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Alunas: Danniele C. Vieira Schelemei Flávia Jarosczynski Mattos Nathally C. Kopetski Turno: Manhã Período: 2º Disciplina: Nós e incisões Professora: Fernanda Fragoso 2019 Cirúrgicos I N T R O D U Ç Ã O O fio de sutura começou a ser usado para o fechamento das feridas 3.500 anos antes de Cristo no Egito e até hoje o ato de suturar continua o método mais comum para reaproximação das bordas das feridas cirúrgicas. A síntese cirúrgica e a amarração de estruturas têm papel essencial na técnica cirúrgica. A escolha de material adequado, além de facilitar o procedimento, leva seu resultado mais próximo ao ideal. A tecnologia em equipamentos médicos e a indústria da saúde fez crescer o número de opções de materiais e facilitou a execução técnica dos procedimentos. Cabe ao cirurgião e a nós instrumentadores cirúrgicos, o conhecimento e a atualização aos materiais cirúrgicos bem como suas propriedades e indicações. A perfeita cicatrização nas suturas das feridas cirúrgicas é um resultado desejado em qualquer tipo de cirurgia. Os fios são usados para unir tecidos lesados, além de ligaduras de vasos sanguíneos (hemostasia) que impede o sangramento, resultado de uma lesão ou corte. A qualidade do fio utilizado numa sutura tem importância fundamental no aspecto final da cicatriz. M A T E R I A L D O F I O Os fios de sutura são classificados considerando sua degradação pelo organismo (absorvíveis ou inabsorvíveis), sua origem (animal, orgânicos, sintéticos, mistos ou minerais) e à quantidade de seus filamentos (multifilamentados ou monofilamentados). Fios absorvíveis geram reação local de hidrólise ou proteólise, perdendo cerca de 50% de sua força tênsil em quatro semanas. Em período de tempo variável, podem ser completamente absorvidos. Conforme sua duração, podem ser absorvíveis de curta permanência, como o fio de catgute, ou absorvível de longa permanência, como o fio de poligalactina. No outro extremo, existem os fios inabsorvíveis, que não são completamente degradados pelo organismo, como os fios de aço, de algodão, de nylon ou de polipropileno. Apesar de não serem completamente absorvidos e eliminados pelo organismo, os fios não absorvíveis perdem sua força tênsil em tempo variável (por exemplo, fio mononylon diminui 20% sua força tênsil em um ano). Porém, mesmo sem a totalidade de sua função, permanecem presentes no organismo, gerando reação de corpo estranho. Os fios absorvíveis são completamente eliminados em determinado período de tempo, com secundária perda de função, porém esse processo gera reação de corpo estranho local de amplitude mais importante quando comparados aos inabsorvíveis. Quanto à origem, os fios podem ser orgânicos, sintéticos, mistos ou minerais. Como exemplos, o fio de algodão é um fio orgânico, o fio de aço é um fio mineral, o fio de nylon é um fio sintético. Fios orgânicos geram maior reação de corpo estranho, porém são fios geralmente de menor custo. Fios minerais são os que produzem menor reação, permanecendo com suas propriedades e exercendo sua função durante tempo indefinido. Entretanto, são de difícil manuseio e sua presença e inextensibilidade podem causar lesões. Os fios sintéticos possuem características intermediárias entre os dois grupos. Um fio cirúrgico considerado ideal deve: Permitir sua aplicação na maioria dos tecidos; Ser absorvido simultaneamente com o processo de cicatrização; Calibre fino e regular; Baixa retenção de fluidos e capilaridade; Ocasionar a mínima reação tissular; Não favorecer desenvolvimento bacteriano; Ser macio, flexível para obtenção de nó seguro; Fácil e confiável esterilização; (SER ESTÉRIL) Ter ótima resistência tênsil, que permite o uso de fios com diâmetro, menores; Oferecer boa visualização; Apresentar baixo custo. A configuração dos fios pode ser monofilamentar (um único filamento) ou multifilamentar (vários filamentos). Estes últimos podem ser, ainda, torcidos, trançados ou trançados revestidos. Fios monofilamentares possuem menor capilaridade e deslizam com menos fricção. Contudo, possuem tendência à memória. O revestimento