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MÓDULO PROCESSO CIVIL COLETIVO
1 Aula (11/03/09)
Bibliografia:
- Defesa dos Interesses Difusos em Juízo – Saraiva – Hugo Nigro Mazzili (é completo)
- Freddie Didier vol. IV – críticas – capítulos de inquérito civil e TAC não é satisfatório
- Curso de Direito Processual Civil Coletivo – Luis Manuel Gomes Jr.
- Direito Processual Coletivo – Gregório Assagra Almeida – Ed. Malheiros (é completo)
- Manual de Processo Civil Coletivo – Ricardo de Barros Leonel
- Curso de Direito Processual Civil Coletivo – Elton Venturi – Ed. RT
- Ações Constitucionais:
Didier – Ed. Jus Podium (é objetivo)
Manual das Ações Constitucionais – Ed. Del Rey – Autor Gregrório Assagra Almeida
Mandado de Segurança – Hely Lopes
Mandado de Segurança – Sérgio Ferraz
ACP – Carvalhinho – Ed. Lumen
ACP – Pedro Lenza – RT – Teoria Geral da ACP (bom)
ACP/Ação Popular - Rodolfo de Camargo Mancuzo – Ed RT
- Teori Albino Zavascki – Processo Coletivo – Ed RT (é suscinto – não é suficiente)
e-mail: fabriciorbastos@gmail.com
 Breve resumo livro mazzili:
1) Interesses difusos:
os interesses difusos compreendem grupos menos determinados de pessoas (melhor do que pessoas indeterminadas, são antes pessoas indetermináveis), entre as quais inexiste vínculo jurídico ou fático preciso. 
Conjunto de interesses individuais, de objeto indivisível, compartilhados por pessoas indetemináveis, que se encontram unidas por circunstâncias de fato conexas. 
Embora o CDC diga que o elo comum entre os lesados que compartilham o mesmo direito difusos seja uma situação fática, é evidente que essa relação fática tb se subordina a uma relação jurídica; entretanto, no caso dos interesses difusos, a lesão ao grupo não decorrerá diretamente da relação jurídica em si, mas sim da situação fática resultante. 
Ex: um dano ambiental que ocorre numa região: o grupo lesado compreende apenas os moradores da região atingida, sendo este o elo fático que caracteriza o interesse difuso do grupo. 
Ex; uma propaganda enganosa veiculada na TV: o que reúne o grupo para fins de proteção difusa é o fato de seu acesso efetivo ou potencial à propaganda enganosa.
Há interesses difusos:
a) tão abrangentes que chegam a coincidir com o interesse público (ex: como o do meio ambiente como um todo);
b) menos abrangente que o interesse público, por dizerem respeito a um grupo disperso, mas que não chegam a confundir-se com o interesse geral da coletividade (ex: o dos consumidores de um produto)
c) em conflito com o interesse da coletividade como um todo (ex: como os interesses dos trabalhadores na indústria do tabaco ou da cerveja)
d) em conflito com os interesses do Estado, enquanto pessoa jurídica (ex: interesse dos contribuintes)
e) atinentes a grupos que mantém conflitos entre si (os frequentadores de trios elétricos carnavalescos, em oposição aos interesses dos que se sentem prejudicados pela poluição sonora).
Não são os interesses difusos mera subespécie do interesse público. Embora em muitos casos possa até coincidir o interesse de um grupo indeterminável de pessoas com o interesse do Estado ou o interesse da sociedade como um todo (como o interesse ao meio ambiente sadio), a verdade é que nem todos interesses difusos são compartilhados pela coletividade ou comungados pelo Estado, como fica claro na análise acima. 
O objeto desses interesses difusos é indivisível. Ex: a pretensão ao meio ambiente hígido, posto compartilhada por número indeterminável de pessoas, não pode ser quantificada ou dividida entre os membros da coletividade, tb o produto de eventual indenização obtida em razão da degradação ambiental não pode ser repartido entre os integrantes do grupo lesado, não apenas porque cada um não pode ser individualmente determinado, mas porque o próprio interesse em si é indivisível. Estão incluídos no grupo lesado não só os atuais moradores da área atingida, mas tb os futuros moradores e até mesmo as futuras gerações poderão suportar os efeitos da degradação ambiental. Em si mesmo, o próprio interesse em jogo é indivisível. Como individualizar as pessoas lesadas com um derramamento de óleo na Baia de Guanabara ou com a devastação na Floresta Amazônica?
2) Interesses Coletivos
São interesses tranindividuais, indivisíveis, de um grupo determinado ou determinável de pessoas, reunidas por uma relação jurídica básica comum.
Cabe aqui tb uma advertência: embora o CDC se refira a ser uma relação jurídica base o elo comum entre os que comunguem o mesmo interesse coletivo, é preciso admitir que essa relação jurídica disciplinará inevitavelmente uma hipotese fática concreta. No entanto, em se tratando de interesse coletivo, a lesão ao grupo não decorre propriamente da relação fática subjacente, mas sim da própria relação jurídica viciada que une o grupo. 
Ex: um cláusula ilegal em contrato de adesão. A ação coletiva que busque a nulidade dessa cláusula envolverá uma pretensão à tutela de interesse coletivo, pois o grupo atingido estará ligado por uma relação jurídica básica comum, que, neste tipo de ação, deverá necessariamente ser resolvida de maneira uniforme para todo o grupo lesado. 
Tanto os interesses difusos como os coletivos são indivisíveis, mas se distinguem não só pela origem da lesão, como també pela abrangência do grupo. 
Os interesses difusos supõem titulares indetermináveis, ligados por circunstâncias de fato, ao passo que os interesses coletivos dizem respeito a grupo, categoria ou classe de pessoas determinadas ou determináveis, ligadas pela mesma relação jurídica básica.
Por sua vez, os interesses individuais homogêneos e os interesses coletivos tb possuem um ponto de contato: ambos reúnem grupo, categoria ou classe de pessoas determináveis, contudo, se distinguem quanto à divisibilidade do interesse: só os interesses individuais homogêneos são divisíveis, supondo uma origem comum.
Ex: uma ação coletiva que vise a declaração de nulidade de uma cláusula abusiva num contrato de adesão. No caso, a sentença não irá conferir um bem divisível aos integrantes do grupo lesado. O interesse em ver reconhecida a ilegalidade da cláusula é compartilhado pelos integrantes do grupo lesado de forma não quantificável, e, portanto, indivisível: a ilegalidade da cláusula não será maior para quem tenha 2 contratos em vez de apenas 1: a ilegalidade da cláusula será igual para todos eles (interesse coletivo).
Ex: MPT ajuiza ACP para a declaração de nulidade de cláusula de contrato, acordo ou convenção coletiva que viole liberdades individuais ou coletivas direitos individuais indisponíveis dos trabalhadores. Em relação aos atuais trabalhadores, o interesse será coletivo (grupo determinado), no que diz respeito aos trabalhadores futuros, o interesse será difuso (grupo indeterminável). 
Pag. 53
3) Interesses Individuais Homogêneos 
- Introdução e Considerações Gerais sobre Direito Processual Civil Coletivo
Não confundir: ação coletiva / Tutela Coletiva / Processo Coletivo
Ação Coletiva – termo usado para se referir ao instrumento utilizado. Instrumento para provocar o Estado a analisar um dano/ameaça à um interesse transindividual.
Tutela Coletiva – está ligado à tutela/proteção ao direito material deduzido em juízo. É uma ideia ligada à jurisdição.
Tutela jurisdicional individual
Tutela jurisdicional metaindividual/transindividual/Coletiva em Sentido Amplo
Processo Coletivo – é o instrumento usado pelo próprio Estado para prestar, exercer a tutela jurisdicional coletiva. 
O termo Processo Coletivo pode significar: Processo Civil Coletivo (jurisdição não penal: eleitoral,trabalhista, etc) e Processo Penal Coletivo (jurisdição penal)
Pergunta prova oral 29 concurso: é cabível HC Coletivo? É possível impetrar HC em prol de uma coletividade?
A doutrina admite HC coletivo, desde que seja vislumbrada ameaça ou lesão à liberdade de locomoção de membros de determinada coletividade. Ex: HC impetrado em favor dos presidiários de uma carceragem superlotada, por estar sendo violado o iusdignitatis.
É cabível Habeas Data Coletivo, com base no mesmo raciocínio.
II) Objeto do Direito Processual Civil Coletivo:
a doutrina divide o objeto em:
I) Objeto Formal – o conjunto sistematizado de normas e princípios processuais que regulamentam, disciplinam as ações coletivas, o processo coletivo, a atividade jurisdicional coletiva e a coisa julgada coletiva. 
 
Microssistema do Processo Coletivo: a existência de um microssistema coletivo, dotados de regras e princípios próprios, à margem do CPC, pelo caráter individualista deste.
modernamente a doutrina fala que atualmente ocorre o fenômeno do policentrismo, que é a multiplicidade de normas jurídicas que regulamentam o direito material e processual. 
Ultrapassada a era das Codificações (centralização das normas em Códigos), vivemos hoje uma difusão dessa regulamentação (descentralização das normas materiais e processuais). 
Portanto, os vários microsistemas existentes evidenciam e caracterizam o policentrismo do direito contemporâneo.
z
POLICENTRISMO:
CR/88
CÓDIGOS 
LEIS EXTRAVAGANTES
Didier afirma que pensar em recodificar significa imaginar uma função residual aos Códigos que não seja fechada em si mesma, uma função que contribua para a harmonização dos microssistemas e a Constituição, bem como para a preservação dos valores jurídicos comuns na elaboração de novos microssistemas. 
Nessa ordem de idéias, o CDC poderia ser considerado como atual elemento harmonizador do microssistema da tutela coletiva.
