma demonstra o homem alienado sendo manipulado pela Tv como uma fantoche sem autonomia e sem liberdade. Daí a importância de colocar ciências como a história a economia e a ciência política , como maneiras precisas de se diagnosticar esse processo alienante. Já a segunda tarefa, seria então propor uma nova realidade social, na medida em que seria buscada uma educação igual para todos, na qual estudantes poderiam participar da organização e gestão da escola, e uma escola que fosse também contra o elitismo: escola única , critica e criativa. Contudo , a influência de Marx pode ser verificada hoje principalmente em reuniões de sindicatos, associações de trabalhadores e de outros movimentos sociais, onde suas teorias estão sendo constantemente estudadas , significadas e re-siguinificadas . EDUCAÇÃO E OUTRAS CIÊNCIAS No tópico anterior, você aluno, visualizou algumas pontuações as respeito de que deixaram suas contribuições para as construção do pensamento da educação, dano à ela desde o inicio uma caráter transversal e transdisciplinar. O que é importante frisar, é que os autores que ajudaram com suas ideias o pensamento educativo, faziam parte de disciplinas, escolas, bem como paradigmas (modelo teóricos) diferentes . Nesse sentido, é importante você agora saber um pouco mais sobre algu- mas disciplinas que auxiliaram, através de suas fundamentações teóricas, na analise de uma maneira mais plural , mas não menos cientifica, o fenômeno da educação. A ciências sociológicas e antropológicas se apresentam como a primeiras disciplinas aqui, a ganharem destaque no sentido de produzir um diálogo com a educação. O grande objeto de estudo da antropologia e que até hoje ela tenta transpor para a educação é a questão da alteridade. Como você verificou caro aluno na unidade 1, a alteridade consiste em entender o outro, o diferente. O esforço de relativismo de conheci- mento sobre o outro não requer necessariamente transforma-se no outro. Ou seja, para você pesquisar ou entender mais uma pouco sobre a questão os grupos indígenas no Brasil ou em outro lugar do mundo, não necessariamente você enquanto um pesquisador terá que se transformar em um indígena para analisar cientificamente essas comunidades. 5 A alteridade ou entendimento da diferença sempre se manifestou enquanto objeto de interesse tanto das ciências antropológicas quanto da ciência pedagógica. A busca por pesquisa termos como raças, etnias, gêneros e sexualidade por exemplo , demonstram bem uma certa sintonia entre ambas as ciências no que diz respeito a estudar objetos da pesquisa semelhantes. De uma modo geral , quando realizamos uma analise panorâmica no que concerne a relação entre an- tropologia e educação, é notório uma série de semelhanças e contradições entre elas. Por exemplo, dos anos 20 aos 50 houve uma certa celeuma entre os antropólogos, no que diz respeitos as ideias propagadas por Piaget e Freud sobre a educação No entanto, no anos 30 e 40 , antropólogos exerceram uma atuação super relevante na reforma curricular do ensino nos E.U.A. Nessa mesma época, uma das grandes preocupações do reverenciado antropólogo Franz_Boas era com os riscos de nossa sociedade não desenvolver mecanismos democráticos perante a diversidade social e cultural. Outro fator que era consenso entre essas disciplinas, era o de que a Educação serviu em determinados contextos para o controle sobre a existência social. Esses e outros temas demonstram a simbiose e diver- gência entre a antropologia e a educação, fatos esses que não são atualmente devidamente vislumbrados pelos estudantes de pedagogia e ciênciassociais. Para um melhor entendimento de como se deu essas intrínsecas e as vezes extrínsecas rela- ções entre educação e antropologia , observe atentamente o artigo da antropóloga Neusa Maria Mendes de Gusmão : “ Antropologia e Educação : origens de um diálogo” http://www.scielo.br/ scielo.php?script. Nele a autora traça um panorama históricos dessas relações de “amor e ódio” entre essas disciplinas, tomando como pano de fundo a existência e comunidades indígenas existentes em algumas partes do mundo. Na sociologia a figura no sociólogo Émille Durkhiem aparece como maior destaque. Para ele a educação deveria ser pensada como um fato social. A educação seria uma forma de socializar o jovem para a vida adulta, o homem não seria formador das sociedades e sim produto desta. Buscando uma perspectiva mais estruturalista na forma de pensar o fenômeno educativo, essa intelectual nutria a ideia de que a educação desenvolveria estados físicos e morais. A maneira como Durkheim ver a educação caro aluno, se assemelha a de alguns filósofos acima supracita- dos , ou seja a educação seria uma instrumento de adaptação do individuo a sociedade. Tal adaptação te- ria um conotação moral no sentido que seria uma forma do homem ser sapiente das regras e normas que regem a vida dos indivíduos. Apesar de ser um tanto estruturalista a forma de Durkheim ver a educação e a sociedade, o mesmo