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1º Mini - Penal - Escrivão (Pós-edital) - PCDF V4 - GABARITO

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COMENTADOCARGO:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
ESCRIVÃO
MINI01 Perder tempo em aprendercoisas que não interessam,priva-nos de descobrircoisas interessantes.
Carlos Drummond de Andrade
PÓS-EDITAL
4v
PCDF
 
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Gabarito - 1º Mini - Noções de Direito Penal - PCDF V4 - Escrivão (Pós-edital)
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PROJETO CAVEIRA 1º MINI – DIREITO PENAL – PCDF V4 - ESCRIVÃO – V4 
 
 
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Direito Penal 
 
Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser 
produto de crime, José passou a portá-lo municiado, 
sem autorização e em desacordo com determinação 
legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser 
abordado em operação policial de rotina. Sem a 
autorização de porte de arma de fogo, José foi 
conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito 
policial. 
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue 
o item seguinte. 
 
01. Se, durante o processo judicial a que José for 
submetido, for editada nova lei que diminua a pena para 
o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar 
desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo 
princípio de aplicação da lei vigente à época do fato. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Caveiras, a questão acima narra o fato do surgimento 
de uma lei nova, após o cometimento de um crime, que 
traz uma situação mais benéfica ao réu. 
Esse fenômeno é denominado pela doutrina como 
Novatio Legis in Mellius (Nova lei mais benéfica). 
 
Nesse caso, o nosso CP dispõe da seguinte forma: 
 
Art. 2º (...) 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. 
 
Tendo como base a situação trazida pela questão, 
ocorrerá que essa nova lei que diminuiu a pena do 
crime de receptação será aplicada ao processo de José, 
por se tratar de uma norma mais benéfica. 
 
Atenção: as normas penais benéficas sempre 
retroagem (Art. 5º, XL, CF/88). 
 
 
Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas 
ilícitas a bordo de um veículo, um traficante disparou um 
tiro contra agente policial federal que estava em missão 
em unidade fronteiriça. Após troca de tiros, outros 
agentes prenderam o traficante em flagrante, 
conduziram-no à autoridade policial local e levaram o 
colega ferido ao hospital da região. 
 
02. Nessa situação hipotética, para definir o lugar do 
crime praticado pelo traficante, o Código Penal 
brasileiro adota o princípio da ubiquidade. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Senhores (as), esse é um tipo de pergunta recorrente 
em provas de concursos. Prestem atenção para nunca 
errarem questões desse tema. 
 
O nosso CP dispõe tanto sobre o TEMPO do crime, 
quanto sobre o LUGAR do crime. 
Vejamos as teorias (ou princípios) adotadas (os). 
 
Tempo do Crime: 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado. 
 
Trata-se da adoção da Teoria da Atividade. 
 
Lugar do Crime: 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. 
 
Trata-se da adoção da Teoria da Ubiquidade. 
 
A questão menciona que um crime foi cometido em 
unidade fronteiriça (02 ou mais países) e questiona o 
candidato acerca de qual teoria é adotada para definir o 
lugar do crime. Estamos diante da Teoria da 
Ubiquidade. 
 
Atenção: A Teoria da Ubiquidade será adotada sempre 
que o cometimento de um crime ocorrer em locais 
diversos, percorrendo o território de 02 ou mais países. 
 
 
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação 
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com 
base na legislação de regência e na jurisprudência dos 
tribunais superiores a respeito de execução penal, lei 
penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e 
arrependimento posterior. 
 
03. Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com 
a entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi 
formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi 
inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel 
responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a 
abolitio criminis com a edição da nova lei. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
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A questão está versando sobre o Princípio da 
continuidade típico-normativa. 
 
Sabemos que no direito penal há o fenômeno da 
Abolitio Criminis (Art. 2º, CP), que é quando uma nova 
lei deixa de considerar um fato como crime. Ou seja, há 
a supressão da figura criminosa. 
 
No entanto, há ainda o fenômeno da continuidade 
típico-normativa, que ocorre quando uma nova lei 
revoga um crime formalmente, mas seu conteúdo 
permanece sendo criminoso e é transferido para outra 
lei ou tipo penal. 
 
Exemplo: Rogério Sanches cita o delito de apropriação 
indébita previdenciária, que antes era tipificado como 
crime no art. 95 da Lei 8.212/91 e foi transferido para o 
art. 168-A do CP, através da Lei 9.983/00. 
 
Portanto, em se tratando da questão acima, Manoel 
responderá sim, criminalmente, por sua conduta, pois 
não houve Abolitio Criminis. 
 
Atenção: Sempre que a questão mencionar a 
revogação formal de uma lei, estaremos diante da 
continuidade típico-normativa. 
 
 
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do 
arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o 
item seguinte. 
 
