Buscar

PLANO DE AULA DE ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA
AULA 01
Plano de Ensino
São temas desta rota de aprendizagem:
· A concepção clássica de homem (socrática, platônica, aristotélica, helenística e cristã);
· O homem no humanismo, racionalismo;
· O antropocentrismo;
· A ilustração;
· Kant e a concepção de homem;
· O idealismo alemão (Heidegger e Dasein);
· Antropologia materialista;
· Antropologia contemporânea e seus principais expoentes;
· Antropologia e educação ambiental.
Conversa Inicial
Para iniciarmos nosso estudo da Antropologia Filosófica, partiremos da principal questão existencial: o que é o ser humano? Antes de mergulharmos na história para compreender como essa pergunta tem sido respondida, pensaremos inicialmente sobre a natureza do homem. O homem é um ser especial? Ele é provido de alguma essência que o difere dos outros seres da natureza? No que o homem é diferente? Outras questões que irão perpassar o estudo da Antropologia Filosófica estão no campo do sentido da existência. Há um sentido para a existência humana? Por que nós existimos? Estas questões parecem não apresentar uma resposta tão clara e sempre nos levam a perguntas anteriores. Diante de toda essa problemática, veremos, nesta aula, como lidar com estas questões, diferenciando o homem dos demais seres, para que, em seguida, possamos compreender especificamente o ser humano na perspectiva de Platão. 
Tema 01 – Instinto versus inteligência
Para iniciarmos, recorremos ao ano de 1920, quando, na Índia, foram encontradas duas meninas que teriam sido criadas entre lobos. Sem apresentar quaisquer características humanas, além do corpo, somente passaram a ser humanizadas quando foram inseridas no convívio humano. Esta pequena história nos remete à questão da dualidade instinto versus inteligência. É possível encontrar semelhanças entre os animais e os humanos, especialmente entre aqueles de um nível mais alto na escala zoológica de desenvolvimento. Mas o que, essencialmente, nos difere? Ambos somos regidos pelo instinto? Será que os animais pensam? Em certa medida, temos aspectos instintivos que nos aproximam de alguns animais, mas, por outro lado, desenvolvemos a inteligência, que nos torna capazes de flexibilizar determinadas situações cotidianas que, pelo instinto, são vistas de forma rígida e cristalizada.
Tema 02 – Linguagem e cultura
Podemos dizer que grande parte dos animais tem algum tipo de linguagem, sejam danças, olhares, sons etc. Percebe-se também que alguns animais expressam emoções por meio de alguma linguagem reconhecida pelo homem, porém, toda linguagem expressa pelos animais é rudimentar, não tem o alto nível de elaboração simbólica que é próprio da linguagem humana. O ser humano tem alta capacidade de abstração, que lhe permite reordenar a realidade a depender do contexto, dando a cada elemento simbólico um novo sentido. Essa linguagem simbólica e abstrata permite ao homem agir sobre o mundo, transformando-o. Mudar a natureza em que o homem está imerso lhe dá a capacidade de promover a cultura. Como a capacidade humana de criar símbolos é infinita, são infinitas, também, as possibilidades de culturas diferentes. Encontramos aqui outro grande paradoxo: o ser humano é um ser social, ou seja, construído pela cultura, ou individual?
Tema 03 – Outros elementos da linguagem
A linguagem humana é capaz de interpretar e construir signos com alto nível de abstração. Segundo o filósofo Peirce, o signo é uma “coisa” que está no lugar de outra. No entanto, por um processo de abstração (o que ele chama de semiótica), é possível interpretá-lo. Como somente o ser humano é capaz de interpretar e criar signos de forma arbitrária, dizemos que o mundo humano é simbólico, os animais, mesmo os mais evoluídos, apresentam capacidade de interpretar símbolos de identidade, ou seja, que conectem de forma direta um signo a um elemento concreto. Como o cheiro se conecta diretamente ao dono, não há abstração. Fica claro que o ser humano se difere dos demais animais pela sua capacidade criativa. Como vimos anteriormente, a linguagem se manifesta de forma distinta nas diferentes culturas, pois a forma de pensamento define a linguagem mais apropriada. Logo, diferentes culturas têm diferentes pensamentos e linguagens distintas.
Tema 04 – A busca de ser e a perspectiva platônica
O ser humano, imerso na cultura e caracterizado pela sua linguagem, tem, como premissa maior, o desejo de encontrar uma definição para o próprio ser. Em busca de “ser humano”, o homem vai encontrando definições para a própria existência, com base naquilo que lhe possibilite um maior grau de felicidade. Este conceito é, na mesma medida, de difícil conceituação, mas o que podemos definir é que a felicidade não se resume à simples satisfação; está ligada a um estado mais elevado do homem. Nesta perspectiva, queremos compreender a concepção de ser na ótica de Platão. Segundo este filósofo do século IV a.C., não há satisfação na vida terrena que deve ser perseguida; as coisas materiais (terrenas) são efêmeras. O homem, segundo Platão, deve afastar sua alma do contato com o corpo. Este é o aspecto mais importante da filosofia de Platão, a chamada Teoria das Ideias, na qual o filósofo explica o desenvolvimento do homem.
