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[CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 336 Índice de História HISTÓRIA GERAL FORMAÇÃO DA ERA CONTEMPORÂNEA ......................................................................... 337 1 AS REVOLUÇÕES BURGUESAS II: AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS .........................................337 2 AS REVOLUÇÕES BURGUESAS III: A REVOLUÇÃO FRANCESA ............................................. 343 3 A ERA NAPOLEÔNICA (1799-1815) ......................................................................... 351 4 IDEIAS, MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICOS NO SECULO XIX ............................................ 356 5 ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX ............................................................................. 360 6 IMPERIALISMO (NEOCOLONIALISMO) ........................................................................ 364 HISTÓRIA DO BRASIL 1 A PRIMEIRA REPÚBLICA OU REPÚBLICA VELHA (1889-1930) ......................................... 368 2 A ERA VARGAS ...................................................................................................... 395 PERÍODO DEMOCRÁTICO (1945-1964) ....................................................................... 403 [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 337 HISTÓRIA GERAL FORMAÇÃO DA ERA CONTEMPORÂNEA As Revoluções Burguesas marcaram o início da crise da modernidade. A crise, como vimos, é causada pelo descompasso que existia entre a forma de poder conhecida como Absolutismo, totalmente centrado nas mãos dos reis e de alguns nobres ou clérigos de confiança, e o poder econômico nas mãos da burguesia. A burguesia era um grupo social cada vez mais consciente do seu poder e com reivindicações políticas cada vez mais claras. Para o burguês influenciado pelo Iluminismo, o Absolutismosignificava primeiramente um entrave aos seus anseios de ascensão social, pelo fato de ainda ser vigente uma sociedade organizada a partir de conceitos medievais e estamentais, pautada na ideia de desigualdade por sangue ou nascimento; e segundo, significava um entrave à ascensão econômica, pois o sistema econômico vigente era o Mercantilismo, que conferia o monopólio da economia e da acumulação do capital ao rei, e não ao burguês, tendo que estar submetido aos tributos reais, que talhava o lucro e liberdade de comércio dos comerciantes. Tal situação político/social tinha pouca possibilidade de subsistir, sendo nesse contexto que se deu a ruptura com a modernidade e tem início a História Contemporânea.Por influência da escola francesa de historiografia, dizemos que a História Contemporânea começa com a Queda da Bastilha, em 14 de setembro de 1789. É o início da Revolução Francesa. Ao mesmo tempo na Inglaterra, está acontecendo um movimento mais silencioso, mas também cheio de consequências para a economia, a política, a sociedade e a cultura: a Revolução Industrial. O mundo que chamamos de contemporâneo é fruto dessas duas revoluções,intituladas como ‘Dupla Revolução’, pelo historiador Eric Hobsbawn. Dentre as imensas modificações em relação à modernidade, podemos dizer que são características do mundo contemporâneo: - A ascensão da burguesia ao poder político – como veremos a burguesia não assume de vez o poder com a Revolução Francesa. Para a definitiva vitória burguesa no plano político houve uma série de movimentos de reação da antiga ordem; - Enriquecimento recorde da burguesia – a Revolução Industrial e a consequente introdução da fábrica no processo produtivo levaram à lucratividade da atividade burguesa a patamares jamais vistos; - Vitória do liberalismo no século XIX – a maioria dos ideais liberais, burgueses por excelência, obtêm aceitação cada vez mais generalizada durante século XIX – livre comércio, libertação dos escravos, democracia, etc. O século XX, por sua vez, marca a decadência de uma série destes valores; - Apogeu e decadência do domínio europeu sobre o mundo – o poderio europeu, que se inicia com as navegações, tem seu apogeu no século XIX e entra em decência com a Primeira Guerra; - Ascensão dos EUA – o mundo pode assistir pela primeira vez um país do continente americano, recém colonizado, se colocar de igual para igual com as potências europeias. Após a Primeira Guerra, os EUA assumem a posição de a grande potência mundial; - Independências da América Latina – após três séculos de dominação europeia, a América Latina se torna independente, salvo algumas exceções, durante o século XIX; - Imperialismo ou Neocolonialismo – processo de apropriação do parcial ou total do território africano e asiático pelas potências europeias da época, ocorrido no final do século XIX; - Avanço da ciência e da tecnologia – fruto da interação de ciência e Revolução Industrial, hoje vivemos em uma sociedade onde ciência e tecnologia fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas, pelo menos nos grandes centros; - Emancipação do negro – um lento movimento que começou com a resistência negra à escravidão e que ainda passa pela resistência ao racismo e a superação dos problemas africanos, levou os negros, em amplas áreas do Ocidente a um nível de gozo de direitos inimaginável na metade do século XIX; - Emancipação da mulher – os movimentos feministas de luta por direitos da mulher no Ocidente conseguiram, apesar do persistente machismo, levar a mulher a competir em diversas áreas de igual para igual como o homem e a um gozo de direitos também impensável no século XIX; - Emancipação de África e Ásia – no século XIX, África e Ásia passaram por um período violento de dominação europeia, que durou até mais da metade do século