Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISCIPLINA Microbiologia 2 PROFESSOR Yuri Data: 10/09/2019 Aula: 8 ALUNO Karen Salles Infecções virais da pele É importante tomar nota de 2 fatos em relação às chamadas infecções virais de pele: A via de transmissão As manifestações que ocorrem provocadas por esses agentes A primeira coisa que é necessário entender com relação às infecções virais de pele é que a sua via predominante de transmissão não ocorre na própria pele, essa definição é dada em virtude da aparição das lesões características pelos agentes que se disseminam, mas não necessariamente isso inclui a transmissão desses agentes pela própria epiderme. Na verdade, a principal porta de transmissão ou via de entrada de infecções de pele ocorre por via inalatória ou via oral, muito mais do que ocorre pela via cutânea. Quando um indivíduo acaba sendo acometido por uma infecção viral de pele isso implica dizer que num tempo anterior à manifestação ocorreu uma transmissão por via inalatória ou oral, e a partir desse momento que a partícula viral adentra o organismo pela respiração ou pelo trato gastrointestinal, um período transitório de viremia se estabelece e a partir dessa viremia é que ocorre a distribuição desses agentes infecciosos. Manifestação São 3 etapas até que essa manifestação se dê: 1. A transmissão propriamente dita Ou seja, o indivíduo acaba liberando partículas infecciosas na massa de ar, em perdigoto, o indivíduo acometido inala ou absorve por via oral essas partículas infecciosas. 2. Período de incubação inicial nas próprias regiões de entrada Ou seja, no próprio trato gastrointestinal ou nas próprias vias aéreas (árvore respiratória), a partir desse momento inicial de infecção e de incubação viral, passa-se então a um período de: 3. Viremia transitória Essas partículas crescem sua população e se disseminam por via hematogênica até que elas encontrem os caminhos para se manifestarem sobre a pele, caracterizando então uma infecção viral da pele. É um período em que a partícula viral está presente no sangue, se multiplicando ou transitando por ele, para depois haver uma disseminação via nervos para as superfícies da pele e para que as suas manifestações possam ser observadas. RESUMINDO AS ETAPAS: Transmissão por via inalatória/oral, período de incubação nesses pontos de contato inicial – então o indivíduo vai ter um período de incubação ou no trato gastrointestinal ou no trânsito da árvore respiratória – dessas regiões iniciais as partículas virais migram por disseminação hematogênica até encontrar, normalmente, nervos para os quais elas então transitam até a direção do nosso tegumento, na superfície da pele, e ali estabelecem a infecção propriamente dita, ali as suas manifestações são observadas. Então, lembrando: aquilo que eu chamo de infecção viral de pele não tem como principal, ou predominantemente, porta de entrada a própria pele. Infecção herpética Raríssimas exceções ocorrem, por exemplo, quando eu falo de infecção herpética existe sim uma porta de contaminação, ou de transmissão, que é a própria via cutânea. Uma vez a vesícula infecciosa estabelecida sobre a pele, ela serve como fonte de infecção para indivíduos saudáveis, mas esses são os casos mais isolados. Em todos os outros casos a via de transmissão envolve a via respiratória ou o trato gastrointestinal. EXEMPLO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VIA INALATÓRIA: Sarampo Rubéola Catapora Somente a herpes propriamente dita, a herpes do tipo 1, é transmitida por via cutânea. A herpes do tipo 2 também é transmitida por via cutânea, mas a gente faz a classificação como uma infecção sexualmente transmissível, então ela acaba entrando num outro grupo de doenças e não necessariamente em doenças virais da pele. Como essas partículas infecciosas passam por via inalatória ou oral aos indivíduos? No momento em que o indivíduo está com viremia ou quando ele está infectado por essas partículas virais a tosse, a liberação de perdigoto, a liberação de saliva acabam permitindo com que essas partículas fiquem um tempo no meio ambiente, e se esse ambiente for compartilhado por várias pessoas esse período em que os saudáveis entram em contato com a massa de ar contaminada é o período de transmissão, é a maneira pela qual a partícula consegue se disseminar. Uma vez o indivíduo contaminado ele tende a contaminar o ambiente onde ele se insere. E os saudáveis que entram em contato não precisam tocar na pele do indivíduo contaminado, basta entrar nesse ambiente contaminado para que a transmissão possa se estabelecer. VIREMIA x ECLIPSE O período de viremia é quando a população viral se estabelece no sangue de um indivíduo; é uma via plasmática ou sanguínea. O período de eclipse é aquele em que todas as partículas virais estão indetectáveis porque só está presente ali o seu material genético; e isso acontece dentro da célula. Classificação lesional É preciso guardar que todas as infecções virais de pele estão separadas em 2 grandes grupos de manifestações: A infecção é formadora de vesícula ou bolha (lesões vesiculares ou