de fios multifilamentares, por exemplo com substâncias antibióticas, tenta atenuar suas deficiências. Manuseabilidade: a memória (tendência para manter a posição – quanto maior memória maior é a dificuldade em dar os nós e mantê-los com tensão) a elasticidade e a tensão dos nós. Elasticidade: posição inicial após a sutura ter sido estirada. Tensão: força necessária para o deslizamento do nó, e para partir a sutura. Os fios têm diâmetros ou calibres variados expressos em número de zeros (#-0), por exemplo 2- 0 ou 6-0. O número de zeros corresponde a um diâmetro capaz de determinada resistência tênsil. Isto é, fios de mesmo número, por exemplo aço 3-0 e categute 3-0, podem ter diâmetros diferentes. Colas biológicas e adesivos cirúrgicos foram desenvolvidos com o propósito de auxiliar ou mesmo suprimir a função dos fios na síntese de tecidos. Entretanto permanecem sendo materiais pouco utilizados pelo seu preço e sua indicação restrita a sínteses de determinados tecidos (como a pele, por exemplo). Tabela de Classificação dos fios de sutura quanto à absorção, origem do material, composição e capilaridade. A B S O R V Í V E I S São aqueles que sua absorção se faz por degradação enzimática. Estes fios, obtidos do intestino do carneiro e outros herbívoros. Tratadas por um processo físico- químico de purificação, torcidas, formando um fio só, de espessura variável, determinada pelo número de fitas de que foram torcidas juntas. Passa por processo de secagem e depois embalado em involucro que contenha líquido (solução alcoólica) para conservação do produto. CATEGUTE (CATGUT) Fio fabricado a partir do colágeno extraído da submucosa do intestino de ovinos ou da serosa intestinal de bovinos, existe disponível como catgut simples e catgut cromado. O simples perde metade da resistência após 5 a 7 dias nos tecidos e 100% após 3 a 4 semanas. O tratamento do fio com sais de cromo prolonga o tempo de absorção e aumenta sua resistência à tensão. O catgut cromado perde 50% da resistência em 19 a 20 dias e 100% após 5 semanas nos tecidos. Trata-se de um fio monofilamentar, absorvido pelo mecanismo de digestão enzimática, que provoca reação tecidual significativamente mais intensa do que os absorvíveis sintéticos. Deve ser evitado em suturas de tendões e fáscias, uma vez que são estruturas de cicatrização lenta, que são submetidas a esforços e tensões constantes. Além disso, o tempo de absorção do catgut é imprevisível. É contraindicado em suturas de úlceras duodenais sangrantes ou perfuradas, anastomoses pancreatojejunais e anastomoses biliares, pois pode ser rapidamente desintegrado pela ação de enzimas proteolíticas. CATGUT SIMPLES: Tem maior facilidade de manipulação pois tem menor rigidez. São usados em Cirurgias ginecológicas, gastroenterológicas, infantis, laparotomias, bexiga, utilizado na pele, tecido celular subcutâneo, aponeurose, músculo, peritônio parietal, peritônio visceral (as vísceras são suturadas de acordo com o cirurgião). CATGUT CROMADO: é considerado como fio de sustentação cirúrgica por ser mais forte. São usados nos músculos, peritônio, submucosa e órgãos de maior tensão. ÁCIDO POLIGLICÓLICO (DEXON -SAFIL) Fio multifilamentar trançado,sintético, absorvível por hidrólise, na qual é liberado o monômero ácido glicólico solúvel. Ou seja, é composto de homopolímero de ácido glicólico e uma camada de estearato de cálcio. Foi demonstrado experimentalmente que o ácido poliglicólico perde totalmente sua resistência após 28 dias nos tecidos e é 100% absorvido decorridos 60 dias. Estudo clínico mostrou que o fechamento de parede abdominal com ácido poliglicólico resultou em 16% de infecção, índice significativamente maior do que os 7% de infecção que ocorreram quando as feridas foram fechadas com fio absorvível sintético monofilamentar. São usados em suturas do peritônio, subcutâneo, chuleio intradérmico, laqueadura vascular, estômago, intestino, vesícula e vias biliares, vias urinárias, cavidade oral, cirurgia ginecológica, cirurgia torácica. Não indicado para aponeurose (tempo extenso na cicatrização). POLIGLACTINA (VICRYL - TECH-PGA) Multifilamentar, é