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Gestão
e
Liderança
Dr. Rubens Muzio
Janeiro / 2017
Professor Autor: Dr. Rubens Muzio / Ms. André L. Borges
Coordenadoria de Ensino a Distância: Gedeon J. Lidório Jr
Projeto Gráfico e Capa: Mauro S. R. Teixeira
Revisão: Éder Wilton Gustavo Felix Calado
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:
Rua: Martinho Lutero, 277 - Gleba Palhano - Londrina - PR
86055-670 Tel.: (43) 3371.0200
03
SUMÁRIO
Unid. - 01 Definição e Mitos da Liderança...............................................05
Unid. - 02 Tipos de Liderança no AT.........................................................11
Unid. - 03 Liderança no NT.......................................................................19
Unid. - 04 Modelos Atuais de Liderança..................................................27
Unid. - 05 Estilo de Liderança...................................................................35
Unid. - 06 A Espiritualidade do Lider......................................................43
Unid. - 07 Caráter e Qualidades dos Líderes Cristãos............................51
Unid. - 08 Cuidado Pastoral e Liderança.................................................57
Unid. - 09 Treinamento de Novos Líderes e o Desenvolvimento de 
Equipes.................................................................................................................63
Unid. - 10 A Gestão na Liderança.............................................................71
Unid. - 11 Gestão: Planejamento...............................................................79
Unid. - 12 Gestão: Organização.................................................................85
Unid. - 13 Gestão: Direção.........................................................................91
Unid. - 14 Gestão: Monitoramento ou Controle.....................................99
Unid. - 15 Autoconhecimento..................................................................107
Unid. - 16 Liderança frente ao tempo, finanças e conflitos..................115
Gestão e Liderança04 
05
Gestão e Liderança
Unidade - 01 
Definições e Mitos da Liderança
Introdução
Bem-vindo à disciplina Gestão e Liderança. 
Nesta unidade vamos introduzir o tema da liderança 
reconhecendo os grandes desafios quanto a sua definição 
bem como seus mitos. No século 21, reina uma crescente 
preocupação e constante confusão com respeito a liderança, 
no entanto, é raro encontrar-se um bom líder. Isso fica 
claro quando olhamos ao redor para a política, a empresa, o 
comércio, os esportes, a igreja, e assim por diante. O mundo 
contemporâneo é complexo e multifacetado, tornando 
a função da liderança algo imprevisível, estressante e 
complexo. 
Objetivos
Tratar dos seguintes assuntos:
1. Definições básicas e mitos da liderança;
2. Liderança e a natureza da influência.
Gestão e Liderança06 
Definições básicas
Antes de aprofundar a discussão eu quero apontar alguns mitos e 
gostaria de refutá-los imediatamente: 
Liderança não é gerência. O líder influencia enquanto o gerente 
concentra-se na organização e manutenção de sistemas e processos. O 
gerente não consegue alterar a direção, nem mudar as estruturas. 
Liderança não é empreendedorismo. Nem todo empreendedor ou 
vendedor é um bom líder. Ele pode conseguir persuadir ou vender bem, 
mas não necessariamente influência de maneira permanente.
Liderança não é informação. O melhor líder é aquele que possui maior 
conhecimento e inteligência? Isso não é automático. Bons PhD, professores 
universitários, acadêmicos e teólogos podem se tornar péssimos líderes e 
coordenadores. Inteligência não implica em capacitação para liderança.
Liderança não é pioneirismo. O primeiro que aceita o trabalho não é 
geralmente o que melhor lidera. O bom líder pode não estar à frente mas 
fazer parte da discussão ao redor da mesa e influenciar outros. 
Liderança não é posição. Achar que liderar é ter uma posição de 
destaque é um grande equívoco. Não é a posição que faz o líder. O líder 
faz a posição. Quantas vezes pastores saíram de suas denominações, 
perderam sua posição e prédios, mas levaram centenas de membros para 
a nova igreja?
O líder cristão tem como propósito supremo glorificar Deus 
realizando os Seus alvos na terra, expandindo o Seu Reino e não apenas 
seus interesses e ministérios. Liderança implica em firmar valores firmes, 
esclarecer a missão e visão da organização, buscar excelência, eficiência 
e eficácia, olhar para o futuro com esperança e capacitar e multiplicar 
discípulos que alcancem o seu potencial. Os líderes são responsáveis não 
apenas pelo presente mas pelo futuro. Reflita sobre algumas definições 
e conceitos básicos da liderança que nos ajudam a compreender seu 
propósito:
• “A primeira responsabilidade do líder é definir a realidade”. Max 
DePree
• “A primeira e última tarefa do líder é manter a esperança viva. 
07
Nunca negando as dificuldades, eles devem manter a confiança 
perfeita”. John W. Gardner
• “A primeira responsabilidade do líder é estabelecer uma visão 
correta e compartilhada”. Lovett H. Weems
• “Para ser um bom líder, você precisa ser um bom seguidor”. 
Truett Cathy
• “Um líder é alguém que influencia as pessoas a tomar um curso 
de ações”.
• “Líder é alguém capacitado e responsabilizado por Deus, para 
influenciar Seu povo rumo aos Seus objetivos para eles”.
• “Líderes são pioneiros. Eles são pessoas que se aventuram 
em território inexplorado. Eles nos guiam a novos destinos, 
frequentemente desconhecidos. Pessoas que lideram são os 
soldados na campanha por mudança. Líderes nos levam a outros 
lugares.” James M. Kouzes e Barry Z. Posner. 
Foi pensando em todas as responsabilidades da liderança, que 
George Barna1 descreveu os cinco atributos chaves da liderança, nos quais 
focaremos por diversas vezes neste curso:
O líder mobiliza
Seu foco é influenciar pessoas
Dirigida pelos alvos e objetivos
Mantém direção em comum com aqueles que confiam nele
Tem pessoas dispostas a segui-lo
O líder tem capacidades e responsabilidades para influenciar um 
específico grupo de pessoas a alcançarem os propósitos de Deus para eles. 
Liderança tem tudo a ver com o esforço de exercer conscientemente uma 
influência especial dentro de um grupo no sentido de levá-lo a atingir 
metas de permanente benefício que atendam às necessidades reais do 
grupo. 
1Líderes em Ação (United Press, 1999)
Gestão e Liderança08 
Liderança e Influência:
O ministério da liderança é um movimento cíclico de dar e receber 
influências. Neste movimento, a autoridade interior é a base para isso (1 Tm 
4:12; 3:1-8; Tt 1:5-9), enquanto que a posição externa e delegada dá ao líder 
uma plataforma de influência. A liderança tem a ver com a influência em 
quatro áreas específicas: 
Modelo. As pessoas são influenciadas, inicialmente, pelo que veem. 
Isso é facilmente observável em relação aos filhos. Não importa o que 
digamos para eles fazerem, a inclinação natural deles será imitar o que estão 
vendo. Quando você encontra um líder digno de confiança e com boas 
qualidades é positivo, você o procura como um influenciador para a sua 
vida. E, quanto mais passa a conhecer o líder, maior será a capacidade de 
influência dele sobre você. Uma exceção à esta regra são celebridades. Tais 
pessoas, devido a sua exposição na mídia, tem a capacidade de influenciar 
aqueles que se expõem aos meios de comunicação nos quais aparecem, 
embora nunca tenha havido um encontro entre os dois lados. É algo que 
pode também ser feito à distância.
Motivação. Para o líder causar um impacto realmente significativo na 
vida das pessoas, ele tem que estar próximo delas. E, isso nos traz à motivação. 
O líder torna-se uma influência motivadora quando encoraja as pessoas, e 
se comunica com elas no nível emocional. Com isso, ele constrói pontes 
de relacionamento e aumenta a confiança. Quando as pessoas sentem-se 
bem com o seu líder e com eles mesmos, quando estão com o líder, o nível 
de influência dele aumentasignificativamente. Ele começa a observar um 
impacto positivo em suas vidas.
Mentoria. Para que esse impacto aumente ainda mais e prolongue-se 
por um longo tempo, o líder tem de mover-se para o estágio seguinte de 
influência, ou seja, a mentoria. Mentoria é o derramar da vida do líder na 
vida das outras pessoas para ajudá-las a alcançar o seu potencial. O poder da 
mentoria é tão forte que o líder pode, na realidade, ver, com os seus próprios 
olhos, a mudança ocorrendo na vida daqueles que ele está influenciando. 
Multiplicação. Outro importante aspecto da influência que o 
líder alcança sobre outras vidas é multiplicando. Na qualidade de um 
09
influenciador, você pode ajudar as pessoas que está influenciando a se 
tornarem influenciadoras positivas nas vidas de outras, e a passarem 
adiante, não somente o que receberam de você, mas também o que 
aprenderam por si mesmas. Poucas pessoas chegam a este estágio de 
influência, embora todos, em geral, tenham o potencial para chegarem 
lá. Isso exigirá uma série de outros fatores que trataremos adiante, e 
também exigirá tempo. Você pode ser um modelo para grupos, mas, 
para formar multiplicadores, você terá de trabalhar com as pessoas, 
individualmente.
Níveis de Liderança
No que diz respeito aos níveis de liderança, John Maxwell 
desenvolveu o conceito dos cinco níveis diferentes de liderança. 
 1. Posição. Neste nível de liderança, as pessoas seguem o líder, 
porque têm de fazê-lo, pois ele tem autoridade. Neste nível, a influência 
do líder não ultrapassa as linhas que descrevem suas atividades na sua 
posição em particular.
2. Permissão. Neste nível de liderança, a palavra-chave é 
relacionamento. As pessoas não seguem o líder por causa da sua 
autoridade declarada (sua posição), mas porque querem fazê-lo. Este 
nível permite que o ambiente seja alegre e descontraído. Entretanto, 
é possível que a longa permanência neste nível, sem passar para os 
seguintes, possa provocar uma acomodação generalizada nas pessoas 
que encontravam-se, inicialmente, muito motivadas.