bolhosas) Ou ela é formadora de mácula-pápula (lesões máculo-papulares, formam manchas avermelhadas e elevadas) As características lesionais são utilizadas para fazer o diagnóstico clínico de infecção viral. Vamos ver 5 agentes infecciosos virais de pele, sendo 3 deles caracterizados por produzirem na pele lesões vesiculares. O que eu vou observar no paciente? A formação de uma bolha infecciosa. Como essa bolha progride varia de agente para agente e vamos conseguir fazer o diagnóstico clínico também baseado nisso. E 2 deles vão provocar lesões máculo-papulares (manchas = máculas e serão elevadas = papulares) – isso é para sarampo e rubéola. Algumas outras infecções também têm suas manifestações sobre a pele mas para estas a gente não classifica como infecção viral de pele, por exemplo: as arboviroses (dengue, chikungunya, zika e febre amarela). Elas precisam de um vetor artrópode para transmitir essas infecções, as suas maiores contundências estão sobre outras características sendo a principal delas a necessidade de um vetor. É PRECISO SABER SEPARAR UMA INFECÇÃO VIRAL DE UMA BACTERIANA COLOCADA SOBRE A PELE Saber diferenciar clinicamente uma infecção de pele provocada por bactérias e uma viral é importante, e a diferença básica começa na localização: o Em geral, as bacterianas possuem uma característica localizada onde há colonização bacteriana ou disseminação de toxinas. Em raríssimos casos eu vou encontrar disseminação de infecção de pele produzida por bactérias, as que se disseminam são provocadas por uma toxina, e não pela presença da bactéria. Então o indivíduo passa por uma toxemia e o período posterior se dá em uma manifestação de pele disseminada. A inflamação e infecção localizadas normalmente tendem a ser purulentas, ou seja, acompanhadas de pus. o Enquanto a infecção viral de pele é disseminada. Raríssimas exceções tendem a ser localizadas, como ocorre no caso do zoster e a explicação para ele ser localizada não tem nada a ver com a partícula viral, e sim com a disseminação nervosa do próprio vírus. Isso a gente precisa entender: fazer diagnóstico diferencial do que é infecção viral, e isso acontece primeiro pela característica lesional: separando os grupos que são vesiculares daqueles que são máculo-papulares. E segundo, fazer o diagnóstico diferencial entre infecção bacteriana de pele e infecção viral de pele tendo como primeira ferramenta a localização (virais são disseminadas, bacterianas são localizadas, raríssimas exceções quando envolver toxemia será disseminada). Um exemplo de infecção bacteriana produzida por toxemia é a síndrome da pele escaldada. Como ela se estabelece? A toxina faz a destruição da desmogleína (proteína que une as camadasda epiderme) se elas se soltam a pele do indivíduo descama. É uma infecção de pele produzida por uma bactéria, mas ela só é disseminada por conta da toxemia. Com exceção das infecções virais de pele máculo-papulares (sarampo e rubéola) – PRECISA GUARDAR – todas as demais são causadas por herpes vírus. RECAPITULANDO: As infecções virais de pele são 5, sendo 3 delas vesiculares e 2 máculo-papulares. Sarampo e rubéola são máculo-papulares. A infecção por herpes simples 1 (a tipo 2 também, mas essa é tratada como IST) e a catapora, são todas produzidas por herpes vírus, sendo todas vesiculares. Lembrando que essa família Herpes viridae é de DNA, conseguindo produzir latência clínica, e isso implica dizer que uma vez o indivíduo infectado ele pode, existe a possibilidade do indivíduo acometido da partícula viral realizar latência clínica, ou seja, a partícula viral vai passar por períodos de atividade (manifestações da lesão) e momentos em que ela vai estar de volta ao gânglio nervoso, fazendo manifestações de surto e remissão. Para os indivíduos que apresentam essa latência clínica não há cura associada. Todos que estão acometidos por herpes vírus realizam latência? NÃO. Existe uma oportunidade para realizar, e a importância de saber disso é que esses indivíduos que realizam latência têm manifestações em surto-remissão, a manifestação ocorre quando o vírus está ativado e ela some quando o vírus está latente, e isso vai sendo cíclico na vida do indivíduo não havendo cura pré- estabelecida. Isso ocorre com o herpes tipo 1, e toda vez que eu falar de tipo 1 você também pode falar de tipo 2. Então, a infecção por simplex-1 (“herpes labial”) faz latência? Faz. Herpes tipo 2 (“sexual”) faz latência? Faz. Catapora, que é o herpes tipo 3, faz latência? Faz. Todas elas fazem recidiva? É possível. OBS1: a recidiva da catapora é chamada zoster OBS2: só vírus de DNA fazem latência OBS3: sarampo é paramyxovirus, rubéola é togavirus e ambos são de RNA, não fazem latência. Curso das lesões A 2ª característica geral que eu preciso guardar sobre as infecções virais de pele: o curso das lesões. Para todas elas, o curso das manifestações são cursos benignos e brandos, salvo uma exceção. O grande problema das infecções virais de pele é o período pós-exposição no grupo de indivíduos imunossuprimidos. Herpes simplex-1, simplex-2, catapora ou zoster, sarampo e rubéola, todos têm