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Trabalho Industria Cultural

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Curso:​ ​Pós-Graduação em Diversidade, Inclusão e Cidadania 
Módulo I:​ ​Teorias Sociais, Diversidade, Inclusão e Cidadania 
 
Disciplina: ​Teorias sociais contemporâneas 
Prof. Cledivaldo Aparecido Donzelli 
Débora Isabele de Vasconcelos Teixeira 
 
1. “A expressão ​Indústria Cultural ​(Kulturindustrie) foi cunhada pela primeira 
vez em 1947, por ​Theodor W. Adorno e Max Horkheimer​, nos fragmentos 
filosóficos reunidos sob o título de ​Dialética do Esclarecimento​, termo que 
viria contrapor o conceito cultura de massa, por tratar de um fenômeno distinto 
quanto a sua natureza” Jean Henrique Costa 
A partir da afirmação acima: 
1. Defina Indústria Cultural 
Ao falarmos em indústria cultural referimo-nos a uma instituição que vê na 
cultura a oportunidade de expansão da lógica do capitalismo. Ela é um complexo 
de comunicação e simbolização que perpetua as estruturas e ideologias vigentes, 
de acordo com os autores por meio dela tornou-se possível a total dominação 
dos seres. Esta possui como maior interesse produzir “arte e cultura” que se 
consuma, rentável e que circule no mercado, não necessariamente expandir, 
problematizar e gerar espaços de produção cultural diversos. A indústria possui 
“protótipos de artistas” que são rentáveis, dessa forma para entrar no mercado 
precisam ser moldados, forjados, assim como sua arte. “A técnica da indústria 
cultural levou à padronização e a produção em série” (ADORNO & 
HORKHEIMER, 1947, pg. 57) 
 
 
2. Discorra sobre as argumentações do autor do artigo em relação à 
pertinência de sua aplicação nos tempos contemporâneos. 
Em a dialética do esclarecimento os autores propõem-se a entender como uma 
sociedade moderna que deveria estar caminhando para a solução de conflitos, 
vive tempos piores. Em aproximação a teoria de Webber do desencantamento do 
mundo, os autores afirmam que com a divisão do trabalho uns passaram a deter 
 
os meios de produção, dominando aquele que não detinha nada além de sua 
força de trabalho, e assim como a dominação da natureza passa a ser 
naturalizada a dominação do homem sobre o homem, em nossa sociedade é 
comum vermos pessoas que trabalham 12h por dia por uma remuneração 
geralmente incompatível, e tal “esforço” ser visto como algo positivo. Estes 
afirmam em sua discussão que a força do esclarecimento esta na contradição que 
a própria técnica e tecnologia trazem, ao mesmo tempo em que aumentam o 
conforto e as possibilidades, também aumentam as explorações. Assim o 
desencantamento do mundo gera sujeitos desencantados, sujeitos da técnica, 
ocos e vazios e que tomam o mercado como juiz de valor máximo que dita tudo. 
Nesse contexto surge a indústria cultural como forma de dominação total, 
causando diversos estímulos aos quais o público não tem respostas adequadas, 
seu objetivo é evitar todos os impulsos que poderiam fomentar reflexão e gerar 
um sujeito reflexivo e ativo. Ao olhar para a sociedade atual, vemos a proporção 
que tomou a indústria cultural, onde todos os meios de comunicação, e formas 
de arte que permeiam principalmente o ​mainstream ​propagam uma mesma 
ideologia, a vigente. É só entrar em contato com alguns artistas que a discussão 
underground x ​mainstream ​logo surge, estar no primeiro representa ir contra o 
sistema, o “corre” independente da grande indústria enquanto passar para o 
segundo é sinônimo de se vender ao mercado, logo perdendo sua autonomia e 
muitas vezes sua identidade. Uma rapper da cidade de São Carlos deixa esse 
movimento claro em uma de suas letras após o contato com uma gravadora que 
propôs que diminuísse seu sotaque de interior ao cantar: 
“Não sou da sua laia, não me olhe, de soslaio 
Mudar o sotaque o c*! 
Mais preocupado com a pronúncia do que com a proposta 
Se eu falo porta, se abrem as po​rr​tas 
Mais preocupado com a pronúncia do que com a proposta 
Se eu falo po​rr​ta, se fecham as portas” (Made in roça - Sara Donato) 
Pode ser ousado demais tal afirmação, mas arte e cultura nunca esteve e precisou estar 
tão relacionada a resistência como na modernidade em que vivemos. 
 
 
3. Aponte o que este conceito se diferencia de cultura de massa. 
De acordo com os conceitos elaborados pelos autores a “cultura de massa” 
diferencia-se em sua origem e objetivo, esta origina-se do povo enquanto 
produto de suas vivências, de seu contexto, costumes, sem pretensões 
mercadológicas. Um exemplo que vale citar é o samba de coco, surge no 
nordeste do país com influências indígenas e quilombolas como uma dança de 
trabalho, no entanto quando se fala de samba a primeira referência vem de 
ritmos e de uma estética única e massificada que fomenta o turismo e mobiliza o 
 
mercado produzidos pela Indústria cultural. Enquanto esta gera produtos a serem 
consumidos, a cultura de massa revela a cultura popular, a identidade de uma 
população. Vale trazer brevemente a discussão de que a própria qualidade da 
cultura popular tem sido questionada devido a grande influência da indústria 
cultural, que acaba massificando a própria cultura de massa e destruindo a 
diversidade. 
 
2. Relacione os riscos do século XIX com os riscos do século XX, discussão 
central de Ulrich Beck na obra Sociedade de Risco: rumo à uma outra 
modernidade. 
Beck traz como centro de sua discussão os riscos da sociedade moderna, para ele 
o termo assume um sentido negativo e representa o “conjunto de ameaças, por 
vezes imprevistas, geradas pelas sociedades industriais”, o autor traz que durante 
o século XIX, a sociedade da escassez, os riscos associavam-se a falta de 
recursos materiais, gerando fome, escassez; necessitando assim de um modelo 
econômico e político de desenvolvimento mais equitativo. Já em relação ao 
século XX, os riscos associam-se e ameaçam as bases naturais da vida como: 
água, ar, solo e necessitaria de uma mudança de paradigma para lidar com tal 
realidade. No século XIX as crises associavam-se a forma de distribuição dos 
recursos e riquezas produzidos entre os países, sociedades e classes sociais, no 
entanto, quando muda-se o paradigma da distribuição para a sociedade de risco, 
predomina então a diferente distribuição de risco entre os países, sociedades e 
classes sociais. Beck afirma que na sociedade de risco há algo unificador, já que 
os riscos atingem democraticamente a todos independente de classe social, 
conceito que este chama de globalização do risco.

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