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Relação entre corpo e cognição em bebês

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1
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
AVM – FACULDADE INTEGRADA 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
BEBÊS BEM DESENVOLVIDOS: RESULTADO DA 
HARMONIOSA RELAÇÃO ENTRE CORPO E COGNIÇÃO 
 
Gabrielle de Castro Carvalho 
 
 
 ORIENTADOR: 
 
 Prof. Solange Monteiro 
 
Rio de Janeiro 
2016 DO
CU
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NT
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ID
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2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
AVM – FACULDADE INTEGRADA 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
 
 
 
Apresentação de monografia à AVM Faculdade 
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau 
de especialista em Psicopedagogia Institucional 
Por: Gabrielle de Castro Carvalho 
BEBÊS BEM DESENVOLVIDOS: RESULTADO DA 
HARMONIOSA RELAÇÃO ENTRE CORPO E COGNIÇÃO 
Rio de Janeiro 
2016 
 
 
3
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
Agradeço primeiramente a Deus, que aqui me 
permitiu chegar. Aos meus pais e familiares pela 
força e incentivo de sempre. Aos meus amigos 
que cederam o ombro amigo em momentos 
difíceis. Ao meu namorado por me encorajar a 
continuar. E a todos os colegas de turma pelas 
construtivas trocas de conhecimento e 
experiências. 
 
 
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meu pai, Jorge, por 
sempre me incentivar e embarcar nos meus 
sonhos. 
 
 
5
RESUMO 
 
 
O presente estudo acadêmico apresenta como temática a percepção 
da relação entre o corpo e a inteligência de bebês com idade entre 0 e 2 anos, 
haja vista que os mesmos, ainda que diante de inúmeros estudos, são vistos 
apenas como bebês, e não como pequenos seres extremamente capazes de 
aprende. Pretendeu-se analisar inicialmente como surgiram os estudos 
psicomotores, os conceitos básicos desses estudos, a fim de se estabelecer 
conhecimentos específicos. De acordo com isso, pretendeu-se também 
levantar estudos e fazer uma revisão bibliográfica sobre como os bebês dessa 
faixa etária se desenvolvem e quais as especificidades desse desenvolvimento. 
Por último são trazidas algumas sugestões de atividades que visam estimular 
esse desenvolvimento de forma a estreitar cada vez mais a relação entre corpo 
e inteligência. 
 
 
 
6
METODOLOGIA 
 
 
A metodologia utilizada neste trabalho foi a revisão bibliográfica. 
Este método busca fazer levantamentos atuais de literaturas acadêmicas e 
científicas validadas a fim de trazer respostas ao problema a ser estudado. 
Para tanto, fez-se uso de livros e artigos acadêmicos publicados nas 
duas últimas décadas. Utilizou-se de autores tanto do campo psicológico, como 
do campo educacional, a saber: Jean Piaget, Lev Vygotsky, Henri Wallon, 
Fátima Alves, Helen Bee e Vitor da Fonseca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO 08 
CAPÍTULO I 
PSICOMOTRICIDADE: HISTÓRICO E CONCEITOS 10 
CAPÍTULO II 
OS BEBÊS E SEU PECULIAR DESENVOLVIMENTO 16 
CAPÍTULO III 
ATIVIDADES PSICOMOTORAS X INTELIGÊNCIA: UMA RELAÇÃO 
DIALÉTICA 30 
CONCLUSÃO 39 
BIBLIOGRAFIA 40 
ÍNDICE 41 
ÍNDICE DE TABELAS 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8
INTRODUÇÃO 
 
Após longos anos de estudos comprovou-se que as crianças 
pequenas são capazes de aprender desde o momento que nascem, e até 
mesmo antes dele, pois desenvolvem habilidades iniciais ainda enquanto feto. 
Portanto, se faz inegável a relação que o corpo exerce na estrutura cognitiva 
de um bebê, visto que as primeiras aquisições que o mesmo estabelece com o 
mundo se dão através do seu próprio corpo e os estímulos que recebe para tal. 
Uma boa gestação e um bom parto, estabilidade do corpo, 
endurecimento do tônus muscular, controle do próprio pescoço e cabeça, 
equilíbrio ao sentar-se, organização do corpo para engatinhar, rolar e levantar-
se, e domínio bípede do corpo para dar “os primeiros passos”, são desafios 
que, em geral, todo bebê percorre durante os primeiros anos de vida. 
Diante de tais premissas, o presente trabalho visa responder a 
seguinte pergunta: “O desenvolvimento precoce de habilidades psicomotoras 
exerce uma relação positiva no desenvolvimento cognitivo dos bebês?”. 
Tanto o corpo quanto o cérebro de um bebê nascem com instintos 
primitivos que evoluem diariamente com estímulos, e estes se dão 
principalmente através do toque, do relacionamento com o meio em que é 
inserido ao nascer. O contato com diferentes objetos, movimentos e gestos são 
capazes de estabelecer essa relação harmoniosa entre corpo x psique a qual 
estamos nos detendo. 
A principal finalidade deste trabalho é relacionar a importância da 
psicomotricidade com o desenvolvimento cognitivo de bebês de 0 a 2 anos, 
tecer considerações sobre atividades psicomotoras, entender melhor o 
funcionamento do sistema motor e cognitivo de bebês e tecer práticas 
pedagógicas que visem essa relação corpo x cérebro. 
O contato com práticas pedagógicas intencionais está presente cada 
vez mais cedo na vida dos sujeitos. A criação das creches e espaços escolares 
 
 
9
que atendem bebês teve um aumento significativo e de algumas décadas pra 
cá os estudos acerca da aprendizagem desse público também se ampliaram. 
Descobrimos que os bebês também aprendem e que a plasticidade cerebral, 
ou seja, a flexibilidade em aprender, é de alta potência nesta fase. Portanto, o 
conhecimento prévio do desenvolvimento de um bebê e as condutas que lhe 
são pertinentes se faz necessário para que tanto o corpo quanto a mente de 
um bebê tenham, equilibradamente, um crescimento saudável e um bom 
preparo para as fases posteriores. 
Metodologicamente, este trabalho utilizou de revisões bibliográficas 
tendo como base principal os autores Helen Bee, Piaget, Wallon, René Spitz e 
Vitor da Fonseca, bem como leituras de artigos científicos atuais. 
Sua estrutura dar-se-á em três capítulos, organizados inicialmente 
pelo histórico dos estudos da psicomotricidade e a contribuição que a mesma 
atingiu nos momentos atuais, seguido pelas características principais presentes 
no desenvolvimento natural de bebês de faixa entre 0 a 2 anos, e, finalmente, a 
junção positiva e uma proposta de atividades que visam a relação satisfatória 
entre corpo x psique desse público. 
 
 
10
CAPÍTULO I 
PSICOMOTRICIDADE: HISTÓRICO E CONCEITOS 
 
 
A palavra psicomotricidade, em uma visão etimológica, é a junção da 
palavra grega psykhé, que significa alma, mente, espírito, mais a palavra latina 
motor, que significa aquele que se desloca, que se move. Portanto, um estudo 
da alma e do corpo em sincronia e movimento. 
 
A valorização do corpo humano é vista desde a antiguidade, onde os 
corpos com músculos bem desenvolvidos eram cultuados como sinal de 
masculinidade. Essa cultura do corpo surgiu mais precisamente nas grandes 
cidades gregas, onde, de acordo com Falcão e Barreto (2009), o homem grego 
sabia dar ao corpo um lugar de eleição, nos estádios ou nos lugares de culto, 
no mármore ou nas cores. 
 
Inicialmente, esse estudo do corpo e da alma baseava-se na total 
separação dos mesmos, sendo o corpo apenas a matéria que se movimenta e 
alma a estrutura pensante, sem nenhum tipo de ligação. Com o passar dos 
anos e o crescimento dos estudos médicos, começou-se a perceber que o 
modo como o corpo se locomove influencia no desenvolvimento da estrutura 
pensante. 
 