Até o momento não temos um Código que regulamente o Direito Processual Civil Coletivo, essas normas estão difundidas em diversas leis, que juntas formam o que a doutrina denomina de microssistema do processo civil coletivo. São elas:
Lei de Ação Popular
CDC
Lei de ACP
Lei de Improbidade
Lei 1533/51 - MS
Lei 9507/97 (habeas data) 
O microssistema do processo coletivo tem uma peculiaridade: ele advém de uma reunião intercomunicante de vários diplomas legislativos (diferenciando-se da maioria dos microssistemas que, em regra, recebem apenas influência de normas gerais). Alguns autores usam outra expressão para designar a mesma coisa: “sistema de vazos intercomunicantes”, que no Direito Civil é conhecido como “diálogos de fontes” e no Direito Internacional como “normas de reenvio”.
- Formas de Comunicação:
Aplicação subsidiária das normas do microssistema do processo coletivo: se na prova cai uma questão sobre improbidade, sendo a Lei 8429 omissa quanto à matéria, irei me socorrer de algum daqueles diplomas legislativos que compõe esse microssitema.
Exemplo: art. 21 da Lei de ACP remete para o CDC
 O art. 90 do CDC remete para a Lei de ACP
Salienta Didier que, ao alterar a LACP (art. 21 da Lei 7347/85, que foi alterado pela Lei 8078/90), o CDC atuou como verdadeiro agente harmonizador para a defesa dos direitos transindividuais. Assim, menciona Antônio Gidi, para quem “o Título III do CDC, combinado com a LACP, fará às vezes do Código Coletivo, como ordenamento processual geral para a tutela coletiva”.
Somente quando essas normas que compõem o microssistema não solucionarem a questão, aí sim iremos nos socorrer, em caráter residual, às normas do CPC. Observe-se que não se trata de aplicação subsidiária do CPC, mas sim residual. Isso porque o CPC está impregnado de normas individualistas, o que denuncia o viés privatista do sistema processual.
Afirma Didier: “o microssistema coletivo tem sua formação marcada pela reunião intercomunicante de vários diplomas, característica que o diferencia da maioria dos microssistemas. Com efeito, a concepção do microssistema coletivo deve ser ampla, a fim de que o mesmo seja composto não apenas do CDC e da LACP, mas de todos os corpos legislativos inerentes ao direito coletivo. Isso significa dizer que o CPC terá aplicação somente se não houver solução legal nas regulações que estão disponíveis dentro desse microssistema coletivo. Dessa forma, a leitura do art. 19 da LACP e 22 LAP há de ser feita com cuidado, porquanto o CPC será residual e não imediatamente subsidiário, pois, verificada a omissão no diploma coletivo especial, o intérprete deve buscar os ditames constantes dentro do microssistema coletivo. As leis que formam esse conjunto de regulação ímpar interpenetram e subsidiam-se, de modo que o CPC, dado o seu viés individual, terá aplicação apenas residual.”
Exemplos de aplicação prática do microssistema:
- distinção entre o abandono ou desistência de uma ação no processo individual e no processo coletivo:
No processo individual:
- Art. 267, III: trata do abandono unilateral: se o autor abandona uma ação individual, ocorre a extinção do processo sem resolução do mérito.
 Advertência: essa extinção não é automática: vide súm. 240 STJ – salientam Didier e Alexandre Câmara que, se o réu já estiver no processo, não pode o juiz extinguir de ofício: nesse caso, a extinção do feito, por abandono da causa pelo autor, dependerá do requerimento do réu. Assim, havendo pedido do réu nesse sentido, deverá o juiz providenciar a intimação pessoal do autor – não pode ser na pessoa do advogado! - para verificar se ele deseja ou não prosseguir com o feito. Se o autor não se manifestar em 48 horas, aí sim ocorre a extinção do processo. 
Já se o abandono da ação pelo autor ocorrer antes de o réu intervir no processo, neste caso, a extinção do feito prescindirá do consentimento deste (não sendo aplicável a súm. 240 STJ). Ou seja, o juiz poderá, de ofício, tomar as providências a que alude o $ 1 do art. 267 e, não havendo manifestação do autor em 48 horas, extinguir o processo.
No caso de desistência do processo individual, a consequência tb é a extinção do processo, mas a dinâmica é diferente: art. 158 $ único diz que a desistência só surte efeitos depois de homologada por sentença.
Cuidado: a desistência será livre ou condicionada, a depender do momento processual em que ocorre: 
 se a desistência antecede à resposta do réu, será livre, prescinde da oitiva do demandado.
 Se, porém, já houve resposta do réu, neste caso a desistência depende do consentimento do réu (art. 267 $ 4) para que possa ser homologada por sentença. Vide art. 501 (o recurso é uma extensão do direito de ação).
Se o réu torna-se revel, o autor pode livremente desistir da ação, mesmo após decorrido o prazo para resposta. Isso porque se o réu não impugnou o próprio pedido formulado na demanda, não faria sentido exigir o seu consentimento no caso de desistência do autor.
Dúvida: se a desistência ocorrer após a citação, mas antes de o réu oferecer resposta, é necessário o consentimento deste? Não é necessário o consentimento do réu nesta hipótese. Isso porque o fator decisivo para fins de saber se a desistência será livre ou condicionada é a contestação!
Obs: o abandono se assemelha muito à desistência. A diferença é basicamente na forma: o abandono é tácito, a desistência é expressa.
-No Processo Coletivo:
Princípio da Obrigatoriedade: o anteprojeto do CPP Coletivo institui esse princípio, mas será uma obrigatoriedade mitigada. 
Atualmente, a doutrina minoritária sustenta a existência do princípio da obrigatoriedade da ação coletiva.
A doutrina majoritária afirma que existe sim a obrigatoriedade, mas esta incide sobre a tutela coletiva, não sobre a ação coletiva. 
Art. 9 da Lei 4717/65 (cuidado: essa lei utiliza o termo “absolvição de instância”, para se referir à “extinção do processo sem resolução de mérito”)
art. 5 $ 3 da Lei 7347/85
Diferente do que ocorre numa ação individual, o abandono ou a desistência de uma ação coletiva não acarreta a extinção do processo, mas sim a SUCESSÃO PROCESSUAL. 
Exemplo da aplicação do microssistema:
Art. 17 da Lei 8429/92 trata dos aspectos processuais da ação de improbidade administrativa. O dispositivo não trata do abandono ou desistência na ACP de improbidade, sendo a Lei de Improbidade omissa a respeito. 
Se - por equívoco – eu aplicar subsidiariamente as regras do CPC, a solução será a extinção do processosem resolução do mérito. 
Porém, se eu aplicar subsidiariamente os diplomas legislativos que compõem o microssistema – o que é o correto - a solução será a sucessão processual. 
Daí a importância prática de se ter em mente que, em matéria de processo civil coletivo, os diversos diplomas legislativos que compõem esse microssistema se intercomunicam e subsidiam-se. Assim, na omissão de uma das leis, deve-se buscar socorro em algum desses diplomas que o compõe.
Portanto, combinar o art. 17 da lei 8429/92 com os arts. 9 da Lei 4717/65 e 5 $ 3 da Lei 7347/85.
II) Objeto Material, que se divide em:
Tutela jurisdicional em abstrato – está ligada à idéia de higidez do direito objetivo. Controle em abstrato de constitucionalidade. Ou seja, aqui se visualiza um instrumento potencializado de proteção ao Estado Democrático de Direito. É nesse ponto que alguns autores chamam de Processo Coletivo Especial, que será um instrumento utilizado quando for proposta ADIN, ADC ou ADPF. 
Por intermédio dessas ações diretas, protege-se o interesse transidividual, só que de uma forma abstrata.
Tutela jurisdicional em concreto – está ligada à higidez do direito subjetivo. Na tutela em concreto, visa-se proteger interesses ou direitos. Utiliza-se o termo Processo Coletivo Comum, Ação Coletiva Comum. São elas: ACP, Ação Popular, Mandado de Segurança Coletivo, HC, Mandado de Injunção. Nesta hipótese se verifica um instrumento potencializado de efetivação material ou substancial do Estado Democrático de Direito. 
- Portanto, o processo coletivo pode ser:
PROCESSO COLETIVO COMUM – busca a higidez do direito subjetivo
PROCESSO COLETIVO ESPECIAL – busca a higidez do direito objetivo (controle de constitucionalidade em abstrato)
- Nomenclatura correta acerca do objeto material: discute-se se o correto é utilizar o termo direito ou interesse:
1 posição: Ada Pelegrini e Kazuo Watanabe sustentam que pode ser utilizada qualquer uma dessas nomenclaturas, já que são expressões sinônimas. O art. 81 $ único do CDC inclusive utiliza ambas as expressões como sinôminas. 
2 posição: Didier e Antônio Gidi sustentam que existe diferença entre as expressões. A diferença é feita com base no Direito Italiano: 
Interesse denota aspecto individual.
Direito denota aspecto transindividual. 
Esses autores sustentam que a nomenclatura correta é “direitos”. Argumenta Didier que a CR/88 (art. 5, XXXV) garante o acesso ao Poder Judiciário frente a lesão ou ameaça aos “direitos”. Segundo ele, o vocábulo “interesses” é desprovido dessa garantia. 
Em provas, quando não soubermos qual a nomenclatura que o examinador utiliza, devemos escrever ambas as expressões “interesses ou direitos”, a exemplo do que consta no CDC.
Os autores gostam de utilizar o termo PUBLIC LAW LITIGATION: numa interpretação meramente literal significa litígio de interesse público. Esse termo quer expressar que no processo coletivo, o interesse subjacente é o interesse público primário, da própria coletividade.
Contudo, nada impede que o interesse público secundário – que é composto por aqueles interesses que a Administração Pública poderia ter como qq sujeito de direito (interesses patrimoniais em sentido lato) - tb seja protegido. 
- Tutela de Direitos Coletivos e Tutela Coletiva de Direitos: distinção
Tutela de Direitos Coletivos: está ligada aos interesses ou direitos essencialmente coletivos. São eles: os interesses difusos e os interesses coletivos em sentido estrito.
O examinador pode utilizar a expressão ações essencialmente coletivas.
Tutela Coletiva de Direitos: o objeto é a tutela de direitos ou interesses acidentalmente coletivos. Na essência, são direitos ou interesses individuais, porém em razão da repercussão destes, serão tutelados de maneira coletiva. São eles: os interesses individuais homogêneos.
