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DIREITO PROCESSUAL PENAL - ARMANDO LÚCIO

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Prévia do material em texto

Armando Lúcio Ribeiro
ANOTAÇÕES
DE
 PROCESSO
PENAL
REVISTA, ATUALIZADA E AMPLIADA.
3ª EDIÇÃO
O Autor é membro do Ministério
Público do Estado do Rio Grande do
Norte e Professor de Direito
Processual Penal da Faculdade de
Direito da UERN.
Militou na advocacia criminal e,
atualmente, é titular da 5ª Promotoria
de Justiça de Mossoró, com
atribuições no Tribunal do Júri.
Desde a 1ª edição da sua obra
“Anotações de Processo Penal”,
revela que todo o livro foi idealizado e
desenvolvido na atividade acadêmica
com as necessárias junções na sua
atividade prática de Promotor de
Justiça.
Esta 3ª edição não é diferente:
nasceu e se desenvolveu com o
ímpeto acadêmico, e tem o condão de
servir de acompanhamento para as
mudanças trazidas ao Código de
Processo Penal
Seu conteúdo fortemente
didático e com intenso enfoque na
parte prática tem a pretensão de servir
de consulta breve e direta das novas
disposições processuais penais
produzidas pelo legislador reformista
em suporte às atividades acadêmicas
e a atividade forense do cotidiano.
Mossoró, Agosto/2015
Dedico:
Ao Grande Arquiteto do
Universo, inteligência suprema e
causa primária de todas as coisas,
meu agradecimento primeiro.
Aos meus filhos Amanda
Cristina Lara Fernanda e Armando
Filho.
À Presidente do meu coração,
Flávia Queiroz
APRESENTAÇÃO DA 3ª EDIÇÃO
Para a consecução do nosso mister frente às aulas que ministramos na
Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e o
enfrentamento dos processos a cargo da Promotoria de Justiça onde
exercemos nossa titularidade, surgiu desde o primeiro dia de aula a idéia de
lançarmos o já aprovado livro “Anotações de Processo Penal”. Da ousadia
primária, amadureceu o pensamento de que quanto mais debatido um
assunto, conquanto possa ser o debate construtivo, não se pode fechar
questão em torno de muitos temas.
Já tivemos oportunidade de dizer, e continuamos com o mesmo
pensamento de que a academia muito nos ensina e, em troca, ficamos
sempre receptivos às inovações. Pensando em ensinar, abre-se para o
professor um aprendizado contínuo, inclusive no campo operacional a tarefa
resta facilitada, daí porque a conclusão de que muito mais se recebe do que
se oferece, quando o propósito é o estudo do direito. Com as constantes
reformas introduzidas no Código de Processo Penal, partimos para a
elaboração dessas “Anotações de Processo Penal”, em sua 3ª edição. O
estagiário Rivelino Oliveira colaborou na pesquisa jurisprudencial.
Assim, oferecemos aos alunos e leitores mais essas linhas para auxílio
à indispensável reflexão em torno do processo penal, não como uma obra
perfeita e acabada, porém na forma de uma carta aberta, objetivando deixar
nossas impressões acerca dos assuntos enfrentados.
Não prevalece o pensamento do Promotor de Justiça, nem se divaga
unicamente no campo teórico do academicismo. A pretensão é reunir as duas
experiências, fazendo do direito, efetivamente, uma ciência social aplicada,
sempre ponderando que essas anotações ficam dispostas às críticas e
sugestões, as quais serão sempre bem vindas.
Conquanto ainda escassa a literatura em torno das novas modificações,
buscamos o apoio de alguns doutrinadores que nos anteciparam em seus
comentários, sem descuidar do estudo e das observações dos renomados
autores e de uma tentativa de burilar o pensamento com o objetivo de
construir o direito processual penal. Este último enfoque deve ser a linha de
pensamento de quem se compromete a estudar o direito, mostrando-se um
verdadeiro estudante e amante do debate e investigador perpétuo da
consistência do direito processual penal. 
Essa é a nossa proposta, a razão de ser da nossa modesta, conquanto
aguerrida pesquisa.
Continuamos receptivos aos comentários e sugestões de
aperfeiçoamento pelo endereço pjarmando@uol.com.br, afinal e obra não é
minha, mas dos leitores.
Mossoró, agosto/2015
Armando Lúcio Ribeiro
CONTRA CAPA
Título da obra: Anotações de Processo Penal
Autor: Armando Lúcio Ribeiro, Promotor de
Justiça do MPRN e Professor de Direito
Processual Penal da Faculdade de Direito da
UERN.
Resumo:
A obra de cunho didático-científico foi
elaborada a partir de anotações das aulas
ministradas ao longo de quase duas décadas
de militância acadêmica e no Ministério
Público, e contém comentários aos
dispositivos reformados do Código de
Processo Penal, em seqüência cronológica,
analisando os diversos institutos do processo
penal à luz da Constituição Federal e da
legislação ordinária correlata.
Recheada de comentários e
anotações de cada dispositivo alterado ou
acrescentado pelo legislador reformista, a
obra também brinda o leitor com roteiros
práticos e os novos textos legais.
Esse trabalho, pela natureza a que se
propõe, traz indispensáveis abordagens
doutrinárias para uma melhor compreensão
da sistemática processual e os novos
institutos remodelados com as reformas
recentemente introduzidas.
Guarda sintonia com programas de
cursos de graduação em direito, ao mesmo
tempo em traz a lume a experiência do autor
em defesa de teses em Congressos
Regionais e Nacionais Específicos na área
jurídica e de interesse acadêmico e do
Ministério Público, sobre diversos temas do
Processo Penal.