Surgida no início do século XIX, o estudo inicial da Psicomotricidade, 
até então de domínio médico, sentiu então a necessidade de um estudo 
médico/neurológico mais específico, que permitisse constatar que existem 
diferentes disfunções graves em que o cérebro pode estar claramente 
lesionado ou não. 
 
Com o desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia, 
começa a constatar-se que há diferentes disfunções graves 
sem que o cérebro esteja lesionado ou sem que a lesão esteja 
claramente localizada. São descobertos distúrbios da atividade 
 
 
11
gestual, da atividade práxica. Portanto, o “esquema anátomo-
clínico” que determinavapara cada sintoma sua 
correspondente lesão focal já não podia explicar alguns 
fenômenos patológicos. (LUSSAC, 2008, p.3) 
 
 Diante disso, muitos autores voltaram seus olhares para esta 
fragilidade entre diagnóstico/fenômeno/lesão, ampliando cada vez mais a 
existência da ligação entre corpo e alma, mostrando que os dois caminham 
juntos e se um falha, o outro também tende a falhar. 
 Pioneiro da Psicomotricidade, surge, 
 
Em 1925, Henry Wallon, médico psicólogo, ocupa-se do 
movimento humano dando-lhe uma categoria fundante como 
instrumento na construção do psiquismo. Esta diferença 
permite a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, 
ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo, e discursar sobre 
o tônus e o relaxamento. (LUSSAC, 2008, p.3) 
 
 Seguindo os estudos de Wallon, Edouard Guilmain, desenvolveu 
em 1935, um exame psicomotor que teve fins de diagnósticos, de indicação, de 
terapia e de prognóstico, e que auxiliou bastante no atendimento a pessoas 
lesionadas em suas estruturas psicomotoras. Posteriormente em 1947, o 
psiquiatra Julian de Ajuriaguerra, redefine a debilidade motora como uma 
síndrome de particularidades subjetivas. Segundo Lussac (2008), é ele quem 
delimita com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre o 
neurológico e o psiquiátrico. 
 
Paralelamente ao surgimento da Psicomotricidade, cresciam 
também estudos a cerca dos comportamentos humanos voltados para a 
aprendizagem dos fatores que levam os indivíduos a desenvolverem a sua 
aprendizagem e as causas de suas dificuldades individuais no processo de 
aprender. Chamada de Psicopedagogia, seu principal objeto de estudo focava-
se no indivíduo que não conseguia aprender devido ao mau desenvolvimento 
e/ou lesão da sua estrutura biológica. 
 
 
 
12
Posteriormente, essas dificuldades de aprendizagem foram sendo 
vistas sob outro enfoque, onde “não aprender” não se opõe ao aprender, 
levando em conta muito mais as particularidades do indivíduo, sua própria 
construção de vida e sua base sociocultural. 
 
Caracterizadas pela não obrigatoriedade do mau desenvolvimento 
humano estar ligado somente aos fatores orgânicos, a Psicopedagogia e a 
Psicomotricidade formaram um elo multifuncional no qual os estudos das 
influências psicológicas e sociais do indivíduo interferem nas aprendizagens 
motoras, e vice-versa. 
 
1.1. Aspectos do desenvolvimento motor 
 
Nossa estrutura psicomotora, segundo os psicomotricistas, possuem 
funções e desenvolvimentos específicos, a começar pelo esquema corporal, 
que necessita ser inicialmente descoberto pelo bebê, para que posteriormente, 
o mesmo tenha consciência de sua capacidade. Nesta fase, isso ocorre 
principalmente através de estímulos sensoriais que permitem perceber o 
próprio corpo, seu equilíbrio, sua lateralidade, a independência dos seus 
membros em relação ao tronco e o controle muscular e respiratório. 
 
Segundo Alves, 
Todas as experiências da criança (o prazer, a dor, o sucesso 
ou o fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se 
acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e a 
certas partes, este corpo termina por ser investido de 
significações, de sentimentos e de valores muito particulares e 
absolutamente pessoais. (VAYER apud ALVES, 2012, p. 55) 
 
Em outras palavras, o corpo é o objeto, em movimento ou estático, 
que nos permite conhecer o mundo, experimentar sensações e adquirir 
conhecimento. Alves (2012) nos mostra isso quando diz que: 
 
 
13
É por meio do corpo que a criança vai descobrir o mundo, 
experimentar sensações e situações, expressar-se, perceber-
se e perceber as coisas que a cercam. À medida que a criança 
se desenvolve quanto mais o meio permitir, ela vai ampliando 
suas percepções e controlando seu corpo por meio da 
interiorização das sensações. Com isso, ela vai conhecendo 
seu corpo e ampliando suas possibilidades de ação. O corpo é, 
portanto, “o ponto de referência que o ser humano possui para 
conhecer e interagir com o mundo”. Ele servirá de base para o 
desenvolvimento cognitivo, para a aquisição de conceitos 
referentes ao espaço e ao tempo, para um maior domínio de 
seus gestos e harmonia de movimentos. (ALVES, 2012, p.59) 
 
Compreendemos então o corpo não somente biológico/orgânico, 
mas também um campo preenchido de emoções e significados singulares, cujo 
denominamos de imagem corporal. Este aspecto está intrinsecamente ligado 
às emoções e sensações que o corpo estabelece com o meio e suas 
interações. Além disso, as noções de bilateralidade, lateralidade, dinâmica e 
equilíbrio corporal começam a se fortalecer através da imagem corporal que o 
indivíduo interioriza de si mesmo. Segundo Alves (2012), 
A evolução do eu corporal na criança é a evolução do 
conhecimento corporal, é sinônimo de caminho para uma 
autoconsciência, caminho expresso por uma maturação integral 
do indivíduo. Desde o nascimento, o corpo, como estrutura 
dinâmica e concreta (atuante), se insere em um quadro de 
automatismo que evolui dos movimentos reflexos para os 
movimentos conscientes (praxias). A sua imagem corporal tem 
de passar por várias fases ou períodos de maturação para que 
a criança possa vir a construir-se como um ser que atua 
sozinha. (ALVES, 2012, p. 62) 
 
Já consciente de sua imagem corporal e fortalecidas as noções de 
bilateralidade e lateralidade, surge então a coordenação geral e facial, que, ao 
serem desenvolvidas em relação com o meio em que vive, serão controladoras 
de seus músculos e movimentos, permitindo-lhes serem mais 
amplos/reflexos/estáticos e/ou mais segmentados/coordenados/dinâmicos. 
Mais do que desenvolver essa coordenação corporal, é necessário 
manter-se o equilíbrio entre elas. Este pode ser estático, quando o movimento 
 
 
14
é realizado em seu próprio eixo, ou dinâmico, quando o movimento utiliza-se de 
tempos e espaços variados. 
Todos os movimentos se apoiam em um estado de tensão que, 
no fundo, é o meio pelo qual se torna possível o equilíbrio 
mecânico indispensável para que possa acontecer a 
coordenação entre os movimentos dos vários segmentos 
corporais, entre si e no seu todo. Assim, como não pode haver 
movimento sem atitude, também não pode haver coordenação 
de movimento sem um bom equilíbrio, permitindo o 
ajustamento do homem ao meio. É um dos sentidos mais 
nobres do mundo. À medida que ele cresce e evolui, o 
equilíbrio torna-se cada vez mais fundamental, e a sua base de 
sustentação (a seu tamanho e a sua forma) é imprescindível 
para a sua manutenção. (ALVES, 2012, p. 69) 
 
