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Unidade_-BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS

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Meteorologia e Climatologia Agrícolas 2008 Viana & Azevedo 
UNIDADE VIII - BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS
8. 1 - BALANÇO HÍDRICO
O balanço hídrico é um método contábil para calculo da disponibilidade de água no solo, para as comunidades vegetais. A variação do armazenamento hídrico do solo, num dado intervalo de tempo, representa o balanço entre a precipitação (entrada de água) e a evapotranspiração potencial (saída de água), levando-se em consideração a capacidade de armazenamento de água do solo. 
O volume de controle do balanço hídrico depende da interação solo-planta-atmosfera. A capacidade de armazenamento de água do solo (CAD, em mm) é a máxima quantidade de água, utilizada pelas plantas, que pode ser armazenada na sua zona radicular. A CAD é calculada pela equação 8.1.:
CAD = (θCC – θPMP) . z
(8.1.)
em que: θCC é a umidade do solo na capacidade de campo, em cm3.cm-3; θPMP é a umidade do solo na condição de ponto de murcha de permanente, em cm3.cm-3; z é a profundidade efetiva do sistema radicular (até onde estão 70% das raízes). Entretanto, costuma-se generalizar os valores da CAD conforme Tabela 8.1. Caso, disponham-se de todos os valores de cálculo recomenda-se a opção pela equação 8.1. 
Tabela 8.1. Valores genéricos da CAD para diversas culturas.
	CULTURA
	CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO
	Milho, algodão, mandioca, café, etc.
	100 mm
	Amendoim, soja, feijão, citros, girassol, etc.
	125 mm
8.2. - Cálculo do balanço hídrico 
O cálculo do balanço hídrico pelo método de Thornthwaite-Mather é feito com o auxilio do quadro abaixo. Para iniciá-lo é preciso conhecer os valores mensais de precipitação e da evapotranspiração potencial, que são escritos nas colunas 1 e 2, respectivamente. 
Exemplo 8.1.: Calcule o Balanço hídrico de Fortaleza a partir das normais climatológicas (1966 - 1995), para uma área com armazenamento de 125,0 mm. Obs.: os valores de ETP, deste exemplo, foram calculados pelo método de Thornthwaite (Quadro 8.1.) Entretanto, este método é recomendado para cálculo com os diferentes métodos de estimativa da evapotranspiração, desde que se utilizem dados normais. 
Quadro 8.1 – Valores de precipitação e evapotranspiração Potencial.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	
	
	
	
	
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	
	
	
	
	
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	
	
	
	
	
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	
	
	
	
	
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	
	
	
	
	
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	
	
	
	
	
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	
	
	
	
	
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	
	
	
	
	
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	
	
	
	
	
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	
	
	
	
	
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	
	
	
	
	
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	
	
	
	
	
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	
	
	
	
	
	
	
Os valores da coluna 3 representam as diferenças entre a precipitação e a evapotranspiração potencial (P - ETP), conforme quadro 8.2..
Exemplos: 
(P – ETP)(JAN) = P(JAN) - ETP(JAN) = 129,6 - 155,5 = -25,9 mm.
(P – ETP)(FEV) = P(FEV) - ETP(FEV) = 215,6 - 133,3 = 82,3 mm.
Quadro 8.2 – Valores de P - ETP.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P – ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER.
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	
	
	
	
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	
	
	
	
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	
	
	
	
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	
	
	
	
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	
	
	
	
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	
	
	
	
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	
	
	
	
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	
	
	
	
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	
	
	
	
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	
	
	
	
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	
	
	
	
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	
	
	
	
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	
	
	
	
Inicia-se o preenchimento da coluna negativo acumulado (NEG. AC.) no primeiro mês que aparecer valor negativo de P – ETP, após um período de valores positivos de P – ETP cuja soma seja maior ou igual a CAD. Neste mês o valor da coluna NEG. AC. será igual ao valor negativo de P – ETP. Se no próximo mês também ocorrer P – ETP negativo o valor vai se acumulando. 
Exemplos: 
NEG. AC.(JUL) = (P-ETP)(JUL) = -31,4.
NEG. AC.(AGO) = (P-ETP)(AGO) + NEG. AC.(JUL) = -99,8 + (-31,4) = -131,2.
Este procedimento continuará até quando se tem um mês com P – ETP positivo. No caso do exemplo de Fortaleza adota-se este procedimento no período entre os meses de Julho e Janeiro, conforme quadro 8.3.
Quadro 8.3 – Valores do negativo acumulado nos meses com P – EPT negativo.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	
	
	
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	
	
	
	
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	
	
	
	
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	
	
	
	
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	
	
	
	
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	
	
	
	
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	
	
	
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	
	
	
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	
	
	
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	
	
	
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	
	
	
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	
	
	
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	
	
	
	
O valor da coluna armazenamento (ARMAZ.) para os meses com P - ETP negativo é calculado através da equação 8.2.. 
÷
÷
ø
ö
ç
ç
è
æ
=
CAD
AC
NEG
e
CAD
ARM
.
.
*
 
(8.2.)
Para julho: 
mm
e
ARM
2
,
97
*
125
125
4
,
31
=
=
÷
ø
ö
ç
è
æ
-
Para agosto: 
mm
e
ARM
8
,
43
*
125
125
2
,
131
=
=
÷
ø
ö
ç
è
æ
-
Quadro 8.4. – Valores do armazenamento (ARMAZ.) nos meses com P – EPT negativo.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	0,7
	
	
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	
	
	
	
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	
	
	
	
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	
	
	
	
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	
	
	
	
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	
	
	
	
