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Bem de família

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11. BENS DE FAMÍLIA
Imóvel utilizado como residência da entidade familiar decorrente de casamento, união estável, entidade monoparental ou de outra origem.
Interpretação extensiva de proteção da moradia para atingir o imóvel onde reside pessoa solteira, separada ou viúva - Súmula 364 do STJ.	
Há duas modalidades de bem de família: Voluntário e Legal.
É desdobramento da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF), não há uma definição, conceito inatingível, mas há um conteúdo mínimo, e este se apresenta sob três diferentes vertentes:
1. Integridade física e psíquica
2. Liberdade e Igualdade
3. Mínimo existencial
Teoria do patrimônio mínimo. 
Proteção do patrimônio mínimo. 
Ex de aplicação legal: 
CC: art. 548, é nula a doação universal, que comprometa a subsistência; art. 1.711, bem de família convencional
CPC: art. 833, bens impenhoráveis (instrumentos de profissão), 
L 8.009/90 (bem de família legal)
BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO - art. 1.711, CC
CARACTERÍSTICAS:
1. Ato voluntário do/da/de:
1.Casal, 
2. Entidade familiar, 
3. 3º (por testamento ou doação, com eficácia dependendo da aceitação expressa de ambos conjugues ou da entidade familiar beneficiada).
2. Publicidade: Cartório de Registro de Imóveis (art. 1.714, CC e art. 167, I,1, LRP), por Escritura Pública ou Testamento, para assegurar a eficácia perante 3ºs.
3. Teto de patrimônio: Máximo de 1/3 do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mesmo aqueles com valor igual ou inferior a 30 salários mínimos (não aplicação do art 108, CC)
4. Espécie de Imóvel: residencial, rural ou urbano, incluindo bens acessórios que o compõe, inclusive as pertenças - art. 1.712, CC. 
- Bem de família poderá abranger valores mobiliários (rendas), cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família (art. 1.712, CC).
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis.
1. ALCANÇE - art. 1.712, CC
1. Imóvel residencial rural ou urbano
2. Bens acessórios que o compõe, inclusive as pertenças
3. Valores mobiliários (rendas que estão no patrimônio líquido), cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família (art. 1.712, CC).
2. EFEITOS que decorrem da instituição do bem de família voluntário: Impenhorabilidade e Inalienabilidade.
1. INALIENABILIDADE RELATIVA: 
O imóvel, objeto de bem de família voluntário, não poderá ter outro destino ou ser alienado, ainda se houver interesse de incapaz, terá que ser ouvido o MP.
Ou seja, o imóvel só poderá ser alienado ou ter destino diverso com consentimento de todos interessados e seus representantes, ouvido o MP. (art. 1.717, CC)
Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público. 
2. IMPENHORABILIDADE LIMITADA: 
O imóvel passa a ser impenhorável por conta de dívidas futuras, salvo as dívidas que provierem de: 1) Tributos relativos ao prédio; 2) Despesas de condomínio.
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz.
Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade.
	3. TETO PARA INSTITUIÇÃO art. 1.711, CC.
	Vedado a instituição de bem de família voluntário visando a fraude. 
	Para isso o CC estabeleceu um teto para a instituição de bem de família voluntário para evitar fraude: 1/3 do patrimônio liquido existente ao tempo da instituição - art. 1.711, CC.
	O oficial deve averiguar e fazer constar nos autos que o instituidor afirmar que o bem a ser instituído não ultrapassa 1/3 do patrimônio líquido, estando sujeito à lei civil e penal.
	4. AFETAÇÃO DOS VALORES MOBILIÁRIOS AO BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO art. 1.712, CC
Além do teto de 1/3 do patrimônio líquido dos instituidores, é afetado os valores mobiliários (rendas) para efeitos de impenhorabilidade, cujo valor será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
Os valores mobiliários não poderão exceder o valor do prédio instituído, diante da sua flagrante natureza acessória. 
Os valores devem ser individualizados no instrumento de instituição do bem de família convencional (art. 1.713, § 1.º, do CC).
Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família também deverá constar dos respectivos livros de registro (art. 1.713, § 2.º, do CC). 
Eventualmente, o instituidor da proteção pode determinar que a administração desses valores seja confiada a uma instituição financeira, bem como disciplinar a forma de pagamento das rendas a todos os beneficiários (art. 1.713, § 3.º, do CC). Nessas hipóteses, a responsabilidade dos administradores obedecerá às regras previstas para o contrato de depósito voluntário (arts. 627 a 646 do CC).
Atenção: Diferente é a situação em que o casal é compelido a alugar o seu imóvel residencial para sobreviver com base na renda do aluguel (tem casa própria, mas não conseguem se manter). STJ tem firmado entendimento, especialmente para o bem de família legal, que a renda proveniente de imóvel locado também é impenhorável (REsp 439920/SP e AgRg no REsp 975858/SP). 
Aqui é diferente, não é a renda que o mantém, é a renda que ele produz.
Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antecedente, não poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época de sua instituição.
§ 1º Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no instrumento de instituição do bem de família.
§ 2º Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família deverá constar dos respectivos livros de registro.
§ 3º O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários seja confiada a instituição financeira, bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva renda aos beneficiários, caso em que a responsabilidade dos administradores obedecerá às regras do contrato de depósito.
Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade administradora, a que se refere o § 3 o do art. 1.713 , não atingirá os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transferência para outra instituição semelhante, obedecendo-se, no caso de falência, ao disposto sobre pedido de restituição.
	5. ADMINISTRAÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO art. 1.721 e 1.722, CC
	- Compete a ambos os conjugues, salvo disposição em contraio.
	- Falecendo de ambos os conjugues, passará ao filho mais velho, se maior, do contrário, a seu tutor.
	Em caso de divergências, juiz resolverá.
	
