Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gestação e Odontologia Introdução Uma vez constatado o estado de gestação, o cirurgião-dentista deve estar atento para identificar algumas alterações que ocorrem durante este período. · Mudanças físicas · Alterações fisiológicas- aumenta diurese por conta da pressão do bebê na bexiga. · Alterações psicológicas As gestantes se constituem num grupo de pacientes que requer cuidados adicionais, especialmente quanto ao uso das soluções anestésicas locais e prescrição de medicamentos. Alterações fisiológicas na Gestante · Retardo de esvaziamento gástrico e menor motilidade intestinal; · PA normal até 30 sem- menor diastólica e maior sistólica; · Capacidade respiratória maior e consumo O2 e maior FR respiratória. Por que acontece tudo isso? Por que ela precisa respirar mais? Por que a frequência respiratória aumenta? O consumo de O2 aumenta? Porque tem um ser que está usufruindo através da placenta. · Maior volemia (quantidade de sangue que está correndo nos vasos), débito cardíaco (coração tem que trabalhar mais) e fluxo plasmático renal; Tudo isso por conta do bebê. · FC 10 bat/min 14 sem até 30 sem · Menor relativa de proteínas plasmáticas · Alterações de metabolismo hepático · Maior diurese, por conta da volemia, do fluxo plasmático renal e principalmente pela pressão na bexiga da mãe quando o bebê já está grande. Alteração Hormonal A placenta elabora grandes quantidades de gonadotrofina coriônica, estrogênios, progesterona e hormônio lactogênio placentário. A placenta termina sendo um produtor de hormônios no corpo da mãe durante a gestação, por isso que durante a gestação há uma desorganização, como por exemplo: · Nauseas e vômitos · Elevação da gonadotrofina coriônica · Hipoglicemia · Processos inflamatórios · Gengivite gravídica- aumenta metabolismo estrogênio e maior produção progesterona e fatores locais como a má higienização. · Granuloma gravídico (Piogênico) – Tem crescimento rápido. Normalmente diminui após a gestação quando a taxa hormonal volta ao normal, a lesão regride. Se a lesão não regredir, tem de se fazer a excisão cirúrgica. As vezes quando a lesão fica muito grande, pode-se fazer a retirada mesmo durante a gestação. Então ele é a mistura de alterações hormonais com fatores locais do periodonto promovendo a lesão chamada de granuloma gravídico. Cárie Dental e Gravidez · A gravidez não é responsável pelo surgimento de cáries, mas sim pela progressão das lesões já existentes, nem causa a perda de minerais dos dentes da mãe para formar as estruturas calcificadas do bebê; · Há um aumento vertiginoso da sensação de fome no primeiro trimestre da gravidez. Assim, a mulher aumenta a frequência de ingestão alimentar; · Tetraciclina – pigmenta na Formação dos dentes no terceiro a quarto mês gestacional. Uso de drogas durante a Gravidez · Os medicamentos e as drogas são responsáveis por 2 a 3% de todos os defeitos congênitos; · As drogas passam da mãe para o feto sobretudo basicamente através da placenta. Atendimento Odontológico na gravidez Considerações: · PRIMEIRO TRIMESTRE: · Aumento do perigo de aborto; · Distúrbios circulatórios; · Tendência ao vômito; Temos que evitar, mas se a mãe estiver com uma dor de dente terrível, temos que atender, pois a descarga de adrenalina que ela vai ter é muito pior que qualquer medicação. · SEGUNDO TRIMESTRE: · Estabilização do organismo frente ao trabalho físico e metabólico; é o período ideal para fazer o tratamento odontológico. · TERCEIRO TRIMESTRE: · Possibilidade da síndrome da veia cava · Parto prematuro A veia cava traz a circulação dos membros inferiores para o coração. O bebê pressiona a veia cava contra a coluna e tem uma série de alterações-Síndrome da veia cava. Por isso nos atendimentos, a mãe precisa deitar de lado em determinados instantes, pra evitar essa pressão. Horários e duração das consultas posicionamento na cadeira · Agendas curtas; · Segunda metade da manhã, pois o enjoo vem nas primeiras horas; · Horários diferentes; · Doenças do profissional, principalmente viral, evitar atender; · Últimas semanas – posição sentada por causa da pressão da veia cava. · Ao final posição sentada ou deitada de lado (esquerdo) ao final do atendimento. Normas gerais de confuta · Relação entre cirurgião-dentista/médico/gestante: · Plano de tratamento odontológico; · Avaliação do risco-benefício quanto ao uso de medicamentos; · Tipos de procedimentos: · Todo tratamento odontológico essencial pode ser feito durante a gravidez, ex: pulpite; · As reabilitações oclusais extensas e as cirurgias mais invasivas devem ser programadas para o período pós parto. PROVA: entender o porquê não deve fazer algo na gestante... · Época do atendimento: · O 2° trimestre é a melhor época para o atendimento das gestantes; · Período a organogênese está completa e o feto já desenvolvido. · Horários e durações das consultas e posicionamento na cadeira · Sessões curtas, preferencialmente para a segunda metade do período da manhã, episódios de enjoos menores. · Paciente sentada ou deitada de lado por alguns minutos, antes de sair da cadeira e assumir a posição em pé. Urgência No caso de urgências odontológicas, o tratamento não pode ser adiado, independente do período no qual a gestante se encontra, pois as consequências da dor e da infecção podem ser muito mais maléficas a mãe e ao feto do que aquelas decorrentes do tratamento odontológico, já que nosso anestésico é bem diluído. Procedimentos Diagnósticos durante a gestação Os exames de imagem são muitas vezes essenciais para o diagnóstico. Normas básicas no caso de mulheres grávidas: · Avaliar a real necessidade do exame radiográfico para o diagnóstico; · Proteger com avental de chumbo · Empregar filmes ultra-rápidos, que permitem um menor tempo de exposição · Evitar erros técnicos na tomada radiográfica e processamento do filme. Categoria de segurança das drogas durante a gravidez segunda a FDA Quadro: Gestantes podem fazer uso de A e B. Sedação consciente ou tranquilizantes · “Tranquilização verbal” · Evitar sedação consciente por meios farmacológicos ex: Diazepam, midazolam; · Inalação da mistura de oxido nitroso com oxigênio, se houver extrema necessidade; · Consultar o obstetra para avaliar risco/benefício. Anestésicos locais Alguns aspectos a serem analisados: · Técnica anestésica; · Quantidade da droga administrada; · Ausência/presença de vasoconstritor; · Efeitos citotóxicos. · O anestésico local pode afetar o feto de duas maneiras: diretamente (quando ocorrem altas concentrações na circulação fetal). Indiretamente (alterando o tônus muscular uterino ou deprimindo os sistemas cardiovascular e respiratório da mãe). O anti-inflamatório costuma alterar o tônus muscular da mãe. Não esteroidais. Então se eu preciso usar um anti-inflamatório pra gestante, eu vou usar o corticoide. · A solução anestésica local dever ser aquela que proporcione melhor anestesia a gestante · Conter vasoconstritor · Baixa toxicidade a mãe e ao feto. Fatores que determinam a quantidade e a velocidade da transferência placentária: 1. Tamanho da molécula. Quanto maior for a molécula da substancia, menos ela vai passar pela barreira placentária, como se fosse um filtro; 2. Grau de ligação a proteínas plasmáticas; ex. Albumina e globulina. quanto maior o grau de ligação, maior a proteção ao feto, pois ficará muito grande e não vai passar pela barreira placentária. Tabela 1 – Ligação protéica (em %) dos anestésicos locais Bupivacaína 95% Mepivacaína 77% Lidocaína 64% Prilocaína 55% Obs: A prilocaína atravessa a barreira placentária mais rápida que os outros anestésicos locais. Bupivacaína não é interessante para a gestante, pois mesmo que se liga muito a proteínas, o efeito dela é muito longo, 3 a 4 horas. Anestésicos Locais · A toxicidade dos anestésicos locais no feto vai depender: · Da quantidade de droga livre, se se ligar a proteínas plasmáticas, ele não estará livre; · Velocidade de metabolização; Imaturidade fetal · A quantidade de ligação protéica fetal é aproximadamente 50%daquela observada nos adultos (globulina) · A metabolização hepática da mepivacaína é 2 a 3 vezes mais lenta que a da lidocaína. O ideal seria que ele fosse metabolizado logo, cair na corrente sanguínea logo, para ser excretado pela urina, mas não, ela dura três vezes mais que a Lido. · Lidocaína a 2% com vasoconstritor. PROVA · Metemoglobinemia · Distúrbio hematológico em que hemoglobina (transporta O2) é oxidada a metemoglobina, funcionalmente incapaz de transportar O2. Então ela fica oxidada por dois motivos e a partir do instante que ela é oxidada, ela não carrega mais