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RESUMO-A Revolução Francesa - 1789-1799 (Edward Burns)

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HISTÓRIA MUNDIAL - 21/10/19
Livro: História da Civilização Mundial, Edward Burns. Capítulo 22, pg- 12 a 59.
Resumo: A Revolução francesa (1789-1799)
No final do século XVIII, a Europa encontrava – se sobre o domínio do absolutismo, com exceção da Inglaterra que o extinguira em 1689. Na Europa, a monarquia francesa era a mais poderosa e extravagante, perpetuada há algum tempo pela dinastia Bourbon. Segundo o autor, a Revolução Francesa teria sido o clímax da crescente oposição que se desenvolveu frente ao absolutismo e sua aristocracia decadente. 
1. AS CAUSAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA
Entre as principais causas políticas estava a própria dinastia Bourbon. Durante quase dois séculos, se mantiveram como autocratas, eliminando o parlamento, conhecido como Estados Gerais, onde se reuniam representantes dos três estados (clero, nobreza e povo). 
Outra causa, era a própria administração caótica e irresponsável do governo na qual destacavam-se: a sobreposição de funções das instituições com inúmeros funcionários ociosos, os diversos conflitos de jurisdição que atrasavam soluções de problemas e a falta de uniformidade no campo do direito e do comércio. 
E a principal razão política vieram das problemáticas guerras que a França passou na época, como a Guerra dos Setes Anos (1756-1763) contra a Inglaterra da qual saiu derrotada e depois a Guerra de Independência dos Estados Unidos que mesmo saindo vitoriosa, deixou a nação em profunda crise financeira aumentando a tensão entre o rei e a classe média.
Outra série de causas provinham do setor econômico. Segundo o autor, a miséria não era uma delas. A França nesta época ainda era uma grande potência, mesmo com a perda de colônias. Muito acúmulo de capital havia sido gerado pelo comércio expansionista e as classes mais pobres puderam colher algumas migalhas desta riqueza. Os camponeses franceses tinham uma qualidade de vida melhor que os demais camponeses europeus, com exceção da Inglaterra. Era crescente o número que se tornava proprietário de terra. A pobreza era de fato vista na periferia de Paris. No entanto, de acordo com o autor, não havia sido essas pessoas as responsáveis pela revolução que viria, elas apenas participariam, pois a classe desencadeadora teria sido a burguesia. Esta classe buscou apoio no campesinato que era maior que o proletariado pobre, praticamente esquecido. A burguesia era detentora de quase toda riqueza produtiva, com exceção da agricultura. Estava em plena ascensão com o comércio, indústria, bancos e atividades liberais, mas não possuía qualquer privilégio político. Ansiava pelo fim do mercantilismo e seu sistema protecionista que limitavam sua expansão econômica.	Comment by Thaissa Rosa: Diferença de pensamento em relação a Hobsbawm.
O sistema de privilégio era outro fator econômico que contribuía para inflamar a revolução. A sociedade francesa era dividida em três estados (classes): Clero, nobreza e povo. O primeiro dividia-se em superior e inferior, o superior, rico e influente, enquanto o inferior, tão pobre quanto seus devotos. A nobreza também se dividia em duas: a nobreza da espada, cujos títulos foram repassados desde a Idade Média e a nobreza de toga que teria comprado algum cargo judicial e com ele o título. Esta última tinha membros próximos dos ideais progressistas. O fato que o clero e a nobreza superior eram quem tinham os grandes privilégios, donos da maior parte das propriedades e livres de impostos. Sobrava ao Terceiro Estado o pagamento dos fundos para o governo, principalmente da burguesia e dos camponeses.
O último fator econômico, era o resquício feudal que ainda perpetuava em cima dos camponeses. Eles eram obrigados a pagar inúmeras taxas para nobreza, fazer doação de parte da colheita, além de ter que trabalhar de graça para o governo, ocasionalmente. 
