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Curso Superior em Gestão Ambiental Projeto Integrado Multidisciplinar VII JOÃO PAULO FERREIRA SILVESTRE NERY NEPOMUCENO Padaria Pão da Vida: um olhar sobre a sustentabilidade ambiental e utilização de recursos naturais Xique-Xique 2019 UNIP – Universidade Paulista Gestão Ambiental JOÃO PAULO FERREIRA SILVESTRE NERY NEPOMUCENO Padaria Pão da Vida: um olhar sobre a sustentabilidade ambiental e utilização de recursos naturais Projeto Integrado Multidisciplinar VII apresentado à Universidade Paulista como requisito parcial para a obtenção do título de Gestor Ambiental. Xique-Xique 2019 RESUMO O presente projeto apresenta a padaria Pão da Vida, localizada no Centro da cidade de Xique- Xique/Bahia. Conta atualmente com 8 funcionários, sendo que o estabelecimento produz pães, bolos e biscoitos. A empresa atua na cidade a cerca de cinco anos. O presente projeto tem o objetivo de evidenciar através da pesquisa realizada na empresa citada, por meio de entrevistas, pesquisa de campo e observação quais são os principais poluentes gerados pelas atividades realizadas pela Padaria Pão da Vida, como também as possíveis medidas mitigatórias. Para tudo isso são utilizados muitos conceitos das disciplinas ministradas ao longo do bimestre, sendo estas: Monitoramento e controle da poluição ambiental, Gestão dos Recursos Energéticos, Desenvolvimento Sustentável e Direito e Legislação Ambiental. Dentro destes temas foram avaliadas questões como disposição adequada dos resíduos e organização geral da empresa. A poluição mais evidente na empresa estudada foi a atmosférica, proveniente da queima de lenha dos fornos, mais popularmente conhecida como queima de biomassa. Essa queima emite principalmente material particulado e os gases do efeito estufa. O primeiro já é considerado pela Agência de Poluição Ambiental como poluente, já os gases do efeito estufa, o CO2 e mais cinco gases, estão em processo de inclusão. A Padaria Pão da Vida não faz a análise dos poluentes emitidos, esta utiliza um filtro na chaminé que libera a fumaça, entretanto possui um projeto de substituição do forno a lenha por um forno a gás, o que diminuirá os problemas decorrentes da liberação da fumaça, diminuindo também os problemas ambientais e solucionando o problema da poluição atmosférica. A empresa em questão utiliza principalmente energia elétrica, água e madeira para a produção de seus produtos. Esta utiliza somente o carvão de combustível fóssil, para auxiliar na queima da madeira. Já ficou bem evidente a importância do licenciamento ambiental para que a empresa torne-se mais sustentável obedecendo as condicionantes da mesma, consiga coletar de forma adequada seus resíduos e contribua para a preservação do meio ambiente, como também para o desenvolvimento econômico. Com base em tudo isso foram explicados esses conceitos e foi perguntado ao dono da Padaria Pão da Vida quais medidas eram adotadas pela empresa para que esta fosse cada vez mais sustentável. O empresário afirmou que doa resíduos secos gerados para uma cooperativa de materiais recicláveis, que passa semanalmente em seu comércio, esta reutiliza materiais como papelão, plástico e vidro para a confecção de objetos que são vendidos na própria cidade.Com relação ao óleo que é produzido pela padaria, este é vendido para pessoas que o reutilizam para a produção de sabão. Dessa maneira, vários impactos ambientais são evitados, além de surgir a possibilidade da geração de renda através da comercialização de sabão artesanal. O próximo passo que o empresário pretende adotar nesse sentido é a substituição do forno a lenha por um forno a gás, o que diminuirá inclusive a emissão de poluentes que tanto prejudica a população. Palavras-chave: Responsabilidade ambiental. Recursos naturais. Matriz energética. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 5 2. DESENVOLVIMENTO ................................................................................................................. 7 2.1 Monitoramento e controle da poluição ambiental ................................................................... 7 2.2 Gestão dos Recursos Energéticos ............................................................................................ 8 2.3 Direito e Legislação Ambiental ............................................................................................. 