SUMÁRIO
1ª UNIDADE
À guisa de introdução
I – Princípios do processo penal
1. Princípios como garantias
2. Do processo em geral
2.1 Sistema inquisitivo
2.2 Sistema acusatório
2.3 Sistema misto
2.4 Princípio da territorialidade
2.5 Princípio da aplicação imediata
2.6 Interpretação e fontes da lei processual
II – Inquérito Policial
1. Titularidade
2. Persecução Penal
3. Contraditório e ampla defesa
4. Finalidade
5. Formação do inquérito policial
5.1 De ofício
5.2 Por requisição
5.3 Por requerimento
5.4 Notitia criminis inqualificada
5.5 Notitia criminis ex-officio
5.6 Atos imediatos da autoridade policial
5.7 Reprodução simulada
5.8 Procedimento em caso de flagrante
6. Competência
7. Prazos de conclusão
8. Prazos e relatório – aspectos particulares
8.1 Na justiça comum estadual
8.2 Outras situações
8.3 Força maior
8.4 Destino dos objetos apreendidos
8.5 Vícios e características
9. Devolução dos autos pelo Ministério Público
10.Arquivamento e desarquivamento do inquérito
10.1 Legitimidade
10.2 Arquivamento
10.3 Desarquivamento
11.Inquérito e ação penal privada
12.Incomunicabilidade do indiciado preso
13.Circunscrição X jurisdição
14.Estatística criminal
III – Ação Penal e Ação Civil
1. Considerações iniciais
2. Ação Penal Pública incondicionada
2.1 Opções do parquet ao receber inquérito policial
2.2 Início da ação penal pública
2.3 Prazo para oferecimento da denúncia
2.4 O que deve conter a denúncia ou a queixa
2.5 Rejeição da denúncia ou queixa
2.6 Natureza do despacho que recebe a denúncia
3. Ação Penal Pública condicionada
3.1 Irretratabilidade da representação
3.2 A retratação da retratação
4. Critério de distinção dos tipos de ação penal
5. Ação Penal nos crimes complexos
6. Ação Penal privada
6.1 Ação Penal exclusivamente privada
6.2 Ação Penal privada subsidiária da pública
6.3 Início da ação e seu conteúdo
6.4 Perempção e queixa X representação
6.5 Manifestação do parquet
6.6 Renúncia da queixa
6.7 Perdão do ofendido
7. Ação Penal nos crimes contra os costumes
7.1 A regra
7.2 As formas qualificadas
8. Desclassificação do crime
9. Ação Penal e Juizado Especial
9.1 A regra
9.2 Ação Penal pública condicionada
10.Reconhecimento de extinção de punibilidade de ofício
10.1 Formas de reconhecimento
10.2 Efeitos da extinção da punibilidade
11.Ação Civil
11.1 Decorrênciada sentença penal condenatória
11.2 Ação civil e valor fixado na sentença penal
11.3 Competência
11.4 A responsabilidade civil independe da criminal
11.5 Extinção da punibilidade e reparação do dano
11.6 Legitimidade para propor a ação civil
IV – Jurisdição
1. Noção
2. Princípios que informam a jurisdição
2.1 Princípio do juiz natural
2.2 Princípio da investidura
2.3 Princípio da inevitabilidade
2.4 Princípio do devido processo legal
2.5 Princípio da inércia
3. Aspectos caracterizadores da jurisdição
3.1 Unidade
3.2 Substitutividade
3.3 Definitividade
V – Competência
1. Conceito
2. Previsão
2.1 Rationi locci
2.2 Ratione materiae
2.3 Rationi personae
3. Divisão
3.1 Em razão do lugar da infração
3.2 Em razão do domicílio ou residência do réu
3.3 Em razão da natureza da infração
3.4 Em razão da distribuição
3.5 Em razão da conexão ou continência
3.6 Casos de separação dos processos
3.7 Em razão da prevenção
3.8 Em razão da prerrogativa de função
VI – Disposições especiais sobre a competência
1. Extraterritorialidade
2. Crimes cometidos em rios, lagos, etc
3. Crimes cometidos em aeronaves
4. Incerteza sobre a competência
VII – Das questões e processos incidentes
1. Das questões prejudiciais
1.1 Noção
1.2 Legitimidade
1.3 Atos que podem ser realizados, praos e recursos
2. Das exceções
2.1 Tipos
2.2 Exceção de suspeição
2.3 Exceção de incompetência do juízo
2.4 Exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa
julgada
3. Das incompatibilidades e impedimentos
4. Do conflito de competência
5. Da restituição das coisas apreendidas
6. Das medidas assecuratórias
7. Do incidente de falsidade
8. Da insanidade mental do acusado
VIII – Provas no Processo Penal
 Provas em geral
1. Conceituação
1.1 Noção
1.2 Princípios gerais da prova
2. Objeto da prova
3. Classificação
3.1 Quanto ao objeto
3.2 Em razão do seu efeito:
3.3 Quanto à concretude
3.4 Quanto à forma ou aparência
4. Elaboração do convencimento judicial
5. Provas inadmissíveis
6. Ônus da prova
6.1 Equidade e Justiça Universal X Sistema Acusatório.
6.2 Poderes instrutórios do juiz.
7. Das provas ilícitas
8. Princípios da prova
 Provas em espécie
1. Exame de corpo de delito e perícias em geral
1.1 Realização das perícias
1.2 Apreciação dos laudos periciais
1.3 Exame de Corpo de delito
1.4 Exame Necroscópico ou cadavérico
1.5 Exames complementares à necropsia
1.6 Exame de corpo de delito indireto
1.7 Exame complementar
1.8 Perícias diversas
2. Interrogatório do acusado
2.1 Aspectos gerais
2.2 Conteúdo
2.3 Contraditório no interrogatório
2.4 Elementos auxiliares
2.5 Novo interrogatório
2.6 Aspectos processuais
3. Confissão
3.1 Noção
3.2 Requisitos
3.3 Valor probatório
3.4 Delação
4. O papel da vítima no processo penal
4.1 As declarações do ofendido.
4.2 Valor probatório do depoimento da vítima.
 4.3 Histórico da vítima no direito criminal.
4.4 Tendências político-criminais.
4.5 Análise pontual do dispositivo.
5. Testemunhas
5.1 Noção
5.2 Características do depoimento testemunhal
5.3 Dos impedimentos
5.4 Quantidade
5.5 Diligências para inquirição das testemunhas
5.6 Deveres da testemunha
5.7 Formulação das perguntas
5.8 Providências preliminares
5.9 Inconveniências da presença do acusado
5.10 Testemunha faltosa e outros aspectos
5.11 Testemunha e precatória
5.12 Valor probatório
5.13 Outros aspectos da prova testemunhal
6. Reconhecimento de pessoas e coisas
6.1 Breve definição
6.2 Reconhecimento de coisas
6.3 Reconhecimento de pessoas
7. Acareação
8. Documentos
9. Indícios
10.Busca e apreensão
 Sinopse de provas
IX – Sujeitos do Processo Penal
1. Do juiz
2. Do Ministério Público
3. Do acusado e seu defensor
4. Dos assistentes
5. Dos funcionários da justiça
6. Dos peritos e intérpretes
2ª UNIDADE
I – Prisão processual
1. Aspectos Preliminares
2. Noção
3. Documentos que legitimam a prisão
II - Prisão e Liberdade, conforme a Lei 12.403/2011
1. Requisitos e formas de aplicação
2. Partes legitimadas
3. Contraditório
4. Descumprimento e revogação das medidas cautelares
5. Noção de prisão processual
6. Infrações penais não alcançadas pelas cautelares
7. Uso da força e resistência
8. Conteúdo do mandado de prisão
9. Exceção quanto à exibição do mandado de prisão 
10. Central nacional de mandados de prisão
11. Procedimento em caso de perseguição
12. Cumprimento do mandado de prisão
13. Óbices ao cumprimento do mandado de prisão
14. Prisão Especial
14.1. Prisão provisória domiciliar
14.2. Crítica da crítica à prisão especial
15. Reprodução dos mandados de prisão
16. Precauções no atendimento às capturas requisitadas
17. Estabelecimentos prisionais para presos provisórios
III - Da prisão em flagrante
1. Legitimidade para executar prisão em flagrante
2. Tipos de flagrante
3. Flagrante em crime permanente
4. Providências imediatas para lavratura do auto
4.1. Legitimidade para lavratura do auto
4.2. Atos do flagrante
4.3. Escrivão da lavratura
4.4. Comunicação da prisão em flagrante
4.5. Flagrante por crime praticado em presença de autoridade ou 
contra esta
4.6. Inexistência de autoridade policial no lugar onde foi efetuada a 
prisão
4.7. A expressão “se livrar solto”
4.8. Recebimento do auto de prisão em flagrante
4.9. Tipos de flagrante, quanto à eventual punibilidade
4.10Obrigatoriedade da lavratura do auto de prisão em flagrante
IV – Da prisão preventiva
1. Momento e Legitimidade para propor a prisão preventiva
2. Fundamentos ou requisitos da prisão preventiva
3. Condutas criminosas susceptíveis de prisão preventiva
4. Julgamento antecipado no processo penal?
5. Obrigatoriedade de fundamentação
6. Discricionariedade de aplicação incidental da medida
7. Adendo: prisão temporária
7.1. Fundamentos da prisão temporária
7.2. Legitimidade 
7.3. Recurso
7.4. Disposições diversas
V - Da prisão domiciliar
1. Breve noção da prisão preventiva domiciliar
2. Hipóteses de prisão preventiva domiciliar
VI - Das outras medidas cautelares
1. Generalidades
2. Medidas cautelares e detração penal
3. Medidas cautelares em espécie
4. Modos de aplicação da fiança
5. Diligências quanto à proibição de ausentar-se do país
6. Prisão por pronúncia
7. Prisão por sentença condenatória recorrível
VII - Da liberdade provisória com ou sem fiança
1. Generalidades
2. Espécies de liberdade provisória
2.1. Obrigatória
2.2. Permitida
2.3. Vedada
3. Liberdade provisória sem fiança
3.1. Desvinculada
3.2. Vinculada
4. Concessão da liberdade provisória a contrario sensu
5. A fiança
5.1. Fiança prestada perante a autoridade policial
5.2. Inafiançabilidade em razão do crime
5.3. Inafiançabilidade em razão da pessoa do acusado
5.4. O valor da fiança
5.5. Efeito vinculante da fiança
5.6. Livro de fiança
5.7. Formas de pagamento da fiança
5.8. Competência para concessão da fiança
5.9. Atuação do Ministério Público
5.10. Momento da prestação (concessão)
5.11. Destinação dos valores
5.12. Cassação da fiança
5.13. Reforço da fiança
5.14. Quebra da fiança
5.15. Perda da fiança
5.16. Execução dos bens
5.17. Liberdade provisória especial (pro misero)
Resumo Técnico da Lei 12.403, de 04 de maio de 2011
VIII – Comunicação dos atos processuais
1. Das citações
1.1 Conteúdo do mandado de citação
1.2 Citação por precatória
1.3 Citação por carta de ordem
1.4 Formalidades na execução dos mandados
1.5 Citação do militar
1.6 Citação do funcionário público
1.7 Citação de réu preso
1.8 Citação por edital
1.9 Citação com hora certa
1.10 Formação do processo
1.11 Conteúdo do edital
1.12 Suspensão do processo e citação por edital
1.13 Mitigação do Art. 366
1.14 Disposições diversas sobre as citações
2. Das intimações
IX – Da sentença
1. Noção e conteúdo da sentença
1.1 Embargos
1.2 Emendatio libelli
1.3 Mutatio libelli
1.4 Reconhecimento de agravantes genéricas2. Sentença absolutória
3. Sentença condenatória
3.1 Assinatura do juiz
3.2 Publicação e intimação da sentença
3.2.1 Intimação do Ministério Público
3.2.2 Intimações do querelante e do assistente de acusação
