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RESUMO PARASITOLOGIA I NALINI RINCON 2011.1 2 Teníase e cisticercose Filo: Platyhelminthes Classe: Cestoda Família: Taeniidae Gênero: Taenia Espécies: T. solium e T. saginata 1) Morfologia Forma: adulto. corpo achatado dorsoventralmente em forma de fita, dividido em escólex, colo e estróbilo. Cor branca leitosa. É hermafrodita, possui órgãos de adesão na extremidade anterior, sem cavidade geral e sem sistema digestório. O escólex é uma pequena dilatação na extremidade anterior com função de fixação à mucosa do intestino delgado humano, e apresenta quatro ventosas. A T. solium possui rostelo com acúleos, enquanto a T. saginata não. O escólex da T. solium é mais globoso e com rostro central entre as ventosas e dupla fileira de acúleos. Já a T. saginata não possui rostro e nem acúleos e seu escólex é mais retangular. O colo é a zona de crescimento, de formação das proglotes. O estróbilo é o restante, segmentado. Cada proglote forma seus próprios órgãos e quanto mais distante do escólex, mais evoluídas são as proglotes. As proglotes são subdivididas em jovens (apresentam o inicio do desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos), maduras (órgãos reprodutores completos) e gravidas (órgãos reprodutores vão sofrendo involução e útero se ramifica, ficando cheios de ovos. A proglote grávida na T. solium é quadrangular, com poucas ramificações uterinas do tipo dendritica e que saem passivamente nas fezes. Na T. saginata, é retangular com muitas ramificações uterinas do tipo dicotômicas, saem ativamente no intervalo das defecações e podem se deslocar ativamente devido a sua musculatura robusta, contaminando até a roupa intima. Na superfície corporal, há vilosidades que resistem a corrente intestinal e melhoram o movimento, evitando a perda de material nutritivo. Forma: ovos. São esféricos. Possuem uma casca protetora (embrióforo), que confere resistência. Internamente encontra-se o embrião hexacanto, com três pares de acúleos e dupla membrana. Forma: cisticerco. Constituído de uma vesícula translúcida com liquido claro, contendo invaginado em seu interior um escólex com quatro ventosas, rostelo (só na T. solium) e colo. Parede da vesícula composta por três membranas: cuticular (externa), celular (intermediária) e reticular (interna). No SNC humano, o cisticerco pode se manter viável por anos, havendo modificações até a calcificação completa da larva, indo de um estágio vesicular (membrana vesicular externa delgada e liquido incolor, iniciar degeneração a partir da resposta imunológica do hospedeiro) a um estagio coloidal (liquido turvo, escólex em degeneração alcalina) e, por fim, estagio granular calcificado (cisticerco menor e calcificado). 2) Ciclo biológico Na fase adulta vivem no intestino delgado humano. O cisticerco é encontrado no tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e no olho de suínos, humanos e cães (T. solium) e de bovinos (T. saginata). O humano parasitado elimina proglotes grávidas com ovos nas fezes. O hospedeiro intermediário (suíno ou bovino) ingere esses ovos e o embrióforo sofre ação da pepsina no estomago. No intestino, o embrião hexacanto sofre ação dos sais biliares, são ativados, liberam-se do embrióforo e vão para as vilosidades, onde penetram. Ele permanece nas vilosidades por cerca de quatro dias para adaptação as condições fisiológicas. Com o auxílio de acúleos, penetram nas vênulas, atingem veias 3 e vasos linfáticos mesentéricos e são transportados para todos os órgãos e tecidos. Dessa forma, eles atingem o local de implantação, atravessam a parede do vaso e se instalam nos tecidos circunvizinhos. Nos tecidos moles (pele, músculos esqueléticos e cardíacos, olhos, cérebro e etc.), eles perdem os acúleos e desenvolvem para cisticercos. O homem se infecta pela ingestão de cisticerco em carne crua ou malcozida de porco ou boi infectado. O cisticerco sofre ação do suco gástrico, evagina-se e fixa-se na mucosa do intestino delgado, transformando-se em uma tênia adulta. Três meses após a ingestão, começa a eliminação de proglotes gravidas cheias de ovos. Pode ocorrer a formação de hérnias entre as proglotes pela não cicatrização nas superfícies de ruptura, o que facilita a expulsão dos ovos para a luz intestinal e eliminação com as fezes. Normalmente, as proglotes se rompem no meio externo, liberando seus ovos no solo. 3) Transmissão 3.1. Teníase: ingestão de carne crua ou malcozida de porco ou boi infectado por cisticerco. 3.2. Cisticercose: ingestão acidental de ovos da T. solium eliminados nas fezes de portadores de teníase. • Autoinfecção externa: ingestão de proglotes e ovos das próprias fezes; • Autoinfecção interna: vômitos ou retroperistalse retornando as proglotes gravidas ao intestino; • Heteroinfecção: ingestão de alimentos e agua contaminados por ovos da T. solium no ambiente. 4) Patogenia e Sintomatologia 4.1. Teníase: fenômenos tóxicos alérgicos pelas substancias excretadas, provocando hemorragias pela fixação na mucosa, inflamação com infiltrado celular com hiper ou hiposecreção mucosa. Há também tonturas, astenia, apetite excessivo, náuseas, vômitos, alargamento abdominal e perda de peso. 4.2. Cisticercose: é uma doença pleomórfica, uma vez que o cisticerco pode estar em vários tecidos. As manifestações clínicas causadas pelo Cysticercus cellulosae dependem do numero, tamanho e localização dos cisticercos. Os cisticercos desenvolvem ação local no tecido muscular ou subcutâneo, formando uma membrana adventícia fibrosa. Com a morte do parasito há tendência a calcificação. Em músculos esqueléticos pode causar dor, fadiga e câimbras. No tecido subcutâneo é palpável e geralmente, indolor, podendo ser confundido com cisto sebáceo. O tipo cardíaco traz palpitações, ruídos anormais ou dispneia quando o cisticerco se instala nas válvulas. O tipo ocular desloca a retina e a perfura, podendo perder a visão ou causar desorganização intraocular. Já no SNC, há obstrução do liquido cefalorraquidiano, hipertensão intracraniana e hidrocefalia com calcificações associadas. Também podem ocorrer: encefalite, edema, vasculite, ruptura da BHE, crise epilética, cefaleia, meningite cisticercótica e distúrbios psíquicos. 5) Diagnóstico • Parasitológico: pesquisa de proglotes e ovos nas fezes. Para o diagnostico especifico se faz a “tamização” do bolo fecal, recolhendo as proglotes e identificando-as. Pode se detectar antígenos pelo método de coproantígenos. • Laboratorial: pesquisa do parasito através de observações anatomopatológicas das biopsias, necropsias e cirurgias. O cisticerco pode ser identificado pelo exame de fundo de olho. • Imunológico: detectar anticorpos no soro, líquido cefalorraquidiano e humor aquoso. 4 • Neuroimagens: tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética e raio X. 6) Epidemiologia Ásia – cão usado como alimento se torna importante hospedeiro; Inglaterra – gaivotas contribuem para disseminação de ovos. A contaminação humana mais comum é por heteroinfecção, com a ingestão por dejetos humanos contaminando aguas e alimentos, disseminação de ovos por moscas e baratas, acidentes de laboratório e por sexo oral. 7) Profilaxia Impedir o acesso dos suínos e bovinos as fezes humanas, melhorar o sistema de distribuição de agua e esgoto, tratamento em massa de casos humanos em populações alvo, educação sanitária, orientar a população a não ingerir carnes cruas e mal cozidas, melhoria do sistema de criação de animais e inspeção rigorosa da carne. Dipilidíase Filo: Platyhelminthes Classe: Cestoda Família: Dipylidiidae Gênero: Dipylidium Espécies: D. caninum 1) Morfologia Forma: adulto. Rostro retrátil e armado de quatro fileiras de ganchos. As proglotes gravidas se assemelham a semente de abóbora e ovos ficam contidos na cápsula ovígera. O habitat é o intestino delgado de cães, gastos e, eventualmente, de crianças. 2) Ciclo biológico As proglotesgrávidas são eliminadas junto com as fezes, onde permanecem por algum tempo movimentando-se por contrações. Os ovos liberados são ingeridos por larvas de pulgas (Ctenocephalides sp ou Pulex sp) ou coleópteros (Tribolium sp ou Tenebrium sp). No intestino do artrópode, a oncosfera é liberada, atravessa a parede do tubo digestivo e atinge a hemoscele. A oncosfera se torna larva cisticercóide, que se torna madura e infectante com a passagem de fases do inseto (30 dias). Os animais e as crianças se infectam ao ingerirem os insetos contendo a larva cisticercóide. No intestino dos hospedeiros ocorre a maturação dos vermes (30 dias). 3) Transmissão Ingestão acidental de artrópodes contendo a larva cisticercóide. 4) Patogenia Pouco patogênico para crianças. Em infecção maciça pode haver irritação da mucosa ou mesmo ataques epilepiformes. 5) Diagnóstico Encontro de proglotes gravidas nas fezes ou pelo exame parasitológico de fezes (encontro de capsulas ovígeras). 5 Himenolepsíase Filo: Platyhelminthes Classe: Cestoda Família: Hymenolepididae Gênero: Hymenolepis Espécies: H. nana 1) Morfologia Forma: adulto. Encontrado no intestino delgado do homem. Proglotes com genitália masculina e feminina. Possuem escólex com quatro ventosas e um rostro retrátil armado de ganchos. Forma: ovo. Encontrado nas fezes do homem. Apresenta uma membrana externa delgada e uma interna, que envolve o embrião. São quase esféricos, transparentes e incolores. Forma: larva cisticercóide. Encontrada nas vilosidades intestinais dos homens ou na cavidade geral do inseto hospedeiro intermediário (pulgas). Formada por um escólex invaginado e envolvido por uma membrana com pequena quantidade de liquido. 