10 2.4 Desenvolvimento Sustentável ............................................................................................... 12 3. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 15 1. INTRODUÇÃO O presente projeto apresenta a padaria Pão da Vida, localizada no Centro da cidade de Xique-Xique/Bahia. Conta atualmente com 8 funcionários, sendo que o estabelecimento produz pães, bolos e biscoitos. A empresa atua na cidade a cerca de cinco anos. O processo de preparo do pão resumidamente inclui as seguintes etapas: separação da matéria prima e sua quantidade necessária estabelecida através da pesagem, em seguida essa matéria prima é colocada na Mexedeira/Batedeira, aonde vai se unificando até formar uma massa homogênea. Após sair da Mexedeira, a massa é colocada na máquina chamada Cilindro, tendo a função de homogeneizar a massa por completa. Em seguida, a massa é colocada na máquina Divisora, para o caso do pão francês ou senão a massa é colocada na mesa para o caso dos demais pães. Após esse processo, a massa vai para a Modeladora, onde realiza-se o formato do pão de acordo com a convenção pré-estabelecida. Saindo da Modeladora, o pão é colocado em armários para que o processo de fermentação seja realizado e finalizado. Em seguida, decorrido o tempo necessário para a fermentação, o pão é colocado no forno onde será assado atingindo o padrão de qualidade necessário e posteriormente encaminhado para o balcão de vendas. A padaria em questão, assim como a maioria das padarias, encontra-se em meio urbano, e consequentemente perto da população, por isso é importante ressaltar os problemas ambientais provocados por essas empresas, que na maioria dos casos trabalham ainda com fornos a lenha para fabricação de seus produtos, com isso a liberação de fumaça é preocupante pois seus efeitos a saúde humana, que é afetada diretamente por essas partículas podem ocasionar em dores de cabeça, agravamento em problemas respiratórios, circulatórios e cardiovasculares e ainda irritações nos olhos, nariz e garganta (QUEIROZ, 2009). Os fornos são utilizados para assar todos os tipos de produtos de panificação e confeitaria (no mercado existem vários tipos de fornos, e eles vão variar de acordo com a capacidade e com o sistema de operação – se estático ou contínuo). Existem vários tipos de fornos, na padaria estudada é utilizado o forno a lenha (em alvenaria), que possui as seguintes características: não é mais fabricado por ocupar muito espaço dentro das padarias. Além de ser difícil de controlar a temperatura, é necessário ter uma área para estoque de lenha. E ainda são antiecológicos, pois, na maioria das vezes, as padarias não utilizam lenha de reflorestamento. Além dos poluentes atmosféricos as empresas de panificação geram grande quantidade de cargas de resíduos orgânicos, e alguns resíduos que segundo a Norma Brasileira de Classificação de Resíduos Sólidos, a NBR 10.004 são considerados classe I – Perigosos, como lâmpadas queimadas, óleos e lubrificantes. É possível encontrar também efluentes com alta carga de DBO. O setor, apesar do bom momento, precisa se preparar para novos desafios e investir em qualidade,buscando eficiência e sustentabilidade nas etapas de produção dos produtos. As empresas, ao se adequarem às exigências de mercado e à legislação vigente por meio do licenciamento ambiental, adquirem uma espécie de passaporte para ingressar em um cenário repleto de oportunidades e ganho de competitividade. É que cumprir as normas estabelecidas por lei e órgãos ambientais é sinalização relevante para os consumidores de que a empresa está apta a fornecer produtos saudáveis, produzidos de acordo com os princípios de controle dos impactos ambientais. O presente projeto tem o objetivo de evidenciar através da pesquisa realizada na empresa citada, por meio de entrevistas, pesquisa de campo e observação quais são os principais poluentes gerados pelas atividades realizadas pela Padaria Pão da Vida, como também as possíveis medidas mitigatórias. Para tudo isso são utilizados muitos conceitos das disciplinas ministradas ao longo do bimestre, sendo estas: Monitoramento e controle da poluição ambiental, Gestão dos Recursos Energéticos, Desenvolvimento Sustentável e Direito e Legislação Ambiental. Dentro destes temas foram avaliadas questões como disposição adequada dos resíduos e organização geral da empresa. Dessa maneira a pesquisa buscar entrelaçar todos os conhecimentos teóricos que foram obtidos ao longo do curso e aplicá-los de forma prática no funcionamento da empresa, tentando desta maneira fazer a harmonização e otimização de qualquer empresa, sendo que serve para qualquer segmento. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Monitoramento e controle da poluição ambiental A poluição ambiental é produzida pelo homem e está diretamente relacionada com os processos de industrialização. Atualmente o monitoramento ambiental de atividades econômicas se tornou uma necessidade e um dever jurídico, com vistas a manutenção da qualidade ambiental, diante da geração de poluentes e impactos ambientais, às presentes e futuras gerações. A poluição mais evidente na empresa estudada foi a atmosférica, proveniente da queima de lenha dos fornos, mais popularmente conhecida como queima de biomassa. Essa queima emite principalmente material particulado e os gases do efeito estufa. O primeiro já é considerado pela Agência de Poluição Ambiental como poluente, já os gases do efeito estufa, o CO2 e mais cinco gases, estão em processo de inclusão. A Padaria Pão da Vida não faz a análise dos poluentes emitidos, esta utiliza um filtro na chaminé que libera a fumaça, entretanto possui um projeto de substituição do forno a lenha por um forno a gás, o que diminuirá os problemas decorrentes da liberação da fumaça, diminuindo também os problemas ambientais e solucionando o problema da poluição atmosférica. Cerca de 80% da combustão de biomassa ocorre nos trópicos. Ela é a maior fonte de produção de gases tóxicos, material particulado e gases do efeito estufa no planeta, influencia a química e a física atmosférica, produz espécies químicas que mudam significativamente o pH da água da chuva e afeta o balanço térmico da atmosfera pela interferência na quantidade de radiação solar refletida para o espaço (CRUTZEN; ANDREAE, 1990). Dentre esses elementos, o material particulado decorrente da combustão de biomassa, seja em ambientes internos, seja em ambientes abertos, é o poluente que apresenta maior toxicidade e que tem sido mais estudado. Ele é constituído em seu maior percentual (94%) por partículas finas e ultrafinas, ou seja, partículas que atingem as porções mais profundas do sistema respiratório e são responsáveis pelo desencadeamento do processo inflamatório. Os efeitos da poluição atmosférica são numerosos e diversos, estendendo-se dos toxicológicos aos econômicos. Materiais, animais, vegetais e pessoas podem ser indiscriminadamente molestados pelos efeitos de poluentes, quer direta, quer indiretamente. Nos materiais, os poluentes corroem e escurecem metais, partem borrachas, sujam roupas, danificam mármores, descolorem vários tipos de materiais, enfraquecem algodão, lã e fibra de seda e destroem o nylon. Os poluentes também causam efeitos no tempo atmosférico, como a redução da visibilidade, a descoloração da atmosfera, a dispersão da luz solar quando há grande quantidade de particulados no ar, e o aumento da formação de neblina e precipitação. Entre crianças e mulheres em idade reprodutiva, a exposição a poluentes ambientais é um importante fator para hospitalização, absenteísmo escolar, baixo peso ao nascer, malformação congênita e morte intra-uterina. Asma é a doença crônica mais comum entre crianças, podendo ser agravada, dentre outros fatores, por vários poluentes encontrados em ambientes internos e externos. Outros efeitos da poluição atmosférica em crianças incluem: retardo mental, déficit de atenção, hiperatividade e câncer. Em adultos, especialmente entre idosos, acréscimos nos níveis de poluentes atmosféricos têm sido associados a incrementos na morbimortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), desencadeamento de crise asmática, diminuição da função pulmonar e infarto agudo do miocárdio (MEDEIROS; GOUVEIA, 2005). Nesse contexto de novas modalidades de panificadoras e novas exigências por parte dos consumidores, realizar estudos focados nas percepções ambientais por parte dos gestores das organizações torna-se um desafio, pois os resultados mensuram o quanto de empenho existe por parte das empresas em mudar a perspectiva ambiental. 