3. Produção. Neste nível de liderança, a palavra-chave é resultado. 
As pessoas seguem o líder pelo que ele tem feito pela organização, 
pelo seu sucesso. Elas gostam do líder e do que ele está fazendo. Os 
problemas são resolvidos com pouco esforço, devido ao momento que 
estão vivendo.
4. Desenvolvimento das pessoas. Neste nível de liderança, a 
palavra-chave é reprodução. As pessoas seguem o líder pelo que ele 
tem feito por elas. Este é o nível no qual ocorre o crescimento a longo 
termo. O compromisso do líder em desenvolver novos líderes garante 
um crescimento continuado da organização e das pessoas. Faça tudo 
Gestão e Liderança10 
que possa para alcançar este nível, e permaneça nele.
5. Personalidade. Neste nível, a palavra-chave é respeito. As 
pessoas seguem o líder por causa do que ele é (integridade), do que ele 
faz (convergência) e do que ele representa (celebração).
Conclusão
Deus está buscando líderes fiéis (1 Sm 13:14, Jr 5:1, Ez 
22:30). Quando ele encontra uma pessoa segundo o seu coração e 
comprometida com o seu Reino ele o usa ilimitada e criativamente. 
Veja por exemplo: Moisés, Gideão, Davi, Samuel, Pedro, Paulo, 
Calvino, Lutero, Wesley, Adoniram Judson, Charles Spurgeon, Billy 
Graham e milhares de outros santos e sábios. Deus está chamado 
pessoas segundo o seu coração. Você é uma delas? 
11
Gestão e Liderança
Unidade - 02
Tipos de liderança no Antigo Testamento
Dr. Willian Lace Lane
Introdução
Nesta unidade vamos identificar e analisar alguns 
tipos de liderança no Antigo Testamento, de acordo com a 
instituição que representam ou lideram. No AT encontramos 
importantes instuições do povo de Deus, dentre elas, a 
estrutura dos clãs e tribos, o templo, o reino e a sociedade 
em geral. Cada uma dessas instituições tinha sua estrutura 
de liderança com suas características peculiares. Queremos 
observar em linhas gerais algumas dessas características.
Objetivos
1. Identificar os tipos de liderança no AT;
2. Reconhecer as principais características de cada 
tipo de liderança;
3. Ser motivado a aplicar tipos diferente de liderança 
de acordo com a natureza do cargo ou da responsabilidade.
Gestão e Liderança12 
Tipos de liderança no Antigo Testamento
Naturalmente, há diversos tipos de liderança na Bíblia, particularmente 
no AT. Pessoas são chamadas para exercerem responsabilidades no âmbito 
político, na vida religiosa do povo, na família, e no meio social. Apesar de 
indivíduos se identificarem particularmente com um ou outro tipo, de certo 
modo, eles se entrelaçam uns aos outros. Frequentemente o rei tinha uma 
liderança religiosa e social também. Por isso, temos que ver esses tipos não 
como campos completamente distintos, mas como expressões de liderança 
no tipo de cargo que ocupavam. Rapidamente, gostaria de destacar alguns 
desses tipos de liderança.
 A importância dessa discussão é perceber que o povo de Deus 
no AT era formado através 
de diversas organizações ou 
instituições. Na longa história 
do povo de Israel, o povo se 
organizou de maneira diferente 
em épocas diferentes. No 
início da formação do povo, 
principalmente no período 
patriarcal e até a entrada na 
terra prometida, a estrutura 
organizacional do povo girava em torno dos “chefes” (lit. “cabeças”) 
dos clãs ou tribos. Depois da morte de Josué, a liderança se concentra 
em um juiz que raramente conseguiu liderar todas as tribos. Esses juízes 
surgiam pelo carisma em situação especial de opressão do inimigo. Eles 
libertavam o povo e passavam a governar aquela tribo ou grupo de tribos. 
O período da monarquia possibilitou, pelo menos durante os reinados de 
Davi e Salomão, uma liderança política centralizada. Durante todo esse 
tempo, havia também a liderança religiosa dos sacerdotes e dos profetas, 
e a liderança social dos sábios e juízes. Portanto, há diferentes tipos de 
liderança em diferentes épocas e diferentes instituições.
 Esse estudo pode nos ensinar e despertar para o fato de que na igreja, 
e na sociedade como um todo, há também diversos tipos de liderança. 
Precisamos saber reconhecer esses tipos de liderança e implementar ações 
correspondentes.
Fonte: Depositphotos
13
1. Tipos de liderança bíblica
1.1. Política
As principais formas de liderança política em Israel são os 
juízes e reis. No livro de Juízes, vemos claramente que os juízes eram 
homens e mulheres revestidos do Espírito de Deus para libertar o 
povo da opressão estrangeira. Frequentemente, tinham também a 
função religiosa de eliminar a idolatria. De todo modo, eram pessoas 
designadas por Deus.
Os reis se tornaram também a principal forma de liderança 
política em Israel depois dos juízes. É impressionante que na história 
dos reis em 1-2Reis e 1-2Crônicas, eles são julgados também por seu 
caráter, isto é, se durante o reinado “fizeram o mau” ou “fizeram o bem” 
diante do Senhor. Além do caráter, essa era também uma avaliação 
sobre o quanto eles observaram e fizeram o povo guardar a aliança 
com Deus de adorar somente a Deus. Em geral, o rei que destruia os 
altares pagãos recebia uma avaliação positiva, mas aquele que tinha 
feito proliferar a idolatria recebia nota negativa.
Os reis dos povos também eram frequentemente usados por 
Deus para exercer juízo contra sua nação. Deus chama Ciro, rei da 
Pérsia, como o seu ungido (Is 45.1). Na verdade, Ciro foi aquele que 
possibilitou o retorno dos exilados para Jerusalém e o que colaborou 
para que o templo fosse reconstruído.
1.2. Religiosa
 A liderança religiosa de Israel era exercida principalmente 
pelos sacerdotes, através dos ritos e celebrações. Há vários aspectos 
dessa liderança, alguns positivos, outros negativos. De maneira 
geral, os sacerdotes estavam associados a um santuário ou altar e, 
posteriormente, ao templo. No templo, esse ofício se torna mais 
sofisticado e passa a ter diversas funções, dentre elas os encarregados 
do templo, juízes, oficiais, porteiros, instrumentistas e músicos(1Cr 
23.2-5; cf. caps. 24 – 26). Por estarem ligados ao templo, sua função 
principal era tanto de líder de adoração e culto, como de preservação 
Gestão e Liderança14 
do templo, manutenção de registros, segurança do tesouro do templo, 
e preservação das coisas sagradas. Podemos ver dentre essas funções 
aspectos tanto religiosos propriamente, quanto administrativos, 
didáticos e diaconais.
Em geral, o sacerdote é visto como um mediador, aquele que 
ofi cia o sacrifício em favor de indivíduos e família perante Deus. Por 
outro lado, ele também é responsável em trazer da parte de Deus a 
mensagem para o povo. Um 
aspecto importante de sua 
liderança é o de cuidador. Nem 
sempre isso fi ca claro, mas o 
sacerdote era responsável em 
determinar quem estava doente 
ou cerimonialmente impuro 
e prover o restabelecimento 
da pessoa. Levítico 13 e 14 
relacionam várias situações de 
enfermidade que precisava ser 
verifi cada pelo sacerdote.
No entanto, no período da monarquia, o sacerdote passa a ter 
uma liderança negativa. Ele está preso aos interesses do rei, por isso, 
não age como mediador entre Deus e o povo e, sim como defensor e 
legitimador dos interesses do estado. Assim, ele perde sua autonomia 
e sua liderança religiosa. Na verdade, ele continua um líder religioso, 
porém, apenas para efeito de cumprir rituais e arrecadar ofertas para 
o templo, as quais, em última instância, eram destinadas aos projetos 
do estado.
Por causa disso, a liderança do sacerdote é frequentemente vista 
de maneira negativa. Sua religiosidade refl etia mais os interesses 
institucionais do que a experiência com Deus e o bem estar do povo. 
Em Amós 7.10-17 vemos nitidamente o papel do sacerdote Amazias 
como defensor dos interesses e do “santuário do rei”. Ainda que se refi ra 
ao reinado do Norte, Israel, em Jerusalém, não foi muito diferente.
Diante disso, há outros que exercem liderança religiosa. Estes 
são os profetas. Pode se dizer que a principal liderança religiosa em 
Israel não parte do status quo, da classe religiosa sacerdotal, mas dos 
Templo de Salomão- Fonte: Wikimedia Commons
15
profetas, que muitas vezes atuavam independentemente do templo e 
na periferia. Provavelmente, estes são os principais responsáveis pela 
grande maioria do que temos registrado no AT. Além dos escritos dos 
profetas, as grandes narrativas da história do povo foram formadas, 
influenciadas, organizadas e compiladas pelos profetas.
 A principal característica da liderança profética era de 
confrontação da realidade com os termos da aliança. Os profetas, muito 
mais do que anunciar coisas futuras, eram responsáveis por apontar os 
pecados do povo, chamá-lo ao arrependimento, anunciar o juízo de 
Deus, mas também de propagar consolo, esperança e confiança em 
Deus. Eles exerciam uma liderança religiosa através da pregação, não 
através do ritual, como os sacerdotes. 
 Os sábios também exerciam algum tipo de liderança religiosa, 
embora de modo muito mais informal. Eles são, contudo, responsáveis 
por boa parte dos Escritos, ou os livros poéticos, do AT. O rei tinha 
muitas vezes sábios conselheiros, no entanto, muitos sábios estavam 
associados aos profetas ou às estruturas dos clãs ainda existentes, 
mesmo durante a monarquia.