2) Ciclo biológico Pode apresentar dois tipos de ciclos: • Monoxênico (mais frequente): não há hospedeiro intermediário. Os ovos são eliminados com as fezes e podem ser ingeridos pelo homem. No estomago, os embrióforos são semidigeridos pelo suco gástrico. No intestino delgado, ocorre a eclosão do embrião, que penetra nas vilosidades do jejuno ou íleo. Em quatro dias, forma-se a larva cisticercóide. Dez dias depois, ela está madura, sai da vilosidade, desenvagina-se e se fixa na mucosa intestinal. Vinte dias depois já são vermes adultos, que vivem cerca de catorze dias. As larvas estimulam o sistema imune e conferem a imunidade ativa específica. • Heteroxênico: os ovos no meio externo são ingeridos pelas larvas de um inseto vetor. No intestino, liberam o embrião, que se transforma em larva cisticercóide. O individuo pode ingerir acidentalmente o inseto e as larvas desenvaginam-se e fixam-se na mucosa do intestino delgado. Neste caso, há a ingestão de larvas cisticercóides, que originarão vermes adultos, podendo ocorrer hiperinfecção, visto que não há imunidade e milhares de ovos podem ser liberados, provocando autoinfecção interna. Para que isso aconteça, é preciso ter ocorrido um retroperistaltismo antes, para que esses ovos sejam semidigeridos pelo suco gástrico e, após voltarem para o íleo, ocorra eclosão das larvas. Os hospedeiros intermediários são pulgas (Xenopsylla cheopis, Ctenocephalides canis e Pulex irritans) e coleópteros (Tenebrio molitor, Tenebrio obscurus e Tribolium confusum). 3) Transmissão O mecanismo mais frequente é a ingestão de ovos presentes nas mãos ou alimentos. Nesse caso, ocorrem poucas reinfecções, pois a larva cisticercóide nas vilosidades intestinais estimula o sistema imune, conferindo imunidade ativa específica. Por isso, é mais comum em crianças. Outra forma de infecção é a ingestão do inseto com larva cisticercóide. Nesse caso, pode ocorrer a hiperinfecção. 4) Patogenia Está associada à idade do paciente e ao numero de vermes albergados. Os sintomas das crianças são: agitação, insônia, irritabilidade, diarreia, dor abdominal e raramente, sintomas nervosos. Devido à hiperinfecção, pode ocorrer congestão da mucosa, infiltração linfocitária, ulcerações, eosinofilia e 6 perda de peso. Em geral, os pacientes apresentam remissão dos sintomas espontaneamente, devido à expulsão do verme por vários mecanismos de defesa. Esses mecanismo são os mesmo que impedem a reinfecção, especialmente a grande quantidade de muco produzida nessa ocasião e a ação imunológica especifica. 5) Diagnóstico Exame de fezes pelos métodos de retina, pesquisando o ovo característico. 6) Epidemiologia É mais frequente em regiões de clima frio. Dois fatores são muito importantes na incidência dessa doença: densidade populacional e habito de viver em ambientes fechados. No Brasil, o rato e o camundongo não são considerados fontes de infecção relevantes, de modo que o próprio homem é o reservatório de H. nana. É mais comum na região sul. Na população em geral, sua prevalência é muito baixa. Os principais fatores que parecem determinar a distribuição e incidência de H. nana no nosso meio são: resistência curta do ovo no meio externo, promiscuidade e maus hábitos de higiene, presença de hospedeiros intermediários próprios no ambiente e possibilidade de transmissão direta. 7) Profilaxia Higiene individual, uso de privadas ou fossas, uso de aspirador de pó, tratamento precoce dos doentes, combate aos insetos de cereais e pulgas, realização de exames de fezes nos demais membros da comunidade e tratamento correto para evitar a manutenção das fontes de infecção. Hidatidose Filo: Platyhelminthes Classe: Cestoda Família: Taeniidae Gênero: Echinococcus Espécies: E. multilocularis, E. vogeli, E. oligarthus, E. granulosus 1) Morfologia Forma: adulto. Presente no intestino delgado dos cães. É pequeno, possui escólex globoso com quatro ventosas e rostro com acúleos dispostos em duas fileiras. O colo é curto e o estróbilo é constituído por quatro proglotes. A primeira proglote é imatura (órgãos genitais não estão totalmente desenvolvidos), a segunda é madura e na terceira está o útero com ovos. A segunda proglote possui órgãos genitais femininos e masculinos e poro genital. Forma: ovo. São eliminados nas fezes dos cães. Membrana externa (embrióforo) com embrião hexacanto no interior. Forma: cisto hidático. Está presente nas vísceras dos hospedeiros intermediários. Possui forma arredondada, com dimensões que variam com a idade do cisto e o tecido de sua localização. Possui as seguintes estruturas: • Membrana adventícia: espessa de tecido fibroso. É resultante de uma reação do hospedeiro. • Membrana hialina: membrana germinativa com aspecto hialino e homogêneo. Sua espessura aumenta com a idade do cisto. • Membrana germinativa ou prolígera: superfície rugosa, com microvilosidades e vesículas prolígeras. 7 • Vesículas prolígeras: formadas por brotamento a partir da membrana prolígera. • Protoescólex: forma ovoide, com quatro ventosas e rostro com dois fileiras de acúleos. • Liquido hidático: liquido cristalino com grande capacidade antigênica. • Areia hidática: constituída por vesículas prolígeras, fragmentos de membrana prolígera e protoecóleces que se soltam. • Cistos hidáticos anômalos: em situações adversas, o cisto pode desencadear um processo de formação de cistos hidáticos filhos endógenos ou exógenos. Estes passam a apresentar diversas cavidades, produzindo suas próprias vesículas prolígeras e protoescóleces. 2) Ciclo biológico Os ovos são eliminados pelas fezes de cães e são ingeridos pelo hospedeiro intermediário. No estomago deste, o embrióforo é semidigerido pelo suco gástrico. No duodeno, por ação da bile, o embrião hexacanto é liberado e penetra na mucosa intestinal, alcançando as veias. Em seguida, eles vão para o fígado, pulmões, cérebro, ossos, baço, músculos e rins. Após seis meses, o cisto hidático está maduro e viável por vários anos. O hospedeiro definitivo ingere o cisto hidático fértil que chega ao intestino. Sob ação da bile evaginam e se fixam a mucosa, atingindo a maturidade em dois meses. Os ovos são eliminado nas fezes, isoladamente, ou nas proglotesgravidas. 3) Transmissão No hospedeiro definitivo é feita pela ingestão de vísceras dos hospedeiros intermediários, contendo cistos hidáticos férteis. No hospedeiro intermediário ocorre pela ingestão de ovos eliminados no ambiente por cães parasitados. É comum na infância, pois a criança tem maior contato com o cães, que podem apresentam ovos aderidos aos pelos se infectados. 4) Patogenia e sintomas A evolução dos cistos é lenta, então as lesões e sintomas ficam muito tempo despercebidos. A patogenia depende dos órgãos atingidos, tamanhos e numero de cistos. Independente da localização, ocorrem reações alérgicas de maneira intermitente por causa do extravasamento de liquido hidático para os tecidos. Se houver ruptura do cisto, o liquido atinge a cavidade abdominal/peritoneal, podendo causar choque anafilático. O fígado é o órgão mais afetado. O embrião o atinge através da circulação sanguínea e pode ficar retido nos capilares sinusais, causando reação inflamatória com presença de infiltrado de eosinófilos e células mononucleares. Os sintomas são: distúrbios gástricos, sensação de plenitude pós-prandial, pode ocorrer congestão porta e estase biliar, com icterícia e ascite. Se houver ruptura do cisto pode haver formação de cistos filhos em vários órgãos. O pulmão é o segundo órgão mais afetados. O parênquima pulmonar oferece baixa resistência ao crescimento do cisto, podendo haver compressão de brônquios e alvéolos. Os sintomas são: cansaço ao exercício, dispneia e tosse com expectoração. Ruptura de cistos são frequentes. A cerebral e óssea são raras, com reações alérgicas pelo extravasamento do liquido hidático. 5) Diagnóstico • Clínico: em alguns casos, podem ser palpáveis em exame físico. • Laboratorial: busca de anticorpos específicos a proteínas do liquido hidático – Imunofluorescência, ELISA, imunodiagnóstico de imunodifusão e hematoglutição. • Imagem: visualização dos cistos – radiografia, ultrassonográfica, ecografia, TC e RM; • Laparoscopia: usada quando não se tem confirmação exata da abrangência e das condições em que se encontra o cisto. 8 6) Epidemiologia É uma zoonose mundial. No Brasil está mais presente no Rio Grande do Sul. É um problema de saúde publica devido aos hábitos de alimentar cães com carnes cruas. A transmissão se relaciona com a presença de cães parasitados, acesso destes a vísceras cruas de animais abatidos, falta de tratamento anti-helmíntico para os cães, baixa inspeção e educação sanitária, poucos recursos financeiros e políticos. 7) Profilaxia Conscientização e educação sanitária, não alimentar cães com vísceras cruas, incinerar vísceras parasitada, tratamento anti-helmíntico para cães rurais, cuidados com a higiene pessoal antes das refeições, lavar frutas e verduras, evitar contato com cães não tratados, controle de insetos carreadores de ovos, inspeção de animais abatidos em matadouros e impedir acesso dos cães ao local de abate. Difilobotríase Filo: Platyhelminthes Classe: Cestoda Família: Taeniidae Gênero: Diphyllobothrium Espécies: D. latum 1) Morfologia Forma: adulto. Mede cerca de 8 a 10 metros, com até 4.000 proglotes, que apresentam pseudobotrídias características. É conhecida como a tênia peixe. Parasita o intestino delgado do homem e é comum em países onde existe o habito de comer peixe cru ou em conservas caseiras. 2) Ciclo biológico O verme adulto elimina ovos, que saem nas fezes, contendo uma massa de células no seu interior e depois de dias há a formação de uma massa ciliada, o coracídio. Quando o ovo maduro chega à agua, o coracídio levanta o opérculo e sai nadando. É, então, ingerido por crustáceos, que são os primeiros hospedeiros intermediários. Na cavidade geral deles, se tornam larvar procercóides. Nesta fase, são ingeridos (com crustáceos) pelo segundo hospedeiro intermediário: peixes (truta ou salmão). Nestes, as larvas atravessam a parede intestinal e fixam-se nos músculos, transformando-se em plerocercóide ou espargano. 