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Prof. Douglas Roberto Zaions Joaçaba 2011 Gestão da manutenção © 2010 Unoesc Virtual – Direitos desta edição reservados a Unoesc Virtual Rua Getúlio Vargas, 2125, Bairro Flor da Serra, CEP 89600-000 – Joaçaba, SC, Brasil Fone: (49) 3551-2123 – Fax: (49) 3551-2004 – E-mail: unoescvirtual@unoesc.edu.br É proibida a reprodução desta obra, no todo ou em parte, sob quaisquer meios, sem a permissão expressa da Unoesc Virtual. Z21g Zaions, Douglas Roberto. Gestão da manutenção / Douglas Roberto Zaions. - Joaçaba: Unoesc virtual, 2011. 102 p. : il. ; 30 cm. Bibliografia: p. 96-99 1. 1. Fábricas - Manutenção. 2. Administração da produção. I. Título. CDD 658.202 Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc Reitor Aristides Cimadon Vice-reitor Acadêmico Nelson Santos Machado Vice-reitores de Campus Campus de São Miguel do Oeste Vitor Carlos D’Agostini Campus de Videira Antonio Carlos de Souza Campus de Xanxerê Genesio Téo Coordenação Geral da Unoesc Virtual Célio Alves de Oliveira Coordenação Pedagógica Alessandra Nicheli Magro Designer Instrucional da Unoesc Virtual Cristiane Macari Coordenações Locais da Unoesc Virtual Campus de São Miguel do Oeste Cleia Scholles Gallert Campus de Videira Rosa Maria Pascoali Campus de Xanxerê Cristiane Sbruzzi Berté Secretaria executiva e logística Elisabete Cristina Gelati Revisão linguística e metodológica Ronaldo Pasinato Projeto gráfico e diagramação Mix Comunicação Professor autor Douglas Roberto Zaions SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .....................................................................................5 PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ...........................................................6 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO .............................8 SEÇÃO 1 INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO INDUSTRIAL ...................................................................9 SEÇÃO 2 EVOLUÇÃO DO GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO..............................................................12 SEÇÃO 3 A MANUTENÇÃO ...................................................................................................... 13 UNIDADE 2 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL ............................................................................16 SEÇÃO 1 DEFINIÇÕES............................................................................................................ 17 SEÇÃO 2 FERRAMENTAS DE APOIO AO GERENCIAMENTO DAS FALHAS ......................................... 24 UNIDADE 3 INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL .......................36 SEÇÃO 1 AS DOZE ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DA MPT ...................................................................37 SEÇÃO 2 ESTRUTURA DA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL ........................................................... 46 SEÇÃO 3 ORGANIZAÇÃO E COORDENAÇÃO ................................................................................. 47 SEÇÃO 4 AS PRÁTICAS MAIS IMPORTANTES DA MPT ................................................................... 49 UNIDADE 4 OS OITO PILARES DA MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL ...............52 SEÇÃO 1 MANUTENÇÃO AUTÔNOMA ...............................................................................................53 SEÇÃO 2 MANUTENÇÃO PLANEJADA ........................................................................................ 62 SEÇÃO 3 PILAR MELHORIAS ESPECÍFICAS ................................................................................. 75 SEÇÃO 4 PILAR EDUCAÇÃO E TREINAMENTO ...................................................................................82 SEÇÃO 5 PILAR CONTROLE INICIAL ......................................................................................... 85 SEÇÃO 6 PILAR MANUTENÇÃO DA QUALIDADE .......................................................................... 88 SEÇÃO 7 PILAR SEGURANÇA HUMANA E AMBIENTAL ................................................................. 90 SEÇÃO 8 PILAR MPT OFFICE ................................................................................................ 92 REFERÊNCIAS .......................................................................................96 RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DE AUTOAVALIAÇÃO. ..................................... 100 Seja bem-vindo à disciplina de Gestão da Manutenção! Na busca de maior produtividade e competitividade, a produção mecanizada e automatizada tem garantido a produção de melhores produtos em grandes volumes e a custos reduzidos. Máquinas com maiores potências e velocidades, além de maior custo, tornam-se cada vez mais comuns e necessárias. Tais máquinas e processos somente podem produzir com as características de qualidade exigidas se puderem desempenhar as suas funções básicas de forma constante, sem afetar a segurança humana e a integridade ambiental. A qualidade dos produtos depende, cada vez mais, do bom funcionamento dos equipamentos e das instalações de produção. Essas preocupações têm afetado significativamente a tarefa da gestão industrial, resultando em uma busca intensa da aplicação de novas tecnologias, metodologias e filosofias. Novas estratégias, tecnologias e metodologias de manutenção são o alvo principal de empresas modernas, na busca de um melhor gerenciamento dos custos associados à manutenção. Métodos como a Manutenção Produtiva Total (MPT) e Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) figuram como os métodos mais utilizados com sucesso. É dentro desse contexto que se insere o presente material, que trata da metodologia de gestão da manutenção baseada principalmente na MPT com a utilização da MCC na identificação de atividades de manutenção planejada. Os assuntos relacionados com a MPT, neste material, são mencionados a partir das principais fontes bibliográficas sobre o assunto, destacando: Nakajima (1989), Suzuki (1994), Lima (2000), Wireman (1992) e Xenos (1998). O conteúdo a respeito da MCC, os conceitos básicos sobre falhas e as ferramentas de apoio gerencial relacionam-se com as pesquisas realizadas por Zaions (2003) e Zaions (2008) e de fontes bibliográficas, como Smith (1993), SAE JA 1011 (1999), Moubray (2000), dentre outras. Espero que você faça bom uso deste material a fim de aprimorar seus conhecimentos na área de Gestão da Manutenção. Professor Douglas Roberto Zaions. APRESENTAÇÃO 5 PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM OBJETIVO GERAL Introdução e evolução da Gestão da Manutenção: conceitos básicos. Métodos de manutenção. Concepções de Gestão da Manutenção. Principais ferramentas de apoio gerencial. Manutenção Produtiva Total – MPT: Manutenção Autônoma. Manutenção Planejada. Melhorias Específicas. Educação e Treinamento. Controle Inicial. Segurança e Saúde. EM EN TÁ R IO 6 CONHECER e desenvolver a capacidade de aplicação de técnicas/ métodos de gestão da manutenção que objetivem aumentar a disponibilidade e confiança dos equipamentos críticos, bem como reduzir as intervenções e melhorias nos equipamentos. OBJETIVOS ESPECÍFICOS REFLETIR sobre a importância da gestão da manutenção nas empresas; CONHECER a Metodologia da Manutenção Produtiva Total e a sistemática de aplicação; CONHECER a Metodologia da Manutenção Centrada em Confiabilidade e a sua sistemática de aplicação no contexto da Manutenção Planejada. C R O N O G R A M A D E E S T U D O PLANO DE ENSINO-APRENDIZAGEM 7 P LA N O D E E N S IN O -A P R E N D IZ A G E M EVENTO ATIVIDADE DATAS Início da disciplina ___/___ Atividades obrigatórias ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ ___/___ Término da disciplina ___/___ Antes de iniciar seus estudos, verifique as datas-chave para envio das atividades e elabore seu plano de estudo, garantindo dessa forma, uma boa produtividade na disciplina. Sempre que surgirem dúvidas, entre em contato com seu professor tutor. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade, você terá condições de: � REFLETIRsobre a importância da manutenção nas indústrias; � PERCEBER que a manutenção industrial tem evoluído juntamente com o aumento da complexidade dos sistemas e sua importância para as organizações; � ENTENDER que a manutenção dos equipamentos de produção é um elemento chave para a produtividade das indústrias e a qualidade dos produtos. ROTEIRO DE ESTUDO Com o objetivo de alcançar o que está proposto a esta unidade, o conteúdo está dividido nas seguintes seções: UNIDADE 1 INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO SEÇÃO 1 Introdução à manutenção industrial SEÇÃO 2 Evolução do gerenciamento da manutenção SEÇÃO 3 A manutenção 8 SEÇÃO 1 INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO INDUSTRIAL No decorrer da evolução da humanidade a manutenção apresentou diversas fases distintas, de acordo com o grau de desenvolvimento tecnológico e da influência das máquinas e equipamentos na economia das nações. A evolução da manutenção industrial pode ser dividida em seis fases. A primeira fase corresponde à Pré-Revolução Industrial (Século XVIII). Nessa fase não existiam equipes dedicadas à atividade de manutenção. O próprio operador, que na maioria das vezes era o dono da máquina, também era o responsável pela sua construção e manutenção. As máquinas não eram complexas (um moinho acionado por um eixo árvore acoplado a uma roda d’água, por exemplo, com reparo relativamente simples). A parada destas máquinas não causava grandes problemas e sua participação na economia era