2.2 Gestão dos Recursos Energéticos Os recursos energéticos são as formas básicas para a obtenção de energia, dentre estas podem ser classificadas em energia renovável e energia não renovável. A energia renovável é aquela que pode ser reposta na natureza, já a energia não renovável não repõe-se pelo ambiente. Dentro destas formas de obtenção de energia o Desenvolvimento sustentável estabelece que tudo o que for consumido tende a ser reposto, propondo assim um processo integral que comporta as dimensões culturais, éticas, políticas tal como as sociais, não abrangendo apenas as dimensões econômicas A matriz energética do Brasil é muito diferente da mundial. Por aqui, apesar do consumo de energia de fontes não renováveis ser maior do que o de renováveis, usamos mais fontes renováveis que no resto do mundo. Somando lenha e carvão vegetal, hidráulica, derivados de cana e outras renováveis, nossas renováveis totalizam 42,9%, quase metade da nossa matriz energética. Essa característica da nossa matriz é muito importante. As fontes não renováveis de energia são as maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa (GEE). Como consumimos mais energia das fontes renováveis que em outros países, dividindo a emissão de gases de efeito estufa pelo número total de habitantes no Brasil, veremos que nosso país emite menos GEE por habitante que a maioria dos outros países. Você pode aprender mais sobre esse assunto em Energia e Aquecimento Global. No Brasil, as fontes energéticas renováveis como as hidroelétricas e a cana-de-açúcar são as de maiores representatividade devido ao contexto histórico de políticas adotadas ao longo dos anos. Entretanto novas tecnologias têm se expandido rapidamente como é o caso das eólicas, que experimentou um crescimento vertiginoso nos últimos anos, saltando de uma representatividade de 0,9% (2012) para 6,8% (2017) no setor elétrico brasileiro (MME, 2017). Para tudo isso a inserção de fontes de energias de menor impacto ambiental por si só não garante sustentabilidade para o sistema de energia, é necessário o correto aproveitamento e uso dessas fontes, o que está relacionado com a aplicação de instrumentos de eficiência energética que resultem em conservação de energia (NARULA et al., 2015). O modelo energético brasileiro apresenta um forte potencial de expansão, o que resulta em uma série de oportunidades de investimento delongo prazo. A estimativa do Ministério de Minas e Energia para o período 2017-2020 indica aportes públicos e privados da ordem de R$ 352 bilhões para a ampliação do parque energético nacional. A região Nordeste vem se destacando cada vez mais nesse cenário nacional, principalmente com relação a geração de energia eólica e solar. Com relação à energia eólica, esta região produz cerca de 89% do total gerado no país, com geração média diária de 8.650 MW. Em uma década, a Bahia assumiu o protagonismo, tanto em número de usinas quanto na capacidade de geração de energia. Líder nacional no número de parques, com 160 em operação, e na comercialização de projetos, a geração de energia eólica na Bahia cresceu 49,9% no primeiro semestre de 2019, quando comparado ao mesmo período do ano passado. A produção, entre janeiro e junho deste ano, foi de 7.262 Gigawatt/hora (GW/h), enquanto no mesmo período de 2018 foi de 4.844,2 GW/h. Além de registrar a maior taxa de crescimento, graças aos novos parques em funcionamento, os números fizeram o estado liderar nacionalmente na produção energética. Já com relação a energia solar, o Nordeste sedia 73,1% dos projetos centralizados e 20,2% da geração distribuída. Nessa região, destacam-se a Bahia, que detém cerca de um terço da geração centralizada do Brasil, e o Ceará, com 6,4% da geração distribuída do País. O Nordeste será a região mais contemplada nos investimentos previstos, em função de sua elevada competitividade nessa atividade. Dessa maneira a cidade de Xique-Xique se destaca na geração de energia eólica e solar, principalmente por conta da constância de radiação solar e ventos ao longo de todo o ano. Com tudo isso a empresa estudada não aderiu a possibilidade de instalação de placas fotovoltaicas, http://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/energia-e-aquecimento-global principalmente por conta de seu alto custo. Com relação a energia eólica, há a produção desta na cidade, entretanto não é utilizada diretamente na cidade, já que quando esta é gerada é transmitida e integrada ao sistema nacional de energia, sendo desta maneira utilizada de forma indireta pela população da cidade. A empresa em questão utiliza principalmente energia elétrica, água e madeira para a produção de seus produtos. Esta utiliza somente o carvão de combustível fóssil, para auxiliar na queima da madeira. 