As causas ideológicas da Revolução Francesa nasceram com o Iluminismo. Várias teorias foram produzidas, das mais liberais a democráticas. Ainda que em oposição nesta época, todas acreditavam que o estado era um mal necessário, que o governo deveria se estabelecer por meio de uma base contratual e que até certo ponto defendiam os direitos naturais do indivíduo.
John Locke (1632-1704) escreveu o livro “O Segundo Tratado do Governo Civil”, 1690, expondo a teoria do governo limitado baseado no que foi instituído após a Revolução Gloriosa (1689). O estado, para o autor, nada mais é que o poder conjunto de toda a sociedade. Se porventura o governo se exceder, tem o povo o direito de se rebelar e derrubá-lo, se preciso. Focou seu trabalho em proteger a liberdade individual e sobre a teoria dos direitos naturais, fonte usada durante a Revolução.
Voltaire (1694-1778) desprezava tanto o governo despótico quanto o cristianismo ortodoxo. Defendia a liberdade de ideias, políticas, religiosas. O governo deveria limitar-se a respeitar os direitos naturais. Não era democrata. E seu ideal de governo aproximava-se tanto a uma monarquia esclarecida, como uma república burguesa. Tinha grande temor pelas massas.
Montesquieu (1689-1755) escreveu o “Espírito da Leis”. Entendia que não havia uma forma de governo padronizada a todos os povos, por isso compreendia que até mesmo o despotismo poderia ser previsto em países com territórios muito extensos. Os medianos se adequariam a uma monarquia limitada (como a França), e os pequenos a uma república. É o criador da teoria da separação dos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Também não era um democrata, pelo contrário, desejava impedir a supremacia da maioria absoluta, por meio de seus representantes pontuais.
O ideal de democracia é defendido por Jean Jacques Rousseau (1712-1778). Suas obras mais conhecidas são “A Origem da Desigualdade Social” e Contrato Social”. Para ele, cada indivíduo precisava ceder seus direitos à comunidade, cabendo aceitar a vontade da maioria. Considerava o estado como a comunidade politicamente organizada, cuja função soberana é expressar a vontade do povo. A comunidade também poderia estabelecer ou destituir o governo quando quisesse.
A última causa ideológica é era por fim ao mercantilismo. O mercantilismo baseava-se em políticas de interferência estatais no mercado, com medidas protecionistas em muitos setores, afastando muitas vezes a possibilidade de expansão de novos negócios. Para os fisiocratas como Quesnay, Mirabeau, Nemours e Turgot, a riqueza do país consistia nos empreendimentos naturais como a agricultura, mineração e a pesca. Assim como os liberais, no caso, Adam Smith, acreditavam que o estado deveria interferir o mínimo possível nos negócios, com exceção de alguns setores. Para Smith estes setores compreendiam a saúde, a educação e áreas que a iniciativa privada não teria capital para investir. A diferença principal das duas correntes, além de que a primeira é francesa e a segunda inglesa, é que para o liberalismo econômico a riqueza consistia no trabalho. Ambos partilhavam dos ideais do laissez-faire (deixe fazer), proteção à propriedade privada, livre produção e contrato.
2. A DERRUBADA DO VELHO REGIME
No início de 1789, a França estava à beira de um colapso financeiro provocado pelas guerras dispendiosas e extravagâncias do rei. A solução encontrada era, como sempre, o aumento dos impostos. Em 1787, o rei havia convocado a Assembleia de Notáveis, constituída pelo Primeiro e Segundo Estado para que pudessem arcar com pagamento de impostos. Os nobres e o clero se recusaram.
Em 1788, após forte clamor popular, o rei teve que apelar para convocação dos Estados Gerais, que não se reuniam desde 1614. Os Estados Gerais era constituído por representantes dos três estados. Do início de sua convocação, o Terceiro Estado, que representava a maior parte da população, se rebelou em relação a forma de votação por estado, o que o deixava sempre em desvantagem. Desejava que a votação fosse individual, aumentando sua chance de convencer membros mais progressistas entre o clero e nobreza. Em junho, o Terceiro Estado proclamou a Assembleia Nacional, convidando as demais classes para participar.Entretanto, o rei interveio, fechando o local. Assim mesmo se reuniram e desafiaram o rei, por meio do Juramento do Jogo da Péla, decidiram que só se separariam quando tivessem redigido a constituição da França. Este fato é tido como o início da Revolução Francesa, pois a partir daí, os Estados Gerais não só protestavam contra as arbitrariedades do rei, mas se afirmavam como o poder supremo de agir pela nação. 