manifestações e curso benignos. Quem teve catapora tem lesões herpéticas em mucosa labial que, na maioria das vezes, o que importaria é o cunho estético, diminuir essas lesões em mucosa. O indivíduo que faz sexual tem um incômodo nas lesões no trato geniturinário, o que já tem um aspecto mais de saúde, mas o curso é benigno se devidamente tratado. Sarampo e rubéola têm curso benigno, salvo exceção de uma gestante no 1º trimestre. O curso do sarampo não é tão benigno assim, mas pelo menos é imunoprevinido, então não se faz sarampo hoje em dia. Características gerais de infecção de pele As infecções são brandas De curso benigno Em que a terapia implementada é sobre sintomas, raríssimas exceções eu faço de droga específica, por exemplo: um indivíduo que tem uma catapora muito contundente, eu vou fazer Aciclovir; um indivíduo está com uma lesão herpética labial muito importante, e por questões de cunho estético eu vou fazer Aciclovir em pomada. Fora isso, não existe a necessidade de implementar uma terapia específica. Tratamento da catapora: se for um indivíduo imunocompetente, saudável antes da infecção, o curso é benigno e autolimitado (ninguém faz anos de catapora, faz 1 semana). O tratamento é feito com a solução de permanganato de potássio para acelerar o poder de regeneração tecidual para evitar infecções secundárias, mas não tem nenhuma implicação sobra a partícula/ciclo viral, o curso é benigno. No imunossuprimido ou no risco da imunossupressão eu devo me preocupar, porque elas são brandas mas podem se tornar malignas, e isso se manifesta no imunossuprimido presente ou na imunossupressão por vir, exemplo: indivíduos que fazem corticoterapia prolongada, quimioterapia, radioterapia, infecção por HIV presente (ou seja, o indivíduo com AIDS), gestante. Estes abrem o risco de desenvolvimento de quadros mais severos das infecções virais e a explicação é basicamente que eu tenho uma porta de disseminação aumentada para os agentes infecciosos e isso se manifesta com encefalites (maior parte) e pneumonia viral, pois como o sistema imune desses indivíduos está abaixado/suprimido, existe uma oportunidade de disseminação do vírus para outras regiões que não a localizada, a pele, então ele pode migrar para regiões diferentes daquela tradicional no imunocompetente: Disseminação para o pulmão, provocando uma pneumonia de caráter viral, sendo essa mais difícil de tratar do que a bacteriana, mas dá para tratar; E existe um curso bem mais maligno que é a encefalite. Como a disseminação do vírus se dá por sistema nervoso, por exemplo: a herpes simples do tipo 1, fica em latência no gânglio do nervo trigêmeo, ela faz fluxo/trânsito anterógrado para provocar lesão ativa na mucosa labial, ou onde ela disseminar. Então, temos aqui: gânglio do nervo trigêmeo, pode ascender, pode ir para a região mediana ou pode descender para a inervação de lábio; A manifestação é sobre a pele; fluxo ou trânsito anterógrado (é quando o vírus sai da latência para provocar lesão, ele sai do seu gânglio nervoso e se manifesta sobre a pele por disseminação dos nervos). *No caso da catapora é o nervo cutâneo sensorial Em alguns casos existe o risco de latência, ou seja, o vírus pode ir até a pele provocar as suas lesões e retornar para o seu local de origem, nesse momento de deslocamento da região superficial da pele até o gânglio nervoso, algumas partículas virais –nos imunossuprimidos– ao invés de voltar para o gânglio medular pode ascender para a medula encéfalo e provocar uma encefalite. Essa encefalite é posterior a essa manifestação de pele, por exemplo: o indivíduo que faz herpes (seja labial, sexual ou catapora, os demais não possuem disseminação nervosa) e depois desenvolve encefalite diz-se que ele desenvolveu uma encefalite pós herpética. Incubação O tempo de incubação, que é o período em que a partícula viral se multiplica para produzir uma população, varia de agente para agente mas normalmente ocorre no período entre 1 e 3 semanas de período de incubação na célula alvo. Então, uma vez a partícula se disseminando pelo corpo, ou entrando pelo corpo, ela tem um período de incubação de 1 a 3 semanas, e o problema disso é que durante esse período de incubação o indivíduo não é sintomático havendo um risco maior de disseminação entre indivíduos. As crianças são os principais alvos dessas infecções, o indivíduo/a criança que não manifesta sintomas nem sinais facilmente vai transmitir essa infecção para uma criança saudável durante o seu período de incubação. HERPES SIMPLES-1 (SIMPLEX-1) A herpes do tipo 1 é bem similar ao tipo 2, a diferença entre as partículas é fenotípica-genotípica, eles são muito parecidos em termos de estrutura mas eles têm diferença no seu genoma, por isso eu classifico o tipo 1 como labial e o tipo 2 como sexual ou genital. Ambos são chamados de uma maneira vulgar de herpes simplex ou herpes simples, e a maneira correta é dada pela sigla HHV (herpes vírus humano). Na herpes labial a manifestação se dá ou sobre dermátomos da face ou sobre mucosa labial (interna ou externa). Com relação ao que já foi falado o vírus faz