3.2.3 Intimações do acusado preso e do acusado solto
3.2.4 Intimação da sentença e coisa julgada
3.2.5 Efeitos da sentença penal condenatória recorrível
X – Procedimentos no processo penal
1. Disposições comuns
1.1. Rejeição preliminar
1.2. A resposta do acusado
1.3. Absolvição sumária, em geral
2. O procedimento comum ordinário
2.1 Audiência de instrução e julgamento
2.2 Testemunhas no procedimento comum ordinário
2.3 Diligencias na audiência de instrução e julgamento
2.4 Alegações finais e sentença
2.5 Termo ou ata da audiência
2.6 Roteiro do procedimento comum ordinário
3. Do procedimento relativo aos processos da competência do
tribunal do júri
3.1 A nova instrução
3.1.1. Generalidades
3.1.2. audiência de instrução
3.2 Da pronúncia
3.3 Da impronúncia
3.4 Da absolvição sumária
3.4.1. Considerações iniciais
3.4.2. Hipóteses da absolvição sumária
3.4.3. Absolvição imprópria
3.4.4. Recurso contra decisão de absolvição sumária
3.5 Outras considerações na fase de pronúncia
3.5.1 Aditamento na fase de pronúncia
3.5.2 Emendatio Libelli no procedimento do tribunal do júri
3.5.3 Desclassificação
3.5.4 Comunicação da pronúncia
3.6 Da preparação do processo
3.7 Do alistamento dos jurados
3.7.1 Periodicidade e quantidade
3.7.2 Lista geral
3.8 Desaforamento do julgamento
3.8.1 Os motivos, a iniciativa e o pedido
3.8.2 Processamento
3.8.3 Excesso de serviço
3.8.4 Discussão de temas próprios do desaforamento
3.9. Organização da pauta
3.9.1. Critério
3.9.2 Contagem do tempo de prisão
3.9.3 Listagem dos processos em pauta
3.9.4 Quando o julgamento deve ser realizado – prazo
3.9.5 Dias desimpedidos da pauta
3.9.6 Admissão do assistente
3.9.7 Diligências decorrentes da inclusão do processo na pauta
3.10 Sorteio e convocação dos jurados
3.10.1 Audiência especial
3.10.2 Formalidades da audiência especial
3.10.3 Formas de comunicação dos jurados
3.11 Função do jurado
3.11.1 Condições do alistamento e obrigatoriedade do serviço do júri
3.11.2 Pessoas isentas do serviço do júri
3.11.3 Serviço alternativo ao do júri
3.11.4 Prerrogativas do jurado
3.11.5 Deveres do jurado
3.12 Tribunal do júri e conselho de sentença
3.12.1 Impedimentos dos jurados
3.12.2 Impedimentos e instalação da sessão
3.12.3 Julgamento de mais de um processo pelo mesmo conselho de
sentença
3.13 Reuniões e sessões do tribunal do júri
3.13.1 Ausência do Ministério Público
3.13.2 Ausência do advogado de defesa
3.13.3 Ausências do acusado, dos advogados do assistente e do querelante
3.13.4 Ausência da testemunha
3.13.5 Outras disposições referentes as testemunhas
3.13.6 O crivo da imprescindibilidade 
3.13.7 Conclusão das diligências preliminares em plenário
3.13.8 Instalação dos trabalhos e pregão das partes
3.13.9 Sorteio dos suplentes
3.13.10 Formação do conselho de sentença e esclarecimentos
3.13.11 Recusas peremptórias
3.13.12 Recusas em caso de dois réus
3.13.13 Recusas motivadas
3.13.14 Estouro de urna 
3.13.15 O compromisso do conselho de sentença
3.14 Instrução em plenário
3.14.1 Os depoimentos
3.14.2 Interrogatório em plenário
3.14.3 Os registros
3.15 Debates
3.15.1 O ápice da sessão de julgamento
3.15.2 Divisão do tempo
3.15.3 Um cerceamento da argumentação
3.15.4 Prazo máximo para juntada de documentos novos
3.15.5 Aparte técnico
3.15.6 Dissolução anômala do conselho de sentença
3.16 Questionário e votação
3.16.1 Questionário
3.16.2 Ordem dos quesitos
3.16.3 Voto definidor
3.16.4 Leitura dos quesitos
3.16.5 Encaminhamento da votação
3.16.6 Registro da votação
3.17 Sentença
3. 17.1 Sentença condenatória
3.17.2 Sentença absolutória
3.17.3 Desclassificação
3.17.4 Espécies de desclassificação
3.17.5 Efeitos da desclassificação
3.17.6 Leitura e intimação da sentença
3.18 Ata da sessão
3.18.1 Assinaturas
3.18.2 Conteúdo da ata
3.18.3 Falta da ata
3.19 Atribuições do juiz presidente
3.20 Júri federal e foro privilegiado por prerrogativa de função
3.20.1 Júri federal
3.20.2 Foro privilegiado por prerrogativa de função
3.21 Roteiro do novo processo do júri
3.21.1 Instrução preliminar
3.21.2 Preparação do processo para julgamento em plenário
3.21.3 Sessão do tribunal do júri 
4. Do processo e do julgamento dos crimes de responsabilidade
dos funcionários públicos
4.1 Disposições preliminares
4.2 Disposições especiais
4.3 Roteiro
5. Do processo e do julgamento dos crimes de calúnia e injúria, de
competência do juiz singular
5.1 Preliminares
5.2 Roteiro
5.3 Notas finais sobre o rito
5.4 Pedido de explicações em juízo
5.5 Exceção da verdade
5.6 Pessoas que gozam de foro por prerrogativa de função
6. Do processo e do julgamento dos crimes contra a propriedade
imaterial
7. O procedimento comum sumário
7.1 Audiência de Instrução e Julgamento
7.2 Testemunhas no procedimento comum sumário
7.3 Diferenciação dos procedimentos ordinário e sumário
7.4 Roteiro do Procedimento Comum Sumário.
7.5 Considerações finais
8. O procedimento comum sumaríssimo
9. Do processo de restauração de autos extraviados ou destruídos
3ª UNIDADE
I - Nulidades no processo penal
1. Conceito
2. Classificação das nulidades
2.1 Atos inexistentes
2.2 Ato nulo
2.3 Ato anulável
2.4 Atos irregulares
3. Sistema legal
4. Nulidades em espécie
4.1 Nulidades referentes ao juízo
4.2 Nulidades referentes ao juízo especial
4.3 Nulidades referentes à ilegitimidade de parte
4.4 Nulidades referentes à falta de fórmulas ou termos
5. Saneamento, tempo da argüição e efeitos
5.1 Saneamento
5.2 Tempo da argüição
5.3 Nulidades relativas
5.4 Nulidades absolutas
5.5 Efeitos
II – Recursos
1. Introdução
1.1 Generalidades – noções conceituais
1.2 Duplo grau de jurisdição
 Fundamento político do duplo grau
 Duplo grau no ordenamento jurídico brasileiro
 Limites à garantia do duplo grau
1.3 Características dos recursos
1.4 Juízo de prelibação dos recursos
1.5 Princípios gerais dos recursos
 Princípio da disponibilidade
 Princípio do interesse
 Princípio da taxatividade
 Princípio da unirrecorribilidade
 Princípio da variabildade
 Princípio da livre forma
 Princípio da fungibilidade
 Princípio da dialeticidade
 Princípio da irrecorribilidade das interlocutórias
1.6 Efeitos
2. Dos recursos em espécie
2.1 Recurso em sentido estrito
2.1.1 Efeitos do recurso em sentido estrito
2.1.2 Prazo para interposição
2.1.3 Formação do instrumento por traslado
2.1.4 Razões e processamento
2.2 Apelação
2.2.1 Noção
2.2.2 Cabimento e prazo
2.2.3 Características
2.2.4 Particularidades em torno da apelação das decisões do
júri
2.2.5 Restrições ao direito de apelar em liberdade
2.2.6 Apelação subsidiária do apelo oficial
2.2.7 Apelação plena e limitada
2.2.8 Processamento
2.2.9 Aspectos diversos
2.3 Agravo em execução
2.4 Protesto por novo júri
2.4.1 Generalidades
2.4.2 Processamento
2.4.3 Pluralidade de recursos
2.5 Do processo e do julgamento dos recursos em sentido estrito e
das apelações, nos Tribunais de Justiça e embargos infringentes
2.5.1 Regramento dos embargos infringentes e de nulidade
2.5.2 Regramento no processo e julgamento do recurso em
sentido estrito e apelação sumária
2.5.3 Regramento no processo e julgamento dos habeas corpus
2.5.4 Regramento no processo e julgamento da apelação
ordinária
2.5.5 Outras disposições
2.6 Embargos de declaração
2.7 Revisão criminal
2.7.1 Relativização da coisa julgada
2.7.2 Prazos da revisão criminal
2.7.3 Legitimidade para proposição da revisão criminal
2.7.4 A revisão e seu processamento
2.7.5 Julgamento da revisão criminal
2.7.6 Indenização decorrente da revisão criminal
2.8 Correição parcial
2.9 Recurso extraordinário2.9.1 Noção e pressupostos
2.9.2 Efeitos
2.10 Recurso especial
2.10.1 Hipóteses de cabimento
2.10.2 Legitimidade, prazo e efeitos
2.11 Carta testemunhável
2.11.1 Conceito e cabimento
2.11.2 Processamento
2.12 Habeas corpus
2.12.1 Breves anotações
2.12.2 Habeas corpus: recurso ou ação
2.12.3 Legitimidade e espécies
2.12.4 A coação ilegal e os recursos
2.12.5 Competência e limites
2.12.6 Sujeitos e conteúdo da petição de habeas corpus
2.12.7 Processamento do habeas corpus
III – Da execução penal
1. Objetivo e abrangência da Lei das Execuções Penais
2. Pena: conceito e classificação
3. Regimes de cumprimento da pena
3.1 Espécies de regime
3.2 Regime fechado
3.3 Regime semi-aberto
3.4 Regime aberto
3.5 Regime disciplinar diferenciado
3.6 Critérios para fixação do regime inicial do cumprimento da pena
3.7 Fixação do regime inicial
3.8 Guia de Execução Criminal
3.9 Estabelecimentos prisionais
4. Trabalho externo
5. Progressão e regressão de regime
5.1 Progressão de regime
5.2 Regressão de regime
5.3 Incidentes de execução e recurso
6. Autorizações de saída
6.1 Saída de rua
6.2 Saída temporária
6.3 Condições da saída temporária
7. Detração penal e remição
8. Livramento condicional
9. Anistia e indulto
10. Reabilitação
10.1 Considerações gerais
10.2 Conceito e competência
10.3 Requisitos
10.4 Recurso ex-officio e comunicação da reabilitação
10.5 Revogação da reabilitação
IV – Das relações jurisdicionais com autoridade estrangeira
1. Considerações gerais
2. Competência
3. Elementos e forma dos documentos
3.1 Juízo rogador nacional
3.2 Juízo rogador estrangeiro
4. Desfecho, prazo e efeitos da extraterritorialidade
4.1 Devolução
4.2 Prazo
5. Outros efeitos da sentença estrangeira
6. Regra para reivindicação dos efeitos civis
V – Das disposições gerais
ANEXO - ROTEIRO DO PROCESSO NOS JUIZADOS CRIMINAIS
BIBLIOGRAFIA
1ª UNIDADE
1ª UNIDADE
PROGRAMA
I – Princípios do processo penal;
II – Inquérito Policial;
III – Ação Penal e ação civil;
IV – Jurisdição;
V – Competência;
VI – Disposições especiais sobre a competência
VII – Das questões e processos incidentes;
VIII – Provas no processo penal;
IX – Sujeitos do processo penal.
À GUISA DE INTRODUÇÃO
Desde que se organizou constitucionalmente, o Estado moderno,
tendo substituído a vontade das partes nas soluções dos conflitos, tomou para
si o direito de punir, surgindo daí a persecução penal como forma de solução
dos conflitos oriundos da lide estabelecida no processo penal. Buscou-se
equacionar o direito de liberdade individual, em face da paz social onde
predomine a ordem jurídica. O Estado deve exercer o jus puniendi nos limites
da legalidade, por isso a necessidade do estudo do processo penal.
