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COMENTADOCARGO: NOÇÕES DE DIREITO PENAL ESCRIVÃO MINI01 Perder tempo em aprendercoisas que não interessam,priva-nos de descobrircoisas interessantes. Carlos Drummond de Andrade PÓS-EDITAL 4v PCDF 1420019896800 Gabarito - 1º Mini - Noções de Direito Penal - PCDF V4 - Escrivão (Pós-edital) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 E C C C C C C C C E 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 C C C E E E E E C C 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 E C E E E E C E C E 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 1 www.projetocaveira.com.br Direito Penal Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte. 01. Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei que diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação da lei vigente à época do fato. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Caveiras, a questão acima narra o fato do surgimento de uma lei nova, após o cometimento de um crime, que traz uma situação mais benéfica ao réu. Esse fenômeno é denominado pela doutrina como Novatio Legis in Mellius (Nova lei mais benéfica). Nesse caso, o nosso CP dispõe da seguinte forma: Art. 2º (...) Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Tendo como base a situação trazida pela questão, ocorrerá que essa nova lei que diminuiu a pena do crime de receptação será aplicada ao processo de José, por se tratar de uma norma mais benéfica. Atenção: as normas penais benéficas sempre retroagem (Art. 5º, XL, CF/88). Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de um veículo, um traficante disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão em unidade fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial local e levaram o colega ferido ao hospital da região. 02. Nessa situação hipotética, para definir o lugar do crime praticado pelo traficante, o Código Penal brasileiro adota o princípio da ubiquidade. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Senhores (as), esse é um tipo de pergunta recorrente em provas de concursos. Prestem atenção para nunca errarem questões desse tema. O nosso CP dispõe tanto sobre o TEMPO do crime, quanto sobre o LUGAR do crime. Vejamos as teorias (ou princípios) adotadas (os). Tempo do Crime: Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Trata-se da adoção da Teoria da Atividade. Lugar do Crime: Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Trata-se da adoção da Teoria da Ubiquidade. A questão menciona que um crime foi cometido em unidade fronteiriça (02 ou mais países) e questiona o candidato acerca de qual teoria é adotada para definir o lugar do crime. Estamos diante da Teoria da Ubiquidade. Atenção: A Teoria da Ubiquidade será adotada sempre que o cometimento de um crime ocorrer em locais diversos, percorrendo o território de 02 ou mais países. Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento posterior. 03. Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 2 www.projetocaveira.com.br A questão está versando sobre o Princípio da continuidade típico-normativa. Sabemos que no direito penal há o fenômeno da Abolitio Criminis (Art. 2º, CP), que é quando uma nova lei deixa de considerar um fato como crime. Ou seja, há a supressão da figura criminosa. No entanto, há ainda o fenômeno da continuidade típico-normativa, que ocorre quando uma nova lei revoga um crime formalmente, mas seu conteúdo permanece sendo criminoso e é transferido para outra lei ou tipo penal. Exemplo: Rogério Sanches cita o delito de apropriação indébita previdenciária, que antes era tipificado como crime no art. 95 da Lei 8.212/91 e foi transferido para o art. 168-A do CP, através da Lei 9.983/00. Portanto, em se tratando da questão acima, Manoel responderá sim, criminalmente, por sua conduta, pois não houve Abolitio Criminis. Atenção: Sempre que a questão mencionar a revogação formal de uma lei, estaremos diante da continuidade típico-normativa. Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o item seguinte. 04. Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos, ainda que seja mais gravosa. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Caveiras, estamos diante do conhecimento de uma súmula do Supremo Tribunal Federal. Vejamos: Súmula nº 711, STF: A lei penal mais grave, aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou permanência. Sabemos que, em regra, aplica-se a lei penal vigente à época do cometimento do fato criminoso. Sabemos também que, por exceção, aplica-se a lei penal posterior ao fato, desde que seja mais benéfica ao réu. No entanto, surge a indagação: qual lei vai ser aplicada nos crimes continuados ou permanentes? Inicialmente vamos rever a diferença entre ambos, segundo Rogério Sanches. Crime continuado - Trata-se de uma ficção jurídica, por meio da qual, 02 ou mais crimes da mesma espécie, praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, devem ser tratados, para fins da pena, como um crime