Concomitantemente a estruturação da coordenação e equilíbrio 
motores, está presente a lateralidade. Esta nos permite descobrir, através de 
estímulos motores, qual o lado que temos maior dominância. Em outras 
palavras, é neste momento que percebemos qual o lado que teremos maior 
eficácia em nossos movimentos, o lado direto e/ou o esquerdo. Vale ressaltar 
ainda que a predominância de um dos lados do corpo não interfere no 
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, uma vez que o cérebro possui partes 
particulares para o mesmo. 
Sabe-se também que a metade esquerda do corpo é 
controlada pelo hemisfério direito, ao passo que a outra metade 
é controlada pelo hemisfério esquerdo. Quando há dominância 
do hemisfério esquerdo, temos o indivíduo destro; e quando 
ocorre a dominância do hemisfério direito, temos o indivíduo 
canhoto. É legítimo, porém, admitir que haja colaboração dos 
dois hemisférios na elaboração da inteligência. (ALVES, 2012, 
p. 71) 
 
As crianças necessitam fazer experiências com a utilização de 
ambos os lados do corpo, agindo, desta forma, estaremos 
favorecendo um desenvolvimento máximo na eficácia dos 
movimentos. A partir dos sete anos, a criança será capaz de 
perceber que direita e esquerda não dependem somente uma 
da outra, mas também da posição de outras pessoas em 
relação a ela e de seus deslocamentos, acontecendo, então, 
uma descentralização de seus pontosde referência. Também, 
a partir desta idade, as crianças que não apresentarem uma 
 
 
15
lateralidade definida, certamente encontrarão dificuldades na 
aprendizagem escolar. (ALVES, 2012, p.74) 
 
Percebemos então que todos esses componentes presentes em 
nossa estrutura psicomotora se desenvolvem gradualmente e para que seja um 
desenvolvimento saudável, é imprescindível que o cérebro não esteja 
lesionado e, sobretudo, sejam oferecidos estímulos intencionais para que o 
mesmo aconteça. 
 
No próximo capítulo serão apontados alguns aspectos comuns à 
crianças “saudáveis” durante a faixa etária de zero a dois anos de idade, visto 
que este é o período em que o indivíduo sofre as maiores e mais significativas 
mudanças motoras, emocionais e cognitivas de seu desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16
CAPÍTULO II 
OS BEBÊS E SEU PECULIAR DESENVOLVIMENTO 
 
 
 
Os bebês de 0 a 2 anos se desenvolvem gradual e constantemente 
tanto em seu aspecto físico, como emocional, cognitivo e social. Tal 
desenvolvimento é de extrema importância para os avanços futuros, que 
perdurarão até a fase adulta do sujeito. Em outras palavras, é neste período 
que as crianças pequenas aprendem, por exemplo, a andar e se locomover, 
aprendizagem esta que perdura e é necessária por todas as outras etapas da 
vida. Neste capítulo, serão abordadas algumas especificidades dos aspectos 
inerentes às crianças desta faixa etária, considerando estes aspectos 
fundamentais para um bom atendimento aos bebês. 
 
Falar de bebê é se remeter constantemente a novas descobertas e 
novas habilidades a serem adquiridas, e isto não somente após o nascimento, 
mas também durante seu crescimento fetal. 
 
O desenvolvimento humano é um processo que ocorre 
durante toda vida e resulta de uma inter-relação 
complexa de fatores biológicos, psicológicos, culturais e 
ambientais. É definido como “mudanças que acontecem 
na vida de um indivíduo desde a concepção até a morte” 
(SHORT, 1988, p.8 apud CARVALHO, 2011, p. 13) 
 
 
Desde a concepção no útero materno até ao momento 
em que morre, o ser humano vive num processo 
caracterizado por constantes mudanças. Este processo 
de mudança, que resulta da interação entre as 
características biológicas de cada indivíduo e os fatores 
contextuais onde o indivíduo se encontra inserido 
(sociedade e cultura), é denominado por desenvolvimento 
humano. (DIAS; CORREIA; MARCELINO, 1982, p.10) 
 
 
 
 
17
Segundo Helen Bee (2011, p. 58) “a cada semana de gestação o 
bebê apresenta uma nova formação corporal e um novo desenvolvimento, 
como nos mostra a tabela abaixo”. 
 
Tabela 1- Marcos do estágio fetal 
Período O que se desenvolve 
Semanas 9-
12 
Impressões digitais; reflexo de preensão; expressões faciais; 
deglutição e “respiração” rítmica de líquido amniótico; micção; 
genitália aparente; períodos alternados de atividade física e 
repouso. 
Semanas 13-
16 
Folículos pilosos; respostas à voz da mãe e a ruídos altos; 
tamanho de 20 a 25 cm; pesa 170g. 
Semanas 17-
20 
Movimentos fetais sentidos pela mãe; batimento cardíaco 
detectável com estetoscópio; lanugem (pelos) cobre o corpo; 
os olhos respondem à luz introduzida no útero; pálpebras; 
unhas; 30cm de comprimento. 
Semanas 21-
24 
Vérnix (substância oleosa) protege a pele; os pulmões 
produzem surfactante (vital a função respiratória); a viabilidade 
torna-se possível, embora a maioria nascida neste período não 
sobreviva. 
Semanas 25-
28 
Reconhecimento da voz da mãe; períodos regulares de 
repouso e atividade; 35 a 38cm de comprimento; pesa 900g; 
boa chance de sobrevivência. 
Semanas 29-
32 
Crescimento muito rápido; anticorpos adquiridos da mãe; 
gordura depositada sob a pele; 40 a 43cm de comprimento; 
pesa 1,8kg; excelente chance de sobrevivência. 
Semanas 33-
36 
Movimento para posição de cabeça para baixo para o 
nascimento; os pulmões amadurecem; 45cm de comprimento; 
pesa 2,3-2,7kg, virtualmente 100% de chance de 
sobrevivência. 
Semanas 37+ Condição a termo; 48-50cm de comprimento; pesa 2,7-4kg. 
Fonte: BEE (2011, p.63) 
 
Após o seu nascimento, o bebê é imerso em um ambiente cheio de 
novas aquisições e habilidades a serem desenvolvidas, a começar pela 
capacidade motora, sensorial e perceptual. Segundo Helen Bee (2011), o bebê 
com um mês já consegue erguer o pescoço enquanto está deitado, com dois 
meses ele passa a sustentar a cabeça e estender a mão para pegar objetos, e 
o controle do próprio corpo vai gradualmente se concretizando através de 
estímulos e instintos. Esses movimentos corporais são tão interessantes para 
nós como para os próprios bebês, que depois da descoberta os realizam 
repetidamente. 
 
 
18
 
Eles chutam, giram, acenam, pulam, batem, esfregam, 
arranham ou balançam repetida e ritmicamente. (...) Esses 
movimentos não parecem ser totalmente voluntários ou 
coordenados, mas eles também não parecem ser aleatórios. 
(BEE, 2011, pág 97). 
 
 
Segundo Tavares et al. (2007) o crescimento do bebê nos dois 
primeiros anos de vida é extremamente acentuado em 
comparação com outros períodos da vida de um ser humano. 
Para Matta (2001) e Papalia et al. (2001), o processo de 
desenvolvimento é gradual. Quando a criança nasce, tem 
pouco controle sob o seu corpo e os seus movimentos são 
descoordenados. Progressivamente vai-se desenvolvendo, 
controlando inicialmente o corpo nos membros superiores (lei 
céfalo-caudal) e no sentido do centro do corpo para fora (lei 
próximo-distal). (DIAS; CORREIA; MARCELINO, 1982, p.10) 
 
 
Segundo Shepherd (2002 apud CARVALHO, 2011, p. 14) “o 
crescimento e o desenvolvimento não dependem apenas dos processos de 
maturação determinados pelo código genético.” São oriundos também, da 
experiência da criança e das suas oportunidades de interação com o meio 
ambiente, ficando evidente que uma das características do desenvolvimento 
motor normal é a sua grande variabilidade. 
 
O desenvolvimento motor é muito, se não o mais perceptível nos 
bebês de zero a três anos, que inclui desde movimentos bruscos aos 
movimentos manuais mais minuciosos. Segundo Helen Bee (2011), esses 
movimentos mais grosseiros se desenvolvem antes dos movimentos mais 
minuciosos, isso porque a criança vai adquirindo o equilíbrio e o controle do 
próprio corpo gradativamente, e de certa forma esses movimentos 
permanecem durante todas as demais idades. 
 