formado por 90% de ácido glicólico e 10% de ácido lático. Cerca de 50% do fio é absorvido por hidrólise após o 28º dia pós-operatório e 100% após o 70º dia. Quando comparado com a polidioxanona (PDS) em suturas intradérmicas quanto à presença de eritema, enduração, infecção e cicatriz hipertrófica, não houve diferença significativa. Usado em pieloplastia experimental em coelhos, revelou-se o fio mais adequado em comparação com outros fios absorvíveis naturais e sintéticos. Os materiais de sutura interagem com células imunocompetentes, podendo afetar a imunidade do hospedeiro. Em trabalho experimental foi estudada a influência de fatores solúveis de vários fios de sutura sobre a função dos macrófagos. Verificou-se que sua capacidade de fagocitose, de aderência, de produção de lisozima e de fator de necrose tumoral foi significativamente mais afetada pela poliglactina, em comparação com os demais fios. Utilizado em cirurgias gastrintestinais, urológicas, ginecológicas, oftalmológicas, e na aproximação do tecido celular subcutâneo. Na pele em pontos intradérmicos. Não deve ser utilizado em procedimentos cardiovasculares e neurológicos. VICRYL RAPIDE: Fio sintético de rápida absorção, trançado (Poliglactina 910+irradiação ionizante), com cobertura de Poliglactina 370+estearato de cálcio. Tem uma reação inflamatória menos intensa quando comparada a reação provocada pelo catgut. A absorção total deste material se dá em até 42 dias. POLIDIOXANONA (PDS) Fio monofilamentar produzido a partir da polimerização da paradioxanona. De cor violeta, absorvido por hidrólise, seu tempo de absorção é mais prolongado que o da poliglactina. Em média a absorção do fio inicia após 90 dias e termina após 180 dias. Anastomoses e microanastomoses realizadas mostraram que a polidioxanona provocou pequena reação inflamatória quando comparada com outros materiais de sutura. Estudo in vitro demonstrou que os fios de sutura liberam fatores imunotóxicos que influenciam consideravelmente o comportamento dos macrófagos e que esses efeitos podem ter implicações clínicas importantes. Dentre os fios testados no estudo, a polidioxanona e o aço foram os materiais que provocaram a menor inibição nas funções dos macrófagos. São usados em suturas de tendões, cápsulas articulares e fechamento da parede abdominal. São usados em cirurgia oftalmológicas, torácica (coarctação da aorta). POLIGLECAPRONE (MONOCRYL) Monofilamentar absorvível, é um copolímero da epsilon-caprolactona e glicolida. Testes laboratoriais mostraram que apresenta excelente facilidade de manuseio, resistência mínima durante a passagem através dos tecidos e resistência à tensão adequada. O tempo de absorção completa-se entre 90 e 120 dias de implantação nos tecidos, com mínima reação tecidual. Utilizado para aproximar a pele. Não deve ser utilizado em procedimentos neurológicos, cardiovasculares e oftalmológicos. POLIGLICONATO (MAXON) Monofilamentar de absorção lenta, apresenta alta resistência. Estudo clínico randômico demonstrou que o poligliconato, mesmo usado com menor diâmetro do que o ácido poliglicólico, manteve grande resistência à tensão no pós-operatório, quando empregado no fechamento de parede abdominal. Em se tratando de fio monofilamentar, apresentou índice de infecção significativamente menor (7%) no fechamento de laparotomias, quando comparado com o ácido poliglicólico (16%). Apresenta o nó mecanicamente mais seguro do que o poliglecaprone e poliglactin. Estudo realizado em coelhos, em que foram realizadas anastomoses da artéria femoral sob tensão normal e aumentada mostrou, à microscopia ótica e eletrônica, que o fio de poligliconato mantem a resistência à tensão até a completa cicatrização das anastomoses. A reação tecidual revelou-se mínima e a absorção completa foi seguida de regeneração total da parede vascular, demonstrando que o fio é adequado para esse tipo de tecido. GLICONATO (MONOSYN) É composto por um tripolímero conhecido por gliconato (72% de glicolida, 14% de carbonato de trimetileno e 14% de caprolactona) formando assim um monofilamento absorvível síntetico para tecidos com