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	97,2
	
	
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	43,8
	
	
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	17,7
	
	
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	5,9
	
	
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	2,0
	
	
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	0,8
	
	
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	
	
	
	
Quando aparecer um mês com P – ETP positivo faz-se o seguinte procedimento: soma-se o valor positivo de P – ETP ao ARM do mês anterior obtendo-se o ARM no mês referido. Adota-se este procedimento enquanto P - ETP for positivo. Entretanto, o valor máximo de armazenamento é a própria CAD, não podendo ser ultrapassada. 
Exemplos:
ARM (FEV) = ARM (JAN) + (P - ETP) (FEV) = 0,7 + 82,3 = 83,0
ARM (MAR) = ARM (FEV) + (P - ETP) (MAR) = 83,0 + 201,4 = 284,3, ( 125,0 mm
Quadro 8.5. – Valores do armazenamento nos meses com P – EPT positivo.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER.
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	0,7
	
	
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	
	83,0
	
	
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	
	125,0
	
	
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	
	125,0
	
	
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	
	125,0
	
	
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	
	125,0
	
	
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	97,2
	
	
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	43,8
	
	
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	17,7
	
	
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	5,9
	
	
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	2,0
	
	
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	0,8
	
	
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	
	
	
	
 Calcula-se o valor do negativo acumulado, nos meses com P – ETP positivo, através do inverso da equação 8.2., no caso a equação 8.3. 
÷
÷
ø
ö
ç
ç
è
æ
=
CAD
ARM
Ln
CAD
AC
NEG
.
*
.
.
 
(8.3.)
Para fevereiro: 
2
,
51
Ln
*
125.
AC
.
NEG
125
0
,
83
-
=
=
÷
ø
ö
ç
è
æ
Para março: 
0
,
0
*
125
.
.
0
,
125
.
0
,
125
=
=
÷
÷
ø
ö
ç
ç
è
æ
Ln
AC
NEG
Quadro 8.6. – Valores do NEG. AC. nos meses com P – EPT positivo.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P – ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	0,7
	
	
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	-51,3
	83,0
	
	
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	0,0
	125,0
	
	
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	0,0
	125,0
	
	
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	0,0
	125,0
	
	
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	0,0
	125,0
	
	
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	97,2
	
	
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	43,8
	
	
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	17,7
	
	
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	5,9
	
	
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	2,0
	
	
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	0,8
	
	
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	
	
	
	
O cálculo da alteração do armazenamento (coluna 6) é feito da seguinte maneira: o valor mensal da alteração é igual ao armazenamento do mês menos o valor do armazenamento do mês anterior. 
Exemplos: 
ALT (FEV) = ARM (FEV) - ARM (JAN) = 83,0 - 0,7 = 82,3. 
ALT (MAR) = ARM (MAR) - ARM (FEV) = 125,0 - 83,0 = 42,0. 
Quadro 8.7. – Valores da alteração do armazenamento.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	0,7
	-0,1
	
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	-51,3
	83,0
	82,3
	
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	0,0
	125,0
	42,0
	
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	0,0
	125,0
	0,0
	
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	0,0
	125,0
	0,0
	
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	0,0
	125,0
	0,0
	
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	97,2
	-27,8
	
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	43,8
	-53,4
	
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	17,7
	-26,1
	
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	5,9
	-11,8
	
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	2,0
	-3,9
	
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	0,8
	-1,2
	
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	0,0
	
	
	
A coluna 7 indica os totais mensais de evapotranspiração real. A evapotranspiração real é igual a potencial nos meses com (P - ETP) positivo. 
Exemplos:
ETR(FEV) = ETP(FEV) = 133,3 mm.
ETR(MAR) = ETP(MAR) = 137,2 mm.
Quadro 8.8. – Valores da ETR nos meses com P – ETP positivo.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	0,7
	-0,1
	
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	-51,3
	83,0
	82,3
	133,3
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	0,0
	125,0
	42,0
	137,2
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	0,0
	125,0
	0,0
	132,5
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	0,0
	125,0
	0,0
	134,6
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	0,0
	125,0
	0,0
	123,3
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	97,2
	-27,8
	
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	43,8
	-53,4
	
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	17,7
	-26,1
	
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	5,9
	-11,8
	
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	2,0
	-3,9
	
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	0,8
	-1,2
	
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	0,0
	
	
	
O valores da ETR (coluna 7) para os meses com (P - ETP) negativo é feito somando-se a precipitação do mês ao valor da alteração do armazenamento em módulo. 
Exemplos:
ETR (JUL) = PPT (JUL) + | ALT (JUL) | = 91,4 + 27,8 = 119,2.
ETR (AGO) = PPT (AGO) + | ALT (AGO) | = 31,2 + 53,4 = 84,6.
Quadro 8.9. – Valores da ETR nos meses com P – ETP negativo.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	0,7
	-0,1
	129,7
	
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	-51,3
	83,0
	82,3
	133,3
	
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	0,0
	125,0
	42,0
	137,2
	
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	0,0
	125,0
	0,0
	132,5
	
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	0,0
	125,0
	0,0
	134,6
	
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	0,0
	125,0
	0,0
	123,3
	
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	97,2
	-27,8
	119,2
	
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	43,8
	-53,4
	84,6
	
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	17,7
	-26,1
	48,9
	
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	5,9
	-11,8
	27,4
	
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	2,0
	-3,9
	17,3
	
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	0,8
	-1,2
	51,0
	
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	0,0
	1139,0
	
	
A coluna 8 mostra os totais mensais de deficiência de água no solo. A deficiência quantifica diferença entre a ETP e a ETR, sendo que a mesma só pode ocorrer em meses com (P - ETP) negativo. 
Exemplos: 
DEF (JAN) = ETP (JAN) - ETR (JAN) = 155,5 - 129,7 = 25,8 mm.
DEF (FEV) = ETP (FEV) - ETR (FEV) = 133,3 - 133,3 = 0,0 mm.
Quadro 8.10. – Valores de deficiência hídrica.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	0,7
	-0,1
	129,7
	25,8
	