 A liderança religiosa no AT tinha a função cúltica, a função 
profética e a da sabedoria. Apenas por essas funções, podemos 
perceber tipos diferentes de liderança religiosa. Cada uma delas têm 
suas características. 
1.3. Social
Quando falamos da liderança social, pensamos em lideranças 
espontâneas que influenciavam de algum modo as pessoas na 
comunidade. Nem sempre esse tipo de liderança estava associado a 
um cargo, ofício ou função na organização político-religiosa na nação. 
Outras vezes, líderes políticos e religiosos exerciam também uma 
liderança social.
 Penso aqui, principalmente, em dois grupos específicos: os 
sábios e os anciãos. Os sábios muitas vezes eram grupos organizados e 
até associados à corte real, mas em geral, tratava-se de uma liderança 
informal e espontânea. Os sábios representavam um modo de ver a 
vida, entender os acontecimentos e buscar soluções. Eles lideravam 
Gestão e Liderança16 
por meio de seus ensinamentos e conselhos. Percebe-se, em muito 
do que eles ensinavam, pouca referência à aliança, aos atos salvífi cos 
de Deus e aos grandes temas da redenção. Eles buscavam modos de 
aplicar a lei, não de forma ritualista e legalista, 
mas no cotidiano da vida da comunidade.
 Além dos sábios, os “anciãos” 
ou “chefes” do povo exerciam uma liderança 
informal na comunidade. Muitas vezes esses 
grupos até formavam um tipo de tribunal 
para deliberações do cotidiano, resolução de 
confl itos etc (Rt 4.2, 9-11; 1Sm 8.4). Apesar desse 
grupo ser mais comum no período anterior à 
Monarquia, antes da centralização do poder no 
aparato do Estado, eles continuaram existindo 
e muitas vezes eram decisivos em apoiar ou não 
as intenções de um rei (1Rs 8.1,3; 12.8, 13; 2Rs 23.1). Eles exerciam 
uma liderança informal no campo religioso, político, judicial e social, 
mas tudo indica que eles estavam mais próximo, por isso, muitas vezes 
os reis dependiam de seu apoio para manter a coesão do povo e a “ 
“governabilidade”.
1.4. Familiar
 A liderança familiar no AT se verifi ca principalmente naqueles 
casos em que o pai de família exercia infl uência sobre seus fi lhos e netos 
de modo a manter a família unida e em foco. Naturalmente, lembramos 
dos patriarcas e de algumas das principais fi guras da história do AT 
(Noé, Abraão, Jacó, José, Davi, Salomão). Nem sempre esses chefes 
de família foram bem sucedidos em preservar sua família unida nem 
em evitar que os descendentes se desentendessem. Contudo, exerciam 
liderança importante.
 Um bom exemplo de líder familiar foi Jó. Na introdução do 
livro de Jó nos é contado que seus fi lhos gostavam de se reunir nas 
casas uns dos outros e que passado o período das festas Jó os convidava 
para um sacrifício e os “santifi cava” (Jó 1.5). Assim, Jó como pai ocupa 
Fonte: Wikimedia Commons
17
uma liderança espiritual sobre seus filhos.
 Outro exemplo completamente inesperado de liderança familiar 
é a de Rute, uma moabita, viúva de um israelita, pobre, sem filhos, 
sem terra e tendo de rebuscar espigas no campo de um fazendeiro. 
Apesar dessa condição, ela é a única mulher na Bíblia chamada de 
“mulher virtuosa” ('eshet hayil – Rt 3.11). Ela exerce uma liderança 
impressionante não só em relação à sua sogra, também viúva, mas em 
relação à linhagem de Davi e, consequentemente, do Messias, Jesus 
Cristo (Rt 4.13-22). 
Estes são alguns tipos de liderança que encontramos no AT. Eles 
nos ajudam a perceber como a liderança envolve diversas áreas. Não 
é diferente hoje. Contudo, nas diversas áreas da liderança percebe-se 
um enfoque comum em buscar preservar a integridade da aliança com 
Deus, do coração íntegro, do caráter segundo a vontade de Deus.
Conclusão
 Através do estudo da liderança no AT, vemos algumas marcas 
essenciais da liderança e, principalmente, a importância que se dava à 
liderança. Ser um líder não era pouca coisa, era algo que envolvia uma 
vocação divinamente conferida e uma liderança para transformação. 
O líder tinha um claro objetivo de promover uma transformação na 
sociedade, mas essa promoção nunca podia ser confundida com um 
projeto pessoal do líder, sempre estava ligada à obediência aos intentos 
de Deus.
Gestão e Liderança18 
Anotações
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19
Gestão e Liderança
Unidade - 03 
Liderança no Novo Testamento 
Introdução
 Espero que você tenha percebido os modelos de 
liderança no Velho Testamento. Já falamos que o líder 
tem capacidades e responsabilidades para influenciar um 
específico grupo de pessoas a alcançarem os propósitos de 
Deus para eles. E Ninguém melhor que Jesus Cristo para 
nos ensinar sobre liderança. A sua vida na Palestina, suas 
palavras e ações, demonstra como a vida deveria ser vivida. 
É essencial que o líder cristão foque seu chamado, sua vida 
e ministério na pessoa de Cristo. Todo aquele que deseja 
liderar em qualquer parte do mundo tem por certo que a 
pessoa de Jesus, seu estilo e vida, é o modelo com o qual 
devemos comparar nosso estilo de vida. 
Objetivos 
1. Compreender a natureza da liderança a partir da 
vida de Jesus Cristo, sua encarnação, morte, ressurreição, 
ascensão e segunda vinda.
Gestão e Liderança20 
Jesus é e será sempre nosso modelo
Deveríamos observar mais atentamente o estilo de vida de 
Cristo. Sua encarnação e humildade de nascimento em Nazaré, sua 
paciência e dedicação como marceneiro, seu longo período de jejum 
e solitude após o batismo, suas noites de oração após longos períodos 
de ensino e antes da tomada de decisões importantes, seu silêncio 
diante das acusações dos inimigos, sua paciência, misericórdia e amor 
com o povo simples, seu sacrifício na cruz do calvário! Tudo isso nos 
encoraja a uma liderança mais eficaz, mais robusta, mais saudável. O 
mero conhecimento do evangelho sem a prática da vida evangélica 
de Jesus produzirá líderes flácidos e frouxos. A liderança deve se 
expressar em estratégias práticas de uma vida semelhante a Jesus, no 
dia a dia de nossa existência. Não adiantará nada o conhecimento dos 
ensinamentos de Cristo se não imitarmos o seu comportamento.
A mensagem do evangelho é a própria pessoa de Cristo. Paulo, 
em Fp 1:21 mostra que as implicações disso são imensas: Porquanto 
para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. O ponto de partida e 
chegada da história é Jesus. Em 1Co 15:14, Paulo afirma o seguinte: 
“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa pregação e vã a vossa fé”. Sem 
Jesus não há cristianismo. As implicações disso são imensas! O Novo 
Testamento narra a vida, morte e ressurreição de Jesus como ações 
que revelam a paixão de Deus pela humanidade, cujo propósito é sua 
própria glorificação. (Cl 1:27, Ef 1). A mensagem do evangelho é a 
própria pessoa de Cristo (1Co 1:23, 5:7, 15:3).
Uma liderança impactada pela Encarnação de 
Jesus Cristo
O que significa encarnação? Em Jo 1:14, Jesus se tornou carne 
e habitou (fez seu tabernáculo) entre nós. “Tornar-se carne” mostra 
sua identificação com a humanidade. Ele tornou-se igual a gente. Ele 
decidiu viver entre homens, não como Deus, mas restringindo-se a 
todas as limitações do corpo humano. É neste ato da intro-missão 
de Deus na história humana que a missão realmente começa. A 
encarnação de Jesus é o clímax de um longo processo em que o Senhor 
21
atravessa as portas da eternidade, penetrando dentro da história da 
humanidade. Jesus se encarnou missionalmente. Jesus mergulha a si 
mesmo na cosmovisão da época. Ele cresce e vive como judeu, assimila 
a cultura do oriente médio, conhece seus valores, estuda sua Tora, 
compreende suas crenças, engaja-se em diversos assuntos relevantes à 
maior parte das pessoas. Jesus demonstra que devemos nos encontrar 
missionariamente com a cultura. O Deus-homem entra no mundo, 
vive uma vida de serviço e sacrifício, enfrenta tentações, experimenta 
o luto, raiva, angústia e morre uma morte humana.
As implicações são tremendas! Esta postura de Cristo demonstra 
que as condições histórica, cultural e social das pessoas e cidades não 
são de menos importância que a missão da igreja. Como podemos 
obedecer a Jesus, desenvolvendo um estilo de liderança encarnacional? 
Como podemos nos relacionar melhor com as pessoas, inserindo-nos 
em seu contexto, compreendendo suas circunstâncias e entendendo 
suas fraquezas e inseguranças com o mesmo sentimento de graça que 
havia em Jesus?
Um estilo de liderança impactado pela Morte de 
Jesus Cristo
Sem a cruz, o Cristianismo é apenas outra forma de experiência 
religiosa ou espiritualidade do tipo nova era. O cristianismo é diferente 
de todas as outras religiões. Paulo afirma que o amor de Deus por nós 
é comprovado e confirmado na morte de Cristo pelos pecadores (Rm 
5:8 e 2 Co 5:14). Na cruz, o ser humano lembra-se da tragicidade da 
vida. A morte revela que nossos modelos de vida são falhos, nossos 
resultados são ambíguos, nosso sucesso é passageiro, nossa fama é 
transitória e nenhum deles leva à perfeição que buscamos. Morte é o 
sinal externo que comprova que nenhuma das nossas realizações se 
encaixa no reino de Deus. A cruz é a única opção, a única alternativa 
que conecta céus e terra, que une ideal e realidade. A cruz é a perfeita 
combinação da ira de Deus com seu amor e misericórdia. A cruz é 
o marco histórico que revela ambos os atributos: a severidade da ira 
de Deus diante do pecado e a profundidade de seu amor compassivo 
através do sacrifício substitutivo de Jesus. 