Tema 05 – O dualismo platônico e a dialética
A perspectiva platônica apresenta um verdadeiro dualismo, ou seja, duas realidades que “dividem” a realidade. Segundo Platão, o processo de desenvolvimento do homem se dá na passagem do “mundo das sombras (aparências)” para o “mundo das ideias (essências)”. O homem deve se livrar da sua mera opinião (doxa), para alcançar o conhecimento autêntico (episteme). Somente assim o homem se torna imortal, pois a alma (mundo das ideias) é verdadeira e, portanto, eterna. Mas, para realizar essa passagem (o método platônico é fruto do seu mestre Sócrates), deve-se recorrer à dialética, a qual consiste no ato de questionar. Assim, vemos que na concepção de Sócrates o homem é apresentado como o perpétuo questionador, que, utilizando sua capacidade racional, pode encontrar respostas igualmente racionais. Assim o fazendo, o homem alcança o domínio do ser absoluto, eterno e imutável.
Na Prática
Vimos nesta aula que, de alguma maneira, o ser humano se diferencia dos outros animais, seja pela linguagem, pela capacidade racional ou pela agregação cultural, enfim, aspectos que nos colocam em outra perspectiva. Por outro lado, vimos que os outros animais, ao terem ações instintivas, apresentam reações que parecem ser “inteligentes”. Poderíamos diferenciar essas ações? E, ao diferenciarmos, como podemos compreender a inteligência própria do ser humano? Já no que diz respeito ao pensamento platônico, vimos que o reconhecimento da realidade dualista é fundamental para que o homem, que busca o ser verdadeiro, possa “migrar” do mundo sensível para o mundo inteligível. Esse processo somente é possível pelo método platônico, herdado da filosofia socrática, chamada dialética. Este processo deixa evidente a concepção do homem socrático: o eterno questionador. Que tal pensarmos sobre essas questões na elaboração de nossa atividade?
Finalizando
AULA 02
Plano de Ensino
São temas desta rota de aprendizagem:
· A concepção clássica de homem (socrática, platônica, aristotélica, helenística e cristã);
· O homem no humanismo, racionalismo;
· O antropocentrismo;
· A ilustração;
· Kant e a concepção de homem;
· O idealismo alemão (Heidegger e Dasein);
· Antropologia materialista;
· Antropologia contemporânea e seus principais expoentes;
· Antropologia e educação ambiental
Conversa Inicial
Na aula de hoje, vamos discutir as concepções de homem na Idade Antiga nas perspectivas de Aristóteles e dos filósofos helenistas. Contrapondo a perspectiva platônica, veremos que Aristóteles apresenta um homem realista, ou seja, um homem que vive seu momento histórico, “tocando” a realidade, tendo como horizonte o mundo ideal, mas que não deixa de perceber e sentir o mundo da aparência. Já os filósofos helenistas apresentam uma concepção de homem consolidado,em um momento estável.
Esse momento político vivido no império helênico apresenta uma política distante dos cidadãos. Isso fez com que a grande preocupação dos filósofos deste período fosse a busca por um sentimento de autonomia, que nasce da consciência de um homem que depende inteiramente de forças exteriores. Veremos este olhar na perspectiva dos epicuristas, dos estoicos e dos cínicos.
Tema 01 – Aristóteles e a crítica platônica
Segundo a perspectiva platônica, o homem vive o dualismo do “mundo sensível” versus “mundo inteligível”. Para alcançar sua plenitude, sua “alma imortal” deveria se voltar exclusivamente para o mundo inteligível. Aristóteles não nega essa dualidade, assume a perspectiva inteligível como a perspectiva metafísica, mas, contrariando Platão, Aristóteles também não nega o mundo sensível.
Aristóteles, retomando a questão do ser, pretendeu resolver a contradição entre o caráter estático e permanente do ser em oposição ao movimento e à transitoriedade das coisas, frutos da clássica polêmica envolvendo Parmênides e Heráclito, o que ficou fortalecido na Teoria das Ideias de Platão. Com base nessa perspectiva, Aristóteles propõe o movimento e a transitoriedade do ser na capacidade da “potência” em “ato”, ou seja, da possibilidade do “vir a ser” a manifestação do ser atual.
Tema 02 – Homem enquanto animal político
A concepção aristotélica do homem que “toca” a realidade ressoa na política. Aristóteles afirma que o ser integral é aquele que pode ser definido pela capacidade de viver sua realidade seguindo sua racionalidade. O ser é matéria e forma, a alma é a forma, que se caracteriza por ser intelectiva, ou seja, racional. Porém, essa forma não se constitui fora da matéria, que é a corporeidade. Por essa razão, Aristóteles, além de definir o homem como um ser racional, define-o como um ser social, ou seja, um ser que só se desenvolve plenamente vivendo em sociedade, ou seja, existindo como animal político.
Esta concepção de homem apresentada por Aristóteles, cuja essência é o pensar, mas que vive e se forma plenamente em sociedade, faz emergir o conceito de “justa medida”, ou seja, o meio-termo, como virtude que, quando vivida em sociedade, harmoniza a realidade, possibilitando o desenvolvimento de ser em plenitude.