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	-51,3
	83,0
	82,3
	133,3
	0,0
	
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	0,0
	125,0
	42,0
	137,2
	0,0
	
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	0,0
	125,0
	0,0
	132,5
	0,0
	
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	0,0
	125,0
	0,0
	134,6
	0,0
	
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	0,0
	125,0
	0,0
	123,3
	0,0
	
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	97,2
	-27,8
	119,2
	3,6
	
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	43,8
	-53,4
	84,6
	46,4
	
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	17,7
	-26,1
	48,9
	86,8
	
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	5,9
	-11,8
	27,4
	125,3
	
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	2,0
	-3,9
	17,3
	134,9
	
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	0,8
	-1,2
	51,0
	108,5
	
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	0,0
	1139,0
	531,3
	
A coluna 9 mostra os totais mensais de excesso de água no solo. O excesso só ocorre quando for atingido o máximo de armazenamento, e seu valor é igual ao de (P - ETP) menos a alteração do armazenamento. 
Exemplos:
EXC (FEV) = (P - ETP) (FEV) - ALT (FEV) = 82,3 – 82,3 = 0,0 mm.
EXC (MAR) = (P - ETP) (MAR) - ALT (MAR) = 201,4 - 42,0 = 159,4 mm.
Nos meses em que não ocorre um armazenamento máximo não há excesso hídrico. Em consequência, o seu valor é zero.
Exemplo:
EXC (JAN) = 0,0 mm., pois ARMAZ = 0,7 mm.
Quadro 8.11. – Valores do excesso hídrico.
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	MÊS
	PREC.
	ETP
	P - ETP
	NEG. AC
	ARMAZ.
	ALTER. 
	ETR
	DEFIC.
	EXC.
	Janeiro
	129,6
	155,5
	-25,9
	-655,6
	0,7
	-0,1
	129,7
	25,8
	0,0
	Fevereiro
	215,6
	133,3
	82,3
	-51,3
	83,0
	82,3
	133,3
	0,0
	0,0
	Março
	338,6
	137,2
	201,4
	0,0
	125,0
	42,0
	137,2
	0,0
	159,4
	Abril
	348,1
	132,5
	215,6
	0,0
	125,0
	0,0
	132,5
	0,0
	215,6
	Maio
	226,1
	134,6
	91,5
	0,0
	125,0
	0,0
	134,6
	0,0
	91,5
	Junho
	160,1
	123,3
	36,8
	0,0
	125,0
	0,0
	123,3
	0,0
	36,8
	Julho
	91,4
	122,8
	-31,4
	-31,4
	97,2
	-27,8
	119,2
	3,6
	0,0
	Agosto
	31,2
	131,0
	-99,8
	-131,2
	43,8
	-53,4
	84,6
	46,4
	0,0
	Setembro
	22,8
	135,7
	-112,9
	-244,1
	17,7
	-26,1
	48,9
	86,8
	0,0
	Outubro
	15,6
	152,7
	-137,1
	-381,2
	5,9
	-11,8
	27,4
	125,3
	0,0
	Novembro
	13,4
	152,2
	-138,8
	-520,0
	2,0
	-3,9
	17,3
	134,9
	0,0
	Dezembro
	49,8
	159,5
	-109,7
	-629,7
	0,8
	-1,2
	51,0
	108,5
	0,0
	Ano
	1642,3
	1670,3
	-28,0
	