04. Se um indivíduo praticar uma série de crimes da 
mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a 
vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em 
processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que 
cessaram os delitos, ainda que seja mais gravosa. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Caveiras, estamos diante do conhecimento de uma 
súmula do Supremo Tribunal Federal. Vejamos: 
 
Súmula nº 711, STF: A lei penal mais grave, aplica-se 
ao crime continuado ou ao crime permanente, se sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou 
permanência. 
 
Sabemos que, em regra, aplica-se a lei penal vigente à 
época do cometimento do fato criminoso. Sabemos 
também que, por exceção, aplica-se a lei penal 
posterior ao fato, desde que seja mais benéfica ao réu. 
 
No entanto, surge a indagação: qual lei vai ser aplicada 
nos crimes continuados ou permanentes? 
 
Inicialmente vamos rever a diferença entre ambos, 
segundo Rogério Sanches. 
 
Crime continuado - Trata-se de uma ficção jurídica, 
por meio da qual, 02 ou mais crimes da mesma espécie, 
praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e 
maneira de execução, devem ser tratados, para fins da 
pena, como um crime único, majorando-se a pena. 
Exemplo: Um funcionário que exerce a função de caixa 
em um supermercado que subtraia, por 04 sextas-feiras 
seguidas, o dinheiro do caixa. Estamos diante de furto 
em continuidade delitiva. 
 
Crime permanente - É aquele e que a consumação se 
prolonga no tempo. 
Exemplo: Temos o crime de sequestro (art. 148, CP). 
Enquanto não houver a liberação da vítima, diz-se que o 
crime continua em flagrante a todo tempo. 
 
No caso narrado pela questão, o indivíduo praticou uma 
série de crimes em continuidade delitiva e, nesse 
período, foram promulgadas 02 leis. A questão pergunta 
qual delas será aplicada ao caso. 
 
De acordo com a Súmula nº 711, STF, será aplicada a 
lei vigente à época da cessação dos delitos, mesmo queseja mais gravosa ao réu. 
 
 
Acerca do crime e da aplicação da lei penal no tempo e 
no espaço, julgue os itens seguintes. 
 
05. Ainda que se trate de tentativa delituosa, considera-
se lugar do crime não só aquele onde o agente tiver 
praticado atos executórios, mas também aquele onde 
deveria produzir-se o resultado. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Essa questão cobra apenas o conhecimento literal do 
CP acerca da Teoria da Ubiquidade, a qual dispõe 
sobre o lugar do crime. Vejamos: 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. 
 
Atenção: Tanto a Teoria da Atividade, como a da 
Ubiquidade aplicam-se aos crimes consumados e 
também aos tentados. 
 
 
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06. A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz 
quando da prolação da sentença — em decorrência do 
fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido 
revogada a lei que vigia no momento da consumação 
do crime. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
A ultratividade da lei mais benéfica ocorre quando o 
crime foi praticado durante a vigência de uma lei, que 
posteriormente foi revogada por outra mais gravosa ao 
réu. 
 
Exemplo: Caio praticou o crime de furto de um celular. À 
época de sua conduta, o crime de furto previa a pena de 
reclusão de 01 a 04 anos. 
 
Suponhamos que houve uma nova lei, antes do 
processo de Caio, que trouxe uma situação mais 
gravosa ao crime de furto, revogando a anterior e 
passando a pena desse crime para reclusão de 03 a 06 
anos. 
 
Nesse caso, haverá a ultratividade da lei penal mais 
benéfica e, mesmo revogada, ela será aplicada pelo 
Juiz ao processo de Caio, quando da prolação da 
sentença. 
 
A situação descrita no exemplo acima, é a mesma 
trazida pela nossa questão. Ou seja, a lei mais benéfica 
deverá ser aplicada pelo Juiz ao caso, mesmo já tendo 
sido revogada. 
 
 
Considerando o posicionamento doutrinário e 
jurisprudencial dominante, julgue os itens 
subsequentes, relativos à parte geral do Código Penal. 
07. No que diz respeito à eficácia temporal da lei penal, 
o término da vigência das leis denominadas temporárias 
e excepcionais não depende de revogação por lei 
posterior. Consumado o lapso da lei temporária, ou 
cessadas as circunstâncias determinadoras das 
excepcionais, cessa, então, a vigência dessas leis. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Caveiras, primeiramente, vamos rever o que é lei 
excepcional e lei temporária. 
 
O CP dispõe o seguinte: 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora 
decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante sua vigência. 
 
Logo, temos o seguinte: 
 
Lei excepcional - é aquela que atende a necessidades 
excepcionais e transitórias estatais, tais como o estado 
de guerra, calamidades públicas, etc. 
 
Lei temporária - é aquela que tem prefixado no seu 
texto o tempo de vigência. Ou seja, data de início e fim 
de sua vigência. 
 
A doutrina defende que ao se encerrar o lapso temporal 
da leis temporárias, e a situação de anormalidade das 
leis excepcionais, consideram-se estas, como 
revogadas. 
 
Atenção: Não há a necessidade de que uma lei seja 
criada para dizer expressamente que a lei excepcional 
ou temporária está revogada. Basta que cessem os 
motivos que as determinaram. 
 
