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Ascaris Lumbricoides

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Parasitologia – Laís Nunes [3º semestre] 
 
Ascaris Lumbricoides 
 
Introdução 
 A ascaridíase, conhecida também como ascaridiose, 
ascaríase ou ascariose e popularmente chamada de 
lombriga ou bichas, é o maior nematódeo intestinal 
do homem; 
 No Brasil, essa parasitose está presente em todas 
as regiões e é frequente em crianças, especialmente 
naquelas de idade escolar, sejam elas de origem 
urbana ou rural; este índice está ligado aos 
fatores sociais, econômicos, culturais e ambientais, 
trazendo consequências prejudiciais no que tange ao 
desenvolvimento físico e cognitivo desses infantes; 
 Em geral, a ascaridíase é assintomática ou 
oligossintomática; 
 O hábitat preferencial é o lúmen do intestino 
delgado, porém se concentram mais no jejuno e no 
íleo, os metazoários também podem ser 
encontrados, em menor quantidade, no duodeno e no 
estômago; 
 O helminto também pode ser encontrado em lugares 
menos comum, como: vias biliares, ducto 
pancreático, apêndice cecal, vias do trato urinário, 
laringe, traqueia e aparelho lacrimal; desse modo, 
pode acontecer a eliminação do metazoário pelos 
olhos, pelo nariz, pela boca e pelo ânus; 
 O patógeno se alimenta dos macronutrientes 
(carboidratos, proteínas e lipídios) já digeridos, eles 
também se nutrem de vitaminas, princip. tipo A e C. 
Taxonomia 
 Sistemática: Eucarionte 
 Reino: Animalia 
 Filo: Nematoda 
 Classe: Secernentea 
 Ordem: Ascaridida 
 Família: Ascarididae 
 Subfamília: Ascarinae 
 Gênero: Ascaris 
 Espécie: Ascaris lumbricoides 
Morfologia 
 Possuem um corpo alongado, cilíndrico, fino e com as 
extremidades afiladas; ausência de segmentação e 
de ventosas; 
 O Ascaris adulto tem coloração amarelo-rosada 
(leitosa); 
 Na extremidade anterior, encontra-se a boca com 
três grandes lábios (um dorsalmente e dois 
lateroventralmente); tem uma cutícula lisa e duas 
linhas brancas lateralmente distribuídas pelo corpo; 
 As fêmeas medem entre 30-40 cm, sendo maiores 
e mais grossas que o macho; apresentam dois ovários 
filiformes e enovelados que se continuam como 
ovidutos que, por sua vez, se diferenciam em úteros 
que vão se unir em uma única vagina, que se 
exterioriza pela vulva; parte posterior retilínea ou 
ligeiramente encurvada; 
 Os machos medem entre 20 – 30cm, possuem 2 
espículos (órgãos acessórios da cópula); presença de 
papilas pré-cloacais e póscloacais; boca na 
extremidade anterior, contornada por 3 lábios, que 
segue o esôfago e, depois, o intestino retilíneo; o 
reto é encontrado próximo da extremidade 
posterior; enrolamento ventral, espiralado na 
extremidade caudal (encurvada); 
 Quando adulto, vive na luz do intestino delgado (se 
encontra curvado dorsalmente), onde se alimenta do 
conteúdo intestinal do homem e pode se locomover 
facilmente sem se fixar à mucosa intestinal; 
 Vive no intestino por cerca de seis meses e põem em 
media cerca de 200 mil ovos; podendo abrigar cerca 
de 500-600 vermes de uma vez só. 
 
Ovos 
 Parasitologia – Laís Nunes [3º semestre] 
 
 Seus ovos são arredondados e ovais, originalmente 
quando expelidos são brancos, porém, adquirem a 
cor marrom-acastanhada quando entram em contato 
com as fezes do seu hospedeiro, uma vez que, 
absorvem pigmentos biliares das fezes; esses ovos 
não são infectantes para o homem; 
 Compostos por três membranas: 
 1º A interna: mais delgada, impermeável, que 
lhes proporciona resistência aos ambientes 
inóspitos; 
 2º A média: composta do polissacarídeo 
quitina e outras proteínas; 
 3º A externa: formada por uma substância 
pegajosa composta de mucopolissacarídeos 
secretados pela parede uterina. Esta última 
confere ao ovo um aspecto mamilonar, pelo 
qual ele pode ser reconhecido. 
 Os ovos podem ser férteis ou inférteis; 
 Os ovos férteis possuem envoltório espesso, 
apresentam um formato ovoide e são 
relativamente menores que os inférteis; 
 
 Os ovos inférteis apresentam formato mais 
alongados, sua membrana mamilonada é mais 
delgada e o seu citoplasma é granuloso e de 
aspecto grosseiro; 
 
 Os ovos decorticados de formato oval ou quase 
esférico, apresentando camada interna e média, com 
célula ovo em seu interior, mas perdeu sua 
membrana mamilonada. 
 