um período de latência no gânglio do nervo trigêmeo, normalmente o ramo descendente que inerva a mucosa labial é o de predileção para o herpes do tipo 1 e por conta disso ela se manifesta nas mucosas labiais ou dermátomos da face de um indivíduo. O que é preciso guardar sobre herpes labial, além do que já foi falado anteriormente: Os diagnósticosdiferenciais para a herpes, quais são e quem são envolvidos no diagnóstico diferencial: A estomatite aftosa Vulgarmente conhecida como afta. Seu diagnóstico diferencial, baseado em clínica, entre ela e a herpes labial: Estomatite aftosa Herpes Manifestação exclusivamente de mucosa interna Frequência de manifestação é maior Independe de imunossupressão É um reflexo de manifestação do TGI Se manifesta tanto externamente quanto internamente num indivíduo (com maior frequência na mucosa externa ou mucosa inferior do lábio) Frequência de manifestação menor e sazonal Tem como gatilho a imunossupressão *Um indivíduo faz herpes do tipo 1 a cada estímulo sazonal, em geral, envolvendo o estresse. O estresse liberador de cortisol faz imunossupressão, sendo um gatilho para o desenvolvimento de herpes. Existe uma relação com a luz ultravioleta e o herpes, muitas pessoas manifestam o herpes labial mediante a uma exposição prolongada à luz UV. Essa exposição traz consigo possíveis lesões sobre as células que detêm o vírus latente, o indivíduo que progressiva ou gradativamente se expõe a doses de UV põe em risco as células que resguardam a partícula viral em latência, havendo um risco de lesão no DNA da célula, e se essa tem um pedacinho que é o vírus ela entra em risco de desenvolvimento de lesões, o vírus sai do seu ciclo de latência (lisogenia) e vai fazer ciclo lítico tomando o trânsito anterógrado (na pele do indivíduo). A partir do momento em que essas lesões provocadas por UV são interrompidas, a partícula viral faz trânsito retrógrado, sai da região de pele e volta para o gânglio do nervo trigêmeo. Essas são as fontes promotoras que ativam a herpes: estresse, luz ultravioleta, hormônios, etc. E nenhuma delas está diretamente relacionada à formação de afta. Sapinho Nome vulgar da infecção provocada por Candida, por isso é conhecida como candidíase muco cutânea ou cutânea oral. Para relembrar, Candida é um fungo que já habita certas regiões do nosso corpo, predominantemente o TGU feminino, mas ela está também na cavidade oral, só que quando ela se estabelece melhor, ganha uma vantagem para aumentar a sua população é o que chamamos de “sapinho”. Não é difícil dar o diagnóstico porque existe um crescimento aparente dos microrganismos, da levedura que é um fungo por tabela. Se o indivíduo desenvolve sapinho, as lesões sobre a cavidade oral são aparentes e, além disso, existe um crescimento de massa microbiana que pode ser externo ou interno, o indivíduo apresenta massas esbranquiçadas na comissura labial além dele crescer sobre mucosas, gengiva, superfície dental, a boca como um todo. *Massa microbiana: só para organismos vivos. Herpes é uma partícula viral, que só se estabelece no interior de uma célula, não tem crescimento microbiano associado. Doença do beijo É um pouco mais difícil o diagnóstico diferencial, o diagnóstico tem que ser molecular mas existe uma saída clínica. A doença do beijo é provocada pelo Herpes tipo 4 (Epstein-Barr) e tipo 5 (citomegalovírus), ambos provocam, então não precisa fazer diferenciação. A doença do beijo é uma manifestação sobre mucosas labiais ou sobre a própria gengiva, só que ela tem uma característica que é importante: elas vão produzir no indivíduo acometido uma linfadenomegalia cervical (um aumento pronunciado de linfonodos da cadeia cervical), esse aumento é tão grande que o indivíduo fica com o pescoço aumentado chamado “pescoço de boi/touro”. Também é conhecida como mononucleose infecciosa pela sua predileção pelas células sanguíneas, ou do sistema imune, os monócitos, daí o termo monocleose. Elas exploram os monócitos, ou macrófagos, para crescerem no seu interior (“nucleose”). Como são vírus, eles provocam o aumento no número de linfócitos – o que chamamos de linfocitose. E essa é uma parte importante do diagnóstico, ao olhar para o hemograma do indivíduo acometido será encontrado uma linfocitose, mas isso tem um problema porque se isso ajuda a fazer o diagnóstico isso abre uma oportunidade de infecção para HIV. Por que? Qual é a célula que o HIV infecta, a célula alvo da infecção pelo HIV? Linfócito CD4, o indivíduo que faz Epstein-Barr ou citomegalovírus aumenta o número de células alvo, sendo o indivíduo agora predileto para infecção pelo HIV, existe essa correlação direta. Repetindo: a predileção dos vírus são células do sistema imune (monócitos), mas por ser uma infecção viral o nosso sistema imune recruta para o combate os linfócitos, por isso a linfocitose no hemograma. Esse aumento do número de linfócitos tem uma correlação direta em risco para infecção pelo HIV, porque esse infecta linfócitos e eu estou aumentando o número de alvos quando estou cursando a mononucleose infecciosa. Além disso, o Epstein-Barr é um vírus