Confundem-se, neste particular, o Direito Processual e o jus
puniendi, que, na concepção de José Frederico Marques, pode ser definido
como “o direito que tem o estado de aplicar a pena cominada no preceito
secundário da norma penal incriminadora, contra quem praticou a ação ou
omissão descrita no preceito primário, causando um dano ou lesão jurídica”. 
I - PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL
1. PRINCÍPIOS COMO GARANTIA
Os princípios servem de dogmas que alicerçam as garantias de um
processo penal mais justo e que visa a apurar a verdade real – objeto da
persecução penal do Estado. Os princípios, por seu turno, têm estreita
correlação com o conteúdo das normas jurídicas, sendo concludente o
pensamento de que “a essência de um princípio, no campo do Direito, é
fornecer uma diretiva jurídica para que se aplique corretamente a norma
positiva. Em conseqüência, ele não possui uma normatividade própria que
implique em se tornar possível a sua aplicação imediata e autônoma”.1
Nenhum princípio informativo do direito, o que equivale a dizer, nenhum
direito pode existir ou mesmo ser exercido sem se levar em consideração
outros princípios ou direitos contrapostos.
Nesse sentido, a abalizada lição doutrinária2 sugere que o intérprete
busque equilíbrio nas disposições principiológicas:
Não se pode olvidar o chamado princípio da proporcionalidade como
imprescindível instrumento de interpretação integradora dos princípios
e regras constitucionais e, sobretudo, como elemento dinâmico de
resolução de inevitáveis conflitos normativos que se albergam no seio
da própria constituição.
1 José Augusto Delgado, A supremacia dos princípios das garantias processuais do cidadão.
Revista de Informação Legislativa. Brasília. Senado Federal, n. 123, jul/set. 1994, p. 39, Apud
Sérgio Luiz de Souza Araújo, in Teoria Geral do Processo Penal, p. 179.
2 Paulo Afonso Linhares. Direitos Fundamentais e Qualidade de Vida, p. 182
A ciência do direito é trabalhada em torno de um ordenamento que
pressupõe a existência de um padrão normativo informado pelos diversos
“direitos”, e, postos todos como princípios que informam e consubstanciam o
ordenamento, torna-se inconcebível a prevalência de uns em detrimento de
outros. A ordem jurídica, portanto, reclama, para sua perfectibilização, o
concurso de todos os direitos, e quanto mais perfeita a integração desses
direitos, maior o grau de organização do sistema jurídico.
Existem em nosso sistema, dentre outros, os seguintes princípios a
informar o processo penal:
a) Princípio da ampla defesa - garantia fundamental no
enunciado do Art. 5º, LV, in verbis: “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Estamos, pois,
firmados em que a ampla defesa é uma garantia, e o princípio do enunciado
constitucional informa, de modo iniludível, o caminho a ser trilhado. É um
princípio constitucional, portanto garantidor da diretriz de ordem mundial, que,
antes mesmo de São José da Costa Rica, já tinha como pressuposto a
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. CAPEZ3 afirma
categoricamente que o princípio da ampla defesa implica o dever de o Estado
proporcionar a todo acusado a mais completa defesa, seja pessoal
(autodefesa), seja técnica (efetuada por defensor) (CF, Art. 5º, LV), e o de
prestar assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados (CF, Art. 5º,
LXXIV). Não há restrição ao momento desse dever, donde se conclui que a
ele fica obrigado o Estado, enquanto durarem o processo e sua execução, e
mesmo nos processos administrativos, apagando a pálida impressão de que a
ampla defesa fica adstrita ao que se convencionou chamar instrução criminal
strictu sensu.
A ampla defesa necessita ser exercida em todo momento em
que haja alguma atividade a alterar o status quo ante, em uma relação
processual, desde o momento em que alguém passa a ser incriminado, até
onde se espraiem os efeitos da submissão de uma pessoa ao crivo de um
processo penal. Essa efetividade da ampla defesa é atingida por intermédio
do que se denomina princípio do contraditório, em que, a cada argumentação
acusatória, a defesa tem de assistir-lhe a oportunidade de contrapô-la.
No processo penal, mais do que em qualquer outro, e em razão
do tema tratado – a liberdade humana, a efetivação da ampla defesa importa
salutar providência, sem a qual vem o processo a padecer de nulidade.
b) Princípio do estado de inocência (NÃO
CULPABILIDADE) – alicerça-se na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, de 1789, segundo a qual toda pessoa se presume inocente até que
tenha sido declarada culpada. A nossa Constituição Federal não presume a
inocência, mas declara que “ninguém será considerado culpado até o trânsito
3 Fernando Capez, Curso de Processo Penal, p. 20.
em julgado de sentença penal condenatória” (artigo 5º, LVII), ou seja, que o
acusado é inocente durante o desenvolvimentodo processo, e seu estado só
se modifica por uma sentença final que o declare culpado, tanto é que lhe
basta, para absolvição, a dúvida a respeito da culpa (in dubio pro reo). Diante
do dispositivo constitucional, ficaram evidentemente revogados os artigos 393,
II e 408, § 1º, do Código de Processo Penal, no que diz à inscrição do nome
do réu no rol dos culpados, em decorrência de sentença condenatória
recorrível ou pronúncia, respectivamente.
c) Princípio do contraditório – é considerado o princípio
mais importante no âmbito do processo penal, sendo a garantia constitucional
que assegura a ampla defesa ao acusado (Art. 5º, LV), na medida em que
este goza do direito de defesa, sem restrições, num processo em que deve
estar assegurada a igualdade das partes. Desse princípio, decorre a
igualdade processual, ou seja, a igualdade de direito entre as partes
acusadora e acusada, que se encontram no mesmo plano.
d) Princípio da verdade real – aqui se procura estabelecer a
punição daquele que praticou a infração penal, nos exatos limites de sua
culpa. Por este verdadeiro dogma do processo penal, se exclui a verdade
formal, não se admitindo presunções e meros indícios desacompanhados de
outras provas, tão comuns no processo civil. Decorre, desse princípio, o
dever do juiz de dar seguimento à relação processual, quando da inércia da
parte, e mesmo determinar, ex officio, provas necessárias à instrução do
processo, a fim de que possa, tanto quanto possível, descobrir a verdade dos
fatos objeto da ação penal intentada. Em tema criminal, a busca da verdade
real é tida como objetivo de tal forma perseguido, que se pune mesmo a auto-
acusação falsa, ao mesmo tempo em que o processo contra acusado citado
por edital, que não comparece nem constitui defensor, aí aparecendo a figura
da citação ficta, fica suspenso, e somente podem ser realizados atos
probatórios e de instrução reputados como urgentes.
A busca da verdade real, ao mesmo tempo em que aproveita ao
coletivo que reclama o restabelecimento da ordem, também respeita àquele
inculpado, colocando-o a salvo de situações pelas quais que não deva ser
responsabilizado. Esse desiderato somente poderá ser atingido,
proporcionando-se ao acusado meios e recursos para o exercício de sua
ampla defesa. Pode-se dizer, então, que esses princípios, ampla defesa e
verdade real, uns dos que regem o processo penal, têm a tendência de tornar
a persecução penal, a espécie de processo mais justo, conquanto não se
busca outra verdade que não aquela que melhor demonstre a realidade.
Dione Prado Stamato, abordando a correção do comportamento
das partes no processo, leciona:
A tendência à verdade, ademais de um dado psicológico e
gnosiológico, é um princípio ético, uma exigência moral.
Tem-se não só o dever de procurar a verdade, na medida
em que atingível, mas também o de respeitá-la e de a ela
conformar a conduta... No conflito entre o valor
representado pela verificação plena dos fatos e o valor da
tutela dos direitos fundamentais do indivíduo, a opção de
um ordenamento liberal moderno deve por certo recair no
segundo: mas essa conseqüência não eqüivale a um
direito genérico ao silêncio, ou talvez à mentira, mas
somente ao direito de não se auto incriminar. Fora desse
campo, prevalece o dever da verdade e de colaboração
com a Justiça.4
Tourinho Filho enfatiza:
A função punitiva do Estado, preleciona Fenech, só pode
fazer-se valer em rente àquele que, realmente, tenha
cometido uma infração; portanto, o processo penal deve
tender à averiguação e descobrimento da verdade real, da
verdade material, como fundamento da sentença.5
Com efeito, constituindo a meta do processo penal a busca da
verdade real, temos que, diante de uma acusação formulada, assiste seja o
acusado ouvido, porquanto a verdade que indica o norte do provimento
jurisdicional a ser extraído do processo, somente neste poderá surgir, se nele
praticado um diálogo entre as partes – o contraditório –, o que, no dizer de
Carnelutti, “somente germinando a dúvida, é possível que germine o Juízo”.
Em sede de processo penal, onde não subsiste a denominada
hierarquia das provas, a confissão, mesmo recebendo a denominação de
regina probationum (rainha das provas), não tem seu valor erigido à total
significância, se desacompanhada de outros elementos que lhe dêem
credibilidade. Evidentemente, o processo moderno que faculta ao incriminado
o direito à auto-defesa. 
Às palavras do acusado, com certeza, deve ser dado um crédito
de confiança; contudo a administração de um aparente conflito entre os
princípios da verdade real e da ampla defesa não pode esquecer que não são
raras no âmbito penal, confissões feitas por aqueles que não têm nenhuma
relação com o delito e que, por motivos diversos, tentam assumir a culpa do
real criminoso.