Explica Didier: representam situações em que os direitos são mais bem atendidos se compreendidos como coletivos para fins de tutela, caso específico dos direitos individuais homogêneos. 
Nesse diapasão, o examinador pode utilizar o termo: ações acidentalmente coletivas ou ações pseudo-coletivas.
- Ação pseudoindividual: é uma ação de cunho meramente individual, mas que pode gerar repercussão na própria coletividade. 
Ex: o morador de uma área rural ajuiza ação contra uma fábrica argumentando que a ré, ao despejar resíduos poluentes em um rio próximo à sua residência, está destruindo sua plantação, lhe causando prejuízos e, com base nessa causa de pedir, pede que a fábrica seja condenada à uma obrigação de não-fazer. Ao obter essa sentença condenatória mandamental, obrigando a fábrica a abster-se de despejar os resíduos, estará, indiretamente, tutelando um interesse difuso: o meio-ambien
te, repercurtindo na esfera coletiva.
Portanto, não confundir: ações pseudo-coletivas (aquelas cujo objeto mediato é a proteção de um interesse individual homogêneo) e ações pseudo-individuais (que são aquelas propostas individualmente, mas que repercutem na esfera coletiva).
- (Intensa) Conflituosidade entre os Interesses Transindividuais: é da essência da tutela dos interesses transindividuais a ponderação dos interesses em jogo, já que nem sempre o interesse tutelado coincidirá com o interesse público ou da coletividade. Vejamos:
Interesses transindividuais coincidentes com o interesse público. exemplo dado por Mazzili: tutela do meio ambiente. Se o MP promove ACP para tutela do meio ambiente, haverá uma coincidência entre o interesse tutelado e o interesse público
interesse transindividual menos abrangente do que o interesse público. exemplo: tutela dos consumidores. Interessa a um grupo restrito, que não chega a se confundir com o próprio interesse geral. 
interesse transindividual em conflito com o interesse da coletividade como um todo. exemplo: tutela jurisdicional das normas trabalhistas. 
Interesses transindividuais em conflito com os interesses do Estado enquanto pessoa jurídica. Exemplo: tutela jurisdicional dos interesses do contribuinte. Aqui é fácil enxergar o conflito entre os interesses do contribuinte X os interesses arrecadatórios do Estado. 
Exemplo prático dessa conflituosidade dos interesses em jogo: o embargo à obra do resort Summer Brizes em Búzios: aqui é preciso ponderar o interesse a tutela do meio ambiente com os interesses arrecadatórios do Estado (que, com a não construção do empreendimento, deixa de arrecadar tributos, de gerar empregos, de atrair mais turistas para o município, etc). Nesse exemplo o interesse do Estado como pessoa jurídica entra em conflito com o interesse transindividual de proteção ao meio ambiente. 
Ex: o interesse das pessoas que curtem os trios elétricos no carnaval com o interesse daqueles moradores do bairro que buscam o sossego, que se sentem prejudicados com a poluição sonora.
- interesses transindividuais referentes a grupos que mantêm conflitos entre si.
- Diferenciação entre os Interesses Transindividuais, Metaindividuais ou Coletivos em Sentido Amplo constituem gênero, que tem 2 espécies: 
1) interesses essencialmente coletivos – se subdividem em: 
interesses difusos
interesses coletivos em sentido estrito 
2) interesses acidentalmente coletivos (interesses individuais homogêneos).
Aspectos/critérios subjetivos dos Interesses Difusos 
são interesses realmente transindividuais, ultrapassam a esfera jurídica individual. 
Os sujeitos ou titulares são absolutamente indeterminados, não há como individualizá-los na coletividade. (Ex: os lesados por um dano ambiental ocorrido numa dada região não são apenas os atuais moradores da região, mas tb os futuros moradores dessa região e, tb, as futuras gerações).
Vínculo entre os sujeitos: o vínculo é mera circunstância de fato (não é um fato que os une, mas uma mera circunstância de fato). Ex: morar na mesma região.
Aspectos/critérios Objetivos dos Interesses Difusos:
são interesses absolutamente indivisíveis (ex: num dano ambiental, não há como divisar o dano sofrido)
são interesses insuscetíveisde apropriação individual. 
São interesses indisponíveis
são intransmissíveis
Aspectos Processuais dos Interesses Difusos:
inadmissível a intervenção individual no processo civil coletivo 
não admitem transação, já que são interesses indisponíveis
não admite confissão (art. 351 CPC)
não cabe aplicação do principal efeito da revelia: a presunção relativa de veracidade dos fatos. Assevere-se que pode ocorrer a revelia em si, porém não se produzirá o seu efeito material. Arts. 302, I, art. 319, 2 parte, art. 320, II e art. 334, IV.
Não cabe renúncia.
Ônus da prova: art. 333 $ único permite que as partes possam convencionar forma diversa de distribuição desse ônus daquela prevista no 333). Porém em se tratando de interesse difuso, é nula essa convenção.
Mutação no pólo ativo da demanda: essa mutação é absolutamente informal. (Ex: ACP proposta para proteção do meio ambiente de Angra dos Reis. Amanhã se algum morador de Angra se mudar para outra localidade, o promotor que ajuizou a ACP não terá que informar isso ao juízo.)
Para a doutrina majoritária, a atuação se dará por intermédio de legitimação extraordinária
Obs: a morte do titular do interesse: o art. 267, IX CPC só vale para os processos individuais, não se aplica aos processos coletivos. ??????????? NÃO ENTENDI!!!
Eficácia da imutabilidade da decisão judicial: a eficácia é erga omnes. Vide art. 18 da Lei 4717/65, art. 16 Lei 7347/85, art. 103, I CDC, art. 2-A Lei 9494/97 
A Lei 7347/85 e a Lei 9494/97 trazem uma limitação dessa eficácia da coisa julgada.
Regime Jurídico da Imutabilidade: secundum eventum(s) probationem(nis).
A decisão judicial se tornará imutável e indiscutível dependendo do resultado da instrução probatória. (é aquela questão da improcedência por insuficiência de provas).
- Interesses Coletivos em Sentido Estrito:
Aspectos subjetivos:
são interesses essencialmente transindividuais, que transcendem a esfera jurídica individual.
Os sujeitos ou titulares do interesse são indeterminados, porém determináveis. Há uma indeterminação relativa. 
Vínculo entre os sujeitos ou titulares: mesma relação jurídica-base. Esses sujeitos pertencem à mesma categoria, grupo ou classe. 
Aspectos Objetivos:
são interesses indivisíveis. (obs: Pedro Lenza diz que no plano externo esse interesse ostenta uma divisibilidade, porque é possível isolar esse interesse no seio da coletividade. Porém no aspecto interno, este interesse é absolutamente indivisível). 
São insuscetíveis de apropriação individual. Tal como no interesse difuso, aqui tb não cabe intervenção individual no processo coletivo.
São interesses indisponíveis 
são interesses intrasmissíveis
Aspectos Processuais:
Inadmitem transação
Inadmitem confissão
Inadmitem renúncia
Não ocorre o principal efeito da revelia
No tocante ao ônus da prova, não é possível a convenção entre as partes para estabelecer disposição diversa do ônus da prova. 
Mutação do pólo ativo: é relativamente informal. O integrante pode se excluir do grupo categoria ou classe no momento que quiser, mas tal saída terá que ser informada ao juiz. Isso porque é preciso identificar quem foi abrangido pela decisão para futura liquidação. Ex: o art. 2-a da Lei 9494/97 exige a indicação dos associados e dos seus domicílios
Atuação processual: se dará por meio de legitimação extraordinária.
Eficácia da Imutabilidade da decisão: é ultra partes. Art. 103, II CDC
Regime jurídico da Imutabilidade: a imutabilidade aqui tb é secundum eventum probationem
A morte do sujeito ou do titular do interesse: o art. 267, IX só se aplica ao processo civil individual. 
- Interesses Acidentalmente Coletivos: Interesses Individuais Homogêneos:
Aspecto subjetivo: 
O interesse, em sua essência, é individual. 
É possível a perfeita identificação ou individualização dos sujeitos ou titulares do interesse. 
Vínculo entre os sujeitos: o vínculo é um fato comum, ou seja, eles titularizam um direito que tem uma origem comum. Existe entre esses sujeitos uma relação fática, que é chamada pela doutrina de relação ex post factum (após a ocorrência do fato)
Aspecto Objetivo:
os interesses são divisíveis (é possível divisar o dano sofrido por cada um dos titulares)
são suscetíveis de apropriação individual. Portanto, será possível intervenção individual no processo coletivo (Art. 94 c/c 103, $ 2 CDC) 
Em regra, esses interesses são disponíveis.
São, em regra, transmissíveis
Para identificar a indisponibilidade e a intransmissibilidade do direito, é necessário analisar o caso concreto.
Aspectos Processuais: 
Em regra, os interesses individuais homogêneos, por serem disponíveis (em regra), admitem transação, confissão, renúncia 
É possível a produção do efeito material da revelia, em regra
quanto ao ônus da prova, em regra, será possível a convenção entre as partes, salvo se no caso concreto o interesse for indisponível. 
Mutação no pólo ativo: ocorre de maneira absolutamente formal, ou seja, por intermédio de um ato ou fato jurídico. (o evento morte irá transmitir o interesse)
O evento morte não implica a utilização do art. 267, IX CPC. ????????
Atuação Processual: em regra, legitimação ordinária. Isso porque como o interesse é individual, o próprio titular pode ir à juízo buscar a tutela do seu interesse por meio de ação individual. 
Se a atuação for coletiva, pode-se dar por meio de representação processual ou legitimação extraordinária.
Eficácia da imutabilidade da decisão judicial: aqui diz a doutrina que teremos uma eficácia erga victimae, e não eficácia erga omnes. Significa que a decisão só atingirá as vítimas do evento.
Regime Jurídico da Imutabilidade: aqui é secundum eventum litis (art. 103, III, CDC). Nesta hipótese a imutabilidade estará condicionada ao resultado da demanda. 