Tema 03 – Filosofia helenística: epicurismo
A filosofia helenística se caracteriza pela busca do homem pela felicidade interior. Neste sentido, há um olhar do homem que vive sua vida pública, mas que se volta para sua vida privada. A filosofia helenista tem início em 322 a.C., com a conquista da Grécia pelos macedônicos após a expansão militar efetuada por Alexandre Magno. Nesse contexto, o período helenístico promove uma transformação no pensamento, pois os valores gregos se mesclam com outras diversas tradições culturais.
Entre os filósofos deste período, encontramos Epicuro, conhecido como “filósofo de jardim”, que defendia a busca pelo prazer como caminho para o reconhecimento da interioridade e, por conseguinte, para o desenvolvimento do sujeito pleno e feliz. A busca do prazer deve ser moderada, equilibrada, evitando ceder aos desejos insaciáveis, que, inevitavelmente, terminam em sofrimento e dor.
Tema 04 – Filosofia helenística: estoicismo
Outra corrente filosófica e, no caso, com maior influência em seu tempo, foi o estoicismo. Fundada por Zenão de Cítio (336-263 a.C.), o estoicismo defendia que toda a realidade existente é uma realidade racional. Todos os seres fazem parte da mesma realidade, não há uma específica para o ser humano; ele não pode sair, fugir do único mundo ao qual tudo pertence. O ser humano está integrado à natureza. Existe uma ordem no mundo à qual somos submetidos, não havendo para o homem o poder de alterar tal ordem.
Diante disso, a concepção antropológica do estoicismo é de que o homem, para viver sua plenitude enquanto ser, tem o dever de compreender seu “lugar no mundo” e, desta forma, compreender qual o melhor caminho a seguir para ser realizado, pleno e, consequentemente, feliz. O ideal proposto pelo estoicismo era um estado de plena serenidade que possibilitaria ao homem lidar com os sobressaltos da existência.
Tema 05 – Filosofia helenística: cinismo
Para compreendermos a filosofia cínica, devemos compreender etimologicamente a palavra cinismo, que vem do grego kynos e significa “cão”. Cínico quer dizer, então, “como um cão”. Este termo mostra, com bastante clareza, a concepção de homem desses filósofos. O homem, para viver a plenitude do seu ser, deve viver como os cães, ou seja, sem qualquer propriedade ou conforto. O principal filósofo desta corrente filosófica é Diógenes, que, levando ao extremo o pensamento socrático, viveu, literalmente, como um cão, deixando sua propriedade para morar em um barril.
Para Diógenes, não havia diferença entre o cidadão grego e o estrangeiro. Sua concepção de homem era com base em uma visão “cosmopolita”, que quer dizer “cidadão do mundo”. Em outras palavras, a visão antropológica da filosofia cínica não se difere tanto das demais concepções helenísticas, ou seja, o homem que vive uma vida simples encontra a plenitude do seu ser.
Na Prática
Com base nas concepções antropológicas discutidas nesta aula, pudemos perceber que, como Aristóteles, temos os “pés no chão”, mas buscamos uma realização metafísica, um ideal. Já para os filósofos do período helenista, o realismo é ainda mais “concreto”. Neste sentido, que tal você elaborar uma resposta, com base em sua perspectiva, sobre o conceito de felicidade. O que é felicidade para você?
Após apresentar uma resposta para esta pergunta, encontre elementos da filosofia helenista, na perspectiva do epicurismo, do estoicismo ou do cinismo, ou ainda da filosofia aristotélica, que estejam de acordo com sua concepção de felicidade. Apresente aos seus colegas para que possam, juntos, debater as relações entre as concepções de felicidade (ser em plenitude) hoje e a perspectiva dos filósofos da Antiguidade, especialmente, Aristóteles e os filósofos helenistas.
Finalizando
AULA 03
Plano de Ensino
São temas desta rota de aprendizagem:
· A concepção clássica de homem (socrática, platônica, aristotélica, helenística e cristã);
· O homem no humanismo, racionalismo;
· O antropocentrismo;
· A ilustração;
· Kant e a concepção de homem;
· O idealismo alemão (Heidegger e Dasein);
· Antropologia materialista;
· Antropologia contemporânea e seus principais expoentes;
· Antropologia e educação ambiental.
Conversa Inicial
Na aula de hoje, vamos estudar a concepção do homem cristão. Sabemos da influência do pensamento cristão na sociedade ocidental e, portanto, queremos identificar e compreender os aspectos desta filosofia que modificou o olhar antropológico. Para isso, faremos um breve apanhado histórico, situando o momento histórico em que os primeiros filósofos cristãos se fizeram presente. Neste contexto, queremos compreender o pensamento do primeiro momento da Idade Média, a Patrística e seu principal expoente, Santo Agostinho, o qual apontou para a concepção do homem cristão que põe em dúvida o uso da razão. Por outro lado, no segundo momento da Idade Média, a Escolástica, destacaremos o pensamento de São Tomás de Aquino, o qual, fazendo uso da razão, irá apontar para a possibilidade do homem racional que converge para Deus.
