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Sistemas Dispersos Suspensões, Emulsões, Géis, Magmas e Aerossóis MSc. José Vitor Alves O que é uma Dispersão? • São preparações líquidas contendo fármacos não dissolvidos ou imiscíveis que se encontram uniformemente distribuídos em veículo. – Substância Distribuída é chamada de Fase Dispersa – Veículo = Fase Dispersante • Geralmente, as partículas da fase dispersa são materiais sólidos insolúveis no meio dispersante. No caso das emulsões, a fase dispersa é um líquido insolúvel e imiscível na fase dispersante. Classificação das Dispersões • Em relação ao tamanho da partícula da fase dispersa. – Dispersões Grosseira: Suspensões e Emulsões • Partícula entre 10 a 50 mm – Dispersões Finas: Magmas e Géis • Partícula entre 0,5 a 10 mm SUSPENSÕES Suspensões • Forma farmacêutica na qual a substância responsável pelo efeito terapêutico é insolúvel (ou praticamente insolúvel) e, para ser administrada na forma líquida precisa estar suspensa em um veículo. – Suspensões já podem se encontrar prontas para uso, ou na forma de pós para ser diluída no momento de uso. – Suspensões podem ser Flavorizadas, Coradas e Edulcoradas. • Muitos fabricantes popularmente chamam essas suspensões de “Xaropes”. Razão para o uso de Suspensões • Substância instável em solução, porém estável em suspensão (Ex. Amoxicilina) – Solução para forma farmacêutica líquida, lembrando que nem todos os pacientes tem facilidade de deglutição de formas farmacêuticas sólidas. • Fármacos com sabor desagradável em solução pode ser veiculados em suspensão. (Ex. Eritromicina). – Como o fármaco é insolúvel, grande parte do sabor é mascarado. Características de uma Suspensão Farmacêutica 1. Uma boa suspensão deve apresentar sedimentação lenta e ser redispersada com facilidade após agitação suave do recipiente. 2. O tamanho de partícula da fase dispersa deve permanecer constante por longos períodos. 3. A suspensão deve escoar rápida e uniformemente do recipiente. Cada um dos tópicos será melhor descrito adiante. Velocidade de Sedimentação das Partículas • Segue a equação da Lei de Stokes Observa-se Para o cálculo da sedimentação as partículas tem que ser uniformes. A redução do tamanho das partículas da fase dispersa produz diminuição da velocidade de sedimentação Velocidade de Sedimentação das Partículas • As características ideias de uma suspensão com base na velocidade de sedimentação são: – Densidade da Partícula seja maior que do Veículo • Partículas menos densas que o veículo, elas tenderiam a flutuar, e a presença de partículas que flutuam dificultaria a obtenção de dispersões uniformes. – A velocidade de Sedimentação deve ser lenta • O fármaco deve manter-se suspenso de forma uniforme o tempo necessário para a administração da dose. • Aumentar a viscosidade é uma solução para isso. – Cuidado: Viscosidade muito alta dificulta a redispersão das partículas. Velocidade de Sedimentação das Partículas • A viscosidade de uma solução deve determinada em um equipamento denominado Viscosímetro • Não existe uma viscosidade ideal para uma suspensão. Essa dependerá: – Tamanho da Partícula – Densidade da Partícula Características da Fase Dispersa • A maioria das suspensões farmacêuticas, as partículas variam de diâmetro entre 1 e 50 μm. • Como alcançar de modo uniforme o tamanho de uma partícula? – Utiliza-se um equipamento chamado Micropulverizador. Manualmente pode ser feita com grau e pistilo, mas a uniformidade dos pós fica alterada. Características da Fase Dispersa • Como demonstrado na equação de Stokes, a redução no tamanho das partículas da fase interna é benéfica para a estabilidade da suspensão, devido à velocidade de sedimentação das partículas ser reduzida quando seu tamanho diminui. • A redução no tamanho das partículas produz velocidade de sedimentação mais lenta e uniforme. – A redução demasiada é prejudicial pois tende a formar sedimentos compactos no fundo do recipiente e que não são dispersos na ressuspenção do medicamento. Características da Fase Dispersa • Partículas muito grandes (> 5μm) podem causar irritação quando injetadas na mucosa ocular. • Agulhas poderão ser obstruídas com partículas de diâmetro superior a 25 μm. Fase Dispersante • A rápida sedimentação impede a medida exata da dose e, do ponto de vista estético , produz uma camada de sobrenadante visualmente desagradável. – Para aumentar a viscosidade e o tempo de sedimentação são acrescidos as