Gestão e Liderança22 
A cruz revela simultaneamente a quantidade do nosso pecado 
contra Deus e a quantidade do seu amor para conosco. Ela é o lugar 
onde todo ser humano, sem exceção, é aceito como amado de Deus, 
tornando-se objeto de sua graça. A cruz é o lugar da expiação, lugar 
onde o pecado é perdoado. O único centro da história da humanidade. 
A igreja é portadora desta visão e somente ela pode levar as nações 
à verdadeira unidade de propósito. A cruz simboliza o sofrimento. 
Sofrimento é um aspecto do cristianismo evidentemente negligenciado, 
mas indispensável na compreensão de nossa missão neste mundo. 
Quando Jesus enviou seus discípulos em missão, ele mostrou a eles 
suas mãos e pés (Lc 24:39, 40). Eles compartilhariam não somente sua 
missão, mas também sua paixão. Vivemos esse evangelho somente 
quando nos identificamos como comunidade que vive diariamente sob 
o impacto da cruz. Somente quando a igreja se esvazia de si mesma, 
sacrificando-se, amando com sinceridade, perdoando e curando, 
humilhando-se com vulnerabilidade e morrendo diariamente, ela 
poderá conquistar e atrair a Jesus. 
Um estilo de liderança impactado pela 
Ressurreição de Jesus
A mensagem do evangelho é estéril sem ela, 1Co 15:14, “e, se 
Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também 
é vã a vossa fé” (Rm 8:11, Cl 3:1). Sem a ressurreição, a mensagem 
da cruz é incompleta e ilusória. Enquanto na cruz a missão reflete o 
sacrifício, perdão, fraqueza e sofrimento do Cristo, na ressurreição ela 
demonstra a vitória, grandeza, vida e poder do Messias. A jornada não 
termina com a morte. Essaapenas abre passagem para a vida eterna. A 
ressurreição, a igreja promove o Cristo ressuscitado como rei e senhor. 
A ressurreição ressalta a presença do reino. Mateus, Marcos e Lucas 
sustentam que o Reino desfruta de uma posição central no ministério 
da igreja. Várias parábolas são dedicadas a esse tema - Mt 5:19; 6:33; 
9:35; 13:24, 31; 18:3; Mc 9:1, 10:15 e 17; Lc 6:20; 9:2, 11; 12: 31, por 
exemplo. Jesus veio trazer o Reino de forma mais extraordinária e 
perceptível. Participamos na grande obra de trazer o máximo possível 
do reino de Cristo na terra. Roger Mitchell chama isso do elemento 
23
reino. “A obra do reino não é tanto tirar as pessoas da terra e levá-las 
para o céu, mas trazer o quanto pudermos do céu nesta terra e nas 
pessoas”. O reino avança quando a igreja se compromete com justiça, 
paz, retidão e amor. Ações por justiça e paz social neste mundo não 
se tornam temas secundários, mas sim centrais à missão da igreja. 
Embora a igreja seja imperfeita, ela tem o potencial de refletir em seus 
ministérios e programas muitos dos valores do reino.
Um estilo de liderança impactado pela ascensão 
de Jesus Cristo
Para o braço reformado do cristianismo, a igreja encontra-se entre 
ascensão e escatologia, entre a partida de Jesus e seu retorno. Em Atos 
1, verso 11, a mensagem dos anjos foi: “Varões galileus, por que ficais 
aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, 
há de vir assim como para o céu o vistes ir”. Ele foi visto subindo e será 
visto descendo. O espaço entre a ascensão e retorno, entre a primeira 
e a segunda vida de Cristo deve ser preenchido pelo testemunho da 
igreja. Para que isso ocorra, o Espírito desce na festa de Pentecostes e a 
igreja entra no mundo como comunidade do Espírito: “mas recebereis 
poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, 
tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins 
da terra” (At 1:8).
O Espírito Santo é Espírito missionário! Sem ele, a missão será 
missão impossível. Como os discípulos poderiam realizar a Grande 
Comissão instituída por Cristo? O Espírito é quem os capacita (Rm 
8:9, 11, 13, 14; Gl 5:16-25). O Espírito é quem labuta pelo discipulado 
das nações. (2Tm 1:14; 1 Ts 3:5). O Espírito de Deus é o grande 
missionário e somente com seu domínio sobre o campo da colheita 
e sobre os trabalhadores da seara poderemos esperar sucesso na 
tarefa de tornar Cristo conhecido de todos os povos. Sem o Espírito, 
o melhor planejamento estratégico fracassará. Devemos administrar, 
organizar, planejar, treinar e liderar profundamente conscientes de 
nossa dependência seu poder e presença.
Gestão e Liderança24 
Um Estilo de Liderança impactado pela segunda 
vinda de Cristo 
Jesus prometeu que o fim não viria até que o evangelho do reino 
fosse pregado a todas as nações (Mt 24:14). Essa seção profética dos 
evangelhos já foi chamada de “pequeno apocalipse”. Haverá guerras, 
sofrimento, perseguição e outras tribulações que muitos interpretarão 
como sinais dos tempos. Falsos cristos edificarão seus impérios. Falsos 
profetas oferecerão as bênçãos de uma nova era diferente da história 
de Jesus. Entretanto, isso não é o fim de todas as coisas. O evangelho 
precisa ser pregado a todas as nações. Todos devem ter a oportunidade 
de arrepender-se e crer na realidade do reino de Deus. Milhões serão 
martirizados por amor ao evangelho.
O clímax da história é o evento escatológico. Naquela hora, os 
incalculáveis atributos de Deus - sua graça, poder, majestade, amor 
e sabedoria - serão revelados. Até lá, estamos somente a caminho. 
Não há espaço para ansiedade com nossas falhas e vaidade com nosso 
sucesso. Há somente espaço para fidelidade no testemunho do Jesus, 
crucificado e ressurreto. Nele, o propósito da história cósmica foi 
revelado. A lógica da missão é esta: o verdadeiro sentido da história 
humana foi descoberto em Cristo. Portanto, a questão do sentido e 
objetivo da história não pode ser evitada. A vinda de Jesus nos dá 
coragem para assumirmos uma nova atitude diante da história e 
sociedade. Escatologia é a única opção capaz de conferir real significado 
à história humana. 
Conclusão
É óbvio que a intenção de Jesus não era criar um sistema religioso. 
De outra feita, Deus teria escrito um compêndio teológico semelhante 
à Dogmática de Barth. Seu ensino não foi meramente intelectual. 
Deus entregou seu Filho. Sua mensagem veio em forma humana, 
25
encarnada em vida e ação, com lágrimas, sangue e suor de seu Filho. 
Por essa razão, a mensagem do evangelho não poderia ser reduzida a 
abstrações, teorias, estratégias e sistemas. A mensagem de Deus é o 
próprio Jesus Cristo. 
Referências Bibliográficas
MUZIO, Rubens. O DNA da Liderança Cristã. São Paulo, Editora Mundo 
Cristão, 2007.
Newbigin, Lesslie.. The Gospel in a Pluralist Society. Grand Rapids, 
Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1989.
Gestão e Liderança26 
Anotações
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27
Gestão e Liderança
Unidade - 04 
Modelos Atuais de Liderança
Introdução
O que significa ser um bom líder nos dias de hoje? 
Vários modelos atuais foram emprestados dos símbolos 
sociais que tem mais proeminência na cultura brasileira. O 
líder virou treinador, técnico ou couch, empreendedor ou 
estrategista, marketeiro, empresário, mestre ou doutor. A 
maioria deles apresenta aspectos positivos e continuarão a 
influenciar o modus operantis da igreja. Mas há vantagens e 
desvantagens para cada uma das tendências. Até que ponto 
as igrejas foram e devem ser influenciadas pelas formas 
contemporâneas de liderança? 
Objetivos
1. Expor e ter atitude crítica diante dos modelos 
atuais de liderança que incluam os paradigmas da imitação, 
do profissionalismo, do gerenciamento, da tecnologia, do 
marqueteiro, do entretenimento e da psicologização.
Gestão e Liderança28 
O paradigma da repetição
Se você visitar uma livraria evangélica em sua cidade, você notará 
que muitos dos livros encontrados nas prateleiras são traduções de 
livros americanos (e europeus). Não faltam aos pastores e líderes 
oportunidades para clonagem. Ao alcance de um simples telefonema ou 
link da internet estão centenas de modelos importados que descrevem 
“como fazer” bem, ferramentasministeriais, verdadeiros pacotes 
para reprodução e kits para repetição. As ferramentas da Internet 
capacitaram os americanos a disseminarem mundialmente sua própria 
literatura e cursos, frequentemente às custas de negar que seu pessoal 
desenvolvesse um material que refletisse mais adequadamente sua 
individualidade cultural. Como isso tudo afeta o líder? O líder-clone 
acaba investindo boa parte de seu tempo na busca de uma receita 
mágica, ignorando as tradições, a cultura brasileira e seu contexto. 
O missiologista urbano, Ray Bakke, chama isso de Mentalidade de 
Franchising do McDonald.1 Em círculos evangélicos, muitas visões e 
planos são copiados da Igreja WilllowCreek, de Bill Hybels. Muitas 
outras congregações procuram surfar pelas ondas de sucesso de Rick 
Warren, pastor da Igreja com Propósitos, de Saddleback, Califórnia, 
G12, de César Castelhano, na Colômbia, Batista da Lagoinha, em Belo 
Horizonte e várias outras. 