2.3 Direito e Legislação Ambiental A Resolução CONAMA nº 237 de 1997 define Licenciamento Ambiental como um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. A obrigação do licenciamento está expressa na Lei Federal nº 6938 de 1981 que prevê: “a construção, instalação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental”. O processo de Licenciamento Ambiental é constituído por três tipos de licenças. Cada uma se refere a uma etapa específica, sendo elas: Licença Prévia (LP); Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO). O prazo de validade de cada licença ambiental varia de acordo com a atividade, tipologia e situação em que se encontra a área de instalação. A licença ambiental é um documento com prazo de validade definido, na qual o órgão ambiental competente determina todas as medidas, regras e condições que devem ser seguidas pela empresa, que possibilitam o controle ambiental. Os principais aspectos que são avaliados são: capacidade de geração de poluentes, produção de resíduos sólidos, emissão de poluentes atmosféricos, geração de ruídos e possibilidade de riscos de explosões e incêndios. Ao emitir e receber em mãos a licença o empresário se encarrega de todos os compromissos necessários para manter a qualidade ambiental do local em que o empreendimento vai se instalar (FIRJAN, 2004). A competência de realizar o licenciamento pode ser conferida a três esferas diferentes de poder, a depender do tamanho e características do empreendimento. Na esfera federal quem é responsável pelo licenciamento é o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, englobando atividades desenvolvidas em mais de um Estado, em terras indígenas, ou ainda quando os impactos cruzarem as fronteiras do Brasil. Na esfera estadual o responsável é o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA, licenciando empreendimentos localizados em mais de um município do estado da Bahia, ou ainda em áreas de floresta e unidades de conservação (CAERN, 2013). Como forma de institucionalizar a integração das Políticas Estruturantes de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos e a modernização e qualificação do processo de gestão ambiental na Bahia, foi sancionada no mês de dezembro de 2011 a Lei nº 12.377/2011 alterando a 10.431/2006, trazendo novas modalidades de licenciamento: a Licença de Regulamentação (LR), concedida para regularizar atividades ou empreendimentos em instalação ou funcionamento, mediante recuperação ambiental e a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC) concedida eletronicamente para empreendimentos de pequeno e médio portes. Além destas, as licenças podem ser de diferentes tipos, a depender da fase, impacto e tipologia do projeto: Prévia (LP), Implantação (LI), Prévia de Operação (LPO), Operação (LO), Alteração (LA), Unificada (LU), Regularização (LR), Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC), além das Autorizações Ambientais. Já na esfera municipal as atividades são licenciadas pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, nesse caso são empreendimentos ou atividades que causem impactos locais, onde se encaixa a Padaria Pão da Vida. O primeiro passo para realizar o licenciamento ambiental foi fazer a solicitação do requerimento padrão para preenchimento no setor de panificação na Secretaria de Meio Ambiente, então foram preenchidos os formulários solicitados. Após a entrega da documentação a Secretaria fez a análise destes, logo em seguida fez a vistoria para analisar o atendimento das condicionantes, depois foi emitido o parecer técnico pela equipe técnica responsável e por fim foi emitida a licença. As empresas, ao se adequarem às exigências de mercado e à legislação vigente por meio do licenciamento ambiental, adquirem uma espécie de passaporte para ingressar em um cenário repleto de oportunidades e ganho de competitividade. É que cumprir as normas estabelecidas por lei e órgãos ambientais é sinalização relevante para os consumidores de que a empresa está apta a fornecer produtos saudáveis, produzidos de acordo com os princípios de controle dos impactos ambientais. 