	6. EXTINÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO
	Extingue com:
	1. Pedido do conjugue sobrevivente, se for o único bem do casal (§ único, art. 1.721, CC)
	Pedido dirigido ao juiz da vara de registros públicos. Jurisdição voluntária, Juiz pode decidir por equidade (art. 723, § único, CPC) 
	2. Maioridade dos filhos (desde que não sujeitos a curatela) se ambos os conjugues forem falecidos (art. 1.722,CC) qdo comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído, ouvido o instituidor e o MP. (art. 1.719, CC)
	3. Juiz poderá extinguir (ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros) o bem de família voluntário
	PS. essa extinção não impede a aplicação da proteção constante da Lei 8.009/1990.
	Não extingue o bem de família voluntário:
	- Dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família (art. 1.721, CC)
	- Viuvez não importa extinção automática do bem de família (§ único, art. 1.721, CC)
	
	7. TESTAMENTO X INSTITUIÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO
	Se testador deixar bem, parte de seu patrimônio (até 1/3 patrimônio líquido), para ser instituído como bem de família, falecendo e deixando a herança a seus filhos, nada impede a habilitação de Credores do de cujus no inventário, tendo em vista que os negócios jurídicos realizados por testamento começam a fluir quando se der a abertura sucessória e o crédito dos credores se consubstanciou anteriormente à morte.
	Melhor, portanto seria a instituição do bem de família por escritura pública, a qualquer momento, pois traria uma maior segurança para o bem de família.
	Se o instituidor possuir apenas duas casas de igual valor, não poderá instituir nenhuma delas como bem de família voluntário, tendo em vista que o total do patrimônio será superior a um terço dos bens.
	8. INSTITUIÇÃO DE BEM DE FAMÍLIA POR 3º
	Será feito por testamento ou por doação e sua eficácia estará condicionada a aceitação expressa dos beneficiários: ambos os conjugues ou da entidade familiar.
	Constitui-se de seu título no Registro de Imóveis.
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis.
BEM DE FAMÍLIA LEGAL - Regulado pela lei 8.009/90 homestead
	CARACTERÍSTICAS:
- Decorre diretamente da Lei, proteção automática, dando cumprimento ao art. 6º da CF.
- Fundamenta-se na dignidade da pessoa humana e no direito social de moradia.
- Não exige escritura pública, testamento ou registro em cartório de imóveis. O Art. 1º da lei 8.009/90, ao consagrar a impenhorabilidade legal do bem de família, não exige prática de ato jurídico por parte do devedor, nem muito menos registro.
- É impenhorável, essa característica é legal (art. 1ª, 8009/90)
- É alienável.
- Não tem teto de patrimônio, não importa tamanho ou suntuosidade, sendo único, será protegido.
OBS: a Súm 205 do STJ, fixou que a lei 8.009/90 pode ser aplicada retroativamente à penhora realizada antes de sua vigência. Retroatividade motivada ou justificada, em prol das normas de ordem pública no campo processual, a impenhorabilidade do bem de família legal pode ser conhecida de ofício pelo juiz, antes ouvindo as partes.
De toda sorte, nos termos do Novo CPC, antes do conhecimento de ofício, o julgador deve ouvir as partes, instaurando o contraditório (art. 10 do CPC/2015 veda as chamadas decisões-surpresa, em prol da boa-fé objetiva processual, estabelecendo que “o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.
- Bem deve ser o único imóvel e que seus membros residam. Se Mais de 1, será impenhorável o de menor valor.
- Abrange bem de família de pessoas solteiras, separadas, viúvas (Sum 365, STJ)
- Antes da arrematação do bem, a alegação de impenhorabilidade cabe por simples petição, não sendo caso de preclusão processual.
1. ALCANCE DO BEM DE FAMÍLIA LEGAL
1.1. Art. 1º da Lei 8.009/90
Imóvel residencial próprio do casal ou entidade familiar, não sendo admitida simples domicílio (art. 5º, da L 8.009/90)
Imóvel que serve de lar.
Móveis quitados que guarnecem a residência são protegidos.
	Se mais de um imóvel, será protegido pela lei o de menor valor.
	Porém, Decreto-lei n. 3.200/41, art. 19, afirma que se o núcleo familiar estiver residindo no imóvel há mais de 2 anos, a proteção se fixa no imóvel. Ou seja, a proteção não necessariamente será o de menor valia, mas daquele que efetivamente serve de residência desde ali o núcleo esteja residindo ha mais de 2 anos. 