A reprodução de um modelo que deu certo em outro lugar sem 
a adaptação ao contexto local pode trazer resultados desastrosos. A 
duplicação ou clonagem de um protótipo de igreja de uma comunidade 
para outra, ou de uma cidade para outra, traz tremendos obstáculos. 
Para começar, os dados demográficos do IBGE são diferentes de região 
para região: o número de homens, mulheres, jovens, crianças e idosos. 
Também são diferentes a história e fatores sociais da cidade como: 
analfabetismo, riqueza e pobreza, drogas e violência. Por isso, muitos 
dos protótipos bem sucedidos que vem dos Estados Unidos e Europa, 
falharão ao serem adaptados ao contexto das igrejas brasileiras. 
1Ray Bakke, The Urban Christian )Downers Grove: Intervarsity Press, 1989), 23
29
O paradigma do profissionalismo
Uma outra tendência que afeta os diversos estilos de liderança é 
o professionalismo religioso. O pastor-profissional deve ser um experto 
formado para desempenhar determinadas tarefas administrativas e 
funções técnicas. Ele é um profissional em meio a outros profissionais. 
Em meio a tantas conferências e workshops, ministérios e programas 
eclesiásticos, permeia o sentimento de que pastorear é funcionar como 
profissional da igreja. As escolas de MBA e livros de administração 
agora substituem os livros de teologia clássica, influenciando os 
seminários de liderança e ditando as regras de como ser um bom 
pastor. 
Consciente ou inconscientemente, uma das motivações para o 
profissionalismo é ganhar mais dinheiro. Afinal de contas, o pastor 
é “pago” para pregar, “pago” para visitar, “pago” para aconselhar, 
“pago” para administrar e assim por diante. Alberto Tapia entende que 
nesse tipo de contexto há uma marcante dependência do pastor. Ele é 
pago para fazer isso ou aquilo: visitar, dirigir os cultos, cantar, pregar, 
consolar os enfermos e mil outras tarefas a mais que a congregação 
lhe impõe. Seu ministério se limita a que o grosso da congregação 
concorra mais ou menos com regularidade aos cultos que a igreja 
celebra, contribua economicamente e aceite uma visita pastoral em 
alguma circunstância especial.2 
 O pastorado não é uma mera profissão; é um chamado para servir 
o Rei. Ser pastor é ser vocacionado para profetizar mensagens que, 
apesar de serem enviadas pelo Senhor, por vezes, serão impopulares e 
desagradáveis, causando descontentamento e aborrecimento. Os dias 
do pastor-profissional estão contados. 
O paradigma da empresa e administração
Especialmente nos últimos 20 anos, a igreja tem adotado padrões 
empresariais e valores organizacionais e sociológicos. Afinal de contas, 
a igreja precisa crescer! A estrutura das igrejas tem se orientado para 
produtividade, eficiência, estatística e sucesso. Na prática, essa tendência 
2Tapia, Alberto Tuang, Hacia una pastoral paulina, Publicaciones INDEF, San Jose (Costa Rica), 1975, 
p. 92
Gestão e Liderança30 
reduz a igreja a uma série de ministérios administrados pela habilidade de 
um bom gestor que mantém eficácia; uma organização designada para a 
realização de certos objetivos. Muitas das igrejas avaliam sua performance a 
partir das estatísticas, elogiam seus excelentes resultados financeiros a partir 
da reengenharia e são alavancada por eficientes estratégias de comunicação 
de massa que se aproveitam do crescente processo de globalização 
econômica. A liderança pastoral, primeiramente administrativa requer 
dos líderes que sejam geradores de novos programas e gestores hábeis que 
mantenham a ordem e façam tudo andar “redondinho” 
Na igreja-empresa, o líder tende a ser avaliado pela produtividade 
e resultado especialmente em duas áreas: aumento do número de fiéis e 
arrecadação dos dízimos e ofertas. A igreja então será administrada como 
uma série de departamentos humanos e estruturas seculares que necessitam 
apenas de um bom gerenciamento. A forma de a igreja funcionar, sua 
eclesiologia operacional, acabará se baseando fundamentalmente em 
conceitos da gestão de empresas. Eventualmente a igreja perderá a visão de 
sua real identidade como comunidade social. 
O paradigma da tecnologia
 O líder-técnico é influenciado pela tecnologia atual e preocupa-se 
especialmente com o caráter funcional da igreja, ou seja, suas funções e 
ministérios. A igreja é avaliada por aquilo que ela faz e não por aquilo que 
ela é. O importante é diagnosticar as fraquezas da igreja e depois aplicar 
as técnicas e ferramentas certas para corrigir o problema e revitalizar o 
ministério.3 Inconscientemente, o líder acredita que pode manipular o 
ambiente ao seu redor e chegar aos resultados desejados se tão somente 
utilizar corretamente as técnicas e ferramentas ministeriais. Ele pensa que, 
se usar os instrumentos certos, misturados a uma boa dose de esforço e 
dedicação, a “receita” irá funcionar. Esta percepção antropocêntrica tem se 
tornado a visão reinante. Isso é facilmente comprovado pelos numerosos 
seminários, conferências e workshops que oferecem aos líderes métodos 
de “como” aplicar técnicas e habilidades em diferentes contextos que nada 
diferenciam daquelas utilizadas em ambientes não-cristãos. Alguns líderes, 
verdadeiros gurus do sucesso, atraem para os seus workshops centenas de 
3Van Gelder, The Essence.
31
famintos acólitos desejosos de uma iniciação nas técnicas mais atualizadas. 
Querem saber “como fazer” para ______________ (preencha o espaço em 
branco) e tentarão reproduzir em suas igrejas.
Essa mentalidade pode também levar à ilusão que meras técnicas e 
novos programas irão trazer o sucesso. A tentação é grande para buscar 
pastores que realizem grandes ministérios em outras bandas e a tentativa 
de adotá-los como protótipos para se reproduzirem em nosso local. A 
impressão que fica é que o Reino de Deus pode ser alcançado através de 
genialidade e capacidade humana. A percepção que muitos pastores e líderes 
têm é que sempre existirá uma técnica certa para cumprir a missão da igreja 
local em seu contexto, existirão sempre estratégias e métodos infalíveis para 
se chegar ao objetivo desejado pela igreja. 
O paradigma do consumismo e marketização
Sem dúvida, o marketing tem transformado a natureza da igreja. 
Ela tem sido vista apenas como uma instituição que provê bens e serviços 
em um mercado cada vez mais competitivo e consumista. Assim sendo, 
elas tornam-se economias religiosas, verdadeiros mercados, repletos de 
“crentes clientes”, produtoras dos bens religiosos que competem entre si 
para atrair os consumidores em potencial. Muitas delas passaram desde 
então a disputar a fidelidade de seus membros, desenvolvendo estratégias 
de propaganda e marketing para garantir sua permanência. Muitas 
vendem bens religiosos e serviços em um competitivo varejão religioso. 
Membros e não-membros são vistos como consumidores. Diante de 
tantos produtos religiosos e opções eclesiásticas, lamentavelmente o 
crente-cliente se vê com toda a liberdade para utilizar critérios próprios na 
escolha da melhor igreja ou religião. Os critérios são semelhantes àqueles 
utilizados na escolha de um restauranteou pizzaria: prazer, sabor, gosto, 
qualidade do produto e atendimento, promoções, boa propaganda, etc. 
O líder-marketeiro precisa, portanto, apelar aos desejos emocionais e 
espirituais que já existem na mente dos seus ouvintes. Mas será que a 
igreja existe apenas para ajudar seus membros a descobrirem seus dons, 
expandirem seus ministérios, enfim, a ajudarem uns aos outros a terem 
uma vida melhor aqui na terra ou ela tem propósitos mais amplos dentro 
da cosmovisão da vinda do Reino de Deus em Cristo?
Gestão e Liderança32 
O paradigma do entretenimento
Muitos dos cultos e missas parecem apresentações teatrais, 
verdadeiros espetáculos para serem assistidos. O perfil de um bom 
líder-ator deve misturar o treinamento em relações humanas com a 
simpatia e carisma de um showman. O líder sério e compenetrado 
dificilmente se torna popular entre seus membros. Cada vez mais 
frequentemente, o pastor deve ser um bom animador de auditório. 
O líder-ator aprende as melhores técnicas e sabe trabalhar com as 
emoções do público; ele é cuidadoso com sua presença, preocupado 
com as variações e tons de voz, atento aos gestos e a sua performance. 
O culto-entretenimento raramente produz um senso de 
identidade e continuidade na vida da igreja e no pastor-ator. Ele 
tende a deixar as pessoas confusas sobre quem elas são: clientes, 
consumidores e ouvintes ou membros do corpo de Cristo e discípulos 
de Cristo. O crescimento é instável. A igreja perde sua identidade 
como comunidade da aliança. Sua transformação em clube, multidão 
ou organização converte seus membros em expectadores que, ao lado 
de muitos outros, assiste a um jogo de futebol, comendo cachorro-
quente e pipoca, e criticando todos os passos dos 22 jogadores 
(presbíteros, diáconos, pastores e missionários) que se esforçam para 
marcar um gol. 
O paradigma da Psicologização
A pós-modernidade fortaleceu a dimensão terapêutica da cultura 
global. Percebe-se, já há várias décadas, uma transição do caráter 
protestante que enfatizava a salvação unicamente em Cristo para uma 
cultura motivacional de salvação na terapia, na autossatisfação e na 
autorrealização desse mundo. Jesus e sua graça não são mais suficientes 
para esse mundo complexo. Precisa-se de ajuda. Exemplo disso é a 
mais que obsessiva preocupação com a saúde física e emocional. Essa 
busca constante por terapia, cura, vida livre da dor como a maior 
necessidade da geração atual tem trazido muita insegurança aos 
conceitos de pecado e salvação na igreja. 