Se o acusado declara ter praticado um delito sem que, no
entanto, a tenha perpetrado, incide no tipo penal do artigo 341 do Código
Penal, que preceitua:
Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime
inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de
3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
4 Dione Prado Stamato, Veridicidade e completitude. p. 173-195.
5 Fernando da Costa TOURINHO FILHO, Processo Penal, p. 56
Diante de toda essa preocupação do legislador, temos que a
verdade real, a par de se constituir em um princípio a nortear o processo
penal, quando se tem a conjugação deste com o princípio da ampla defesa,
surge, com maior exuberância, o exato sentido da finalidade do processo, do
qual brota o contraditório. Como observa Fernando de Almeida Pedroso6, “Se
apenas ao órgão estatal acusatório fosse permitido deduzir os fatos e provas
sobre os quais almeja a incidência de conseqüências jurídico-penais, ao
Estado – Juiz só restaria homologar a única proposição emergente
(analogicamente: testis unus, testis nullus)”. Dessa correlação, do debate que
somente a existência da ampla defesa pode proporcionar – o contraditório - ,
surgirá a corporificação da verdade real.
No dizer de Carnelutti7, faz-se necessário que “uma pedra se
choque contra a outra, a fim de que salte a centelha da verdade”. Daí porque
se tem por certo que, somente com a efetivação da ampla defesa, o fim do
processo, a verdade real será alcançada em sua plenitude.
e) Princípio da oralidade – as declarações são dadas
perante os juízes e tribunais, só possuindo eficácia, porém, quando
formuladas através da palavra oral, (ressalvadas exceções que adiante serão
analisadas), sendo tomados os depoimentos por termo. Como conseqüência
desse princípio, se compreende a necessidade de concentração, que consiste
em realizar-se todo o julgamento em uma ou em poucas audiências.
f) Princípio da publicidade – é uma garantia para o indivíduo
e para a própria sociedade, decorrente do princípio democrático, que se
contrapõe ao procedimento secreto, característica de Estados totalitários.
Vigora, na Carta Constitucional, que “a lei só poderá restringir a publicidade
dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou interesse social o
exigirem”. No mesmo sentido, dispõe que “todos os julgamentos dos órgãos
do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes”.
g) Princípio da obrigatoriedade – este princípio visa a
impedir que os delitos não fiquem impunes, o que torna obrigatória a ação
penal pública. No momento em que ocorre a infração penal, é de mister que o
Estado promova, obrigatoriamente, o jus puniendi, sem que se concedam aos
órgãosencarregados da persecução penal, poderes discricionários para
apreciar a conveniência ou oportunidade de apresentar sua pretensão punitiva
ao Estado-Juiz.
 
No moderno processo penal não podemos abstrair institutos
como os da transação penal e da suspensão condiconal do processo, trazidos
pela Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais). Com efeito, os novéis
instrumentos reduzem a força do princípio da obrigatoriedade, justamente
6 op. cit. pág. 30
7 Apud Roberto Joacir Grassi, Ação privada subsisidária, RT 507/285
para a busca de novas ferramentas que acelerem e otimizem o processo.
Como tem ponderado a doutrina8:
Para exercer uma espécie de freio ao Direito Penal, os institutos
despenalizadores, como a transação penal e a suspensão
condicional do processo, devem então ser ponderados como
instrumentos de anseios garantistas, servindo antes como
controle da expectativa de máxima intervenção e como
moderador dos estigmas da Justiça Penal do que como
instrumento de eficácia e de distribuição de penas.
A mitigação do princípio da obrigatoriedade, que alguns
entendem presente, como é o caso das situações afetas aos Juizados
Especiais Criminais, submete-se, contudo, ao rígido controle da legalidade
(hipóteses previstas em lei) e à fundamentação que deve ser dada à quebra
do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública.
h) Princípio da oficialidade - este princípio estabelece que os
órgãos encarregados de deduzir a pretensão punitiva sejam órgãos oficiais.
Em nosso país, em termos constitucionais, a apuração das infrações é feita,
em regra, pela polícia judiciária; a ação penal pública é promovida,
privativamente, pelo Ministério Público, e o julgamento pelo Poder Judiciário.
i) Princípio da indisponibilidade do processo – este
princípio é decorrência da obrigatoriedade do processo que, uma vez
instaurado, não pode ser paralisado por conveniência da parte pública. O
próprio Código de Processo Penal proíbe que o Ministério Público desista da
ação penal já instaurada, tanto quanto dos recursos por ele interpostos.
j) Princípio do juiz natural – este princípio também é
denominado princípio do juiz constitucional, ou seja, de que o autor do ilícito
só pode ser processado e julgado perante o órgão a que a Constituição
Federal, implícita ou explicitamente, atribui a competência para o julgamento.
A Constituição é clara em seu artigo 5º, inciso LIII, “ninguém será processado
nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Juízos e Tribunais de
exceção estão proscritos, sendo o princípio do juiz natural uma garantia tanto
para o cidadão quanto para o regime democrático. O mesmo pode ser dito em
relação ao princípio do Promotor natural, firmando-se a segurança jurídica
também em relação ao órgão privativo para intentar a ação penal pública.
k) Princípio do devido processo legal Assegura Grinover,
que a defesa é mais que um direito, chegando mesmo a “constituir uma
garantia – garantia do acusado, de um lado, e garantia do justo processo, do
outro”. A festejada autora, arremata sobre a defesa:
8 Olegário Gurgel Ferreira Gomes. Justiça Juvenil, p. 159
No processo moderno adquire relevância o perfil objetivo da
defesa, como ofício essencialmente social: defesa, portanto,
como condição de regularidade do procedimento, na ótica do
interesse público à atuação do contraditório, defesa, em última
análise, legitimante da própria jurisdição.9
Sua referência positivada encontra-se no Art. 5º, LIV, da
Constituição Federal. Sua origem remonta à Carta Magna de 1215, em que se
estabelecia a garantia de que a aplicação de sanção só poderia ser efetuada
de acordo com a lei da terra (by the law of the land).
Inegável a necessidade de que o Estado, acercando-se do jus
puniendi, encaminhe soluções apontando que, diante de um ilícito penal
cometido, a imposição da pena, enquanto medida de caráter sancionatório,
seja uma conseqüência jurídica para tal comportamento. É necessária,
contudo, a existência de um elo entre a infração e a aplicação da pena. Essa
necessidade é atendida pelo devido processo legal, instituído de forma
anterior ao cometimento do delito, e em que a defesa atua em sua plenitude,
objetivando anular, ou mesmo atenuar, a pretensão punitiva estatal.
l) Princípio da razoabilidade da duração do processo:
conforme acentuado pelo magistral Paulo Rangel,10 a Emenda Constitucional
nº 45 (que pretendeu operar uma reforma no judiciário), acrescentou um novo
inciso ao já extenso rol do Art. 5º, da CF11. Com efeito, nos Artigos 800 e 801,
das disposições gerais do CPP, há estipulação de alguns prazos em que o juiz
deve se manifestar, sob pena de receber sanções. Os dispositivos
processuais, no entanto, não se mostraram suficientes para o desiderato de
um processo mais ágil, daí o motivo do legislador reformista em elevar à
categoria de princípio constitucional, a razoabilidade da duração do processo.
Por isso mesmo, o eminente Ministro José Augusto Delgado12 já
há algum tempo tem se pronunciado assim: “Não se quer a justiça do amanhã.
Quer-se a justiça de hoje. Logo, a presteza da resposta jurisdicional pleiteada
contém-se no próprio conceito do direito-garantia que a jurisdição
representa...”
m) Princípio da proibição da prova ilícita: o enunciado do Art.
5º, LVI da CF/88, estabelece que “são inadmissíveis, no processo, as provas
obtidas por meio ilícitos”. Sem dúvida, tal disposição situa-se entre as
garantias do cidadão, que devem ser preservada no processo. Nos últimos
tempos, procurando uma adequação entre a finalidade do processo e o
estabelecimento de uma equação que preserve direitos do cidadão,
individualmente, e da sociedade enquanto ente coletivo, são erigidos à
9 Ada Pellegrini GRINOVER, As Garantias Constitucionais do Processo, Novas Tendências do
Direito Processual, p. 8.
10 Direito Processual Penal, p. 44.
11 LXXVIII. A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração 
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
12 José Augusto Delgado, Processo no Séc. XXI, p. 11.
categoria de princípios, a proporcionalidade e a razoabilidade, em ordem a
mitigar a proibição da prova ilícita.
Cumpre destacar, prima facie, que tal enunciado de proibição já
não se propunha como de caráter absoluto, quando se tratasse de argumento
defensivo. Busca-se, deste modo, verificar tanto a extensão da lesão primária
quanto a proporcionalidade dos efeitos que sua utilização possa trazer como
benefício ao meio social. Seria razoável, para garantir um único indivíduo,
deixar ao desamparo toda uma coletividade?
José Herval Sampaio Júnior13 nos ensina:
Existem situações, em todas as espécies de processo, na qual
dependendo das circunstâncias específicas, se aceita o uso de
provas obtidas “ilicitamente”, desde que o escopo seja razoável e se
procure proteger também direitos fundamentais.
Entre nós, proporcionalidade e razoabilidade enquanto princípios
informadores do direito, buscam proteger a mesma escala de valores, com
base no bom senso e equidade, e por isso se confundem. Como já observado
e anotado pela doutrina14:
A tradição doutrinária e jurisprudencial brasileira, com acerto,
não procura distinguir a noção de proporcionalidade, própria do
direito alemão, do juízo de razoabilidade, típico do pensamento
jurídico norte-americano.
Existem, ainda, outros princípios utilizados no processo penal:
princípio da iniciativa das partes e do impulso oficial, princípio da economia
processual, do duplo grau de jurisdição, princípio do in dubio pro reo, dentre
outros.
2. Do processo em geral
Abordar o processo penal exigeuma preliminar análise do sistema
processual praticado em determinado lugar, situando-o no momento histórico.