3) Transmissão O homem se infecta ao ingerir carne contendo os espaganos. 4) Patogenia Está ligada ao consumo de vitamina B12 pelo parasita, provocando anemia perniciosa no portador (anemia botricefálica). 5) Profilaxia Não comer carne de peixe crua. 9 Esquistossomose Filo: Platyhelminthes Classe: Trematoda Família: Schistosomatidae Gênero: Schistosoma Espécies: S. haematobium, S. japonicum Katsurada, S. intercalatum Fischer e S. mansoni O S. mansoni é uma exceção na classe porque não apresenta forma de folha e não são hermafroditas. 1) Morfologia Forma: adulto. Macho – cor esbranquiçada, com muitas projeções (tubérculos), apresenta sulco formado pelas extremidades laterais, que se dobram no sentido ventral. A porção anterior possui ventosas oral e ventral. Na porção posterior fica o canal ginecóforo. Fêmea – cor mais escura e tegumento liso. Apresenta ventosas oral e ventral na metade anterior. Forma: ovo. Possui formato oval e não possui opérculo. Na parte mais larga apresenta um espiculo voltado para trás. No ovo maduro há o miracídio formado, que é visível pela transparência da casca. É a forma encontrada nas fezes. Forma: miracídio. Possui formato cilíndrico com células epidérmicas ciliadas. Na extremidade anterior se encontram as terminações das glândulas adesivas e da glândula de penetração. Forma: cercaria. Apresenta corpo piriforme e cauda bifurcada. A ventosa oral possui glândulas de penetração. 2) Ciclo biológico Quando as fezes de indivíduos contaminados, contendo ovos do parasito, entram em contato com a água doce, os ovos eclodem. Assim, são liberados os miracídios, forma infectante do hospedeiro invertebrado. Os caramujos emitem substancias que estimulam a concentração e movimentação dos miracídios próximos ao estimulo. Os miracídios infectam novos caramujos (Biomphalaria sp). Ao penetrar no caramujo, o miracídio se transforma em um saco com paredes cuticulares, contendo a geração das células germinativas, sendo chamado esporocisto. Cada miracídio se transforma em esporocisto I. Cada esporocisto I, por poliembrionia, origina 150 a 200 esporocistos II, que migram para as glândulas digestivas e ovoteste do caramujo, originando as cercarias que serão liberadas na agua. A cercaria, forma infectante do hospedeiro vertebrado, infecta o homem por penetração ativa na pele. Ao penetrar no homem, as cercarias perdem a cauda, transformando-se em esquistossômulos. Os esquistossômulos se adaptam as condições fisiológicas do meio, migram para o tecido subcutâneo e penetram num vaso, sendo levados para o pulmão pelo sistema vascular sanguíneo, via coração direito. Dos pulmões, eles se dirigem para o sistema porta por duas vias: via sanguínea (arteríolas pulmonares – capilares alveolares – veias pulmonares – coração esquerdo – aorta – sistema porta intra-hepático) ou por via transtissular (alvéolos pulmonares – perfuram o parênquima pulmonar – pleura – diafragma – cavidade peritoneal – perfuram o parênquima hepático – sistema porta intra-hepático). No parênquima porta intra-hepático, os esquistossômulos se desenvolvem, atingindo a fase adulta. Eles se acasalam e migram, principalmente, para a veia mesentérica inferior, onde fazem a postura dos ovos imaturos. Depois de seis dias, os ovos amadurecem e se deslocam para a luz intestinal. Esse deslocamento pode ser causado por: reação inflamatória, pressão dos ovos que são postos atrás, enzimas proteolíticas produzidas pelos miracídios e perfuração da parede venular. A grande parte dos ovos é eliminada junto às fezes. No entanto, alguns ficam retidos na mucosa 10 intestinal e nos capilares do sistema porta do hospedeiro, onde desencadeiam uma reação inflamatória granulomatosa. Essa reação resulta em fibrose do tecido. A fibrose dos órgãos e a obstrução do plexo venoso podem levar a hipertensão portal, hepatomegalia, esplenomegalia, ascite e formação de varizes esofágicas. 3) Transmissão A transmissãopara o homem ocorre por penetração ativa de cercarias na pele e mucosa, ou ingestão de agua contaminada. Quando as cercarias são ingeridas com a agua, elas são digeridas pelo suco gástrico, mas algumas penetram na mucosa bucal e se desenvolvem normalmente. A penetração ativa é mais comum em pés e pernas. São vistas em maior quantidade e atividade na agua quando a luz sola e o calor são mais intensos. Os locais mais comuns de transmissão são os focos peridomiciliares (valas de irrigação da horta, açudes, pequenos córregos). A maior atividade e capacidade infectiva ocorrem nas primeiras 8 horas de vida. 4) Patogenia Está ligada a cepa do parasito, carga parasitária adquirida, idade, estado nutricional e resposta imunitária do individuo. • Cercárias: quando as cercarias penetram na pele pode ocorrer dermatite cercariana ou dermatite do nadador. É caracterizada por “sensação de comichão”, erupção urticariforme seguida de eritema, edema e pequenas pápulas com dor. • Esquistossômulos: penetram nos pulmões três dias após a infecção e depois de duas semanas podem ser encontrados em vasos do fígado. Assim, podem causar: linfademia generalizada, febre, esplenomegalia e sintomas pulmonares. • Vermes adultos: espoliam o hospedeiro devido ao seu alto metabolismo. Os vermes mortos podem causar lesões extensas, principalmente no fígado. • Ovos: quando o numero de ovos que atinge a luz intestinal é grande, podem ocorrer hemorragias, edemas da submucosa e fenômenos degenerativos, como formações ulcerativas pequenas e superficiais. Os ovos que atingem o fígado, permanecem lá e causam as alterações mais importantes. O antígeno solúvel excretado pelos poros do ovo vivo provocará a reação inflamatória granulomatosa. Os granulomas apresentas as fases: o Necrótica exsudativa – aparecimento de uma zona de necrose em volta do ovo, circundada por exsudação, com deposição de material eosinófilico. o Produtiva ou de reação histiocitária – inicio da reparação da área necrosada o Cura ou fibrose – o granuloma é denominado nódulo. Pode haver calcificação do ovo ou absorção e desaparecimento do granuloma. 4.1) Esquistossomose aguda • Fase pré-postural: de 10 a 35 dias após a infecção. Possui sintomatologia desde pacientes assintomáticos até pacientes com mal estar, febre, tosse, dores musculares, desconforto abdominal e hepatite aguda. • Fase aguda: de 50 a 120 dias após a infecção. Pode ocorrer disseminação de ovos, principalmente na parede intestinal, com necrose, levando a uma enterocolite aguda e, no fígado, provocando a formação de granulomas. Isso caracteriza a forma toxêmica. Essa forma pode causar: febre, sudorese, calafrios, emagrecimento, fenômenos alérgicos, diarreia, disenteria, cólicas, tenesmo, hepatoesplenomegalia discreta, linfademia e leucocitose. Na fase toxêmica pode haver morte ou evolução para a esquistossomose crônica. 11 4.2) Esquistossomose crônica • Intestino: a maioria é benigna, com predominância de alguns granulomas nodulares. Em muitos pacientes ocorre diarreia mucossanguinolenta, dor abdominal e tenesmo. Nos casos graves pode ocorrer fibrose da alça retossigmoide, levando a diminuição do peristaltismo e constipação. • Fígado: alterações podem ocorrer a partir do inicio da postura de ovos e formação de granulomas. Inicialmente, o fígado está aumentado e doloroso. Em uma fase mais adiantada, o fígado pode estar menor e fibrosado. Nessa fase ocorre o quadro de “Fibrose de Symmers”, fibrose do órgão, em que a retração de sua capsula em numerosos pontos provoca a formação de saliências ou lobulações. Os granulomas causam uma endoflebite aguda e fibrose periportal, provocando hipertensão portal. Essa hipertensão pode se intensificar com a evolução da doença, causando: o Esplenomegalia o Varizes – desenvolvimento de circulação colateral anormal intra-hepática e de anastomoses no plexo hemorroidário, umbigo, região inguinal e esôfago. o Ascite – decorre de alterações hemodinâmicas. • Pulmão: os ovos podem ir para esse órgão, originando granulomas pulmonares. Isso dificulta a pequena circulação, causando insuficiência cardíaca, viabilizando ligações arteriovenosas que permitem a passagem dos ovos para a circulação geral e o encistamento em vários órgãos, formando granulomas. 5) Diagnóstico • Clinico: levar em consideração a fase da doença e a anamnese detalhada. • Parasitológico: exame de fezes (sedimentação/centrifugação em éter sulfúrico ou Kato e Kato- Katz); biopsia ou raspagem da mucosa retal; ultrassonografia. • Métodos imunológicos – medem a resposta imunológica frente aos antígenos do parasito. Podem ocorrer falsos positivos e falsos negativos, não permitindo certeza absoluta. É feito por: reação intradérmica, reação de fixação de complemento, reação de hemaglutinação indireta, radioimunoensaio, reação de imunofluorescência indireta, ELISA e PCR. 6) Epidemiologia A presença de hospedeiros intermediários suscetíveis permitiu a instalação da doença no Brasil A sobrevida do S. mansoni no homem pode ser muito longa. Há uma estreita relação entre as áreas de media e alta endemicidade e a presença de Biomphalaria glabrata, que é responsável pela área de transmissão continua desde o RN até MG. A Biomphalaria straminea é a única espécie que transmite a doença em Pernambuco, Pará e Goiás. A Biomphalaria tenogophila é o caramujo transmissor em regiões do RJ, SP, SC e MG, tem ampla distribuição geográfica. O clima tropical apresenta as condições necessárias para a transmissão da doença. As altas temperaturas e a luminosidade intensa estimulam a multiplicação de microalgas, a eclosão dos miracídios, a penetração destes nos moluscos, a evolução das formas parasitarias nos caramujos e a penetração das cercarias. Os fatores mais importantes relacionados com o problema de expansão da doença são: migrações internas, presença de caramujos potencialmente transmissores, ausência de infraestrutura sanitária adequada, educação sanitária precária e disseminação de espécies de Biomphalaria suscetíveis. Os fatores ligados a população humana são: faixas etárias mais jovens são mais atingidas, menor incidência de formas graves em negros, clima tropical estimula praticas aquáticas e atividades profissionais colocam os trabalhadores em contato com aguas contaminadas. 