 
Abordado determinado veículo em região de fronteira 
internacional, os policiais rodoviários federais 
suspeitaram da conduta do motorista: ele conduzia duas 
adolescentes com as quais não tinha nenhum grau de 
parentesco. Ao ser questionado, o condutor do veículo 
confessou que fora pago para conduzi-las a um país 
vizinho, onde seriam exploradas sexualmente. As 
adolescentes informaram que estavam sendo 
transportadas sob grave ameaça e que não haviam 
consentido com a realização da viagem e muito menos 
com seus propósitos finais. 
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue 
o item a seguir. 
 
08. A conduta do motorista do veículo se amolda ao tipo 
penal do tráfico de pessoas, em sua forma consumada, 
incidindo, nesse caso, causa de aumento de pena, em 
razão de as vítimas serem adolescentes. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Caveiras, prestem muita atenção no crime de Tráfico 
de Pessoas. 
Esse delito foi incluído no CP em 2016 e, por ser 
“novidade legislativa”, as bancas o cobrarão com 
frequência. Vejam o que diz o nosso CP: 
 
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, 
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante 
grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com 
a finalidade de: 
 
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(...) 
 
V - exploração sexual. 
 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou 
pessoa idosa ou com deficiência. 
 
Notem que a conduta cometida pelo condutor do veículo 
e flagrada pela PRF se amolda ao tipo penal do Tráfico 
de Pessoas, tendo em vista que o mesmo transportou 
pessoas, mediante grave ameaça, com a finalidade de 
exploração sexual. 
Reparem ainda, que o delito terá um aumento de pena 
de 1/3 a 1/2, pois as vítimas são duas adolescentes. 
 
Atenção: A título de complementação do assunto, 
Rogério Sanches entende que a finalidade de 
exploração sexual, prevista no Inciso V, do crime de 
Tráfico de Pessoas, pode se dar por meio de: 
Prostituição - Atos sexuais negociados em troca de 
pagamento; 
Turismo sexual - Comércio sexual em cidades 
turísticas; 
Pornografia - Produção, exibição, distribuição, venda, 
compra e posse de material pornográfico; 
Tráfico para fins sexuais - Movimento clandestino de 
pessoas através de fronteiras, com o objetivo de força-
las a entrar em situações sexualmente opressoras e 
exploradoras, para lucro dos traficantes. 
 
 
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e 
humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, 
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, 
Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de 
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação 
policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube 
depois de quarenta minutos, armado com o revólver, 
sob a influência de emoção extrema e na frente dos 
amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de 
Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser 
socorrida. 
Acerca dessa situação hipotética, julgue os próximos 
itens. 
 
09. Na situação considerada, em que Paula foi vitimada 
por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo 
familiar entre eles, o reconhecimento das qualificadoras 
da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará 
bis in idem. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Galera, Bis in idem é um fenômeno do direito penal e 
processual penal que, de modo resumido, estabelece 
que ninguém pode ser julgado (e punido) duas vezes 
pelo mesmo fato delituoso. 
 
Na conduta cometida por Carlos, narrada acima, temos 
o seguinte: 
 
Homicídio qualificado por motivo torpe (Art. 121, § 
2°, I, CP) - Segundo a doutrina, a torpeza é um motivo 
vil, ignóbil e repugnante. 
Exemplo: matar alguém após uma simples provocação. 
 
Além do homicídio qualificado por motivo torpe, a 
questão acrescenta a possibilidade de Carlos e Paula 
possuíremvínculo familiar. Daí surge outra situação: 
 
Feminicídio (Art. 121, VI) - É o homicídio contra 
pessoa do gênero feminino através de, dentre outras 
causas, violência doméstica e familiar. 
 
Por fim, a questão indaga se o reconhecimento do 
feminicídio + a qualificadora do motivo torpe gerariam 
bis in idem em desfavor de Carlos. A resposta está num 
informativo do Superior Tribunal de Justiça. Vejamos: 
 
Informativo nº 625, STJ: Não caracteriza bis in idem o 
reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de 
feminicídio no crime de homicídio praticado contra 
mulher em situação de violência doméstica e familiar. 
 
Atenção: O informativo acima permite tal situação pois 
o feminicídio é uma qualificadora de ordem OBJETIVA 
- vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à 
violência doméstica e familiar propriamente dita, 
enquanto que a torpeza é de cunho SUBJETIVO, ou 
seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que 
levaram um indivíduo a praticar o delito. 
 
10. Por ter agido influenciado por emoção extrema, 
Carlos poderá ser beneficiado pela incidência de causa 
de diminuição de pena. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Caveiras, essa questão nos traz um assunto muitíssimo 
importante para a banca CESPE. 
 
Vamos entender de uma vez por todas as 
consequências jurídicas da emoção no Direito Penal. 
 