atesta que o social acontece de forma diferente de acordo com o seu contexto. Cada período histórico teria uma caráter particular, o que inviabilizaria a aplicação de um mesmo modelo pedagógico para todas as sociedade, uma vez que a educação seria um reflexo de casa sociedade em especifico. Voltando a questão moral e porque não dizer ética no individuo na obra de Durkheim, o mesmo afirma que quando o individuo deseja melhorar a sociedade, ele automaticamente melhoraria a si próprio. Isto é, caberia a educação mostrar como deveria ser o comportamento moral do cidadão. Defende também um educação pública como outro autores. Assim como Rousseau e outro autores, Durkheim também defendia o conceito de autonomia: quando o indivíduos tivesse consciência de seus atos morais e de seu estar no mundo ele poderia viver livremente em sociedade. Enquanto criança, caberia entender esse individuo como um “ser de falta” , ou seja , tirar ao máximo as relações de subjetividade e dar a elas o máximo entendimento sobre as normas, bem como fazer ele desejar as regaras e a disciplina. 6 Para um pequena síntese da relação entre Durkhiem e a Educação, visuali- ze o vídeo de aproximadamente 3:17s: “Sociedade e Educação: Émile Durkheim . www.youtube.com/watch?v=vBBPmOay6uU. Num primeiro resumo, vimos o quão profícua foi a contribuição da sociologia a antropologia para a educação. Apesar dos contrates e divergências entre essas três disciplinas, foi visualizado que a indivi- dualidade delas favoreceu e interferiu e muito na formação do conhecimento de uma com relação a outra, tornando assim mais forte e mais legitimo cada um dos seus respectivo conhecimentos. Você sabia? Além da antropologia e da sociologia, a psicologia também foi uma ciência que objetivou ten- tativas de diálogos com a educação. As primeiras aproximações que aconteceram entre essas duas disciplinas, ocorreram em meados do século XX. A psicologia até então vinha de um longo caminho de debates realizados pela filosofia Grega, e seu impulso sobre a questão da educação nasce justamente no momento em que a psicologia começa a se definir como disciplina cientifica. Dentre os autores que se destacaram nessa tentativa de diálogo como a suas disciplinas podemos dizer que Jonh Dewey começou a fazer uma ponte identitária e metodológica entre a psicologia e a prática educativa. Mais informações sobre Dewey John_Dewey. Em 1918, a disciplina Psicologia da Educação ganha inúmeros avanços em suas várias áreas, dentre elas os testes de avaliação de Binet http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey, que por sua vez conseguiu adotar coeficientes de inteligentes enquanto medidores de uma maturidade intelectual. Na década de 40 a psicologia da educação fica em decadência, somente retomando sua força nas décadas de 60 e 70, onde tentar ganhar força enquanto ciência, tendo como argumento o fato de estar numa posição mais avançada que as outras ciências, seja pelo exercício da profissão ou pelas categorias de autores estudados. A grosso moço, a relação entre psicologia e educação estaria sintetizada nos processos e consequências psíquicas que intervém numa situação educativa. Seria um consenso em ambas, que a situação educativa se dividiria em situações: a educativa formal ( pré-escola, ensino fundamental etc) e situação educativa informal (família, clubes , casa de amigos). Seria portanto, a busca por ajudar a compreender melhor o processo de ensino e aprendizagem. Para Edward_Thorndike, considerado um dos primeiros intelectuais a cunhar o termo psicologia da educa- ção, todo o conhecimento da psicologia que fosse qualificado, poderia ser aplicado para a educação. Para ele e para outros autores, a psicologia deveria ter a finalidade de dar a pedagogia um caráter eminente- mente cientifico. Forneceria então subsídios para que o ato educativo alcance seus objetivos. A psicologia da educação também possuiria uma utilidade pratica. A mesma serviria para explicar pro- blemas enfrentados pelos professores em sala de aula, problemas estes que só poderiam ser compreen- didos, como resultantes de fatores estruturais mais amplos. Voltando-nos mais agora para o lado da psicologia , competiria também a psicologia da educação a anali- se da chamada natureza individual do homem , e nesse ínterim , analisar também que seria função dessa disciplina conhecer os traços universais desses indivíduos. Nesse sentido , percebe-se que as contribuições e intercâmbios entre essas disciplinas foram relevantes, principalmente no que concerne a explicar o comportamento dos alunos. Por isso, vemos atualmente ter- mos e categorias como o aluno tem inibição, bloqueios, é portador de imaturidade, agressividade, termos que demonstram esse diálogo entre psicologia e educação. ??? 