	
	0,0
	1139,0
	531,3
	503,3
Para que tenhamos a certeza de que o balanço hídrico está correto devemos verificar os seguintes cálculos:
1) ( (PPT - ETP) = ( PPT - ( ETP ; -28,0 = 1642,3 - 1670,3 
(O.K.)
2) ( ALT = 0 
(O.K.)
3) ( ETP = ( ETR + ( DEF ; 1670,3 = 1139,0 + 531,3 
(O.K.)
4) ( PPT = ( ETR + ( EXC ; 1642,3 = 1139,0 + 503,3 
(O.K.)
Figura 8.1. Variação normal ao longo do ano da precipitação (PPT), da evapotranspiração potencial (ETP) e da real (ETR) em Fortaleza, CE, e períodos com deficiência, reposição, excesso e retirada.
Questões teóricas sobre o balanço hídrico:
1 – Explique o conceito dobalanço hídrico?
2 – O que é CAD? Por que a CAD genérica do milho, 100 mm, é menor do que a do feijão, 125 mm?
3 – Por que no período do ano com P – ETP negativo o armazenamento do solo vai diminuindo?
4 – Por que não há alteração no armazenamento do solo após um longo período com P – ETP positivo?
5 – Por que a ETR é igual à precipitação adicionada a alteração do armazenamento nos meses com P – ETP negativo?
6 – Por que a ETR diminui quando o negativo acumulado diminui?
7 – Quando ocorre excesso hídrico?
8 – Suponha que dois municípios apresentem totais de precipitação e evapotranspiração potencial semelhantes. No município A, as chuvas são bem distribuídas ao longo do ano. No município B, as chuvas são concentradas em três meses. Em qual(is) dos dois haverá(ão) maiores excesso e/ou deficiência hídrica?
9 – Piracicaba, SP, apresenta total anual normal de precipitação semelhante ao de Fortaleza. Explique a(s) principal(is) razão(ões) de haver em Fortaleza uma maior deficiência hídrica.
10 – No norte da Alemanha, os totais anuais de precipitação assemelham-se aos do semi-árido nordestino. Explique porque nessa região a deficiência hídrica é insignificante em relação ao sertão central do Ceará.
11 – Análise esta afirmativa: à medida que o negativo acumulado aumenta, a deficiência hídrica aumenta.
12 – Análise esta afirmativa: à medida que o negativo acumulado aumenta, a deficiência hídrica diminui.
13 – Análise esta afirmativa: à medida que o negativo acumulado aumenta, diminui o armazenamento.
14 – Análise esta afirmativa: à medida que o negativo acumulado aumenta, aumenta o armazenamento.
15 – Análise esta afirmativa: à medida que a deficiência hídrica aumenta, aumenta a diferença ETP - ETR.
16 – Análise esta afirmativa: à medida que a deficiência hídrica aumenta, diminui a diferença ETP – ETR.
17 – Análise esta afirmativa: à medida que a deficiência hídrica diminui, aumenta a diferença ETP - ETR.
18 – Análise esta afirmativa: à medida que a deficiência hídrica diminui, diminui a diferença ETP – ETR.
19 – Quando há maior reposição hídrica: no início, no meio ou no final da estação seca? Explique.
20 – Quando há maior deficiência hídrica: no início, no meio ou no final da estação chuvosa ? Explique.
21 - Quando há maior retirada hídrica: no início, no meio ou no final da estação seca? Explique.
22 – Por que na encosta a sotavento à retirada hídrica é maior do que a barlavento?
23 – Durante a estação chuvosa, a ocorrência do terral possibilitaria a redução do excesso hídrico? 
24 – Suponha dois municípios com mesmas latitude e altitude. Qual seria a variável meteorológica que implicaria em maiores excessos hídricos, num dos municípios em questão ? Como isso poderia ocorrer?
25 - Por que a ETR aumenta quando o armazenamento aumenta?
8.3. - Classificação climática de Thornthwaite.
A classificação climática de Thornthwaite é baseada numa série de índices: de umidade (Iu), de aridez (Ia), efetivo de umidade (Im) e de eficiência térmica (TE) e suas variações estacionais. Os locais analisados são classificados quanto ao clima através de uma fórmula composta basicamente por quatro letras maiúsculas e/ou minúsculas. Como exemplo: Quixadá, DWA’a’, clima semi-árido, com pequeno excesso hídrico no verão, megatérmico, com ETP bem distribuída ao longo do ano.
8.3.1 - Índice de umidade (Iu).
Representa o excesso de água (EXC) expresso em porcentagem da necessidade que é representada por sua vez pela evapotranspiração potencial (ETP).
)
.
(
)
.
(
*
100
1
1
-
-
=
ano
mm
ETP
ano
mm
Excesso
Iu
 