cicatrização a médio prazo. A ideia é substituir o Catgut Cromado. Degradação por hidrólise entre 60 e 90 dias. Indicado para cirurgias gastrointestinal, ginecologia, obstetrícia, plástica, pediatria e urologia. Não indicado para anastomoses, cardiovasculares, sutura de aponeuroses e tendões. I N A B S O R V Í V E I S São aqueles que, mesmo sofrendo ação de enzimas orgânicas, não são absorvidos nem digeridos pelos tecidos durante a cicatrização. Com o tempo tornam-se encapsuladas por tecido fibroso. Quando usado na pele ou em pontos de retenção este tipo de fio é retirado. ALGODÃO, LINHO E SEDA São fios multifilamentares de fibras naturais, possuem elevada resistência, são de fácil manuseio e proporcionam nó mecanicamente firme. Sua grande virtude é o baixo custo, razão pela qual ainda hoje são amplamente utilizados em muitos hospitais. Por serem multifilamentares de alta capilaridade, potencializam a infecção mais do que os fios monofilamentares inabsorvíveis. A intensa reação inflamatória que provocam diminui a resistência dos tecidos à infecção e a estrutura multifilamentar retém as bactérias na sua intimidade. Isso facilita a infecção de parede, a formação de fístulas e a eliminação de pontos através das feridas operatórias. Desse modo, esses fios devem ser evitados na sutura de feridas que apresentam contaminação bacteriana grosseira. A seda, em particular, exerce um considerável efeito inibidor sobre as funções dos macrófagos, prejudicando principalmente a adesividade dessas células. ALGODÃO (POLYCOT) Extraídos dos filamentos ou fibras de longas de algodão, de grande resistência, de origem vegetal, que oferece baixa reação tissular. Por ser não absorvível, permanece encapsulado pelo organismo. Reação tecidual moderada nos primeiros 7 dias, diminuindo gradativamente até o seu processo de encapsulamento pelos tecidos. Não agulhado. Sua numeração vai de 0 a 4.0. Quando preso a um clipe é chamado de Sutupak. Utilizado para ligaduras de vasos e em cirurgias gastroenterológicas. Fio agulhado, Utilizado em cirurgias gerais. Existe ainda, a fita de algodão branco trançado, para uso em cirurgia cardíaca e em laqueadura de cordão umbilical. Conhecido como fita cardíaca. LINHO (LINEN) É extraído das fibras do caule do linum usilatisissimum, longos, especialmente selecionados para uso cirúrgico, sendo torcidas juntas e tratadas para se obter uma alta resistência tênsil. É empregada em ligaduras (suturas de planos e transfixações), que será necessária elevada resistência e longa permanência. SEDA (SIILK) Fio extremamente delicado, derivado dos filamentos de seda branca, apresenta-secomo multifilamento trançado ou torcido, é impermeabilizado, pouco elástico, não permite a infiltração de líquidos através de suas malhas. É um dos fios absorvíveis são que produzem maior reação tissular, tem uma grande força tensional, não é irritante, permanece firme e sem deslizar, a cicatrização é geralmente muito mais rápida. Não deve ser usado quando há infecção. Usados em cirurgias geral e gastroenterológicas 2.0 e 3.0, em cirurgia pediátrica e neurocirurgia 4.0 e 5.0, e em cirurgia oftalmológica 6.0 e 8.0. POLIÉSTER (MERSILENE – TI-CRON – ETHIBOND – VITALON-impregnado de teflon) Primeiro fio sintético não absorvível a ser produzido. Confeccionado através da polimerização de éster resultante da combinação do etilenglicol com o ácido tereftálico, é multifilamentar, trançado, de alta resistência. Por ser um fio de alto coeficiente de atrito, o manuseio não é dos mais fáceis, o que torna seu uso limitado. Os nós apresentam qualidades mecânicas desfavoráveis, o que fez com que se tentasse a melhoria da qualidade revestindo sua superfície com teflon, silicone e polibutilato, visando também, diminuir sua capilaridade. O poliéster induz uma reação tecidual significativamente maior do que o polipropileno no fechamento de feridas abdominais, com maior risco de infecção. A adição de materiais inertes e impermeáveis como cobertura dos filamentos de poliéster não alterou significativamente a resposta inflamatória tecidual, nem fez diminuir a incidência de infecção em feridas