 
 Larvas saindo do ovo 
 
 
Transmissão 
 Ocorre através da ingestão de água ou alimento crus 
infectados, até mesmo o solo contaminado com os 
ovos contendo a larva L3 (filarioide); 
 Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são 
capazes de veicular mecanicamente ovos; 
 
Ciclo biológico 
 Trata-se de um ciclo monogênico, ou seja, envolve 
apenas um hospedeiro; 
 A fecundação dos milhares de óvulos produzidos 
diariamente pela fêmea ocorre por meio da cópula 
com o verme masculino; são liberados através das 
fezes para o ambiente, onde se tornam 
embrionados; 
 Caso este ofereça condições favoráveis, como: 
temperaturas em torno de 27°C, com variações de 
aproximadamente 3°C para cima ou para baixo; 
umidade e presença de oxigênio.; 
 Os ovos embrionados dão origem ao primeiro 
estágio larval (L1) em cerca de 15 dias; após mais 
7 dias, acontece a evolução para o segundo estágio 
larval (L2); essas duas primeiras etapas, as larvas 
são rabditoides e ainda não são infectantes; 
 Após a evolução para o L3 (filarioide), é que as 
estruturas larvares se tornam infectantes; 
podendo permanecer no solo por até 7 anos, isso 
acontece quando a larva ainda dentro do ovo reduz o 
seu metabolismo e só completa o seu ciclo quando 
deglutida; 
 Após a ingestão, os ovos atravessam o tubo 
gastrintestinal, para eclodir ao chegarem no 
intestino delgado; o rompimento dos ovos ocorre 
devido às condições ambientais encontradas no 
local, como: substâncias contidas na bile, da 
temperatura, do pH e, principalmente, da 
concentração de dióxido de carbono; 
 As larvas L3 após saírem dos ovos, migram para o 
intestino grosso e alcançam as correntes linfática 
 Parasitologia – Laís Nunes [3º semestre] 
 
e sanguínea após atravessarem a parede intestinal 
na altura do ceco.; 
 Em seguida, migram em direção aos pulmões, 
através da circulação porta, pelo fígado, pela veia 
cava inferior, pelo coração e pela artéria pulmonar; 
 No pulmão, a larva sofre uma nova mudança e evolui 
para L4 (alcançado em cerca de 8 dias após a 
ingestão), que rompem os capilares pulmonares, 
ganhando acesso aos alvéolos, local onde elas 
amadurecem de L4 para L5; 
 Dos alvéolos, as larvas L5 migram, em direção à 
faringe, passando pela árvore brônquica, traqueia e 
laringe; onde são envolvidas pelo muco presente ali, 
o que lhe confere resistência ao ambiente ácido do 
estômago; 
 Podendo ser expelida do hospedeiro, a partir do 
reflexo da tosse, ou deglutidas; nesse caso quando 
chegam ao intestino delgado, se fixam e 
amadurecem dando lugar às formas adultas, 
concluindo seu ciclo biológico; 
 Da ingestão dos ovos até o desenvolvimento em sua 
forma adulta, dura aproximadamente 60 dias. 
 
 
Ação 
 Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e 
anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando 
edema, urticária, convulsões; 
 Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e 
anticorpos alergizantes do hospedeiro, causando 
edema, urticária, convulsões; 
 Ação mecânica: causam irritação na parede 
intestinal (L3, L4) e podem enovelar-se, provocando 
obstruções (casos graves se for intestinal); 
Imunologia 
 Apresenta mecanismo de infecção relacionado com 
as fases evolutivas do helminto, podendo se 
desenvolver, sem provocar manifestação clínica (na 
maioria dos casos); 
 Sua fisiopatologia envolve os danos teciduais, a 
resposta imunológica desencadeada pelo hospedeiro 
e a obstrução mecânica provocada pelo parasito; 
 A migração das larvas pode provocar lesões 
teciduais, isso porque, quando o número de larvas 
não é muito grande e o hospedeiro é 
imunocompetente,a reação imunológica permanece 
restrita ao sítio de ação, e muitas larvas são 
destruídas pela ação de macrófagos e eosinófilos; 
 Porém se o hospedeiro está imunodeprimido ou a 
infestação tem maior magnitude, lesões mais 
graves podem ser observadas nos locais de 
passagem e instalação do metazoário. 
 Nesse contexto, são destacadas micro-hemorragias 
e reações de hipersensibilidade do tipo I, 
desencadeadas pelo sistema imune em resposta à 
presença do helminto no organismo; 
 Além disso pode observar hemorragia (regride em 
poucos dias com passagem de grande número de 
larvas pelo fígado); 
 Os danos teciduais no pulmão (causado pela 
migração larval) ativam as respostas imunológicas 
inata, celular e humoral, nesse processo um 
intenso processo inflamatório eosinofílico se 
desenvolve no local da migração; 
 A degranulação dessas células, com a liberação de 
mediadores inflamatórios e com a consequente 
reação inflamatória, caracteriza uma pneumonite no 
hospedeiro, expressa clinicamente como síndrome 
de Löffler; 
 A sua fixação na mucosa da parede intestinal pode 
causar úlceras ou erosões, que justificam a 
espoliação por meio de perda de sangue e de 
proteínas; também acontece a liberação de 
 Parasitologia – Laís Nunes [3º semestre] 
 