Distinção entre transporte in utilibus e right to opt
é admissível em nosso ordenamento o instituto da defendant class action?
É possível o controle jurisdicional das omissões públicas?
2 aula (25/03/09)
MODELOS DE TUTELA JURISDICIONAL DOS DIREITOS COLETIVOS:
Existem 2 modelos: 
- o da Verbandklage alemã, principalmente adotado na Europa continental (exceto nos países escandinavos)
- o da Class Actions, de origem norte americana, é o que tem reconhecidamente maior influência nos ordenamentos que adotam as demandas coletivas. Amplamente difundido em países como o Brasil, Canadá, Suécia, etc. 
O Brasil recepcionou de forma criativa o modelo das class actions, com ajustes e modificações. Portanto, o Brasil adotou esse modelo, com algumas peculiaridades. 
- Influência do regime das Class Actions:
Nos EUA: lá o regime jurídico da imutabilidade é sempre PRO ET CONTRA, ou seja, não importa o resultado da demanda – se de procedência ou improcedência: em ambos os casos, a esfera jurídica coletiva será atingida! Portanto, a coisa julgada é vinculativa para toda a classe, quer beneficiando-a, quer prejudicando-a.
No Brasil: a imutabilidade será PRO ET CONTRA somente em 2 situações:
1a) com relação aos demais legitimados coletivos: Significa que não se pode repetir a mesma demanda coletiva, nem mesmo com a propositura por outro legitimado coletivo. 
Ex: Defensoria Pública ajuiza ACP para defesa dos consumidores e o resultado é de improcedência: esse resultado de improcedência impedirá que os demais legitimados coletivos promova nova ACP para tutelar a mesma hipótese. 
2a) quando ocorre intervenção individual no processo coletivo (art 94 CDC):
O art 94 CDC estabelece que o autor de uma ação coletiva tem o dever de dar ampla publicidade/divulgação da ação coletiva proposta, com o objetivo de permitir o ingresso de eventuais interessados.
Obs: esse ingresso a que se refere o art. 94 CDC somente é permitido em se tratando de interesses individuais homogêneos. Art. 94 c/c 81, $ único, III CDC. Em se tratando de interesses difusos e coletivos, não se admite a intervenção individual no processo coletivo!!!
Essa intervenção individual no processocoletivo será na qualidade de litisconsorte facultativo ulterior, superveniente.
Obs: o art. 264 CPC, ao tratar do momento de estabilização da demanda no plano subjetivo, (perpetuatio legitimationis), deixa claro que esse estabilização é relativa e não absoluta, já que em sua parte final prevê ressalvas (“..., salvo as substituições permitidas por lei”) e dentre as substituições permitidas por lei, temos o litisconsorte ulterior, superveniente.
Dessa forma, conclui-se que a regra da perpetutatio legitimationis (art 264 CPC) NÃO se aplica ao processo coletivo!
- Art. 103, III c/c $ 2 CDC: o resultado do processo coletivo só repercute na esfera jurídica individual PARA BENEFICIAR, ou seja, naquilo que for benéfico. A coisa julgada é vista IN UTILIBUS: somente naquilo que beneficiar os titulares dos interesses individuais. 
O $ 2 permite inclusive a propositura de ação individual para aqueles que não intervieram no processo coletivo. A contrario sensu, estrai-se dessa norma que aqueles que intervieram no processo coletivo como litisconsortes (art 94 CDC) NÃO poderão ajuizar ação individual!!!
- Regime da Imutabilidade: processo coletivo para tutela dos interesses individuais homogêneos – repercussão da coisa julgada:
a) NA ESFERA COLETIVA (isto é, para os demais legitimados coletivos) - será PRO ET CONTRA: a decisão judicial ficará imutável e indiscutível tanto nos casos de procedência como nos casos de improcedência do pedido, salvo se o resultado for de improcedência por insuficiência de provas.
b) NA ESFERA INDIVIDUAL (isto é, para os titulares do interesse individual homogêneo objeto da ação coletiva) – Regra: a coisa julgada será vista IN UTILIBUS, isto é, somente naquilo que beneficiar, sendo que a improcedência da ação coletiva não impedirá a propositura de ação individual, desde que o sujeito não tenha participado do processo coletivo (art 103, III c/c $ 2)
Exceção: caso o sujeito tenha participado do processo coletivo como litisconsorte (art 94 CDC), a imutabilidade será PRO ET CONTRA, de modo que ele não poderá promover ação individual (art. 103, $ 2 a contrario sensu)
(vide esquema caderno)
- FAIR NOTICE E RIGHT TO OPT: APLICA-SE ÀS AÇÕES COLETIVAS QUE VERSEM SOBRE DIREITOS COLETIVOS STRICTO SENSU E DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS 
O art. 104 CDC regulamenta situação em que uma ação coletiva e uma ação individual correm simultaneamente.
Mesmo que as ações coletivas e as ações individuais sejam idênticas, NÃO ocorre litispendência! Portanto, é possível o trâmite, ao mesmo tempo, de uma ação coletiva e de uma ação individual. 
Quando isso ocorre, o autor da ação individual tem que ser formalmente cientificado de que existe uma ação coletiva em curso. Note-se que aqui, não basta a ampla divulgação pelos meios de comunicação. Exige-se que o autor da ação individual seja notificado, devendo tal notificação ser feita no bojo da ação individual! Essa ciência formal que se dá ao autor da ação individual acerca da existência de uma ação coletiva em curso é o que a doutrina chama de FAIR NOTICE.
O objetivo dessa cientificação formal (FAIR NOTICE) é possibilitar que o autor da ação individual exerça o RIGHT TO OPT: ou seja, ele terá o direito de optar pelo prosseguimento ou não de sua ação individual.
Prazo para exercício do right to opt: 30 dias, a contar da data em que tiver ciência, no bojo da ação individual, da existência da ação coletiva. 
RIGHT TO OPT OUT: o autor da ação individual opta por dar prosseguimento à sua demanda individual. 
- Neste caso, se o resultado da ação coletiva for de procedência, ele não será beneficiado. 
- Em contrapartida, se o resultado da demanda coletiva for de improcedência, ele não será prejudicado.
Em outras palavras: seja qual for o resultado da demanda coletiva (benéfico ou prejudicial), o autor da demanda individual que exerceu o RIGHT TO OPT OUT não será atingido.
RIGHT TO OPT IN: o autor da ação individual opta pela suspensão da ação individual para aguardar o desfecho da ação coletiva.
Não existe prazo máximo para a suspensão da demanda individual (portanto, não se aplica à este caso a regra do 265, $ 5 CPC, que diz que a suspensão do processo não ultrapassará 1 ano). Em outras palavras: o processo individual ficará suspenso até o término do processo coletivo, seja quanto tempo perdurar!!!
- se o resultado da demanda coletiva for de procedência: o autor da demanda individual (que está suspensa) será beneficiado com esse resultado.
- se o resultado da demanda coletiva for de improcedência: o autor da ação individual não será prejudicado, de modo que ele poderá agora prosseguir com a sua ação individual (que estava suspensa).
- INDAGA-SE: após o exercício do right to opt, pode o autor da ação individual se retratar?
Qual a natureza do prazo previsto no art. 104 CDC?
Se se entender que o prazo é decadencial, decorrido o prazo ocorre a perda do direito de ação (é majoritária)
Se se entender que o prazo é peremptório, o fenônemo que vai incidir será o da preclusão (preclusão consumativa: se o autor da ação individual chegou a exercer o direito de opção; ou preclusão temporal: se, decorrido o prazo, o autor da ação individual não se manifestou, ficou inerte). 
Se esse prazo de 30 dias decorreu in albis (decorrido o prazo, o direito de opção não foi exercido, o autor da ação individual não se manifestou): entende-se que ele – autor da ação individual – deseja prosseguir com a demanda individual.
Se o autor da ação individual exerce o direito de opção: ocorre a preclusão consumativa. 
Indaga-se: se o autor da ação individual exerce o direito de opção no décimo dia do prazo, e no vigésimo dia resolve se retratar. Isso é admitido?
- Para os que entendem que ocorre o fenômeno da preclusão, não se admite a retratação, pois terá ocorrido a preclusão consumativa.
Para aqueles que entendem que o prazo é de natureza decadencial, admite-se a retratação, desde que seja antes da sentença do processo coletivo.
Raciocínio:
Se entender que o prazo do art. 104 CDC é peremptório, ao exercer o right to opt, opera-se a preclusão consumativa (perda da faculdade de praticar um ato processual, já que o autor da ação individual já exerceu o direito de opção). Nesse diapasão, o autor da ação individual não poderá se retratar.
Se se entender que o prazo do art. 104 tem natureza decadencial (decadência é a perda do direito em razão do decurso do prazo), nada impede que o autor da ação individual venha a se retratar, desde que dentro do prazo decadencial de 30 dias. 
- Qual o remédio jurídico que o autor da ação individual pode valer-se caso ele não seja formalmente cientificado acerca da existência da demanda coletiva e esta tendo um resultado favorável?
Não tendo sido realizado o FAIR NOTICE e sendo julgado procedente o pedido da ação coletiva, o autor da ação individual poderá ajuizar AÇÃO RESCISÓRIA, com fundamento no art. 485, V, CPC. Isso porque a não realização da cientificação formal ao autor da ação individual configura violação à dispositivo de lei: art. 104 CDC.
Prazo decadencial da Ação Rescisória: 2 anos
E se já tiver decorrido o prazo decadencial de 2 anos para o ajuizamento da Ação Rescisória?
Frise-se desde logo que não cabe ação de querela nulitatis (a qual só é admitida em casos de inexistência ou vício de citação).
Diante dessa situação, resta ao autor da ação individual desistir da demanda individual e se habilitar no processo coletivo, caso preencha os requisitos para tanto. 
- DEMANDANT CLASS ACTIONS (AÇÃO COLETIVA PASSIVA)
É uma ação coletiva proposta em face de uma coletividade (legitimação coletiva passiva).