O desenvolvimento motor inclui tanto habilidades de movimento 
– frequentemente denominadas habilidades motoras grosseiras, 
tais como engatinhar, caminhar, correr e andar de bicicleta – 
quanto habilidades manipulativas, frequentemente denominadas 
habilidades motoras finas, tais como agarrar ou pegar objetos, 
segurar um lápis ou enfiar linha em uma agulha. (BEE, 2011, 
pág 120). 
 
 
 
19
 
É durante este período de desenvolvimento do corpo que os bebês 
adquirem habilidades motoras que influenciarão diretamente o seu 
desenvolvimento cognitivo. 
 
Essas conquistas de novas habilidades que levam a autonomia 
motora são reconhecidas como “marcos’ motores, e são 
desenvolvidas ao longo dos dois primeiros anos de vida, em 
uma sequência previsível, porém com velocidades 
diferenciadas de desenvolvimento. Portanto, o desenvolvimento 
motor caracteriza-se por uma série definida de “marcos” que 
são as realizações que a criança conquista antes de partir para 
outras mais difíceis. (PAPALIA, 2000, apud SHORBERT, 2008, 
p.22) 
 
 
Além desta, as habilidades sensoriais e perceptuais do bebê 
também estão diretamente ligadas à aprendizagem do mesmo. Todo bebê 
saudável nasce com todos os conhecidos cinco sentidos: a visão, a audição, o 
olfato, o paladar e o tato. Há alguns anos atrás, afirmava-se que os bebês 
nasciam cegos e iam adquirindo a visão conforme os meses iam passando, no 
entanto, após o desenvolvimento da medicina, sabemos que os bebês 
enxergam com certa deficiência em relação a crianças mais velhas.Segundo 
Helen Bee (2011, p.123), “os bebês demoram mais para enxergar coisas e 
pessoas a certa distância do seu campo visual, no entanto, eles enxergam 
muito bem de perto”. Sendo assim, o contato visual com um bebê deve ser o 
mais próximo possível, a fim de ampliar a interação, passar confiança para ele 
e desenvolver a distinção de pessoas e objetos na construção gradual de sua 
capacidade visual. 
 
Em contrapartida a essa deficiência visual inicial, o bebê já tem 
capacidade auditiva antes mesmo de nascer. Segundo Helen Bee (2011), 
enquanto ainda é um feto, o bebê escuta os sons externos através de 
vibrações que passam pela barriga de sua mãe, e mais do que isso, ele 
consegue distinguir também a diferença dessas vibrações, por isso é 
importante tanto a mãe quanto o pai estabelecerem uma comunicação com o 
bebê antes mesmo de seu nascimento. Dias, Correia e Marcelino (1982, p. 12) 
 
 
20
também descrevem que “desde o nascimento há uma reação aos ruídos, uma 
vez que para além do bebê detectar, ele orienta o olhar e a cabeça em direção 
à fonte que produziu o mesmo”. Para, além disso, “é capaz de discriminar 
características rítmicas e melódicas em diferentes tipos de sequências sonoras, 
revelando alterações nas suas respostas” (MATTA, 2001, p. 125 apud DIAS; 
CORREIA; MARCELINO, 1982, p.12) 
 
Quanto ao paladar e ao olfato do bebê, assim como nos adultos, 
ambos estão diretamente ligados. Segundo Helen Bee (2011, p.127), “quando 
o olfato é impedido por algum motivo, como, por exemplo, o resfriado, o 
paladar também sofre alterações”. Por isso, quando um bebê apresenta 
alguma alteração em seu quadro de saúde que esteja relacionado à sua 
respiração, o seu paladar também é modificado, ficando o mesmo enjoado para 
comer e até mesmo rejeitando o leite materno. Outro fator importante é que o 
bebê também consegue associar os cheiros à sua vontade de comer, sendo o 
cheiro do leite materno o primeiro e mais marcante. É comum ver bebês 
procurando o seio de sua mãe assim que a mesma o tem no colo, uma vez que 
ele sente e distingue o cheiro do leite. 
 
O tato do neném, como aponta Helen Bee (2011), é talvez um dos 
sentidos mais desenvolvidos, uma vez que os bebês enquanto ainda estão no 
ventre já fazem uso de suas perninhas para chutar e cruzar, suas mãozinhas 
para fechar, abrir e pegar outras partes do seu próprio corpo. 
 
Como os bebês, quando saudáveis, já nascem com suas habilidades 
sensoriais desenvolvidas, após estímulos eles começam a desenvolver suas 
habilidades perceptuais. 
 
Em estudos de habilidades perceptuais, os 
desenvolvimentistas perguntam o que o indivíduo faz com 
a informação sensorial – como ela é interpretada ou 
combinada. Os pesquisadores verificam que bebês muito 
pequenos são capazes de fazer discriminações 
notavelmente precisas entre sons, visões e sensações 
físicas, e que eles prestam atenção e respondem a 
 
 
21
padrões, não apenas a eventos individuais. (BEE, 2011, 
pág 152) 
 
 
Sabendo disso, Helen Bee (2011) aponta também que a visão do 
bebê deixa de ser somente visão e passa a ser um olhar, a audição passa a 
ser um escutar e todos os outros sentidos começam a se combinar em perfeita 
simetria. O bebê já percebe a permanência e saída de pessoas e objetos, se 
agita ao reconhecer sons familiares como a voz de seu cuidador, pega 
voluntariamente objetos para levá-los à boca, etc. E são essas combinações de 
suas habilidades sensoriais e perceptuais que impulsionam e iniciam o 
desenvolvimento cognitivo do bebê. 
 
Helen Bee (2011) utiliza dois grandes autores que falam sobre 
desenvolvimento cognitivo do indivíduo, Piaget, que foi o primeiro a se 
interessar e esquematizar como o indivíduo se desenvolve de acordo com cada 
fase de sua vida e Vygotsky, que vincula o desenvolvimento da linguagem ao 
cognitivo do sujeito. 
 
A teoria de Piaget supõe que o bebê assimila informação 
dentro da série limitada de esquemas sensoriais e 
motores com os quais ele nasceu – tais como olhar, 
escutar, sugar e agarrar – e acomoda aqueles esquemas 
com base em suas experiências. Este é o ponto de 
partida para todo o processo de desenvolvimento 
cognitivo. (BEE, 2011, pág 171) 
 
 
Em sua teoria, Piaget divide as etapas de aprendizagem do 
indivíduo em quatro períodos, sendo o sensório-motor o período ao qual nos 
detemos neste trabalho. É no período sensório-motor (0 a 2 anos) que Piaget 
descreve o modo que o bebê reage ao sentir e mexer em movimentos reflexos 
e intencionais. Considerando que o bebê se desenvolve largamente neste 
período de 24 meses, Helen Bee (2011) organiza as características de um 
bebê em subestágios, como nos mostra a tabela abaixo. 
 