suspensões agentes suspensores. • Ex. Carboximetilcelulose, Metilcelulose, Goma Xantana, Bentonina. • A quantidade de partículas com base no fase dispersante deve ser calculada exata. – Lembrando que a dose terapêutica deve estar entre 5 e 15mL (uma colher de chá a uma colher de sopa) – Caso a dose for muito baixa, administrar a suspensão com conta gotas. Estabilidade para Suspensões • Sempre que indicado, devem-se acrescentar conservantes na formulação das suspensões para protegê-las de contaminação bacteriana e fúngica. Acondicionamento de Armazenamento de Suspensões • Não armazenar em Geladeira (somente quando indicado), pois a temperatura pode elevar a viscosidade da preparação. • Devem conter no Rótulo: AGITE ANTES DE USAR. Exemplos de Suspensões Antiácido Hidróxido de Alumínio Antibiótico Penicilina Benzatina Recalcificante tônico Antirretrovial Nepiravina EMULSÕES Emulsões • Uma emulsão é uma dispersão em que a fase dispersa é composta de pequenos glóbulos de líquido que se encontram distribuídos em um veículo no qual é imiscível. Emulsões • Fase Dispersa: Fase Interna • Fase Dispersante: Fase Externa • Classificação: – Água em Óleo (A/O ou W/O): • Fase interna é aquosa e externa é oleosa – Óleo em Água (O/A ou O/W) • Fase interna é oleosa e externa é aquosa Água Água Água Óleo Óleo Óleo Emulsão Água em Óleo Emulsão Óleo em Água Emulsões Múltiplas • O/A/O ou A/O/A • Microemulsões – As gotículas dispersas apresentam dimensões coloidais (1 nm a 1μm), a preparação muito frequentemente é transparente ou translúcida. – Entre as vantagens dos uso das microemulsões incluem absorção oral mais rápida e eficiente de fármacos do que as formas farmacêuticas sólidas, melhor liberação transdérmica de fármacos, por meio da difusão através da pele. Teste de Identificação do Tipo de Emulsão Emulsões • Para preparar uma emulsão estável, uma terceira fase é necessária, ou seja, um emulgente (ou Emulsificante). – Conferem estabilidade a forma farmacêutica impedindo a separação da fase dispersa da dispersante, devido a redução da tensão superficial entre as interfaces óleo-água diminuindo a energia interfacial. • As emulsões podem ser líquidas ou semissólidas dependendo dos constituintes que agregam viscosidade. – Emulsões Líquidas podem ser aplicadas via oral, tópica ou parenteral (Intravenosa O/A e Intramuscular A/O). – Emulsões Semissólidas são utilizadas para uso tópico. Composição Básica de uma Emulsão • Fase aquosa: água deionizada e todos os ingredientes hidrossolúveis; • Fase oleosa: óleos ou ceras e todos os ingredientes lipossolúveis; • Agente emulsificante: polissacarídeos naturais e semi-sintéticos, agentes surfactantes e sólidos finamente divididos como bentonita; • Antioxidantes: BHT e BHA, Metabissulfito de sodio e ácido ascórbico (0,01 a 0,15%); • Conservantes: Ác. sórbico, Ác. benzóico (0,1-0,2%, pH < 5); parabenos (0,1-0,2%, pH 7-9); clorocresol (0,1%); fenoxietanol (0,5 a 1,0%); quaternários de amônio (cetilpiridíneo). • Sequestrantes: Sais do EDTA; • Umectantes: propilenoglicol, glicerina e sorbitol (5%) • Essências e/ou corantes (opcionais). Finalidade das Emulsões • Nas preparações líquidas de uso oral, a emulsão O/A permite a administração de um óleo de sabor desagradável por meio de sua dispersão em um veículo aquoso edulcorado e flavorizado. • Emulsões para serem aplicadas na pele podem ser O/A ou A/O, dependendo de certos fatores: – Agentes medicinais que irritama pele são menos irritantes quando presentes na fase interna de uma preparação tópica emulsionada do que na fase externa. – Emulsão A/O pode ser aplicada com mais uniformidade, porque a pele é recoberta por uma fina película de sebo, e essa superfície é mais facilmente molhada pelo óleo do que pela água. – Se o objetivo for obter uma preparação que seja removida com facilidade da pele com água, uma emulsão O/A é a preferida. Preparação de Emulsões • Emulgentes: – Responsável por manter a estabilidade da emulsão durante o prazo de validade previsto. • Exemplos: Gelatina, Goma Adragante, Álcool esterarílico, MEG, Bentonina, dodecanoato de sódio, Lauril sulfato de Sódio, Lanolina etoxilada, etc... Equilíbrio Hidrofílo- Lipofílico (EHL) • Os Emulgentes tem uma maior afinidade pela fase lipofílica ou pela hidrofílica. • Devido a essa capacidade os emulgentes terem maior afinidade por uma fase, ele foram classificados com base na composição química, sendo denominado essa classificação de EHL. – O EHL varia