O art. 38 do Anteprojeto da Ada Pelegrini traz norma prevendo a ação coletiva passiva. 
Nos EUA, a ação coletiva passiva é amplamente admitida.
Na doutrina brasileira, há divergência quanto à sua admissibilidade. Vejamos:
1 posição (minoritária): Pedro da Silva Dinamarco entende que não é possível ação coletiva passiva, pelos seguintes fundamentos: ausência de previsãolegal expressa; não há como aplicar o regime jurídico da imutabilidade (ele questiona: como será possível condenar os associados e não condenar a associação?!)
2 posição: Mazzili, Antônio Gidi, Ada Pelegrini, Pedro Lenza, entendem ser perfeitamente admissível ação coletiva passiva, pelos seguintes fundamentos:
1o argumento - ausência de previsão legal não implica vedação (até porque em nosso ordenamento se aplica o princípio da proibição do non liquet, tb conhecido como princípio da indeclinabilidade da prestação jurisdicional, que preconiza que o juiz não pode se eximir de julgar alegando inexistência de lei sobre a questão – arts. 5 LICC e 126 CPC). Ademais, vale ressaltar que todos os 4 projetos de Código de Processo Coletivo apresentam um título ou capítulo destinado às ações coletivas passivas. 
2o argumento - princípio da atipicidade das ações coletivas: as ações coletivas não estão dispostas em um rol taxativo. Significa que toda e qq ação poderá ser utilizada para tutelar a esfera coletiva, desde que se mostre ser a mais adequada e efetiva (art 83 CDC). Logo, se é admissível toda e qq espécie de ação para proteger a coletividade, não há razão para não se admitir a ação coletiva passiva!
3o argumento – não admitir a ação coletiva implicaria ocorrência de situações jurídicas inexplicáveis (nas quais a coletividade figura no pólo passivo). Vejamos algumas:
Ex1:
MP ____________ fábrica poluidora fábrica poluidora _______________ MP
ACP
 ação rescisória
Transitada em julgado a ACP, se se admitir a ação coletiva passiva, é possível ajuizar Ação Rescisória contra aquela decisão da ação coletiva.
Ex2:
MP ___________________________________ devedor que descumpriu o TAC
execução de título extrajudicial (TAC)
devedor que descupre o TAC _______________________ MP 
embargos*
O MP promove ação de execução de título extrajudicial em face do devedor que descumpriu o TAC. O devedor, citado, oferece embargos (cuja natureza, ninguém discute, é de ação de conhecimento).
Ex3:
MP _____ação principal_______________ Réu
Réu ______reconvenção_______________ MP
Ex4:
MP _____________________________ Réu
Réu _____________________________ MP
ação declaratória incidental
4o argumento - o art. 5 $ 2 da Lei 7347/85 permite o litisconsórcio no pólo ativo ou passivo. 
Se, por exemplo, uma associação for litisconsorte no pólo passivo, teremos então uma hipótese em que figura a coletividade no pólo passivo.
5 argumento – em uma ação coletiva passiva o regime juridico da imutabilidade será o mesmo da ação coletiva ativa, ou seja, erga omnes, ultrapartes, erga vitimae. Vide art. 39 do projeto da Ada. 
- ADEQUACY OF REPRESENTATION:
No modelo americano: no regime jurídico das Class Actions norte-americano, não basta ostentar letigimidade ativa: exige-se, além da legitimidade ativa, que o autor demonstre possuir larga experiência na persecução dos interesses da coletividade (que tenha experiência na atuação dos interesses da coletividade. Ex: diretor de uma ONG), bem como solvabilidade, isto é, que seja capaz de arcar com o custo das ações coletivas, já que não há gratuidade no processo nos EUA.
Ademais, o modelo norte-americano exige autorização expressa daqueles que estão inseridos na coletividade. 
Obs: esse instituto da Adequacy of Representation não é integralmente adotado no Brasil. Vejamos: 
No Brasil, a regra é que as ações coletivas são gratuitas, salvo comprovada a má-fé. Arts. 5, LXIII CR/88 (“o autor da ação popular fica isento de custas e ônus sucumbenciais, salvo comprovada a má-fé”), art. 87 CDC (“nas ações coletivas de que trata este Código não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários e qq outra despesa, nem condenação da associação autora, salvo conprovada má-fé,...), art. 18 Lei 7347/85.
No Brasil não se exige a tal “larga experiência na atuação da persecução da tutela coletiva”. Tanto assim que um cidadão de 17 anos, que tenha capacidade eleitoral ativa, pode ajuizar Ação Popular. 
Além da legitimação ativa, no Brasil exige-se, em algumas hipóteses, a REPRESENTATIVIDADE ADEQUADA (= PERTINÊNCIA TEMÁTICA). 
Exemplo ACP em matéria ambiental: não é qualquer associação que pode propor, exige-se que exista uma congruência entre a finalidade institucional da associação civil e o objeto da demanda coletiva proposta. 
Pergunta-se: essa associação precisa de autorização expressa dos associados?
Panorama:
O art. 5 XXI da CR/88 (“as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tem legitimidade para representar seus filiados judicial e extrajudicialmente”) exige autorização expressa dos associados para os casos de representação processual (isto é, atuação em nome alheio na defesa de interesse alheio) e não para os casos de legitimação extraordinária!!!
 Portanto, cuidado para não confundir os institutos da representação processual com o da legitimação extraordinária!
Veja-se decisão do STF a respeito (INF 547): “a associação atua em juízo, na defesa do direito de seus associados, como representante processual. Para fazê-lo, necessita de autorização expressa (art. 5, XXI CR/88). O STF já definiu que essa autorização pode ser conferida pela Assembléia Geral da entidade, não se exigindo procuração de cada um de seus filiados.
 Por outro lado, entende o STF que a atuação fundada apenas em autorização constante do Estatuto da associação não é suficiente. Exige-se, além da autorização genérica prevista no estatuto da associação, que haja uma autorização específica dada pela Assembléia Geral dos associados. Com base nesse entendimento, o STF reconheceu a ilegitimidade ativa da associação para defender em juízo o interesse de seus filiados quando calcada tão somente em autorização constante do Estatuto da associação”. 
O art. 5, LXX, alínea b da CR/88 prevê a possibilidade de impetração de Mandado de Segurança Coletivo por associações, sem necessidade de autorização expressa dos associados. É o que diz as súmulas 629 e 630 STF (DÚVIDA: É CASO DE REPRESENTAÇÃO PROCESSSUAL OU LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA????)
O art. 8, III da CR/88 diz que “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”. Aqui tb não há essa exigência de autorização expressa.
Obs: O STF em 2008 exigiu que o Sindicato esteja inscrito no Ministério do Trabalho e do Emprego para que possa atuar em juízo.
Pela análise do arcabouço constitucional, chega-se a conclusão de que a CR/88 não exige a autorização expressa dos associados para que a associação ajuize a ação coletiva. 
Vejamos agora a questão no âmbito infraconstitucional:
- art. 82, IV CDC: dispensa expressamente a autorização assemblear
- art. 5, V Lei 7347/85: não exige autorização dos associados
- art. 81, IV Estatuto do Idoso e 210, III ECA: dispensam a autorização assemblear, mas exigem autorização estatutária (ou seja, o estatuto da associação deve prever autorização para que esta possa atuar em juízo)
- art. 12, III Estatuto da Cidade: aqui há uma exigência de autorização. 
ATENÇÃO: Esse dispositivo confunde os intitutos da substituição processual (alguém atua em nome próprio na defesa de interesse alheio) com o da representação processual (alguém atua em nome alheio na defesa de interesse alheio). Logo, para não se cogitar da inconstitucionalidade da norma do art. 12, III da Lei 10257/2001, devemos fazer uma interpretação conforme a Constituição, de modo que essa exigência de autorização a que se refere o dispositivo se verifica nos casos em que houver representação processual, e não nos casos de substituição processual!
A hipótese prevista no art. 12, III da Lei 10257/2001 se assemelha àquela prevista no 5, XXI da CR/88 (que autorização expressa dos associados para fins de representação processual).
Dúvida: ressalvados os casos do art. 5, XXI e art. 12, III Lei 10257/2001 (que tratam de representação processual), os demais casos tratam de legitimaçãoextraordinária das associações para a propositura de ação coletiva? 
- O art. 2-A, caput, da Lei 9494/97, que foi acrescentado pela MP 2180-35/2001, trata dos efeitos de uma sentença proferida numa ação coletiva proposta em face da Fazenda Pública:
“a sentença coletiva proferida em ação de caráter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas os substituídos que tenham na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator. 
Parágrafo único – nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o DF, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial deverá obrigatoriamente estar instruída com a ata da assembléia da entidade associativa que a autorizou, acompanhada da relação nominal dos seus associados e indicação dos seus respectivos endereços”
Note-se que o parágrafo único exige autorização assemblear. Questiona-se: essa norma é constitucional?
Observe-se que esse parágrafo único foi introduzido pela MP 2180-35/2001, editada em 24/08/2001.
Na época em que foi editada essa medida provisória, a redação original do art. 62 da CR/88 ainda não trazia vedação quanto à edição de medida provisória que versasse sobre matéria processual (a vedação só foi introduzida depois, com o advento da EC 32 editada em 11/09/2001). Portanto, a vedação de edição de MP em matéria processual é veiculada em norma produto do poder constituinte derivado reformador. 
Vide art. 2 da EC 32/2001: recepcionou as medidas provisórias editadas anteriormente à data da publicação da Emenda.
Existe uma ADC n 11 no STF a respeito, cuja liminar foi concedida em 28/03/2007. Até que sobrevenha o mérito dessa ADC, a norma do parágrafo único do art. 2-A Lei 9494/97 goza de presunção de constitucionalidade. (lembre-se que a concessão de liminar em ADC enseja a suspensão de todos os feitos em trâmite que envolvam discussão acerca da norma impugnada. Vide art. 21 $ único Lei 9868/99)i
Para Pedro Lenza, a norma é flagrantemente inconstitucional, pois viola o acesso à Justiça, na medida em que traz mais um empecilho ao acesso à Justiça, dificultando-o. Ademais, viola o art. 5, XXI CR/88, que apenas exige autorização para os casos de representação processual e, por fim, viola o princípio da Separação de Funções (através da edição desta medida provisória, o Executivo estaria dificultando o acesso à Justiça quando ele próprio – Executivo – estiver figurando no pólo passivo da demanda)
Obs: não confundir a autorização assemblear (exigida no art. 2-A Lei 9494/97) com a autorização estatutária (consiste na exigência de que o estatuto da associação preveja a possibilidade de atuar em juízo na defesa de seus associados). São coisas distintas!!!