7) Profilaxia Tratamento da população, saneamento básico com a construção de rede de esgotos e tratamento de agua, educação sanitária, combate aos caramujos transmissores e uso de produtos cercaricidas 12 (aplicados à pele e impedem a penetração de cercarias; porem pode ser absorvido pela pele e causar efeitos tóxicos). Fasciolose Filo: Platyhelminthes Classe: Trematoda Família: Fasciolidea Gênero: Fasciola Espécies: F. hepatica 1) Morfologia Forma: adulto. Aspecto foliáceo e ventosa oral na extremidade anterior, abaixo da qual está o acetábulo e o poro genital. É hermafrodita. 2) Ciclo biológico As formas adultas do parasita põem ovos operculados, que com a bile, passam para o intestino, de onde são eliminados com as fezes. Os ovos possuem uma massa de células que, encontrando condições favoráveis de temperatura, umidade e ausência de putrefação, dão origem ao miracídio, que pode sobreviver até nove meses no ovo, só saindo quando o mesmo entra em contato com a agua e é estimulado pela luz solar. O muco produzido pelos caramujos das espécies Lymnaea columela e L. viatrix atrai o miracídio, e só irão completar o ciclo, os miracídios que os alcançarem. Caso muitos miracídios entrem em um mesmo molusco, ele morrerá. Ao entrar no molusco, o miracídio forma um esporocisto, que dá origem a varias rédias que, em condições adversas, podem dar origem a rédias de segunda geração e, em condições normais, viram cercarias. As rédias possuem abertura bucal, que é um esboço de tubo digestivo. Cada molusco libera, por dia, de 6 a 8 cercárias durante três meses. Essas cercarias aderem à vegetação aquática ou ficam na superfícieda agua, formando as metacercárias. A infecção ocorre ao ingerir agua ou verduras com metacercárias, que desencistam-se no intestino delgado, perfurando-no, caindo na cavidade peritoneal perfurando a capsula hepática e migrando pelo parênquima hepático. Dois meses depois, eles estão nos ductos biliares. 3) Patogenia A fascilose é um processo inflamatório crônico do fígado e ductos biliares. O homem não é o hospedeiro normal desse parasita, por isso, a doença é mais grave nos animais do que nele. O homem apresenta lesões pela migração da forma imatura no parênquima hepático e lesões feitas pelo verme adulto nas vias biliares. As formas imaturas no fígado induzem a liquefação dos tecidos hepáticos pela ação de sua enzima, facilitando sua migração e alimentação. O rastro do parênquima destruído é substituído por tecido conjuntivo fibroso, causando necrose de lóbulos hepáticos e lesão dos vasos sanguíneos extra- hepáticos. As formas adultas provocam ulcerações e irritações do endotélio dos ductos, levando a hiperplasia endotelial, devido à presença de espinhos na cutícula e ao movimento constante. Em seguida, há reação cicatricial, com concreção da luz dos ductos, enrijecimento das paredes devido à fibrose e posterior deposição de sais de cálcio. Isso leva a diminuição do fluxo biliar, cirrose e insuficiência hepática. 4) Diagnóstico Pesquisa de ovos nas fezes ou na bile, intradermorreação, imunofluorescência, reação de fixação do complemento e ELISA. O diagnostico clinico é difícil de ser realizado. 13 5) Epidemiologia Criação extensa de ovinos e bovinos em pastos e áreas úmidas e alagadiças, longevidade dos ovos nos pastos durante os meses frios, presença de Lymnae nesses pastos e longevidade das metacercárias na vegetação aquática. 6) Profilaxia Evitar a disseminação de parasitose através de uma politica seria e eficiente, destruição dos caramujos, tratamento em massa dos animais, isolamento de pastos úmidos, vacinação dos animais, e proteção do homem. Essa proteção deve ser feito por não beber agua de córregos, não plantar agrião em área suspeita de contaminação e não consumir agrião em zonas de alta prevalência. Ascaridíase Filo: Nematoda Classe: Secernentea Família: Ascarididae Gênero: Ascaris Espécies: A. lumbricoides 1) Morfologia Forma: adulto. São longos, robustos, cilíndricos e apresentam extremidades afiladas. Em infecções moderadas, os vermes adultos são encontrados no intestino delgado (principalmente jejuno e íleo) e em infecções intensas podem ocupar toda a extensão do intestino delgado. Macho – cor leitosa. Apresenta boca ou vestíbulo bucal anterior com serrilha de dentículos e sem interlábios. Apresenta dois espículos iguais, sua extremidade posterior é fortemente encurvada para a face central e apresenta papilas pré e cloacais. Fêmea – apresenta cor, boca e aparelho digestivo semelhantes aos machos. No entanto, é mais robusta que eles e sua extremidade posterior é retilínea. Forma: ovo. Apresentam cor branca, são ovais, grandes e com capsula espessa devido a membrana externa mamilonada. Possuem também uma membrana media de quitina e proteína, e uma mais interna, delgada e impermeável, que confere resistência ao ovo. Dentro do ovo estão células germinativas. 2) Ciclo biológico O ciclo desse parasito é monoxênico. Primeiramente, os ovos não embrionados são eliminados com as fezes. Na presença de temperatura adequada, umidade e oxigênio, os ovos tornam-se embrionados e é formada a primeira larva (L1) do tipo rabditoide. Ainda dentro do ovo, a larva sofre muda e evolui para L2. Em seguida, L2 sofre muda e evolui para L3. Os ovos com a larva na forma L3 são ingeridos pelo hospedeiro, atravessam seu trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado. Essa eclosão ocorre por causa da presença de agentes redutores, pH, temperatura, sais e a concentração de CO2 do intestino delgado. A s larvas liberadas atravessam a parede intestinal na altura do ceco, atingindo vasos linfáticos e veias, por onde são transportados até o fígado. Do fígado, caem na veia cava inferior ou superior, atingindo o coração direito. Do coração, eles chegam aos pulmões. Nos pulmões, a larva L3 sofre muda para L4 e estas rompem os capilares e caem nos alvéolos. Nos alvéolos, as larvas L4 sofrem muda para L5. Nessa forma, elas sobem até a faringe e podem ser expelidas por expectoração ou deglutidas. 14 Quando são deglutidas, elas se fixam no intestino delgado, transformando-se em adultos jovens. Em 60 dias, alcançam a maturidade sexual, fazem copula e ovopostura. Assim, os ovos saem nas fezes do hospedeiro. 3) Transmissão Ocorre através da ingestão de agua ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva L3. Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente os ovos. Também pode ser por contaminação do deposito subungueal (embaixo da unha) com os ovos. Os ovos da A. lumbricoides possuem grande capacidade de aderência e resistência a vários agentes terapêuticos. 4) Patogenia As alterações causadas se relacionam com o numero de formas presentes do parasito. • Larvas – em infecções de baixa intensidade não se observam alterações. No entanto, nas maciças ocorrem lesões hepáticas e pulmonares. No fígado podem ser vistos pequenos focos hemorrágicos e de necrose que futuramente se tornam fibrosados. A migração das larvas pelos alvéolos pode causar vários pontos hemorrágicos e pode determinar um quadro pneumônico com febre, tosse, dispneia e eosinofilia. Pode ocorrer a Síndrome de Loeffer, cujos sintomas são edema dos alvéolos com infiltrado parenquimatoso, febre, bronquite e pneumonia. O catarro pode ser com sangue e larvas. • Vermes adultos – em infecções de baixa intensidade não há manifestação clinica. As infecções de media e alta intensidade podem apresentar: ação espoliadora (vermes consomem muita proteína, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C); ação toxica (reação entre antígenos dos parasitas e anticorpos do hospedeiro, causando edema, urticária, convulsões, etc.); e ação mecânica (vermes causam irritação na parede e podem se enovelar na luz, causando obstrução). • Podem ocorrer “áscaris errático”. Em casos de alta carga parasitaria, o verme pode sair do seu habitat normal e se deslocar para apêndice cecal (apendicite aguda), canal colédoco (obstrução do canal), canal de Wirsung (pancreatite aguda) e ser eliminado por boca e narinas. 5) Diagnóstico É dado pela pesquisa de ovos nas fezes. O método de Kato Katz permite a quantificação dos ovos. Em infecções de apenas vermes fêmeas, todos os ovos expelidos são inférteis e casos que todos os vermes são machos, o exame de fezes será constantemente negativo. 6) Epidemiologia É o helminto mais frequente em regiões pobres e tem maior prevalência em regiões de clima quente e úmido. A infecção também está relacionada com fatores sociais e culturas como crescimento desordenado da população, ausência de saneamento básico, baixo poder econômico e educacional, hábitos pouco higiênicos e precárias condições ambientais. Atinge, majoritariamente, crianças porque os adultos apresentam melhor habito higiênico e imunidade. A prevalência da doença sofre interferência da quantidade de ovos produzidos pelas fêmeas, viabilidade do ovo infectante, numero de ovos no peridomicílio, dispersão fácil dos ovos (chuva, vento, insetos e aves), Pode haver predomínio da doença em escolas devido ao contato entre crianças e delas com o solo, além do habito de levarem a mão suja a boca. 7) Profilaxia Educação em saúde, construção de tratamentos de esgoto com tratamento e/ou fossas sépticas, tratamento em massa dos habitantes de áreas endêmicas com drogas ovicidas, proteção dos 15 alimentos contra possíveis veículos de transmissão (chuva, vento, insetos e aves) e tratamento das fezes humanas que podem ser usadas como fertilizantes. Enterobíase Filo: Nematoda Classe: Secernentea Família: OxyuridaeGênero: Enterobius Espécies: E. vermicularis 1) Morfologia Forma: adulto. Ambos os sexos são brancos, filiformes, presença de “asas cefálicas” na extremidade anterior, isto é, expansões vesiculosas lateralmente a boca. Macho – cauda recurvada em sentido ventral, com um espículo. Fêmea – cauda pontiaguda e longa. Forma: ovo. Apresenta aspecto grosseiro de “D”, e membrana dupla, lisa e transparente. 