 
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No nosso CP, temos 02 situações em que a emoção 
terá um papel importante. Vejamos cada uma delas: 
 
DOMÍNIO de violenta emoção (Art. 121, §1º, CP) - É 
causa de diminuição de pena do crime de homicídio, de 
1/6 a 1/3. É denominado na doutrina como homicídio 
privilegiado; 
 
INFLUÊNCIA de violenta emoção (Art. 65, III, C, CP) - 
É uma circunstância atenuante da pena, aplicada a 
todos os crimes. Nesse caso, o CP não previu 
expressamente a quantidade da atenuação, ficando a 
cargo do Juiz decidir. 
 
Vocês podem estar se perguntando qual a diferença 
entre domínio e influência de violenta emoção. É bem 
simples, reparem: 
 
A doutrina entende que no DOMÍNIO de violenta 
emoção, o único motivo de o agente ter cometido o 
crime foi, de fato, a violenta emoção. 
Em contrapartida, na INFLUÊNCIA de violenta emoção, 
o agente já iria cometer o crime de qualquer jeito, sendo 
a violenta emoção apenas um estímulo a mais para o 
seu cometimento. 
 
Portanto, a questão erra ao afirmar que Carlos terá 
direito à diminuição de pena, pois não mencionou o 
DOMÍNIO de violenta emoção. A questão utilizou o 
termo “influência de emoção extrema”, o que a deixou 
incorreta. 
 
 
A respeito dos crimes contra a pessoa e o patrimônio, 
julgue os itens seguintes. 
 
11. A coautoria é obrigatória no caso do crime de rixa, 
pois a norma incriminadora reclama como condição 
obrigatória do tipo a existência de, pelo menos, três 
pessoas, considerando irrelevante que um deles seja 
inimputável. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
O CP estabelece o seguinte: 
 
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os 
contendores: 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou 
multa. 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de 
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na 
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Percebam que a quantidade mínima de participantes 
não está expressa na lei, sendo uma criação 
doutrinária. 
 
O mestre Rogério Sanches nos informa que, em relação 
aos sujeitos do crime, é um delito de concurso 
necessário (plurisubjetivo), cuja configuração exige a 
participação de, no mínimo, 03 pessoas, computando-
se nesse número, eventuais inimputáveis, pessoas não 
identificadas ou ainda que tenham morrido durante a 
briga. 
 
Logo, a questão está correta ao afirmar que o crime de 
Rixa é de coautoria obrigatória e que pode haver um 
inimputável dentre os participantes. 
 
 
12. Situação hipotética: Lucas, descuidadamente, sem 
olhar para trás, deu marcha a ré em seu veículo, em 
sua garagem, e atropelou culposamente seu filho, que 
faleceu em consequência desse ato. 
 
Assertiva: Nessa situação, o juiz poderá deixar de 
aplicar a pena, se verificar que as consequências da 
infração atingiram Lucas de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Esse é o denominado perdão judicial, instituto jurídico 
aplicado ao crime de homicídio. Vejamos: 
 
Art. 121 (...) 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá 
deixar de aplicar a pena, se as consequências da 
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave 
que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
Atenção: Cabe à defesa demonstrar que o réu faz jus 
ao perdão judicial. 
Outro detalhe importante, o perdão judicial é causa 
extintiva de punibilidade (Art. 107, IX, CP). 
 
 
Com relação a crimes contra a pessoa, contra o 
patrimônio e contra a administração pública, julgue o 
item que segue. 
 
13. No crime de homicídio, admite-se a incidência 
concomitante de circunstância qualificadora de caráter 
objetivo referente aos meios e modos de execução com 
o reconhecimento do privilégio, desde que este seja de 
natureza subjetiva. 
 
Gabarito: C 
 
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COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Galera, esse é outro tema que o CESPE adora. 
 
É cabível a figura do homicídio qualificado-
privilegiado? 
 
A doutrina majoritária defende que sim, é possível. 
 
O crime privilegiado é sempre de natureza SUBJETIVA 
(em relação aos motivos do crime), logo, caberá o 
privilégio com alguma qualificadora, desde que tal 
qualificadora seja de natureza OBJETIVA (em relação 
aos meios de execução do crime). 
 
Exemplos: 
Privilégio + emprego de veneno; 
Privilégio + asfixia; 
Privilégio + tortura, etc. 
 
Atenção: O homicídio qualificado-privilegiado não é 
considerado crime hediondo. 
Apenas será hediondo o homicídio qualificado puro e 
ainda o homicídio simples, quando praticado em 
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que 
cometido por um só agente. 
 
 
Tendo em vista que o médico-legista deve descrever, 
em seu laudo, as lesões que eventualmente encontrar, 
e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave e 
gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguida de morte, 
em conformidade com o art. 129 do Código Penal, 
julgue o item que se segue. 
 
14. A incapacidade para ocupações habituais por mais 
de trinta dias, a deformidade permanente e a 
aceleração de parto caracterizam lesões corporais de 
natureza grave. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
A diferença entre lesões graves e gravíssimas sempre é 
cobrada. Memorizem isso !!! 
 
