Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
|1 CURSO TEMÁTICO PARA O CONSELHO DA PESSOA IDOSA |2 SUMÁRIO SUMÁRIO ........................................................................................................................................................... 2 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................................. 5 PRIMEIRO EIXO: LINHA DO TEMPO DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA Módulo 1: Constituição Federal de 1988 ................................................................................................................ 9 OBJETIVO DO MÓDULO 1 ................................................................................................................................................. 9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................................ 9 I. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS RELEVANTES ............................................................................................. 9 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 10 Módulo 2: Política Nacional do Idoso -‐ PNI .......................................................................................................... 11 OBJETIVO DO MÓDULO 2 ............................................................................................................................................. 11 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 11 I. POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO ............................................................................................................................ 11 II. PRINCÍPIOS .................................................................................................................................................................... 12 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 14 Módulo 3: Estatuto do Idoso ..................................................................................................................................... 15 OBJETIVO DO MÓDULO 3 ............................................................................................................................................. 15 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 15 I. O ESTATUTO FACE AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................... 15 II. O ESTATUTO FACE ÀS POLÍTICAS SOCIAIS ..................................................................................................... 16 III. O ESTATUTO FACE ÀS MEDIDAS DE PROTEÇÃO ........................................................................................ 19 IV. O ESTATUTO FACE À DEFESA DE DIREITOS ................................................................................................. 21 V. ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO ..................................................................................................... 22 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 26 Módulo 4: Fundo Nacional do Idoso ....................................................................................................................... 27 OBJETIVO DO MÓDULO 4 ............................................................................................................................................. 27 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 27 I. GESTÃO DAS APLICAÇÕES ........................................................................................................................................ 28 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 32 |3 SEGUNDO EIXO: A INTERVENÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS COMPROMETIDAS COM A PESSOA IDOSA Módulo 1: A Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa ................................................................................... 34 OBJETIVO DO MÓDULO 1 .............................................................................................................................................. 34 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 34 I. O MODELO DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA PESSOA IDOSA ........................................................ 34 II. CARACTERÍSTICAS ..................................................................................................................................................... 34 III. O MODELO NA PRÁTICA ......................................................................................................................................... 35 IV. TESTANDO O MODELO ............................................................................................................................................ 36 V. APRENDIZAGEM .......................................................................................................................................................... 36 VI. ATENÇÃO DOMICILIAR E O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA AOS IDOSOS ............................... 37 VII. ASPECTO PREVENTIVO ......................................................................................................................................... 38 VIII. ASPECTO PALIATIVO ............................................................................................................................................ 39 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 40 Módulo 2: A Pessoa Idosa na ótica dos serviços e benefícios socioassistenciais .................................... 41 OBJETIVO DO MÓDULO 2 .............................................................................................................................................. 41 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 41I. AS UNIDADES DE ATENDIMENTO ........................................................................................................................ 