Sistema processual, como bem define Paulo Rangel15, é o conjunto de
princípios e regras constitucionais, de acordo com o momento político de cada
Estado, que estabelece as diretrizes a serem seguidas para a aplicação do
direito penal a cada caso concreto.
Sem pretensão de apontar o melhor deles, ou fechar questão sobre
aquele vigente no nosso ordenamento jurídico, pois a leitura, a compreensão
e a convivência com o tema se encarregarão da formação desse juízo,
aponta-se a existência de três sistemas processuais para efetivação do direito
13 José Herval Sampaio Júnior, Processo Constitucional – Nova concepção de jurisdição, p. 
151.
14 Olavo Hamilton. Princípio da Proporcionalidade, 34
15 Paulo Rangel, Direito Processual Penal, p. 49.
criminal16: o sistema inquisitivo; o acusatório; e o misto, também conhecido
como acusatório formal.
O que não se pode é abdicar de pensar, ficando-se a reboque da
jurisprudência mais dominante, nem sempre tão pensada, e que, ainda assim,
aplica-se a um caso em concreto, com aspectos particulares, isto é, somente
aquele procedimento em que surge a oportunidade do pronunciamento. Não é
raro juristas pensarem como pensam os tribunais, para que o sucesso da
causa patrocinada, a fundamentação do parecer ou decisão judicial, sejam
mantidos e reconhecidos, caso haja recurso.
Como anotado por Lênio Streck17:
Cada vez mais os juristas ficam à mercê de decisões tribunalícias,
como a dar razão ou repristinar as velhas teses do realismo jurídico,
pelas quais o direito se realiza na decisão, forma acabada de um
positivismo que, buscando superar o exegetismo, abriu, historicamente,
o caminho para as discricionariedades e decisionismos.
2.1 Sistema inquisitivo
Sem contar o tempo em que se praticava a vingança privada, em que,
quando alcançado o autor da infração, no que se poderia conceber como
esboço de processo, havia total sujeição à vontade da vítima ou seus
representantes, se conhece o primitivo sistema inquisitivo, surgido
concomitantemente ao momento em que, substituindo-se aos arbítrios das
partes, o Estado trouxe para si o direito de punir, o jus puniendi. Vislumbra-se,
nesse primeiro momento, meramente uma substituição da vontade arbitrária, a
da parte pelo Estado, que passa a concentrar as funções de julgar e acusar
em uma única pessoa. As garantias hoje existentes eram inconcebíveis, e as
possibilidades de defesa que eventualmente ocorriam se constituíam
liberalidades a depender da discricionariedade do julgador/acusador. Próprio
dos regimes ditatoriais, custa até assemelhar tal sistema ao atual inquérito
policial, porquanto o vigente modelo de investigação policial se sujeita ao
controle da legalidade.
2.2 Sistema acusatório
Com o advento do Estado democrático de direito, passou-se a adotar o
sistema acusatório, tanto mais aperfeiçoado quanto maiores as garantias
individuais e processuais. A imparcialidade do julgador, que não mais acumula
a de acusador, é a tônica. O processo penal é concebido como ato de três
personagens (actum trium personarumI), representado pelas figuras do juiz,
autor e réu. Funda-se em princípios, progressivamente, assecuratórios do
processo e da defesa. Não é um sistema, desde seu nascedouro, inflexível e
que dispense aperfeiçoamentos e, por isso mesmo, como não se pode afirmar
16 Usamos a nomenclatura “Direito Criminal”, designando os conteúdos, e conceitos
doutrinários referentes à matéria criminal, em geral, em nossa compreensão o Direito Penal,
Direito Processual Penal e o Processo Penal Constitucional.
17 Lênio Luiz Streck. Jurisdição Constitucinal e decisão jurídica, p. 59.
a existência de democracia plena, não há modelo de sistema acusatório puro.
Embora possa se dizer que nosso sistema adota o modelo acusatório, por
ênfase na distinção dos órgãos julgadores e acusadores, essa formatação
somente ganhou plenitude com a atual Carta Magna de 1988. Até sua
promulgação, convivíamos com a chamada persecução penal in judicium, em
que determinadas ações penais eram deflagradas ex officio pela autoridade
judiciária. As garantias do sistema acusatório não pararam de surgir com a
CF/88, basta ver a leitura da Emenda Constitucional nº 45, para se vislumbrar
outro princípio a informar o sistema, que é o da razoabilidade da duração do
processo. Assim, o sistema acusatório é, acima de tudo, um sistema em
constante aperfeiçoamento, sobressaindo o Estado-juiz como ente imparcial,
cujo originário direito de punir se correlaciona com a incessante busca da
verdade real, tendo por veículo o devido processo legal.
2.3 Sistema misto
Espécie eclética, com forte tendência de utilização de elementos dos
dois sistemas anteriores, é o sistema misto. Há duas tendências distintas
para sua concepção: a que o compreende como um juizado de instrução, com
fase de instrução preliminar e fase de instrução propriamente dita, ambas
presididas por um juiz, destacando-se apenas as funções autônomas de um
órgão acusador na segunda fase; a outra tendência elabora-o como sendo a
por nós vivenciada, ressaltando a primeira fase de investigação baseada nos
princípios regentes do sistema inquisitivo, e a segunda o sistema acusatório
puro, fundada nas garantias próprias do sistema acusatório. No dizer de
Nucci18, “Essa junção do ideal (CF) com o real (CPP) evidencia o sistema
misto”.
Seria custoso admitir que o nosso ordenamento jurídico adota os dois
sistemas (inquisitivo e acusatório), conforme a fase da persecução penal?
2.4 Princípio da territorialidade
Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro,
por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República,
dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do
Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86,
89, § 2o, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
18 Guilherme de Souza Nucci, Manual de Processo e Execução Penal, p. 100.
IV - os processos da competência do tribunal especial
(Constituição, Art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos
processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que
os regulam não dispuserem de modo diverso.
O Código de Processo Penal é inaugurado com o princípio da
territorialidade, delimitando, espacialmente, a aplicação da lei processual
penal brasileira, coroando sua soberania em toda extensão do território pátrio,
abrangendo os locais assim considerados, v. g. as disposições dos artigos 89
e 90. As ressalvas são postas no mesmo dispositivo, não mitigando, todavia, a
soberania em razão de que os tratados, convenções e regras do direito
internacional dos quais o Brasil é signatário integram o nosso ordenamento
jurídico, igualmente integrando-o a legislação extravagante que dita regras
processuais próprias, permanecendo incólume o império da legislação
nacional.
Restrição única nos parece acontecer somente pela novel disposição
contida no Art. 5º, § 4º, CF/88, introduzida pela EC/45 a qual prevê que “o
Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja
manifestação tenha manifestado adesão”, contudo a moderna era da
globalização exige flexibilização deste quadrante para um melhor
enfrentamento mundial dos crimes com repercussão além-fronteiras,
implicando em tendência e esforço conjunto para preservação de interesses
supra nacionais.Quanto aos processos por crimes de imprensa faz-se necessário
averiguar o conteúdo da Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental - ADPF nº 130, julgada pelo Supremo Tribunal Federal em
30.4.2009:
EMENTA: ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO
FUNDAMENTAL (ADPF). LEI DE IMPRENSA. ADEQUAÇÃO DA
AÇÃO. REGIME CONSTITUCIONAL DA “LIBERDADE DE
INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA”, EXPRESSÃO SINÔNIMA DE
LIBERDADE DE IMPRENSA. A “PLENA” LIBERDADE DE IMPRENSA
COMO CATEGORIA JURÍDICA PROIBITIVA DE QUALQUER TIPO DE
CENSURA PRÉVIA. A PLENITUDE DA LIBERDADE DE IMPRENSA
COMO REFORÇO OU SOBRETUTELA DAS LIBERDADES DE
MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO, DE INFORMAÇÃO E DE
EXPRESSÃO ARTÍSTICA, CIENTÍFICA, INTELECTUAL E
COMUNICACIONAL. LIBERDADES QUE DÃO CONTEÚDO ÀS
RELAÇÕES DE IMPRENSA E QUE SE PÕEM COMO SUPERIORES
BENS DE PERSONALIDADE E MAIS DIRETA EMANAÇÃO DO
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. O CAPÍTULO
CONSTITUCIONAL DA COMUNICAÇÃO SOCIAL COMO SEGMENTO
PROLONGADOR DAS LIBERDADES DE MANIFESTAÇÃO DO
PENSAMENTO, DE INFORMAÇÃO E DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA,
CIENTÍFICA, INTELECTUAL E COMUNICACIONAL. TRANSPASSE
DA FUNDAMENTALIDADE DOS DIREITOS PROLONGADOS AO
CAPÍTULO PROLONGADOR. PONDERAÇÃO DIRETAMENTE
CONSTITUCIONAL ENTRE BLOCOS DE BENS DE
PERSONALIDADE: O BLOCO DOS DIREITOS QUE DÃO CONTEÚDO
À LIBERDADE DE IMPRENSA E O BLOCO DOS DIREITOS À
IMAGEM, HONRA, INTIMIDADE E VIDA PRIVADA. PRECEDÊNCIA
DO PRIMEIRO BLOCO. INCIDÊNCIA A POSTERIORI DO SEGUNDO
BLOCO DE DIREITOS, PARA O EFEITO DE ASSEGURAR O
DIREITO DE RESPOSTA E ASSENTAR RESPONSABILIDADES
PENAL, CIVIL E ADMINISTRATIVA, ENTRE OUTRAS
CONSEQUÊNCIAS DO PLENO GOZO DA LIBERDADE DE
IMPRENSA. PECULIAR FÓRMULA CONSTITUCIONAL DE
PROTEÇÃO A INTERESSES PRIVADOS QUE, MESMO INCIDINDO A
POSTERIORI, ATUA SOBRE AS CAUSAS PARA INIBIR ABUSOS
POR PARTE DA IMPRENSA. PROPORCIONALIDADE ENTRE
LIBERDADE DE IMPRENSA E RESPONSABILIDADE CIVIL POR
DANOS MORAIS E MATERIAIS A TERCEIROS. RELAÇÃO DE
MÚTUA CAUSALIDADE ENTRE LIBERDADE DE IMPRENSA E
DEMOCRACIA. RELAÇÃO DE INERÊNCIA ENTRE PENSAMENTO
CRÍTICO E IMPRENSA LIVRE. A IMPRENSA COMO INSTÂNCIA
NATURAL DE FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA E COMO
ALTERNATIVA À VERSÃO OFICIAL DOS FATOS. PROIBIÇÃO DE
MONOPOLIZAR OU OLIGOPOLIZAR ÓRGÃOS DE IMPRENSA
COMO NOVO E AUTÔNOMO FATOR DE INIBIÇÃO DE ABUSOS.