(8.4.)
Para o exemplo de Fortaleza: 
%
13
,
30
3
,
1670
3
,
503
*
100
=
=
Iu
 
8.3.2 - Índice de Aridez (Ia).
Retrata a deficiência hídrica (DEF) expressa em porcentagem da ETP.
)
.
(
)
.
(
*
100
1
1
-
-
=
ano
mm
ETP
ano
mm
a
Deficiênci
Ia
(8.5.)
Para o exemplo de Fortaleza: 
%
81
,
31
3
,
1670
3
,
531
*
100
=
=
Ia
8.3.3 - Índice efetivo de umidade (Im).
Como na maioria dos casos, temos durante o ano estações com excesso ou deficiência hídrica, Thornthwaite exprimiu o índice efetivo de umidade para o ano da seguinte maneira:
Im = (Iu - 0,6 . Ia)
(8.6.)
Para o exemplo de Fortaleza: 
Im = (30,13 % - 0,6 . 31,81 %) = 11,04 %
8.3.4 - Tipos climáticos segundo Thornthwaite em função do Índice efetivo de umidade.
De acordo com o valor do Im são classificados nove tipos climáticos (Quadro 8.12.). 
Quadro 8.12 – Tipos climáticos segundo Thornthwaite. 
	Tipo climático
	Índice efetivo de umidade (Im em %)
	A - Super úmido
	 ( 100
	B4 - úmido
	100 > Im ( 80
	B3 - úmido
	80 > Im ( 60
	B2 - úmido
	60 > Im ( 40
	B1 - úmido
	40 > Im ( 20
	C2 – úmido a sub-úmido
	20 > Im ( 0
	C1 - seco a sub-úmido
	0 > Im ( -20
	D - semi-árido
	-20 > Im ( -40
	E - árido
	Im < -40
No caso de Fortaleza, como Im = +11,04 %, a sua fórmula climática inicia-se com o tipo climático C2 (úmido a sub-úmido).
8.3.5 - Variação estacional dos índices de aridez e umidade.
O tipo climático referente à variação estacional da deficiência ou do excesso hídrico é dependente inicialmente do valor de Im. Caso o valor de Im seja superior a 0,0 (clima úmido) utiliza-se o Quadro 8.13 para identificar a variação estacional da deficiência hídrica. Caso o valor de Im seja inferior a 0,0 (clima seco) utiliza-se a Quadro 8.14 para identificar a variação estacional do excesso hídrico. 
Quadro 8.13. – Variação estacional da deficiência hídrica. 
	Tipo climático
	Índice de aridez (Ia)
	r - pequena ou nenhuma deficiência de água 
	 0 < Ia ( 16,7
	S - moderada deficiência no verão
	16,7 < Ia ( 33,3
	W - moderada deficiência no inverno
	16,7 < Ia ( 33,3
	S2 - grande deficiência no verão
	Ia > 33,3
	W2 - grande deficiência no inverno
	Ia > 33,3
Quadro 8.14. – Variação estacional do excesso hídrico. 
	Tipo climático
	Índice de umidade (Iu)
	r - pequeno ou nenhum excesso de água 
	 0 < Iu ( 10,0
	S - moderado excesso no inverno
	10,0 < Iu ( 20,0
	W – moderado excesso no verão
	10,0 < Iu ( 20,0
	S2 - grande excesso no inverno
	Iu > 20,0
	W2 - grande excesso no verão
	Iu > 20,0
No caso de Fortaleza, Im = +11,04 % e Ia = 31,81 % (utiliza-se o Quadro 8.4.), o índice de variação estacional é: W (moderada deficiência hídrica no inverno). A fórmula climática de Fortaleza até o momento constitui-se de: C2W
8.3.6 - Índice de eficiência térmica (TE)
O índice de eficiência térmica é a própria expressão da evapotranspiração potencial: TE = ( ETP.
Quadro 8.15. – Índice de eficiência térmica. 
	Tipo climático
	Índice de eficiência térmica (TE, em mm)
	E’ - Gelo perpetuo
	 TE < 142,0
	D’ - Tundra
	142,0 ( TE < 285,0
	C’1 - Microtérmico
	285,0 ( TE < 427,0
	C’2 - Microtérmico
	427,0 ( TE < 570,0
	B’1 - Mesotérmico
	570,0 ( TE < 712,0
	B’2 - Mesotérmico
	712,0 ( TE < 855,0
	B’3 - Mesotérmico
	855,0 ( TE < 997,0
	B’4 - Mesotérmico
	997,0 ( TE < 1140,0
	A’ – Megatérmico
	TE ( 1140,0
No caso de Fortaleza:
TE = 1670,3 mm, recebe o tipo climático A’ (Megatérmico).
A fórmula climática de Fortaleza, até o momento, constituí-se de: 
C2WA’
8.3.7. - Variação estacional do índice TE.
Thornthwaite definiu vários sub-tipos climáticos de acordo com a concentração da evapotranspiração potencial anual no verão, C.V.. A C.V. é calculada a partir da equação 8.7. 
100
*
)
(
)
(
.
.
anual
ETP
Verão
ETP
V
C
=
(8.7.)
em que: ETP verão é a evapotranspiração no verão, em mm. Normalmente, utiliza-se ETP de verão = ETP (DEZ) + ETP (JAN) + ETP (FEV), para o hemisfério Sul.
Quadro 8.16. – Concentração de verão de TE e sub-tipo climático. 
	Sub-tipo climático
	Concentração de Verão de TE (%)
	a’ 
	C.V. < 48,0
	b’4
	48,0 ( C.V. < 51,9
	b’3
	51,9 ( C.V. < 56,3
	b’2
	56,3 ( C.V. < 61,6
	b’1
	61,6 ( C.V. < 68,0
	c’2
	68,0 ( C.V. < 76,3
	c’1
	76,3 ( C.V. < 88,0
	d’
	C.V. ( 88,0
No caso de Fortaleza:ETP (Verão) = ETP (DEZ) + ETP (JAN) + ETP (FEV) 
ETP (Verão) = 159,5 + 155,5 + 133,3 = 448,3 mm.
A concentração de verão será igual a: 
%
84
,
26
100
*
3
,
1670
3
,
448
.
.
=
=
V
C
Recebe o sub-tipo climático a’.
Fórmula climática segundo Thornthwaite para Fortaleza: C2WA’a’; Clima úmido a sub-úmido com moderada deficiência hídrica no inverno, megatérmico, com ETP bem distribuída ao longo do ano. 
Questões teóricas sobre as classificação climática de Thornthwaite:
1 – Em que se baseia a classificação climática de Thornthwaite ?
2 – Como se constitui a fórmula climática da classificação de Thornthwaite ?
3 – Explique o conceito do índice de umidade (Iu) ?
4 – Explique o conceito do índice de aridez (Ia) ?
5 – O que caracteriza, segundo o índice de eficiência térmica, uma região de tundra ?
6 – O que caracteriza, segundo o índice de eficiência térmica, uma clima megatérmico ?
7 – Análise esta situação, a partir dos valores normais anuais descritos abaixo:
Município A: precipitação de 150 mm e ETP de 210 mm;
Município B: precipitação de 750 mm e ETP de 1810 mm.
Qual dos dois municípios, provavelmente, seria classificado como semi-árido ? Explique.
8 – Análise esta situação, a partir dos valores normais anuais descritos abaixo:
Município A: precipitação de 650 mm e ETP de 510 mm;
Município B: precipitação de 1050 mm e ETP de 1940 mm.
Qual dos dois municípios, provavelmente, seria classificado como úmido ? Explique.
9 – Análise esta situação, a partir dos valores normais anuais descritos abaixo:
Município A: precipitação de 180 mm e ETP de 210 mm;
Município B: precipitação de 450 mm e ETP de 2210 mm.
Qual dos dois municípios, provavelmente, seria classificado como árido ? Explique.
8.4. CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE Köppen 
O biólogo W. Köppen (1846-1940), dividiu os climas terrestres em função da temperatura do ar, da precipitação e das suas distribuições dentro das estações do ano. Considerou cinco zonas fundamentais (A, B, C, D e E), subdivididas em tipos fundamentais e estes em variedades específicas. Segue relato das zonas climáticas e tipos fundamentais. 
A zona climática A é identificada como de clima tropical Chuvoso. A classificação como clima da zona A registra-se, predominantemente, em regiões de baixa latitudes, com temperaturas elevadas e precipitações médias anuais superiores a 900 mm. Esta zona apresenta os seguintes tipos fundamentais: Af, clima de selva tropical; Am, clima de montanha; Aw, clima de savana; As, clima tropical com verão seco.
A zona climática B é identificada como de clima secos. A classificação como clima da zona B registra-se, predominantemente, em regiões com baixos índices pluviométricos anuais e temperaturas amenas ou elevadas. Esta zona apresenta os seguintes tipos fundamentais: Bw, clima desértico; Bs, clima semi-árido.
A zona climática C é identificada como de clima temperado chuvoso. A classificação como clima da zona C registra-se, predominantemente, nas faixas subtropicais e temperadas, nas regiões que não apresentam baixos índices pluviométricos anuais. Esta zona apresenta os seguintes tipos fundamentais: Cw, clima temperado úmido com inverno seco; Cs, clima temperado úmido com verão seco;. Cfs, clima constantemente úmido.
A zona climática D é identificada como de clima Boreal. A classificação do clima como da zona D é observada, principalmente, nas regiões temperadas, com temperaturas médias baixas ao longo do ano. Esta zona apresenta os seguintes tipos fundamentais: Dw, clima de bosque frio com estação seca; Df, clima de bosque frio sem estação seca.
A zona climática E é identificada como de clima polar. A classificação do clima como da zona E é qualificada, principalmente, nas regiões polares, com temperaturas médias muito baixas ao longo do ano. Esta zona apresenta os seguintes tipos fundamentais: EB, clima de tundra com verão ameno; ET, clima de tundra; EF, clima de gelo perpétuo.
Para realizarmos a classificação climática de um determinado local, baseada no método de Köppen, inicialmente devemos identificar as seguintes normais climatológicas: precipitação total mensal, precipitação total anual, temperatura média mensal e temperatura média anual. A classificação de Köppen é realizada originalmente através de gráficos, entretanto, pode ser facilitada através de algoritmos. Segue algoritmo da classificação de Köppen elaborado por Viana et al. (1997) e apresentado no X Congresso Brasileiro de Agrometeorologia.
ALGORITMO DA CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE KÖPPEN
MATERIAL E MÉTODOS
A partir dos ábacos e tabelas da classificação de Köppen elaborou-se um algoritmo com estruturas de seleção dos tipos Caso e Se-então-senão. Para utilização do mesmo fazem-se necessários dados normais mensais de precipitação e temperatura média do ar, tendo como unidades centímetro e grau centígrado, respectivamente. Algoritmo, resumido, da classificação de Köppen: 
1.0 - Identificação do clima (precipitação, em centímetros; temperatura, em graus centígrados).
1.1 - Identificação da zona fundamental:
Caso a temporada de chuvas ocorra:
Em torno da estação do inverno, então se dirija ao item 1.2;
Em torno da estação do verão, então se dirija ao item 1.3;
Ao longo do ano, então se dirija ao item 1.4.
1.2 - Chuvas de inverno:
Caso a precipitação total anual (P):
Seja inferior a temperatura média anual (T), P < T, então se dirija ao item 2.1 ;
Seja < 2 * T, então se dirija ao item 2.2 ;
Outro, então se dirija ao item 3.0. 
1.3 - Chuvas de verão:
Caso a precipitação total anual (P):
Seja inferior a temperatura média anual (T) acrescida de 14 (P < T + 14) então se dirija ao item 2.1; 
Seja < 2 * (T + 14), então se dirija ao item 2.2;
 Outro, então se dirija ao item 3.0.
1.4 - Chuvas distribuídas ao longo do ano:
Caso a precipitação total anual (P):
 Seja inferior a temperatura média anual (T) acrescida de 7 (P < T + 7), então se dirija ao item 2.1; 
Seja < 2 * (T + 7), então se dirija ao item 2.2;
Outro, então se dirija ao item 3.0. 
2.0 - Climas Secos (zona climática B)
2.1 - Tipo fundamental BW (Clima desértico). Dirija-se ao item 2.3;
2.2 - Tipo fundamental BS (Clima semi-árido). Dirija-se ao item 2.3;
2.3 - Adiciona-se ao tipo climático a variedade específica referente à distribuição anual da precipitação:
Caso:
A época mais seca ocorra no verão, então a variedade específica será “s”, e dirija-se ao item 2.4;
A época mais seca ocorra no inverno:
Se o máximo de chuvas ocorre no outono:
Então a variedade específica será w’ e dirija-se ao item 2.4; 
Senão temos a variedade específica w. Dirija-se ao item 2.4.
Ocorra duas estações secas e duas chuvosas, então a variedade será w”. Dirija-se ao item 2.4.
2.4 - Adicione ainda a variável específica referente à temperatura do ar:
Se a temperatura média anual é ( 18,0(C :
Então e se a temperatura média do mês mais frio também é ( 18,0(C :
Então temos a variável específica h’ - muito quente;
Senão temos a variável específica h - quente;
Senão e se a temperatura média do mês mais quente ( 18,0(C :
Então teremos a variável específica k - frio;
 