de 0 a 40 (emulgentes altamente polares ou hidrofílicos apresentam valores mais elevados do que aqueles menos polares e mais lipofílicos) – EHL entre 3 e 6 são altamente lipofílicos e produzem emulsões A/O. EHL entre 8 e 18 resultam em emulsões O/A. Equilíbrio Hidrofílo-Lipofílico (EHL) Estabilidade Física das Emulsões • Creaming: onde as partículas menos densas sobem para o topo da formulação ou sedimentam; • Floculação: a força de repulsão entre as moléculas é diminuída e elas se associam de maneira fraca e reversível por agitação; • Coalescência: as gotículas da fase interna se unem e formam uma outra gotícula sendo este processo irreversível; Exemplos de Emulsões Vitamina A e D Emulsão Scott Cremes Hidratantes em Geral + Farmáco Pele Seca: A/O Pelo Oleosa: O/A GÉIS Géis • Os géis são definidos como sistemas semissólidos constituídos por dispersões de pequenas partículas inorgânicas ou de grandes moléculas orgânicas interpenetradas por um líquido. Géis • Os géis também são definidos como sistemas semirrígidos, em que o movimento da fase dispersa é restrito por uma rede tridimensional entrelaçada de partículas ou macromoléculas solvatadas da fase dispersa. – Essa rede tridimensional entrelaçada (unidos por ligações de van der Walls) confere aos géis a viscosidade e o estado semissólido. Um gel nada mais é do que uma estrutura formada pela retenção de um líquido por uma rede tridimensional sólida Vantagens e Desvantagens dos Géis • Vantagens – Menos gordurosos no caso de géis hidrofílicos; – Fácil aplicação e secagem rápida; – Viscosidade homogênea e uniforme; – Rapidamente absorvidos pela pele; – Textura leve e aparência atrativa; – Formam filme não oclusivo por serem menos gordurosos; – Facilmente removíveis; – Oferecem sensação de frescor. • Desvantagens – Tendem a ressecar a pele, especialmente quando hidroalcoólicos; – Uso limitado pela necessidade de controle do pH; – Custo de alguns polímeros. Aplicação • Destinam-se geralmente ao uso externo(tópico); – Utilizados para veicular fármacos: antiinflamatórios, antiacnéicos, anticoagulantes, anestésicos locais, anti- histamínicos, vasoconstritores, anti-sépticos e outros. – Amplamente utilizados em cosméticos com o apelo oil- free (não comedogênico) em fotoprotetores, hidratantes, mascaras faciais e outros. Dispersões Coloidais • Os géis e os magmas são considerados dispersões coloidais por conterem partículas de dimensão coloidal. • Diz-se que a substância é coloidal quando suas partículas estão entre 1 nm e 0,5 μm. As partículas coloidais costumam ser maiores do que átomos, íons ou moléculas. • Diferenças de Soluções e Dispersões Coloidais – As partículas nas Soluções Coloidais são maiores – Oticamente, soluções não espalham luz (translucidas) e Dispersões coloidais contêm partículas opacas, sendo assim, espalham luz e, por conseguinte, são turvas. Dispersões Coloidais • Os géis devem sua rigidez ao forte entrelaçamento da fase dispersa, que segura e retém o meio dispersante em sua rede. • Uma mudança na temperatura pode fazer com que determinados géis retornem a seu estado sol ou líquido. • Além disso, alguns géis tomam-se fluidos após agitação, reassumindo seu estado sólido ou semissólido somente depois de ficarem algum tempo em repouso, fenômeno conhecido como tíxotropia. Exemplos de Agentes Gelificantes (Polímeros) • Goma Arábica • Bentonina • Carboximetilcelulose sódica • Carbômero • Álcool Cetoestearílico • Etilcelulose e Hidroxietilcelulose • Gelatina • Agar • Amido • Etc. Agentes Gelificantes • Aniônicos: ex. CMC-Na. Carbômeros (Carbopol® - Necessita controle de pH) • Não Aniônicos: Ex. Hidroximetilcelulose (Natrosol®), Hidroxipropilcelulose, Hidroxipropilmetilcelulose. Composição Básica dos Geis • Ativo Farmacêutico • Agente Gelificante ou Espessante • Veículo: Água ou Álcool • Conservante e Estabilizante: Metilparabeno e EDTA • Umectante: Propilenoglicol ou Glicerina. Cuidados ao preparar Géis • Os géis devem ser bem homogeneizados para evitar a formação de grumos não dissolvidos do polímero disperso. • Para evitar a formação de grumos e melhorar a formação da malha tridimensional, recomenda-se a adição do polímero em pequenas partes e homogeneização constante. Exemplos de Géis Lubrificante Íntimo Anti-acne e Esfoliante Arnica Analgésico e Antiinflamatório Álcool Gel Anti-septico Fim Meu querido irmão. Use um bom desodorante ou então "Mil cairão ao teu lado e dez mil a tua direita" Anderson Alexandre