	Cabe uma interpretação sistêmica, no sentido que se a família estiver residindo em um imóvel de maior valor há mais de 2 anos essa proteção se desloca.
1.2. Móveis protegidos pela lei 8.009/90
Não estão incluídos como bem de família, veículos de transporte, obras de arte ou adornos suntuosos (art. 2ª, L 8.009/90)
1.3. Móveis que guarnecem a casa, no caso de locatário, estão protegidos pela lei.
Móveis quitados protegidos, ex.; televisão, ar condicionado, máquina de lavar, freezer, computador, teclado musical. (REsp 218822/SP)
1.4. Vaga de garagem.
Se a vaga de garagem tem matrícula própria é penhorável, pois não é bem acessório.
Súm 449 STJ: A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóvel não constitui bem de família para efeito de penhora.
1.5. Renda oriunda da locação do único imóvel da família
É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a 3º, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou moradia da sua família: bem de família indireto. (Súm 486, STJ - interpretação teleológica e valorativa, o objetivo da norma é o de garantir a moradia familiar ou a subsistência da família)
1.6. Desmembramento do imóvel
STJ admite o desmembramento do imóvel protegido pela Lei 8.009/90, para que possa haver a penhora do restante, bem como, a satisfação do débito, desde que tal providência não acarrete a descaracterização daquele e que não haja prejuízo para a área residencial. A ex de áreas de lazer.
1.7. Teto
Não há teto, mas, nos termos do § único, do art. 5º da Lei 8.009/90 (impenhorabilidade do bem de família legal), havendo 2 imóveis, salvo instituição do bem de família voluntário, a proteção legal recai no imóvel de menor valor.
EXCEÇÕES À IMPENHORABILIDADE
Art. 3º da lei 8.009/90, a impenhorabilidade é RELATIVA.
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I - revogado
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
Devedor que financiou a construção, não poderá opor a impenhorabilidade contra o agente titular do crédito da construção. 
Não abrangido o crédito adquirido para a reforma do imóvel.
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;
Pelo credor de alimentos convencionais, legais (dto de família) ou indenizatória (art. 948, II, CC - obrigação de reparar danos - indenização de atos ilícitos - ex.: alimentos em virtude de acidente de trânsito).
No limite da meação do devedor.
Súm 134 STJ - embargos de 3º para defender a sua meação diante da penhora do bem de família por créditos alimentares.
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
Ex. IPTU, na cobrança poderá ser penhorado o imóvel, porém na do IR, ISS, ICMS não.
No conceito de taxa, está incluída a taxa condominial (permite penhora - obrigações propter rem ouambulatórias).
A execução de créditos de cotas condominiais tem preferência sobre o hipotecário (Súm 478 STJ). A execução deste inciso IV tem preferência sobre a execução do inciso V.
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
Casal/ entidade familiar voluntariamente ofereceu seu imóvel bem de família como garantia real (hipoteca). - venire contra factum proprium!!
Se a hipoteca reverteu em proveito do núcleo familiar, é possível a penhora.
Se o devedor forneceu voluntariamente o bem de família a penhora, essa será valida, STJ
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
Se o bem de família foi adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória para a. ressarcimento, b. indenização, c. perdimento de bens.
Preferiu o legislador privilegiar o ofendido em detrimento do infrator, criando essa exceção à impenhorabilidade do bem de família. Portanto, a regra de exceção trazida pelo art. 3º, VI, da Lei n. 8. 009/90 decorreria da necessidade e do dever do infrator de reparar os danos causados à vítima, no âmbito cível.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
Súm 549 da STJ: “É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação”.
OUTRAS QUESTÕES DO BEM DE FAMILIA LEGAL
a) Indivisibilidade
Impenhorabilidade de fração do imóvel indivisível atinge a totalidade do bem
b) Bem de família e a cautelar de sequestro
Embora sejam institutos distintos, tendo a lei protegido o bem da penhora, também protegeu por via indireta, das medidas acauteladoras.