 
 
 
22
Tabela 2- Subestágios do estágio sensório-motor de Piaget 
Substágio Idade 
Rótulo de 
Piaget 
Características 
1 
Nascimento-1 
mês 
Reflexos 
Uso de esquemas ou reflexos 
inatos, tais como sugar ou 
olhar; sem imitação; sem 
capacidade de integrar 
informação de diversos 
sentidos. 
2 1-4 meses 
Reações 
circulares 
primárias 
Acomodação de esquemas 
básicos (agarrar, olhar, sugar), 
enquanto o bebê os pratica 
infinitamente. Início da 
coordenação de esquemas de 
diferentes sentidos, tais como 
olhar na direção de um som; o 
bebê ainda não associa ações 
corporais a algum resultado fora 
do corpo. 
3 4-8 meses 
Reações 
circulares 
secundárias 
O bebê se torna muito mais 
consciente de eventos fora do 
seu próprio corpo e os faz 
acontecer novamente, em um 
tipo de aprendizagem de 
tentativa-e-erro. Imitação pode 
ocorrer, mas apenas de 
esquemas já existentes no 
repertório do bebê. Início do 
entendimento do “conceito de 
objeto”. 
4 8-12 meses 
Coordenadas 
de esquemas 
secundários 
Comportamento de meios e fins 
intencional claro. O bebê não 
apenas vai atrás do que quer, 
mas pode combinar dois 
esquemas para fazê-lo, tal 
como atirar um travesseiro para 
alcançar um brinquedo. 
Imitação de novos 
comportamentos ocorre, bem 
como transferência de 
informação de um sentido para 
o outro (transferência modal 
cruzada). 
5 12-18 meses 
Reações 
circulares 
terciárias 
Começa a “experimentação”, na 
qual o bebê testa novas formas 
de brincar com ou manipular 
objetos. Exploração de 
tentativa-e-erro muito ativa, 
muito intencional. 
 
 
23
6 18-24 meses 
Início do 
pensamento 
representativo 
Desenvolvimento do uso de 
símbolos para representar 
objetos ou eventos. A criança 
entende que o símbolo é 
separado do objeto. Imitação 
adiada ocorre primeiro neste 
estágio. 
Fonte: BEE (2011, p.173) 
 
Essas características são comuns a todos os bebês, porém o que 
não quer dizer que todos eles apresentem todas elas, e sim que algumas delas 
podem não se apresentar explicitamente e/ou variar de tempo de aparição. O 
que nos vale ressaltar é que o papel de um educador de creche é provocar 
estímulos de acordo com as características que o bebê apresenta a fim de 
fazê-lo alcançar novas descobertas e transitar por outros subestágios acima 
descritos. 
 
Já em Vygotsky, segundo Helen Bee (2011), dois estágios são 
observados. O primeiro é o estágio primitivo, onde, 
 
o bebê possui processos mentais semelhantes aos de 
animais inferiores. Ele aprende principalmente através de 
condicionamento até a linguagem começar a se 
desenvolver no segundo ano. (BEE, 2011, pág 181) 
 
 
Após a aparição e desenvolvimento da linguagem, o bebê entra no 
estágio de psicologia ingênua, 
 
no qual aprende a usar a linguagem para se comunicar, 
mas ainda não entende seu caráter simbólico. Por 
exemplo, ele não percebe que qualquer coleção de sons 
poderia substituir o objeto “cadeira”, desde que todos 
concordem em relação aos sons. (BEE, 2011, pág 181) 
 
 
Com isso, o estímulo à linguagem do bebê, a nomeação de coisas, a 
comunicação direta verbal e não verbal é de extrema importância neste 
período. É através do outro que o bebê vai se apropriando da linguagem usada 
 
 
24
pelosseus, outro ponto importantíssimo no trabalho dos educadores de creche, 
que devem estabelecer diálogos durantes todos os momentos de atividades 
com os bebês. 
 
Poderemos pensar, como exemplo, o momento em que a 
criança começa a ser capaz de usar a linguagem oral 
para se expressar. Esta nova competência cognitiva 
permitir-lhe-á novas possibilidades de interação com o 
mundo, novas possibilidades de interação com os outros, 
influenciando, também, o seu desenvolvimento social. 
Esta e outras situações fazem com que tenhamos de 
assumir que o desenvolvimento do ser humano é um 
processo holístico e que todos os processos ocorridos se 
influenciam e se provocam mutuamente. (DIAS; 
CORREIA; MARCELINO, 1982, p.11) 
 
 
Durante todo o processo do desenvolvimento da linguagem de um 
bebê também é possível observar alguns estágios, cujos Helen Bee (2011, 
p.202) “denomina de: fase pré-linguística, arrulho e balbucio.” A fase pré-
linguística podemos descrever como a fase onde as crianças iniciam seu 
contato com a linguagem, ou seja, até mesmo antes de seu nascimento, já que 
vimos que os bebês percebem os sons dentro da barriga de sua mãe. Após o 
nascimento, a primeira forma de linguagem de um bebê é o choro e por volta 
de 1 ou 2 meses, o choro é acrescido do arrulho, que consiste em 
 
fazer sons repetitivos de vogal, como uuuuuu. Sons como 
esse são geralmente sinais de prazer e podem 
apresentar bastante variação, incluindo aumentos e 
diminuições no volume ou na intensidade. (BEE, 2011, 
pág 229) 
 
 
Após a repetição de apenas vogais, há a entrada da combinação de 
consoantes e vogais, o qual Helen Bee (2011) denomina de balbucio. 
 
Sons de consoante aparecem apenas em torno dos 6 ou 
7 meses, quando pela primeira vez o bebê tem o controle 
muscular necessário para combinar o som de uma 
consoante com o som de uma vogal. (BEE, 2011, pág 
229) 
 
 
 
25
É comum ver os cuidadores de um bebê imitando os sons de 
balbucio que o mesmo provoca, o que pode ser instintivo ou intencional. 
Segundo Helen Bee (2011, p.229), “essa imitação é de extrema importância 
para o bebê aprender a língua do meio em que vive”. 
 
O balbucio é uma parte importante da preparação para a 
linguagem falada também de outras formas. (...) Uma 
segunda coisa importante sobre o balbucio é que quando 
os bebês começam a balbuciar pela primeira vez, 
normalmente experimentam todos os tipos de sons, 
incluindo alguns que não fazem parte da língua que estão 
ouvindo. Então, a partir dos 9 ou 10 meses, o repertório 
de sons dos bebês gradualmente começa a mudar para 
um conjunto de sons aos quais eles estão escutando, 
com o desaparecimento dos sons não ouvidos. (BEE, 
2011, pág 229) 
 
 
Segundo a autora, o aparecimento de palavras específicas se inicia 
entre os 12 e 18 meses, onde as crianças podem aprender por volta de trinta 
palavras, aumentando significativamente durante os próximos meses. 
 
A par destas transformações começam a surgir as 
primeiras palavras e, posteriormente, as primeiras frases. 
Esta crescente capacidade linguística traz inúmeras 
implicações ao nível da comunicação com os outros. A 
criança começa a conversar, a questionar, a querer saber 
sempre mais, numa tentativa de compreender o mundo 
que a rodeia. Na verdade, com um ano de idade a 
criança já pronuncia algumas palavras perceptíveis, 
iniciando a articulação das primeiras palavras com 
significado (PAPALIA, 2001 apud DIAS; CORREIA; 
MARCELINO, 1982, p.12) 
 
 
Ainda neste período de idade escolar de creche, há também o 
desenvolvimento da personalidade que perpassa por todos os outros 
momentos antes aqui mencionados. Para tanto, Helen Bee (2011) faz uso da 
teoria psicossexual de Freud e da teoria psicossocial de Erikson. A primeira 
teoria se refere à ligação direta do desenvolvimento de partes do corpo com o 
prazer na formação da personalidade, e a segunda se refere à ligação da 
personalidade com a vivência social do indivíduo. São teorias semelhantes, 
que apesar de ter contradições, pois, 
 
 
26
 
(...) Erikson colocava menos ênfase na centralidade do 
instinto sexual e, em vez disso, focava-se em um 
surgimento gradual de um senso de identidade. Segundo, 
embora concordasse com Freud que os primeiros anos 
são altamente importantes, Erikson afirmava que a 
identidade não está totalmente formada no final da 
adolescência, mas continua a se formar durante outros 
estágios do desenvolvimento na idade adulta. (BEE, 
2011, pág 270) 
 
 
Ainda assim, de certa forma, se complementam ao mostrar que tanto 
o desenvolvimento do corpo como as vivências sociais e a forma como estas 
são tratadas influenciam na formação da personalidade do indivíduo. Helen 
Bee (2011) esquematiza esses estágios em tabelas as quais nos facilita 
observar essa relação. 
 