2.4 Desenvolvimento Sustentável O conceito de desenvolvimento sustentável nasce na década de 80, do século XX, no âmbito da Organização das Nações Unidas (United Nations General Assembly, 1987) e se propala em diversos países do mundo, em resposta a uma série de questões ambientais e sociais que ganham corpo no decorrer dos anos 70, daquele mesmo século, que apontam a necessidade de uma mudança nos paradigmas de desenvolvimento econômico vigentes, sempre privilegiando o desenvolvimento econômico, sem considerar a necessidade dos avanços sociais e as questões ambientais. O relatório “Nosso Futuro Comum” (United Nations General Assembly, op cit) apresentou, pela primeira vez, a definição de Desenvolvimento Sustentável, como sendo: o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suaspróprias necessidades. Logo após a definição deste conceito, o texto do relatório estabelece que o processo de mudança e a construção do desenvolvimento sustentável só poderão ser alcançados através da educação, desenvolvimento institucional e reforço das leis. Neste sentido, observa-se uma série de ações governamentais em todo o mundo, que corroboram para a implementação deste processo de transformação. Dentre estas ações, destacamos a elaboração das Agendas 21 e a incorporação dos princípios nela previstos nos programas políticos em diversos países, bem como projetos de cooperação internacional e transferência de tecnologia. De uma maneira geral, podemos dizer que os grandes desafios estabelecidos pela ideia do desenvolvimento sustentável são: Garantir a disponibilidade dos recursos naturais para as gerações futuras; Garantir padrões de consumo dentro dos limites ecologicamente aceitáveis e possíveis de serem alcançados, ou almejados, por todos os seres humanos; Não ultrapassar os limites da biosfera para assimilar os diversos tipos de resíduos gerados através dos processos produtivos das sociedades modernas; Reduzir a pobreza no mundo, equilibrando a distribuição global da renda e melhorando a qualidade de vida mundial (IBGE, 2008). Uma das grandes conquistas da popularização do conceito de desenvolvimento sustentável é o reconhecimento das inter-relações entre a economia, o meio ambiente e as questões sociais, já que a grande maioria dos economistas clássicos sempre considerou que o meio ambiente afeta apenas ocasionalmente o funcionamento do sistema econômico, uma vez que a economia seria um sistema fechado sem inter-relações significativas com o meio externo, deixando de lado as questões sociais e ambientais. Outra abordagem da economia que tem muito a corroborar com a ideia do desenvolvimento sustentável é a escola da economia da sobrevivência que, além de enfatizar a necessidade de preservação das oportunidades para as gerações futuras, assenta-se em uma base analítica que se apoia na segunda lei da termodinâmica – a lei da entropia, focalizando as inter-relações entre o sistema econômico e seu meio externo. No Brasil, o Decreto Federal de 26 de fevereiro de 1997 criou a Comissão para as Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS), que ficaram responsáveis pela proposição das estratégias governamentais de desenvolvimento sustentável, além de coordenar, elaborar e acompanhar a implementação da Agenda 21 nacional. Esta comissão é presidida pelo representante do Ministério do Meio Ambiente. No Estado da Bahia, com o intuito de consolidar um estilo de desenvolvimento sustentável nas políticas públicas e aumentar a capacidade governativa em sentido amplo, a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR elaborou os Programas de Desenvolvimento Regional Sustentável - PDRS (CAFFÉ, 2002), considerando as regiões econômicas de planejamento do Estado como espaço de referência e como foco da organização social. Entretanto, com as mudanças políticas ocorridas na Bahia em 2007, com a derrota do grupo político que administrava o Estado por mais de 30 anos, os Programas de Desenvolvimento Regional Sustentável foram abandonados, apesar do diagnóstico social, econômico e ambiental e da mobilização social que promoveram nas regiões onde foram realizados. Já ficou bem evidente a importância do licenciamento ambiental para que a empresa torne-se mais sustentável obedecendo as condicionantes da mesma, consiga coletar de forma adequada seus resíduos e contribua para a preservação do meio ambiente, como também para o desenvolvimento econômico. Com base em tudo isso foram explicados esses conceitos e foi perguntado ao dono da Padaria Pão da Vida quais medidas eram adotadas pela empresa para que esta fosse cada vez mais sustentável. O empresário afirmou que doa resíduos secos gerados para uma cooperativa de materiais recicláveis, que passa semanalmente em seu comércio, esta reutiliza materiais