oncogênico, lá dentro do seu genoma ele guardou um oncogene que fica inativo, no entanto no momento da infecção é possível a transmissão desse gene a sua ativação. O que significa dizer que o Epstein-Barr pode desenvolver quadros de câncer, tumores, e o que está associado a ele é um linfoma. Leucemia é tumor de sistema imune circulante Linfoma é tumor de sistema imune estacionário O vírus provoca a infecção no sistema imune (células) e depois ele é repassado para o linfonodo. Uma manifestação maligna de linfonodo eu chamo de linfoma, sendo o do Epstein-Barr chamado de linfoma de Burkitt. O médico não faz diagnóstico porque como isso tudo está acontecendo na cavidade oral essa responsabilidade fica a cargo dos dentistas. TERAPIA A terapia só é instituída em pacientes que são de risco, leia- se: imunossuprimidos. Seja qual for a causa de imunossupressão é feito uma terapia antiviral para evitar o curso maligno da infecção, eu faço Aciclovir sistêmico para ele não desenvolver encefalite pós-herpética, para ele não desenvolver pneumonia viral. Tirando esses casos eu não faço terapia específica, a terapia passa a ser apenas sintomática. A principal droga evolvida nas infecções herpéticas é o Aciclovir ou o que é derivado de aciclovir, todos eles possuem o mesmo mecanismo de ação. Ele passou um vídeo sobre o mecanismo de ação do cloridrato de aciclovir: Há uma enzima que não podemos esquecer, é conhecida como timidina quinase (TdT), ela está presente em todas as células só que a nossa timidina quinase não está alterada por nenhuma infecção quando eu não tenho infecção. A sua função é colocar radicais fosfatos dos deoxinucleotídeos, quem coloca os 3 fosfatos é a TdT, toda célula tem porque toda célula faz ciclo de replicação. Esses nucleotídeos são tri fosfatados pela enzima timidina quinase, então quando eu vou fazer os meus nucleotídeos para formar DNA – todo DNA tem bases nitrogenadas – uma parte das bases nitrogenadas precisam dos DNTPs, eles começam como monofosfatados, passam a di e posteriormente a tri fosfatados: deoxinucleotídeos tri fosfatados. É preciso relembrar que na formação do DNA, entre o 2º e o 3º fosfato existe uma quebra de ligação, os 2 fosfatos vão embora, o que está ligado na porção 5’ sofre ação da hidroxila da posição 3’ e esse nucleotídeo é incorporado à cadeia nascente. Essa é só a explicação do que é uma TdT. A TdT é uma enzima presente em todas as células saudáveis capaz de fazer com que os nucleotídeos sejam fosfatados, importante para que ocorra a duplicação do DNA. O Aciclovir é apenas incorporado por enzimas TdT alteradas, essa TdT saudável não é incorporada ao Aciclovir, a medida que uma infecção viral ocorre a TdT passa por uma modificação estrutural e enzimática, a ponto de agora ela poder absorver também Aciclovir. Ele, pela ação da TdT, recebe 1 fosfato passando a ser monofosfato, depois difosfato e recebe um último fosfato passando a ser um Aciclovir trifosfatado, ele passa agora pelo envoltório nuclear, entra no nucleo da célula e quem está se replicando no núcleo da célula é um vírusde DNA, esse vírus pela ação da sua própria DNA polimerase está estendendo a molécula viral, o próprio DNA viral. E já vimos em genética que o Aciclovir é uma molécula anti viral que possui o grupamento fosfato, mas ele não possui o OH na posição 3’, e essa ausência “estopa” porque a afinidade da DNA polimerase diminui a medida que não existe mais o substrato presente, assim o material genético do vírus fica interrompido no processo de replicação. Não existe a classificação de viricida ou viristático, isso é só para bactéria. Vírus não podem ser estopados, não podem ser mortos porque não são vivos, mas o que eu posso fazer é parar o ciclo de replicação dentro da célula e essa célula que já vai estar infectada ela vai ser morta pelo sistema imune. Então, o Aciclovir tende a diminuir a disseminação da partícula viral e por isso ele é utilizado nos indivíduos imunossuprimidos, para evitar o ciclo de replicação viral, a disseminação do vírus e, nos imunossuprimidos, impedir que ele ocorra ou que se dissemine para o SNC provocando encefalite. Classe pertencente aos análogos da base. HERPES HUMANO-3 (HHV-3) Varicela (catapora) e seu estado recorrente (zoster) também são provocados por herpes vírus, acometendo principalmente crianças. Varicela: herpes vírus varicela-zoster (HVH) ou (HHV-3). Características das lesões Tem que saber e guardar isso porque é muito importante: de todas as infecções microbianas, estou incluindo todos os possíveis causadores de infecção ou manifestação sobre a pele, a única que se estabelece com progressões de lesões é a catapora. Explicando: a catapora produz uma manifestação vesicular assim como o herpes também o provoca, a diferença é que na infecção herpética todas as lesões, independentemente da localização (embora seja disseminada tem localizações), na infecção herpética todas as lesões ou vesículas estão no mesmo estágio de desenvolvimento. Quando você for examinar uma criança, visto que é uma infecção tipicamente de pediatra, você tem que olhar para a progressão lesional