Tabela 3- Estágios de desenvolvimento psicossexual de Freud 
Estágio 
Idade 
(anos) 
Zonas sensíveis 
Principal tarefa 
do 
desenvolvimento 
(fonte potencial 
de conflito) 
Traços de 
personalidade 
de adultos 
“fixados” nesse 
estágio 
Oral 0-1 Boca, lábios, língua Desmame 
Comportamento 
oral, tal como 
fumar e comer 
em excesso; 
passividade e 
credulidade. 
Anal 1-3 Ânus 
Treinamento do 
toalete 
Apego á ordem, 
avareza, 
obstinação ou 
os opostos. 
Fálico 3-5 Órgãos genitais 
Conflito edípico; 
identificação com 
pai do mesmo 
sexo 
Vaidade, 
negligência ou 
os opostos. 
Latência 5-12 
Sem área específica; a 
energia sexual é 
latente 
Desenvolvimento 
de mecanismos 
de defesa do ego 
Nenhum; 
fixação 
normalmente 
não ocorre. 
 
 
 
27
Fonte: BEE (2011, p.269) 
 
Tabela 4- Os oito estágios psicossociais do desenvolvimento de Erikson 
Idade 
aproximada 
(em anos) 
Qualidade do ego a ser 
desenvolvida 
Algumas tarefas e atividades do estágio 
0-1 
Confiança básica versus 
desconfiança básica 
Desenvolver a confiança na mãe ou 
cuidador central e na própria capacidade 
de fazer as coisas acontecerem, um 
elemento chave em um apego seguro 
precoce. 
2-3 
Autonomia versus 
vergonha, dúvida 
Desenvolver habilidades de andar, 
agarrar e outras habilidades físicas que 
levam a livre escolha; completar o 
treinamento da toalete; a criança aprende 
controle, mas pode desenvolver vergonha 
se não manejado adequadamente. 
4-5 Iniciativa versus culpa 
Aprender a organizar atividades em torno 
de algum objetivo; tornar-se mais 
assertivo e agressivo. 
6-12 
Diligência versus 
inferioridade 
Absorver todas as habilidades e normas 
culturais básicas; incluindo habilidades 
escolares e uso de ferramentas. 
13-18 
Identidade versus 
confusão de papel 
Adaptar o senso de self a mudanças 
físicas da puberdade, fazer escolha 
ocupacional, alcançar identidade sexual 
do tipo adulto e buscar novos valores. 
19-25 
Intimidade versus 
isolamento 
Formar um ou mais relacionamentos 
íntimos que vão além do amor 
adolescente; casar e formar grupos 
familiares. 
26-40 
Generatividade versus 
estagnação 
Ter e criar filhos, focar-se na realização 
ou na criatividade ocupacional, e treinar a 
próxima geração. 
 
 
Genital 
12-18 e 
idade 
adulta 
Órgãos genitais 
Intimidade sexual 
madura 
Nenhum; 
adultos que 
integraram com 
sucesso 
estágios mais 
primitivos 
devem 
desenvolver 
interesse 
sincero nos 
outros e 
sexualidade 
madura. 
 
 
28
41+ 
Integridade do ego 
versus desespero 
Integrar estágios anteriores e alcançar 
uma identidade básica; aceitar-se. 
Fonte: BEE (2011, p.271) 
 
A teoria psicossocial de Erickson (1976 apud CARVALHO, 2011, p. 
15) “refere-se a experiências corporais que fornecem a base para um estado 
psicológico de “confiança versus falta de confiança”. O bebê aprende a confiar 
na “mãe”, em si mesmo e no ambiente, pela percepção materna de suas 
necessidades e exigências. A confiança mútua e o desejo de enfrentar as 
situações juntos, ficam estabelecidos entre a mãe e a criança. 
 
Já segundo Piaget (1975 apud CARVALHO, 2011, p. 15), anterior a 
Erickson, “o desenvolvimentocognitivo ocorre pelo processo em que o 
indivíduo se ajusta às condições ambientais”. Para ele a acomodação é a 
adaptação que a criança deve fazer ao meio ambiente quanto às informações 
novas e assimilação é a interpretação de novas informações. Se essas 
informações não puderem ser incorporadas, ocorrerá acomodação. O 
desenvolvimento da capacidade cognitiva se dá numa sequência fixa de 
estágios qualitativamente diferentes e inclui, também, o conceito de equilíbrio. 
O mecanismo de formação para o conhecimento se divide em assimilação e 
acomodação. Quando o desequilíbrio é produzido pela experiência nova, um 
novo equilíbrio é alcançado em nível mais alto de organização cognitiva. Nessa 
condição, o desequilíbrio é necessário para o desenvolvimento. Assim as 
novidades atraem as crianças, mas, se a dissonância cognitiva for grande se 
sentirão frustradas e não alcançarão novo equilíbrio. 
 
Diante dos expostos é possível observar que um bebê de 0 a 3 anos 
apresenta um desenvolvimento bastante alargado, que vai desde o físico ao 
mental e social. Como apresentados neste capítulo, os bebês precisam 
desenvolver habilidades motoras, emocionais, perceptuais, linguísticas e 
cognitivas, e estas ao serem bem desenvolvidas farão com que a criança tenha 
um bom desempenho em fase escolar. Em outras palavras, uma criança com 
seu esquema corporal e cognitivo bem desenvolvido enquanto bebê tem maior 
probabilidade de sucesso nas fases escolares posteriores. 
 
 
29
A noção de que os relacionamentos são essenciais para 
regular nossos comportamentos, nossos humores e nossos 
sentimentos, bem como para o desenvolvimento intelectual, 
necessita de maior ênfase, à medida que pensamos sobre os 
tipos de ambientes e prioridades que desejamos para nossas 
crianças. (BRAZELTON; GRESPAN, 2002, p. 29 apud 
SHORBERT, 2008, p.36) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30
CAPÍTULO III 
ATIVIDADES PSICOMOTORAS X INTELIGÊNCIA: UMA 
RELAÇÃO DIALÉTICA 
 
O ato de movimentar-se influencia a maturação do sistema nervoso 
da criança. Sabendo que a psicomotricidade está presente nos menores gestos 
e em toda atividade de movimento que a criança executa, podemos verificar 
então que são os movimentos que vão organizar o cérebro para receber 
informações novas e constantes. 
Por isso, dizemos que a mesma é um fator essencial e 
indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança. 
A estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental 
para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança. O 
desenvolvimento evolui do geral para o específico; quando uma 
criança apresenta dificuldades de aprendizagem, o fundo do 
problema, em geral, está no nível das bases de 
desenvolvimento psicomotor. (ALVES, 2012, p. 144) 
 
Wallon defende que o desenvolvimento do indivíduo abrange os 
aspectos da afetividade, motricidade e inteligência. A criança nasce com 
competência orgânica que lhe favorece determinados recursos, mas é o meio 
que lhe permite desenvolver potencialidades. Segundo Galvão, 
É só no final do primeiro ano, com o desenvolvimento das 
praxias, gestos como o de pegar, empurrar, abrir ou fechar, que 
se intensificam as possibilidades do movimento como 
instrumento da exploração do mundo físico, voltando a ação da 
criança para a adaptação à realidade externa objetiva. O 
desenvolvimento das primeiras praxias define o início da 
dimensão cognitiva do movimento. (GALVÃO, 2013, p.70) 
 
Todas as crianças se desenvolvem de forma comum, no entanto, a 
cultura, o meio em que está inserida vai dimensionar a personalidade, o modo 
como a criança se apropria de novas habilidades, por isso, crianças com a 
mesma idade podem apresentar desenvolvimentos diferentes. 
 