relativamente pequena. A segunda fase compreende o surgimento das primeiras equipes de manutenção (Século XIX). Essa época corresponde ao surgimento das primeiras grandes invenções que revolucionaram a vida da humanidade: eletricidade, máquinas a vapor e motores. A complexidade das máquinas começou a aumentar, exigindo pessoal especializado e disponibilidade de recursos para execução da manutenção das máquinas. PARA INICIAR NOSSOS ESTUDOS Estudar a manutenção industrial e sua evolução é importante porque você poderá perceber que atualmente ainda há uma grande quantidade de empresas e indústrias que utilizam formas e métodos de manutenção do início do século passado. A manutenção industrial, principalmente a gestão, é uma área que pode ainda evoluir muito no Brasil e permitir substanciais diminuições de custos de produção. A presente seção tem por objetivo apresentar o histórico e a evolução da manutenção industrial, sendo abordados aspectos e definições associadas a modelos de gestão da manutenção. Fotografia 1: Primeira máquina a vapor desenvolvida por James Watt para bombeamento de água nas minas de carvão Fonte: Silva (2010). INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO 9 IN TR O D U Ç Ã O E E V O LU Ç Ã O D A M A N U TE N Ç Ã O A terceira fase é o período da Manutenção Corretiva (1900 a 1920). No início do século XX, a manutenção começa a organizar- se com a Administração Científica, proposta por Henry Ford, na qual a produção em série (modelo T) necessitou de uma manutenção mais elaborada (TAVARES, 1999). A Primeira Guerra Mundial demonstrou a grande influência das máquinas no poder das nações. Surgiram as primeiras grandes indústrias que necessitaram garantir volumes mínimos de produção e, em consequência, sentiram a necessidade de criar equipes que pudessem realizar reparos em máquinas operatrizes no menor tempo possível. Aparecem, então, os primeiros “Setores de Manutenção”, cujo enfoque era puramente corretivo. A quarta fase corresponde à Manutenção Preventiva (1920 a 1950). A Segunda Guerra Mundial impulsionou a indústria aeronáutica, a qual tornou-se um fator decisivo para o conflito. Os aviões são máquinas que praticamente não admitem defeitos, nascendo o conceito de prevenção na manutenção. Na indústria, a necessidade de aumento de rapidez de produção transformou a atividade de manutenção em uma estrutura tão importante quanto a de produção, surgindo a Manutenção Preventiva. A quinta fase é denominada de Racionalização (1950 a 1970). Durante a década de 1950, com o desenvolvimento da indústria para atender às necessidades pós-guerra, a evolução da aviação comercial e da indústria eletrônica, surge a “Engenharia de Manutenção”, encarregada de planejar e controlar a Manutenção Preventiva, além de efetuar a análise da causa e do efeito das falhas. A partir dos anos 1960, com o desenvolvimento da Engenharia da Confiabilidade, Engenharia Econômica e Estatística e devido ao aperfeiçoamento dos sistemas de informação e de controle e o surgimento dos computadores, a manutenção passou a adotar critérios de previsão de falhas. As condições de funcionamento das máquinas passaram a ser inspecionadas e monitoradas regularmente, de modo a prever o fim de sua vida útil. Surge a Manutenção Baseada na Condição ou a Manutenção Preditiva, como é conhecida atualmente (TAVARES, 1999; WYREBSKI, 1997). A crise do petróleo, matéria-prima fundamental para os processos industriais, gera grande impacto nos custos de produção. A sexta fase corresponde à Manutenção Produtiva Total (1970 até hoje). A globalização aumenta a concorrência entre as indústrias e novas técnicas de controle de qualidade geram produtos de elevado desempenho. As empresas que não acompanham o desenvolvimento tecnológico não conseguem sobreviver. A manutenção torna-se uma importante ferramenta para a melhoria da produtividade. A década de 1970 caracteriza-se pelo surgimento de dois modelos de gestão da manutenção: GESTÃO DA MANUTENÇÃO10 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O a) as indústrias japonesas e americanas conseguem destaque na produtividade, utilizando ferramentas administrativas que integram a produção com a manutenção, melhorando a qualidade dos produtos e reduzindo os custos de manutenção. Surge a Manutenção Produtiva Total (MPT); b) em 1974, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos autorizou a fazer um relatório sobre os processos usados pela indústria de aviação para preparar os programas de manutenção para as aeronaves. A partir dos estudos feitos por Nowlan e Heap (1978) surge a Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC). Durante os anos 1980 surgem os primeiros microcomputadores e o processamento de informações associadas à manutenção passa a ser efetuado pelo próprio órgão de manutenção e as informações passam a ser armazenadas em banco de dados. Nessa época, devido à ocorrência dos acidentes com as usinas nucleares de Three Mile Island – Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 1979, e Chernobil, na Ucrânia, em 1986, surge o modelo de gestão da Manutenção Centrada no Risco (MCR). Nos anos 1990, com a disseminação dos microcomputadores, iniciou- se o desenvolvimento de Sistemas Computadorizados de Gerenciamento da Manutenção. O uso do computador para planejar a manutenção preventiva por meio da geração de ordens de serviço, controle de inventário, informações históricas, suporte logístico, etc., passou a ser uma atividade comum em um grande número de empresas e indústrias do mundo. Nos últimos anos, os Sistemas Computadorizados de Gerenciamento da Manutenção passaram a integrar os sistemas de manutenção preditiva. Nos últimos 25 anos, a necessidade pelo aprimoramento contínuo da qualidade dos produtos e serviços frente à crescente onda de globalização, fez com que a atividade de manutenção passasse a ser abordada como estratégica. As metodologias e filosofias desenvolvidas nas décadas de 1970 passaram a ser incorporadas nos processos estratégicos decisórios. Além disso, a preocupação crescente com a integridade ambiental fez com que os gestores tratassem a manutenção com uma visão diferenciada. Mudanças de paradigma fizeram com que a manutenção passasse a preservar a função dos itens físicos, ao invés do próprio equipamento. O Gráfico 1 mostra a evolução temporal das técnicas de manutenção nas indústrias. INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO11 IN TR O D U Ç Ã O E E V O LU Ç Ã O D A M A N U TE N Ç Ã O Você percebeu como a Manutenção evoluiu ao longo do tempo? Na próxima seção estudaremos as mudanças no gerenciamento das informações. SEÇÃO 2 O Gerenciamento da Manutenção foi uma das áreas administrativas que mais evoluiu nos últimos vinte anos, devido, principalmente, ao aumento da grande diversidade e complexidade dos itens físicos, bem como dos novos enfoques e responsabilidades da manutenção (MOUBRAY, 2000). A análise do histórico dos últimos 70 anos permite observar que o enfoque dado para a manutenção comporta uma divisão em três gerações, conforme ilustrado no Gráfico 2 (MOUBRAY, 2000; PINTO; NASIF, 1999; LAFRAIA, 2001). A primeira geração foi caracterizada pelo gerenciamento de ações EVOLUÇÃO DO GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO GESTÃO DA MANUTENÇÃO12 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O Manutenção preventiva e corretiva Manutenção produtiva total - MPT Manutenção centrada no risco Manutenção centrada na confiabilidadeManutenção baseada no tempo 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 Gráfico 1: Síntese da aplicação das metodologias de manutenção Fonte: Lafraia (2001, p. 238). Diversas abordagens de gestão de manutenção têm sido propostas e cada uma com distintos graus de sucesso ou insucesso nas suas aplicações. Os três modelos mais publicados e usados nas empresas, atualmente, são: a) Manutenção Centrada em Confiabilidade – MCC (Reliability Centered Maintenance – RCM); b) Manutenção Produtiva Total – MPT (Total Productive Maintenance - TPM); c) Manutenção Centrada no Risco – MBR (Risk Based Maintenance – RBM); Manutenção produtiva Manutenção baseada na condição estritamente corretivas. Nessa geração, os equipamentos eram superdimensionados em termos de capacidade, o que permitia a adoção de ações simplesmente corretivas. Porém, o aumento da complexidade e evolução das máquinas, bem como da escassez de mão de obra devido ao período de guerra, levaram a uma mudança nas ações de gestão da manutenção. Moubray (2000) define esse período como segunda geração. Moubray (2000) salienta que os fatores que motivaram o surgimento de uma terceira geração foram: a) novas expectativas quanto aos itens físicos com a confiabilidade, disponibilidade, integridade ambiental, segurança humana e ao aumento dos custos totais de manutenção; b) novas pesquisas que evidenciaram a existência de seis padrões de falhas de equipamentos; e c) surgimento de novas ferramentas e técnicas de manutenção, tais como o monitoramento de condições dos equipamentos, projetos de equipamentos com ênfase na manutenção e destaque no trabalho em equipe. Primeira geração: • Conserto após avaria Segunda geração: • Maior disponibilidade das máquinas • Maior vida útil dos equipamentos • Custos menores Terceira geração: • Maior disponibilidade e confiabilidade das máquinas • Maior segurança • Melhor qualidade dos produtos • Ausência de danos ao meio ambiente • Maior vida útil dos equipamentos • Maior risco 1940 1960 1980 20001950 1970 1990 2010 Gráfico 2: Evolução da Manutenção Fonte: adaptado de Moubray (2000). SEÇÃO 3 A MANUTENÇÃO A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, na norma NBR 5462 (1994) define o termo manutenção