porque independente de quem seja o agente infeccioso todas as infecções microbianas sobre a pele estabelecem o mesmo estágio lesional, ou seja, você vai olhar para o impetigo e toda a região que está passando pela infecção tem a mesma característica clínica, todas as lesões produzidas pelas vesículas do herpes são idênticas, com as mesmas características lesionais. O herpes tipo 2 também é assim. A diferença para a catapora é que ela exibe estágios evolutivos lesionais distintos sobre um mesmo paciente na mesma análise: Toda vesícula ou lesão vesicular começa com bolha → pústula → crosta → cicatriz. Toda lesão de pele por agente microbiano se for vesicular tem esses estágios, ele inicia sempre com uma bolha esbranquiçada ou translúcida, e ela tende a evoluir com presença de pus no interior, vesícula com pus eu chamo de pústula, essa pústula tende a ser reabsorvida, o material purulento tende a ser absorvido deixando no seu local uma crosta, essa crosta precisa então ser cicatrizado que é o 4º estágio lesional. Essa cicatriz desaparece ou não dependendo da capacidade de remodelamento tecidual. *Com exceção da catapora todas as lesões se manifestam no mesmo estágio. Por ser um herpes vírus faz latência, não é a mesma de um herpes simplex, a da catapora acontece no gânglio do nervo cutâneo que é medular, e a reativação se dá pelo nervo cutâneo sensorial. Isso é o ciclo de reativação e ativação da catapora. Zoster é a manifestação da varicela num indivíduo adulto, dá para fazer em crianças mas os gatilhos dos zoster são mais comuns em adultos porque, em geral, é o adulto que sofre imunossupressão por N razões diferentes. Se esse indivíduo guardou a catapora na infância num gânglio medular, nesse período de imunossupressão da vida adulta, a reativação leva a manifestação da catapora do adulto, o herpes zoster. Nesse caso o aciclovir pode ser administrado até mesmo num indivíduo saudável para que essas lesões regridam mais. A frase “catapora é mais grave no adulto” é relativamente verdade, porque em muitos casos a catapora é subjetiva, porque a maioria dos sintomas e sinais são subjetivos então não se pode medir se ela é mais grave na criança ou no adulto, no entanto, a inflamação produzida no adulto é maior do que na criança, e essa é uma questão de amadurecimento do sistema imune, o amadurecimento no adulto é muito maior do que o da criança, então é normal que o sistema imune inflame mais no adulto. Por isso essa é ideia de que a catapora/zoster é mais grave. Localização A catapora é disseminada entre os indivíduos, enquanto o zoster é localizado. A explicação é porque o nervo cutâneo sensorial é unilateral, ou seja, ou ele vai para o lado direito ou para o esquerdo, então o indivíduo que vai fazer zoster não vai fazer disseminada como é na catapora, ele faz localizado mas é uma localização disseminada, por onde passar o nervo cutâneo sensorial haverá a manifestação do zoster. Só é localizado por conta na inervação e não por conta da infecção propriamente dita. Zoster é uma catapora localizada, ela é menos grave por conta da imunidade produzida: um indivíduo que teve catapora produz imunidade contra a catapora. Quando ele desenvolver o zoster as manifestações de zoster, que é uma catapora reativada, serão mais brandas porque parte do sistema imune está protegendo ele. Então, a catapora para o zoster produz uma imunidade parcial. Não é restrita a essa região, o nervo cutâneo sensorial é o que está nos dados epidemiológicos mas o zoster pode se manifestar em qualquer dermátomo que seja inervado por um nervo, naturalmente. IMUNOPROFILAXIA DA CATAPORA Existem 2 momentos para se fazer catapora e de 2 formas possíveis: Existe a vacina da catapora isolada, essa vacina da Varicela é oferecida aos 15 meses por via subcutânea No entanto, aos 12 meses o indivíduo está fazendo a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), esse período não é exclusivo e obrigatório, preconiza-se que essa vacina seja dada entre 12 e 15 meses para fazer os ajustes necessários no bebê. Três coisas podem ser feitas: Se o bebê está ajustado, vamos dizer que ele faça com 12 meses a tríplice e com 15 ele faça a catapora isolada Mas ele pode fazer o contrário, a mãe pode adiantar esses 15 meses da catapora isolada para 12 meses, e a vacina passa a não ser mais tríplice e sim a tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e catapora) Ou a mãe não oferece com 12 meses e joga essa vacinação para frente, vai fazer a tetra com 15 meses. Só tem um problema de jogar para frente para aproveitar a tetra: o sarampo. Então, é mais comum a mãe adiantar a tetra e fazer com 12 do que adiar a tríplice para fazer com 15, não por conta da catapora mas por conta do sarampo por ser extremamente contagioso e a mãe só proteger passivamente por 6 meses. Quando eu repito a vacina da catapora? Eu repito junto com a tríplice, obedecendo sempre essa regra: 1ª dose: 1 ano 2ª dose: entre 4 e 6 anos de idade Esse intervalo escolhido é porque aos 4 anos a criança está entrando na idade pré-escolar, e hoje isso está cada vez mais precoce por conta da