 A pressão é enorme para que os líderes concentrem seu 
33
ministério na prática pseudo-terapêutica. Pastores tornam-se clínicos 
ou conselheiros responsáveis meramente pelo cuidado pastoral das 
crises e direção espiritual na resolução dos problemas pessoais e sociais. 
As pregações mais populares não são as exposições sólidas e profundas 
dos textos bíblicos, mas sim os cursos de cinco passos para uma vida 
feliz e cheia de paz, seis princípios para um casamento feliz e ideal, sete 
passos para uma vida profissional bem-sucedida e próspera. Tudo isso 
acentua um evangelho reducionista e secularizado que apenas supre 
necessidades individuais e enfraquece a relação pessoal com Deus 
em Cristo. O fato do religioso buscar apenas uma melhor autoestima 
como centro de sua existência, gera graves distorções na identidade da 
igreja. A tendência moderna de ver a igreja em termos de indivíduos 
em busca de saúde mental, pessoas extremamente vulneráveis às mais 
diversas crises de autoestima, está distante anos-luz da visão igreja 
como comunidade de fiéis às promessas de Deus.4 
Conclusão 
Talvez o elemento unificador de todas as tendências seja o 
eclesiocentrismo, a centralização dos projetos e ministérios em torno 
da própria igreja, como instituição, a enxergar-se como sendo mais 
importante que o mundo ao seu redor. O esforço do líder se centraliza 
na formação de uma igreja maior e melhor. A igreja torna-se um fim 
em si mesma, deixando de ser meio, sinal, instrumento do Reino. Em 
vez de ser responsável por cumprir sua missão e realizar os propósitos 
redentores de Deus, a igreja acaba voltando-se para o cumprimento de 
seus próprios projetos. 
 Como esses modelos de contemporâneas de liderança estão 
influenciando o seu ministério?
4Lamin Sanneh, Encountering the West: Christianinty and the Global Cultural Process (Maryknoll, 
NY: Orbis Books, 1993), p. 221
Gestão e Liderança34 
Referências Bibliográficas
AMORESE, R. M. Igreja & Sociedade: O Desafio de ser Cristão no Brasil do 
Século XXI. Viçosa, MG.: Editora Ultimato, 1998.
BAKKE, Ray. The Urban Christian. Downers Grove: Intervarsity Press, 
1989.
CLAPP, Rodney. A Peculiar People: The Church as Culture in a Post-
Christian Society. Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press, 1996.
MUZIO, Rubens. O DNA da Liderança Cristã. São Paulo, Editora Mundo 
Cristão, 2007.
HUNSBERGER, George R. “The Newbigin Gauntlet: Developing a 
Domestic Missiology for North America.” Missiology: An International 
Review nº 4 (October 1991): 391-407.
PETERSON, Eugene. Working the Angles: the Shape of Pastoral Integrity. 
Grand Rapids, MI: Eerdmans Publishing Company, 1987.
STEUERNAGEL, Valdir, ed. Igreja: Comunidade Missionária. São Paulo, 
SP: ABU, 1978.
TAPIA, Albero Guang. Hacia una Pastoral Paulina. San José, Costa Rica: 
Publicaciones INDEF, 1975.
VALERIO, Ruth, “A World Gone Bananas. Globalization and Economics.” 
In One World or Many; ed. by Richard Tiplady. Pasadena, CA: William 
Carey Library, 2003.
35
Gestão e Liderança
Unidade - 05 
Estilos de Liderança
Introdução
Um dos aspectos mais importantes dessa unidade é 
ajudá-lo a descobrir o seu próprio estilo de liderança. Que 
tipo de líder Deus deseja que você seja?
Objetivos
1. Reconhecer os principais estilos de liderança;
2. Ampliar sua compreensão sobre os diversos estilos.
Gestão e Liderança36 
Estilos de Liderança 
Bill Hybells, no seu livro Liderança Corajosa, fala sobre vários 
estilos de líderes: visionário, direcional, estratégico, gerencial, 
motivacional, pastoral, formador de equipes, empreendedor, 
reformista e consensual. Contudo, existem várias maneiras diferentes 
de abordar esta questão de estilos de liderança. Veja alguns exemplos 
de ações e modelos diferentes de liderança: 
Liderar por tarefa. O líder organiza e define as funções dos 
membros do grupo (liderados); explica que atividades cada um deve 
fazer, e quando, onde e como as tarefas devem estar realizadas. Este 
tipo de liderança caracteriza-se por pretender estabelecer modelos 
de organização bem-definidos, que incluem canais de comunicação e 
maneiras de ter o trabalho realizado.
Liderar focado nos relacionamentos. Os líderes mantem um 
relacionamento pessoal entre ele mesmo e os liderados, através da 
abertura de canais de comunicação, provendo apoio sócioemocional, 
e facilitando ações.
Liderar com determinação. É um estilo de liderança situacional, 
usado com seguidores que são incapazes ou não-desejosos de assumir 
responsabilidades para fazer algo, e são então julgados incompetentes 
ou sem merecer confiança. O estilo é caracterizado por uma direção 
e supervisão clara e específica, ou seja, alta ênfase em tarefas, e baixa 
ênfase em relacionamentos.
Liderar com participação. É um estilo de liderança usado com 
seguidores que são habilitados, mas não-desejosos de fazer o que o 
líder quer. É caracterizado por um estilo não-diretivo e apoiador, 
no qual o líder e os seguidores compartilham no processo decisório, 
fazendo com que as principais funções do líder sejam as de facilitador 
e comunicador.
Liderar com delegação. É um estilo de liderança usado com 
seguidores que são hábeis e desejosos de fazer o que o líder quer. É 
caracterizado por uma baixa ênfase em relacionamentos de apoio e 
uma alta mas não diretiva, ênfase em tarefa pelo líder.
37
No entanto, é importante observar que a liderança varia entre 
uma conduta mais autoritária e uma conduta mais liberal. Temos a 
tendência de imaginar que um bom líderé aquele que impõe suas 
ideias, mantém-se focado em seus objetivos e faz com que as pessoas o 
sigam. Na verdade esse é apenas um dos estilos de liderança.
1. Liderança Autocrática. Esse estilo de liderança tende a ser 
centralizador. Ao mesmo tempo em que pode trazer certa segurança 
ao grupo de liderados, pode desenvolver certa dependência do líder 
e desmotivar a iniciativa dos indivíduos. As pessoas podem ter 
dificuldades de agir sozinhas e tomar decisões até para questões menores 
sem consultar o líder. Em geral, líderes autocráticos estão focados nas 
tarefas e metas, procurando alcançar a todo custo seus objetivos; por 
isso, nem sempre se preocupam com o processo de fortalecimento da 
equipe. Veja algumas características do comportamento do líder de 
estilo autocrático:
• O líder é quem determina o que fazer e como fazer;
• Não diz nem explica o que os liderados devem fazer depois;
• As ordens são dadas passo a passo;
• Elogios e críticas são estritamente pessoais;
• Relaciona-se com o grupo só para dar “ordens”.
Segundo Maximiano (2000), quanto mais concentrada a 
autoridade no líder, mais autoritário seu comportamento ou estilo. 
Infelizmente o estilo autocrático pode degenerar, transformando-se em 
autoritarismo, arbitrariedade, despotismo e tirania. Alguns membros 
do grupo passam a depender completamente do líder. Quando este 
está ausente, o trabalho tende a cair de produção, não progredindo 
com a mesma intensidade. Os comportamentos do grupo podem se 
tornar conflituosos e agressivos.
Gestão e Liderança38 
2. Liderança Democrática. O líder democrático é visto como o 
meio termo entre o autocrático e o liberal. Veja algumas características:
• Líder discute com os liderados sobre o que fazer e como fazer;
• Atribui responsabilidade de decisão aos liderados;
• Os objetivos das tarefas são antecipadamente discutidos, 
definidos e explicados aos liderados;
• Deixa que os liderados optem por várias maneiras de agir, 
desde que justifiquem suas escolhas;
• É visto como um membro do grupo;
• Permite que os liderados escolham o grupo de trabalho e a 
divisão das suas tarefas;
• Ao elogiar e criticar, se atém aos fatos e não às pessoas. Age 
com imparcialidade.
O benefício desse estilo de liderança é o envolvimento do grupo. 
Suas relações com o líder são mais livres e espontâneas. Quanto mais 
as decisões forem influenciadas pelos integrantes do grupo, mais 
democrático é o comportamento do líder. Sabemos que quando as 
pessoas não participam do processo de decisão, muitas vezes, não 
se empenham com tanto afinco. Os comportamentos democráticos 
envolvem alguma espécie de influência ou participação dos liderados 
no processo de decisão ou de uso de autoridade por parte do dirigente. 
O trabalho pode progredir de maneira mais suave e contínua, 
mantendo-se assim, mesmo na ausência do líder.
3. Liderança liberal. Ser liberal implica na decisão de abdicar 
deliberadamente do poder de tomar determinadas decisões, que são 
delegadas para os liderados. O líder transfere sua autoridade para 
os liderados, conferindo-lhes o poder de tomar decisões. Quanto 
mais o líder delegar decisões para os liderados, mais liberal é o seu 
comportamento. Em contraste com líder autocrático, na liderança 
liberal:
• Liberdade aos liderados sobre o que fazer e como fazer;
• Cada um decide como quer;
• Omite-se em relação às tarefas;
• Quase não interfere no comportamento dos liderados;
39
• Críticas e elogios somente se for indagado.
Se de um lado esse estilo de liderança possibilita o desenvolvimento 
pessoal e criatividade dos liderados, por outro lado, pode se tornar 
ineficaz, não valorizando o alcance de metas e objetivos. O trabalho 
progride desordenadamente e sem muita eficiência. Além disso, 
muitas vezes pessoas lideradas por esse estilo se sentem perdidas sem 
um direcionamento. Embora haja considerável atividade, a maior 
parte dela é improdutiva.