O sequestro tem por fim resguardar o credor pela antecipação de bens aptos a garantir a solvência final do devedor e a satisfação do credor se dá pela arrematação ou pela penhora, de modo que, vedada esta por se tratar de bem de família, está vedado também o sequestro.
c) Bem de família e a oponibilidade frente a execução de honorários advocatícios
Não se pode penhorar bem de família para satisfazer crédito exequendo resultante de contrato de honorários advocatícios. A lei não menciona deste tipo de crédito, não podendo equipara-los aos de pensão alimentícia.
In 469 STJ.
d) Bem de família e usufruto: penhora da nu propriedade[footnoteRef:2] [2: O usufruto (dto personalíssimo, não se sucede, pode ser exercido por mais de uma pessoa, , então, representa o exercício simultâneo de dois atributos da propriedade, os direitos de usar e fruir. Deste modo, conceitua-se como o direito real de uso e fruição sobre coisa alheia que atribui ao titular, denominado de usufrutuário, temporariamente, o direito de usar e fruir do bem móvel, imóvel ou universalidades pertencentes ao nu-proprietário (proprietário sem o jus utendi e o fruendi)] 
Se o único imóvel do devedor esteja em usufruto, para destino de moradia de familiar, não poderá ser suscetível de constrição judicial a nu propriedade.
Info n. 543 do STJ: “constitui bem de família, insuscetível de penhora, o único imóvel residencial do devedor em que resida seu familiar, ainda que o proprietário nele não habite”.
Ex.:
Incide sobre o imóvel X um usufruto. A mãe é usufrutuária e mora no imóvel.
Filho A é nu-proprietário, e mora de aluguel em outra casa.
Banco ajuizou execução contra filho A e pleiteou penhora no imóvel X.
Regra geral, a nua propriedade é suscetível de constrição judicial, salvo se este imóvel for considerado bem de família.
Em tese, o Banco poderia penhorar a nua propriedade que pertence ao filho A, porém, nesse caso a penhora não é admitida porque o imóvel X é utilizado como bem de família pela mãe de A, estando, assim, protegida pela Lei 8.009/90.
Fundamentado no direito social de moradia, que é desdobramento da dignidade da pessoa humana, em especial atenção ao idoso conferi-lhe a expectativa de moradia digna no seio da família natural.
Assim, quer por considerar a genitora do nu-proprietário como membro dessa entidade familiar, quer por vislumbrar o devido amparo à mãe idosa – pois o nu-proprietário habita com sua família direta outro imóvel alugado – reputou-se devidamente justificada a proteção legal ao imóvel em questão.
e) Único imóvel mas sem construção - bem de família vazio.
Dando interpretação extensiva à tutela da moradia, entende o Tribunal da Cidadania que “o fato do terreno encontrar-se desocupado ou não edificado são circunstâncias que sozinhas não obstam a qualificação do imóvel como bem de família, devendo ser perquirida, caso a caso, a finalidade a este atribuída” (premissa 10, publicada na Ferramenta Jurisprudência em Teses, Edição 44). 
Trata- se do que se pode denominar bem de família vazio. 
Direito à moradia potencial
f) Incabível a penhora de imóvel, quando os devedores, por fato alheio a sua vontade, deixam de nele residir em razão da falta de serviço estatal
Ex.: os devedores tiveram que desocupar o imóvel de família em razão do dano causado por fato de terceiro que tornou o
inabitável (falta de serviço estatal, transbordo das águas da rede de águas pluviais). Prefeitura Municipal de Osasco foi condenada: a) a providenciar o desvio da rede canalizada e a reparar o imóvel; b) a reembolsar despesas com correspondências e aluguéis; e c) a pagar danos morais.
g) Bem de família legal x Fraude
A proteção da impenhorabilidade não pode prevalecer nos casos em que o devedor atua de má-fé, alienando todos os seus bens e fazendo restar apenas o imóvel de residência.
Info n. 545, STJ “deve ser afastada a impenhorabilidade do único imóvel pertencente à família na hipótese em que os devedores, com o objetivo de proteger o seu patrimônio, doem em fraude à execução o bem a seu filho menor impúbere após serem intimados para o cumprimento espontâneo da sentença exequenda” (STJ, REsp 1.364.509/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 10.06.2014) 
	