participação da mulher no orçamento familiar adiantando a entrada da criança nas creches, e como já foi dito “creche é o lugar que você paga para o seu filho ficar doente”. E por mais que você não o coloque na creche e queira adiar a 2ª dose, não será eficaz, visto que outras crianças com quem ele terá contato poderão transmitir a doença da mesma forma. Lembrete: Tratamento para catapora é necessário? Só em imunossuprimidos, só faço Aciclovir sistêmico (comprimido) nesse caso ou em iminência de imunossupressão em risco. A taxa de cobertura da vacina é de 97%. Motivo pelo qual eu tive imunização em dia e, no entanto, tive catapora. DICAS PARA A PROVA: LER SOBRE O SURTO DE SARAMPO; MUITA INFECÇÃO DE PELE E IST (TEMQUE SABER HPV, SIMPLEX-1, SIMPLEX-2 (que está relacionado a uma IST); CATAPORA NAS VESICULARES, E SARAMPO E RUBÉOLA NAS MÁCULO-PAPULARES SARAMPO No surto que estamos passando medidas extremas estão sendo oferecidas, estão puxando a tríplice de 12 para 6 meses nas regiões onde há alto índice de risco porque os 6 primeiros meses a mãe protege por imunidade passiva por aleitamento e os próximos 6 quem irá proteger será a vacina, só que ela é pobre no oferecimento de imunidade. 1ª dose com 6 meses 2ª dose com 12 meses Para garantir que a criança não desenvolva sarampo por ser uma doença infecciosa grave. A cobertura da vacina é de: 96% Como ela é imunoprevinível a gente nunca viu, não temos nem conhecimento de como é, porém, com essa volta do sarampo por conta de abertura de fronteira isso está sendo um problema de saúde pública para a gente. O sarampo foi quase erradicado na década de 80 em uma campanha vacinal violentíssima do Ministério da Saúde, é uma doença extremamente severa nos indivíduos acometidos e contagiosa, que ocorre sobre a população pediátrica por uma série de razões, mas a principal delas é que essas crianças estão com o sistema imune ainda em desenvolvimento e a prevenção do sarampo só chega aos 12 meses de idade (excetuando-se o caso de surto de sarampo na região norte). Muito possivelmente a sua mãe não teve sarampo, mas a sua avó teve. Quando eu passo pela doença os anticorpos que eu produzo são anticorpos reais, eu passei pela “infecção selvagem”, quando isso acontece os anticorpos são contundentes na proteção. Como já foi dito na aula de imunologia, a melhor forma de se proteger contra algo é tendo esse algo, e como eu não posso ter tudo nesses eu faço imunoprofilaxia. Se a sua mãe não teve sarampo o que ela te deu pela amamentação foram anticorpos virtuais, o que ela te deu foi anticorpo virtual da vacina e não anticorpo real da doença que ela teve. Pensando no sarampo e na catapora: a sua mãe está te dando 96% de algo que é virtual, você não vai ter sarampo mas vai ter vacina, os seus anticorpos serão virtuais, o seu filho também terá anticorpo virtual, e assim por diante... havendo sempre uma perda de energia da imunidade. Duas coisas justificam a aparição de sarampo na região Norte: a abertura da fronteira e uma perda progressiva da nossa imunidade populacional. E um dos grandes problemas é que o indivíduo pode entrar assintomático no nosso país, mas disseminador da doença. Lembrando que a eficácia da vacina também depende da eficácia da distribuição, uma coisa é ter uma vacina eficaz, outra coisa sou eu distribui-la. Vacinas são produtos perecíveis, fazer ela chegar no interior de Manaus sendo a sua durabilidade de 3 dias, sabe-se que é um tanto quanto difícil, além do baixo número de profissionais para fazer a aplicação na população. IMUNOPREVENIR ≠ PREVENIR Não significa que se eu te dei a vacina que agora você está prevenido. Eu posso vacinar todos dessa sala e garantir que vocês não estão todos prevenidos Características Doença extremamente contagiosa transmitida por via inalatória e causada pelo vírus do sarampo (paramyxovirus) Erupções papulares Erupções cutâneas OBS: homem é o ÚNICO reservatório. Vantagem: controle. A dengue, por exemplo, o tratamento tem que atuar no vetor e no acometido; febre amarela a mesma coisa, tem que atuar no vetor, no reservatório e no acometido. O sarampo só é transmitido pelo homem, é uma transmissão linear, e o melhor método de evitar o sarampo é a imunoprofilaxia. Amamentação Até os 6 meses é a mãe que protege, 6 é a validade do aleitamento (imunidade passiva), hoje a prática da amamentação está cada vez menor seja porque a mãe não quer, porque doi, porque a mama “cai”, porque tem que trabalhar, há uma série de fatores que inibem essa transmissão da imunidade passiva da mamãe para o bebê que só vai durar até os 6 meses. O sarampo é bem infeccioso no período inferior a 12 meses, que é preconizado dar a vacina. Então por que não mudar o programa e dar mais cedo? Porque está provado que se der mais cedo a imunidade não é eficaz, o bebê não está pronto para receber a vacina. Em caso de surto é melhor dar com 6 “ruim” do que não dar, e já que essa mãe não aleita a criança está disponível para fazer a infecção, na região Norte predominantemente. Quanto de sarampo é preciso para infectar? Muito pouco, é um vírus extremamente infeccioso, poucas