Tema 01 – Filosofia medieval e cristianismo
Por volta do século II d.C., o cristianismo passou a se expressar em contraposição ao pensamento greco-romano. Esse confronto tinha origem no paganismo, que era herança da cultura greco-romana, e no espiritualismo cristão, dois pensamentos que não convergiam. A filosofia antiga, mesmo apresentando respostas à questão do princípio originário, o fazia tendo em vista um reconhecimento puramente intelectual. Já o cristianismo assumia a crença incondicional nas verdades reveladas por Deus aos homens. No século V d.C., o Império Romano do Ocidente sofreu ataques dos povos bárbaros, fazendo emergir uma nova estruturação de vida social europeia. Com o esfacelamento do Império Romano,a Igreja Católica se manteve como instituição social, consolidou-se e difundiu os valores do cristianismo, mantendo aspectos da filosofia antiga, mas dando ênfase a questões teológicas e aos temas religiosos como trindade, salvação e a relação entre fé e razão.
Tema 02 – A Patrística
No processo de desenvolvimento do cristianismo, tornou-se necessário explicar seus preceitos e defendê-los perante as autoridades romanas e o povo em geral. A Igreja Católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de pregação e conquista espiritual. Foi assim que os primeiros padres da Igreja se dedicaram à elaboração de diversos textos sobre a fé e a revelação divina. Esse movimento de construção de textos que visavam defender e assegurar o cristianismo ficou conhecido como Patrística. O movimento da Patrística, que se estendeu do século II ao V d.C., pode ser dividido em dois momentos importantes. O período dos Apologistas, do século II ao IV d.C., e o auge da Patrística, em que se destacam as ideias de Agostinho de Hipona, que posteriormente será chamado Santo Agostinho, nos séculos IV e V.
Tema 03 – O nascimento do homem cristão: Agostinho
Bebendo da fonte da filosofia platônica, Agostinho (354-430) transforma a filosofia da alma eterna de Platão, retirando seu caráter racional a fim de torná-lo teológico. Esta perspectiva demonstra que Agostinho viveu uma grande crise existencial, uma verdadeira inquietação em busca do sentido da vida, que foi “solucionada” ao assumir a superioridade da alma humana, isto é, a supremacia do espírito sobre o corpo. Porém, para ele, a alma teria sido criada por Deus e, dominando sobre o corpo, servia para dirigi-lo para a prática do bem. Agostinho passa a enfatizar a subjetividade, a interioridade, diferente da filosofia grega, que vinculava o homem enquanto ser social e político. Para Agostinho, o homem possui uma vinculação pessoal com Deus. Com base nesse olhar, entende-se que a vontade, para Agostinho, é a força que impulsiona a vida, mas não está ligada ao intelecto, como diziam os gregos; a vontade é iluminada por Deus.
Tema 04 – A escolástica
No século VIII, Carlos Magno, rei dos francos, organizou e fundou escolas ligadas às instituições católicas. Adotou-se nessas escolas a educação romana, passando, então, o ensino a estar submetido à teologia. Neste ambiente cultural, surge um movimento de produção filosófico-teológica denominado escolástica, em que a perspectiva aristotélica encontrou maior penetração. Neste período, a busca de harmonização entre a fé e a razão manteve-se como problema básico, dividindo-se em três fases. A primeira foi caracterizada pela confiança perfeita na harmonia entre a fé e a razão; a segunda fase, pela harmonização parcial, merecendo destaque as obras de Tomás de Aquino; já a terceira foi marcada por disputas que realçam a diferença entre fé e razão. A escolástica desenvolveu significativos avanços no estudo da lógica, baseados no pensamento de Boécio, que, mesmo tendo vivido no séc. V, é considerado o primeiro escolástico.
Tema 05 – São Tomás de Aquino
Tomás de Aquino (século XIII) é considerado um dos maiores filósofos da escolástica medieval. Seus princípios básicos retomam as ideias de Aristóteles sobre o ser. Desta forma, Aquino enfatiza a importância da realidade sensorial e da lógica aristotélica. Ele destaca que o ser é ou não é, não sendo possível a contradição, introduzindo uma distinção entre o ser e a essência, dividindo a metafísica em duas partes: a do ser em geral e a do ser pleno, que é Deus. Para Aquino, todo ser possui duas dimensões, o ato e a potência, sendo o ato a existência atual e a potência, a capacidade de ser. Dessa forma, Deus é o ato puro e, assim sendo, Deus é ser e o mundo tem ser. Isso quer dizer que, para Tomás de Aquino, é Deus que permite às essências se realizarem em seres existentes. Como introdutor do racionalismo aristotélico ao pensamento cristão, Aquino torna-se importante por propor provas de que Deus existe e é um ser necessário.
Na Prática
Que tal refletirmos sobre a relação entre o crer e o entender? Vimos que os pensadores cristãos buscaram harmonizar a fé com a razão, cada um à sua maneira, como Santo Agostinho, ao dizer que é necessário crer para compreender. Pensando desta forma, elabore uma resposta a respeito da seguinte questão: Como é para você? Você precisa primeiro acreditar em algo para conseguir compreendê-lo, ou necessita compreendê-lo para poder acreditar? Construa uma reflexão sobre a diferença entre crer e acreditar, trazendo aspectos da filosofia cristã e, em seguida, discuta com seus colegas sobre suas respostas.