A primeira fase da Revolução (1789-1791) é dirigida pela Assembleia Nacional, dominada pelos líderes do Terceiro Estado, a classe média moderada (burguesia). Apesar da Queda da Bastilha e da morte de vários soldados reais, esta fase não é marcada pela forte violência que caracterizará a segunda. Ainda que em algumas áreas no campo, camponeses impacientes com a demora dos resultados da reforma, fizessem justiça com as próprias mãos contra os nobres. Estes acabaram abrindo mão mais rapidamente de seus privilégios. 
Os resultados dessa primeira fase foram: a extinção do sistema feudal ainda remanescente em cima do campesinato; a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão baseada na Bill of Rights inglesa, de princípios liberais e nada democráticos; a secularização da Igreja, ou seja, diminuindo a influência da instituição, inclusive seu vínculo com Roma e permitindo que as vastas terras do clero fossem vendidas; a Constituição Civil do Clero que transformava o clero em funcionários do Estado eleitos pelo povo; a Constituição de 1791 delineada por princípios liberais e; a Separação dos Poderes. A França não se tornou uma república, mas sim manteve o status de Monarquia Moderada, em que o poder era exercido pelos ricos e o povo ainda não era representado.
A segunda fase (1792-1794) transformou a França em uma República. A Assembleia Legislativa votou a suspensão do rei e ordenou e instituiu uma Convenção Nacional para estabelecer uma nova constituição, dessa vez com o voto universal masculino. Pouco depois, Luis XVI foi julgado, condenado por conspiração e decapitado. O domínio desta fase estava com as classes inferiores, lideradas por extremistas que representavam o proletariado e influenciados pelas ideias radicais e democráticas de Rousseau. Outra característica desta fase foi que ficou conhecida pelo Terror, além da morte do rei, milhares de outras ocorreram em meio a perseguições dos conspiradores contra a República.
Segundo o autor, algumas explicações podem esclarecer o porquê da transição de uma fase anterior moderada e burguesa, para uma radical e popular. A primeira delas é que o ideal de justiça e igualdade propagada pela Revolução, não alcançou as classes populares, a pobreza se mantinha, com o risco de ter piorado, devido a desorganização social. Nem direito ao voto o povo tinha. A segunda causa baseia-se na atmofesra de descontentamento que levou a alguns homens a se sentirem sempre insatisfeitos, tornando-os “revolucionários profissionais”, como fanáticos religiosos, capazes de qualquer atrocidade para chegar aos ideais. A última causa e mais importante apontada, foi a guerra com o estrangeiro. A Áustria e a Prússia foram os maiores redutos de refugiados da nobreza e do clero francês. Estes, por ventura, buscavam convencer esses países que o perigo da Revolução poderia se espalhar pela Europa e por isso a monarquia francesa precisava ser reestabelecida. Para os revolucionários moderados, a guerra representava a consolidação do novo regime pelo povo, enquanto que para os mais radicais, a guerra simbolizava o fim da monarquia e poder expandir a revolução para libertar outros povos. Em consequência, surgiu um grande apelo contra qualquer um que se rebelasse contra à Revolução, dando evidência aos extremistas que puderam dominar a Assembleia Legislativa e por fim à Monarquia Moderada. 