	CONVENCIONAL
	LEGAL
	Instituição
	Ato voluntário do casal, entidade familiar ou 3º
	Proteção automática da lei 8.009/90 
	Registro
	Publicidade- Registro no Cartório de Imóveis
	Não depende
	Teto
	Teto 1/3 do patrimônio líquido no momento da instituição
	Não tem teto
Único bem imóvel que resida família
	Alcance
	1. Imóvel residencial rural ou urbano
2. Bens acessórios que o compõe, inclusive as pertenças
3. Valores mobiliários (rendas - patrimônio líquido), cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família (art. 1.712, CC).
	Imóvel residencial próprio do casal ou entidade familiar - lar.
Não estão incluídos como bem de família, veículos de transporte, obras de arte ou adornos suntuosos (art. 2ª, L 8.009/90)
Se a vaga de garagem tem matrícula própria é penhorável.
É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a 3º, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou moradia da sua família: bem de família indireto.
	Efeitos
	Impenhorável e Inalienabilidade 
	Impenhorável
	Exceções a Impenhorabilidade
	1) Tributos relativos ao prédio; 
2) Despesas de condomínio.
	II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; 
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
	Desmembramento
	
	STJ admite, desde que tal providência não acarrete a descaracterização daquele e que nãohaja prejuízo para a área residencial
	Extinção
	1. Pedido do conjugue sobrevivente, se for o único bem do casal (§ único, art. 1.721, CC) - Dirigido ao juiz da vara de registros públicos. Jurisdição voluntária, Juiz pode decidir por equidade (art. 723, § único, CPC) 
2. Maioridade dos filhos (desde que não sujeitos a curatela) se ambos os conjugues forem falecidos (art. 1.722, CC) qdo comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído, ouvido o instituidor e o MP. (art. 1.719, CC)
3. Juiz poderá extinguir (ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros) o bem de família voluntário
PS. essa extinção não impede a aplicação da proteção constante da Lei 8.009/1990.
	Não extingue
	Móveis
	
	
	
	
	
Lembrar que:
- Bem: pequena propriedade rural familiar, e sua impenhorabilidade é garantia no art. 5º, XXVI da CF, logo, ainda que o bem pudesse estar enquadrado na exceção e ser penhorável pela ótica da lei 8.009/90, o bem não poderia ser penhorado porque uma exceção à impenhorabilidade da pequena propriedade rural prevista em lei ordinária não pode afetar direito reconhecido pela Constituição.
	- As duas modalidades de bem de família coexistem harmonicamente.
 Podem instituir bens de família convencional para proteger o bem imóvel e usar o bem de família legal para proteger os móveis que guarnecem a residência.
- Mas, nos termos do § único, do art. 5º da Lei 8.009/90 (impenhorabilidade do bem de família legal), havendo 2 imóveis, salvo instituição do bem de família voluntário, a proteção legal recai no imóvel de menor valor.
Por isso o interesse de afetar como bem de família voluntário outro de maior valor, desde que dentro do teto de 1/3 do patrimônio líquido do momento da instituição.
L. 8009/90, Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil. - domicílio a pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
MP/RS - O bem de família, sendo o único imóvel do casal, poderá ser partilhado na separação ou no divórcio do casal? Se o casal for casado em regime de comunhão universal ou parcial (imóvel sendo adquirido após o início da sociedade conjugal), integrando o patrimônio comum do casal, o único imóvel, e nesse caso, bem de família por força da Lei 8.009/90 pode, perfeitamente ser partilhado.
Porém, se o imóvel fosse instituído bem de família convencional, de acordo com o 1.711, do CC, o término da sociedade conjugal não extinguiria tal instituição, mesmo após partilha permaneceria como bem de família convencional.

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