Finalizando
AULA 04
Plano de Ensino
São temas desta rota de aprendizagem:
· A concepção clássica de homem (socrática, platônica, aristotélica, helenística e cristã);
· O homem no humanismo, racionalismo;
· O antropocentrismo;
· A ilustração;
· Kant e a concepção de homem;
· O idealismo alemão (Heidegger e Dasein);
· Antropologia materialista;
· Antropologia contemporânea e seus principais expoentes;
· Antropologia e educação ambiental
Conversa Inicial
Nesta aula vamos debater sobre a concepção de homem na perspectiva do Renascimento e da filosofia moderna. Veremos que o renascimento se caracterizou por uma forte tendência social antropocêntrica. Desta forma, o olhar do homem para o próprio corpo transformou-se. Enquanto na filosofia medieval o homem não podia manipular o corpo, no Renascimento os corpos humanos passaram a servir como base de estudos para o entendimento da realidade. Há uma visível mudança na forma de compreender o mundo e o papel do ser humano, caracterizando uma nova perspectiva: a humanista. Este é o novo ser humano, o homem moderno que será destacado na teoria de René Descartes, o qual deixou como legado uma tendência idealista, isto é, a tendência da valorização da atividade do sujeito pensante em relação ao objeto pensado. Em outras palavras, destacou a supremacia da consciência subjetiva. 
Tema 01 - Compreendendo a passagem histórica
O Renascimento é o nome dado ao período da história europeia entre os séculos XIV e XVI, marcado por profundas mudanças econômicas, políticas, religiosas, culturais e científicas. Essas transformações foram se estabelecendo gradualmente, pois já eram encontrados sinais de uma mudança possível quando, nos séculos XII e XIII, o desenvolvimento comercial e o crescimento das cidades começavam a despontar. Inicialmente na Península Itálica e, depois, em toda a Europa Ocidental, houve um movimento de revalorização da arte e da cultura antiga clássica. Este movimento adotou a cultura antiga como modelo para a arte renascentista. Era uma espécie de volta ao passado. Ou seja, os filósofos do Renascimento buscavam na cultura clássica o olhar mais primoroso para o homem e, portanto, buscavam recolocá-lo no centro da vida. Por isso, podemos afirmar que o Renascimento foi um período de gestação de um novo homem
Tema 02 - O humanismo renascentista
O Renascimento inspirou-se no humanismo, movimento de intelectuais que defendiam o estudo da cultura greco-romana e o retorno a alguns ideais de exaltação do homem e de seus atributos, como a razão e a liberdade. O humanismo renascentista encontra expressões emblemáticas na obra do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616). As palavras de Shakespeare engrandecem o homem ao elogiar suas características mentais. O dramaturgo exalta a complexidade do corpo humano e a infinitude de movimentos que o homem pode realizar. As obras renascentistas, especialmente as de Shakespeare, não tratam de Deus como os cristãos o concebiam, mas, tendo como tema essencial, o ser humano e as coisas humanas. A ideia de Deus enquanto fundamento da realidade permaneceu na reflexão dos renascentistas, mas, para eles, o homem era capaz de entender e agir sobre o mundo. Em certa medida, retomavam a afirmação de Protágoras: “O homem é a medida de todas ascoisas”. 
Tema 03 -Renascimento: ética, política e ciência
O Renascimento estabeleceu um novo olhar sobre todas as práticas e teorias humanas, buscando renovar o homem e sua vida em sociedade. Portanto, além do desenvolvimento do pensamento científico, que teve implicações evidentes no campo filosófico, a política também assumiu um papel bastante importante, em que podemos destacar Nicolau Maquiavel (1469-1527). Este filósofo procurou abandonar o enfoque ético e religioso que a política apresentava e passou a fazer uma abordagem mais realista da política, desvinculando as razões políticas das razões morais. No campo científico, o filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) publicou uma obra muito importante na qual revela sua firme disposição de fazer dos acontecimentos científicos um instrumento prático de controle da realidade. É dele, também, a célebre frase: “Saber é poder”, com a qual Bacon demonstra seu desejo de controle da realidade. 
Tema 04 – O racionalismo de Descartes
Descartes foi um filósofo racionalista convicto. Inicialmente iremos compreender o que se entende por racionalismo. Poderíamos dizer que racionalismo significa uma doutrina que atribui exclusiva confiança na razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade. Para ele, o homem não deve confiar nas percepções sensoriais, responsabilizando-as pelos frequentes erros do conhecimento humano. Dizia que o verdadeiro conhecimento das coisas externas devia ser conseguido por meio do trabalho lógico da mente. Nesse sentido, considerava que, no passado, dentre todos os homens que buscaram a verdade nas ciências e, portanto, na perspectiva de Descartes, somente o matemático teve a possibilidade. Percebe-se que Descartes dá ênfase à matemática como instrumento de compreensão da realidade. Com base nesse raciocínio lógico, Descartes destaca elementos que, segundo o autor, são capazes de conduzir o espírito para a verdade. 