Senão temos a variedade específica k’ - muito frio.
3.0 - Climas úmidos (zonas climáticas A, C, D, ou E):
Caso:
A temperatura média em todos os meses é ( 18,0(C, então se dirija ao item 3.1 ;
A temperatura média do mês mais frio (tk) é < 18,0(C e > -3,0(C , então se dirija ao item 3.2;
A tk é < -3,0(C:
Se a temperatura do mês mais quente (tw) é ( 10,0(C:
Então se dirija item 3.3; 
Senão dirija-se ao item 3.5.
3.1 - Clima Tropical Chuvoso (zona climática A):
Se a menor precipitação total mensal (Pi) é ( 6,0 cm :
Então o tipo fundamental será Af (clima de selva tropical), e dirija-se ao item 3.1.1; 
Senão e se a menor precipitação mensal (Pi) é ( 10,0 - 0,04 * P (precipitação anual):
Então o tipo fundamental será Am (clima de montanha). Dirija-se ao item 3.1.1; 
Senão e se é seco no invernoEntão o tipo fundamental será Aw (clima de savana). Dirija-se ao item 3.1.2.
Senão o tipo fundamental será As (clima tropical com verão seco). Dirija-se ao item 3.1.1.
3.1.1 - Variedade específica referente à distribuição anual da precipitação:
Caso: 
A época mais seca ocorre no verão:
Se o máximo de chuvas ocorre no outono:
Então teremos a variedade específica s’ ;
 