 
 
31
O movimento e vida mental são inseparáveis dentro de uma 
concepção psicopedagógica e são resultantes de experiências 
adquiridas por meio de uma evolução progressiva da 
inteligência conseguida por uma motricidade organizada e 
consciente. (FONSECA, 1988, p.235) 
 
 
3.1. Sugestões de atividades psicomotoras para bebês de faixa 
etária entre zero e dois anos 
 
Este capítulo tem como finalidade propor sugestões de atividades a 
serem trabalhadas com bebês para que os mesmos tenham suas habilidades 
básicas bem desenvolvidas. Para tanto, tal proposta foi dividida de acordo com 
as habilidades mencionadas no capítulo anterior, a saber: habilidades 
motoras/físicas, habilidades cognitivas/linguísticas e habilidades emocionais, 
organizadas por características de determinadas faixas etárias e as atividades 
relacionadas, sendo estas, fonte do trabalho com crianças em uma creche 
municipal do Rio de Janeiro. 
 
O que pretendo aqui propor não são temas e/ou práticas fixas, e sim 
algumas ideias de atividades que estimulam os bebês e os ajudam a se 
desenvolverem. Seguem abaixo atividades organizadas por períodos de 
desenvolvimento de um bebê. 
 
• De zero a seis meses 
 
Geralmente no período de três meses os bebês já fixam o olhar em 
objetos e pessoas e respondem essa interação com sorrisos. Apertam 
involuntariamente qualquer coisa que coloquem em sua mão. Erguem a cabeça 
enquanto está de bruços, porém ainda sem precisão. Balbuciam sozinhos ou 
em resposta a algum estímulo que recebeu. Começam a apresentar interesse 
por objetos coloridos, sonoros e grandes. 
 
 
 
32
Dos três aos seis meses os bebês começam a ficar sentados por 
alguns instantes ou apoiados em almofadas. Estendem a mão 
involuntariamente para pegar algum objeto que lhe chamou atenção. Levam 
objetos à boca. Já apoiam com precisão os antebraços no chão para sustentar 
a cabeça e o pescoço. Começam a explorar o espaço em que estão através do 
rolamento do próprio corpo. Brincam com os próprios pés levando-os à boca. 
Sorriem intencionalmente e iniciam o processo da gargalhada em resposta a 
brincadeiras que lhe agradam. Iniciam a repetição de movimentos do corpo, 
como esticar e dobrar as pernas e braços, fechar e abrir as mãos. Começam a 
reconhecer as faces e as vozes humanas que eles tem maior contato, 
geralmente os pais e/ou o educador. Gradativamente vão diminuindo o número 
de horas por dia, se mantendo atentos à rotina que lhe cerca. 
 
Neste período os bebês costumam reagir bem a atividades de: 
 
- Massagem corporal com cantigas e nomeação de partes do corpo, 
estimulando a dobra das pernas e dos braços, movimento de rotação do 
pescoço, etc.; 
 
- Manipulação de objetos macios, coloridos e sonoros, como cubo de espumas, 
chocalhos, bichinhos com guizo, etc., estimulando a apertar, balançar e jogar; 
 
- Brincadeiras de produção de som com o próprio corpo como bater palmas, a 
fim de perceber reações diferentes ao movimento; 
 
- Estimulação para ficar sentado entre almofadas, estimulando o fortalecimento 
da cervical; 
 
- Estimulação para pegar o próprio pé, propiciando os primeiros movimentos de 
elasticidade do corpo; 
 
- Estimulação para rolar em colchonetes, estruturando o equilíbrio; 
 
 
 
33
- Incentivo ao engatinhar colocando objetos a certa distância do bebê para que 
ele pegue; 
 
- Incentivo a segurar bordas de objetos como mesas e berço para que ela inicie 
a ereção da coluna ao ficar de pé; 
 
- Promoção do movimento de passada dos pés segurando os bebês pela axila, 
estimulando o movimento do andar; 
 
- Contação de pequenas histórias com bastante musicalidade, propiciando a 
ampliação de balbucios e linguagem oral; 
 
- Esconde-esconde de brinquedos embaixo de um pano e dentro de fora de 
uma caixa, estimulando a percepção de sumiço e permanência do objeto; 
 
- Amarrar brinquedos em uma corda para o bebê puxar e levantar, fortalecendo 
os movimentos de pinça e puxada; 
 
- Anunciação da chegada de diferentes pessoas e diferentes momentos da 
rotina, estimulando a adaptação do bebê ao meio que está inserido; 
 
• De seis a doze meses 
 
É um períodode desenvolvimento extremamente perceptível nas 
habilidades motoras e linguísticas. Os bebês já engatinham em direção a 
objetos e pessoas. Fica de pé e sustenta o corpo quando está apoiada. Troca 
involuntariamente os objetos de mãe e joga-os no chão propositalmente para 
que o outro pegue. Já reconhecem com precisão rostos que lhe são familiares. 
Associa sons e gestos, como por exemplo, bater palmas. Já tem 
intencionalidade a movimentar o próprio corpo. Repete movimentos e começa 
a demonstrar seus interesses por certas brincadeiras, músicas e atividades. 
Balbuciam repetidamente e/ou já pronunciam alguma palavra que lhe foi 
estimulada, geralmente “mama” de mamãe. 
 
 
34
 
Algumas brincadeiras que lhe costumam agradar são: 
 
- Brincar com objetos de encaixar, empilhar, derrubar, enfileirar, montar e 
desmontar, etc.; 
 
- Explorar obstáculos (subir, descer, desviar, passar por baixo, etc.) criados 
com almofadas, rolos de espuma, túneis de caixa de papelão, etc.; 
 
- Explorar móbiles pendurados pelo ambiente em diferentes alturas 
estimulando que o bebê tente os alcançar; 
 
- Explorar os sentidos através do toque de diferentes materiais como lixa, 
algodão, lã, papel liso, papel corrugado, papel camurça, plástico bolha, etc.; 
 
- Utilizar panos de diferentes tamanhos para rolar, puxar e esconder o bebê; 
 
- Utilizar o próprio corpo para fazer barulho (bater palma, bufar, gargalhar, etc.); 
 
- Utilizar objetos para fazer barulho como latas e panelas; 
 
- Brincar de jogar objetos em caixas a longa distância; 
 
- Brincar de bola, estimulando-a a chutar, quicar, rolar, etc..; 
 
- Cantarolar e nomear objetos, pessoas e momentos; 
 
- Contar histórias utilizando diferentes recursos atrativos, como: fantoches e 
fantasias; 
 
• De doze a dezoito meses 
 
 
 
35
Geralmente, neste período, os bebês já andam e iniciam o processo 
de exploração autônoma do ambiente. Pronunciam de 5 a 10 palavras, que 
podem ser nomeação de objetos comuns ou palavras criadas pelos próprios 
bebês. Escolhe objetos e pessoas. Já compreende comandos de permissão e 
proibição (introdução da palavra “não”). Já reconhece o próprio corpo, sendo 
capaz de nomear partes do mesmo. Imita gestos e atitudes dos adultos. Já 
possui grande equilíbrio e domínio de suas habilidades motoras. 
 