partículas transmitem a doença. RUBÉOLA É uma infecção viral causada pelo vírus da rubéola (togavirus) cujas manifestações são semelhantes ao sarampo, porém mais leves ou ausentes. A importância da rubéola é basicamente para mulheres gestantes, pois excetuando essa situação a rubéola tem curso benigno. A doença é característica por produzir manchas sobre a pele que podem se elevar (lesões máculo- papulares). O vírus é envelopado, transmitido por via inalatória, se estabelecem em certas regiões e é muito mais leve do que o sarampo, normalmente o curso é benigno e autolimitado, não é preciso fazer terapia nessas crianças acometidas, ela se vai por si só sem deixar sequelas importantes. Quando as manchas se apresentam isso significa que o vírus já estava transmissível 8 dias antes, e vai permanecer transmissível 8 dias depois. Existe um intercurso de um pouco mais de 2 semanas, antes ou depois, da aparição da lesão. Uma criança que brotou com mancha não tem mais jeito, é cuidar do sintoma, acompanhar e etc, mas se ela tem contactante pediátrico tem que se preocupar com o contactante, ou um contactante adulto que não fez prevenção. Porque se ela estiver com mancha estourada tem que perguntar à mãe que dia apareceu, se ela disser dia 10, por exemplo, isso significa que no fim do mês ela estava infecciosa e soma mais 8 dias que ela ainda estará infecciosa e irá transmitir a doença. Então são 16 dias, sendo 8 antes da aparição e 8 depois, a criança ainda está infecciosa. Complicações Sabemos que existem complicações congênitas de rubéola e, óbvio, no 1º trimestre de gravidez. Durante o 1º trimestre a criança está se desenvolvendo, ela está fazendo muito ciclo celular, e o vírus está infectando e tomando conta do controle da célula, é normal que o ciclo da célula esteja atrapalhado, tendo como resultado no desenvolvimento fetal: mal formação congênita. No caso da rubéola a criança pode ficar cega e surda, pode ter déficit mental, e nos casos mais extremos a criança aborta. Uma vez estabelecida não tem como voltar atrás, uma vez infectada é possível mas é difícil tratar essa criança, então objetivo é fazer o rastreio das mães/bebês suspeitos. Esse rastreio é feito por títulos. Título/titulagem/titulação É a mensuração da quantidade de anticorpos Se eu colher o sangue de alguém, pegar uma alíquota de 50 ml de sangue com anticorpo e misturo com mais 50 sem nenhum anticorpo a concentração cairá pela metade. Então, se no primeiro eu tiver 1/1, no segundo eu vou ter a metade (1/2), e se eu pegar a metade e colocar no próximo eu vou ter 1/4, e assim por diante. Vamos dizer que o valor de referência para rubéola seja uma diluição 1:4. Por que o valor de referência tem diluição até 1:4? Você não tomou vacina para rubéola? Então você tem anticorpo para rubéola. Você tem a infecção da rubéola? Não, mas você tem anticorpo. Então se eu dosar seu anticorpo hoje eu vou encontrar anticorpo de rubéola porque você tomou a vacina. Essa quantidade de anticorpos que você tomou com 1 ano, da vacina, é grande agora que você tem 20 anos? Não, então tem que ser uma quantidade pequena, o que significa que eu vou fazer uma passagem (diluição 1:2), duas passagens (diluição 1:4) e ainda vou ter anticorpos, quando eu fizer a terceira passagem (1:16) eu vou ver anticorpo? Não. Mas até o valor 1:4 eu tinha e estava dentro do valor de referência. Isso é infecção? Não, é a vacina. Agora, se o indivíduo tiver sidoinfectado como estará a quantidade de anticorpos? Muito alto, de maneira que eu dilua a primeira, segunda, terceira, quarta, quinta, dilua 20 passagens e ainda tenha anticorpo, caracterizando o anticorpo de uma infecção. O título é quantitativo, eu consigo medir. O que seria o qualitativo? Saber se é IgM ou IgG. IgM só está presente nas primeiras infecções IgG já aparece na segunda exposição ao mesmo agente Ou seja, IgG marca para mim: reinfecção pelo mesmo agente, resposta de vacina (porque a vacina foi a 1ª vez que eu vi, quando eu passar por uma nova infecção será a 2ª). Para diferenciar o que é vacina do que é uma reinfecção: através do título (vacina = IgG com título baixo, reinfecção = IgG mas com título alto). Rastreio da rubéola Em gestantes: acompanhar até 4 meses porque as má formações são características do 1º trimestre, e ainda tem 1 mês de vantagem. Se ela for soronegativa em 4 meses o risco é hipoteticamente nenhum, se o bebê contrair rubéola na gestação o risco de síndrome da rubéola congênita diminui bastante. Em caso de gestante com erupção cutânea: (infecção está supostamente próxima) pesquisa para anticorpo em 48h após o aparecimento (se não lembrar quando foi, espera 2 dias e faz a pesquisa) – Se der IgM + é infecção aguda, se der IgG + tem que titular porque pode ser vacina ou reinfecção. Gestante com suspeita de contágio: contar 10 dias para dar tempo de soroconverter em IgG. Se der IgG + infecção presente antes do contágio, IgG – aguardar soroconversão até 30 dias (se der – não houve contágio, se der + confirmar por IgM). No caso do neonato: pesquisa por IgM em líquido amniótico. IgM +: criança contaminada.
Compartilhar