42 II. PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA .................................................................................................................................... 43 III. PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA COMPLEXIDADE ................................................................... 44 IV. PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE ALTA COMPLEXIDADE ...................................................................... 45 V. OBSERVAÇÕES SOBRE O SERVIÇO DE ACOLHIMENTO DE PESSOAS IDOSAS ................................. 46 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 46 TERCEIRO EIXO: TEMAS TRANSVERSAIS Módulo 1: Sobre o envelhecimento .................................................................................................................... 48 OBJETIVO DO MÓDULO 1 .............................................................................................................................................. 48 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 48 I. O ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL ....................................................................................................... 49 II. O CONTEXTO DE ENVELHECIMENTO NO BRASIL ........................................................................................ 50 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 54 |4 Módulo 2: A Pessoa Idosa e o Direito à Convivência Familiar e Comunitária .......................................... 55 OBJETIVO DO MÓDULO 2 .............................................................................................................................................. 55 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 55 I. ASPECTOS DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR .................................................................................... 55 II. ASPECTOS DO DIREITO À CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA ........................................................................ 57 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 57 Módulo 3: Violência à Pessoa Idosa ........................................................................................................................ 58 OBJETIVO DO MÓDULO 3 .............................................................................................................................................. 58 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 58 I. AMPLIANDO A DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA À PESSOA IDOSA ................................................................... 58 II. IDENTIFICAÇÃO DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA À PESSOA IDOSA .......................................................... 59 III. IDENTIFICAÇÃO DE TIPOS DE VIOLÊNCIA À PESSOA IDOSA ................................................................ 60 IV. MEIOS DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA À PESSOA IDOSA ............................................................. 62 MATERIAIS AUXILIARES ............................................................................................................................................... 65 Módulo Complementar ............................................................................................................................................... 66 OBJETIVO DO MÓDULO COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 66 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 66 I. INFORMAÇÕES BÁSICAS E QUESTIONÁRIO ..................................................................................................... 67 Referências Bibliográficas ......................................................................................................................................... 76 |5 APRESENTAÇÃO Este curso foi elaborado para proporcionar a divulgação e expansão de informações na área de atuação dos Conselhos dos Direitos da Pessoa Idosa. É voltado para diferentes públicos, desde iniciantes até os que têm mais proximidade com a área. Destina-‐se especialmente aos integrantes das comissões dos conselhos municipais, estaduais, distrital e nacional; para outros servidores públicos de diferentes esferas do governo que atuam intersetorialmente com os conselhos; e participantes de organizações da sociedade civil. Cada módulo disponibiliza as leis pertinentes para assegurar a proteção, promoção e garantia dos direitos dos idosos referentes à matéria abordada. Com isso, tem o intuito de possibilitar um senso reflexivo e a possibilidade de desenvolver a compreensão do real contexto no qual se encontram envolvidos. Por ser um curso de caráter introdutório, apresenta a ótica de outros ramos do conhecimento que contribuem com seus estudos e pesquisas para a magnitude dos fenômenos concernentes a esta fase da vida, sem ter a pretensão de finitude sobre as questões discutidas. Sempre no final de cada módulo há uma listagem constituída de livros, revistas, sites da internet, e vídeos que foram as fontes de consulta utilizadas para a redação do texto. Ficam como sugestão para quem pretende conhecer mais sobre o assunto. Não existe nenhuma exigência de leitura da bibliografia de suporte para o acompanhamento das atividades do curso. Apenas, fica no ar a expectativa de que continuem a ler e que adquiram cada vez mais, conhecimento. Pensando emcontribuir com o enriquecimento de cada um e com a expansão da informação, as avaliações dos módulos foram formuladas. Estão organizadas por questões de múltipla escolha e têm correspondência com os tópicos abordados. E, quiçá possam fazer associações com as experiências que a vida, o desempenho das atividades e a rotina de trabalho favoreceram. Ao finalizar compartilho palavras atribuídas a Cora Coralina: “Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos” Parafraseando-‐a, convoco