Neste período necessitam de todas as atividades do tópico anterior, 
somando-se a: 
 
- Estimulação de transposição de obstáculos mais elaborados, como escalar, 
pular pra frente e pra trás, etc.; 
 
- Conversas cotidianas sobre assuntos que envolvem os bebês, mantendo o 
contato olho no olho; 
 
- Disponibilização de brinquedos diversificados para que o bebê faça sua 
escolha; 
 
- Brincar de dar passos curtos e passos largos, estimulando a noção de 
espaço; 
 
- Brincar em frente ao espelho, solicitando que o bebê mostre algumas partes 
do corpo; 
 
- Brincar de entrar e sair de roscas de espuma, caixas de papelão, casinhas de 
brinquedo, etc.; 
- Oferecer objetos que permitam abrir e fechar tampas, botões, zíperes, 
velcros, imãs, etc.; 
 
- Oferecer materiais de diferentes pesos como espumas, penas, bola de areia, 
garrafa de água cheia, etc.; 
 
 
36
 
- Enfileirar bolas de diferentes tamanhos e estimular, com auxílio, os bebês a 
pisarem em cima delas; 
 
- Brincar de imitar animais que corram, pulam, rastejam, andam pra trás, 
andam em quatro apoios, etc.; 
 
- Brincar de equilibrar objetos em cima da cabeça e com apenas uma das 
mãos; 
 
- Pintar utilizando diferentes técnicas como pincéis, espumas, dedos, sopro de 
canudo, borrifador de água, etc.; 
 
- Rasgar, amassar e recortar diferentes tipos de papéis; 
 
- Brincar de massinha de modelar, estimulando fazer bolinhas, “minhocas”, etc.; 
 
- Brincar de formar filas e passar a bola para o amigo por debaixo das pernas e 
por cima da cabeça; 
 
- Incentivar os bebês a expressarem através de gestos e/ou falas o que querem 
fazer ou o objeto que querem manipular; 
 
• De dezoito a vinte e quatro meses 
 
Neste período as características citadas anteriormente vão se 
ampliando e se unindo ao cognitivo mais explicitamente. Os bebês imitam, 
contam fatos, se movimentam, brincam e etc. sabendo que provocarão alguma 
reação individual ou coletivamente. Suas ações são intencionais tanto por si só, 
como por orientações do educador, ou seja, o bebê responde a comandos 
direcionados, percebendo ordens e limites. Percebem também a importância 
de cada objeto a sua volta, como por exemplo, começam a comer sozinhos 
fazendo uso da colher, iniciam o processo de desmame da mamadeira 
 
 
37
(daqueles que fazem uso da mesma) trocando para o uso do copo, etc. 
Conseguem fixar-se em uma atividade com um pouco mais de atenção do que 
antes. Constroem seus próprios instrumentos, dando vida imaginária a 
diferentes objetos. 
 
 A imaginação é extremamente presente neste período e 
juntamente a linguagem oral, a linguagem matemática vai se ampliando, 
necessitando de atividades como: 
 
- Contação de histórias um pouco mais longas, com começo, meio e fim, 
estimulando que os bebês recontem a história na ajuda do educador, fazendo 
perguntas e incentivando-os a responder; 
 
- Construção de pequenos conjuntos, sejam eles de brinquedos, pessoas, 
objetos, etc.; 
 
- Rasgar folhas de revistas e tentar unir os pedaços novamente; 
 
- Brincar de faz de conta; 
 
- Brincar de comparar tamanhos de objetos e pessoas; 
 
- Imitar ações cotidianas dos adultos (dirigir um carro, fazer comida, varrer a 
casa, etc.); 
 
- Perceber cores e formas dos objetos do ambiente que o cerca; 
 
- Inserção ao mundo letrado, disponibilizando livros e revistas para folheação, 
estimulando a leitura de figuras e percepção geral de letras; 
 
- Iniciação da manipulação de lápis de cor e canetinhas para desenho livre; 
 
 
 
38
- Incentivo ao desenvolvimento do grafismo, solicitando desenho de pessoas, 
bonecos e demais objetos; 
 
- Estimular a dança com passos combinados entre mãos, pés e o restante do 
corpo; 
 
- Estimular a subida e descida de escadas e rampas; 
 
- Iniciação das brincadeiras com regras e proibições; 
 
- Brincadeiras cantadas em roda; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39
CONCLUSÃO 
 
 
Estudos atuais nos permite constatar que os bebês, apesar de 
frágeis e, inicialmente, estáticos, são extremamente capazes de fazer graduais 
aquisições cerebrais. Sua aprendizagem acontece desde o momento em que 
deixa a barriga de sua mãe. Assim que nasce, o bebê é imerso em um mundo 
cheio de informações as quais ainda não foram acomodadas, e, a partir daí, é 
necessário que o mesmo consiga sobreviver ao mundo a que foi exposto. Com 
isso, o pegar, o olhar, o tocar, o sentar, o engatinhar, e todas as outras 
aprendizagens motoras vão ganhando espaço no corpo do bebê, 
concomitantemente as habilidades afetivas, biológicas, etc. 
 
Dessa forma, este trabalho procurou mostrar como os bebês são 
capazes de aprender e, mais do que isso, mostrar que essas aprendizagens 
iniciais são levadas por todo o restante do processo de escolarização. 
 
 A participação do corpo no processo de apropriação do 
conhecimento dá-se pela ação nos dois primeiros anos e logo, 
também, pela representação e por outorgar a configuração ao 
conhecimento. (FERNÁNDEZ, 1991, p.60) 
 
 
Muitos educadores se queixam de como os alunos, em séries 
fundamentais, chegam à sala de aula. Muitos não conseguem nem segurar o 
lápis, não possui noção de direção de escrita, tem dificuldades em manusear 
tesouras e afins, coisas, a princípio, simples, mas que tem suas bases 
fortificadas no trabalho motor em crianças na fase da educação infantil, 
principalmente em turmas de berçário. 
 
Portanto, os educadores aos quais se destinam a educação infantil 
devem se atentar para este trabalho psicomotor, pois podemos observar no 
presente estudo queé nesta fase que as bases cognitivas são estabelecidas. 
E, caso haja algum tipo de lesão motora ou não na criança, sendo detectado o 
quanto antes, sua reabilitação tende a ser muito mais eficaz. 
 
 
40
BIBLIOGRAFIA 
 
 
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Wak Editora, 2012. 184p. 
 
BEE, Helen.; BOYD, Denise. A criança em desenvolvimento. Tradução de 
Cristina Monteiro; revisão técnica de Antônio Carlos Amador Pereira. Porto 
Alegre: Artmed. 2011. 568 p. 
 
CARVALHO, Mônica Vieira. O desenvolvimento motor normal da criança de 
0 à 1 ano: orientações para pais e cuidadores. 2011. 72 p. Dissertação - 
Centro Universitário de Volta Redonda, Volta Redonda. 2011 
 
FALCÃO, Hilda; BARRETO, Maria. Breve histórico da psicomotricidade. 
Revista eletrônica de mestrado profissional em ensino de ciências, da saúde e 
do ambiente, Volta Redonda, v.2, n. 2, p. 84-96, 2009. 
 
FERNÁNDEZ, Alicia. Lugar do corpo no aprender. In: FERNÁNDEZ, Alicia. A 
inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua 
família. Porto Alegre: Artmed, 1991. 261p. 
 
FONSECA, Vitor da. Da filogênese à ontogênese da motricidade. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1988. 
 
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do 
desenvolvimento infantil. 22.ed. – Petrópolis - Rio de Janeiro: Vozes, 2013. 
134p. 
 
SCHORBERT, Lucila. O desenvolvimento motor de bebês em creche: um 
olhar sobre diferentes contextos. 2008. p. 157. Dissertação – Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. 
 
 
 
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ÍNDICE 
 
 
FOLHA DE ROSTO 02 
AGRADECIMENTOS 03 
DEDICATÓRIA 04 
RESUMO 05 
METODOLOGIA 06 
SUMÁRIO 07 
INTRODUÇÃO 08 
 
CAPÍTULO I 
Psicomotricidade: histórico e conceitos 10 
1.1. Aspectos do desenvolvimento motor 12 
 
CAPÍTULO II 
Os bebês e seu peculiar desenvolvimento 16 
 
CAPÍTULO III 
Atividades psicomotoras x inteligência: uma relação dialética 30 
3.1. Sugestões de atividades psicomotoras para bebês de faixa etária entre 
zero e dois anos 31 
 
CONCLUSÃO 39 
BIBLIOGRAFIA 40 
ÍNDICE 41 
ÍNDICE DE TABELAS 42 
 
 
 
 
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ÍNDICE DE TABELAS 
 
Tabela 1- Marcos do estágio fetal 15 
Tabela 2- Subestágios do estágio sensório-motor de Piaget 20 
Tabela 3- Estágios de desenvolvimento psicossexual de Freud 24 
Tabela 4- Os oito estágios psicossociais do desenvolvimento de Erikson 25

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