2) Ciclo biológico É do tipo monoxênico. Os machos e as fêmeas vivem no ceco e no apêndice do hospedeiro. Após a cópula, os machos são eliminados com as fezes e morrem. As fêmeas, cheias de ovos, se desprendem do ceco e se dirigem para o anus (principalmente a noite). Os ovos são eliminados pelo rompimento da fêmea, por traumatismo ou dessecamento. Eles se tornam infectantes em poucas horas e são ingeridos pelo hospedeiro. No intestino delgado, as larvas rabditoides eclodem e sofrem duas mudas no trajeto até o ceco, aonde irão se transformar em vermes adultos. Um a dois meses depois, as fêmeas são encontradas na região perineal. Se não houver reinfecção, o parasitismo acaba. 3) Transmissão • Heteroinfecção: ovos na poeira ou nos alimentos atingem novo hospedeiro. • Indireta: ovos na poeira ou nos alimentos atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou. • Autoinfecção externa: o individuo leva os ovos da região perianal a boca. É o principal mecanismo responsável pela cronicidade dessa verminose. • Autoinfecção interna: é raro. Larvas eclodem dentro do reto e migram para o ceco, virando vermes adultos. • Retroinfecção: larvas eclodem externamente na região perianal, penetram pelo anus e migrando para o intestino grosso, chegando até o ceco, onde viram vermes adultos. 4) Patogenia Na maioria dos casos, esse parasitismo passa despercebido pelo paciente, sendo notado quando ele sente o prurido anal ou quando percebe o verme nas fezes. Em infecções mais extensas, pode provocar enterite catarral por ação mecânica e irritativa. O ceco fica inflamado e, as vezes, o apêndice é atingido. A alteração mais frequente e intensa é o prurido anal. O ato de coçar pode levar a infecção bacteriana secundaria. O prurido provoca perda de sono e nervosismo. A presença de vermes nos órgãos genitais femininos pode causar vaginite, metrite, salpingite e ovarite. 16 5) Diagnóstico • Clínico: prurido anal noturno e continuado. • Laboratorial: EXAME DE FEZES NÃO FUNCIONA. O método utilizado é o de Graham, em que se coloca a fita com a parte adesiva para fora sobre um tubo de ensaio e se apoia varias vezes a fita na região perianal. Depois se coloca essa fita sobre uma lamina de vidro e a observa no microscópio. Esse procedimento deve ser feito pela manha. 6) Epidemiologia Alta prevalência em crianças em idade escolar e é de transmissão principalmente domestica ou de ambientes coletivos fechados. Possui distribuição geográfica mundial, com incidência maior em regiões de clima temperado. A disseminação dessa doença ocorre pelos seguintes fatores: somente a espécie humana alberga o E. vermicularis, fêmeas liberam grandes quantidades de ovos, o ovos precisam de poucas horas para se tornarem infectantes, os ovos podem resistir a até três semanas e o habito de sacudir roupas de cama pode disseminar o ovo. 7) Profilaxia Não sacudir a roupa de cama usada pelo hospedeiro e sim, enrolá-la e ferve-la; corte rente das unhas; aplicação de pomada mercurial na região perianal ao deitar-se; tomar banho de chuveiro ao se levantar; e utilizar aspirador de pó. Trichuríase Filo: Nematoda Classe: Adenophorea Família: Trichuridae Gênero: Trichuris Espécies: T. trichiura 1) Morfologia Forma: adulto. Boca na extremidade anterior, sendo uma abertura simples e sem lábios. Macho – menor e com extremidade posterior fortemente curvada. Fêmea – possui extremidade superior reta. Forma: ovo. Formato elíptico com polos salientes. Extremidades são transparentes e preenchidas por material lipídico. A casca é formada por três camadas, o que lhe confere resistência. Esses ovos são muito sensíveis a dessecação e necessitam de alta umidade. 2) Ciclo biológico É tipo monoxênico. As fêmeas e machos, que habitam o intestino grosso, se reproduzem sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo pelas fezes. O embrião contido no ovo recém-eliminado se desenvolve no ambiente para se tornar infectante. O período de desenvolvimento depende das condições ambientais (mais rápido em temperaturas mais altas). Os ovos infectantes são ingeridos pelo homem e eclodem no intestino delgado. Essa eclosão das larvas é estimulada pela exposição sequencial dos ovos aos componentes do suco gástrico e suco pancreático. As larvas penetram no mucosa intestinal pela base das criptas de Lieberkuhn e permanecem nesse local de 5 a 10 dias. Depois ganham a luz intestinal e migram para o ceco. No ceco, elas completam 17 seu desenvolvimento, passando por quatro estágios. O crescimento e desenvolvimento dos vermes levam ao rompimento das células epiteliais e a exposição da porção posterior do corpo do verme a luz intestinal. 3) Transmissão Os ovos contaminam o ambiente em locais sem saneamento básico. Eles podem ser disseminados pelo vento, pela agua e pela mosca domestica; e contaminar os alimentos sólidos ou líquidos, sendo ingeridos pelo hospedeiro. 4) Patogenia A gravidade depende da carga parasitária, idade do hospedeiro, estado nutricional e a distribuição dos vermes adultos no intestino. As lesões são restritas ao intestino. Podendo causar aumento na produção de muco, descamação da camada epitelial, infiltração de células mononucleares da lamina própria e presença de eosinófilos. Na infecção leve, os vermes ficam restrito ao ceco e cólon ascendente, causando inflamação discreta e localizada. A maioria é assintomática. Na infecção moderada, os pacientes podem apresentar dor de cabeça, dor epigástrica, dor abdominal, diarreia, náuseas e vômitos. Na infecção intensa, síndrome disentérica crônica, o parasitismo se distribui pelo intestino grosso, causando dor abdominal, disenteria, sangramento, prolapso retal, perda do apetite, vomito, eosinofilia, anemia e desnutrição grave. 5) Diagnostico Pesquisa de ovos do parasita nas fezes através de exames de fezes pelo método de Kato Katz. 6) Epidemiologia Apresenta maior prevalência em regiões de clima quente e úmido; e condições sanitárias precárias, que favorecem a contaminação ambiental e a sobrevivência dos ovos. Tem maior prevalência em crianças em idade escolar. Os humanos são a única fonte epidemiológica relevante. 7) Profilaxia As mesmas discutidas para o A. lumbricoides, isto é: Educação em saúde, construção de tratamentos de esgoto com tratamento e/ou fossas sépticas, tratamento em massa dos habitantes de áreas endêmicas com drogas ovicidas, proteção dos alimentos contra possíveis veículos de transmissão (chuva, vento, insetos e aves) e tratamento das fezes humanas que podem ser usadas como fertilizantes. Ancilostomíase Filo: Nematoda Classe: Secernentea Família: Ancylostomatidae 1) Morfologia A família Ancylostomidae é dividida em várias subfamílias, sendo as espécies mais importantes: • Ancylostoma duodenale: adultos machos e fêmeas cilindriformes, com extremidade anterior curvada dorsalmente. Apresentam capsula bucal profunda, dois pares de dentes ventrais na 18 margem interna da boca e um par de lancetas (dentes triangulares subventrais) no fundo da capsula bucal. Sua cor é róseo-avermelhado e o dimorfismo sexual é bem acentuado. • Ancylostoma ceylanicum: morfologia semelhante ao anterior, mas apresenta capsula bucal com dois pares de dentes ventrais, sendo um grande e um minúsculo. Essa espécie parasita cães e gatos. • Necator americanus: o adulto possui forma cilíndrica e extremidade cefálica recurvada dorsalmente. Apresentam também capsula bucal profunda com duas laminas cortantes na margem interna, subventrais, e duas laminas cortantesna margem interna, subdorsais. No fundo da capsula bucal se encontra um dente longo e duas lancetas subventrais. O macho é menor que a fêmea. 2) Ciclo biológico É monoxênico. A primeira fase de vida é livre e a segunda, obrigatoriamente, parasitária. Os ovos são eliminados nas fezes e caso as condições do meio sejam favoráveis, isto é, solo arenoso, umidade alta, temperatura entre 25 e 30 graus e ausência de luz solar direta; ocorre a embrionia. Dessa forma, há formação da larva L1 do tipo rabditoide e sua eclosão. No ambiente, a larva se alimenta de matéria orgânica e microrganismos. Ela, então, perde sua cutícula externa e ganha uma nova, evoluindo para L2, rabditoide também. A larva L2 começa a produzir uma nova cutícula interna, se transformando em L3 (filarióide), que é a forma infectante. A larva L3 não se alimenta, mas tem movimentos serpentiformes. A larva L3 penetra ativamente no homem através da pele, tecido conjuntivo e mucosa; ou passivamente por via oral através da ingestão de alimentos ou agua contaminados. • Se a infecção for ativa: a penetração no hospedeiro ocorre quando é estimulada por efeitos térmicos e químicos. A larva L3 escapa da cutícula externa e começa a produzir enzimas, que facilitam seu acesso através dos tecidos do hospedeiro. Da pele, elas alcançam a corrente sanguínea e linfática, chegando ao coração e em seguida os pulmões através das artérias pulmonares. Depois elas se deslocam para os alvéolos, bronquíolos, brônquios, traqueia e faringe. Nos pulmões, as larvas se transformam em L4. Na faringe elas são deglutidas e alcançam o intestino delgado. A larva L4 fixa sua capsula bucal na mucosa duodenal, atuando como hematófago. Cerca de 15 dias após a infecção, a larva se transforma em L5 e 30 dias após a infecção, se diferenciam em L5 adulto. A larva L5 adulto faz cópula e ovopostura. • Se for por via oral: por ação do suco gástrico do estomago, a larva L3 perde sua cutícula e migra para o intestino delgado. No duodeno, elas penetram na mucosa e atingem as células de Lieberkuhn, onde mudam para L4. Em seguida, elas voltam à luz intestinal, se fixam na mucosa e iniciam o repasto sanguíneo. Com 15 dias de infecção, elas mudam para L5 e depois se diferenciam em adultos e iniciam a copula. 