Liderança Situacional
Qual é o melhor estilo de liderança? Muitos pesquisadores e 
praticantes da administração vêm fazendo essa pergunta. É preciso 
ter consciência de que as circunstâncias nas quais estamos envolvidos 
definem o estilo de liderança que devemos desenvolver. Precisamos 
considerar que as pessoas não são iguais, logo os estilos de liderança 
também serão diferenciados de acordo com o contexto. Desta forma, 
podemos dizer que situações requerem um estilo de liderança que 
envolva flexibilidade e adaptabilidade, podendo variar de acordo com 
as necessidades da organização e da época. A liderança situacional 
ressalta, como o próprio termo já diz, a análise crítica de cada situação 
e das pessoas ou grupos envolvidos.
Na década de 1960, Robert Blake e Jane Mouton desenvolveram 
um modelo simples de liderança, que utiliza dois eixos fundamentais: 
a preocupação com as pessoas e a preocupação com as tarefas. 
Aqueles focados exclusivamente em fazer o trabalho e alcançar 
os objetivos, é provável quem, a médio ou longo prazo, se torne 
impopular, especialmente numa organização voluntária como a 
igreja. Por outro lado, aqueles unicamente preocupados com a pessoas 
e suas necessidades, formarão um “clube” bem acolhedor, mas nada 
realmente acontece! Um estilo de liderança fraco, despreocupado 
com pessoas e com projeto levará ao pior dos dois mundos. Nosso 
alvo deve ser um modelo de liderança ao longo do eixo diagonal de 
integração e equilíbrio entre as necessidades das tarefas a serem feitas 
e das necessidades das pessoas. 
Gestão e Liderança40 
Veja o gráfi co abaixo: 
Embora esse estilo de liderança forte em pessoas e forte em tarefas 
possa ser a abordagem desejada a longo prazo, diferentes situações 
exigirão que você utilize uma variedade de estilos, em momentos 
diferentes. O modelo de liderança situacional foi desenvolvido por 
Blanchard1 nos Estados e identifi ca quatro diferentes estilos de 
liderança baseados no envolvimento com o projeto e no envolvimento 
com as pessoas, em relação a um ponto no tempo. 
Estilo 1 (S1) é chamado de estruturação. O líder demonstra elevado 
envolvimento com a execução da tarefa, mas baixo envolvimento 
nos relacionamentos. Por exemplo, quando um incêndio irrompe, 
preocupação com a tarefa de esvaziar um prédio de forma segura e 
ordenada é primordial. Pedir às pessoas para conversar em pequenos 
grupos e refl etir sobre como se sentem sobre a perspectiva de serem 
consumidos pelas chamas será claramente inútil. Você simplesmente 
terá que levar todos para fora do prédio o mais rápido possível. Espero 
que tenham saídas de incêndios regularizadas. 
1Blanchard et al., Leadership and the One Minute Manager.
41
Estilo 2 (S2) é o estilo mentoria, no qual o líder fica ao lado das 
pessoas e usa seu exemplo e encorajamento, para ajudá-los a realizar 
tarefas ministeriais. Um exemplo disso é um técnico de time de futebol, 
que fornecerá ajuda técnica nos treinamentos, mas também estará ao 
lado do campo, incentivando os jogadores para dar o seu melhor. Um 
bom técnico tem a capacidade de treinar para as tarefas e ao mesmo 
tempo incentivar as pessoas a pensarem por si mesmas. 
Estilo 3 (S3) é um estilo apoiador, no qual o líder fornece o 
incentivo, em um nível mais alto, se envolvendo com a visão geral da 
obra, ajudando a trabalhar através de direção de nível superior e de 
soluções para questões importantes, mas permitindo que as tarefas do 
dia a dia sejam conduzidas por outros líderes.
Estilo 4 (S4) refere-se ao líder que permanentemente delega 
tarefas e responsabilidades aos membros da equipe, demonstrando 
um baixo envolvimento com as tarefas e com os relacionamentos. 
Um exemplo de tal estilo é o modelo episcopal (bispo) de liderança 
que permite que seus líderes executem suas funções da maneira que 
desejarem. 
Conclusão
Pode-lhe parecer que estilos S2 e S3 sejam os melhores para 
a liderança cristã. Afinal, devemos sempre manter um alto nível de 
relacionamento, não deveríamos? Mas nem sempre isso é apropriado. 
Como líderes cristãos, devemos sempre teruma alta consideração 
as pessoas e manter relacionamentos de qualidade com eles. Isso é 
prática pastoral e um resultado claro e direto de amor ao próximo. No 
entanto, o estilo de liderança situacional é apropriado para diferentes 
situações que envolvem tarefas e projetos organizacionais e não 
somente relacionamentos. 
Gestão e Liderança42 
Referências Bibliográficas
BARNA, G. Líderes em Ação. Campinas, SP, United Press, 1999 
SANDERS, O.J. Liderança Espiritual. São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1997.
CLINTON, Robert. Etapas na vida de um líder. Londrina, Editora Descoberta, 
2000.
EIMS, L. A Formação de um Líder. São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1998.
HYBELS, B. Liderança Corajosa. São Paulo, Editora Vida, 2002.
MAXWELL, J. As 21 Irrefutáveis Leis da Liderança. São Paulo, Editora Mundo 
Cristão, 1999.
_________ Becoming a Person of Influence. Nashville. Thomas Nelson, 1997. 
_________ Developing the Leader within you. Nashville. Thomas Nelson, 1993. 
AMARAL, I. Programa de Aperfeiçoamento de chefias. Apostila não
Publicada. Lençóis Paulista, São Paulo,1986.
HERSEY, P., BLANCHARD, K. Management of organizational behavior.
Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall, 1972, p. 135.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à Administração. São
Paulo, Editora Atlas, 2000.
43
Gestão e Liderança
Unidade - 06 
 A Espiritualidade do Líder
Introdução
Nesta unidade, introduzirem o assunto da 
espiritualidade do líder. Todo líder cristão precisa ser 
um bom cristão. Isso pode soar simples e elementar, mas 
quando olhamos ao redor percebemos que a espiritualidade 
do líder evangélico parece estar comprometida. 
Espiritualidade, nos dias de hoje, é uma palavra popular 
que, ao ser pronunciada, todos começam a aplaudi-la. 
Entretanto, a palavra é resistente a uma definição precisa 
pela variedade de sentidos e pelas controvérsias entre os 
acadêmicos.1 Frequentemente, os estudiosos olham para 
a pintura exterior da teologia cristã e suas estruturas, mas 
se esquecem onde está a energia interior e a vitalidade do 
cristianismo. A vida cristã saudável deveria ser o centro da 
herança evangélica. 
Objetivos
 1. Conceituação, elementos básicos e importância 
da Espiritualidade Cristã para o líder cristão.
 
1McGrath, Christian Spirituality.
Gestão e Liderança44 
Espiritualidade Carnal
A conversão ao cristianismo deveria levar necessariamente a uma 
vida nova, à mudança de atitudes: velhos vícios são abandonados e uma 
nova linguagem é aprendida. O novo convertido experimenta fortes 
emoções, sente o amor de Deus e entrega sua vida a Ele. Entretanto, por 
mais válidas e abençoadoras que sejam essas experiências espirituais, 
elas não demonstram conhecimento profundo da graça salvadora 
e da pessoa de Deus. Reverência a Deus, dedicação à igreja e fortes 
emoções religiosas não florescem nos campos daquela espiritualidade 
que é regada pela água da vida, pela alegria do Espírito e pelo amor 
genuíno descoberto na cruz de Jesus. Ou seja, pessoas com aparência 
espiritual podem estar vazias da graça de Deus.
Isso faz com que muitos dos crentes, participantes das 
igrejas brasileiras, manifestem alguns tipos de pecados religiosos 
dissimulados, estilos de carnalidade com fachada de espiritualidade. 
É comum para aqueles que invejavam o carro importado ou a casa do 
colega de trabalho desejarem agora as mesmas coisas através de uma 
oração de posse, decretando prosperidade do Filho de Deus. Aqueles 
que anteriormente ambicionavam o cargo ou comissão do chefe do 
departamento, agora aspiram, humilde e avidamente, ao título de 
diácono ou a posição de liderança (pastor, bispo, apóstolo, etc.) com 
toda a voracidade do mercado de trabalho. Embora não exagerem 
mais na quantidade de bebida alcoólica (comida em excesso parece 
ser liberado nas igrejas, em geral) a glutonaria ambiciosa dos dons 
espirituais e cargos ministeriais mantém os desejos carnais bem vivos 
e ativos. É claro que tudo isso se disfarça com tanta sutileza passando 
despercebido para a maioria dos evangélicos, frequentadores dos 
cultos, sendo imperceptível até mesmo para os pastores e líderes. 
Esses são apenas alguns exemplos do que poderia ser chamado de 
espiritualidade carnal ou carnalidade espiritual. Tais atitudes, embora 
sutis e inconscientes, corroem a comunidade cristã como câncer, 
devorando sua vitalidade de dentro para fora.
Há uma grande quantidade de atividade religiosa no mundo 
energizada pela natureza humana e pelo próprio diabo. A natureza 
humana pode ser facilmente mascarada e encoberta pela espiritualidade 
45
das pessoas. Padrões e atitudes que aparentemente têm cara e jeito de 
cristianismo podem encobrir uma carnalidade nos níveis mais íntimos 
das intenções e desejos do coração. O próprio Jesus disse que o joio é 
muito parecido com o trigo (Mt 13:24-27). Quase todos os períodos de 
crescimento e avivamento na história da igreja comprovam que o trigo 
do evangelho fora cercado pelo joio das atividades carnais e elementos 
enraizados nos pecados do orgulho, vaidade, impureza, divisões, 
soberba, lascívia, etc. Da mesma maneira, o joio está misturado no 
coração de todas as pessoas. O pecado se mistura em diversas doses 
e combinações dentro do coração, diluindo os elementos da fé, 
amor e santidade, implantados após a conversão pelo Espírito Santo. 