 Exemplo: o ECA e o Estatuto do Idoso exigem autorização estatutária, embora haja dispensa de autorização assemblear. 
- FLUID RECOVERY (reparação fluida):
Nos EUA, os valores porventura obtidos em caso de condenação do réu da ação coletiva não necessariamente são empregados em favor das vítimas do evento. 
Diversamente do que ocorre nos EUA, No Brasil existe um Fundo de Reparação dos Direitos Difusos (art. 13 LACP). Busca-se estabelecer uma csongruência entre os valores obtidos com a condenação e os danos que se pretende reparar/minorar, na medida em que os recursos do fundo serão destinados à reconstituição dos bens lesados. 
TEORIA DA AÇÃO COLETIVA:
- Condições da Ação/ao legítimo exercício do direito de ação:
I) Legitimação:
controvérsia: é possível controle judicial da legitimação coletiva ou a legitimação coletiva é sempre ope legis?
1 posição (tende a ser minoritária): não admite o controle judicial da legitimação coletiva. Parte do pressuposto de que a legitimação fixada é ope legis, diretamente pelo legislador. Logo, se o legislador fixa a legitimação, não pode o juiz, diante do caso concreto, afastá-la.
2 posição: a legitimação é fixada ope legis de forma abstrata, mas diante do caso concreto poderá sim haver controle ope iudicis, ou seja, o juiz pode exercer controle sobre essa legitimação.
Fundamentos: arts. 3; 267, VI; 295, II e III; 195 $ único, III; 301, X; 566; 567 e 568 do CPC: todas essas normas prevêem controle sobre a legitimação. 
Arts. 267 $ 3 c/c 301, X CPC: autoriza o magistrado a conhecer de ofício as matérias de ordem pública em qq tempo e grau de jurisdição. Dentre as matérias de ordem pública estão as condições da ação: legitimidade ad causam, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido. 
- Observação: Até o 2o semestre de 2008 o STJ possuía entendimento fixado no sentido de que as matérias de ordem pública também dependiam de prequestionamento. 
Porém no final de 2008 e início de 2009 surgiram precedentes no sentido de que as matérias de ordem pública não necessitam de prequestionamento quando superado o juízo de admissibilidade do Recurso Especial. 
Vide recente decisão snesse sentido (Inf 384 STJ): 
Em agravo de instrumento interposto para apenas decidir sobre a suspensão da exceção de pré-executividade que fora negada pelo juiz, o Tribunal a quo apreciou o próprio mérito do incidente contra o recorrente. Diante disso, o Min. Relator afirma que, nesse caso, houve duplo error in procedendo: o julgamento extra petita e a reformatio in pejus, o que acarreta a nulidade. Explica, ainda, que, após superado o juízo de admissibilidade, o REsp comporta efeito devolutivo amplo ao Superior Tribunal para julgar a causa, nos termos do art. 257 do RISTJ (aplicar o direito à espécie) e da Súm. n. 456-STF. Assim, se necessário, cabe, no REsp, enfrentar a matéria prevista no art. 267, § 3º, e no art. 301, § 4º, ambos do CPC. Em outras palavras, a devolutividade do REsp, em nível vertical, engloba efeito translativo consistente na possibilidade atribuída ao órgão julgador de conhecer de ofício as questões de ordem pública, embora, na espécie, o recorrente, nem nos embargos de declaração nem no REsp, não se deu conta do duplo error in procedendo. Diante do exposto, a Turma conheceu do REsp para declarar, de ofício, a nulidade do acórdão recorrido, devolvendo os autos ao TJ para que ele renove o julgamento do agravo de instrumento. Precedentes citados: REsp 609.144-SC, DJ 24/5/2004; REsp 641.904-DF, DJ 6/2/2006, e REsp 814.885-SE, DJ 19/5/2006. REsp 1.011.401-RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 17/2/2009. 
Em suma: Uma vez superado o juízo de admissibilidade, o Resp comporta efeito devolutivo amplo, o que possibilita ao STJ conhecer de ofício as matérias de ordem pública (art. 267 $ 3 e 301 $ 4 CPC) , mesmo que não tenha sido suscitadas pelo recorrente. (é isso???)
Exemplos em que é possível verificar o controle judicial sobre a legitimidade na ação coletiva:
· pertinência temática nas ações de controle concentrado de constitucionalidade: o STF entende que alguns legitimados para ADI/ADC precisam demonstrar pertinência temática. Ex: Governador do Estado. Assim, se algum desses legitimados não lograr demonstrar a pertinência temática, o STF reconhece a falta de legitimidade ativa. 
· Representatividade adequada: deve existir uma congruência entre os fins institucionais da associação civil e o objeto da ação coletiva. Ex: se uma associação constituída para defesa do consumidor ajuiza ACP em matéria ambiental será ilegítima, pois falta-lhe a representatividade adequada.
- ADI 3943 impugna a Lei 11448/2007, que atribuiu legitimidade à Defensoria Pública para a ACP. 
- Perguntas para a próxima aula:
Qual a extensão da legitimação da Defensoria Pública?
Qual a natureza jurídica dessa legitimação?
Qual a consequência do arquivamento do Inquérito Civil e a celebração de um TAC para a ação coletiva?
3 aula
01/04/09
- Legitimação da Defensoria Pública:
Panorama anterior à Lei 11448/2007: 
antes dessa lei não havia previsão legal expressa de legitimidade da Defensoria para atuar nas ações coletivas. No entanto, havia entendimento doutrinário no sentido de que a Defensoriapoderia atuar como representante processual, mormente nos casos de associação civil. 
Ressalte-se que, na representação processual, a parte atua em nome alheio para defesa de interesse alheio. Não se confunde, pois, com os casos de legitimação extraordinária.
Havia tb uma outra posição que entendia que havia uma previsão implícita dessa legitimação da Defensoria no art. 82, III do CDC. 
Defensoria Pública é orgão público despersonalizado.
No âmbito da Defensoria Pública do RJ, existe um órgão específico com atuação na defesa dos interesses do consumidor, que é o NUDECON, que é o núcleo de defesa do consumidor. Assim, era possível encontrar precedentes no TJ/RJ e no STJ autorizando a legitimação da Defensoria Pública para a ação coletiva na defesa dos consumidores.
Eis a ementa de um acórdão da 3a Turma STJ julgado em 05/09/2006:
	
	
	
	PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NO JULGADO.
INEXISTÊNCIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DEFESA COLETIVA DOS CONSUMIDORES.
CONTRATOS DE ARRENDAMENTO MERCANTIL ATRELADOS A MOEDA ESTRANGEIRA.
MAXIDESVALORIZAÇÃO DO REAL FRENTE AO DÓLAR NORTE-AMERICANO.
INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMIDADE ATIVA DO ÓRGÃO
ESPECIALIZADO VINCULADO À DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO.
I – O NUDECON, órgão especializado, vinculado à Defensoria Pública
do Estado do Rio de Janeiro, tem legitimidade ativa para propor ação
civil pública objetivando a defesa dos interesses da coletividade de
consumidores que assumiram contratos de arrendamento mercantil, para
aquisição de veículos automotores, com cláusula de indexação
monetária atrelada à variação cambial.
II - No que se refere à defesa dos interesses do consumidor por meio
de ações coletivas, a intenção do legislador pátrio foi ampliar o
campo da legitimação ativa, conforme se depreende do artigo 82 e
incisos do CDC, bem assim do artigo 5º, inciso XXXII, da
Constituição Federal, ao dispor, expressamente, que incumbe ao
“Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor”.
III – Reconhecida a relevância social, ainda que se trate de
direitos essencialmente individuais, vislumbra-se o interesse da
sociedade na solução coletiva do litígio, seja como forma de atender
às políticas judiciárias no sentido de se propiciar a defesa plena
do consumidor, com a conseqüente facilitação ao acesso à Justiça,
seja para garantir a segurança jurídica em tema de extrema
relevância, evitando-se a existência de decisões conflitantes.
Recurso especial provido.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
- Com o advento da Lei 11448/07, foi inserido o inciso II na LACP passando a atribuir expressamente legitimação expressa à Defensoria.
A discussão agora passa a ser outra:
ADI 3943, proposta pela Associação Nacional do MP (CONAMP), visa a declaração da inconstitucionalidade da norma que atribui legitimidade à Defensoria, com base nos seguintes argumentos:
- ofensa ao art. 134 CR/88, que ao tratar das funções da Defensoria, não prevê legitimação para atuar na esfera coletiva. Logo, a Constituição não teria autorizado a Defensoria para atuar nessa esfera coletiva.
- a legitimação da Defensoria gera uma superafetação na legitimação da tutela coletiva, pois passa a ocorrer uma confusão entre as atribuições institucionais do MP e da Defensoria Pública. Ora, o legislador constituinte expressamente conferiu essa atuação ao MP. Art. 127 c/c 129, III $1 CR/88. 
Na petição inicial da ADI, argui-se que a norma legal que atribui legitimidade ampla à Defensoria padece de vício material de inconstitucionalidade, pois afronta diretamente os arts. 5, LXXIV e 134 CR88. Na petição inicial, argumenta-se que a CR/88 permite a atuação da Defensoria apenas aos necessitados que comprovarem, individualmente, carência financeira. Disso decorre que as pessoas atendidas pela Defensoria Pública devem ser, pelo menos, individualizáveis, identificáveis, justamente para que se possa aferir se ela possui ou não recursos suficientes para o ingresso em juízo. Assim, não haveria possibilidade alguma de a Defensoria atuar como legitimada extraordinária na defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos.