como papelão, plástico e vidro para a confecção de objetos que são vendidos na própria cidade. Com relação ao óleo que é produzido pela padaria, este é vendido para pessoas que o reutilizam para a produção de sabão. Dessa maneira, vários impactos ambientais são evitados, além de surgir a possibilidade da geração de renda através da comercialização de sabão artesanal. O próximo passo que o empresário pretende adotar nesse sentido é a substituição do forno a lenha por um forno a gás, o que diminuirá inclusive a emissão de poluentes que tanto prejudica a população. CONCLUSÃO Este estudo mostrou que gerenciar uma panificadora é uma atividade um tanto quanto complexa, pois envolve ao mesmo tempo indústria e varejo, ou seja, toda panificadora compra matéria-prima, transforma, embala e entrega ao consumidor final. Mais complexo é gerenciar de forma a atender os conceitos da gestão ambiental. Avaliando a atual conjuntura do Brasil, as hidrelétricas ainda persistem sendo a fonte de geração de energia mais lucrativa, visto que a despeito de seu custo de investimento ser maior, e sua vida útil é a mais longa, fazendo com que o lucro seja maior e por mais tempo. Dessa maneira a necessidade de desenvolver políticas energéticas mais sustentáveis tem se mostrado cada vez mais urgente em função da relação que a prestação de serviços de energia de forma justa, segura e confiável têm com o desenvolvimento sustentável, uma vez que o acesso aos serviços de energia pode se constituir como um fator limitador ou impulsionador desse tipo de desenvolvimento. O processo de Licenciamento Ambiental é composto de várias etapas e exigências, além de ser uma obrigação legal, esse processo pode ser simplificado, quando o panificador busca nesse contexto trabalhar com o órgão ambiental, desde o início da instalação de sua atividade de forma transparente, buscando soluções para o desenvolvimento de sua atividade, respeitando o meio ambiente. Foi possível visualizar que o empresário apesar das dificuldades vem se esforçando para atender as condicionantes da legislação vigente e vem também buscando novas alternativas, mais sustentáveis, para a destinação final dos resíduos ali produzidos. 3. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei Nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981. Política Nacional do Meio Ambiente. Brasília, DF, 1981. Disponível em: www.bvambientebf.uerj.br BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997. Brasília, DF, 1997. Disponível em: www.mma. gov.br CAERN-Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte. Manual de Licenciamento Ambiental. Natal/RN, 2013. Disponível em: <http://www.crbio05.gov.br/imagens/legislacao/manual_de_licenciamento_ambiental_5ed_a. pdf> Acesso em: 28/10/2019. CAFFÉ, J. T. D. -2002- A retomada do planejamento regional e o desenvolvimento sustentável. Bahia Análise & Dados. Salvador, v. 12, p. 71-73 CRUTZEN PJ, ANDREAE MO. Biomass burning in the tropics: Impacts on atmospheric chemistry and biogeochemical cycles. Science 1990; 250:1669-78. FIRJAN-Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro. Manual de Licenciamento ambiental: guia de procedimento passo a passo. Rio de Janeiro: GMA, 2004. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae.pdf> Acesso em: 28/10/2019. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -2008- Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, BRASIL-2008. Estudos & Pesquisas, Informação Geográfica, n.-5. Disponível em: http://w.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/default.shtm?c=1, acesso em 01/Set/2019. MEDEIROS A, GOUVEIA N. Relação entre baixo peso ao nascer e a poluição do ar no município de São Paulo. Rev Saúde Pública. 2005;39(6):965-72. MME. Resenha Energética Brasileira - 2017. Disponível em: <http://www.mme.gov.br> acesso em: 27 de outubro de 2019. NARULA, K.; REDDY,B. S.. Three blind men and an elephant: The case of energy indices to measure energy security and energy sustainability. Energy, v.80, p.148-158, 2015. QUEIROZ, E. B. Manual para controle de emissão de fumaça em forno e caldeiras de pequenas capacidades. Recife: CPRH, 2009. http://www.crbio05.gov.br/imagens/legislacao/manual_de_licenciamento_ambiental_5ed_a.pdf http://www.crbio05.gov.br/imagens/legislacao/manual_de_licenciamento_ambiental_5ed_a.pdf https://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae.pdf
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