Senão, então teremos a variedade específica s.
Ocorra duas estações chuvosas e duas estações secas intercaladas, então temos a variedade s” ;
Outro, então temos ausência de variedade específica. 
 
3.1.2 - Variedade específica referente à distribuição anual da precipitação. 
Caso:
A época mais seca ocorra no inverno e o máximo de chuvas ocorre no outono, então teremos a 
variedade específica w’ [acrescenta-se a apostrofe ( ‘ ) ao tipo fundamental ]. 
 
Ocorra duas estações chuvosas e duas estações secas intercaladas, então temos a variedade 
específica w” [acrescenta-se aspas ( “ ) ao tipo fundamental]. 
Outro, então teremos ausência de variedade específica. 
3.2 - Clima Temperado chuvoso (zona climática C).
Se o total precipitado na estação do verão (Ps) for ( 10 * Pi (onde Pi = menor precipitação mensal): 
Então temos o tipo climático Cw (clima temp. úmido com inverno seco). Dirija-se ao item 3.4;
Senão e se o total precipitado na estação do inverno (Pw) é < 3 * Pi:
Então teremos o tipo climático Cf (clima constantemente úmido). Dirija-se ao item 3.4;
Senão e se a precipitação do mês mais seco for < 3,0 cm:
Então temos o tipo Cs - clima temp. úmido c/ verão seco. Dirija-se ao item 3.4.
Senão temos o tipo climático Cfs (constantemente úmido). Dirija-se ao item 3.4. 
3.3 - Clima Boreal (zona climática D).. 
Se o total precipitado na estação do verão (Ps) é ( 10 * Pi (onde Pi = menor precipitação mensal): 
Então temos o tipo climático Dw ( clima de bosque frio com estação seca). Dirija-se ao item 3.4;
Senão temos o tipo climático Df (clima de bosque frio sem estação seca). Dirija-se ao item 3.4. 
3.4 - Ao tipo climático adiciona-se à variedade específica referente à temperatura média do ar:
Se ocorre quatro ou mais meses com temperatura média superior a 10,0(C:
Então e se a temperatura do mês mais quente (tw ) é ( 22,0(C:
Então teremos a variedade específica a ; 
Senão temos a variedade específica b.
Senão se a temperatura do mês mais quente ( -38,0(C: 
Então temos a variedade específica c ; 
Senão, então teremos a variedade específica d. 
3.5 - Clima polar. Identifique o tipo climático a partir das alternativas a seguir:
Se a temperatura média do mais quente (tw) e´ < 0( C:
Então teremos o tipo fundamental EF (clima de gelo perpetuo); 
Senão e se tk > 10,0(C:
Então teremos o tipo climático EB (clima de tundra com verão ameno);
Senão teremos o tipo fundamental ET (clima de tundra). 
RESULTADOS E DISCUSSÃO.
Analisaremos o algoritmo a partir dos dados normais de temperatura, em grau centígrado, e precipitação, em centímetros, coletados em Fortaleza-Ce no período 1966 a 1995 (Quadro 8.17).
Como as chuvas ocorrem em torno da estação do verão dirige-se ao item 1.3. A precipitação anual em Fortaleza (164,24), é maior que 2 * T + 28 ( 81,4 ), então dirige-se ao item 3.0. Como a temperatura média é superior a 18,0(C em todos os meses dirige-se ao item 3.1. A menor precipitação mensal (novembro = 1,26 cm) é inferior a 6 cm, sendo também inferior a 10,0 - 0,04 * P (10,0 - 0,04 * 164,24 = 3,43). A época seca ocorre em torno do inverno indicando o tipo climático Aw. Como a estação chuvosa ocorre em parte no outono recebe então a variedade específica w’ caracterizando o clima Aw’. 
Quadro 8.17. - Dados normais de precipitação (centímetros) e temperatura média do ar (grau centígrado) de Fortaleza-Ce referente ao período 1966 a 1995. 
	