a molécula de oxigênio adequadamente. · Causas: eventuais erros inatos de metabolismo 1. Hemoglobina com estrutura anormal ou deficiência de metemoglobina-redutase; 2. Presença de ag químicos maior tx de oxidação da hemoglobina. Ex. altas doses de prilocaína · Cianose na ausência anormalidades cardíacas ou respiratória. Paciente não tem nenhum problema cardíaco ou respiratório, mas vai ficar azulado · Cianose # anormalidades cardíacas ou respiratórias · Fe no estado reduzido ou ferroso- transporte O2 · Oxidada a forma férrica · Presença de tolueno na mol prilocaína, metabolizada no fígado, esta se transforma em ortotoluidina, que oxida ferro ferroso – férrico e inibir as vias da metemoglobina-redutase. Dentro da hemoglobina tem ferro e oxigênio. O ferro que está dentro da hemoglobina, está no estado reduzido ou ferroso que transporta o O2. Quando ela é oxidada ela sai da forma ferrosa ou ferroso, para a forma férrica, e o ferro da hemoglobina na forma férrica, não consegue transportar O2. O que a prilocaina tem a ver com isso? Na prilocaina, tem uma substancia chamada tolueno que é metabolizado no fígado e se transforma em ortotoluidina, que oxida e faz com que o estada ferroso que é o estado normal da hemoglobina, passe para o estado férrico e não consegue transportar O2 e paciente fica com cianose. Então, eu injeto a prilocaína, ela passa pela barreira placentária, pois é a que se liga menos a proteínas, aí ela interfere na metabolização da hemoglobina, a hemoglobina que transforma a molécula de oxigênio normalmente no estado ferroso, quando essas substancias chamadas de ortotoluidina inibe a metemoglobina redutase, pois quando vai sair do estado ferroso para o férrico, essa enzima é que não deixa transformar de um para o outro, mas como pessoa tem uma deficiência na metemoglobina redutase ela não consegue evitar que o estado ferroso vá para o estado férrico, e não consegue levar a molécula de oxigênio. Então a Marielly está gestante... PROVA: o que tem na prilocaína que inviabiliza seu uso, gerando uma oxidação da hemoglobina? Ortotoluidina. Posso usar prilocaína na gestante? Posso, dois tubetes no máximo. Quadro · Outro problema relacionado a prilocaína; No Brasil todas contêm felipressina como vasoconstritor; · Felipressina é derivada da vasopressina; · É preferível evitar soluções com esse vasoconstritor na gestação. Anestésicos de maior segurança para gestante é: · Lidocaína a 2% com epinefrina 1:100.000 · Início de ação (tempo de latência) rápido, em torno de 2 a 3 min. Ação vasodilatadora, a duração da anestesia pulpar é limitada a 5 a 10 min. Motivo, praticamente não há indicação de lidocaína 2% sem vasoconstritor em odontologia. · O volume máximo recomendado é igual ao contido em 2 tubetes, por sessão, em injeção lenta (aproximadamente 2 min para cada tubete de 1,8ml) após aspiração negativa. Antiinflamatório e Analgésico · O paracetamol é a droga de escolha para qualquer período da gestação. *500 a 750 mg a cada 6h (3x ao dia); *tempo restrito. · A dipirona sódica pode ser usada, sendo contraindicada durante os 3 últimos meses de gestação. · Quando houver a real necessidade do uso de uma droga anti-inflamatória, empregar a betametasona ou a dexametasona (corticoide). *única dose de 2 a 4 mg. · A aspirina e outros antiinflamatórios não-esteroidais deve ser evitados. · Prolongamento do trabalho de parto; · Sangramento materno, fetal ou neonatal; · Fechamento prematuro do ducto arterial do feto; · Alterações na circulação pulmonar; · Redução do fluco sanguíneo renal. Tratamento de infecções bacteriana · Infecções com manifestações sistêmicas e apresentando sinais de disseminação: Vias de drenagem · Indicado as penicilinas (penicilina V e amoxicilina) nas dosagens habituais. ATÓXICA: Agem em uma estrutura que só as bactérias possuem. · Em casos de história de alergia às penicilinas, deve-se optar pela eritromicina (estearato) · Em infecções avançadas: penicilina+metronidazol · Azitromicina ou a clindamicina para gestantes alérgicas ás penicilinas. Uso de Flúor De acordo com a FDA, não há evidências suficientes para apoiar a prescrição de suplemento de flúor durante a gravidez. A Troca de informação com o obstreta é importante para se avaliar a relação risco/benefício do uso de medicamentos em gestantes.
Compartilhar