No pedido desta ADI, a CONAMP requereu ao STF que, em não sendo acolhido o pedido de declaração de inconstitucionalidade do novel art. 2, II L 7347/85, que lhe seja uma interpretação conforme a Constituição, no seguinte sentido: reconhecer à Defensoria Pública legitimidade ativa para a ACP apenas para atuar na defesa de direitos individuais homogêneos e coletivos, excluindo-se a legitimidade da Defensoria para propor ACP na defesa de interesses difusos.
Até o momento, a ADIN não foi julgada. 
- A doutrina se divide quanto à legitimação da Defensoria Pública:
1 posição: a Defensoria ostenta legitimação ampla para atuar nas ações coletivas. 
argumento: quanto mais legitimados, mais efetiva será a proteção da esfera coletiva.
2 posição: a legitimação da Defensoria Pública deve ficar restrita à proteção dos interesses acidentalmente coletivos, ou seja, aos interesses individuais homogêneos (art. 127 c/c 129, III da CR/88).
Obs: Carvalhinho sustenta que a legitimidade atribuída à Defensoria, para ser considerada constitucional, deve ocorrer dentro dos seguintes parâmetros: a) a tutela deve se adstringir a interesses coletivos e individuais homogêneos, e b) os grupos sociais sob tutela deverão se caracterizar como necessitados, já que o art. 134 CR/88 prevê como função institucional da Defensoria a orientação jurídica e defesa dos necessitados (para que possa ser observado o pressuposto da necessidade social, é preciso que as pessoas sejam identificadas ou, ao menos, identificáveis. Daí concluir-se que a Defensoria não possui legitimação quando se tratar de interesses difusos!
- Natureza Jurídica da legitimação para as ações coletivas: (sempre cai em prova oral) 
Existem 3 posições:
1 posição: legitimação ordinária (comum). É minoritária.
Legitimação ordinária é aquela em que existe coincidência entre o titular do direito/interesse e aquele que vai defender tal direito/interesse em juízo (alguém vai em nome próprio pleitear direito próprio).
Argumentos: aquele que vai à juizo defender o interesse coletivo (interesse coletivo em sentido amplo) está inserido na própria coletividade. 
A partir do momento em que o ordenamento jurídico confere legitimação à um sujeito, todas as vezes que esse sujeito for à juízo, estará defendendo este seu interesse ou direito. 
2 posição: trata-se de legitimidade extraordinária. É amplamente majoritária na doutrina e na jurisprudência, inclusive do STJ. Leonardo Greco, PCPC adotam essa posição.
Legitimação extraordinária é aquela que se verifica uma autorização dada pelo ordenamento jurídico para que um sujeito que não titulariza o direito/interesse vá à juízo defender esse direito/interesse. Em outros termos: não existe coincidência entre o titular do direito material e aquele que vaí em juízo defendê-lo.
Portanto, legitimado extraordinário é aquele que vai em juízo em nome próprio defender interesse alheio (não utilizar esse conceito em prova, é muito “batido”)
Crítica à 2a posição: quando se fala em legitimidade extraordinária, é preciso analisar quem é o titular do interesse/direito que está sendo defendido, sendo certo que nos interesses difusos e coletivos fica difícil identificá-los. Constata-se que, em se tratando de interesses difusos e coletivos há dificuldade para identificar quem é o titular do direito/interesse material.
3 posição: sustenta que se trata de uma legitimação autônoma para a condução do processo. Essa posição vem ganhando força na doutrina (Nelson Nery Jr)
Significa que a legitimação é fixada no ordenamento jurídico sem considerar aquele que é o titular do direito material, e até mesmo sem analisar o próprio direito material. Em outros termos: um determinado sujeito recebe a legitimação independentemente daquele que seria o titular do direito material defendido. Portanto, trata-se de opção política do legislador, que irá atribuir essa legitimaçãoautônoma sem levar em consideração o titular do direito material. 
Essa posição ganha destaque pois, como visto, nem sempre é possível identificar o titular do interesse coletivo em sentido amplo.
Esse sujeito que recebeu a legitimação tem completa autonomia para conduzir o processo, paar atuar na relação jurídica processual.
Para os defensores da 3a posição, legitimação ordinária e extraordinária são conceitos próprios de processo civil individual, não sendo aplicáveis ao processo coletivo!
Réplica feita pela 2a posição: dentre os interesses coletivos em sentido amplo, somente os interesses difusos é que não poderão ter os titulares individualizados (há uma indeterminação absoluta dos seus titulares).
Em se tratando de interesse coletivo em sentido estrito, os seus titulares são indeterminados, porém determináveis, isto é, são passíveis de identificação. Há nestes casos uma indeterminação relativa.
Essa 3 posição tb fica enfraquecida pois em se tratando de interesse individual homogêneo, os titulares são determináveis, passíveis de identificação.
Obs: Embora o art 6 do CPC crie a falsa impressão de que a legitimação extraordinária depende de autorização de lei, Barbosa Moreira afirma que a legitimação extraordinária pode surgir de 2 formas: havendo autorização legal ou pela natureza da relação jurídica. 
Não confundir: legitimação autônoma # legitimação extraordinária autônoma (vide caderno).
- CLASSIFICAÇÃO QUANTO A LEGITIMAÇÃO (vide quadro caderno):
- Para Didier, temos:
a) legitimação ordinária
b) legitimação extraordinária, que poderá ser : b.1) exclusiva
 b.2) concorrente
 b.3) subsidiária
c) legitimação autônoma
- Para B Moreira, temos:
a) legitimação ordinária 
b.1.1) exclusiva (= substituição processual)
 b.1) autônoma:
b.1.2.1) primária 
 b.1.2) concorrente: 
b.1.2.2) subsidiária
b) legitimação extraordinária:
b.2) subordinada (ex: assistente simples)
c) legitimação autônoma
Vejamos:
- Legitimação extraordinária exclusiva: o ordenamento jurídico somente confere legitimação à apenas um determinado sujeito. Ocorre quando é atribuída a uma pessoa, em virtude de lei e com exclusividade, a posição processual que ordinariamente pertenceria ao titular da situação litigiosa. 
Exemplo dado por Barbosa Moreira de legitimação extraordinária exclusiva: no regime dotal (existente na vigência do CC/1916, hoje revogado), somente o marido tinha legitimidade para atuar em juízo na defesa dos bens da esposa. A própria esposa não podia atuar para a defesa judicial de seus interesses, ela dependia da atuação do marido. Por isso viola o acesso à Justiça.
Alguns autores (Alexandre Câmara) afirmam que a legitimação extraordinária exclusiva seria inconstitucional, por violar o acesso à Justiça. 
CUIDADO: Tal afirmação, porém, só faz sentido no processo civil individual!!!
 
No que toca ao processo civil coletivo, essa afirmação não procede!!!
Portanto, no regime jurídico do processo civil coletivo, não há de se cogitar de insconstitucionalidade da legitimação extraordinária exclusiva!
EM SUMA: no processo coletivo a legitimação extraordinária exclusiva NÃO É CONSIDERADA INCONSTITUCIONAL, porquanto não viola o acesso à Justiça.
Fundamentos: O fato de o legitimado extraordinário exclusivo ajuizar ação coletiva não impede o ajuizamento de ação individual. Não há, portanto, violação ao acesso à Justiça.
Além disso, o titular do interesse não tem legitimidade para ajuizar ação coletiva. Exemplo: ação popular (Lei 4717/65, art. 1). ?????
Obs: Alguns livros de Direito Constitucional afirmam que “o legitimado da ação popular teria legitimidade ordinária”, porém essa tese não é a que prevalece no processo coletivo! Na doutrina processual, predomina que o autor da ação popular é um legitimado extraordinário.
- Legitimação extraordinária concorrente: nesta espécie de legitimação, o ordenamento jurídico permite a atuação processual de diversos sujeitos, que poderão atuar em conjunto ou isoladamente. 
A doutrina sustenta que essa legitimação, além de concorrente, é tb disjuntiva (Barbosa Moreira, Ada Pelegrini, Dinamarco, Antônio Gidi, Mazilli). Significa que a atuação processual de um dos legitimados não impede a atuação processual dos demais.
De certa forma, isso está previsto no art. 129 $ 1 CR/88. 
CUIDADO: o art. 5 $ 6 da Lei 7347/85, que trata do TAC, só confere legitimação aos órgãos públicos. Logo não são todos os legitimados para a ação coletiva que poderão celebrar TAC.
- Dentre os legitimados para a ACP, quem pode celebrar TAC (compromissário)?
-Os entes políticos: União, Estados, DF e Municípios. A doutrina sustenta que para que os entes políticos celebrem TAC, deve haver pertinência temática. O mesmo vale para os seus órgãos públicos (ex: Ministérios, Secretarias)
-O MP e Defensoria Pública podem celebrar TAC. 
Obs: se adotarmos a posição de que a Defensoria somente teria atribuição para atuar na esfera coletiva na defesa dos interesses coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos, o mesmo raciocínio vale para a celebração do TAC. Em outras palavras: a Defensoria somente poderá figurar como compromissária no TAC quando atuar na defesa desses intereresses, não podendo celebrar TAC quando se tratar de interesse difuso.
-As associações civis, a despeito de possuírem legitimação ativa para as ações coletivas, não podem celebrar TAC, pois são pessoas jurídicas de direito privado.
- Entidades administrativas – se dividem em:
 - entidades autárquicas (autarquias e fundações de direito público): por terem natureza de PJ de Direito Público, podem propor a celebração de TAC, desde que exista pertinência temática.
 - empresas estatais – aqui existem 3 posições a respeito:
1 posição: Carvalhinho sustenta que as empresas públicas e sociedades de economia mista não podem propor celebração de TAC. Fundamento: embora integrem a Adm. Indireta, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado (ele adota uma posição restritiva, admitindo que figure como compromissário do TAC apenas os órgãos públicos que estejam legitimados para a ACP)
2 posição: Édis Milaré entende que as empresas estatais podem ser compromissárias do TAC, pois a ratio do art. 5 $ 6 da Lei 7347/85 foi a de proibir apenas às associações civis celebrarem TAC. 