como a combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida. Item é qualquer parte, componente, dispositivo, subsistema, unidade funcional, equipamento ou sistema que possa ser considerado individualmente. Alguns autores como, por exemplo, Moubray (2000), preferem substituir a palavra item por ativo. Neste material utilizaremos o termo item físico para caracterizar a parte, o componente, o equipamento ou o sistema físico. Monchy (1989) menciona que a manutenção dos equipamentos de produção é um elemento chave tanto para a produtividade das indústrias quanto para a qualidade INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO 13 IN TR O D U Ç Ã O E E V O LU Ç Ã O D A M A N U TE N Ç Ã O Nesta unidade abordamos a definição, o histórico e a evolução da manutenção. Percebemos que a manutenção relaciona-se com a importância das máquinas/equipamentos para as organizações. Quanto maior a complexidade dos sistemas, maior deverá ser a importância da manutenção para garantir melhor disponibilidade e confiabilidade, segurança, qualidade dos produtos, ausência de danos ao meio ambiente e maior vida útil dos equipamentos. Na unidade a seguir abordaremos a terminologia utilizada na gestão da manutenção e as principais ferramentas de apoio gerencial. do produto. Em seus trabalhos estabelece uma analogia entre a saúde humana com a saúde da máquina, conforme o Quadro 1: ANALOGIA MEDICINA MANUTENÇÃO INDUSTRIAL SAÚDE HUMANA SAÚDE DA MÁQUINA Conhecimento do homem Conhecimento das doenças Carnê de saúde Nascimento Longevidade Boa saúde Morte Renovação, modernização, troca Retirada do estado de pane, reparo Conhecimento das ações curativas Diagnóstico, perícia, inspeção Dossiê da máquina Histórico Conhecimento dos modos de falha Conhecimento tecnológico Sucata Confiabilidade Durabilidade Entrada em operação Operação Tratamento curativo Conhecimento de tratamentos Diagnósitco, exame, visita médica Dossiê médico Quadro 1: Analogia saúde humana versus máquina Fonte: adaptado de Monchy (1989). Observa-se que a condição operacional da máquina/ equipamento depende da dedicação e do conhecimento que o gestor de manutenção e sua equipe tem sobre o sistema. Gerir a manutenção é cuidar da saúde do sistema. GESTÃO DA MANUTENÇÃO14 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O Para que você possa verificar se realmente compreendeu o conteúdo até aqui, responda às questões a seguir: 1 Como ocorreu a evolução das formas/políticas de manutenção? 2 Qual o enfoque da terceira geração de gerenciamento da manutenção? 3 Associe cada uma dos modelos de gestão da manutenção com seu surgimento: (A) Manutenção Produtiva Total ( ) Indústria nuclear (B) Manutenção Centrada em Confiabilidade ( ) Indústria japonesa (C) Manutenção Baseada no Risco ( ) Indústria aeronáutica Autoavaliação 1 INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO 15 IN TR O D U Ç Ã O E E V O LU Ç Ã O D A M A N U TE N Ç Ã O UNIDADE 2 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL SEÇÃO 1 Definições SEÇÃO 2 Ferramentas de apoio ao gerenciamento das falhas OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade, você terá condições de: � CONHECER os conceitos básicos relacionados às falhas; � CONHECER as ferramentas de apoio à Gestão da Manutenção. ROTEIRO DE ESTUDO Com o objetivo de alcançar o que está proposto a esta unidade, o conteúdo está dividido nas seguintes seções: 16 SEÇÃO 1 DEFINIÇÕES Funções UMA FUNÇÃO PODE ser definida como qualquer propósito pretendido para um processo ou produto. É aquilo que o usuário quer que o equipamento ou sistema faça (SOCIETY OF AUTOMOTIVE ENGINEERS, 1999). A definição de uma função deve consistir de um verbo, um objeto e o padrão de desempenho desejado. As funções podem ser divididas em funções principais e funções secundárias. A função principal de um equipamento está associada, principalmente, à razão pela qual foi adquirido. Geralmente os equipamentos são adquiridos para realizarem uma, possivelmente duas e não mais do que três funções principais. O objetivo da manutenção é assegurar o desempenho mínimo das funções principais. Na maioria das vezes, os equipamentos realizam outras funções além das funções principais. Essas funções são chamadas de secundárias e podem ser divididas nas seguintes categorias: a) integridade ambiental; b) segurança/integridade estrutural; c) controle, contenção e conforto; d) aparência; e) economiae eficiência; f) supérfluas. Embora geralmente menos importantes que as funções principais, as funções secundárias devem ser muito bem analisadas, pois podem trazer graves consequências em situações específicas (MOUBRAY, 2000). PADRÕES DE DESEMPENHO Os equipamentos são projetados e desenvolvidos para assegurar um padrão mínimo de desempenho, porém, em virtude do trabalho executado pelas máquinas, seus componentes acabam deteriorando- se. Entretanto, qualquer máquina ou componente que for colocado em operação deverá ser capaz de produzir mais do que o padrão mínimo de desempenho desejado pelo usuário. Esse limite de produção do equipamento é conhecido como capacidade inicial ou confiabilidade inerente do equipamento. Para um equipamento passível de manutenção, o desempenho desejado deve situar-se na zona compreendida entre o padrão mínimo de desempenho e a capacidade inicial. A manutenção deve manter o desempenho sempre acima do padrão de desempenho mínimo desejado pelo usuário. A determinação da capacidade inicial, bem como do desempenho mínimo PARA INICIAR NOSSOS ESTUDOS Para compreender melhor a gestão da manutenção é necessário entender alguns conceitos básicos. Esses conceitos e definições estarão diretamente relacionados com as ferramentas de apoio à gestão da manutenção e às estratégias de gestão da manutenção. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 17 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L que o usuário está preparado para aceitar no contexto do item físico que está sendo utilizado, é de relevante importância quando se deseja desenvolver um programa de manutenção. A definição de falha está diretamente ligada às funções desempenhadas pelo equipamento e aos padrões de desempenho dessas funções. CONTEXTO OPERACIONAL O contexto operacional está associado às condições (funções) nas quais o equipamento irá operar. O contexto operacional se insere inteiramente no processo de formulação estratégica da manutenção. As funções principais e secundárias, além da natureza dos modos de falha, de seus efeitos e consequências são afetadas pelo contexto de operação. A perfeita compreensão do contexto operacional requer que os seguintes fatores sejam considerados, segundo Moubray (2000). a) processos em lote e em fluxo; b) redundância; c) padrões de qualidade; d) padrões ambientais; e) padrões de segurança; f) turnos de trabalho; g) trabalho em processo; h) tempo de reparo; i) peças de reposição; j) demanda de mercado; k) suprimento de matéria-prima. QUEBRA É a ocorrência que provoca a interrupção das funções do componente, impossibilitando o uso do equipamento. A quebra tem o mesmo significado que Falha Funcional e esse termo deveria ser usado em vez de quebra. No entanto, é um termo muito utilizado principalmente porque a literatura que aborda os aspectos de qualidade o utiliza. CAPACIDADE INICIAL (o que o item pode fazer) DESEMPENHO MÍNIMO DESEJADO (o que o usuário quer que faça) DE SE M PE N H O Margem para deterioração Esquema 1: Capacidade inicial e desempenho mínimo desejado de um item Fonte: adaptado de Moubray (2000). GESTÃO DA MANUTENÇÃO18 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O FALHA No ambiente da MPT, a falha pode ser entendida como a ocorrência que provoca a deterioração das funções, prejudicando a produção. Podemos definir falha pode ser definida como a incapacidade do equipamento de fazer o que o usuário quer que ele faça. Essa definição é vaga, pois não distingue claramente o estado de falha (falha funcional) e os eventos (modos de falha) que causam o estado de falha. FALHAS FUNCIONAIS Para Moubray (2000), é preferível definir falhas em termos de perda da função específica, ao invés do equipamento como um todo. Para descrever estados de falha ao é necessário um melhor entendimento dos padrões de desempenho. Aplicando os padrões de desempenho às funções individuais, a falha enfocada, em termos de falha funcional, é definida como a incapacidade de qualquer item físico cumprir uma função para um padrão de desempenho aceitável pelo usuário. FALHAS POTENCIAIS Falha potencial é uma condição identificável que indica se a falha funcional está para ocorrer ou em processo de ocorrência (MOUBRAY, 2000). Para Xenos (1998) o conceito de falha potencial leva em consideração o fato de que muitas falhas não acontecem repentinamente, mas se desenvolvem ao longo do tempo. A falha potencial representa o ponto onde o item físico começa a apresentar perda do desempenho da função. Segundo Lima (2000), a falha potencial pode ser definida como a perda parcial da função, estipulada com base em um padrão de desempenho estabelecido. O Gráfico 3 permite identificar a relação entre falha potencial e falha funcional. Nele podemos identificar três períodos de tempo distintos na ocorrência de uma falha: a) um período de tempo entre uma condição normal de operação até o início da falha; b) um segundo período de tempo entre o início da falha até o aparecimento de um sinal da falha; c) um terceiro período de tempo que se estende desde o aparecimento do sinal da falha até a sua ocorrência. Moubray (2000) afirma que a falha potencial é o ponto P no processo de falha, onde é possível detectar se a falha está ocorrendo ou está para ocorrer. O ponto F representa o ponto de falha funcional. Assim, o intervalo P-F corresponde ao intervalo entre o ponto onde a falha torna-se detectável até a sua ocorrência. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 19 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L Gráfico 3: Intervalo P-F Fonte: Moubray (2000, p. 144). MODO DE FALHA Um Modo de Falha é definido como qualquer evento que possa levar um ativo (equipamento, sistema ou processo) a falhar (SOCIETY OF AUTOMOTIVE ENGINEERS, 1999). O Modo de Falha está associado às prováveis causas de cada falha funcional. Segundo Helman (1995), modos de falha são eventos que levam, associados a eles, uma diminuição parcial ou total da função do produto e de suas metas de desempenho. A descrição de um modo de falha deve consistir de um substantivo e um verbo. Deve-se observar, no entanto, que a escolha do verbo a ser usado deve ser realizada com cuidado, pois influencia fortemente o gerenciamento das falhas. A identificação dos modos de falha de um equipamento é um dos passos mais importantes no desenvolvimento de qualquer programa que pretenda assegurar que o equipamento continue a executar suas funções previstas. Quando em um sistema ou processo cada modo de falha foi identificado, torna-se possível verificar suas consequências e planejar ações para corrigir ou prevenir a falha. Na prática, dependendo da complexidade do equipamento, do contexto operacional e do nível em que está sendo feita a análise, normalmente são listados de um a trinta modos de falha como causas da falha funcional (MOUBRAY, 2000). Alguns dos modos de falha típicos que podem gerar a falha funcional são: fratura, separação, deformação, desgaste, corrosão, abrasão, desbalanceamento, rugosidade, desalinhado, trincamento, mal montado, encurtamento, etc. (BLOCH; GEITNER, 1997; HELMAN, 1995). Nepomuceno (1989) comenta ainda que para que certa falha conduza a um modo de falha em particular, deve existir algum mecanismo de falha, que pode ser um processo metalúrgico, químico, térmico ou tribológico. Os modos de falha podem ser classificados em um dos três grupos a seguir: a) quando a capacidade reduz-se abaixo do desempenho desejado; b) quando o desempenho desejado fica acima da capacidade inicial; e c) quando o item físico não é capaz de realizar o que é desejado. De acordo com da Rosa (2008) e Dias (2006),os modos de falha podem ser classificados de diversas maneiras, mas um modo necessário e bastante GESTÃO DA MANUTENÇÃO20 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O Ponto onde a falha inicia Ponto de falha potencial Ponto de falha funcional Tempo P FCo nd iç ão Intervalo P-F útil está relacionado com a variável tempo, ou vida acumulada do sistema afeta a possibilidade de ocorrência: a) modos de falhas independentes do tempo; b) modos de falha dependentes do tempo. Os modos de falha independentes do tempo caracterizam-se pelo fato de que a chance de ocorrerem é a mesma em qualquer instante da vida útil do sistema em estudo, ou seja, tanto podem ocorrer logo no início da vida, como ao fim desta, com igual possibilidade. São conhecidos também por modos de falhas por sobrecarga. Quando associados a sistemas estruturais, esses modos são: a) início de escoamento; b) colapso plástico; c) flambagem; d) ruptura dúctil; e) ruptura frágil; f) deslocamento excessivo. Nos modos de falha dependentes do tempo, a falha só acontece quando ocorreu um certo tempo mínimo de uso do sistema, pois os mecanismos envolvem a necessidade de um dano progressivo no material, que vai se acumulando com o tempo até desencadear a falha. Os modos de falha dependentes do tempo são também chamados de modos de falha por envelhecimento, por acúmulo de dano ou por desgaste. De acordo com da Rosa (2008) e Dias (2006), alguns destes modos de falhas para sistemas mecânicos são: a) corrosão; b) corrosão sob tensão; c) fadiga; d) desgaste adesivo; e) desgaste abrasivo; f) fluência; g) deformação plástica progressiva. MECANISMO DE FALHA O mecanismo de falha é uma descrição de como acontece a falha do sistema, do fenômeno responsável pelo modo de falha. Estabelece a sequencia de eventos e que grandezas controlam esses eventos. É uma descrição qualitativa da falha. Geralmente o modo de falha é desencadeado por algum tipo de fenômeno físico ou químico. CRITÉRIO DE FALHA O critério de falha tem como objetivo quantificar o mecanismo de falha de um componente ou sistema, sendo associado diretamente com o modo de falha. A utilização do critério de falha confere um caráter quantitativo à análise, ou seja, consegue-se avaliar a proximidade do sistema entrar na condição de falha. No Esquema 2, da Rosa (2008) apresenta um exemplo, caracterizando a relação entre modo de falha, mecanismo de falha e critério de falha. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 21 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L Esquema 2: Exemplo de relação entre modo de falha, mecanismo de falha e critério de falha Fonte: adaptado de da Rosa (2008). CAUSA DA FALHA A causa da falha representa os eventos que geram (provocam, induzem) o aparecimento do tipo modo de falha, e pode ser detalhada em diferentes níveis para diferentes situações. A causa da falha pode estar associada à: a) falha de projeto; b) falha de manufatura; c) falha de uso (BLOCH; GEITNER, 1997). EFEITOS DA FALHA Conforme Moubray (2000), os efeitos de falhas descrevem o que acontece quando um modo de falha ocorre. Para Helman (1995) os “efeitos das falhas” são entendidos como as formas ou os modos de falha afetam o desempenho do sistema do ponto de vista do cliente. Alguns efeitos típicos em máquinas e equipamentos em geral são: a) esforço de operação excessivo; b) vazamento de ar; c) desgaste prematuro; d) consumo excessivo, etc. (HELMAN, 1995). Deve-se ter o cuidado de não confundir efeito da falha com consequências da falha. O efeito da falha responde a questão “O que acontece quando o modo de falha ocorre?”, enquanto a consequência da falha responde a questão “Quais GESTÃO DA MANUTENÇÃO22 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O Modo de falha Ruptura dúctil Mecanismo de falha Nucleação, crescimento e coalescimento de vazios, criados em torno de impurezas do material. Ocorre quando a deformação plástica atinge um valor limite. Ruptura final por cisalhamento. Localização da falha A falha inicia no ponto crítico, mas necessita se propagar por toda a seção. Critério de falha A deformação equivalente no ponto atingiu um valor εt*, que é função do estado de tensão no ponto. É um critério difícil de ser aplicado pela dificuldade de cálculo. Um critério aproximado é usar σ1Máx=σf e εpeq=εt* Carga limite Carga de início de escoamento: FR; MR; qR; TR; QR. Causa da falha Falha de projeto Falha de resistência Falha de manufatura Falha de uso inadequado Falha de manuseio Falha de envelhecimento Projeto Manufatura Uso Organograma 1: Causa de falha são as consequências quando o modo de falha ocorre?”. A interligação entre Função, Modo de Falha, Causa Potencial e Efeitos pode ser visualizada no Esquema 3. CONSEQUÊNCIAS DAS FALHAS Cada vez que ocorre alguma falha, a empresa que usa o item é afetada de alguma maneira. As falhas podem abalar a produção, a qualidade do serviço ou do produto, a segurança e o meio ambiente, podendo incorrer em aumento do custo operacional e do consumo de energia. A natureza e a severidade dessas consequências orientam a maneira como será vista a falha pela empresa. A combinação do contexto operacional, dos padrões de desempenho e dos efeitos indica que cada falha tem um conjunto específico de consequências a ela associadas. Se tais consequências forem muito severas para a empresa, grandes esforços deverão ser realizados para evitar ou reduzir a falha. Porém, falhas que provocam pequenas consequências não requerem que medidas proativas sejam tomadas. Nesses casos, é mais sensato corrigir a falha após a ocorrência (MOUBRAY, 2000). Por essa ótica, a análise da manutenção sugere que as consequências da falha são muito mais importantes do que suas características técnicas. Dessa forma, qualquer tarefa só deve ser aplicada se tratar com sucesso as consequências da falha e os meios de evitá-las. A análise das consequências da falha requer que essas sejam divididas em falhas evidentes e ocultas. Uma falha evidente é aquela que, ao ocorrer, torna-se aparente para o grupo de operação ou manutenção sob condições normais. Essas falhas podem provocar a parada da máquina, a perda da qualidade do produto ou ainda podem estar acompanhadas de efeitos físicos, como: odor incomum, ruído elevado, escape de vapor, gotejamento de água ou óleo, dentre muitos outros. As falhas evidentes são classificadas em três categorias, em ordem decrescente de importância: com Esquema 3: Interligação entre Causa, Modo de falha e Efeitos Fonte: Zaions (2003, p. 48). CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 23 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L Causas Efeitos Afeta Modo de falha Função consequência sobre a segurança humana e ambiental, com consequências operacionais e com consequências não operacionais (MOUBRAY, 2000). As falhas ocultas ocorrem sem que ninguém perceba que o item físico encontra-se em estado de falha. Elas não têm um impacto direto, porém expõem a empresa a falhas múltiplas com consequências que podem ser graves ou até mesmo catastróficas. Tais falhas estão geralmente associadas à operação de dispositivos de segurança e proteção, utilizados com o objetivo de evitar ou reduzir as consequências das falhas evidentes. Esquema 4: Consequências das falhas Fonte: adaptado de Zaions (2003). SEÇÃO 2 FERRAMENTAS DE APOIO AO GERENCIAMENTO DAS FALHAS Nesta seção serão apresentadas as principais ferramentas para o apoio da gestão da manutenção. Elas são aplicadas durante a realização das atividades previstas no gerenciamento da manutenção. Análise de modos e efeitos de falha – FMEA A ANÁLISE DE Modose Efeitos de Falhas, traduzido do inglês FMEA (Failure Mode and Effects Analysis), foi desenvolvida inicialmente nas forças armadas norte-americanas, tendo suas origens no procedimento militar MIL-P-1629 (O’CONNOR, 1991). A FMEA é reconhecida como uma das ferramentas mais empregadas na engenharia de confiabilidade, devido, principalmente, à sua praticidade e aplicação quantitativa (SMITH, 1993). Helman (1995, p. 17) define a técnica da FMEA como “[...] um método de análise de projetos (de produtos ou processos, industriais ou administrativos) usado para identificar todos os possíveis modos potenciais de falhas e determinar o efeito de cada um sobre o desempenho do sistema (produto ou processo), mediante um raciocínio basicamente dedutivo.” Pinto e Nasif (1999) afirmam que GESTÃO DA MANUTENÇÃO24 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O 1 - Segurança humana e ambiental a) morte; b) ferimentos; c) poluição. 