contaminadas suturadas com esse fio. Assim sendo, deve ser evitado em feridas com essas características. Utilizados em aponeuroses, tendões e vasos. Contraindicado para sutura em local infeccionado. Ti-cron - Poliéster trançado, impregnado em silicone. Estes fios encontramos montado com agulhas de pontas cilíndricas ou triangular, na numeração de 0 a 6.0, são usados em cirurgia cardíaca (implante de válvulas cardíacas artificiais) hérnias e cirurgia geral. ETHIBOND é multifilamentado de poliéster trançado, impregnado com polibutilato (derivado do próprio poliéster), que não sai no campo operatório (ao contrário do Ti.Cron). Elevada resistência a tração e segurança dos nós, escassa reação tecidual. POLIAMIDA (NYLON – SUPERLON – NORULON) Feito de proteínas sintéticas provenientes de derivados do carvão e alcatrão. Disponível como monofilamentar e multifilamentar trançado, o nylon provoca pequena reação tecidual, pode ser utilizado e é bem tolerado em tecidos infectados na apresentação monofilamentar. É de baixo custo, de fácil manuseio, porém, os nós podem desfazer-se com muita facilidade. Tal característica obriga o cirurgião a confeccionar múltiplos nós em cada ponto de uma sutura, fazendo com que bactérias proliferem nas reentrâncias desses nós. Tido outrora como material quimicamente inerte, o nylon decompõe-se ao longo do tempo em hexanodiamina e ácido adípico, de maneira que após 6 meses nos tecidos, perde quase totalmente sua resistência à tensão. Essa perda de resistência dá-se pela degradação química e não por fenômenos físicos como exaustão da matéria ou desfeita dos nós. Enzimas proteolíticas provocam a hidrólise ao atacarem o grupo amida do polímero, resultando em hexanodiamina e ácido adípico. Estudo in vitro indicou uma provável ação antibacteriana desses produtos de degradação do nylon, capazes de reduzir o número de colônias de Staphylococcus aureus em concentrações variadas. Entretanto, quando o fio foi implantado no subcutâneo de ratos por um período prolongado, seus supostos produtos de degradação não apresentaram qualquer ação antibacteriana. Utilizado para aproximação de tecidos em geral, procedimentos cardiovasculares, oftálmicos e neurocirúrgicos. Nylon não absorvível, porém, biodegradável. Usados em tecidos inerte, ou seja, sem movimentação, preferível para suturas de pele e para fechar paredes. POLIPROPILENO (PROLENE – SURGILENE - PROPILENE) Fio monofilamentar, disponível na cor azul, biologicamente inerte mesmo na presença de infecção. É de fácil manuseio, o nó é firme, tem elasticidade adequada e grande resistência química a ácidos, álcalis e enzimas. Sua resistência à tensão permaneceu imutável em testes realizados após vários anos de implantação nos tecidos. O polipropileno apresenta grande resistência à ruptura, embora possa com facilidade ser fraturado pelo porta-agulhas, como ocorre frequentemente com os fios monofilamentares. A alta resistência, aliada à adequada elasticidade, faz dele um fio adequado para anastomoses vasculares, anastomoses de tendões e suturas da parede abdominal. Utilizado em cirurgia vascular, cirurgia cardíaca (anastomoses de by-pass coronários, fechamento de cavidades cardíacas, etc), cirurgia plástica, parede abdominal, reparação de nervos, aponeurose. Pode ser incolor ou na cor azul, e a sua numeração vai de 0 a 7.0. POLITETRAFLUOROETILENO (PTFE) Fio monofilamentar não absorvível, testado com bons resultados na cirurgia plástica. Em estudo comparativo com 10 outros fios de sutura, foi verificado que o PTFE provocou a menor reação tecidual, tornando-o considerado o fio de escolha para a cirurgia plástica facial, onde são críticos os resultados funcionais e estéticos. AÇO (ACIFLEX - VANICRON) O índice de infecção relativamente alto encontrado com o uso de fios de aço monofilamentar ou multifilamentares pode ser o resultado de suas características físicas e químicas. O aço não é tão inerte quanto os polímeros sintéticos. O metal pode degradar-se através da corrosão ou por eletrólise, resultando em lenta transferência de íons metálicos para os tecidos. Ambos os processos são muito