3 posição: Mazilli e Geisa Assis Rodrigues entendem que vai depender do objeto da estatal:
estatal que exerce atividade econômica – não podem celebrar o TAC. Fundamento: elas atuam em regime de paridade com a iniciativa privada (art 173 CR/88)
estatal prestadora de serviço público - não incide esse regime jurídico paritário em relação à estas. Logo, as empresas estatais prestadoras de serviços públicos poderão celebrar o TAC. 
- Legitimidade extraordinária subsidiária (tb chamada de legitimidade secundária): é aquela que surge em razão da inação do legitimado ordinário ou em razão de algum ato que poderia gerar a extinção do processo sem resolução de mérito. 
Exemplo: art. 1 Lei 4717/65 - o cidadão é legitimado originário/primário na Ação Popular. É aquele que pode atuar a qualquer tempo. Em outras palavras: ele pode iniciar a relação jurídica processual a qq tempo.
 Art. 9 Lei 4717/65 – prevê a possibilidade de o MP assumir a titularidade ativa da ação popular. Neste exemplo o MP tem legitimidade secundária, pois originariamente ele não tem legitimação, essa legitimação só será adquirida no curso do feito.
OBS Eis aqui a importância da distinção da classificação adotada por Barbosa Moreira e Didier: a classificação do Barbosa Moreira neste exemplo acima não é aplicável, pois na Ação Popular o MP não tem legitimidade concorrente (Vide quadro caderno)
- “Absolvição de instância” era um termo que a doutrina mais antiga utiliza para indicar a extinção do processo sem resolução do mérito, por qq causa. 
Na ação popular, nos casos de absolvição de instânciaem razão de carência de ação, essa sentença terminativa ficará sujeita à reexame necessário. Vide art. 9 c/c 19 Lei 4717/65.
Essa regra do reexame necessário prevista no art 19 da Lei de Ação popular quebra a regra do reexame necessário do CPC. Vejamos:
No CPC, o reexame necessário só ocorre nos casos de sentença de mérito.
Na Lei de Ação Popular, caberá o reexame necessário diante de sentença terminativa: quando extinguir o feito por carência de ação. Note-se que não é qq sentença terminativa proferida na ação popular que ficará sujeita à reexame necessário, mas somente aquelas que o fizerem por falta de condição da ação!
No CPC, o reexame ocorre nos casos de sentença de mérito desfavoráveis à Fazenda Pública.
Na Ação Popular, é possível ocorrer reexame necessário de sentença favorável à Fazenda Pública. 
Ex: Imaginemos que a Fazenda Pública está no pólo passivo da ação popular. Se o pedido for julgado improcedente (sendo, pois, favorável à Fazenda Pública), cabe reexame necessário (art 19 Lei 4717/65).
IMPORTANTE: Em recente decisão o STJ entendeu que aplica-se o art. 9 da LAP à ACP. Ou seja, a regra do reexame necessário da LAP – que admite inclusive o reexame necessário contra sentença favorável ao Fazenda Pública – tb se aplica à ação civil pública porquanto nesta a atuação se dá na defesa do patrimônio público.
- Cabem embargos infringentes contra acórdão não unânime que reforma sentença em sede de reexame necessário?
Pela regra do art. 530 CPC, Só cabem embargos infringentes contra acórdão em sede de apelação e ação rescisória.
Súm. 77 do extinto TFR – admite os embargos infringentes contra acórdão não unânime que, em sede de reexame necessário, reforma a sentença. 
Informativo 385 STJ foi fixado entendimento no sentido do não-cabimento de embargos infringentes contra acórdão não unânime em sede de reexame necessário. Ler precedente ERES 823905.
No acórdão, Fux afirma que a remessa ex officio não tem natureza jurídica de recurso, ao revés, trata-se de condição suspensiva da eficácia da decisão e, por isso, não comporta interposição de embargos infringentes a decisão que, por maioria, aprecia a remessa necessária. Ademais, não se pode dar ao art. 530 do CPC um elastério que a lei não ousou dar. Assim, só são cabíveis os embargos infringentes contra acórdãos em apelação ou ação rescisória.
- Legitimidade extraordinária subordinada: é aquela em que a atuação processual do legitimado está condicionada à atuação processual de outrem. Em outros termos: o legitimado extraordinário terá uma atuação processual condicionada à atuação processual do legitimado ordinário, ou seja, do titular do direito material. 
Barbosa Moreira afirma que o legitimidade extraordinária subordinada não habilita o respectivo titular nem a demandar nem a ser demandado quanto a situação litigiosa, mas unicamente a deduzi-la, ativa ou passivamente, junto com o legitimado ordinário, em processo já instaurado por este ou em face deste, e no qual aquele se limita a intervir. 
Exemplo: assistência simples.
OBS: o MP tb pode assumir a legitimidade ativa na fase executiva. Art. 16 Lei 4717/65.
- INTERVENÇÃO MÓVEL DA FAZENDA PÚBLICA (art 6 $ 3 da Lei 4717/65):
como regra, a Fazenda Pública figura no pólo passivo de uma Ação Popular, conforme art. 6, caput.
Mas a norma do $ 3 permite que a Fazenda Pública migre do pólo passivo para o pólo ativo da demanda. 
CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR: neste caso a Fazenda Pública não assumirá a legitimidade ativa, ela irá atuar ao lado do autor da ação popular, desde que esta atuação no pólo ativo proteja o interesse público. 
No Inf 397 STJ, o STJ fixou 2 requisitos para que a PJ de Direito Público requeira a sua migração para o pólo ativo da demanda:
a) que se afigure útil ao interesse público 
b) que o pedido seja feito no prazo da contestação
Salientou ainda que tal possibilidade (art. 6 $ 3) é perfeitamente compatível com a norma do art. 7, IV, que prevê a possibilidade de a PJ de Direito Público requerer a prorrogação do prazo para contestar. Logo, possível que seja requerida a prorrogação do prazo para contestar e dentro desse prazo, a PJ de Direito Público requeira a migração para o pólo ativo da ação popular, não havendo, que se falar em preclusão lógica.
O que não se admite é que a Fazenda Pública conteste a ação e, depois, requeira a migração para o pólo ativo da demanda: aí sim terá ocorrido a preclusão lógica.
Obs: Mesmo que a Fazenda Pública conteste o pedido formulado na ação popular, ela poderá promover a execução da sentença proferida contra os demais réus. Art. 17 Lei 4717/65.
- O art. 5 $ 3 da Lei 7347/85: “em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o MP ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.” 
Observe-se que a norma refere-se à “associação legitimada”. Neste ponto existe divergência da doutrina acerca da acepção desse termo, acerca da abrangência do termo “associação legitimada”:
1 posição (minoritária): Carvalhinho sustenta que o termo “associação legitimada” só abrange associação civil. 
2 posição (majoritária): Mazzili defende uma acepção ampla do termo “associação legitimada”, ou seja, abrange todos os legitimados para a ação civil pública. 
Relevância prática dessa divergência: 
Seguindo a tese do Carvalhinho, somente a associação civil poderia desistir/abandonar a ACP. Isso significa que os demais legitimados - dentre os quais se inclui o MP - não podem abandonar/desistir da ação civil pública proposta!
Seguindo a tese do Mazzili, qualquer legitimado pode desistir/abandonar a ACP proposta!
- Pergunta-se: existe ou não a obrigatoriedade da ACP?
O anteprojeto de Ada, art. 2 alínea “p” trabalha o princípio da obrigatoriedade assentando que incidirá uma indisponibilidade temperada/matizada/mitigada da ação coletiva.
Na doutrina há basicamente 2 posições:
1 posição: Para Emerson Garcia, existe sim o princípio da obrigatoriedade da ACP.
Fundamentos: é uma ação que possui status constitucional. A existência de um rígido sistema de arquivamento do inquérito civil (art. 9 LACP)
2 posição (majoritária): Mazzili, Geisa de Assis Rodriguess, Pedro Lenza entendem que não existe o princípio da obrigatoriedade da ação coletiva, o que existe é a obrigatoriedade sobre a tutela coletiva.
A coletividade não é tutelada só por intermédio de uma ação coletiva, existem outros instrumentos que tutelam a coletividade. Portanto, temos tutela judicial coletiva e tutela extrajudicial coletiva. Exemplos: o TAC, o inquérito civil, a expedição de recomendações, de requisições são todos exemplos de tutela da coletividade na esfera extrajudicial.
- Outra divergência acerca do art. 5 $ 3.
Abstraindo a controvérsia se o MP pode desistir/abandonar a ACP, imaginemos que o MP desiste/abandona a ACP por ele proposta. Qual a providência deve ser adotada juiz?
Há quem entenda que o juiz nesse caso deve remeter o feito ao PGJ, aplicando por analogia o art. 28 CPP (Marcelo Abelha Rodrigues).
Outros entendem que nesse caso o juiz deve remeter ao Conselho Superior do MP, aplicando por analogia, o regime jurídico do arquivamento do inquérito civil, previsto no art. 9 Lei 7347/85 (nesse sentido: Mazzili). É majoritária. (Essa posição é a mais técnica, na medida em que aplica aqui o microssitema do processo coletivo, sem necessidade de se socorrer ao CPP)
- Se a associação legitimada desiste/abandona a ACP, o MP ou outro legitimado assumirá a legitimidade ativa. Aqui tanto o MP como o outro legitimado ostentam legitimidade extraordinária autônoma concorrente subsidiária/secundária, pois eles não foram legitimados originários para propor a demanda (embora pudessem sê-lo). Art. 5 $ 3 Lei 7347/85.
Obs: Aqui a distinção da classificação de Didier e Barbosa Moreira tb tem relevância: neste exemplo a classificação do Barbosa Moreira tem aplicação, ao passo que a classificação feita pelo Didier não.
Art. 5 $ 3 c/c 15 Lei 7347/85 – O MP deve ou qq outro legitimado pode mover a execução.

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