Lesão corporal grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por 
mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou 
função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
 
Lesão corporal gravíssima 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Reparem que a questão errou ao afirmar que a 
deformidade permanente é uma lesão corporal grave, 
quando, na verdade, é gravíssima. 
 
 
15. Tendo em vista que o médico-legista deve 
descrever, em seu laudo, as lesões que eventualmente 
encontrar, e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave 
e gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguidade 
morte, em conformidade com o art. 129 do Código 
Penal, julgue o item que se segue. 
 
A incapacidade permanente para o trabalho, a 
enfermidade incurável e a debilidade permanente de 
membro, sentido e (ou) função, como resultado de lesão 
corporal, são consideradas gravíssimas. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Quando digo que vocês devem memorizar esse tema, 
confiem. 
Vamos lá !!! 
 
Lesão corporal grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais 
de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou 
função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
 
Lesão corporal gravíssima 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
 
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V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Notem que a questão errou ao afirmar que a debilidade 
permanente de membro, sentido ou função é uma lesão 
corporal gravíssima, quando, na verdade, é grave. 
 
 
Julgue o item subsecutivo, acerca de crimes contra a 
pessoa. 
 
16. Nos crimes contra a honra — calúnia, difamação e 
injúria —, o Código Penal admite a retratação como 
causa extintiva de punibilidade, desde que ocorra antes 
da sentença penal, seja cabal e abarque tudo o que o 
agente imputou à vítima. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Inicialmente, vamos relembrar que a retratação é não 
apenas o ato de negar ou confessar a prática criminosa, 
mas de escusar-se, retirando do mundo jurídico tudo 
aquilo que afirmou, demonstrando sincero 
arrependimento. 
 
Pois bem, a retratação, nos crimes contra a honra, só 
é admitida nos crimes de calúnia (Art.138, CP) e 
difamação (Art.139, CP), pois são crimes que atingem 
a honra objetiva da vítima e são relacionados a fatos. 
 
Não caberá a retratação no crime de injúria (Art. 140, 
CP), pois tal delito atinge a honra subjetiva, sendo 
relacionado ofensas e xingamentos à pessoa da vítima. 
 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se 
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica 
isento de pena. 
 
Atenção: A retratação, se ocorrer antes da sentença, é 
uma causa de extinção de punibilidade. 
 
Com relação aos crimes previstos no CP, julgue o item 
que se segue. 
 
17. O delito de sequestro e cárcere privado, inserido 
entre os crimes contra a pessoa, constitui infração penal 
de ação múltipla, e a circunstância de ter sido praticado 
contra menor de dezoito anos de idade qualifica o 
crime. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Primeiramente, vamos analisar como o CP prevê o 
crime de sequestro e cárcere privado: 
 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante 
sequestro ou cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: 
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou 
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) 
anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima 
em casa de saúde ou hospital; 
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze 
dias. 
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 
(dezoito) anos; 
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. 
 
Senhores, crime de ação múltipla é aquele em que a lei 
prevê várias condutas no tipo penal. 
 
Reparem que a banca tentou induzir vocês ao erro, 
dizendo que esse crime é de ação múltipla, quando, na 
verdade, é um crime de ação única, pois a única 
conduta exigida é PRIVAR alguém de sua liberdade. 
 
Ocorre que, há 02 duas formas de privar alguém de sua 
liberdade: mediante o sequestro ou o cárcere privado. 
Não confundam. 
 
Por fim, a banca acertou ao afirmar que se cometido 
contra menor de 18 anos, o crime é qualificado. 
 
 
Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, 
todas vendedoras em uma joalheria, a desviar peças de 
alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou 
detalhadamente o crime e entrou em contato com Ciro, 
colecionador de joias, para que ele adquirisse a 
mercadoria. Luna desistiu de participar do fato e não foi 
trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera 
conseguiram se apossar das peças conforme o 
planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las 
a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a casa de sua 
mãe, comunicou a ela o crime que praticara e 
persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na 
residência materna, até a semana seguinte. 
 
Considerando que o crime apresentado nessa situação 
hipotética venha a ser descoberto, julgue os itens 
seguintes, com fundamento na legislação pertinente. 
 
18. Rita e Vera responderão pelo crime de furto 
qualificado pelo abuso de confiança. 
 
Gabarito: E 
 
 
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COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Essa é daquelas questões grandes com o simples 
objetivo: induzir vocês ao erro. 
 
Reparem nas informações que são importantes para a 
resolução da questão: 
 
1) Rita convenceu suas 02 amigas, funcionárias de 
joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam em 
posse das 03; 
 
2) Vera, funcionária da joalheria, conforme combinado 
com Rita, furtou algumas das peças. 
 
Rogério Sanches, ao dispor sobre o crime de furto, 
defende que a simples relação empregatícia não 
configura a qualificadora do abuso de confiança. 
 