2 - Operacionais a) produção total; b) qualidade do produto; c) serviço de atendimento ao cliente; d) custos operacionais. 3 - Não operacionais a) perdas de oportunidade; b) perdas de competitividade; c) problemas econômicos. CONSEQUÊNCIAS DA FALHA a manutenção está mais envolvida com a FMEA de processos, pois nessa fase os equipamentos estão instalados e operando. Hoyland e Rausand (apud SCHENEIDER, 2001) mencionam os seguintes objetivos da FMEA: a) assegurar que todos os modos de falha e seus efeitos sobre o sistema sejam considerados; b) listar potenciais falhas e a magnitude de seus efeitos; c) prever bases para estabelecer prioridades nas ações corretivas. O desenvolvimento da FMEA é fortemente documentado, permitindo padronizar procedimentos, realizar um registro histórico de falhas, que posteriormente poderá ser utilizado em outras revisões do processo ou do produto e selecionar e priorizar projetos de melhoria (HELMAN, 1995). A FMEA pode ser conduzida a partir de duas abordagens: Botton-up e Top-down. A abordagem Botton- up inicia a análise no nível do componente. A abordagem Top-down inicia a análise no nível do sistema, descendo até o nível do componente (HOYLAND e RAUSAND, 1994 apud SCHENEIDER, 2001). As informações referentes a cada falha funcional são analisadas e repassadas a uma planilha que assegurará uma perfeita documentação dos modos de falha associados a cada falha funcional, suas causas e seus efeitos. O Quadro 2 ilustra uma planilha típica da FMEA. De acordo com esse modelo, é apresentado, na sequencia, os campos relevantes relacionados com a numeração e sua forma de utilização: 1 Cabeçalho: identifica o sistema e subsistema funcional, bem como a equipe de análise da FMEA; 2 Equipamento: campo destinado à identificação do código e nome do equipamento que pertence ao subsistema e provoca, por sua vez, a falha funcional; 3 Função: identifica a função do subsistema; 4 Modo de Falha: campo destinado a identificar o código do modo de falha e descrever a forma como o equipamento em questão Quadro 2: Formulário FMEA Fonte: Zaions (2003, p. 54). CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 25 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L PLANILHA DE ANÁLISE DE MODOS E EFEITOS DE FALHAS Sistema Sistema no Equipe Data Folha no (01) Subsistema Subsistema no Analista Data de Equipamento Função Modo de falha Causa da falha Efeitos da falha Consequencias da falha Fatores S O D R (02) (03) (04) (05) (06) (07) (08) (09) (10) (11) poderá apresentar a falha; 5 Causa da Falha: campo destinado a identificar o código da falha e descrever a causa raiz do modo de falha; 6 Efeitos da Falha: descreve os efeitos que o modo de falha apresenta, ou seja, de que forma a falha se manifesta; 7 Consequências da Falha: campo destinado a identificar de que maneira a empresa é afetada quando ocorre o modo de falha; 8 Severidade (S): campo destinado à indicação do índice de severidade da falha. O critério severidade quantifica a gravidade da falha potencial, analisando a consequência da falha e seu impacto no sistema; 9 Ocorrência (O): campo destinado à indicação do índice de ocorrência da falha. O critério ocorrência traduz de forma qualitativa a probabilidade de falha da função pretendida. A avaliação da ocorrência da falha deve ser bastante criteriosa, pois a subestimativa desse parâmetro poderá acarretar em taxas de falhas não previstas. 10 Detecção (D): campo destinado à indicação do índice de detecção da falha. O critério de detecção é o indicador da capacidade do operador ou da equipe de manutenção detectar o modo de falha potencial antes que o sistema realmente falhe. Uma detecção baixa indica que o sistema poderá parar sem dar um prévio aviso. Dependendo da severidade atribuída ao evento, poderá estar ocorrendo um grande risco de permitir uma falha catastrófica. Logo, a definição dos índices de detecção deve ser realizada com muita ponderação, evitando superestimar o equipamento em análise; 11 Grau de Risco (R): campo destinado à indicação do grau de risco da falha. O grau de risco é um índice que prioriza as ações a serem tomadas sobre os modos de falha. É igual ao produto da severidade pelo fator de ocorrência e de detecção. Esse índice permite uma hierarquização dos modos de falhas, que podem ser classificados em ordem decrescente de criticidade. As escalas de avaliação de severidade, de ocorrência e de detecção dos modos de falhas sugeridas por Lafraia (2001) para a FMEA podem ser vistas nos quadros a seguir: GESTÃO DA MANUTENÇÃO26 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O Freqüência de Falha Possíveis Taxas de Falha Índice Muito alta: falha é quase inevitável 1 em 2 10 1 em 8 9 Alta: falhas repetidas 1 em 20 8 1 em 40 7 Moderada: falhas ocasionais 1 em 80 6 1 em 400 5 1 em 1000 4 Baixa: relativamente poucas falhas 1 em 4000 3 1 em 200000 2 Remota < 1 em 106 1 Quadro 3:Escala sugerida para avaliação da severidade dos modos de falha Fonte: Lafraia (2001, p. 112) Quadro 4: Escala sugerida para avaliação da ocorrência dos modos de falha Fonte: Lafraia (2001, p. 113). Detecção Detecção do Efeito Índice Absolutamente indetectável O modo de falha não será detectável com certeza. 10 Muito baixa O modo de falha é provavelmente muito pouco detectável. 9 Baixa Não é provável que o modo de falha seja detectável. 8 7 Moderada Há 50 % de chance de detectar o modo de falha. 6 5 Alta Há boa chance de detectar o modo de falha. 4 3 Muito alta O modo de falha será, certamente, detectado durante a operação do sistema. 2 1 Quadro 5: Índice sugerido para avaliação da detecção dos modos de falha Fonte: Lafraia (2001, p. 113). CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 27 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L Severidade Severidade do Efeito Índice Muito alta Envolve riscos à operação segura do sistema e/ou descumprimento dos requisitos legais. 10 9 Alta Provoca um alto grau de insatisfação do cliente. O sistema se torna inoperante. A falha não envolve riscos à segurança operacional ou descumprimento de requisitos legais. 8 7 Moderada A falha ocasiona razoável insatisfação ao cliente. O cliente ficará desconfortável e irritado com a falha. O cliente notará razoável deterioração no desempenho do sistema. 6 5 4 Baixa A falha causa pequenos transtornos ao cliente. O cliente notará, provavelmente, leves variações no desempenho do sistema. 3 2 Marginal A falha não teria efeito real no sistema. O cliente, provavelmente, nem notaria a falha. 1 Normas e autores definem suas próprias metodologias para a análise e documentação das informações da FMEA. Moubray (2000) e Smith (1993) não avaliam a severidade, detectabilidade e criticidade dafalha. O método de análise e documentação sugerido por Moubray (2000) prioriza as funções do sistema e suas respectivas falhas funcionais. O método de documentação definido por Smith (1993), além de priorizar as funções do sistema e suas falhas funcionais, também apresenta os equipamentos associados a cada falha funcional. Assim, é possível associar cada modo de falha com seu respectivo equipamento, embora todos os métodos encontrados na literatura incluam a descrição do modo de falha, da causa potencial da falha e do efeito da falha. Análise da árvore de falhas – FTA O MÉTODO DA Análise da Árvore de Falhas foi desenvolvido por H. A. Watson em 1961-1962. Os primeiros artigos sobre o método foram apresentados em 1965 no Simpósio de Segurança, patrocinado pela Universidade de Washington e a Boeing Company. Posteriormente, o método foi adaptado e utilizado em aspectos diversos, associados a projetos de máquinas e equipamentos e até na análise de processos industriais ou administrativos (HELMAN, 1995). O Método da Análise da Árvore de Falhas, traduzido do inglês Faut Tree Analysis (FTA), é uma técnica dedutiva formalizada que permite a investigação das possíveis causas da ocorrência de estados pré- identificados do sistema. Esses estados, referidos como eventos de topo, estão associados com o comportamento anormal do sistema, causados por uma falha do equipamento, ou erros humanos e/ou perturbações externas (SAKURADA, 2001). Ebeling (1997) menciona que a Análise da Árvore de Falhas é uma técnica gráfica de análise dedutiva, estruturada em termos de eventos ao invés de componentes. É um método de análise de falhas do tipo Top-down, cuja análise inicia com um evento indesejável, como uma falha ou mal função, chamado evento de topo e, então, são determinadas todas as maneiras na qual esse evento de topo pode