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FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA A LICITAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E AS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 13.303/2016 NA LEI 8.666/1993 BRUNA CAMPOS POMPIANI RA: 81557 OUTUBRO/2016 A licitação. A licitação é o meio pelo qual a administração pública pode avaliar melhor proposta, qualidade e outros requisitos para que possa contratá-los e cumprir com suas obrigações em geral, garantir desenvolvimento econômico, social, cultural, etc. Por se tratar de um procedimento utilizado em todas as esferas - municipal, estadual e federal - pode-se dizer que gira em torno dela um gigantismo, pois é aplicada em todo o país. A licitação deverá atender rigorosamente todos os requisitos previstos em legislação e, desta forma, os recursos adquiridos pela licitação serão utilizados da forma correta e com eficiência. Por ser um processo que visa atingir o melhor resultado em cada quesito - melhor preço e qualidade - deve ser acessível para conhecimento de toda a população, bem como deve realmente promover a competitividade entre os fornecedores e prestadores de serviços, atingindo assim o objetivo principal: obter as condições que tragam mais vantagens para a população. Após o processo licitatório, a administração pública tem o dever de fiscalizar se os bens e serviços adquiridos das empresas licitantes estão sendo utilizados da forma mais benéfica para a população. As políticas públicas. As políticas públicas são programas, atividades e ações desenvolvidas pelo Estado de forma direta ou indireta, que podem ou não contar com a participação de entes públicos e privados em seu desenvolvimento; que tem como objetivo assegurar direitos sociais, culturais, étnicos, econômicos e de cidadania em geral. Esses direitos assegurados pelas políticas públicas estão constitucionalmente previstos ou já se afirmaram em meio à sociedade em geral e são constituídas por instrumentos de planejamento, execução, monitoramento e avaliação. Como as políticas públicas podem ser instituídas através da licitação? A licitação, por ser obrigatória (exceto em algumas situações definidas em lei) tem grande relevância na administração pública, pois por meio dela são feitas a maioria das aquisições de bens e serviços necessários ao país em geral, e por conta desta generalização do procedimento, a licitação traz em si a capacidade de ser um meio muito eficaz para a aplicação de políticas públicas. Pode-se dizer, portanto, que na prática, a licitação pode trazer em si exigências que favoreçam empresas licitantes que tenham em seu âmago, medidas de desenvolvimento dos direitos de cidadania em geral. Tanto isto é verdade, que a lei 8666/93 em seu artigo 3º caput, traz o dizer “...a promoção do desenvolvimento nacional sustentável…” o que deixa bem clara a intenção de utilizar a licitação como um meio de atrelar todas as características necessárias para o desenvolvimento cultural, social, etc. Existe, portanto, um equilíbrio a ser buscado: obter realmente a proposta mais vantajosa e com mais qualidade e, atrelado a isto, trazer uma empresa licitante que defenda características que promovam o desenvolvimento nacional sustentável. Alguns exemplos de políticas públicas defendidas na lei de licitações: Parâmetro jurídico Lei 8.666/1993 Art. 3º, §2º, II, III e IV Política pública Desenvolvimento de empresas nacionais, colocando-as como prioridade em critério de desempate. Justificativa Geração de empregos e oportunidades de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia em território nacional. Supostos beneficiários Empresas nacionais e empresas que incentivam pesquisas e desenvolvimento de tecnologia em território nacional e, indiretamente, trabalhadores, pesquisadores e estudantes brasileiros. Instrumentos Uso do critério de preferência Objetivos Colocar como prioridade empresas nacionais e empresas que incentivam pesquisas e desenvolvimento de tecnologia no país. Observações O critério de preferência em nada atrapalharia o decorrer da licitação, pois não interfere nos critérios de melhor proposta ou qualidade, apenas favorece as empresas que têm como prioridade o desenvolvimento do país. Parâmetro jurídico Lei 8.666/1993 Art 12, VII. Política pública Desenvolvimento sustentável. Justificativa Estabelecer critérios licitatórios em relação ao impacto ambiental para que as empresas licitantes cumpram com as metas de desenvolvimento sustentável. Supostos beneficiários Meio ambiente. Instrumentos Consideração primordial de aspectos de cunho ambiental. Objetivos Promover o desenvolvimento sustentável. Observações O ato licitatório visa proteger o coletivo através da conservação ambiental. Parâmetro jurídico Lei 8.666/1993 Art 24, XII Política pública Justificativa Supostos beneficiários Instrumentos Objetivos Observações Alterações que a lei 13.303/2016 trouxe para a lei 8.666/1993. A nova lei das estatais, de 21 de junho deste ano, em seus artigos de 28 a 84, disciplinou a respeito a realização de licitações em empresas públicas e sociedades de economia mista, sem levar em conta a natureza de suas atividades e, sendo assim, a lei de licitações deixou de ser aplicada para essas empresas e sociedades, com exceção dos casos especificados na própria lei de estatais. Sendo assim, as estatais não irão mais utilizar as modalidades de licitação trazidas na lei 8.666/1993 e sim os procedimentos que traz a nova lei 13.303/2016. Além desta modificação central, houveram outras modificações como por exemplo: hipóteses de licitação dispensada, dispensável (inclusive neste caso, a lei alterou limites de valores para obras e serviços de engenharia, bem como para demais compras e serviços) e inexigível (arts 28, 29 e 30); princípios a serem observados (art 31); prazos para divulgação do edital (art 39) entre outras. De forma geral, a nova lei trouxe uma mescla de princípios de direito público e direito privado e trouxe alterações profundas mecanismos de governança e transparência que deverão ser observados pelas empresas públicas e sociedades de economia mista de agora em diante, desde a forma de fiscalização pelo Estado e sociedade em geral, alterações em conselhos, códigos de conduta, gestão dos riscos e requisitos de nomeação de dirigentes, até a forma de divulgação de informações e, sendo assim, alterou muitos aspectos que estavam contidos na lei de licitações e que eram utilizados anteriormente.
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