Ou seja, para haver a qualificadora do abuso de 
confiança, não basta que o agente seja empregado da 
vítima, ele deve se valer da confiança depositada para 
cometer o crime. 
 
Portanto, o furto cometido por Rita e Vera não será 
qualificado pelo abuso de confiança. 
 
19. Ainda que não tenha sido informado de que as 
peças seriam produto de crime, Ciro poderá responder 
criminalmente por uma das espécies de receptação, 
caso venha a adquiri-las por valor muito abaixo do 
preço de mercado. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
A assertiva está correta, tendo em vista que aquele que 
adquire um produto com preço desproporcional, embora 
não sabendo sua origem criminosa, deveria desconfiar 
de tal situação, responderá pelo crime de receptação 
culposa. 
Vejam: 
 
Art. 180 do CP - Adquirir, receber, transportar, conduzir 
ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que 
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, 
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
(...) 
 
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua 
natureza ou pela desproporção entre o valor e o 
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve 
presumir-se obtida por meio criminoso: 
 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou 
ambas as penas. 
 
Portanto, Ciro poderá sim responder por uma das 
formas do crime de receptação (culposa). 
 
 
Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser 
produto de crime, José passou a portá-lo municiado, 
sem autorização e em desacordo com determinação 
legal. O comportamento suspeito de José levou-o a ser 
abordado em operação policial de rotina. Sem a 
autorização de porte de arma de fogo, José foi 
conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito 
policial. 
 
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue 
o item seguinte. 
 
20. A receptação praticada por José consumou-se a 
partir do momento em que ele adquiriu o armamento. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Trata-se de uma das modalidades da receptação 
própria (Art. 180, 1ª parte, CP), onde o agente, 
sabendoser a coisa produto de crime, a adquire, 
recebe, transporta, conduz ou oculta. 
 
O núcleo do tipo penal destacado acima é material, ou 
seja, ocorrerá a consumação com a efetivação do 
resultado. 
Logo, no crime de receptação, na modalidade “adquirir”, 
haverá a consumação quando ocorrer a efetiva 
aquisição da coisa pelo autor. 
 
 
Em cada item seguinte, é apresentada uma situação 
hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com 
base na legislação de regência e na jurisprudência dos 
tribunais superiores a respeito de exclusão da 
culpabilidade, concurso de agentes, prescrição e crime 
contra o patrimônio. 
 
Severino, maior e capaz, subtraiu, mediante o emprego 
de arma de fogo, elevada quantia de dinheiro de uma 
senhora, quando ela saía de uma agência bancária. Um 
policial que presenciou o ocorrido deu voz de prisão a 
Severino, que, embora tenha tentado fugir, foi preso 
pelo policial após breve perseguição. 
 
21. Nessa situação, Severino responderá por tentativa 
de roubo, pois não teve a posse mansa e pacífica do 
valor roubado. 
 
Gabarito: E 
 
 
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COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
A conduta cometida por Severino se amolda ao tipo 
penal de roubo na modalidade consumada e não 
tentada, como afirma a questão. 
 
Súmula nº 582 STJ: Consuma-se o crime de roubo 
com a inversão da posse do bem mediante emprego de 
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo 
e em seguida à perseguição imediata ao agente e 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a 
posse mansa e pacífica ou desvigiada. 
 
O item a seguir, a respeito de crimes contra o 
patrimônio, apresenta uma situação hipotética seguida 
de uma assertiva a ser julgada à luz da doutrina e da 
jurisprudência pertinentes. 
 
Caio, com dezoito anos de idade, reside com seu pai, 
de cinquenta e oito anos de idade, e com seu tio, de 
sessenta e um anos de idade. Sem dinheiro para sair 
com os amigos, Caio subtraiu dinheiro de seu pai e, 
ainda, o aparelho celular do tio. 
 
22. Nessa situação, Caio será processado, mediante 
ação penal pública, por apenas um crime de furto. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Caveiras, questão muito boa para massificarmos as 
escusas absolutórias previstas para os crimes contra 
o patrimônio. 
Vejamos: 
 
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos 
crimes previstos neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco 
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
 
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, 
se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos 
anteriores: 
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, 
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à 
pessoa; 
II - ao estranho que participa do crime. 
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade 
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
 
Ao analisarmos os artigos acima, percebemos que: 
 
Caio em relação ao seu pai - Fica isento de pena (Art. 
181, II, CP); 
 
Caio em relação ao seu tio - Responderá pelo crime, 
na modalidade de ação penal pública incondicionada, 
não fazendo jus à ação penal pública condicionada à 
representação (Art. 182, III, CP), pois seu tio tem mais 
de 60 anos de idade (Art. 183, III, CP). 
 
Portanto, Caio responderá por apenas 01 crime de furto 
(em relação ao seu tio), mediante ação penal pública 
(incondicionada). 
 
 
A respeito dos crimes contra a pessoa e o patrimônio, 
julgue o item que se segue. 
 