3) Transmissão • Ancylostoma duodenale: a penetração por via oral é tão efetiva quanto via transcutânea. • Ancylostoma ceylanicum: a penetração é mais efetiva por via oral. • Necator americanus: a penetração é mais efetiva por via transcutânea. Há a possibilidade da larva L3 ingeridas penetrar na mucosa da boca ou faringe, cair na corrente sanguínea e completar o ciclo pulmonar. 4) Patogenia A causa primária está relacionada com a migração das larvas e a implantação dos parasitos adultos no intestino delgado do hospedeiro e a secundária está relacionada com a permanência dos 19 parasitos. Quando as larvas penetram na pele podem provocar nos locais de penetração lesões traumáticas, levando a sensação de “picada”, hiperemia, prurido e edema resultante do processo. A intensidade das lesões está relacionada ao numero de larvas e da sensibilidade do hospedeiro. Em reinfecções, pode ocorrer a formação de pápulas, vesículas, e edema com adenopatia regional. Pode haver alterações pulmonares como tosse e febrícula. Em relação ao intestino, há dor epigástrica, diminuição do apetite, indigestão, cólica, náuseas, vômitos, flatulências, diarreia sanguinolenta e constipação. Os sinais agravam quando há deposição de ovos. A fixação na mucosa causa lesões mecânicas, causando processos inflamatórios, congestão, edemas e áreas de hemorragia. A patogenia é proporcional ao numero de parasitos presentes no intestino delgado. A anemia causada pelo hematofagismo é o principal sinal. A ancilostomose apresenta duas fases: • Fase aguda: determinada pela migração das larvas no tecido cutâneo e pulmonar; e instalação dos vermes adultos no duodeno. • Fase crônica: determinada pela presença do verme adulto. A espoliação sanguínea associada à deficiência nutricional. Apresentam sinais primários associados diretamente à atividade do parasito e secundários decorrentes da anemia e hipoproteinemia. 5) Diagnóstico • Clinico: anamnese e analise dos sintomas. • Parasitológico: exame de fezes pelos métodos Hoffman, MIFC, Willis, Stoll e ELISA. • Método de coprocultura • Testes imunológicos e sorológicos 6) Epidemiologia A doença ocorre, preferencialmente, em crianças maiores de seis anos, adolescentes e indivíduos mais velhos. Os ovos se desenvolvem bem em locais úmidos e com baixa incidência solar, uma vez que os raios ultravioletas são letais. Solo arenoso, permeável, úmido, areado e rico em matéria orgânica favorecem o desenvolvimento da fase de vida livre do parasito. O A. duodenale é mais encontrados em locais de clima temperado, enquanto o N. americanus é mais encontrados em locais de clima tropical. 7) Profilaxia Saneamento básico, educação sanitária, suplementação alimentar de ferro e proteínas, uso de anti- helmíntico, dar destino seguro as fezes humanas, lavar a mão antes das refeições, lavar os alimentos consumidos crus e beber agua filtrada ou fervida. Larva migrans Algumas larvas infectantes só completam seu ciclo no hospedeiro próprio e, quando infectam um hospedeiro anormal, podem não ser capazes de evoluir nele, migrando pelo tecido subcutâneo ou visceral, produzindo os três tipos: larva migrans cutânea, visceral e ocular. 20 Larva migrans cutânea (LMC) – ou dermatite serpigin osa/pruriginosa 1) Morfologia Apresenta distribuição cosmopolita, com maior frequência em áreas tropicais e subtropicais. Os agentes etiológicos principais são as larvas de: Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum, que são parasitos do intestino delgado de cães e gatos. 2) Ciclo biológico • No hospedeiro definitivo: os ovos são eliminados nas fezes de cães e gatos infectados. Em condições próprias de umidade, temperatura e oxigenação, ocorre o desenvolvimento da larva em L1 dentro do ovo, que eclode e se alimenta de matéria orgânica e microrganismos no solo. A larva L1 realiza duas mudas, atingindo a forma infectante L3. A larva L3 sofre duas mudas no hospedeiro, alcança seu intestino delgado e atinge a maturidade sexual. • No homem: A larva L3 penetra ativamente na pele do homem e migra através do tecido subcutâneo durante semanas ou meses, deixando um rastro sinuoso. Depois eles morrem. A larva L3 pode ser ingerida, chegando ao intestino e podendo migrar pelas vísceras, provocando Larva migrans visceral. 3) Patogenia As partes do corpo mais atingidas são pés, pernas, nádegas, mãos, antebraços e boca. As lesões podem ser múltiplas. Na migração, as larvas produzem um rastro saliente e pruriginoso que pode ser acompanhado de infecções secundarias. 4) Diagnostico Anamnese, sintomas e aspectos dermatológicos da lesão. Larva migrans visceral (LMV) 1) Morfologia A espécie mais importante é a Toxocara canis, que possui distribuição cosmopolita. Também pode ser causada por Toxocara cati e Ancylostoma caninum. Nessa síndrome há migração prolongada da larva. 2) Ciclo biológico • No hospedeiro definitivo: os ovos são eliminados nas fezes de cães e gatos infectados. Em condições próprias de umidade, temperatura e oxigenação, ocorre o desenvolvimento da larva em L3. Cães jovens se infectam de ovos com L3, que eclodem no intestino delgado, atravessam a parede intestinal, caem na circulação e atingem fígado, coração e pulmão. Nos pulmões, as larvas mudam para L4 e migram para alvéolos, brônquios, traqueia e são deglutidos. No intestino atingem a maturidade sexual. No segundo mês de vida, os cães começam a desenvolver resistência ao parasito. • No homem: o homem se infecta ingerindo agua ou alimentos contaminados e, menos frequentemente, ingerindo carnes do hospedeiro paratênico. No intestino delgado ocorre à eclosão de L3, que penetra na parede intestinal,atinge a circulação, distribuindo-se pelo organismo. Em seguida, atravessam capilares sanguíneos e atingem fígado, rins, pulmões, coração, medula óssea, músculos estriados e olhos. Nesses órgãos, realizam migrações e a maioria é destruída, formando um granuloma alérgico. 21 3) Patogenia • LMV: a gravidade depende da quantidade de larvas, do órgão e da resposta imunológica do paciente. O quadro clássico é de leucocitose, hipereosinofilia sanguínea, hepatomegalia e linfadenite. Durante a migração pode ocorrer a formação de granulomas que favorece a aderência de bactérias e o desenvolvimento de abcessos musculares, hepáticos, pulmonares e renais. • Larva migrans ocular: a resposta imunológica é mais intensa que LMV. A maioria das infecções é unilateral. Ocorre endoftalmia crônica mais comumente, envolvendo retina, corioide e vitro. Em casos graves pode ocorrer perda da visão. 4) Diagnostico É difícil para LMV porque só pode ser feito com a identificação da larva na biopsia tecidual, levando em conta o histórico do paciente e o resultado imunodiagnóstico. Em caso da LMO, há também exames oftalmológicos e ELISA. 5) Epidemiologia geral Está relacionada com a presença de animais, principalmente cães e gatos, nos locais onde o homem pode se infectar. Crianças são as mais frequentemente cometidas por brincarem com terra e areia. Filhotes de cães são os maios transmissores da infecção. Além disso, o grande número de ovos eliminados e a resistência deles contribuem para maior contaminação do solo. 6) Profilaxia geral Exames de fezes periódicos dos cães e gatos, tratamento dos mesmos com anti-helmínticos, evitar o acesso deles á lugares públicos, redução das populações de cães e gatos vadios e conscientização da população. Estrongiloidíase Filo: Nematoda Família: Rhabdiasidae Gênero: Strongyloides Espécie: S. stercoralis 1) Morfologia Forma: adulto. Fêmea partenogênica parasita – corpo cilíndrico com aspecto filiforme; extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Fêmea de vida livre ou estercoral – aspecto fusiforme; extremidade anterior arredondada e posterior afilada Macho de vida livre – aspecto fusiforme; extremidade anterior arredondada e posterior recurvada ventralmente. Forma: ovo. Elípticos com parede fina e transparente. 2) Ciclo biológico As fêmeas partenogênicas são triploides e podem produzir dois tipos de ovos, que dão origem a três tipos de larvas rabditoides: larvas rabditoides 3n (originam larvas filarióides 3n infectantes), larvas rabditoides 2n (originam fêmeas de vida livre) e larvas rabditoides 1n (evoluem para machos de vida livre). As fêmeas partenogênicas fazem ovopostura na porção superior do duodeno e se localizam nas 22 criptas da mucosa duodenal. As larvas rabditoides eliminadas nas fezes podem seguir dois ciclos (ambos heteroxênicos): • Ciclo direto ou partenogênico: a fêmea 3n produz ovos com larvas rabditoides 3n, eliminando-os no solo ou na pele perineal. De 24 às 72hs depois, as larvas se transformam em filariòides infectantes 3n, completando o ciclo. • Ciclo indireto, sexuado ou de vida livre: a fêmea 3n produz ovos com larvas rabditoides 2n ou 1n. Ambos os tipos de larvas sofrem quatro transformações no solo. As larvas 1n originam machos 1n, enquanto as larvas 2n originam fêmeas de vida livre. As formas adultas de vida livre se acasalam e formam ovos 3n, que originam larvas rabditoides 3n, que evoluem para larvas filariòides 3n infectantes. Após ambos os ciclos, as larvas L3 infectantes penetram ativamente na pele ou mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Elas secretam melanoproteases que auxiliam na penetração e migração pelos tecidos. Algumas morrem e outras atingem a circulação venosa e linfática, seguindo para o coração e pulmões. Nos capilares pulmonares, elas se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar e arvore brônquica, alcançando a faringe. Da faringe elas podem ser expelidas por expectoração ou deglutidas, atingindo o intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas. Estas depositam seus ovos na mucosa intestinal. Os ovos eclodem e as larvas migram para a luz intestinal, de onde são eliminadas pelas fezes. 