ocorrer. Os benefícios da utilização da Análise de Árvore de Falhas, segundo Helman (1995) e Scapin (1999) são: a) auxiliar na identificação dos modos de falha do sistema; b) apontar os aspectos do sistema mais relevantes em relação a uma falha de interesse; c) facilitar uma maior compreensão do comportamento do sistema; d) facilitar a elaboração do FMEA por meio do encadeamento lógico das falhas do sistema; e) definir planos de manutenção de equipamentos centrados em confiabilidade; f) identificar procedimentos de manutenção com o objetivo de diminuir a probabilidade de quebra; GESTÃO DA MANUTENÇÃO28 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O g) permitir que o analista concentre-se em uma falha do sistema por vez; e h) possibilitar análises qualitativas e quantitativas. As finalidades da elaboração de uma Árvore de Falhas, segundo Helman (1995) são: a) estabelecer um método padronizado de análise de falhas ou problemas, verificando como ocorrem em um equipamento; b) analisar a confiabilidade de um produto ou processo; c) compreender os modos de falha de um sistema, de maneira dedutiva; d) priorizar ações corretivas a serem tomadas; e) analisar e projetar sistemas de segurança ou alternativos em equipamentos; f) compilar informações para manutenção de sistemas e elaboração de procedimentos de manutenção; g) indicar claramente os componentes mais críticos ou as condições críticas de operação; h) compilar informações para treinamento de operadores de equipamentos; i) compilar informações para planejamento de testes e inspeções; j) simplificar e otimizar equipamentos. ELEMENTOS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DE ÁRVORE DE FALHAS Com o objetivo de visualizar as relações casuais entre os vários níveis hierárquicos a partir da falha de topo, são utilizados dois grupos de símbolos: portas lógicas e eventos (SCAPIN, 1999). A Árvore de Falhas, apresentada no Esquema 5, ilustra o que é um nível hierárquico, uma porta lógica e um evento. Essa árvore apresenta dois níveis hierárquicos. Os eventos relacionados diretamente com o evento topo (falha de topo) representam o primeiro nível hierárquico. Os eventos relacionados aos eventos abaixo do primeiro nível hierárquico representam os eventos do segundo nível hierárquico. O desdobramento dos níveis hierárquicos é realizado empregando-se as portas lógicas “e” e “ou” que representam as relações causais entre os eventos de entrada e saída. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 29 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L Esquema 5: Representação dos níveis hierárquicos em uma árvore de falhas Fonte: Zaions (2003, p. 60). O Quadro 6 apresenta as portas lógicas “E” e “OU” e suas relações causais. Os símbolos de eventos utilizados com mais frequência na árvore de falhas são apresentados no Quadro. Símbolo Nome Relação causal E O evento de saída “A” ocorre se todos os eventos de entrada “B1, B2 ...Bn” ocorrerem simultaneamente. OU O evento de saída “A” ocorre se pelo menos um dos eventos de entrada “B1, B2 ...Bn” ocorrerem. Quadro 6: Portas Lógicas “E” e “OU” Fonte: Zaions (2003, p. 60). GESTÃO DA MANUTENÇÃO30 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O Evento de topo Primeiro nível hierárquico Segundo nível hierárquico e e ou 11 A A B1 B1 B2 B2 ...Bn ...Bn Símbolo Descrição do evento Evento representando combinação de outros eventos através da associação de portas lógicas. Evento básico. Evento não desenvolvido. Símbolo de transferência. Quadro 7: Representação de eventos Fonte: Zaions (2003, p. 61). O evento denotado por um retângulo representa um evento de falha resultante de uma combinação de eventos básicos por meio de portas lógicas (O’CONNOR, 1991). O evento denotado por um círculo representa um evento de falha básica. É um evento elementar independente de outros eventos (O’CONNOR, 1991; EBELING, 1997). A análise termina com um evento básico que não apresenta eventos abaixo dele. Conforme Scapin (1999), esses eventos são aqueles onde é possível obter informações de confiabilidade (tempo médio entre falhas, tempo médio até a falha, confiabilidade, taxa de falhas, etc.). Sakurada (2001) afirma que o evento básico é um evento que é o componente em si e, uma vez ocorrido, deve ser reparado ou substituído. O evento simbolizado por um losango representa um evento não desenvolvido em decorrência da falta de informação (SCAPIN, 1999). Tais eventos são incluídos na árvore de falha, pois essa é uma ferramenta de comunicação; entretanto, são freqüentemente removidos antes de uma análise quantitativa. O evento denotado por um triângulo representa um evento de transferência. Geralmente, é usado para interligar seções da árvore de falha que não são contínuas ou aparecem em páginas diferentes. O par de triângulos transfer-in e transfer-out se referem a duas partes idênticas de relações causais. Os triângulos que apresentam o mesmo número se referem aos mesmos eventos. O triângulo transfer-out possui uma linha ao seu lado que sai de uma porta lógica de onde serão CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 31 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L Retângulo Círculo Losango “Transfer out” e “transfer in” usados os eventos, enquanto que o triângulo transfer-in apresenta uma linha que sai de seu topo e vai para outra porta lógica e representa o ponto para onde serão transferidas cópias dos eventos. Os principais passos para a análise da árvore de falhas são: a) definir o sistema, suas fronteiras e o evento topo; b) construir a árvore de falhas que represente simbolicamente o sistema e seus eventos relevantes; c) efetuar uma avaliação qualitativa, identificando a combinação de eventos que causa o evento topo; d) realizar uma avaliação quantitativa, determinandoa probabilidade de falha ou indisponibilidade dos eventos básicos e calcular a probabilidade do evento topo. Para construir a árvore de falhas, realiza-se uma análise do tipo Top- down, iniciando com os eventos de topo, que são os eventos indesejáveis, os quais se quer evitar. A partir disso, as causas associadas diretamente com o evento de topo são determinadas, correspondendo aos eventos do primeiro nível hierárquico. A análise prossegue para os eventos de segundo nível hierárquico e assim por diante, dependendo da complexidade do sistema, das informações do sistema e das informações sobre as falhas. Dependendo do maior ou menor detalhamento da árvore de falhas, tem-se uma determinada quantidade de níveis hierárquicos. Finalmente, define-se o relacionamento entre os eventos por meio do uso das portas lógicas. DIAGRAMA DE ISHIKAWA O Diagrama de Ishikawa é utilizado para realização do "Brainstorming” e da organização de análises de falha, por meio da identificação dos fatores causais do Modo de Falha dentre os Seis Fatores de Processo (Medição, Método, Material, Meio Ambiente, Mão de Obra e Máquina), conhecidos por 6M's. Esquema 6: Diagrama de Ishikawa ANÁLISE DOS CINCO PORQUÊS A análise dos cinco porquês consiste em perguntar o porquê da ocorrência de cada causa provável, permitindo obter as causas fundamentais da falha. GESTÃO DA MANUTENÇÃO32 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O MEDIÇÃO MEIO AMBIENTE MÉTODO MÃO DE OBRA MATERIAL MÁQUINA Modo de falha Falha funcional Quebra Causas prováveis Esquema 7: Análise dos cinco porquês para determinação das causas fundamentais RESUMINDO Nesta seção apresentamos alguns conceitos básicos sobre as falhas e as principais ferramentas de apoio à gestão da manutenção. Você pode encontrar na internet alguns softwares livres e outros pagos para o FMEA e FTA. Pesquise no Google com as palavras-chaves open FMEA, open FMECA, open FTA. No site Industrial Maintance Portal, disponível no endereço <http://www. reliability-centred-maintenance.com/> você encontrará diversos softwares para a utilização na gestão da manutenção. CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 33 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L CAUSA PROVÁVEL 1O Por quê? 2O Por quê? 3O Por quê? 4O Por quê? 5O Por quê? Causas fundamentais 1 A figura mostra um sistema de bombeamento de um processo formado por (1) Motor elétrico; (2) Acoplamento; (3) Bomba; (4) Reservatório inferior e (5) Reservatório superior. O processo produtivo da indústria de celulose e papel consome 3000 litros/hora de água. A bomba pode liberar até 5000 litros/hora de água. Com bases nessas informações, associe as colunas: (A) Capacidade inicial ( ) Desgaste do selo mecânico da bomba. (B) Desempenho mínimo esperado ( ) Aperto inadequado do selo mecânico. (C) Contexto operacional ( ) Bombear não menos do que 3000 litros/hora de água. (D) Falha funcional ( ) Para completamente o processo de fabricação de papel. (E) Modo de falha ( ) 5000 litros/hora. (F) Causa da falha ( ) Utilização para transporte de água na indústria de celulose e papel. (G) Efeito da falha ( ) Vazamento de água no piso. (H) Consequência da falha ( ) 3000 litros/hora. (I) Função ( ) Não bombeia água suficiente. Autoavaliação 2 GESTÃO DA MANUTENÇÃO34 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O Indústria de celulose e papel A bomba pode liberar até 5000 litros/hora Saída do Tanque 3000 litros/hora CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FALHAS E FERRAMENTAS DE APOIO GERENCIAL 35 C O N C E IT O S B Á S IC O S S O B R E F A LH A S E F E R R A M E N TA S D E A P O IO G E R E N C IA L UNIDADE 3 INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL SEÇÃO 1 As doze etapas para implantação da MPT SEÇÃO 4 As práticas mais importantes da MPT SEÇÃO 2 Estrutura da Manutenção Produtiva Total OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final