Situação hipotética: Paulo tinha a intenção de praticar a 
subtração do automóvel de Tiago sem uso de violência. 
No entanto, durante a execução do crime, estando 
Paulo já dentro do veículo, Tiago apareceu e correu em 
direção ao veículo. Paulo, para assegurar a detenção 
do carro, ameaçou Tiago gravemente, conseguindo, 
assim, cessar a ação da vítima e fugir com o automóvel. 
 
23. Assertiva: Nessa situação, Paulo responderá pelos 
crimes de ameaça e furto, em concurso material. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Primeiramente, vamos analisar o tipo penal do roubo, 
segundo o CP: 
 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para 
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, 
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência: 
 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de 
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa 
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade 
do crime ou a detenção da coisa para si ou para 
terceiro. 
 
 
A conduta praticada por Paulo é a prevista no §1º, do 
art. 157, CP. Trata-se do roubo impróprio, que ocorre 
quando o agente, após subtrair a coisa, constrange a 
vítima mediante violência ou grave ameaça para 
assegurar a impunidade do crime ou detenção do bem. 
 
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Na verdade, o roubo impróprio é um furto que se 
transforma em roubo, em face das circunstâncias do 
caso concreto. 
 
Atenção: Rogério Sanches denomina o roubo impróprio 
de roubo por aproximação. 
 
 
A respeito dos crimes contra o patrimônio, julgue o item 
a seguir. 
 
Considere que um indivíduo tenha encontrado, na rua, 
um celular identificado e totalmente desbloqueado. 
Considere, ainda, que esse indivíduo tenha mantido o 
objeto em sua posse, deixando de restituí-lo ao dono. 
 
24. Nessa situação, só existirá infração penal se o 
legítimo dono do objeto tiver reclamado a sua posse e o 
objeto não lhe tiver sido devolvido. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Inicialmente, vamos analisar o delito de apropriação de 
coisa achada, segundo o CP: 
 
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao 
seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: 
 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: 
 
Apropriação de coisa achada 
 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se 
apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-
la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à 
autoridade competente, dentro no prazo de quinze 
dias. 
 
 
Como vocês observaram, o crime de apropriação de 
coisa achada pode ocorrer de 02 formas: 
 
1) Ao não entregar a coisa ao dono ou legítimo 
possuidor, desde que conheça o dono ou possuidor 
- A consumação ocorre com o ato de não entregar. 
 
2) Ao deixar de entregá-la à autoridade competente, 
no prazo de 15 dias, caso não conheça o dono ou 
possuidor - A consumação ocorre com o esgotamento 
do prazo sem que haja a entrega da coisa. 
 
Logo, a questão erra ao afirmar que só haverá crime se 
o legítimo dono / possuidor reclamar a coisa e o autor 
não entregá-la. 
 
Também haverá crime se o autor, embora não conheça 
o dono / possuidor, deixar de entregar a coisa à 
autoridade competente, no prazo de 15 dias. 
 
Atenção: A doutrina defende que a apropriação de 
coisa abandonada (res derelicta) ou da coisa que 
nunca teve dono ou possuidor (res nullius) não 
constitui crime. 
 
 
No que se refere aos crimes contra o patrimônio, contra 
a dignidade sexual e contra a fé e a administração 
públicas, julgue o item que se segue. 
 
25. Praticará o crime de estelionato aquele que obtiver 
para si vantagemilícita, em prejuízo de incapaz, 
mantendo-o em erro, mediante fraude. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Galera, questão bem interessante, fiquem atentos. 
 
O crime de estelionato (Art. 171, CP), ocorre com a 
obtenção de uma vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante 
artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. 
 
A doutrina defende que o sujeito passivo do estelionato 
é qualquer pessoa que sofra a lesão patrimonial, ou que 
foi enganada pela ação fraudulenta do agente, desde 
que seja uma pessoa capaz de ser iludida. 
 
O mestre Rogério Sanches entende que a vítima do 
crime de estelionato precisa ter capacidade para ser 
iludida, caso contrário, poderá caracterizar outro 
crime, como por exemplo, o crime de abuso de 
incapaz. 
 
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de 
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da 
alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo 
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir 
efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: 
 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 
 
Em uma rodovia federal, próxima à fronteira do Brasil 
com o Paraguai, um caminhão foi parado e vistoriado 
por policiais rodoviários federais. Além do motorista e 
de um passageiro, o veículo transportava, ilegalmente, 
 
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grande quantidade de mercadoria lícita de procedência 
estrangeira, mas sem o pagamento dos devidos 
impostos de importação. O motorista, penalmente 
imputável e proprietário do caminhão, admitiu a 
propriedade dos produtos. O passageiro, que se 
identificou como servidor público alfandegário lotado no 
posto de fiscalização fronteiriço pelo qual o veículo 
havia passado para adentrar no território nacional, 
alegou desconhecer a existência dos produtos no 
caminhão e que apenas pegou carona com o motorista. 
 
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue 
os itens a seguir. 
 