substâncias antigênicas no trato intestinal, mas são 
mais toleradas pelo sistema imunológico; 
 A resposta imunológica dirigida ao adulto, é 
semelhante a que ocorre nas fases larvais, 
envolvendo eosinofilia, periférica e tecidual, além de 
mediações por células Th1; 
Patologia 
 Relacionam-se com a capacidade de o helminto 
migrar para outros locais, causando a obstrução 
mecânica total ou parcial no intestino delgado, nas 
vias biliares e no ducto pancreático principal; 
geralmente em infecções maciças, casos de 
obstrução nos ouvidos, no nariz e nos canais 
lacrimais. Além disso, já foram relatados raríssimos 
casos de invasão renal por vermes adultos e de 
abscesso cerebral pela migração de larvas; 
Epidemiologia 
 Concentra-se principalmente em regiões tropicais e 
subtropicais, onde o clima quente e úmido, 
conferindo melhores condições de sobrevivência no 
ambiente para o ovo do helminto; 
 No Brasil, a infecção é um dos grandes problemas de 
saúde; tendo pessoas infectadas por toda extensão 
territorial, porém com maior prevalência no Norte e 
no Centro-Oeste; 
 Cosmopolita: 70 a 90% crianças de 1 a 10 anos; 
 Fatores para alta prevalência: temperatura elevada, 
umidade, viabilidade do ovo (até 1 ano), grande 
produção de ovos, dispersão dos ovos (chuva, poeira, 
insetos), falta de saneamento básico, precárias 
habitações; 
 A incidência geralmente é superior a 20%, podendo 
chegar em 80% em determinadas faixas etárias. 
Diagnóstico 
 A ascaridíase geralmente se desenvolve de modo 
assintomático; por conta disso o diagnóstico muitas 
vezes é difícil de estabelecer; 
 o diagnóstico é obtido encontrando-se ovos no 
exame parasitológico de fezes, podendo ser 
quantitativo ou qualitativo; 
 Quantitativo: oferecem uma pesquisa mais 
precisa, pois é possível correlacionar a 
produção de ovos à carga parasitária. 
 Infecções exclusivamente com vermes fêmeas (os 
ovos são expelidos inférteis); infecções somente 
com vermes machos ou no período larval, não haverá 
ovos nas fezes, logo o exame parasitológico será 
negativo; 
 Exame de fezes: método de sedimentação 
espontânea e método de Kato-Katz; 
 Raio-X podem ser visíveis após ingestão de 
contraste, os parasitas com seu trato alimentar 
contrastado, ou como manchas alongadas; a 
eosinofilia é achada com mais frequência nessa 
infecção; 
 A radiografia abdominal (simples ou contrastada) 
pode detectar a sua presença em sua fase adulta, 
principalmente nos casos de obstrução intestinal; 
 Diagnóstico por imagem (ultrassonografia, 
tomografia computadorizada), os sinais 
apresentados são os mesmos observados na 
radiografia convencional; porém, em alguns casos, 
consegue melhor definição da anatomia do verme 
aprimorando a especificidade e sensibilidade dos 
métodos. 
Tratamento 
 Nos casos de ascaridíase intestinal, os sais mais 
indicados são os sais de: 
 Albenzadol; contraindicação: gestantes 
 Piperazina (piperazil, uvilon); contraindicação: 
gestantes e portadores de insuficiência renal 
 Tetramisole (ascaridil); contraindicação: 
gestantes e transplantados (risco de rejeição) 
 Mebendazol (Pantelmin, Sirben); 
contraindicação: gestantes e portadores de 
insuficiência renal 
 Outros medicamentos: Levamisol, Pamoato de 
Pirantel (contraindicação: gravidez e 
disfunção hepática) 
Profilaxia e prevenção 
 A destinação apropriada dos resíduos fecais, 
viabilizada por meio da construção de rede de água 
e esgoto; 
 Tratamento do solo com substâncias químicas; 
 Educação sanitária, higiene; 
 Melhoria dos hábitos higiênicos no preparo de 
alimentos e seu manuseio, especialmente vegetais; 
 Construção de fossas sépticas;

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