desta unidade, você terá condições de: � CONHECER os principais pilares da Manutenção Produtiva Total; � ESTUDAR a organização e planejamento para implementação da Manutenção Produtiva Total. ROTEIRO DE ESTUDO Com o objetivo de alcançar o que está proposto a esta unidade, o conteúdo está dividido nas seguintes seções: SEÇÃO 3 Organização e coordenação 36 PARA INICIAR NOSSOS ESTUDOS Nesta unidade descreveremos as etapas para implantação da Manutenção Produtiva Total (MPT) em uma organização. Veremos que a estrutura que suporta a MPT é dividida em oito pilares que são coordenados pelo pessoal de gerência e supervisão e operacionalizados pelos funcionários da operação e manutenção. Há, também, quatro práticas importantes que devem ser constantemente realizadas para garantir o sucesso da implantação, as quais veremos nesta unidade. SEÇÃO 1 AS DOZE ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DA MPT Podemos definir a metodologia da Manutenção Produtiva Total, como uma série de métodos destinados a garantir que cada máquina, em um processo de produção, esteja sempre em condições de realizar tarefas necessárias para que a produção jamais seja interrompida, buscando a falha zero e quebra zero dos equipamentos, associada ao defeito zero nos produtos e perda zero no processo, atuando diretamente no lucro da empresa à medida que melhora a produtividade e, consequentemente, adquire maior competitividade. O êxito da MPT depende da participação direta de operadores e mantenedores qualificados para conhecer perfeita e continuamente o funcionamento e o estado do equipamento a fim de prevenir e evitar falhas. Metodologia Equipamentos Processos Produto Quebra zero Falha zero Perda zero Defeito zero De modo a garantir Conjunto de métodos{MPT Esquema 8: Síntese da Manutenção Produtiva Total Algumas das principais características do Programa MPT são: a) engloba todo o ciclo de vida útil dos equipamentos e máquinas; b) exige a participação direta da engenharia, produção e manutenção; INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 37 IN TR O D U Ç Ã O À M A N U TE N Ç Ã O P R O D U TI VA T O TA L c) facilita a participação de todos os níveis hierárquicos da empresa; d) motiva os funcionários por meio dos trabalhos realizados em equipe. Os benefícios que podem ser alcançados com a implementação do Programa MPT são: a) maior controle de peças de reposição e redução de estoque; b) melhoria das habilidades técnicas, desenvolvidas através da educação e treinamento, para atingir um grau elevado de motivação, participação e orgulho profissional; c) incentiva a análise de riscos e falhas à medida que os operadores e mantenedores participam das decisões diretamente. O Esquema 9 apresenta as etapas para a condução da MPT na visão de Nakajima (1989) com a inserção da 11ª etapa na visão de Lima (2000). Existem quatro grandes fases: preparação, introdução, implementação e consolidação. A MPT significa a reformulação da postura tanto dos homens como das máquinas. Em outras palavras, a sua abrangência é por toda a organização, ou seja, trata-se da reformulação para uma nova empresa. Essas mudanças provam a consolidação do novo sistema, pois quando o homem decide por uma realização e aprimora a sua capacidade, a Perda Zero / Falha Zero torna-se viável (NAKAJIMA, 1989). GESTÃO DA MANUTENÇÃO38 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O 1. Decisão e manifestação da alta direção sobre a decisão de introduzir a MPT. Essa manifestação deve acontecer num encontro interno da empresa sobre MPT, e deve ser publicada num boletim interno da empresa. Executivos: Realizam estudos em grupo, conforme os cargos que ocupam. Funcionários em geral: passam por seções orientados por projeção de "slides" ou outros recursos. Comissão ou grupos de estudopor especialidade. Secretaria. Convites: - Clientes; - Empresas Relacionadas; - Empresas Colaboradoras. Seleção de um equipamento modelo: organização de uma equipe de projetos. Método de evolução passo a passo, diagnóstico e aprovação. (Manutenção Autônoma). Manutenção periódica, manutenção preditiva, controle de construções, peças sobressalentes, ferramentas e desenhos. Inscrição ao prêmio PM: busca de maior desafio através de objetivos cada vez mais ambiciosos. Treinamento concentrado dos líderes: treinamento das outras pessoas envolvidas. (Educação e Treinamento). Projeto MP: controle de flutuação na fase inicial: LCC. Desde os preparativos para introdução até os detalhes da implantação. Benchmark e metas: previsão dos resultados. 2. Campanha de divulgação e treinamento para introdução da MPT. 4. Estabelecimento de diretrizes básicas e metas para a implantação da MPT. 8. Estruturação da manutenção por iniciativa própria. 9. Estruturação da manutenção programada pelo departamento de manutenção. 10. Treinamento para melhora do nível de capacitação da operação e da manutenção. 11. Estruturação do controle da fase inicial de operação dos equipamentos. 12. Aplicação total da MPT e elevação do nível geral. 7. Aperfeiçoamento individualizado nos equipamentos para melhorar rendimento operacional. 5. Elaboração do plano diretor para implantação da MPT. 6. Início do programa de MPT. 3. Estrutura para implantação da MPT.F as e 1 Fa se 2 Fa se 3 Fa se 4 Esquema 9: As 12 etapas para implantação da MPT Fonte: Nakajima (1989). INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 39 IN TR O D U Ç Ã O À M A N U TE N Ç Ã O P R O D U TI VA T O TA L GESTÃO DA MANUTENÇÃO40 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O As etapas apresentadas no Esquema 9 serão discutidas nos parágrafos que seguem: Primeira etapa: Decisão e manifestação oficial da alta administração sobre a decisão de introduzir a MPT Segundo Wyrebski (1997), a decisão da alta direção de adotar a MPT deverá ser divulgada para todos os funcionários, pois todos deverão se preparar psicologicamente para colaborar na consecução das expectativas e metas a serem atingidas com o programa em questão. Shirose (1990) sugere as seguintes ações: a) em reunião de diretoria ou com as gerências, a alta direção deverá declarar sua decisão pela introdução do MPT; b) organizar eventos, como seminários e encontros sobre MPT, direcionados para todos os executivos e pessoal de chefia da empresa. Nessas etapas, a direção deverá afirmar novamente sua decisão de introduzir a MPT; c) publicar essa declaração no boletim interno da empresa. Shirose (1990) complementa que nesta primeira etapa é recomendável que a MPT seja desenvolvida a nível de empresa como um todo. Contudo, quando se tratar de uma empresa de grande porte e que possua muitas divisões em vários locais, devem- se selecionar algumas divisões ou localidades como modelos e efetuar nestes a introdução piloto da MPT. A partir dos resultados obtidos nessas áreas piloto, pode-se passar a difundir a MPT por toda a empresa. Porém, mesmo quando se fizer a introdução da MPT em apenas algumas divisões ou localidades, o presidente deverá manifestar aos funcionários sua decisão pela introdução da MPT e que ele próprio dedique grande entusiasmo ao projeto. Segunda etapa: Campanha para introdução, divulgação e treinamento da MPT Para Wyrebski (1997) a MPT é um movimento para o aperfeiçoamento da empresa por meio do aprimoramento das pessoas e dos equipamentos. Assim, à medida que se faz treinamento para a introdução da MPT em todos os níveis hierárquicos, consegue-se maior compreensão sobre o assunto por todos, que, além disso, passarão a utilizar uma linguagem comum, aumentando sua vontade para enfrentar o desafio proposto pela MPT. Nessa etapa deverá ser implementado um programa de conscientização veiculando o conceito, a filosofia e os objetivos a serem almejados. Os participantes deverão ser convidados por categorias funcionais para que haja um melhor direcionamento funcional (NAKAJIMA, 1989). Assim, a conscientização tem como objetivo neutralizar os seguintes preconceitos associados à MPT: a) a MPT transgride a definição funcional (a produção produz e a manutenção mantém); b) a MPT impõem um novo trabalho à Produção; c) a MPT resulta numa sensação de perda da função da Manutenção; INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 41 IN TR O D U Ç Ã O À M A N U TE N Ç Ã O P R O D U TI VA T O TA L d) a MPT introduz um potencial de acidente ao permitir a manutenção das máquinas pela produção. Nakajima (1989) salienta que o processo de conscientização deve ser diferente para os diferentes níveis da empresa e sugere que: a) a alta direção e o pessoal operacional passem por um programa com dois dias de treinamento; b) os técnicos passem por três dias de programa, incluindo sessões de cálculos de rendimentos e discussões dirigidas; c) os supervisores e líderes de grupo façam cursos virtuais, como os vídeos relativos à MPT; d) gerentes e chefes façam uso de painéis de discussão; e) os operários utilizem o sistema de informação em cascata, liderados pelos supervisores e lideres; Quanto à mídia usada, sugere- se a criação de faixas, cartazes, emblemas, slogans que marquem o início das atividades da MPT. Terceira etapa: Estrutura encarregada da implantação da MPT É criada uma estrutura matricial que unte a estrutura horizontal, formada por comissões e equipes de projetos da MPT, com a estrutura formal, hierárquica e vertical da empresa. Além disso, deve-se gerenciar participativamente por meio de pequenos grupos multifuncionais. Dependendo da necessidade e características da empresa, pode-se estabelecer, ainda, grupos de estudo ou equipes de projetos visando melhorias individualizadas nas áreas de divulgação, treinamento, manutenção autônoma, manutenção programada e controle dos equipamentos na fase