Tema 05 – O legado de Descartes
Descartes afirmava que o caminho até a verdade requer colocar em dúvida todos os nossos conhecimentos. É necessário questionar e analisar criteriosamente para perceber com certeza a presença de outras possibilidades. O questionamento criterioso é adotado por Descartes, de forma que a dúvida seja aplicada enquanto método, por isso o termo dúvida metódica. Ao seguir com a dúvida enquanto método, Descartes demonstra a incerteza das percepções sensoriais. Ao questionar o papel das percepções sensoriais, o filósofo chega ao questionamento da existência de tudo que existe na realidade e na própria mente. Neste sentido, podemos perceber a apresentação da máxima de Descartes: “Penso, logo existo”. Essa afirmação realça o caráter firme, certo e claro que deve ser pensado enquanto princípio básico de toda a filosofia. 
Na Prática
Que tal fazer uma produção artística? Em grupo, produzam uma revista de arte com três partes:
· Capa, com a expressão artística e com a manchete “O homem é o centro do Universo?”;
· Miolo, com pinturas renascentistas;
· Editorial que esteja relacionado aos temas:
I. Teocentrismo e antropocentrismo;
II. Geocentrismo e heliocentrismo;
III. Arte renascentista e o racionalismo.
Após a elaboração dessa atividade, debata com seus colegas os textos do editorial.
Finalizando
AULA 05
Plano de Ensino
A concepção iluminista de homem rompe com toda “escuridão” da Idade Média. Com base em um caminho iniciado no renascimento e sustentado pelo racionalismo cartesiano, dava ao homem a confiança de que razão humana era o principal instrumento para o enfrentamento dos desafios da vida.
Nomes fortes do iluminismo apresentarão questões de fundamental relevância para o estudo do homem, especialmente o conceito de liberdade. Entre esses filósofos, destacam-se Voltaire (1694-1778) e suas críticas à prepotência dos poderosos, e Rousseau e a concepção do homem “bom selvagem”. Kant (1724 -1804) é o principal filósofo iluminista alemão, que, ao se debruçar sobre a pergunta “O que é o ser humano?”, se vê obrigado a responder “O que posso saber?” e “Como devo agir?”.
Além desses filósofos, podemos destacar também Montesquieu, Diderot, D'Alembert e Adam Smith. O pensamento de Kant deu base para o idealismo alemão, tendo como principais pensadores Fichte e Hegel. 
Conversa Inicial
Caros alunos, nesta aula queremos compreender a concepção iluminista do homem e seu fruto no idealismo alemão. O renascimento havia se consolidado como um momento de transição entre a filosofia medieval e a moderna e já apontava para uma nova visão de homem. O racionalismo tornou-se uma base sólida para que o iluminismo pudesse emergir. Desta forma, filósofos como Voltaire (1694-1778), com seu estilo literário irônico e vibrante, irá despontar como um defensor da liberdade de pensamento.
O grande filósofo Kant (1724-1804), ao falar da autonomia do homem, irá sustentar o “exame crítico da razão”, dando forma à sensibilidade. O pensamento desses filósofos serviu como pano de fundo para o idealismo alemão, em que os filósofos Fichte e Schelling destacam-se pela defesa do princípio unificador, uma inteligência exterior. Outro filósofo que merece destaque é Hegel e sua concepção de consciência enquanto razão ou espírito absoluto. 
Tema 01 - O iluminismo: a razão que busca a liberdade
A expansão capitalista dos séculos XVII e XVIII foi acompanhada pela crescente ascensão social da burguesia e sua tomada de consciência como classe social. Isso, associado ao racionalismo que imperava, deu força ao desenvolvimento da Revolução Industrial, fazendo surgir uma nova ideia, a ideia de progresso. Ela fez emergir um movimento cultural chamado iluminismo.
De acordo com Lucien Goldmann, os valores fundamentais do iluminismo são a igualdade, a tolerância, a liberdade e a propriedade privada, os quais poderiam ser relacionados com a atividade comercial, ou seja, esse pensamento teria sido um ideal da burguesia. Entretanto, o iluminismo não foi um movimento coeso e uniforme. Porém, podemos afirmar que o grande mérito dos iluministas foi o desenvolvimento de uma mentalidade na qual a atenção dos intelectuais se voltava para o mundo terreno, concreto; há a valorização de estudos históricos e o entusiasmo pelo progresso.
Tema 02 - Kant: a crítica da razão
No contexto do iluminismo, surge o filósofo Immanuel Kant (1724-1804), o qual se dedicou ao ensino e à investigação filosófica. Sua filosofia dedicou-se em responder quatro questões fundamentais:
· O que posso saber?
· Como devo agir?
· O que posso esperar?
· O que é o ser humano?
Esta última, é claro, engloba todas as outras e é motivo de nossa discussão. O homem para Kant é, ou deve ser, capaz de guiar-se pela própria razão. Este homem é, portanto, dotado de razão e liberdade.
Mas por que realizamos atos contrários à razão? Segundo Kant, a nossa vontade é afetada pelas inclinações, que são os desejos, as paixões, os medos, e não apenas a razão. Por isso, Kant afirma que devemos educar à vontade para alcançar a boa vontade, portanto, a filosofia de Kant representa uma superação do racionalismo e do empirismo, pois se fundamenta em dois grandes ramos: a sensibilidade que nos oferece dados e o entendimento que determina as condições. 
Tema 03 -O idealismo alemão: sistema unificador
Sofrendo muita influência do romantismo, surge um movimento filosófico no século XIX denominado idealismo alemão, o qual reterá do romantismo o aspecto do nacionalismo, do amor à pátria e da valorização do povo.