lentos, mas podem ter importância na etiologia da infecção de ferida operatória. Os fios de aço, por serem rígidos, podem provocar considerável irritação mecânica nos tecidos com os movimentos dos operados, gerando desconforto. O tecido assim lesado pode tornar-se susceptível à infecção. Alguns trabalhos relatam o uso de esponjas de colágeno impregnadas com gentamicina em suturas de esternotomias para prevenir infecção, sem bons resultados. O fio de aço é de alta resistência e de difícil manuseio pela escassa flexibilidade que apresenta. É frequentemente utilizado nas suturas em massa da parede abdominal, nas esternorrafias, na cirurgia traumato-ortopédica e nas herniorrafias. Usado com bons resultados em diversos tipos de sutura de diferentes órgãos. Mcdonald demonstraram que este fio assegurou uma fixação segura ao tendão, quando comparado ao Ethibond e Supramid, apresentando mínimo alongamento do multifilamento de aço inoxidável e melhor capacidade de retenção do nó, resultando em uma maior resistência à tração final em reparos de tendões. Encontramos vários tipos de fios metálicos: clipes de prata, fio de bronze, agrafes de Michel, e fio de aço inoxidável. Utilizado em cirurgias ortopedias, buco-maxilo, cirurgia torácica (fechamento de esterno), neurocirurgia. Sua reação tissular é praticamente nula, e sua permanência pode ser definitiva. É a sutura mais resistente de todas, e pode ser usado em casos de infecção. Acima tabela de comparação do nome comercial de cada fio fabricado de acordo com a empresa. Cada fio tem uma espessura e serve para procedimentos específicos. Fios finos 6-0 a 4-0 são usados em microcirurgias como; plástica; vascular; suturas de pele; e reconstruções de estruturas fins e delicadas (ureter, vias biliares, tuba uterina). Fios intermediários 3-0 a 1-0 são usados em cirurgias abdominais e ginecológica. Fios grossos 1 a 3 são usados quando necessário grande força tênsil, como as cirurgias abdominais, torácica, regiões de tendões e músculos. A G U L H A S Os fios cirúrgicos são utilizados soltos, para nós manuais, ou com auxílio de agulhas. Podem ser originalmente fabricados emontados com agulha ou o processo de acoplamento fio-agulha ser realizado no ato operatório. A agulha tem por função promover a passagem do fio pelo tecido com o menor trauma possível. Dividem-se em fundo (região em contato com o fio), corpo e ponta. Podem ser montadas originalmente no fio (atraumáticas) ou de múltipla utilização e montagem em fios (traumáticas). Esta diferenciação guarda relação com o maior calibre do fundo da agulha em relação ao fio. Quanto ao seu formato, podem ser retas ou circulares. As redondas têm curvatura relacionada à fração de um círculo (1/4, 3/8, ½, 5/8). Diferentes curvaturas facilitam determinado movimento durante sua utilização. Sua ponta pode ser triangular (cortante), redonda ou espatulada. Seu corpo varia entre retangular, redondo e espatulado, fazendo uma transição entra a ponta e a inserção do fio. Agulhas cortantes facilitam a técnica cirúrgica em tecidos resistentes, como a derme, por exemplo. Porém, tecidos nobres como fígado ou córnea podem exigir menos trauma local, indicação de utilização de agulhas rombas e espatuladas. Porcentagem do círculo das agulhas Partes da agulha Traumáticas Atraumáticas Cirurgia gastrointestinal Cavidade nasal/oral Nervos Faringe Tendão Vasos Olho Aplicação primaria Microcirurgias Aponeurose, trato biliar dura mater, olho, fáscia cavidade nasal/oral cirurgia gastro, musculo, miocárdio, nervo periósteo, pleura, tendão trato urogenital e vasos. Trato biliar, olho, cirurgia gastro, musculo, pélvis, peritônio, faringe, pleura, aparelho respiratório, pele, subcutâneo, cirurgia ortopédica. Cirurgia cardiovascular, pélvis e trato urogenital. Tipos de agulhas quanto ao fundo: - Verdadeiro - Falso - Sertix (qualquer fio que já venha com agulha) Tipos de agulhas quando a ponta AGULHAS CILINDRICAS ou ATRAUMATICAS (não cortante): estas agulhas tem corpo arredondado e são usados em tecidos que oferecem pouca resistência a passagem da agulha. PONTA AFIADA: tem corpo arredondado adelgaçando-se