todos vocês, velhos como eu, ou mais velhos que eu, ou mais jovens para conhecer e exercer seus direitos, e com o nosso esforço, possamos alcançar todos àqueles que precisam urgentemente de nossas ações em prol de uma vida mais digna e mais justa. Sejam bem-‐ vindos e sintam-‐se convidadíssimos a participar do nosso curso, vamos começar?! O Curso Temático para o Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa foi desenhado a |6 partir de três eixos: Linha do Tempo dos Direitos da Pessoa Idosa, A intervenção das Políticas Sociais comprometidas com a Pessoa Idosa, e Temas transversais que eclodem na população idosa. O primeiro eixo é dedicado a traçar a Linha do Tempo dos Direitos da Pessoa Idosa. Começamos com o Módulo 1 -‐ Constituição Federal de 1988, identificando os principais artigos que propiciam uma nova dinâmica aos direitos do idoso. Em seguida o Módulo 2 -‐ Política Nacional do Idoso, como a era que oferece os princípios que integram o novo paradigma na política pública para a pessoa idosa. Estudamos as ações setoriais nas áreas de promoção e assistência social; saúde; educação; trabalho e previdência social, habitação e urbanismo; justiça; cultura, esporte e lazer. Aqui também existe o ganho do milênio: a criação dos conselhos para a pessoa idosa. Paramos o Tempo dos Direitos da Pessoa ao nos depararmos com o Módulo 3 -‐ Estatuto do Idoso que marca um momento especial, pois propõe medidas que permitem a constituição do Sistema de Garantia de Direitos da Pessoa Idosa. Fazemos a colheita da estação, representadas pelas medidas de proteção e de defesa, e a especificação dos regimes e os critérios estabelecidos para o atendimento dos idosos que tiveram os seus direitos violados. Visitamos as políticas sociais preconizadas no Estatuto com a intenção de conhecer cada um dos direitos relacionados com: a alimentação; saúde; educação, lazer e esporte; profissionalização e trabalho, previdência e assistência social; habitação; e, transporte. Destacamos a importância desse órgão para a defesa e garantia dos direitos, e o Módulo 4 -‐ Fundo Nacional do Idoso o seu papel para o avanço das políticas destinadas a esta faixa etária. O segundo eixo denominado: A intervenção das Políticas Sociais com-‐ prometidas com a Pessoa Idosa possibilita que a trajetória continue: Por meio do Módulo 1 – A Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa é possível entender o que é atenção integral. Quais ações estão disponíveis? Onde se localizam? Existem dificuldades no atendimento? O que significa aspecto preventivo? E aspecto paliativo? Ou pela via do Módulo 2 -‐ A Pessoa Idosa na ótica dos serviços e benefícios socioassistenciais. Enfocamos o direito aos benefícios, serviços, programas e projetos socioassistenciais para o enfrentamento da situação de vulnerabilidade social. Conhecemos as ações específicas para a pessoa ido Ou pela via do Módulo 2 -‐ A Pessoa Idosa na ótica dos serviços e benefícios socioassistenciais. Enfocamos o direito aos benefícios, serviços, programas e projetos socioassistenciais para o enfrentamento da situação de vulnerabilidade social. Conhecemos as ações específicas para a pessoa idosa realizadas no CRAS e no CREAS. Vamos falar de Proteção Social Básica; Proteção Social Especial de Média Complexidade e de Proteção Social Especial de Alta Complexidade. Por fim apresentamos |7 algumas observações sobre o serviço de acolhimento direcionado às pessoas idosas. O terceiro eixo destaca: Temas transversais que eclodem na população idosa. O Módulo 1 -‐ É o momento para refletirmos sobre o envelhecimento. Vamos começar pelo conceito e, depois saber o que significa o envelhecimento ativo e saudável e, finalmente como é envelhecer no Brasil. Em seguida, no Módulo 2 -‐ A pessoa idosa e o direito à convivência familiar e comunitária -‐ abordaremos os aspectos do direito à convivência familiar: definindo o que é família, comentando sobre os modelos de formação familiar e, ainda os impactos existentes na convivência do idoso com a família. Vamos também definir os aspectos do direito à convivência comunitária. Vamos ao Módulo 3 -‐ Tratar da Violência à pessoa idosa. Logo no início, definindo-‐a. Em seguida ampliando a definição de violência à pessoa idosa na tentativa de melhor estudá-‐la. Identificaremos as formas e os tipos de violência à pessoa idosa. De que maneirapodemos enfrentar a violência à pessoa idosa? Enfim, conhecer os canais de denúncia, as Ouvidorias e as Delegacias. Por último, inserimos mais um módulo, denominado de Módulo Complementar com a pretensão de ter um espaço para discussão e aprender com quem está enfrentando as demandas da população idosa. Utilizamos como metodologia, a técnica de entrevista estruturada e, através de questões previamente formuladas, adentramos por meio da nossa amostra o cotidiano dos Conselhos dos Direitos do Idoso. A interlocução foi com o Conselho dos Direitos do Idoso do Distrito Federal -‐ CDI/ DF. O nosso agradecimento a toda equipe que se desdobrou para nos atender da melhor forma possível. |8 PRIMEIRO EIXO LINHA DO TEMPO DOS DIREITOS DA PESSOA IDOSA |9 Módulo 1 Constituição Federal de 1988 OBJETIVO DO MÓDULO 1 Identificar os principais artigos que propiciam uma nova dinâmica aos direitos do idoso. INTRODUÇÃO A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ou Constituição de 1988 foi elaborada por uma Assembleia Constituinte composta por 559 parlamentares, contou com a participação popular. Instituiu inúmeros preceitos progressistas e traz um novo paradigma legal para a pessoa idosa. Presente, enfaticamente, nos capítulos da previdência e da assistência social, e da família. Salientamos os artigos que propiciam uma nova dinâmica na temática dos direitos da pessoa idosa de-‐ correntes da reciprocidade, do atendimento das necessidades e na defesa da dignidade da pessoa idosa. I. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS RELEVANTES A previdência social deve dar cobertura aos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada. Para ter o direito a aposentadoria, é necessário combinar dois requisitos, a idade e o tempo de contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). As mulheres precisam completar 60 anos, e os homens, 65. O tempo de contribuição mínimo é de 15 anos, o equivalente a 180 contribuições. O fator previdenciário leva em consideração a longevidade da população. O benefício pode ser reduzido conforme a idade no momento da aposentadoria. A equação é: quanto menor a idade da aposentadoria menor o benefício. Importante ressaltar o uso da expressão idade avançada cujo sentido figurado é: que tende a durar muito tempo; duradouro, e tem o significado de: longevo, velho. (Art. 201) Garante a assistência social à pessoa idosa que necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, desde que haja a comprovação de ausência de meios para |10 prover a sua manutenção ou de tê-‐la provida por sua família. Estipula o valor de um salário mínimo. (Art. 203) Observa-‐se, a instalação de uma forma de organização política que engendra o federalismo, o municipalismo e, inclui a pessoa idosa como protagonista por meio de suas “organizações representativas na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis”. (Art. 204) Expressa claramente o princípio de reciprocidade entre pais e filhos: os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. (Art. 229) Estipula que a família, a sociedade e o Estado devem “amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-‐estar e garantindo-‐lhes o direito à vida”. (Art. 230) Salienta que os “programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares”. (Art. 230, § 1º) MATERIAIS AUXILIARES • Link para consulta à Constituição Federal de 1988: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm • Vídeo “Antes e depois da lei: direito dos idosos”: Apresenta a importância da legislação para a pessoa idosa na transição dos conceitos de velho para idoso. https://www.youtube.com/watch?v=_EgTmrIgiKE |11 Módulo 2 Política Nacional do Idoso -‐ PNI OBJETIVO DO MÓDULO 2 Conhecer os princípios que integram o novo paradigma na política pública para a pessoa idosa INTRODUÇÃO A Constituição Brasileira de 1988 e o Princípio das Nações Unidas (ONU) em Favor das Pessoas Idosas, adotado pela Assembleia da ONU em 1991, apresentam princípios e diretrizes voltados à pessoa idosa, incrementam os debates sobre a questão do envelhecimento e favorecem o surgimento da Lei Nº 8.842/1994 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e a criação do Conselho Nacional do Idoso. I. POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO A Política Nacional do Idoso aprovada em 1994 (regulamentada posteriormente pelo Decreto Nº 1948/1996) convoca a Sociedade e o Estado em seu Art. 3º à garantia dos direitos, à cobertura das necessidades, à dignidade, à proteção e ao protagonismo, conforme indicado abaixo: I – a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-‐estar e o direito à vida; II -‐ o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; III -‐ o idoso não deve sofrer discriminação dequalquer natureza; IV -‐ o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas por meio desta política; V -‐ as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei. |12 II. PRINCÍPIOS Estes princípios integram um novo paradigma na política pública para a pessoa idosa. Foram apontadas as seguintes ações setoriais. • Promoção e Assistência Social -‐ Prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não-‐governamentais; -‐ Estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-‐lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros; -‐ Promover simpósios, seminários e encontros específicos; -‐ Planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social do idoso; e -‐ Promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso. • Saúde -‐ Garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde; -‐ Prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas; -‐ Adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares, com fiscalização pelos gestores do Sistema Único de Saúde; -‐ Elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares; -‐ Desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria e Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais; -‐ Incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais; -‐ Realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de determinadas doenças do idoso, com vistas à prevenção, tratamento e reabilitação; e criar serviços alternativos para o idoso. |13 • Educação -‐ Adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados ao idoso; -‐ Inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal, conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto; -‐ Adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados ao idoso; -‐ Inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal, conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto; Incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos superiores; -‐ Desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de comunicação, a fim de informar a população sobre o processo de envelhecimento; -‐ Desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância, adequados às condições do idoso; e -‐ Apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às diferentes formas do saber. •Trabalho e previdência social -‐ Garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto a sua participação no mercado de trabalho, no setor público e privado; -‐ Priorizar o atendimento do idoso nos benefícios previdenciários; e -‐ Criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do afastamento. • Habitação e urbanismo -‐ Destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-‐lares; -‐ Incluir nos programas de assistência ao idoso, formas de melhoria de condições de habitabilidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção; |14 -‐ Elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular; e Diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas. • Justiça -‐ Promover e defender os direitos da pessoa idosa; e -‐ Zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar abusos e lesões a seus direitos. • Cultura, esporte e lazer -‐ Garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais; -‐ Propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional; -‐ Incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais; -‐ Valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural; e -‐ Incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação na comunidade. MATERIAIS AUXILIARES • Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa Uma grande contribuição da PNI foi a proposição do Conselho Nacional do Idoso. Essecolegiado é composto por representantes do governo e da sociedade civil, que decidem conjuntamente sobre as políticas e o direcionamento dos recursos públicos. Entre as competências do CNDI estão: a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização, a avaliação da Política Nacional do Idoso, e a proposição das modificações nas estruturas públicas e privadas de atendimento à pessoa idosa. • Link para consulta à Política Nacional do Idoso: http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L8842.htm |15 Módulo 3 Estatuto do Idoso OBJETIVO DO MÓDULO 3 Estudar as medidas que permitem a constituição do Sistema de Garantia de Direitos da Pessoa Idosa INTRODUÇÃO De iniciativa do Projeto de Lei Nº 10.741, de 1 de outubro de 2003, estabelece os direitos da pessoa idosa por meio de 118 artigos, organizados em sete títulos, promove uma legislação que: -‐ Regula a idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos para a faixa etária compreendida como idosa, a ter os seus direitos assegurados pelo Estatuto. -‐ Afirma ao idoso a garantia dos direitos fundamentais à pessoa humana; à proteção integral; o direito a preservação da saúde física e mental; o direito ao aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social; e o direito à liberdade e à dignidade. -‐ Atribui a Família, a Sociedade e ao Estado a obrigação de assegurar ao idoso à cobertura das necessidades, à garantia dos direitos, à dignidade, à proteção, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. I. O ESTATUTO FACE AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS • Direito à vida -‐ Preconiza que o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção é um direito social; -‐ Atribui ao Estado a obrigação de garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, por meio de políticas sociais públicas que proporcionem um envelhecimento saudável e em condições de dignidade. • Direito à liberdade -‐ O Estado e a Sociedade devem assegurar à pessoa idosa a liberdade de: o ir, o vir e estar |16 nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; -‐ Opinião e expressão; -‐ Crença e culto religioso; -‐ Prática de esportes e de diversões; -‐ Participação na vida familiar e comunitária; -‐ Participação na vida política, na forma da lei; e -‐ A faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. • Direito ao respeito -‐ Consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos pessoais. • Direito a dignidade -‐ É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, colocando-‐o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. II. O ESTATUTO FACE ÀS POLÍTICAS SOCIAIS • Dos alimentos -‐ Determina que o Poder Público, na área da Assistência Social, assuma a responsabilidade de prover o sustento do idoso desde que este e sua família não possuam condições econômicas. • Do direito à saúde -‐ O idoso tem atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos (Art.15); -‐ Atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios, com pessoas especializadas nas áreas de geriatria e gerontologia social. (Art.15 § 1º III); -‐ A distribuição de remédios aos idosos, principalmente os de uso continuado, deve ser gratuita, assim como a de próteses e órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação (Art. 15 § 2º); -‐ Os planos de saúde não podem reajustar as mensalidades de acordo com o critério idade |17 (Art.15 V § 3º); -‐ O idoso internado ou em observação em qualquer unidade de saúde tem direito a acompanhante, pelo tempo determinado pelo profissional de saúde responsável pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, justificá-‐la por escrito(Art.16); e -‐ O idoso que estiver no domínio das suas faculdades mentais pode optar pelo tratamento de saúde que lhe for considerado mais favorável (Art.17). • Da educação, cultura, esporte e lazer -‐ O idoso tem direito à educação, cultura, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.(Art.20); -‐ O idoso tem direito de pelo menos 50% (cinquenta por cento) de desconto nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, assim como o acesso preferencial nesses locais (Art. 23); -‐ Os meios de comunicação deverão reservar espaços ou horários especiais para programação informativa voltada ao idoso (Art.24); e -‐ O Poder Público deverá apoiar a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivar a publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura,considerada a natural redução da capacidade visual (Art. 25). • Da profissionalização e trabalho -‐ O idoso tem direito de exercer o seu trabalho respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas (Art. 26); -‐ É proibida a discriminação por idade e a fixação de limite máximo na contrataçãode empregados idosos. O primeiro critério de desempate em concurso é o da idade, com preferência para os concorrentes com idade mais avançada (Art. 27); -‐ O Poder Público criará e estimulará programas de profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remuneradas: Deve, também, fazer a preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1(um) ano, por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme os seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania; e Estimular às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho. (Art. 28) |18 • Da previdência social -‐ Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral da Previdência Social, para serem concedidos, deverão obedecer aos critérios de cálculos que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente (Art. 29); -‐ Os valores dos benefícios em manutenção serão reajustados na mesma data de reajuste do salário mínimo, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu último reajustamento, com base em percentual definido em regulamento (Art. 29, parágrafo único); -‐ A perda da condição de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do benefício (Art. 30); e, -‐ O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efetuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (Art. 31). • Da assistência social -‐ A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes (Art. 33); -‐ Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-‐la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-‐mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social (Art. 34); -‐ Todas as entidades de longa permanência, ou casalar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada; e, -‐ No caso de entidades filantrópicas, ou casa-‐lar, é permitida a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade, o que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benéfico previdenciário ou de assistências social recebido pelo idoso. (Art. 35, parágrafo único) • Da habitação -‐ Todo idoso tem o direito a uma moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou |19 desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou em instituição pública ou privada. (Art. 37); -‐ As instituições que abrigarem idosos precisam ter padrões de acordo com as necessidades deles, oferecer alimentação e higiene adequadas. Assim como pro ver o idoso com alimentação regular e higiene, indispensáveis às normas sanitárias (Art. 37, § 3º); -‐ Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observando-‐se o seguinte: Reserva de 3% (três por cento) das unidades residenciais para atendimento aos idosos (Art. 38, I); e -‐ O idoso tem direito a critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão. (Art. 38, IV) • Do transporte Transportes coletivos urbanos -‐ Os idosos maiores de 65 anos têm garantido o acesso gratuito (Art. 39); -‐ A comprovação é feita através de qualquer documento pessoal que ateste sua idade; (Art. 39 § 1º) e, Fica reservado nos transportes coletivos 10% (dez por cento) dos assentos para idosos, com aviso legível. (Art. 39 § 2º) Transportes coletivos interestaduais e intermunicipais -‐ Garante a reserva de duas vagas gratuitas em cada veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 salários mínimos (Art. 40 I); e, -‐ Se o número de idosos exceder o previsto, eles devem ter 50% de desconto no valor da passagem de acordo com a renda igual ou inferior a dois salários mínimos. (Art. 40, II) Reserva para os idosos -‐ A lei assegura 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso. (Art. 41) Embarque e desembarque nos transportes coletivos -‐ São asseguradas a prioridade e a segurança do idoso. (Art. 42) III. O ESTATUTO FACE ÀS MEDIDAS DE PROTEÇÃO |20 A essência do Estatuto se encontra neste título que trata das medidas de proteção ao idoso. Além de explicitar os direitos quando os idosos são ameaçados ou violados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; e em razão de sua condição pessoal. Propõe uma nova gestão desses direitos através da elaboração de um sistema de garantias de direitos da pessoa idosa. Apresentauma articulação de espaços públicos: Conselhos do Idoso, Sistema Único de Saúde -‐ SUS, Sistema Único de Assistência Social -‐ SUAS, Vigilância em Saúde -‐ ANVISA, Poder Judiciário, Defensoria Pública, Ministério Público e Polícia Civil. Com seus mecanismos e instrumentos próprios a serem mobilizados para o atendimento, vigilância e responsabilização. Vamos a um exemplo: as entidades governamentais e não-‐governamentais fazem o atendimento ao idoso, entretanto os Conselhos dos Idosos, o Ministério Público e à Vigilância Sanitária têm a atribuição para fiscalizá-‐las. GRÁFICO 1. SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DAS PESSOAS IDOSAS E EFETIVAÇÃO DE DIREITOS SOCIAIS Conselho do Idoso Sistema Único de Saúde e de Assistência Social Vigilância em Saúde Poder Judiciário Ministério Público Defensoria Pública Polícia Civil |21 IV. O ESTATUTO FACE À DEFESA DE DIREITOS Na temática da Defesa compreende-‐se a responsabilização do Estado, da Sociedade e da família, pelo não atendimento, atendimento irregular ou violação dos direitos dos idosos. O Estatuto autoriza a criação de varas especializadas exclusivamente para os idosos (Art. 70). Atualmente os casos que envolvem crimes contra idosos tramitam, preferencialmente, nas 179 varas com competência para julgar este tipo de processo, que também julgam causas de violência doméstica, família, infância e juventude. No acesso a Justiça é assegurada a prioridade na tramitação dos processos e procedimentos, na execução dos atos e diligências judiciais nas quais o idoso esteja envolvido, em qualquer instância. (Art. 71). Em 2007, o Conselho Nacional de Justiça -‐ CNJ aprovou a Recomendação n. 14 para que os tribunais de todo o país adotem como prioridade os processos e procedimentos que tenham pessoas idosas como par-‐ te, em qualquer instância da Justiça. A norma recomenda, ainda, que os tribunais promovam seminários, criem grupos de estudos ou medidas afins com o objetivo de apontar soluções para o efetivo cumprimento do Estatuto do Idoso, especialmente quanto à celeridade dos processos. De acordo com o banco de dados do Relatório Justiça em Números -‐ CNJ, no período 2015 a 2017, ingressaram no