NÚCLEO DA LIBERDADE DE IMPRENSA E MATÉRIAS APENAS
PERIFERICAMENTE DE IMPRENSA. AUTORREGULAÇÃO E
REGULAÇÃO SOCIAL DA ATIVIDADE DE IMPRENSA. NÃO
RECEPÇÃO EM BLOCO DA LEI Nº 5.250/1967 PELA NOVA ORDEM
CONSTITUCIONAL. EFEITOS JURÍDICOS DA DECISÃO.
PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
2.5 Princípio da aplicação imediata
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.
A lei processual penal adota o princípio tempus regit actum, que implica
em conferir imediato efeito à norma processual estabelecida em relação aos
atos atuais e futuros do processo em trâmite, sem deixar de conferir validade
aos atos praticados de conformidade com a lei anterior. O escopo de tal
determinação deriva do pensamento de que, sendo o direito um edifício em
permanente construção, a nova lei apenas aperfeiçoa os institutos jurídicos,
seja por imprimir maior agilidade e adequação, ou por estabelecer
mecanismos de maior eficiência aos fins do processo. Tem-se apontado como
exceção a esta regra, aplicando-se a lei revogada, o transcurso do prazo que
já tenha se iniciado sob a vigência da lei anterior, e em outras situações para
beneficiar o acusado em que se denote intercessão com normas processuais
de natureza material.
2.6Interpretação e fontes da lei processual
Art. 3º. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios
gerais de direito.
A significação de uma lei não é encontrada na consciência do
legislador, mas na do operador do direito. Fosse diferente, não haveria
necessidade do elemento humano, único capaz de compreender, interpretar e
formular juízo crítico, para aplica-la ao direito, daí dizer-se deste uma ciência
social aplicada. Um programa de computador, elaborado segundo a
concepção de quem produziu a norma resolveria todos os questionamentos
de ordem jurídica. Felizmente não é assim, mas o texto da lei requer atenção
e busca do seu espírito, nem sempre exposto às claras ou desvendado em
primeiro momento. Surge, então, o que nos parece ser o sistema de
interpretação mais completo, o teleológico-sistemático, também conhecido por
contextual, consistente em imprimir o sentido da norma em apreciação, em
cotejo com as demais disposições legais vigentes, pois nenhuma norma existe
de forma isolada, mas integrante de um sistema que se denomina
ordenamento jurídico. Fora desses parâmetros instala-se uma interpretação
casuística ou, no mínimo, sem compromisso com as forças que compõem a
sociedade, quiçá reveladora de preguiça mental para o enfrentamento da
questão posta.
A fonte, por excelência, do direito processual penal, é a lei federal
ordinária. A norma constitucional não pode ser esquecida, aliás, deve mesmo
toda a legislação ordinária, até pela questão da hierarquia, com ela guardar
perfeita sintonia, sob pena de perecimento, por inconstitucionalidade. Nesse
aspecto forte é a corrente a defender, como matéria autônoma, um processo
penal constitucional, até do ponto de vista acadêmico, a fim de incutir e formar
uma consciência sólida em torno do tema.
O direito, em geral, possui fontes múltiplas, e a lei processual penal não
destoa de tal regra, admitindo a aplicação da analogia e dos princípios gerais
do direito. Aquela vista como complemento de expressões normativas
abertas; estes como elementos que excedem até mesmo o arcabouço
constitucional, situando-se na condição de postulados éticos.
II - INQUÉRITO POLICIAL
1 TITULARIDADE
Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por
fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação
dada pela Lei 9.043, de 9.5.1995).
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá
a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a
mesma função.
Em geral, a ação penal é oferecida com lastro no Inquérito Policial, cuja
presidência está sob o encargo, em regra, da Polícia Judiciária (Art. 4º do
CPP). Tal atuação das autoridades policiais se verifica no território de suas
respectivas circunscrições (Lei 9043/95). Nada impede, contudo, que a
persecução penal possa ser exercida diretamente pelo Ministério Público,
desde que disponha de elementos suficientes. Basta ver a disposição do
parágrafo único, do Art. 4º, CPP, para se conferir exceção à regra
estabelecida no caput. Aliás, o STJ assim já se pronunciou: “A legitimidade do
Ministério Público para conduzir diligências investigatórias decorre de
expressa previsão constitucional, oportunamente regulada pela Lei
Complementar nº 75/93. É consectário lógico da própria função do órgão
ministerial – titular exclusiva da ação penal pública – proceder à coleta de
elementos de convicção, a fim de viabilizar a realização adequada da opinio
delicti”.19 
Em julgamento acontecido em 14.5.2015, o Supremo Tribunal Federal
(STF) reconheceu a legitimidade do Ministério Público (MP) quanto a
promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, e fixou os
parâmetros da atuação do MP. Por maioria, o Plenário negou provimento ao
Recurso Extraordinário (RE) 593727, comrepercussão geral reconhecida.
Com isso, a decisão tomada pela Corte será aplicada aos processos
sobrestados nas demais instâncias, sobre o mesmo tema.
Aliás, um fato que o parágrafo único do Art. 4º, CPP, já prevê, desde
1941, ganha uma imensa repercussão nos últimos tempos, nada menos do
que pelo avanço fenomenal do Ministério Público brasileiro atual, como sejam
estrutura e pessoal capazes de investigar as mais urdidas imbricações
criminosas. As defesas apostam na produção de argumentos e doutrinações
tendentes à criação de obstáculos ao trabalho do Ministério Público, enquanto
associações e órgãos ligados à polícia judiciária, por motivos os mais
diversos, engrossam as fileiras contrárias ao entendimento ministerial. Uma
certeza se destaca, e que são os grupos que perdem ou ganham com a
19 STJ – HC 35.484. Rel. Min. Laurita Vaz. T5. DJU 01.10.2005, p. 291.
eventual proibição de o Ministério Público investigar: a sociedade e os
criminosos, respectivamente.
Conquanto a decisão do STF que comentamos, em linhas anteriores,
justamente pela inexistência prática da súmula impeditiva de recurso, os
questionamentos recursais quanto ao fato não arrefecem e, certamente,
outras decisões deverão ser proferidas pela Excelsa Corte.
Rogério Greco20 assim se posiciona:
Enquanto os pobres e miseráveis estavam sendo processados, como
ainda estão até hoje, ninguém nunca se incomodou, nunca se
preocupou se o Ministério Público estava à frente de alguma
investigação. No entanto, a partir do momento em que pessoas tidas
como “ilustres” foram começando a ser desmascaradas pelo Ministério
Público, e seus nomes começaram a figurar nas páginas dos cadernos
policiais dos jornais de maior circulação no país, divulgados em todos
os canais de TV, pelas rádios, enfim, quando se começou a punir,
efetivamente, ricos e pobres, já não cabia mais ao Ministério Público
esse poder de investigar.
Nada obstante um certo movimento pugnando pela invalidade dos atos
praticados por policial militar, ou qualquer outro funcionário que não seja da
“carreira”, investido da função de polícia judiciária, entendemos pela sua
admissibilidade, desde que autorizados por instrumento legal para esse
exercício, pelo chefe do executivo. Como as polícias estaduais podem se
ressentir de funcionários para o desempenho dessas funções (delegados de
polícia), o responsável por sua manutenção, no caso, os governadores,
excepcionalmente, podem proceder a nomeação, muito embora não seja o
ideal.
PROCESSUAL PENAL – FLAGRANTE – LAVRATURA – POLICIAL
MILITAR INVESTIDO NA FUNÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA –
NULIDADE – INEXISTÊNCIA – INTERPRETAÇÃO DO ART. 4º,
PARÁGRAFO ÚNICO DO CPP – 1 – Se o flagrante foi lavrado por
policial militar, legítima e legalmente investido na função de polícia
judiciária, consoante o parágrafo único, do Art. 4º do CPP, não há falar
em nulidade daquele ato. 2 – Ordem denegada. (STJ – HC 17137 – TO
– 6ª T. – Rel. Min. Fernando Gonçalves – DJU 24.06.2002)
2 PERSECUÇÃO PENAL
É a atividade investigatória de que dispõe o Estado, tendo em vista a
sua pretensão punitiva. Divide-se em duas partes: o Inquérito Policial e a Ação
Penal. Ambos se sujeitam ao controle de legalidade, o primeiro porque, por
meio dele, é formada a opinio delicti, e esta por redundar no devido processo
legal. Há quem aponte a persecução penal estabelecida, inclusive na
execução penal, em que podemos observar que assiste razão a tal
20 Rogério Greco. Atividade Policial – Aspectos penais, processuais penais, administrativos e 
constitucionais, p. 97/98.
pensamento, pois a persecução penal nada mais é do que o legítimo
interesse-dever do Estado e, nesse contexto, não há como abstrair a
execução da sentença penal condenatória como interesse do detentor do jus
puniendi.
3 CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA
Por se tratar de procedimento administrativo, é inexigível que se
estabeleça nesta fase o princípio do contraditório, dada sua natureza
inquisitiva. O mesmo, contudo, não se pode dizer do princípio da ampla
defesa, no Inquérito Policial.