26. Caso fique comprovada a participação do servidor 
público na conduta delituosa, ele responderá pelo delito 
de descaminho em sua forma qualificada: ela tinha o 
dever funcional de prevenir e de reprimir o crime. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Senhores, quando a questão afirma que dentro do 
veículo havia mercadorias lícitas, de procedência 
estrangeira, mas que não estavam com os devidos 
impostos de importação em dia, está se referindo ao 
crime de descaminho, assim previsto no CP: 
 
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de 
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou 
pelo consumo de mercadoria: 
 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: 
 
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos 
permitidos em lei; 
 
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a 
descaminho; 
 
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de 
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, 
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu 
clandestinamente no País ou importou 
fraudulentamente ou que sabe ser produto de 
introdução clandestina no território nacional ou de 
importação fraudulenta por parte de outrem; 
 
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou 
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, 
mercadoria de procedência estrangeira, 
desacompanhada de documentação legal ou 
acompanhada de documentos que sabe serem falsos. 
 
Reparem que o tipo penal do descaminho não pune 
de modo qualificado a participação de servidor 
público. 
 
Isso ocorre porque há no CP o delito de facilitação de 
contrabando ou descaminho. Vejam: 
 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a 
prática de contrabando ou descaminho (art. 334): 
 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Nesse caso, se ficar comprovada a participação do 
servidor público (mediante infração de dever funcional) 
no crime citado na questão, o mesmo vai responder 
pelo crime de facilitação de contrabando ou descaminho 
(Art. 318, CP), ao passo que o motorista do caminhão 
responderá pelo crime de descaminho (Art. 334, CP). 
 
27. A conduta do motorista configura crime de 
descaminho em sua forma consumada, ainda que não 
tenha havido constituição definitiva do crédito tributário 
e a ocorrência de efetivo prejuízo ao erário. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
Ainda em relação ao delito de descaminho, Rogério 
Sanches defende que é um crime formal, logo, a 
consumação ocorre com a liberação, pela 
alfândega, sem o pagamento dos impostos 
inerentes (mera ilusão de direito ou imposto). 
 
Ou seja, mesmo que não tenha havido a constituição 
definitiva do crédito tributário, ou ainda a ocorrência de 
efetivo prejuízo ao erário, estará consumado o crime de 
descaminho. 
 
Acerca dos crimes contra a administração pública, 
julgue o item a seguir. 
 
28. Cometerá crime de prevaricação o servidor público 
que deixar de responsabilizar, por clemência, o seu 
subordinado que tenha cometido infração no exercício 
do cargo. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
O crime de prevaricação ocorre quando o servidor 
público deixa de praticar um ato de ofício, ou o pratica 
contra disposição expressa de lei para satisfazer um 
interesse ou sentimento pessoal (Art. 319, CP). 
 
 
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A conduta narrada na assertiva acima se amolda ao tipo 
penal do delito de condescendência criminosa: 
 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de 
responsabilizar subordinado que cometeu infração no 
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, 
não levar o fato ao conhecimento da autoridade 
competente: 
 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
Atenção: Para Rogério Sanches, para que haja o crime 
de condescendência criminosa, a conduta deve ser 
baseada na indulgência, clemência, espírito de 
tolerância ou ainda por meio de concordância. 
Caso contrário, o crime poderá ser outro, tal como 
prevaricação ou corrupção passiva. 
 
 
Acerca dos crimes contra a administração pública, 
julgue o item a seguir. 
 
29. Incorre em crime de peculato o servidor público que, 
embora não tendo posse de determinado bem, concorra 
para sua subtração, em proveito próprio ou alheio, 
valendo-se de facilidade proporcionada pelo cargo que 
ocupe. 
 
Gabarito: C 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
O item está correto e, segundo a doutrina, traz a 
hipótese do peculato furto ou peculato impróprio 
(Art. 312, §1º, CP), que se caracteriza não pela 
apropriação ou desvio, mas pela subtração (ou 
concorrência para a subtração) da coisa sob guarda da 
Administração Pública, mediante a facilidade que a 
condição de funcionário público concede. 
 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, 
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou 
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário 
público, embora não tendo a posse do dinheiro, 
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja 
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se 
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de 
funcionário. 
 
 
Em relação às causas extintivas da punibilidade e aos 
crimes contra a administração pública, julgue o item que 
se segue. 
 
30. Cometerá o crimede concussão o funcionário 
público que, utilizando-se de grave ameaça e em razão 
da função pública que ocupar, exigir de alguém 
vantagem indevida. 
 
Gabarito: E 
 
COMENTÁRIO DO PROFESSOR 
 
A questão erra ao afirmar que no crime de concussão 
há o uso de grave ameaça. 
 
Vejam o que o CP dispõe sobre concussão: 
 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de 
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
A doutrina estabelece que, se houver violência ou 
grave ameaça para obter vantagem indevida, 
estaremos diante do crime de extorsão: 
 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para 
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar 
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
 
 
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