3) Transmissão • Hetero ou primo-infecção: L3 penetra através da pele ou, ocasionalmente, através de mucosa. É a principal forma de transmissão. • Autoinfecção externa ou exógena: larvas rabditoides presentes na região perianal se transformam em larvas filariòides infectantes e ai penetram, completando o ciclo direto. • Autoinfecção interna ou endógena: larvas rabditoides se transformam em larvas filariòides infectantes ainda na luz intestinal, que penetram na mucosa. Isso pode ocorrer em indivíduos com constipação intestinal devido ao retardamento da eliminação do material fecal. A autoinfecção interna pode se acelerar, provocando elevação do numero de parasitas no intestino e pulmões, causando hiperinfecção. 4) Patogenia Se há poucos parasitos, pode ser assintomático ou oligossintomatico, com ação patogênica e lesões. Formas graves se relacionam com carga parasitaria, subalimentação, diarreia, vômitos, alcoolismo, infecções bacterianas associadas, etc. Podem ocorrer alterações cutâneas nos pontos de penetração das larvas com reação celular apenas em torno das larvas mortas. Na reinfecção há reação de hipersensibilidade, com formação de edema, eritema, prurido, pápulas hemorrágicas e urticarias. As alterações pulmonares incluem tosse com ou sem expectoração, febre, dispneia e crise asmatiformes decorrentes das larvas filariòides e, ocasionalmente, de fêmeas. A passagem das larvas nos alvéolos causa hemorragia, infiltrado inflamatório, podendo causam broncopneumonia, síndrome de Löeffler, edema pulmonar e insuficiência respiratória. A presença da fêmea partenogenética, ovos e larvas no intestino pode causar: enterite catarral, enterite edematosa e enterite ulcerosa. Os sintomas mais comuns são dor epigástrica antes das refeições, diarreia em surtos, náuseas, vômitos e síndromes disentéricas com esteatorreia seguidas de desidratação. A sintomatologia torna-se disseminado em pacientes infectados e imunocomprometidos, havendo invasão de larvas nos rins, fígado, vesícula biliar, coração, pâncreas, tireoide, adrenais, próstata, glândulas mamarias e linfonodos. Causam dor abdominal, diarreia intensa, vômitos, pneumonia 23 hemorrágica, broncopneumonia bacteriana, insuficiência respiratória, possível anemia, incontinência urinaria, tontura, insônia e etc., que podem culminar no óbito. 5) Diagnostico • Clinico: tríade clássica – dor abdominal, diarreia e urticaria. • Laboratorial: pesquisa as formas evolutivas do parasito. A confirmação da presença da infecção é dificultada pelo pequeno numero de parasitos e pela pouca liberação de larvas nas fezes e de modo irregular. Nesses casos, os métodos de rotina (Lutz, Hoffmann, Pons e Janer, Ritchie, etc) não são adequados, sendo necessários métodos específicos para pesquisa de larvas. O exame de fezes deve ser feito pelo método de Baermann-Morais e de Rugai, pesquisando as larvas. Coprocultura: métodos de Looss, de Brumpt, de Harada & Mori, de cultura em placa de Agar. Pesquisa de larvas em secreções e outros líquidos orgânicos; endoscopia digestiva; biopsia intestinal; necropsia; esfregaços citológicos. • Métodos indiretos – auxiliam o diagnostico. Hemograma, raios-X, ultrassonografia, tomografia computadorizada e diagnostico por biologia molecular. • Métodos imunológicos – influerescencia indireta, ELISA, Western-blotting; etc 6) Epidemiologia O S. Stercoralis apresenta distribuição mundial, sobretudo em regiões tropicais. É predominante em pessoas com até 15 anos. Os fatores que influenciam na manutenção e propagação das doenças são: presença de fezes de homens e animais infectados contaminando o solo, presença de larvas infectantes vindas dos ciclos diretos e vida livre no solo, solo arenoso e úmidocom ausência de luz solar direta, temperatura entre 25 e 30ºC, condições sanitárias adequadas, falta de higiene, agua de irrigação de alimentos contaminada com fezes e a não utilização de calçados. 7) Profilaxia Hábitos higiênicos, lavagem de alimentos, uso de calçados, educação sanitária, melhor alimentação, tratamento especifico de todos os indivíduos parasitados e de animais domésticos infectados para eliminar a fonte de contaminação. Os mamíferos infectados podem funcionar como um reservatório da parasitose. Filaríase Linfática Filo: Nematoda Classe: Secernentea Família: Onchocercidae Gênero: Wucheria; Onchocerca; Mansonella; 8) Morfologia Forma: adulto. Machos e fêmeas são muito longos e delgados. Os vermes adultos vivem nos vasos ou gânglios linfáticos, enrolados em novelos. Macho – extremidade anterior afilada e posterior recurvada em espiral, com espículos e papilas. Fêmea – órgãos genitais duplos com exceção da vagina. Forma: microfilária (embrião): Possui uma membrana extremamente delicada, bainha cuticular lisa apoiada sobre numerosas células subcuticulares e células somáticas. 24 9) Ciclo biológico É heteroxênico. Durante o dia, as microfilárias se localizam nos capilares profundos, principalmente nos pulmões. À noite, elas vão para os vasos periféricos com pico em torno da meia noite. Esse pico coincide com o horário preferencial de hematofagismo do principal vetor, o Culex quinquefasciatus. Em regiões em que o principal vetor é o Aedes polynesiensis, que exerce hematofagismo de dia, as microfilárias são encontradas no sangue periférico humano a qualquer hora. A fêmea do mosquito exerce o hematofagismo e ingere as microfilárias. No seu estomago, elas perdem a bainha, atravessam a parede do estomago, caem na cavidade geral e migram para o tórax, onde se alojam nos músculos torácicos e se transformam em larva L1. Em seguida, ocorre a primeira muda, formando L2. Esta cresce e sofre outra muda, transformando-se em L3. A larva infectante L3 migra até alcançar a probóscida. O inseto vetor ao picar o homem, deposita as larvas infectantes na pele lesada das pessoas. As larvas são estimuladas pelo calor da pele humana, e a penetram. Então, elas migram para os vasos linfáticos, onde se tornam vermes adultos e as fêmeas gravidas produzem microfilárias, que são liberadas e vão para o sangue, onde se mantem em rápida movimentação chicoteante. Normalmente, durante o dia as microfilárias se encontram nos capilares profundos e a noite no sangue periférico. As regiões que normalmente abrigam as formas adultas são: pélvica, mamas e braços. 10) Transmissão Unicamente pela picada do inseto vetor e deposição das larvas infectantes na pele lesada. O calor do corpo e a umidade da pele estimulam a saída das larvas e a penetração das mesmas na pele. 11) Patologia Atualmente se admite que a ação patogênica seja devido a uma associação entre vermes adultos e microfilárias a um simbionte. O simbionte é uma bactéria da ordem Rickettsiales e do gênero Wolbachia, produtora de toxina que age sobre os tecidos. Vermes adultos nos vasos linfáticos causam obstrução, dificuldade circulatória e derramamento linfático. Esse derramamento pode ocasionar edema linfático nos membros inferiores e órgãos genitais, ascite linfática, linfocele, linfotórax e lunfúria. Os vermes adultos nos vasos linfáticos e seus produtos de metabolismo e desintegração provocam fenômenos inflamatórios como linfangite e linfadenite. Também causa processos alérgicos, como urticarias e edemas extrafocais. 12) Quadro clínico As manifestações clínicas variam com a carga parasitaria, reinfecções, localização dos vermes adultos e possibilidade do acasalamento, resposta imune e infecções bactérias concomitantes (agravam o quadro de elefantíase). • Forma assintomática ou doença subclínica: danos nos vasos linfáticos ou no sistema renal. • Fase aguda: caracterizada por manifestações inflamatórias, como linfagites, linfadenites, orquites e epididimites ou foliculites. • Fase crônica: caracterizada por fenômenos obstrutivos, reações inflamatórias e fibrose. As manifestações são linfedema, hidrocele, quilúria e elefantíase. A elefantíase é um processo inflamatório e fibrose do órgão atingido, com hipertrofia do tecido conjuntivo, dilatação dos vasos linfáticos e edema linfático. 13) Diagnóstico • Clinico: quadro e dados epidemiológicos. • Laboratorial: 25 o Pesquisa de microfilárias – gota espessa, Knott o Pesquisa de anticorpos e antígenos circulantes – ELISA o Pesquisa do DNA – PCR o Pesquisa de vermes adultos – Ultrassonografia 14) Epidemiologia A transmissão é realizada por insetos da família Culicidae, principalmente dos gêneros Culex sp e o homem é o único hospedeiro vertebrado. A filaríase é muito encontrada em focos litorâneos ou margens de grandes rios, quase sempre em clima tropical úmido e baixa altitude. As fontes de infecção são muito abundantes. A densidade de mosquitos, sobretudo à noite, é muito alta nas casas. 15) Profilaxia Tratamento dos infectados para eliminar a microfilária do sangue, interrompendo a transmissão; educação comunitária para técnicas simples de higiene para pacientes com linfoedema (evitando infecção bacteriana e agravamento da doença); melhoria sanitária; e combate ao inseto vetor. Oncocercose Filo: Nematoda Classe: Secernentea Família: Onchocercidae Gênero: Onchocerca Espécie: O. volvulus 1) Morfologia Os parasitos vivem enovelados em oncocercomas ou nódulos fibrosos subcutâneos. Há, geralmente, um casal de vermes adultos em cada nódulo, que pode ter localização variável. Esse filarídeo é do tecido subcutâneo. A oncocercose também é conhecida como “cegueira dos rios”, devido a sua mais seria manifestação e a abundancia do vetor em áreas férteis próximas de rios. 2) Ciclo biológico É heteroxênico. As fêmeas são hematófagas, mas também sugam o liquido tissular, ingerindo as microfilárias. Estas se desenvolvem até a larva L3 infectante, que migra para a probóscida do vetor. No repasto sanguíneo, a larva L3 atinge um novo hospedeiro. No tecido subcutâneo desses, as larvas originam vermes adultos. A transmissão é feita pela picada de mosquitos do gênero Simulium (“borrachudo”). Os borrachudos passam pelos estágios de ovo, larva e pupa exclusivamente dentro da agua corrente. No local da picada deixada pela femea fica um hematoma punctiforme. A importância desses animais está na voracidade nos animais e humanos (espoliação sanguínea), como transmissores da síndrome hemorrágica de Altamira e como transmissores das filárias (agentes da oncocercose e mansonelose). 