até se tornar puntiforme. Esta agulha é geralmente escolhida quando se pretende que haja o mínimo de trauma nos tecidos. PONTA ROMBA: a agulha de ponta romba ou atraumática é uma agulha sem ponta usada para suturar tecidos friáveis (órgãos compactos: fígado, rim, baço) VISIBLACK: é uma agulha de ponta cônica fina. Tem melhor penetração, o traumatismo é mínimo e é colorida de preto para melhor visibilidade no campo operatório e reduz o reflexo das luzes do mesmo. Usadas em cirurgias cardiovasculares e anastomoses das trompas uterinas. AGULHAS LANCEOLADAS, TRAUMATICAS ou CORTANTES: apresenta-se como uma lâmina na extremidade com corte dos dois lados. São usadas em planos ou tecidos cuja constituição é dura. AGULHA de MAYO e TAPERCUT: tem uma extremidade cortante confinada apenas à ponta, ponta lanceolada – melhor penetração e corpo cilíndrico. São usados em cirurgias cardíacas, fáscia, ginecologia. AGULHA LANCEOLADAS DE CORTE CONVENCIONAL: tem dois bordos cortantes laterais e um terceiro na curvatura interior (procura a superfície) e o corpo é achatado. São usados em ligamentos, tendões, cavidade nasal, orofaringe e pele. AGULHAS LANCEOLADAS DE CORTE INVERTIDO: Tem dois bordos cortantes laterais e um terceiro na curvatura exterior (procura e profundidade). Devido a ponta, é mais forte e elimina o risco de a sutura rasgar o tecido. Usada em cirurgias plásticas, ortopédicas e pele. AGULHA ESPATULADA: A agulha é afiada, achatada, com bordos laterais cortantes, geralmente usadas em cirurgia oftalmológicas. As agulhas retas estão em desuso, e as agulhas semi-retas são pouco usadas. S U T U R A M E C Â N I C A Os grampeadores cirúrgicos propiciam significativa redução no tempo cirúrgico com total segurança na aproximação de tecidos e anastomoses. Como consequência, o período de internação no pós-operatório e abreviado de forma que os custos totais da internação se tornam mais baixos, possibilitando administração mais eficaz. C O N C L U S Ã O A decisão do uso de fio absorvível, inabsorvível, monofilamentar ou multifilamentar depende de uma série de fatores. Há que se considerar o tempo necessário para a ferida cicatrizar, a tensão suportada pelos tecidos durante o processo de cicatrização e a questão da necessidade temporária ou permanente do fio de sutura para garantir o suporte mecânico. Estudos experimentais revelaram que os fios de sutura em feridas da parede abdominal pararam de exercer suporte mecânico entre os dias 15 e 28 do pós-operatório, e que a aponeurose readquiriu apenas 41% de sua resistência inicial 2 meses após ter sido suturada. Tanto achados como estes, quanto a complexa dinâmica das estruturas músculo-aponeuróticas da parede abdominal e sua susceptibilidade a hérnias incisionais e deiscências, têm provocado discussão a respeito da escolha do melhor fio de sutura a ser usado. As variações no comportamento dos diferentes tipos de materiais de sutura têm sido amplamente estudadas in vivo, in vitro, experimentalmente e clinicamente, cada estudo ressaltando as qualidades de cada um deles. Em geral, os fios monofilamentares são apontados como mais vantajosos, pois os multifilamentares proporcionam condições propícias para o desenvolvimento de infecção, uma vez que colônias bacterianas são formadas nos espaços entre os filamentos. Os fios absorvíveis naturais (catgut) são responsáveis pela reação inflamatória mais intensa entre todos os fios de sutura, além de apresentarem um tempo de absorção muito curto e imprevisível. Encontra-se em desuso, tanto o simples quanto o cromado. O aparecimento dos fios absorvíveis sintéticos foi muito promissor, por vários motivos: a) Desencadeiam reações inflamatórias significativamente menores que os absorvíveis naturais. b) Mantêm muito da sua resistência até que o processo de absorção tenha início e se complete. c) São disponíveis com tempos de absorção curto, médio e longo, dando oportunidade para o cirurgião escolher o fio adequado para cada caso. d)A qualidade mecânica dos nós é a mesma para todos os fios absorvíveis sintéticos testados.
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