inicial, entre outras. Nakajima (1989) salienta que a MPT deverá ser abraçada por toda a organização. Todos os setores estarão envolvidos. No topo da estrutura tem-se a direção da organização ou da fábrica; na parte central, a média gerência e, na base, os elementos operacionais. Shirose (1990) sugere as seguintes ações para a execução desta etapa: a) ao ser desenvolvido o programa de MPT a nível geral da empresa, deve-se formar uma comissão da MPT de toda a empresa que se preocupará em promover a implantação do programa de forma global; b) igualmente, será necessário estabelecer uma comissão de promoção da MPT em cada divisão e filial; c) deve-se criar uma secretaria administrativa de promoção da MPT e designar uma pessoa dedicada, que será responsável pela promoção do programa; d) dependendo da necessidade, pode-se estabelecer, ainda, grupos de estudos ou equipes de projeto visando melhorias individualizadas nas áreas de divulgação, treinamento, manutenção espontânea, manutenção programada e controle dos equipamentos na fase inicial, entre outras; GESTÃO DA MANUTENÇÃO42 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O e) criar e desenvolver dentro da estrutura formal pequenos grupos voltados para a MPT, que terão como lideres os responsáveis de primeira linha da empresa. Quarta etapa: Estabelecimento de diretrizes básicas e metas para a MPT A MPT deve ser parte integrante das diretrizes básicas da administração da empresa, bem como dos seus planos de médio e longo prazos. Além disso, as metas da MPT devem fazer parte das metas anuais da empresa e sua promoção precisa seguir as diretrizes e os objetivos da empresa. Nakajima (1989) menciona que os objetivos devem ser concretos e compostos de três parcelas: o que, de que modo e até quando. Uma meta difere de uma diretriz, que é vaga, pois essa exprime a essência do pensamento que norteia a vida da organização.Nakajima (1989, p. 53) apresenta um exemplo de uma diretriz: A MPT na nossa organização constitui um meio para a conquista da Quebra Zero/ Falha Zero das máquinas e equipamentos, propiciando defeitos zero nos produtos e acidentes zero no trabalho. Significa a eliminação de todas as modalidades de perdas, o que propicia uma maior lucratividade para a organização e gera um ambiente salutar de trabalho para todos os nossos colaboradores. A busca de Quebra Zero/Falha Zero das máquinas e equipamentos constitui uma temática sem fim que será eternamente perseguida pelo homem. Por isso devem-se definir claramente as metas efetivas, não ambíguas, e conhecer a situação vigente, pois caso contrário, não se saberá delinear o salto ou o progresso que se deseja conferir. Se o número de quebras ou paradas das máquinas totalizam 40 casos por mês e o índice de produtos com defeito for de 3%, pode-se estabelecer uma meta trienal, para atingir quatro casos de quebra ou parada de máquina por mês e de 0,3% de produtos defeituosos. Define- se, assim, um objetivo com patamar equivalente a 1/10 da situação vigente. Cada um dos setores envolvidos deverá buscar as variáveis que contribuam para esse efeito indesejável e concentrar os esforços para eliminá-las. No Esquema 10 há uma representação geral identificando as etapas para elaboração das diretrizes e metas. Exigências externas da empresa Exigências internas da empresa Diretriz básica Itens fundamentais Metas Esquema 10: Etapas para elaboração das diretrizes e metas O plano geral deverá ser divulgado por toda a organização e desmembrado por cada setor que definirá as parcelas anuais ou semestrais a serem conquistadas. Os trabalhos desenvolvidos pelos grupos também deverão ser consoantes tanto com o objetivo qaunto com a política que foi traçada. Quinta etapa: Elaboração do plano diretor para implantação da MPT Ao elaborar um plano de metas (Plano Diretor) é de fundamental importância contemplar os preparativos para a introdução do T. P M Durante o desenvolvimento do Plano Diretor deve-se medir sua promoção tendo em mente o propósito de alcançar o nível esperado de avaliação em base anual. Shirose (1990) sugere as seguintes ações para a execução dessa etapa: a) inicialmente, deve-se elaborar um cronograma contendo as 12 etapas previstas no programa de desenvolvimento da MPT, especialmente o proposto nos pilares básicos do MPT, e indicar claramente o que e até quando deve ser feito. O cronograma, estabelecido a nível da empresa como um todo ou de suas divisões ou filiais, é denominado Plano Diretor; b) baseando-se neste plano diretor, cada departamento, seção ou unidade deverá elaborar ser próprio cronograma; c) anualmente efetua-se a comparação entre o previsto e o real, fazendo-se uma avaliação do progresso conseguido e induzindo correções de acordo com a necessidade. Como o MPT visa o aprimoramento das pessoas e dos equipamentos, se não houver tempo suficiente não se alcançará a melhora desejada. A elaboração do Plano Diretor deve considerar um espaço de tempo suficiente para que surjam resultados. Para o desenvolvimento de cada um dos pilares básicos deve-se elaborar um manual que possibilite a qualquer pessoa a compreensão do desenvolvimento do programa de MPT. Sexta etapa: Início do programa de MPT A sexta etapa refere-se ao início propriamente dito das atividades. Encerrada a fase preparatória, terá início a implantação do programa. Trata-se, nesta etapa, de fazer frente ao desafio de "zerar" as seis INTRODUÇÃO À MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL 43 IN TR O D U Ç Ã O À M A N U TE N Ç Ã O P R O D U TI VA T O TA L grandes perdas dos equipamentos, procurando que cada funcionário da empresa compreenda as diretrizes da diretoria conseguindo, assim, elevar a motivação moral de todos para participar, desafiando as condições e limites atuais e atingir as metas visadas. Shirose (1990) sugere algumas ações para a execução desta sexta etapa: a) é preciso programar uma cerimônia para lançar o desafio de eliminar as seis grandes perdas, com garra e disposição, e conseguir o apoio de todos os funcionários às diretrizes emanadas da diretoria; b) a cerimônia deve ser um encontro de todos os funcionários na qual: a) é reafirmada a decisão da Diretoria de implantar a MPT; b) o procedimento de promoção da MPT é explicado, bem como as diretrizes básicas do programa, suas metas, o Plano Diretor e outros aspectos; c) é realizada por um representante dos funcionários uma declaração solene de aceitação do desafio de conquistar o prêmio PM; d) são recebidas manifestações de incentivo por parte de visitantes presentes ao evento. Nesse encontro deverão ser convidados os clientes, empresas fornecedoras e empresas coligadas. Sétima etapa: Melhoria individualizada nos equipamentos para maior rendimento operacional Selecionando um equipamento piloto e formando uma equipe de projeto composta por pessoal da engenharia de processo e da manutenção, supervisores de linha de produção e operários, é possível efetuar as melhorias individualizadas destinadas a elevar o rendimento dos equipamentos e comprovar os efeitos positivos da MPT. Shirose (1990) sugere as seguintes ações para a execução dessa etapa: a) como equipamento piloto, deve ser escolhido aquele que seja um gargalo de produção, ou onde estejam ocorrendo perdas crônicas nos últimos três meses, pois assim, após a introdução das melhorias pretendidas, será possível obter resultados altamente positivos; b) dentre os temas para melhoria, deve-se escolher uma das sete grandes perdas (quebras; setup e ajustes; perdas devidas ao ferramental; operação em vazio e paradas momentâneas; redução da velocidade; defeitos no processo e início de produção; queda no rendimento), aquela que melhor atende à necessidade de redução de perdas; c) ao demonstrar melhorias individualizadas através de equipes de projeto com temas específicos, é possível demonstrar as reais habilidades do pessoal de engenharia de processo e de manutenção. Ao disseminar a melhoria individualizada lateralmente, cada líder de grupo poderá realizar as melhoria nos equipamentos do seu próprio local de trabalho por meio de pequenos grupos. Oitava etapa: Estruturação para a manutenção autônoma GESTÃO DA MANUTENÇÃO44 G E S TÃ O D A M A N U TE N Ç Ã O O objetivo desta etapa é fazer com que a atitude, segundo a qual, cada pessoa se encarrega de cuidar efetivamente de seus próprios equipamentos, seja definida para todos os trabalhadores da empresa, ou seja, a habilidade de executar uma manutenção autônoma (espontânea) deve ser adotada por cada operador. Para o desenvolvimento da manutenção autônoma deve-se proporcionar treinamento a cada passo, executar as manutenções, e as chefias devem avaliar os resultados que, uma vez aprovados, permitirão prosseguir para os passos (etapas) subsequentes. Nona etapa: Estruturação da manutenção programada pelo departamento de manutenção Nesse período a produção e a manutenção buscam complementar- se com a adoção da manutenção autônoma ou voluntária por parte da produção, enquanto a área de manutenção se encarrega da condução do planejamento da manutenção. O departamento de manutenção se desloca para uma nova modalidade de trabalho que é o da incorporação de melhorias. O planejamento da manutenção é a prática tradicional recomendada para a preservação de máquinas, equipamentos e instrumentos, através da preparação dos calendários de trabalho e a definição das normas e padrões para a sua condução, não se tratando, portanto, de algo inédito. Décima etapa: Treinamento para melhoria do nível de capacitação da operação e da manutenção O quarto pilar de sustentação da MPT é análogo ao décimo estágio preconizado pelo programa de sua implementação. Visa desenvolver novas habilidades e conhecimentos