O pensamento do idealismo alemão tem suas bases, também, no pensamento de Kant. A doutrina idealista concebe que o sujeito tem um papel mais determinante que o objeto no processo de conhecimento. Em consequência, tudo o que o sujeito conhece com certeza são suas ideias, suas representações do mundo, sua consciência. Isso se resume na questão de que as coisas não têm propriedades que não sejam imputadas pelo sujeito; em si mesma, a coisa não é patente ao conhecimento humano se não estiver diante do sujeito da razão que lhe atribua as suas representações. Sendo umtípico iluminista, Kant parte desse idealismo subjetivo para conceber sua noção de livre-arbítrio: “Faze aquilo que te tornarás digno de ser feliz”.
Tema 04 – Fichte e Schelling
Johann Gottlieb Fichte é considerado um dos pioneiros do idealismo alemão. Retomemos os conceitos de Kant, se das coisas só podemos conhecer a priori aquilo que nós mesmos colocamos nelas, isso quer dizer que só podemos conhecer o pensamento ou a consciência que temos das coisas. Portanto, a condição última do processo de conhecer é a existência do eu como princípio da consciência. Assim, Fichte tomou esse eu e o transformou de princípio da consciência em princípio criador de toda a realidade, fundando uma doutrina segundo a qual a realidade objetiva seria produto do espírito humano.
Essa mesma ideia é retomada e amadurecida por outro pensador alemão, Friedrich Schelling (1772-1854), o qual procurou explicar como se dá a existência do mundo real, das coisas, a partir do eu, discordando de Fichte no que se refere à determinação do mundo como puro não eu, ou seja, à ideia de que a realidade exterior seria produto da concepção do eu. 
Tema 05 – Hegel: o projeto de conhecimento universal
O grande nome do idealismo alemão é, sem dúvida, Georg Friedrich Hegel (1770-1831). Buscando respostas para diversas questões, Hegel tenta reconciliar a filosofia com a realidade, sendo considerado o último grande pensador a propor uma grande tentativa de fazer do pensamento o refúgio da razão e da liberdade.
Para entender o pensamento de Hegel, é conveniente situar seu entendimento da realidade como espírito; não apenas como substância, mas também como sujeito. Isso significa pensar a realidade como processo, como movimento, e não somente como coisa/substância. Outro ponto básico da filosofia de Hegel é, justamente, o movimento da realidade, o qual se dá com base em um movimento dialético. Esse movimento do espírito se processa em três momentos: o ser em si; o ser fora de si (outro); e o retorno, que seria o ser para si. Compreender essa dialética exige um trabalho árduo e a consciência que alcança esse saber absoluto atinge a razão. 
Na Prática
Queridos alunos, vamos fazer uma interpretação? Leia o texto de Hegel e interprete a metáfora “a ave de Minerva alça seu voo ao entardecer”. Discuta com seus colegas apresentando conexões entre o texto e a concepção de homem na perspectiva do idealismo alemão, especialmente, para Hegel.
Finalizando
AULA 06
Plano de Ensino
Hegel inverte a relação entre o que é determinante e determinado, ou seja, entre a realidade material e as representações e conceitos acerca da realidade. A dialética marxista é, então, apresentada como a síntese da dialética hegeliana. As convicções do século XIX deram espaço às incertezas do século XX e, desta forma, a compreensão de quem é o homem fica em aberto. Um conjunto de tendências filosóficas que buscam caracterizar o ser humano e a vida humana surge: o Existencialismo.
Dentre os filósofos existencialistas veremos Heidegger, o qual se debruça sobre a questão do sentido do ser, e Sartre, com seu conceito de responsabilidade. Veremos também alguns filósofos chamados preexistencialistas, como Nietzsche e sua visão de homem. Já na modernidade, veremos o filósofo Habermas e sua teoria da ação comunicativa.
Conversa Inicial
Nesta aula queremos compreender como a Antropologia foi se consolidando ao longo da modernidade e seus reflexos na Contemporaneidade. Iniciaremos nossos estudos vendo a crítica de Marx (1818-1883) ao idealismo hegeliano, ao afirmar que Hegel inverte a relação entre o que é determinante e o que é determinado. Veremos também que, na Filosofia Contemporânea, o Existencialismo surge como um conjunto de tendências filosóficas que têm na existência humana o ponto de partida e objeto de reflexão.
Entre os filósofos existencialistas, veremos Heidegger e seu sentido do ser, a angústia. Veremos também o filósofo Sartre e o "ser em-si", o ser humano caracterizado pelo nada. Entre os filósofos considerados preexistencialistas, veremos Nietzsche e seu pensamento mais latente: "ouse conquistar a si mesmo". Por fim, veremos a filosofia de Habermas e o reflexo em sua teoria da ação comunicativa.
Tema 01 – Marx: o ser humano é histórico-social
O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) exerceu grande influência na filosofia contemporânea, fazendo uma crítica radical ao idealismo hegeliano, no qual afirma que Hegel inverte a relação entre o que é determinante e o que é determinado, ou seja, para Marx, a filosofia idealista seria uma grande mistificação que pretende entender o mundo real, concreto, como manifestação de uma Razão absoluta. Marx procurou compreender a história real dos homens em sociedade.