	JAN
	FEV
	MAR
	ABR
	MAI
	JUN
	JUL
	AGO
	SET
	OUT
	NOV
	DEZ
	ANO
	PREC.
	 11,64
	20,15
	34,67
	33,81
	23,87
	17,41
	10,08
	3,47
	 2,3
	1,5
	1,26
	4,08
	164,24
	TEMP.
	27,3
	26,9
	26,5
	26,5
	26,4
	26,0
	25,8
	26, 2
	 26,7
	27,2
	27,3
	27,5
	26,7
Questões teóricas sobre a classificação climática de Thornthwaite:
1 – Em que se baseia a classificação de Köppen ?
2 – Quais os cinco climas, representados de A a E, da classificação de Köppen ?
3 – Qual o clima caracterizado como do tipo A na classificação de Köppen ? Como se divide ?
4 – Qual o clima caracterizado como do tipo B na classificação de Köppen ? Como se divide ?
5 – Qual o clima caracterizado como do tipo C na classificação de Köppen ? Como se divide ?
6 – Qual o clima caracterizado como do tipo D na classificação de Köppen ? Como se divide ?
7 – Qual o clima caracterizado como do tipo E na classificação de Köppen ? Como se divide ?
8 – Qual(is) regiões são classificadas mais frequentemente como do tipo A na classificação de Köppen ?
9 – Qual(is) regiões são classificadas mais frequentemente como do tipo B na classificação de Köppen ?
10 – Qual(is) regiões são classificadas mais frequentemente como do tipo C na classificação de Köppen ?
11 – Qual(is) regiões são classificadas mais frequentemente como do tipo D na classificação de Köppen ?
12 – Qual(is) regiões são classificadas mais frequentemente como do tipo E na classificação de Köppen ?
13 – Há municípios no estado do Ceará com precipitações superiores a 850 mm que são classificados através da metodologia de Köppen como de clima tropical chuvoso (como exemplo: Paraipaba). Em oposição, são classificados como de semi-árido pela metodologia de Thornthwaite. Por que será que ocorre isso ? 
Exercícios propostos:
1 - Calcule o balanço hídrico para o município de Sobral, para 125 mm de capacidade de armazenamento, e responda as perguntas a seguir.
	MÊS
	PPT
	ETP
	P-ETP
	NEG. AC.
	ARM
	ALT
	ETR
	DEF
	EXC
	Janeiro
	101,6
	143,9
	
	
	
	
	
	
	
	Fevereiro
	129,1
	154,8
	
	
	
	
	
	
	
	Março
	231,2
	130,3
	
	
	
	
	
	
	
	Abril
	218,5
	165,8
	
	
	
	
	
	
	
	Maio
	149,5
	130,3
	
	
	
	
	
	
	
	Junho
	59,0
	94,8
	
	
	
	
	
	
	
	Julho
	24,8
	135,7
	
	
	
	
	
	
	
	Agosto
	5,1
	157,6
	
	
	
	
	
	
	
	Setembro
	1,7
	133,0
	
	
	
	
	
	
	
	Outubro
	6,2
	143,9
	
	
	
	
	
	
	
	Novembro
	8,8
	154,8
	
	
	
	
	
	
	
	Dezembro
	24,9
	154,8
	
	
	
	
	
	
	
	SOMA
	960,4
	1699,7
	
	
	
	
	
	
	
2 – Qual o valor da ETR anual ?
3 - Qual o valor da deficiência anual ?
4 - Qual o valor do excesso anual ?
5 – Em qual(is) mês(es) há excesso hídrico em Sobral ?
6 – Em qual(is) mês(es) há deficiência hídrica em Sobral ?
7 - Qual a classificação climática do município de Sobral segundo o método de Thornthwaite ?
8 - Qual a classificação climática do município de Sobral segundo o método de Köppen ?
9 - Calcule o balanço hídrico para o município de Sobral, para 100 mm de capacidade de armazenamento. Em seguida, responda novamente as perguntas de 2 a 8 e compare os resultados. 
	MÊS
	PPT
	ETP
	P-ETP
	NEG. AC.
	ARM
	ALT
	ETR
	DEF
	EXC
	Janeiro
	101,6
	143,9
	
	
	
	
	
	
	
	Fevereiro
	129,1
	154,8
	
	
	
	
	
	
	
	Março
	231,2
	130,3
	
	
	
	
	
	
	
	Abril
	218,5
	165,8
	
	
	
	
	
	
	
	Maio
	149,5
	130,3
	
	
	
	
	
	
	
	Junho
	59,0
	94,8
	
	
	
	
	
	
	
	Julho
	24,8
	135,7
	
	
	
	
	
	
	
	Agosto
	5,1
	157,6
	
	
	
	
	
	
	
	Setembro
	1,7
	133,0
	
	
	
	
	
	
	
	Outubro
	6,2
	143,9
	
	
	
	
	
	
	
	Novembro
	8,8
	154,8
	
	
	
	
	
	
	
	Dezembro
	24,9
	154,8
	
	
	
	
	
	
	
	SOMA
	960,4
	1699,7
	
	
	
	
	
	
	
BIBLIOGRAFIA ADICIONAL
Bergamaschi, H. et al. Agrometeorologia aplicada à irrigação, Imprensa Universitária da UFRS. 227p. 2006.
CHANG, J.H. Climate and Agriculture. Aldine Pub. Ce., Chicago. 215p.
KLAR, A.E. A água no sistema solo-planta-atmosfera. São Paulo: Livraria Nobel, 1984. 408p
OMETTO, J.C. Bioclimatologia Vegetal. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1981. 408p.
PEREIRA, A. R. Introdução à Micrometeorologia. Piracicaba: ESALQ, Departamento de Física e Meteorologia, 1998. 70p.
PEREIRA, A. R.; VILLA NOVA, N. A.; SEDIYAMA, G. C. Evapotranspiração. 1 ed. Piracicaba: Fealq,1997. 183p.
REICHARDT, K. A água em sistemas agrícolas. 1 ed. São Paulo: Editora Manole Ltda. 1990, 188p.
Tubelis, A. Nascimento, F.J.L. Meteorologia descritiva – Fundamentos e Aplicações, Editora Nobel.
VIANA, T.V.A.; AZEVEDO, B.M;. D`ÁVILA, J.H.T. Instrumentais meteorológicos automáticos e convencionais. 2008. 96p. Apostila.
Vianello, R.L.; Alves, A.R. Meteorologia básica e aplicações, Viçosa, UFV, Imprensa Universitária, 1991. 449p.
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194
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