único, majorando-se a pena. Exemplo: Um funcionário que exerce a função de caixa em um supermercado que subtraia, por 04 sextas-feiras seguidas, o dinheiro do caixa. Estamos diante de furto em continuidade delitiva. Crime permanente - É aquele e que a consumação se prolonga no tempo. Exemplo: Temos o crime de sequestro (art. 148, CP). Enquanto não houver a liberação da vítima, diz-se que o crime continua em flagrante a todo tempo. No caso narrado pela questão, o indivíduo praticou uma série de crimes em continuidade delitiva e, nesse período, foram promulgadas 02 leis. A questão pergunta qual delas será aplicada ao caso. De acordo com a Súmula nº 711, STF, será aplicada a lei vigente à época da cessação dos delitos, mesmo queseja mais gravosa ao réu. Acerca do crime e da aplicação da lei penal no tempo e no espaço, julgue os itens seguintes. 05. Ainda que se trate de tentativa delituosa, considera- se lugar do crime não só aquele onde o agente tiver praticado atos executórios, mas também aquele onde deveria produzir-se o resultado. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Essa questão cobra apenas o conhecimento literal do CP acerca da Teoria da Ubiquidade, a qual dispõe sobre o lugar do crime. Vejamos: Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Atenção: Tanto a Teoria da Atividade, como a da Ubiquidade aplicam-se aos crimes consumados e também aos tentados. 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 3 www.projetocaveira.com.br 06. A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença — em decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da consumação do crime. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR A ultratividade da lei mais benéfica ocorre quando o crime foi praticado durante a vigência de uma lei, que posteriormente foi revogada por outra mais gravosa ao réu. Exemplo: Caio praticou o crime de furto de um celular. À época de sua conduta, o crime de furto previa a pena de reclusão de 01 a 04 anos. Suponhamos que houve uma nova lei, antes do processo de Caio, que trouxe uma situação mais gravosa ao crime de furto, revogando a anterior e passando a pena desse crime para reclusão de 03 a 06 anos. Nesse caso, haverá a ultratividade da lei penal mais benéfica e, mesmo revogada, ela será aplicada pelo Juiz ao processo de Caio, quando da prolação da sentença. A situação descrita no exemplo acima, é a mesma trazida pela nossa questão. Ou seja, a lei mais benéfica deverá ser aplicada pelo Juiz ao caso, mesmo já tendo sido revogada. Considerando o posicionamento doutrinário e jurisprudencial dominante, julgue os itens subsequentes, relativos à parte geral do Código Penal. 07. No que diz respeito à eficácia temporal da lei penal, o término da vigência das leis denominadas temporárias e excepcionais não depende de revogação por lei posterior. Consumado o lapso da lei temporária, ou cessadas as circunstâncias determinadoras das excepcionais, cessa, então, a vigência dessas leis. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Caveiras, primeiramente, vamos rever o que é lei excepcional e lei temporária. O CP dispõe o seguinte: Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Logo, temos o seguinte: Lei excepcional - é aquela que atende a necessidades excepcionais e transitórias estatais, tais como o estado de guerra, calamidades públicas, etc. Lei temporária - é aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de vigência. Ou seja, data de início e fim de sua vigência. A doutrina defende que ao se encerrar o lapso temporal da leis temporárias, e a situação de anormalidade das leis excepcionais, consideram-se estas, como revogadas. Atenção: Não há a necessidade de que uma lei seja criada para dizer expressamente que a lei excepcional ou temporária está revogada. Basta que cessem os motivos que as determinaram. Abordado determinado veículo em região de fronteira internacional, os policiais rodoviários federais suspeitaram da conduta do motorista: ele conduzia duas adolescentes com as quais não tinha nenhum grau de parentesco. Ao ser questionado, o condutor do veículo confessou que fora pago para conduzi-las a um país vizinho, onde seriam exploradas sexualmente. As adolescentes informaram que estavam sendo transportadas sob grave ameaça e que não haviam consentido com a realização da viagem e muito menos com seus propósitos finais. Considerando a situação hipotética apresentada, julgue o item a seguir. 08. A conduta do motorista do veículo se amolda ao tipo penal do tráfico de pessoas, em sua forma consumada, incidindo, nesse caso, causa de aumento de pena, em razão de as vítimas serem adolescentes. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Caveiras, prestem muita atenção no crime de Tráfico de Pessoas. Esse delito foi incluído no CP em 2016 e, por ser “novidade legislativa”, as bancas o cobrarão com frequência. Vejam o que diz o nosso CP: Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 4 www.projetocaveira.com.br (...) V - exploração sexual. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. § 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se: II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência. Notem que a conduta cometida pelo condutor do veículo e flagrada pela PRF se amolda ao tipo penal do Tráfico de Pessoas, tendo em vista que o mesmo transportou pessoas, mediante grave ameaça, com a finalidade de exploração sexual. Reparem ainda, que o delito terá um aumento de pena de 1/3 a 1/2, pois as vítimas são duas adolescentes. Atenção: A título de complementação do assunto, Rogério Sanches entende que a finalidade de exploração sexual, prevista no Inciso V, do crime de Tráfico de Pessoas, pode se dar por meio de: Prostituição - Atos sexuais negociados em troca de pagamento; Turismo sexual - Comércio sexual em cidades turísticas; Pornografia - Produção, exibição, distribuição, venda, compra e posse de material pornográfico; Tráfico para fins sexuais - Movimento clandestino de pessoas através de fronteiras, com o objetivo de força- las a entrar em situações sexualmente opressoras e exploradoras, para lucro dos traficantes. Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida. Acerca dessa situação hipotética, julgue os próximos itens. 09. Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo familiar entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará bis in idem. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Galera, Bis in idem é um fenômeno do direito penal e processual penal que, de modo resumido, estabelece que ninguém pode ser julgado (e punido) duas vezes pelo mesmo fato delituoso. Na conduta cometida por Carlos, narrada acima, temos o seguinte: Homicídio qualificado por motivo torpe (Art. 121, § 2°, I, CP) - Segundo a doutrina, a torpeza é um motivo vil, ignóbil e repugnante. Exemplo: matar alguém após uma simples provocação. Além do homicídio qualificado por motivo torpe, a questão acrescenta a possibilidade de Carlos e Paula possuíremvínculo familiar. Daí surge outra situação: Feminicídio (Art. 121, VI) - É o homicídio contra pessoa do gênero feminino através de, dentre outras causas, violência doméstica e familiar. Por fim, a questão indaga se o reconhecimento do feminicídio + a qualificadora do motivo torpe gerariam bis in idem em desfavor de Carlos. A resposta está num informativo do Superior Tribunal de Justiça. Vejamos: Informativo nº 625, STJ: Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. Atenção: O informativo acima permite tal situação pois o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho SUBJETIVO, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. 10. Por ter agido influenciado por emoção extrema, Carlos poderá ser beneficiado pela incidência de causa de diminuição de pena. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Caveiras, essa questão nos traz um assunto muitíssimo importante para a banca CESPE. Vamos entender de uma vez por todas as consequências jurídicas da emoção no Direito Penal. 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 5 www.projetocaveira.com.br No nosso CP, temos 02 situações em que a emoção terá um papel importante. Vejamos cada uma delas: DOMÍNIO de violenta emoção (Art. 121, §1º, CP) - É causa de diminuição de pena do crime de homicídio, de 1/6 a 1/3. É denominado na doutrina como homicídio privilegiado; INFLUÊNCIA de violenta emoção (Art. 65, III, C, CP) - É uma circunstância atenuante da pena, aplicada a todos os crimes. Nesse caso, o CP não previu expressamente a quantidade da atenuação, ficando a cargo do Juiz decidir. Vocês podem estar se perguntando qual a diferença entre domínio e influência de violenta emoção. É bem simples, reparem: A doutrina entende que no DOMÍNIO de violenta emoção, o único motivo de o agente ter cometido o crime foi, de fato, a violenta emoção. Em contrapartida, na INFLUÊNCIA de violenta emoção, o agente já iria cometer o crime de qualquer jeito, sendo a violenta emoção apenas um estímulo a mais para o seu cometimento. Portanto, a questão erra ao afirmar que Carlos terá direito à diminuição de pena, pois não mencionou o DOMÍNIO de violenta emoção. A questão utilizou o termo “influência de emoção extrema”, o que a deixou incorreta. A respeito dos crimes contra a pessoa e o patrimônio, julgue os itens seguintes. 11. A coautoria é obrigatória no caso do crime de rixa, pois a norma incriminadora reclama como condição obrigatória do tipo a existência de, pelo menos, três pessoas, considerando irrelevante que um deles seja inimputável. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR O CP estabelece o seguinte: Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. Percebam que a quantidade mínima de participantes não está expressa na lei, sendo uma criação doutrinária. O mestre Rogério Sanches nos informa que, em relação aos sujeitos do crime, é um delito de concurso necessário (plurisubjetivo), cuja configuração exige a participação de, no mínimo, 03 pessoas, computando- se nesse número, eventuais inimputáveis, pessoas não identificadas ou ainda que tenham morrido durante a briga. Logo, a questão está correta ao afirmar que o crime de Rixa é de coautoria obrigatória e que pode haver um inimputável dentre os participantes. 