3) Patogenia As alterações são causadas por microfilárias. Elas variam desde quadros assintomáticos até lesões cutâneas e oculares graves. São elas: oncocercomas, dermatite oncocercosa, lesões oculares, lesões linfáticas e disseminação. 4) Diagnóstico • Clinico: sintomatologia e dados epidemiológicos. 26 • Laboratorial: retirada de um fragmento superficial da pele para observação de microfilárias. • Exames oftalmológicos. • Teste de Mazzotti: diagnostico de infecções inaparentes ou assintomáticas. 5) Epidemiologia O vetor é abundante em áreas próximas a rios; tem ampla distribuição nos pais africanos; prevalência acentuada em população entre quatro e 30 anos; No Brasil, os focos estão restritos aos indígenas Yanomami no norte do amazonas e em Roraima. Porém, existe risco de disseminação para outras regiões, uma vez que na área desses índios há grandes jazidas minerais, que são frequentemente invadidas por garimpeiros. 6) Profilaxia Tratamento dos parasitados; combate ao vetor (insetidas biodegradáveis); proteção do homem (repelente e uso de roupas adequadas) e exame de todos que entraram em contato com os índios Yanomami para evitar a disseminação. O controle dos borrachudos é muito difícil porque as intervenções só são feitas contra os estágios imaturos (larvas e pupas) e essasencontram-se em criadouros de difícil acesso. Contra os adultos podem ser usados repelentes. O cultivo de citronela as margens dos criadouros tem sido recomendado, pois essa gramínea exala um odor que repele as femas para a oviposicao. Miíases 1) Introdução Miíase é a infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros que, pelo menos durante certo período, se alimentam dos tecidos vivos ou mortos do hospedeiro, de suas substancias corporais liquidas ou do alimento por ele ingerido. Quanto ao local de ocorrência, elas podem ser cutânea, subcutânea, cavitarias, ocular, anal, vaginal, etc. 2) Miíase traumática As espécies depositam seus ovos em tecidos necrosados de animais vivos, onde as larvas se alimentam, produzindo as miíases secundárias. Também existem espécies que adquiriram a capacidade de se alimentar de tecidos vivos, produzindo as miíases primárias. Nesse tipo de miíase, as larvas não são capazes de penetrar na pele íntegra, necessitando de uma lesão inicial para iniciar o processo. Como exemplos de causadores de miíases secundárias temos: Cochiliomyia macellaria e Lucilia sericata; e como causadores de miíases primarias temos: Cochiliomyia hominivorax e Chrysomya bezziana. 3) Miíase furunculares As larvas são capazes de perfurar a pele e se alojar no tecido subcutâneo do hospedeiro. Como exemplos de causadores dessa miíase temos: Dermatobia hominis e todos os Cuterebrídeos. 4) Classificação • Obrigatórias: são as miíases primarias. São causadas por larvas de dípteros que naturalmente se desenvolvem sobre ou dentro de vertebrados vivos. A Cochiliomyia hominivorax é conhecida como mosca varejeira e é a mosca mais importante como causadora de miíase primaria. É uma mosca robusta, de cor verde, e com reflexos azul- metálico em todo o tórax e abdome. Essas moscas são mais abundantes dos climas quentes e úmidos, e sua densidade é maior nos meses chuvosos e no verão. Após a copula, iniciam a ovopostura nas aberturas naturais do corpo ou em alguma solução de continuidade da pele. Após 27 a eclosão, as larvas se alimentam vorazmente e vão destruindo os tecidos rapidamente e permanecem com a extremidade anterior mergulhada nos tecidos, enquanto a posterior fica em contato com o ar. O tratamento dessa miíase deve ser feito da seguinte forma: limpar a ferida, aplicar anestesia local, retirar as larvas com auxilio de pinça e tratar a ferida deixada com bacteriostático local ou se necessário, antibiótico de largo espectro. • Facultativas: são as miíases secundárias. São causadas por larvas de dípteros que em geral se desenvolvem em matéria orgânica em decomposição, mas eventualmente podem atingir tecidos necrosados em um hospedeiro vivo. A Dermatobia hominis é vulgarmente conhecida como mosca berneira. Logo após o nascimento ocorre a copula. A fêmea fecundada fica em local protegido, onde também se abrigam vários insetos hematófagos. Em voos rápidos, a mosca-berneira captura um inseto hematófago e lhe deposita sobre o abdome de 15 a 20 ovos. Esses ficam aderidos ao abdome do inseto e apresentam um opérculo voltado para trás. Depois de seis dias, esses ovos estão maduros e quando o inseto veiculador for se alimentar, a larva sai rapidamente do ovo e alcança a pele do hospedeiro. Ela começa a se alimentar ativamente e após sofrer duas ecdises já está madura. Em seguida, abandona o hospedeiro e cai no chão. Enterra-se na terra fofa, transformando-se em pupa e depois de permanecer nessa fase por 30 dias, abandona o pupário. O berne provoca um prurido intenso e depois dor. O orifício aberto possibilita a entrada de larvas de outras moscas e varias bactérias que podem complicar o quadro. A melhor maneira de retirar o berne é matando-o por asfixia: raspar os pelos da região, colar firmemente um pedaço de esparadrapo, retirar o esparadrapo com o berne aderido e tratar a ferida com bacteriostático local. É preciso matar o berne antes de retira-lo porque, estando vivo, mantem seus espinhos firmemente aderidos aos tecidos do hospedeiro, dificultando sua extirpação. • Pseudomiíase: são ocasionadas por larvas de dípteros ingeridos com alimentos e que passam pelo tubo digestivo sem se desenvolver, mas podendo causar distúrbios mais ou menos graves, principalmente, no trato digestivo. 5) Entomologia forense É a aplicação do estudo de insetos e outros artrópodes para uso legal, tal como processos envolvendo crimes, suicídios ou mortes acidentais, com o intuito de se determinar o intervalo pós- morte, bem como as circunstancias durante e após o óbito. Escabiose Filo: Arthropoda Classe: Arachnida Família: Sarcoptidae Gênero: Sarcoptes Espécie: S. scabiei 1) Morfologia Possui corpo globoso, pernas curtas e sem garras. Existem diversas variedades de S. scabiei, conforme seja o hospedeiro adaptado – S. scabiei hominis, S. scabiei canis, S. scabiei suis, etc. O homem pode manusear um cão com sarna escabiosa e adquirir um parasitismo frustro, curando-se espontaneamente em alguns dias. 2) Biologia 28 Os adultos perfuram tuneis ou galerias na epiderme, principalmente nas regiões interdigitais, mãos, punhos, cotovelos, axilas e virilhas; podem se localizar também nas nádegas, genitais externos, seios, costas e pernas. As fêmeas que já copularam penetram na epiderme e começam a fazer tuneis ou galerias e vão deixando atrás de si um rastro de ovos. O período de incubação dura de três a cinco dias, quando eclodem as “larvas hexápodas”. Estas permanecem nas galerias ou saem para a superfície da pele, onde ficam nas crostas que recobrem as galerias. 3) Transmissão Ocorre por contato físico ou contato com roupas e utensilio infectados. Também está relacionada com aumento considerável da população, facilitando o contato das pessoas nos ônibus, elevadores, locais públicos; modificação de hábitos e costumes das pessoas com aumento do contato físico e da promiscuidade sexual; crises sociais acentuadas (movimento hippie e punk); resistência dos ectoparasitas aos medicamentos; desinformação da população; condições socioeconômicas precárias; erros de diagnostico. 4) Patogenia A perfuração da epiderme, juntamente com produtos do metabolismo do parasito e a ação de sua saliva, gera um prurido intenso. Ele é mais evidente e irritante à noite, quando o hospedeiro está aquecido pelas cobertas. O hospedeiro se coça fortemente, abrindo a porta de entrada para infecções microbianas secundarias. Na sarna norueguesa (variedade desse parasitismo), o parasito pode invadir a palma da mão, planta dos pés, cabeça etc. O parasito é encontrado em grande quantidade e produz crostas salientes. 5) Diagnostico • Clínico: É feito através de anamnese, o prurido, a localização e o aspecto das crostas são muito sugestivos. Presença de tuneis na epiderme também pode ser verificado. • Parasitológico: fita gomada sobre as crostas (parasito se prende a fita) ou raspagem profunda da epiderme no limites das crostas/pele sã. Pode-se fazer também biopsia com resultado histopatológico. 6) Tratamento Submeter o paciente a banho morno demorado com sabão próprio para amolecer e retirar as crostas. Em seguida, aplicar localmente medicamentos indicados – benzoato de benzila, detametrina, tiabendozol ou tetmosol. A Ivermectina é um medicamento eficaz, por via oral, cuka eficiência é demonstrada em pacientes comuns e imunodeprimidos. Cravos cutâneos 1) Introdução Ocorrem duas espécies: Demodex folliculorum e o Demodex brevis. São parasitos dos folículos pilosos e das glândulas sudoríparas de mamíferos. O cravo, acne ou comedão são decorrência de anomalias na eliminação do conteúdo de glândulas sebáceas; assim, o parasito poderia comprometer o fluxo sebáceo iniciando ou agravando o caso. 2) Ciclo biológico A copula ocorre na abertura dos folículos pilosos do rosto, costa e peito de humanos. As fêmeas gravidas migram para glândulas sebáceas, onde depositam ovos. 60 horas depois, ocorre a eclosão 29 das
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