Poder Judiciário 28.965 processos de crimes enquadrados nos art. 96 a 108 do Estatuto do Idoso, se destacam “abandonar o idoso em hospitais”, “discriminar pessoa idosa”, e “apropriar-‐se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso”. Medidas de proteção inspiradas no Estatuto vêm sendo aplicadas à pessoa idosa. Por exemplo, o afastamento de membro da família ou cuidador após a prática de violência física, psicológica ou financeira ao idoso no lar, e determinação de avaliação de saúde física e mental do idoso para a indicação de procedi-‐ mento a ser adotado. Tais medidas têm sido aplicadas pelo Poder Judiciário, quando o Ministério Público não consegue implementá-‐las administrativamente. O idoso tem direito também ao atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária. (Art. 71 § 3o) Tal como aconteceu com o judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública também se mobilizaram e instalaram núcleos ou grupos de execução específicos para a |22 população idosa, visando uma melhor assistência judiciária. Dessa forma os promotores de justiça e defensores públicos têm a possibilidade de ajustar condutas ou celebrar acordos extrajudiciais para sanar conflitos e demandas. Esse procedimento resulta na garantia de direitos sem que a pessoa idosa precise ajuizar uma ação judicial, nos casos de: garantia de pensão alimentícia, acolhimento de idosos sem núcleo familiar, solução de conflitos familiares, e etc. O Estatuto possibilita ao idoso usufruir dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, assegurando-‐lhe por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (Art. 20). Essa disposição permite que o Ministério Público ou o Poder Judiciário determine, “entre outras medidas: encaminhamento à família ou ao curador, mediante termo de responsabilidade; orientação, apoio e acompanhamento temporários; requisição de tratamento médico, odontológico, psicológico ou psiquiátrico, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação; abrigo em entidade. Isso, sempre que os direitos reconhecidos no Estatuto forem ameaçados ou violados, por ação ou omissão do Estado; por falta, omissão ou abuso da família, do curador ou de entidade de atendimento. O Estatuto do Idoso traz um rol de crimes específicos praticados contra os idosos, os quais não eram previstos em nenhuma outra legislação, como a discriminação, que passa a ter pena de seis meses a um ano de reclusão e o abandono de idoso, que será punido com detenção de seis meses a três anos, além de multa,por exemplo. É importante ressaltar, ainda, que todos os crimes previstos no Estatuto do Idoso são de Ação Pública Incondicionada, o que significa que o Ministério Público pode apresentar denúncia, mesmo que o idoso, vítima, não queira representar contra o seu agressor.” (JULIÃO, 2004) V. ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO • Entidades Governamentais e Não Governamentais de Assistência ao Idoso Ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, em sua falta ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento e observando os seguintes requisitos: |23 -‐ Instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; -‐ Estar regularmente constituída e demonstrar a idoneidade de seus dirigentes (Art. 48); e -‐ O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções administrativas (Art. 49, parágrafo único). • Entidades de Atendimento ao Idoso com Programas de Institucionalização de Longa Permanência Têm dentre outras obrigações: -‐ Preservação dos vínculos familiares; -‐ Atendimento personalizado e em pequenos grupos; -‐ Observância dos direitos e garantias dos idosos; e -‐ Preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade. (Art. 49, I-‐II-‐IV e V) • Entidades de Atendimento ao Idoso Têm obrigações a serem cumpridas: (Art. 50, I ao XVII): -‐ Celebração de contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se for o caso; -‐ Observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos; -‐ Fornecer vestuário adequado se for pública, e alimentação suficiente; -‐ Oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade; -‐ Oferecer atendimento personalizado; -‐ Diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares; -‐ Oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas; Promover atividades -‐ educacionais, esportivas, culturais e de lazer; Proceder a estudo social e pessoal de cada caso; -‐ Proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso; Promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer; -‐ Propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças; -‐ Proceder a estudo social e pessoal de cada caso; |24 -‐ Comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador de doenças infectocontagiosas; -‐ Providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei; -‐ Fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos idosos; -‐ Manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento; -‐ Comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos familiares; -‐ Manter no quadro de pessoal, profissionais com formação específica; -‐ As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à assistência judiciária gratuita; (Art. 51) e -‐ Toda entidade de atendimento ao idoso deve ser fiscalizada pelo Conselho do Idoso, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros previstos em Lei. (Art. 52) • Delegacias A Delegacia do Idoso é órgão estadual subordinado à Polícia Civil que tem a responsabilidade, conferida pelo Estatuto do Idoso -‐ Art. 19, de receber as notificações feitas pelos profissionais da área de saúde e pelo atendimento à comunidade, no relato de casos de suspeita ou confirmação de maus-‐tratos à pessoa idosa. Diante dos questionamentos sobre a necessidade ou qual a vantagem do idoso ser atendido em uma delegacia especializada? Cito a nota técnica sobre a Delegacia do Idoso no Âmbito da Segurança Pública, da Consultoria Legislativa A Delegacia do Idoso