12. Situação hipotética: Lucas, descuidadamente, sem olhar para trás, deu marcha a ré em seu veículo, em sua garagem, e atropelou culposamente seu filho, que faleceu em consequência desse ato. Assertiva: Nessa situação, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se verificar que as consequências da infração atingiram Lucas de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Esse é o denominado perdão judicial, instituto jurídico aplicado ao crime de homicídio. Vejamos: Art. 121 (...) § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Atenção: Cabe à defesa demonstrar que o réu faz jus ao perdão judicial. Outro detalhe importante, o perdão judicial é causa extintiva de punibilidade (Art. 107, IX, CP). Com relação a crimes contra a pessoa, contra o patrimônio e contra a administração pública, julgue o item que segue. 13. No crime de homicídio, admite-se a incidência concomitante de circunstância qualificadora de caráter objetivo referente aos meios e modos de execução com o reconhecimento do privilégio, desde que este seja de natureza subjetiva. Gabarito: C 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 6 www.projetocaveira.com.br COMENTÁRIO DO PROFESSOR Galera, esse é outro tema que o CESPE adora. É cabível a figura do homicídio qualificado- privilegiado? A doutrina majoritária defende que sim, é possível. O crime privilegiado é sempre de natureza SUBJETIVA (em relação aos motivos do crime), logo, caberá o privilégio com alguma qualificadora, desde que tal qualificadora seja de natureza OBJETIVA (em relação aos meios de execução do crime). Exemplos: Privilégio + emprego de veneno; Privilégio + asfixia; Privilégio + tortura, etc. Atenção: O homicídio qualificado-privilegiado não é considerado crime hediondo. Apenas será hediondo o homicídio qualificado puro e ainda o homicídio simples, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. Tendo em vista que o médico-legista deve descrever, em seu laudo, as lesões que eventualmente encontrar, e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave e gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguida de morte, em conformidade com o art. 129 do Código Penal, julgue o item que se segue. 14. A incapacidade para ocupações habituais por mais de trinta dias, a deformidade permanente e a aceleração de parto caracterizam lesões corporais de natureza grave. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR A diferença entre lesões graves e gravíssimas sempre é cobrada. Memorizem isso !!! Lesão corporal grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. Lesão corporal gravíssima § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Reparem que a questão errou ao afirmar que a deformidade permanente é uma lesão corporal grave, quando, na verdade, é gravíssima. 15. Tendo em vista que o médico-legista deve descrever, em seu laudo, as lesões que eventualmente encontrar, e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave e gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguidade morte, em conformidade com o art. 129 do Código Penal, julgue o item que se segue. A incapacidade permanente para o trabalho, a enfermidade incurável e a debilidade permanente de membro, sentido e (ou) função, como resultado de lesão corporal, são consideradas gravíssimas. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Quando digo que vocês devem memorizar esse tema, confiem. Vamos lá !!! Lesão corporal grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. Lesão corporal gravíssima § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 7 www.projetocaveira.com.br V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Notem que a questão errou ao afirmar que a debilidade permanente de membro, sentido ou função é uma lesão corporal gravíssima, quando, na verdade, é grave. Julgue o item subsecutivo, acerca de crimes contra a pessoa. 16. Nos crimes contra a honra — calúnia, difamação e injúria —, o Código Penal admite a retratação como causa extintiva de punibilidade, desde que ocorra antes da sentença penal, seja cabal e abarque tudo o que o agente imputou à vítima. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Inicialmente, vamos relembrar que a retratação é não apenas o ato de negar ou confessar a prática criminosa, mas de escusar-se, retirando do mundo jurídico tudo aquilo que afirmou, demonstrando sincero arrependimento. Pois bem, a retratação, nos crimes contra a honra, só é admitida nos crimes de calúnia (Art.138, CP) e difamação (Art.139, CP), pois são crimes que atingem a honra objetiva da vítima e são relacionados a fatos. Não caberá a retratação no crime de injúria (Art. 140, CP), pois tal delito atinge a honra subjetiva, sendo relacionado ofensas e xingamentos à pessoa da vítima. Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Atenção: A retratação, se ocorrer antes da sentença, é uma causa de extinção de punibilidade. Com relação aos crimes previstos no CP, julgue o item que se segue. 17. O delito de sequestro e cárcere privado, inserido entre os crimes contra a pessoa, constitui infração penal de ação múltipla, e a circunstância de ter sido praticado contra menor de dezoito anos de idade qualifica o crime. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Primeiramente, vamos analisar como o CP prevê o crime de sequestro e cárcere privado: Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; V – se o crime é praticado com fins libidinosos. Senhores, crime de ação múltipla é aquele em que a lei prevê várias condutas no tipo penal. Reparem que a banca tentou induzir vocês ao erro, dizendo que esse crime é de ação múltipla, quando, na verdade, é um crime de ação única, pois a única conduta exigida é PRIVAR alguém de sua liberdade. Ocorre que, há 02 duas formas de privar alguém de sua liberdade: mediante o sequestro ou o cárcere privado. Não confundam. Por fim, a banca acertou ao afirmar que se cometido contra menor de 18 anos, o crime é qualificado. Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou detalhadamente o crime e entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na residência materna, até a semana seguinte. Considerando que o crime apresentado nessa situação hipotética venha a ser descoberto, julgue os itens seguintes, com fundamento na legislação pertinente. 18. Rita e Vera responderão pelo crime de furto qualificado pelo abuso de confiança. Gabarito: E 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 8 www.projetocaveira.com.br COMENTÁRIO DO PROFESSOR Essa é daquelas questões grandes com o simples objetivo: induzir vocês ao erro. Reparem nas informações que são importantes para a resolução da questão: 1) Rita convenceu suas 02 amigas, funcionárias de joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam em posse das 03; 2) Vera, funcionária da joalheria, conforme combinado com Rita, furtou algumas das peças. Rogério Sanches, ao dispor sobre o crime de furto, defende que a simples relação empregatícia não configura a qualificadora do abuso de confiança. Ou seja, para haver a qualificadora do abuso de confiança, não basta que o agente seja empregado da vítima, ele deve se valer da confiança depositada para cometer o crime. Portanto, o furto cometido por Rita e Vera não será qualificado pelo abuso de confiança. 19. Ainda que não tenha sido informado de que as peças seriam produto de crime, Ciro poderá responder criminalmente por uma das espécies de receptação, caso venha a adquiri-las por valor muito abaixo do preço de mercado. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR A assertiva está correta, tendo em vista que aquele que adquire um produto com preço desproporcional, embora não sabendo sua origem criminosa, deveria desconfiar de tal situação, responderá pelo crime de receptação culposa. Vejam: Art. 180 do CP - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (...) § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. Portanto, Ciro poderá sim responder por uma das formas do crime de receptação (culposa). Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte. 20. A receptação praticada por José consumou-se a partir do momento em que ele adquiriu o armamento. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Trata-se de uma das modalidades da receptação própria (Art. 180, 1ª parte, CP), onde o agente, sabendoser a coisa produto de crime, a adquire, recebe, transporta, conduz ou oculta. O núcleo do tipo penal destacado acima é material, ou seja, ocorrerá a consumação com a efetivação do resultado. Logo, no crime de receptação, na modalidade “adquirir”, haverá a consumação quando ocorrer a efetiva aquisição da coisa pelo autor. Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio. Severino, maior e capaz, subtraiu, mediante o emprego de arma de fogo, elevada quantia de dinheiro de uma senhora, quando ela saía de uma agência bancária. Um policial que presenciou o ocorrido deu voz de prisão a Severino, que, embora tenha tentado fugir, foi preso pelo policial após breve perseguição. 21. Nessa situação, Severino responderá por tentativa de roubo, pois não teve a posse mansa e pacífica do valor roubado. Gabarito: E 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 9 www.projetocaveira.com.br COMENTÁRIO DO PROFESSOR A conduta cometida por Severino se amolda ao tipo penal de roubo na modalidade consumada e não tentada, como afirma a questão. Súmula nº 582 STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. O item a seguir, a respeito de crimes contra o patrimônio, apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada à luz da doutrina e da jurisprudência pertinentes. Caio, com dezoito anos de idade, reside com seu pai, de cinquenta e oito anos de idade, e com seu tio, de sessenta e um anos de idade. Sem dinheiro para sair com os amigos, Caio subtraiu dinheiro de seu pai e, ainda, o aparelho celular do tio. 22. Nessa situação, Caio será processado, mediante ação penal pública, por apenas um crime de furto. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Caveiras, questão muito boa para massificarmos as escusas absolutórias previstas para os crimes contra o patrimônio. Vejamos: Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Ao analisarmos os artigos acima, percebemos que: Caio em relação ao seu pai - Fica isento de pena (Art. 181, II, CP); Caio em relação ao seu tio - Responderá pelo crime, na modalidade de ação penal pública incondicionada, não fazendo jus à ação penal pública condicionada à representação (Art. 182, III, CP), pois seu tio tem mais de 60 anos de idade (Art. 183, III, CP). Portanto, Caio responderá por apenas 01 crime de furto (em relação ao seu tio), mediante ação penal pública (incondicionada). A respeito dos crimes contra a pessoa e o patrimônio, julgue o item que se segue. Situação hipotética: Paulo tinha a intenção de praticar a subtração do automóvel de Tiago sem uso de violência. No entanto, durante a execução do crime, estando Paulo já dentro do veículo, Tiago apareceu e correu em direção ao veículo. Paulo, para assegurar a detenção do carro, ameaçou Tiago gravemente, conseguindo, assim, cessar a ação da vítima e fugir com o automóvel. 23. Assertiva: Nessa situação, Paulo responderá pelos crimes de ameaça e furto, em concurso material. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Primeiramente, vamos analisar o tipo penal do roubo, segundo o CP: Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. A conduta praticada por Paulo é a prevista no §1º, do art. 157, CP. Trata-se do roubo impróprio, que ocorre quando o agente, após subtrair a coisa, constrange a vítima mediante violência ou grave ameaça para assegurar a impunidade do crime ou detenção do bem. 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 10 www.projetocaveira.com.br Na verdade, o roubo impróprio é um furto que se transforma em roubo, em face das circunstâncias do caso concreto. Atenção: Rogério Sanches denomina o roubo impróprio de roubo por aproximação. A respeito dos crimes contra o patrimônio, julgue o item a seguir. Considere que um indivíduo tenha encontrado, na rua, um celular identificado e totalmente desbloqueado. Considere, ainda, que esse indivíduo tenha mantido o objeto em sua posse, deixando de restituí-lo ao dono. 24. Nessa situação, só existirá infração penal se o legítimo dono do objeto tiver reclamado a sua posse e o objeto não lhe tiver sido devolvido. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Inicialmente, vamos analisar o delito de apropriação de coisa achada, segundo o CP: Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre: Apropriação de coisa achada II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí- la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. Como vocês observaram, o crime de apropriação de coisa achada pode ocorrer de 02 formas: 1) Ao não entregar a coisa ao dono ou legítimo possuidor, desde que conheça o dono ou possuidor - A consumação ocorre com o ato de não entregar. 2) Ao deixar de entregá-la à autoridade competente, no prazo de 15 dias, caso não conheça o dono ou possuidor - A consumação ocorre com o esgotamento do prazo sem que haja a entrega da coisa. Logo, a questão erra ao afirmar que só haverá crime se o legítimo dono / possuidor reclamar a coisa e o autor não entregá-la. Também haverá crime se o autor, embora não conheça o dono / possuidor, deixar de entregar a coisa à autoridade competente, no prazo de 15 dias. Atenção: A doutrina defende que a apropriação de coisa abandonada (res derelicta) ou da coisa que nunca teve dono ou possuidor (res nullius) não constitui crime. No que se refere aos crimes contra o patrimônio, contra a dignidade sexual e contra a fé e a administração públicas, julgue o item que se segue. 25. Praticará o crime de estelionato aquele que obtiver para si vantagemilícita, em prejuízo de incapaz, mantendo-o em erro, mediante fraude. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Galera, questão bem interessante, fiquem atentos. O crime de estelionato (Art. 171, CP), ocorre com a obtenção de uma vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. A doutrina defende que o sujeito passivo do estelionato é qualquer pessoa que sofra a lesão patrimonial, ou que foi enganada pela ação fraudulenta do agente, desde que seja uma pessoa capaz de ser iludida. O mestre Rogério Sanches entende que a vítima do crime de estelionato precisa ter capacidade para ser iludida, caso contrário, poderá caracterizar outro crime, como por exemplo, o crime de abuso de incapaz. Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Em uma rodovia federal, próxima à fronteira do Brasil com o Paraguai, um caminhão foi parado e vistoriado por policiais rodoviários federais. Além do motorista e de um passageiro, o veículo transportava, ilegalmente, 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 11 www.projetocaveira.com.br grande quantidade de mercadoria lícita de procedência estrangeira, mas sem o pagamento dos devidos impostos de importação. O motorista, penalmente imputável e proprietário do caminhão, admitiu a propriedade dos produtos. O passageiro, que se identificou como servidor público alfandegário lotado no posto de fiscalização fronteiriço pelo qual o veículo havia passado para adentrar no território nacional, alegou desconhecer a existência dos produtos no caminhão e que apenas pegou carona com o motorista. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue os itens a seguir. 26. Caso fique comprovada a participação do servidor público na conduta delituosa, ele responderá pelo delito de descaminho em sua forma qualificada: ela tinha o dever funcional de prevenir e de reprimir o crime. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR Senhores, quando a questão afirma que dentro do veículo havia mercadorias lícitas, de procedência estrangeira, mas que não estavam com os devidos impostos de importação em dia, está se referindo ao crime de descaminho, assim previsto no CP: Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. Reparem que o tipo penal do descaminho não pune de modo qualificado a participação de servidor público. Isso ocorre porque há no CP o delito de facilitação de contrabando ou descaminho. Vejam: Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Nesse caso, se ficar comprovada a participação do servidor público (mediante infração de dever funcional) no crime citado na questão, o mesmo vai responder pelo crime de facilitação de contrabando ou descaminho (Art. 318, CP), ao passo que o motorista do caminhão responderá pelo crime de descaminho (Art. 334, CP). 27. A conduta do motorista configura crime de descaminho em sua forma consumada, ainda que não tenha havido constituição definitiva do crédito tributário e a ocorrência de efetivo prejuízo ao erário. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR Ainda em relação ao delito de descaminho, Rogério Sanches defende que é um crime formal, logo, a consumação ocorre com a liberação, pela alfândega, sem o pagamento dos impostos inerentes (mera ilusão de direito ou imposto). Ou seja, mesmo que não tenha havido a constituição definitiva do crédito tributário, ou ainda a ocorrência de efetivo prejuízo ao erário, estará consumado o crime de descaminho. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir. 28. Cometerá crime de prevaricação o servidor público que deixar de responsabilizar, por clemência, o seu subordinado que tenha cometido infração no exercício do cargo. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR O crime de prevaricação ocorre quando o servidor público deixa de praticar um ato de ofício, ou o pratica contra disposição expressa de lei para satisfazer um interesse ou sentimento pessoal (Art. 319, CP). 1420019896800 PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 12 www.projetocaveira.com.br A conduta narrada na assertiva acima se amolda ao tipo penal do delito de condescendência criminosa: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Atenção: Para Rogério Sanches, para que haja o crime de condescendência criminosa, a conduta deve ser baseada na indulgência, clemência, espírito de tolerância ou ainda por meio de concordância. Caso contrário, o crime poderá ser outro, tal como prevaricação ou corrupção passiva. Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir. 29. Incorre em crime de peculato o servidor público que, embora não tendo posse de determinado bem, concorra para sua subtração, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade proporcionada pelo cargo que ocupe. Gabarito: C COMENTÁRIO DO PROFESSOR O item está correto e, segundo a doutrina, traz a hipótese do peculato furto ou peculato impróprio (Art. 312, §1º, CP), que se caracteriza não pela apropriação ou desvio, mas pela subtração (ou concorrência para a subtração) da coisa sob guarda da Administração Pública, mediante a facilidade que a condição de funcionário público concede. Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Em relação às causas extintivas da punibilidade e aos crimes contra a administração pública, julgue o item que se segue. 30. Cometerá o crimede concussão o funcionário público que, utilizando-se de grave ameaça e em razão da função pública que ocupar, exigir de alguém vantagem indevida. Gabarito: E COMENTÁRIO DO PROFESSOR A questão erra ao afirmar que no crime de concussão há o uso de grave ameaça. Vejam o que o CP dispõe sobre concussão: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. A doutrina estabelece que, se houver violência ou grave ameaça para obter vantagem indevida, estaremos diante do crime de extorsão: Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 1420019896800
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