Esta visão da história foi chamada, em parceria com seu companheiro Friedrich Engels, de Materialismo Histórico. Para Marx, não existe indivíduo formado fora das relações sociais. Ele enfatiza esse ponto ao afirmar que "a essência humana é o conjunto das relações sociais". Isso significa que a forma como os indivíduos se comportam se vincula com a forma como se dão as relações sociais. Marx também entende o desenvolvimento histórico social valendo-se dos princípios da dialética.
Tema 02 – Nietzsche: a busca do Ubermensch
Friedrich Nietzsche (1844-1900) critica a tradição filosófica ocidental acusando de ter negado a instituição criadora da filosofia anterior, a filosofia pré-socrática. Para Nietzsche, o Apolíneo (deus da razão) e o Dionísio (deus da aventura) são complementares da realidade e, por serem separados na filosofia antiga, fizeram "secar" a essência criadora do homem. Nietzsche desenvolveu, também, uma crítica intensa aos valores morais, propondo uma nova abordagem, a genealogia da moral. Sua conclusão é de que não existem as noções absolutas de bem e de mal.
Para ele, as concepções morais são elaboradas pelos homens, a partir dos interesses humanos. Essa crítica perfaz seu olhar para o cristianismo, o qual, segundo Nietzsche, deixou de ser a única verdade para tornar-se uma das interpretações possíveis do mundo. Nesse contexto ocorre uma escalada do niilismo moderno apontado por Nietzsche, cuja solução é o Ubermensch.
Tema 03 – Heidegger: o sentido do Ser
Martin Heidegger (1889-1976), rompendo com a tendência dominante da filosofia moderna, volta sua investigação para o ser. Para ele, o problema central da filosofia é o ser, a existência de tudo. Para ele, devemos começar investigando nossa própria existência porque é dela que, primeiramente, temos consciência. A filosofia heideggeriana criticou aquilo que considerava uma confusão entre ente e ser, ocorrida ao longo da história da filosofia. Para Heidegger, o ente é a existência, a manifestação dos modos de ser. O ser é essência, aquilo que fundamenta e ilumina a existência ou os modos de ser.
A partir dessa diferenciação é possível estabelecer duas fases da filosofia heideggeriana. Na primeira, ela busca o conhecimento do ser através da análise do ente humano, na segunda, o ente sai do primeiro plano e o próprio ser torna-se a chave da existência. Heidegger criou uma terminologia sobre o modo de ser do homem, o "dasein", ou "ser-aí".
Tema 04 – Sartre: a responsabilidade por aquilo que fazemos
Jean-Paul Sartre (1905-1980) tornou-se o filósofo mais conhecido da corrente do existencialismo. Em sua principal obra, "O ser e o nada", ele ataca duramente a teoria aristotélica de potência. Para Sartre, o ser é o que é, ou, o ente em si. O ente não é ativo nem passivo, nem afirmação nem negação, mas simplesmente repousa em si, maciço e rígido. O ser especificamente humano é denominado de ente para-si, o qual se opõe ao ente em si, ou seja, o ente para-si é o nada. Sartre assume que a característica tipicamente humana é o nada, um espaço em aberto.
Isso não significa que a totalidade do homem seja o nada, pois o homem possui corporeidade, mas o nada é a característica singular, aquilo que faz do ser humano um ente não estático, não compacto e acessível às possibilidades de mudanças. Se o homemfosse cheio, não teria consciência nem liberdade, pois a consciência é um espaço aberto e a liberdade é a possibilidade de escolha.
Tema 05 – Habermas: a teoria da ação comunicativa
Dentre os teóricos da Escola de Frankfurt, o que mais exerce influência atualmente é Jürgen Habermas (1929-). De acordo com Habermas, o pensamento de Adorno e Horkheimer sobre a razão emancipatória é uma posição perigosa, pois poderia conduzir a uma crítica radical da modernidade e, em consequência, da razão, que levaria ao irracionalismo. Em sua crítica ao irracionalismo, Habermas afirma que o potencial para a racionalização do mundo ainda não está esgotado.
Por isso, Habermas costuma ser descrito como o último grande racionalista. Habermas propõe, como nova perspectiva, outro conceito de razão: a razão dialógica que brota do diálogo e da argumentação entre os agentes interessados. Essa razão é chamada ação comunicativa, do uso da linguagem como meio para conseguir o consenso. O fruto da ação comunicativa é que a verdade se torna intersubjetiva. Neste sentido, o homem, para Habermas, não é muito diferente daquele descrito por Sócrates.
Na Prática
Para que possamos fixar os conteúdos trabalhados nessa aula, vamos elaborar um quadro sobre o pensamento dos séculos XIX e XX e suas influências.
Retomando as correntes filosóficas do Marxismo, do Existencialismo e da Escola de Frankfurt, apresente as principais questões filosóficas de cada corrente, bem como seus conceitos e influências.
Finalizando
Primeira Igreja Batista em Maricá | Rua Ribeiro de Almeida 207, Centro Maricá-RJ – (21) 2637-3606 | 2019 – Ano da VISÃO!

Continue navegando