O enunciado constitucional é garantidor da ampla defesa em processo
judicial ou administrativo. Estabelece, também, que essa garantia é extensiva
aos “acusados em geral”. Convém anotar que, na esfera policial, conquanto
mero procedimento a ensejar um juízo de probabilidade e informação para
oferecimento da denúncia, não se pode deixar de reconhecer o fato de que,
nesta pós-modernidade em que se encontra o processo penal, o princípio da
ampla defesa é exigível nesta fase, evidentemente que com os meios e
recursos inerentes ao procedimento, como já é do próprio corpo do texto
constitucional garantidor de sua aplicação. Tem-se, portanto, que qualquer
que seja a fase ou instância do processo penal, e a persecução inclui o
Inquérito Policial, e mesmo na execução da pena, há que ser observado o
princípio, sob pena de nulidade.
Essa tendência de fazer fluir a ampla defesa em todos os momentos da
persecutio criminis deve merecer aplauso, elogio e até mesmo defesa dessa
nova ordem, uma vez que não se pretende a reedição de procedimentos
inquisitoriais escusos, e razão não assiste em privar os indiciados –
compreendendo a expressão consignada no texto constitucional de “acusados
em geral” -, de uma garantia constitucional. A atividade persecutória do
Estado em relação ao crime em nada fica prejudicada com a presença da
defesa, pelo contrário, ela robustece a prova produzida.
Ordenamentos mais adiantados, e cujo processo penal tem
demonstrado comprovada eficácia, já consagram a existência da ampla
defesa na fase de investigação, como na Itália, cuja Constituição menciona,
em seu Art. 24, § 1º, ser a defesa direito inviolável em todo estado e grau do
procedimento.
Quanto ao entendimento dessa abordagem, no sentido de que deve a
defesa ser assegurada, na sua forma mais ampla, desde a fase policial,
trazemos à lume a lição de Rogério Tucci: 
Assistência de advogado não só ao preso, como indiciado, durante o
desenrolar da informatio delicti, não significa assistência passiva, de
mero espectador dos atos praticados pela autoridade policial e seus
agentes, mas, sim, assistência técnica, na acepção jurídica do termo,
qual seja a de atuação profissional de advogado. 21
Dizer da inaplicabilidade do princípio da ampla defesa no Inquérito
Policial, porque a instrução do procedimento inquisitivo não tem como
destinatário principal o Juiz, mas o Representante do Ministério Público, a
quem está reservado o exercício da ação penal, data venia as ilustradas
opiniões em contrário, é minimizar, e até mesmo esquecer o alcance de tão
grande conquista humanística no processo penal. Princípio cujas raízes estão
fincadas no direito natural, a ampla defesa deve existir mesmo que nem
sequer procedimento esteja instaurado, ainda mais em havendo existência da
informatio delicti, pois seu objetivo, neste momento, é justamente, coibir
abusos tanto substanciais como formais.
Já nos adverte A. Scarance Fernandes: 
Quanto à participação da defesa, é ponto incontroverso. A dificuldade
está em delimitar o âmbito dessa participação, não nos parecendo que
se trata de participação em contraditório, mas a que proporciona ao
advogado o direito à ampla ciência das atividades de investigação,
podendo efetuar requerimentos e usar de todos os mecanismos que o
sistema lhe outorgue em favor do investigado: pedido de relaxamento
de prisão em flagrante, pedido de liberdade provisória, impetração de
habeas corpus.22
 Entendemos até que o eminente Professor nãoesgota os mecanismos
de que pode se valer a defesa, atuando de forma ampla na fase do Inquérito
Policial, posto que observamos ainda a fiança, o mandado de segurança e,
ainda, providências na órbita administrativa, que, sem embargo de uma
própria atuação, em vez de quedar os objetivos da primeira fase da
persecução penal, maior lisura e grau de certeza podem conferir ao processo
penal.
É o ensinamento jurisprudencial simulado:
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.(Súmula Vinculante
14.)
O fato de não ser a informatio delicti dirigida, essencialmente, ao Juiz,
não traduz o pensamento de que este não se veja obrigado a reparar os
abusos existentes, com toda a evidência, desde que provocado. Nesse
sentido, o texto constitucional informa, pela eloqüência do inciso XXXV, do Art.
5º: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito”. Mesmo sendo, em sua essência, um procedimento inquisitivo, o
21 Rogério Luaria Tucci, Direitos e Garantias individuais no processo penal brasileiro,
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, p. 115.
22 Antônio Scarance Fernandes, Processo Penal Constitucional, p. 261.
Inquérito Policial não pode dispensar que, nele, reine o princípio da ampla
defesa, porquanto, nele, estão presentes formalidades, aí incluído o respeito à
dignidade da pessoa, o qual, desrespeitado, origina o direito de a defesa
recorrer para o judiciário, a fim de que cessem eventuais constrangimentos
resultantes dessa inobservância. 
4 FINALIDADE
O inquérito policial tem por finalidade precípua a elucidação da autoria,
materialidade e circunstâncias em que se deu o fato tido como delituoso (a
questão das circunstâncias não é imprescindível, mas de fundamental valor
para a persecução penal). Nos crimes de menor potencial ofensivo, elabora-se
o que a práxis denomina TCO ou BO (termo circunstanciado de ocorrência ou
boletim de ocorrência), espécie sumária de um Inquérito Policial.
5 FORMAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que
possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e
as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da
infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e
residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar
inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de
representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente
poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha
qualidade para intentá-la.
5.1 De ofício
A autoridade policial, sob pena de incorrer em prevaricação, deve
instaurar inquérito policial sempre que tomar conhecimento da existência de
uma infração penal de ação penal pública, tendo como peças inaugurais o
auto de prisão em flagrante, quando ocorrem as hipóteses previstas no Art.
301 do CPP; e a portaria nas situações em que não seja possível a autuação
em flagrante.
5.2 Por requisição
Não sendo o procedimento policial instaurado de ofício, a autoridade
policial também deve instaurar o inquérito quando ocorrer requisição de
autoridade judiciária, do Ministério Público, e, para tanto, obrigatoriamente,
baixará portaria em que mencione o fato da requisição. Observa-se que,
indevidamente, no âmbito de alguns departamentos de polícia judiciária, o
responsável pela sua instauração encaminha a requisição que lhe foi dirigida a
um supervisor ou coordenador, o que entendemos como aporte burocrático
desnecessário e protelatório. O caráter da obrigatoriedade da instauração
requisitada somente poderia ser atacado por habeas corpus em que se
verifique a falta de justa causa. O invariável despacho que o supervisor ou
coordenador profere enuncia que “é cabível a instauração do inquérito”,
contudo, tal procedimento usurpa uma função judicante, ao passo em que se
houver um pronunciamento que obste ao atendimento da requisição estarão
ambas as autoridades policiais cometendo prevaricação.
HABEAS CORPUS – DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL
PENAL – CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ADVOCATÍCIO
– REQUISIÇÃO DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL –
CRIME EM TESE – LEGALIDADE – 1. No sistema de direito positivo
vigente, não pode a Polícia Civil, que tem a função constitucional de
apurar infrações penais, exceção feita aos crimes militares
(Constituição Federal, artigo 144, parágrafo 4º), inatender requisição de
instauração de inquérito policial, feita pelo Ministério Público (Código de
Processo Penal, artigo 5º, inciso II), a quem a Constituição da
República atribuiu a ação penal, com exclusividade (artigo 129, inciso
I), estabelecendo evidente subordinação institucional. 2. É também de
nosso sistema de direito positivo que as questões de legalidade da
dimensão inquisitorial da persecutio criminis do Estado são próprias da
competência do Poder Judiciário, fazendo-se induvidosa a vinculação
da autoridade policial ao Juízo criminal com competência para a actio
poenalis, salvo regra legal diversa. 3. Atendida a requisição ministerial,
ficam-lhe exauridos os efeitos, estabelecendo-se a relação autoridade
policial – autoridade judiciária, para o devido controle da legalidade do
procedimento inquisitorial, do qual não se subtrai o próprio ato policial
de sua instauração. 4. Havendo notícia de fatos que, em tese,
caracterizam infração penal, não há falar em ilegalidade da requisição
ministerial de instauração de inquérito policial, que não se compromete
formalmente pela ausência de expressa tipificação penal, até
recomendável em obséquio da formação do juízo da autoridade policial,
em nada estranho à disciplina da requisição, como é da essência do
Estado de Direito, na perspectiva dos direitos fundamentais. 5. Ordem
denegada. (STJ – HC 15115 – MS – 6ª T. – Rel. Min. Hamilton
Carvalhido – DJU 25.02.2002 – p. 00447)
A TEOR DO ART. 5º, INC. II, DO CPP, A AUTORIDADE JUDICIÁRIA,
AINDA QUE DA INSTÂNCIA MONOCRÁTICA, TEM O PODER,
RECTIUS, DEVER DE REQUISITAR A ABERTURA DE INQUÉRITO
POLICIAL, SEMPRE QUE SE DEFRONTE, EM RAZÃO DO OFÍCIO,
COM FATOS QUE, EM TESE, CONFIGUREM CRIMES – E sendo tal
prerrogativa taxativamente concedida por Lei, de afastar-se, de logo, a
idéia de que o seu exercício desfralda arbitrariedade ou perfaz coação
extralegal, mesmo seja detentor de prerrogativa de foro, por exercente
do cargo de prefeito, o indivíduo passível de indiciamento por força da
requisição judicial. O que o juiz unitário não pode é receber denúncia
contra edil indiciado, pois, recebido o inquérito em juízo, cabe-lhe, única
e exclusivamente, repassar o investigatório ao tribunal competente para
conhecer e julgar a ação penal, o qual, a sua vez, abrirá vista ao
procurador nele atuante "para requerer

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