7 Para mais detalhes a respeito da relações entres essas disciplinas, realize você aluno a leitura do artigo de Marcos Vinicius da Cunha : “A psicologia na educação: dos paradigmas científicos às finalidades edu- cacionais www.scielo.br/scielo.php?pid=, no qual o autor tentar transpor as contribuições da psicologia para educação, tendo como pano de fundo as mudanças de paradigmas do processo de formação da ciência moderna, bem como a busca pelo entendimento das finalidades educacionais. Para finalizar essa analise sobre o conjunto de disciplinas que contribuíram teoricamente e metodologica- mente para educação, apresentamos a filosofia, considerada a mãe de todas as ciências. A filosofia con- siste na busca pelo conhecimento. Sua relevância para o mundo foi justamente por dar inicio ao processo de construção e legitimação do conhecimento no mundo todo. Se hoje temos disciplinas como matemá- tica, história , física , dentre outras, é porque foi nessa matriz que se deu inicio a todas essas forma de conhecimento. Com os Gregos, a racionalidade é posta em relevância, em detrimento de teses religiosas e sobrenaturais para explicar o mundo e as coisas. Nesse sentido ela torna-se não só importante para a educação, mas para a formação das disciplinas e das formas de conhecimento como um todo. Dentre as mais importantes contribuições que a filosofia pode oferecer para a educação, está justamente a busca por um conhecimento baseado na razão, no raciocínio cientifico, fazendo como que esse profissio- nal se livre ao máximodos argumentos e discursos ligados ao senso comum (conhecimento dito popular). Além disso, cabe também a filosofia o pressuposto de construir um conhecimento critico do aluno, na medida em que o mesmo irá realizar uma série de questionamentos sobre a sua função no mundo, bem como o agir na sociedade a qual faz parte (função ética). Essa auto reflexão critica nos dias atuais, faz-nos pensar até que ponto a filosofia possui uma serventia para a educação, no que diz respeito a ela mesmo ser uma forma radical e emancipadora de ver as pes- soas no mundo. Estamos falando de construir sujeitos ativos na sociedade , que questionam suas vidas e modos de viver. Durante muito tempo o pensamento ocidental e oriental estiveram baseado em formas dualistas de se ver o mundo. A pós-modernidade nos impele a analisar filosoficamente esse mundo que é cada vez mais plural,mas que ao mesmo tempo buscamos liberdades individuais, construções ativas no mundo, racionalidade e solidariedade . Se você caro aluno verificar a obra “A Nova Pedagogia da Educação” do filosofo Pau- lo Ghiraldelli ( para esse intento leia a resenha, Ronie Alexandre Telles da Silveira www.gtpragmatismo.com.br/redescricoes/) verás que esse autor coloca enquanto grande con- tribuição da filosofia em relação a educação o fato de que a filosofia tenta produzir uma “des- banalização” da banalização da educação. Ou seja, questões como ensino, o ato de educar e ter conhe- cimento e repassá-lo sempre foi banalizado como se isso fosse algo natural. Caberia, portanto a filosofia buscar um certo “estranhamento” nesses atos que até então seriam naturais , para poder ter uma maior complexidade do ato educacional. Vimos anteriormente que Rousseau , por exemplo, começou a produzir um estranhamento da educação de sua época. Em Emílio , o filosofo apontou a educação de sua época voltada somente para a memorização, e na qual o aluno era receptor de situações exteriores a ele. Da mesma forma, Karl Marx questionou até que ponto a educação poderia ser algo alienante ou revolucioná- rio para as pessoas, a partir do momento em que ele questiona as forma de dominação e hierarquias na sociedade , bem como a educação fazia parte disso. Por fim podemos citar Paulo Freire Paulo_Freire , quando o mesmo diz que a nossa forma de ensino está banalizada, ao dizer que o aluno só recebe o conhecimento, não tem senso critico, nem sabemos nada a respeito desse aluno. É ao estranhar essa educação. que esse autor conclui que todo nosso sistema de ensino está errado, buscando assim uma educação libertadora. Contudo, a filosofia da educação servirá hora para teorizar sobre a Pedagogia , hora para justificá-la, cabe a nós educadores sabermos diferenciar essa momento, e utilizá-los da melhor forma possível. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro aluno, vimos nessa segunda unidade a importância de alguns autores em sua maioria filósofos no que diz respeito ao processo de formação da pedagogia enquanto ciência, e a importância desses pen- sadores para a formação do fenômeno educativo no passado e nos dias atuais. Também foi verificado a importância de algumas disciplinas como a sociologia, antropologia , psicologia e a proporia filosofia , e seus respectivo paradigmas na ajuda da amplitude do conhecimento sobre educação. Na próxima unidade iremos verificar como está fundamentada a educação da escola atualmente, quais são os problemas, as enfermidades e tentativas de solução para o enriquecimento educacional na con- temporaneidade. É importante reprisar a importância das leituras complementares no afã de melhorar mais ainda nosso diálogo.
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