Ninguém é capaz de identificar e separar completamente o que vem de 
Deus daquilo que vem dos próprios desejos do coração humano. Há 
tantas combinações entre o bem e o mal, entre virtude e vício, entre 
aspirações por santidade e desejos da carnalidade. Nenhum cristão 
pode ter certeza absoluta que suas experiências sejam puramente 
experiências espirituais, sem que estejam poluídas pelo pecado ou 
misturadas à natureza humana. Nas terras do coração, as sementes da 
maldade fertilizam lado a lado com as sementes da Palavra. 
Espiritualidade Superficial
Observemos a superficialidade das conversões. John Stott, no 1º 
Congresso de Lausanne, descreveu com ousadia a igreja africana da 
seguinte forma: como um grande rio, com milhares de quilômetros de 
extensão e centímetros de profundidade. Apesar de milhões tornarem-
se cristãos e demonstrarem um entusiasmo superficial e alegria 
contagiante, os corações não foram profundamente afetados com o 
evangelho. O Brasil, com seus 45 milhões de membros e 250 mil templos 
evangélicos, deve constantemente avaliar se o crescimento acelerado 
está sendo acompanhado com profundidade teológica, substância 
espiritual, maturidade no discipulado e transformação comunitária. 
Falando na International Consultation on Discipleship, para 400 
líderes de 90 organizações de 54 países, em 1999, Stott reafirmou que 
a igreja está crescendo com força, mas em muitos lugares o problema 
é que o crescimento não tem profundidade (Oosterhoff, 1999, p. 1). 
Gestão e Liderança46 
Sem dúvida, fizemos um ótimo trabalho como obstetras da 
evangelização, parteiros espirituais, gerando milhões de novos-crentes, 
introduzindo-os ao leite materno da fé cristã. Entretanto, a liderança 
evangélica demonstra grandes dificuldades no conhecimento de Deus, 
no aprofundamento das dinâmicas da fé, na mortificação do pecado 
e no processo de transformação pessoal e comunitário. O evangélico 
brasileiro ainda crê e pratica um cristianismo infantil, bastante 
rudimentar, sem consciência da abrangência do pecado. Muitos 
cristãos brasileiros foram superficialmente evangelizados e praticam 
o sub-cristianismo do aceitar-Jesus e das 12 lições de discipulado, 
desde que lhes garanta a entrada no trem celestial. Com os cultos de 
entretenimento e suprimento de necessidades, o crente continua a 
viver um estilo de vida pouco tocado pelos valores do evangelho, cuja 
semente não penetra nos terrenos mais profundos do coração humano 
e da sociedade brasileira.
Qual a influência da igreja evangélica na sociedade brasileira? 
Assista a TV e perceba que, apesar dos muitos programas evangélicos, 
o sensacionalismo popular dos shows de televisão e a mentalidadecompetitiva e derrotista do Big Brother Brasil revelam uma cultura 
cada vez mais brutal, sensual, animalesca e enamorada de sequestros 
e da violência. Corrupção e oportunismo impregnam as estruturas de 
poder, inclusive a política evangélica. Não estaria longe dos princípios 
do reino de Deus a igreja defensora da cobiça, incentivadora dos 
valores materiais, protetora do forte, do famoso, do rico e do belo, e 
desvalorizadora do fraco, da viúva, do velho e do pobre?
Elementos da Espiritualidade 
 Por estas e outras razões, o líder cristão deve vivenciar sua 
espiritualidade cristã, assimilando pessoalmente a missão salvífica de 
Cristo, progredindo diariamente em santidade e crescendo na vida 
cristã. 
A espiritualidade Cristã combina a doutrina com a devoção. 
Ela é uma disciplina teoria e prática, ciência e arte. Por um lado, a 
espiritualidade tem um forte elemento doutrinário, da crença nas 
doutrinas bíblicas da redenção, da aliança, da eleição, do negar-se a 
47
si mesmo, da mortificação do pecado e assim por diante. Os protestantes 
abordam a espiritualidade como resultado da justificação pela fé e da 
justiça de Cristo que nos foi imputada. Por outro lado, a espiritualidade tem 
o elemento devocional, o prático, uma forma de viver as doutrinas com 
autenticidade, energia, intensidade, efetividade e fervor. Espiritualidade 
tem a ver com nossa experiência com Deus e a transformação das nossas 
vidas como consequência dessa experiência. Espiritualidade brota da 
síntese da fé com a vida.
 Espiritualidade é a parte da teologia que estuda as verdades das 
Escrituras focando na experiência interior e no ministério santificador 
do Espírito Santo. Espiritualidade tem a ver com crescimento espiritual, 
transformação, piedade, devoção e santidade. Espiritualidade aborda 
diretamente a jornada da santificação e o desenvolvimento da vida cristã.2
Prática da Espiritualidade
Entretanto, a santificação não se torna simplesmente um 
alvo de vida, mas sim o solo, o terreno da verdadeira vida cristã. A 
espiritualidade cristã tem a ver com as práticas cristãs que cultivam 
a santidade no chão fertilizado pelo Espírito. Quando buscamos 
ao Senhor em adoração, meditamos na sua Palavra, oramos com 
intensidade e vivemos em comunhão com seu povo, com isso, estamos 
cultivando o solo do coração.
 O líder deve estudar profundamente as atividades vitais que 
levam ao crescimento e maturidade na vida cristã. Ele precisa identificar 
as causas do crescimento, os estágios necessários ao compromisso e 
desenvolvimento, bem como os meios pelos quais a graça de Deus se 
manifesta na vida do discípulo de Cristo. 
Deveríamos observar mais atentamente o estilo de vida de 
Cristo. Sua encarnação e humildade de nascimento em Nazaré, sua 
paciência e dedicação como marceneiro, seu longo período de jejum e 
solitude após o batismo, suas noites de oração após longos períodos de 
ensino e antes da tomada de decisões importantes, seu silêncio diante 
das acusações dos inimigos, sua paciência, misericórdia e amor com o 
2Kloosterman, “Studying Spirituality in a Reformed Seminary a Calvinist Model,” 126. Also Gordon, 
Evangelical Spirituality, Fick, “John Calvin and Postmodern Spirituality.”
Gestão e Liderança48 
povo simples, seu sacrifício na cruz do calvário! Tudo isso nos encoraja 
a uma liderança mais eficaz, mais robusta, mais saudável. O mero 
conhecimento do evangelho sem a prática da vida evangélica de Jesus 
produzirá líderes flácidos e frouxos. A liderança cristocêntrica deve se 
expressar em estratégias práticas de uma vida semelhante a Jesus, no 
dia a dia de nossa existência. Não adiantará nada o conhecimento dos 
ensinamentos de Cristo se não imitarmos o seu comportamento.
Pensemos na vida de Jesus: há três áreas bem distintas na vida 
cristã que ele praticou com afinco e dedicação: oração, leitura bíblica e 
discipulado. São atos silenciosos, sem glamour, sem celebridade, sem 
o big, sem o marketing, sem a mídia. Eugene Petterson nos lembra que 
são áreas de atenção. Na oração estamos atentos perante Deus. Lendo 
as Escrituras, estamos atentos a voz e ação de Deus em dois mil anos 
de história no Oriente Médio. No discipulado (direção espiritual), 
atentamos aquilo que Deus está fazendo na pessoa que compartilha 
sua história comigo. A comunhão com Cristo nos leva a oração e ao 
amor. O amor pelas pessoas nos leva a sensibilidade: sentimos a dor, 
somos afetados pelo sofrimento do outro. Não nos acostumamos mais 
com a miséria, com a injustiça, com a dor, com a desonestidade, com a 
violência, com a imoralidade e assim por diante. Se o amor nos torna 
mais sensíveis ao sofrimento dos outros, também somos levados a orar. 
Choramos, sofremos pelo perdido. Me lembro quando missionário 
no Canadá, num período em que chorava todas as noites pela cidade 
de Toronto, pelos imigrantes de centenas de etnias, pelos muitos não 
alcançados daquela cidade. Não faço isso com tanta frequência.
Poucos nos pressionam para que vivamos e cresçamos nessas 
três áreas. Poucos se impressionam se as praticamos. É possível ser 
um líder de sucesso, próspero e conhecido no mundo evangélico sem 
exercitá-las. É possível agradar aqueles que pagam nossos salários 
sem experimentá-las. Como quase ninguém nota quando estamos 
fazendo isso direito, elas são áreas negligenciadas pela maioria dos 
líderes. Existe uma grande trama no mundo para eliminar a oração, as 
Escrituras e o discipulado das nossas vidas.
49
Conclusão
Nos preocupamos muito com nossa autoimagem, nossa 
aparência, nos medimos pelo sucesso, programas, prédios e números, 
impacto econômico e influência política. Enchemos nossa agenda 
com reuniões e compromissos para não sobrar tempo em solitude 
e repouso diante de Deus, ou ponderar sua Palavra ou sentar-se 
tranquilo e despreocupadamente com um amigo. O verdadeiro 
sucesso não é medido pelo nosso endereço, pelo tamanho de nossa 
casa, pelo tipo de carro, pelo prestígio na mídia evangélica. O lugar 
onde medimos sucesso é na eternidade. Devemos nos perguntar: “O 
que estamos fazendo aqui que realmente permanecerá e quais dos 
nossos investimentos atuais farão a diferença lá no céu”? Priorizemos 
a santificação e a comunhão com Cristo. 
Gestão e Liderança50 
Anotações
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