é órgão estadual subordinado à Polícia Civil que tem a responsabilidade, conferida pelo Estatuto do Idoso -‐ Art. 19, de receber as notificações feitas pelos profissionais da área de saúde e pelo atendimento à comunidade, no relato de casos de suspeita ou confirmação de maus-‐tratos à pessoa idosa. A maioria dos atendimentos refere-‐se à ocorrência de delitos de lesão corporal, furtos de pequenos valores, maus-‐tratos e injúria. Também são registradas ocorrências não criminosas de extravio de documentos e malversação de bens dos idosos por seus familiares. Outros tipos de queixas comuns estão relacionados ao abandono praticado por parentes, sobre o descuido que acontece nos transportes públicos, principal-‐ mente ônibus, e os |25 maus-‐tratos nas agências bancárias e no comércio. Citamos o procedimento adotado no caso de violência à pessoa idosa em um delegacia de Mogi dasCruzes, publicado na internet, para ilustrar o trabalho de enfrentamento à violência que é feito em articulação com o Sistema de Garantia dos Direitos da Pessoa Idosa. Observa-‐se que a delegacia foi a porta de entrada e os papéis desempenhados pelos outros órgãos, presentes no município. De acordo com o rela-‐ to, entre os crimes mais comuns cometidos, neste município, estão ameaça, discriminação e estelionato. A Polícia aponta que, geralmente, os autores são parentes das vítimas. Estudo de caso O aumento no número de casos que procura a Delegacia de Proteção ao Idoso, segundo a delegada se deve a conscientização do idoso em relação a esse tipo de prática. A polícia é o último recurso que ele dispõe e, esperam que as autoridades orientem os parentes e acabem com o abuso. A experiência da delegada mostra que os crimes contra o idoso acontecem geralmente no âmbito familiar com a participação de filhos de ambos os sexos, sobrinhos e netos da vítima. É comum o idoso sofrer maus-‐tratos por parte da família, como negligência nos cuidados diários e também ofensas verbais e humilhações. -‐ Rede de Apoio existente no município Além da delegacia, o idoso também pode encontrar ajuda em outros órgãos que cuidam para que as determinações do Estatuto do Idoso sejam cumpridas. Em Mogi das Cruzes, o Conselho Municipal do Idoso acompanha de perto as denúncias que chegam até a entidade. “Quando recebemos uma denúncia, nós a encaminhamos para o Centro de Referência do Idoso (Cerim). O centro tem uma equipe que vai poder auxiliar esse idoso. Eles mandam a assistência social até a casa do idoso. Se ele realmente sofre maus-‐tratos, a família é orientada que pode sofrer processo e vir até a ser presa. Isso está previsto no Estatuto do Idoso. Caso a orientação não resolva ou dependendo da gravidade do caso, o conselho abre um processo no Ministério Público que passa a investigar a denúncia”, explica uma conselheira, do Conselho do Idoso. Indica ainda outra ferramenta para a denúncia de maus-‐tratos contra o idoso: o Disque 100, que funciona em Brasília (DF). “Apesar de estar longe do nosso município, o serviço funciona bem. Assim que recebem a denúncia, eles a enviam para a Secretaria Municipal de Assistência Social, Ministério Público e Conselho do Idoso. Não é preciso que o denunciante se identifique.” Fonte: http://g1.globo.com/sp/mogi-‐das-‐cruzes-‐suzano/noticia/2014/06/aumenta-‐ procura-‐pela-‐delegacia-‐de-‐protecao-‐ao-‐idoso-‐de-‐mogi.html O art. 19. do Estatuto do Idoso (Lei No 10.741/2003, alterada pela Lei nº 12.461, de 2011) prevê que os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária. Nos casos de confirmação da situação de violência ou de persistência a suspeita, a questão pode ser comunicada ao Conselho do Idoso, Ministério Público ou Delegacia de |26 Polícia. São estes os órgãos que desencadeiam as medidas protetivas e de responsabilização. Na suspeita de violência, quando possível, deve-‐se conversar com o idoso e acolher a situação como questão de saúde. Nos serviços de saúde será realizada a notificação compulsória da violência e acionada a rede de atenção e proteção para o acompanhamento do caso. A notificação na ocorrência ou na suspeita da violência é obrigatória aos profissionais de saúde. A notificação de violência também tem como objetivo, gerar informações para a compreensão desse agravo e apoiar a organização de serviços, a formação e o fortalecimento das redes intra e intersetoriais. A Vigilância deve, por meio da notificação e de outras informações de saúde, propiciar e disparar processos necessários à assistência individual e às ações coletivas de apoio à articulação das redes de proteção, produção e de promoção da saúde. A notificação compulsória é registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde. MATERIAIS AUXILIARES • Link para consulta ao Estatuto do Idoso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm • O Estatuto faz 15 anos e com as transformações sociais atuais é necessário fazer alguns ajustes. No vídeo indicado no link abaixo, Ana Camarano comenta algumas questões importantes, observadas durante a aplicação do Estatuto neste período. https://drive.google.com/drive/folders/1SMX1Y_cY4T0SmgyuLL01400Wb_KzBBU |27 Módulo 4 Fundo Nacional do Idoso OBJETIVO DO MÓDULO 4 Entender o papel do Fundo Nacional do Idoso para o avanço das políticas destinadas a esta faixa etária. INTRODUÇÃO Com o intuito de financiar programas e ações, criar condições, promover a autonomia, integração e participação efetiva da sociedade foi instituído o Fundo Nacional do Idoso, pela Lei 12.213/2010 que entrou em vigor em janeiro de 2011. A receita dos Fundos dos Direitos do Idoso é composta basicamente de: -‐ Recursos públicos que lhes forem destinados, consignados no Orçamento da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal; -‐ Contribuições de governos e organismos internacionais; e -‐ Doações de pessoas físicas e jurídicas, dedutíveis do imposto de renda, nos termos do artigo nº 260 da Lei nº 8.069/90, alterada
Compartilhar