Esta fase passou a ser comandada pela Convenção Nacional e a nova constituição saiu em 1793. Era formada por vários grupos, os girondinos que se sentavam à direita, eram republicanos, mas não democratas extremistas, representavam a classe média provinciana; já os jacobinos sentavam-se à esquerda e apesar de também serem classe média, eram democratas radicais e defensores do proletariado urbano. Acusavam os girondinos de desejar uma “república aristocrática”. Os líderes girondinos proeminentes eram Thomas Paine e Marquês de Condorcet e entre os jacobinos estavam: Marat, Danton e o mais famoso, Robespierre. É preciso dizer que apesar de toda fama do Terror caracterizado por esta época, o número de mortes é muito menor do que guerras civis e internacionais.
Os resultados dessa fase foram muito valiosos: a abolição da escravidão nas colônias e da prisão por dívida; supressão do direito do primogênito; bens dos inimigos repartidos para classes inferiores, com parcelamento de grandes propriedades oferecidas em condições favoráveis de pagamento; cancelamento da indenização aos nobres pela perda de seus privilégios; fixação de preços de produtos de primeira necessidade, como o trigo; separação completa entre Estado e Igreja, admitindo outras religiões que não fossem contrárias á Revolução.
A terceira fase (1794-1799) se inicia com a Reação Termidoriana (relativa ao mês de termidor, mês do calor), que executou o último líder radical Robespierre. Sobravam na Convenção apenas homens de tendências moderadas que evoluíram para um crescente conservadorismo e corrupção para manter-se no poder. Agora a Revolução passava novamente a refletir os interesses da burguesia, desfazendo a maioria dos feitos realizados anteriormente, como a suspensão da Lei dos Preços Máximos e uma nova constituição é adotada em 1795. Os presos políticos foram soltos, os refugiados monarquistas e religiosos retornaram, enquanto os jacobinos tiveram que buscar esconderijo. Com temor do retorno da Monarquia, foi instituído o Diretório para reger o poder executivo. Este período não tem a mesma importância que os anteriores, marcado na maior parte por estagnação e corrupção. Ainda que tivessem se fortalecido por algumas vitórias militares, no final até mesmo este apoio falhou. Ao envolver-se em uma guerra contra Inglaterra, Áustria e Rússia, a sorte começou a mudar. Enquanto isso, a população se rebelava contra a corrupção e insensibilidade com o povo. Nessas condições, não foi difícil que Napoleão Bonaparte, um herói de guerra, ascendesse e por fim declarasse o golpe que encerrou esta fase.
3. OS BONS E OS MAUS FRUTOS DA REVOLUÇÃO
Napoleão manteve algumas das conquistas revolucionárias e assumiu para si as bandeiras da Revolução: igualdade, fraternidade, liberdade. Mas ainda que não tivesse agido desse modo, a Revolução Francesa perpetuaria seus ideais por todo o século XIX, principalmente o período de 1800 a 1850, e alcançaria grande parte das nações ocidentais.
O fato é que a Revolução “foi um vigoroso golpe contra a monarquia absoluta”. Mesmo com a restauração de um Bourbon em 1814, o rei não ousou ver-se como poder absoluto. Os remanescentes do feudalismo foram ultrapassados e o próprio mercantilismo perderia sua força com o tempo. A separação entre Estado e Igreja, mesmo reestabelecida por Napoleão, foi um marco que mais tarde se estenderia as demais nações. Os resultados benéficos foram muitos: abolição da escravidão nas colônias, fim da prisão por dívida, maior distribuição da terra, fim da lei da primogenitura. Napoleão ainda incluiu neste rol as reformas educacionais e codificação das leis.
Entretanto, a Revolução também deixou suas marcas negativas. Uma delas foi o desenvolvimento do nacionalismo “chauvinista” como ideal dominante. O orgulho francês de seus feitos, resultou num patriotismo exacerbado, no desejo de levar a “liberdade” a todos ao seu modo, influenciou toda uma nação a favor da guerra. Mais tarde esse patriotismo militante iria alimentar ideais de superioridade nacional e, por fim, ódios raciais. Outro resultado perverso foi as milhares de mortes deixadas principalmente na fase do Terror e mais tarde, multiplicadas pelo ideal expansionista de Napoleão.

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