XX. Hoje a colonização europeia terminou, mas os problemas decorrentes dela continuam: a carência de alternativas econômicas na África e amplas regiões da Ásia, além da persistente rivalidade tribal na África; - Urbanização e êxodo rural – por influência direta da Revolução Industrial os séculos XIX, XX e XXI são marcados pela constante migração do campo em direção à cidade. No século XXI, pela primeira vez na história humana, graças à industrialização de Índia e da China, temos que a maior parte da humanidade vive em cidades. FORMAÇÃO DA ERA CONTEMPORÂNEA 1. AS REVOLUÇÕES BURGUESAS II: AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS O processo a que denominamos revoluções burguesas diz respeito, grosso modo, à ascensão da burguesia no quadro geral das sociedades europeias. Esse movimento ocorre, primeiramente, no âmbito econômico, e sua gênese pode ser alocada entre os séculos xv e xvi. Ascensão econômica e ascensão política ocorrem como processos diferentes, mas relacionados. A primeira está ligada, mais precisamente, à revolução industrial; a segunda, à revolução francesa. O movimento consolidado por ambas não foi por elas finalizado, e é possível afirmar que uma vez no poder, a burguesia continuará criando meios de se reproduzir. A esse processo chamamos triunfo do capitalismo liberal burguês. Uma consideração importante a se fazer, entretanto, é a de que a burguesia triunfante encontrou-se de frente à resistência e confronto com outra classe surgida desse processo: a dos proletários. A luta de classes travada desde então, também é uma das características fundamentais do período que estudaremos. Vejamos, portanto, o processo revolucionário no âmbito econômico. Não é fácil conceituar e, muito menos, datar precisamente a Revolução Industrial, pois isso depende de como se concebe a técnica e a indústria no conjunto das sociedades. A evolução técnica, com fins práticos, foi muito lenta e esteve presente em todas as épocas históricas. A produção industrial, entretanto, só foi possível num momento histórico específico: convencionou-se localizar esse processo nas transformações [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 338 ocorridas na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, com os aperfeiçoamentosda máquina a vapor, que asseguraram um novo elemento energético se manifestando, sobretudo, na produção têxtil e metalúrgica, possibilitando a passagem do sistema de produção doméstico ao fabril. É, portanto, na Inglaterra em que ocorre primeiramente a mecanização industrial, fazendo com que a atividade industrial, ou seja, de produção, passasse a concentrar os capitais que, até então, convergiam para o setor de circulação, da atividade comercial. Historicamente, é possível afirmar que ainda vivemos na Revolução Industrial. Isso porque esse processo desencadeou um movimento de desenvolvimento industrial que ganhará diferentes aspectos ao longo do tempo: no modo de produção, circulação e consumo de bens; nas relações de trabalho e produção; e no modo de reprodução das desigualdades sociais. Por isso se fala em “Revoluções Industriais”, como um movimento em pleno desenvolvimento. Para que essa transformação se realizasse, foi preciso a existência de um conjunto de condições favoráveis, criadas graças ao progressivo desenvolvimento econômico dos séculos anteriores ligados à expansão colonial e às revoluções políticas. A Primeira Revolução Industrial A marinha britânica foi responsável pelo comércio que possibilitou a acumulação de capitais, aplicados depois no processo industrial. A Inglaterra participou ativamente da expansão marítima, principalmente a partir do final do século XVII, quando as leis de navegação do governo Cromwell e a atuação das Companhias de comércio acarretaram no extraordinário crescimento desse setor e o consequente enriquecimento da burguesia mercantil. Esse processo deve ser pensado a partir da exploração dos territórios do além-mar, que ocorre por meio do comércio de mercadorias produzidas sob o tráfico de africanos sequestrados de seus territórios e escravizados, sobretudo, nas Américas. Além disso, desde o século XVI vinha acontecendo na Inglaterra uma verdadeira revolução agrária que consistia, sobretudo, na substituição da produção fragmentada em pequenas unidades distribuídas entre proprietários ou arrendatários camponeses, por uma produção em larga escala concentrada em grandes propriedades, controladas por um único senhor, que se tornava, cada vez mais, um grande empresário. Com o desenvolvimento da manufatura têxtil, as grandes propriedades rurais expulsam seus camponeses para a criação de ovelhas e obtenção de lã, processo esse conhecido como cercamentos, provocando um intenso êxodo rural de camponeses miseráveis. Do Artesanato ao Sistema Fabril O artesanato foi a forma de produção que antecedeu a industrialização. Surgido há milhares de anos, ganhou notável impulso na Europa, no fim da Idade Média, com o Renascimento Comercial e Urbano. Ele se caracterizou pelo fato de: os produtores possuírem os meios de produções, ou seja, instalações, ferramentas e matérias-primas (não eram todos os artesãos que possuíam instalações, alguns eram assalariados); a atividade ser manual; a produção ter caráter independente, quer dizer, em casa, uma pessoa sozinha, com alguns ajudantes ou com a família; o artesão realizar todas as etapas da produção. O mestre artesão foi mais do que um simples fabricante de produtos tinha, também, muitas outras funções. Quando procurava e negociava a matéria-prima que utilizava, era um negociante ou mercador; tendo aprendizes sob o seu comando, era um empregador; ao supervisionar o trabalho deles, era capataz; como vendia ao consumidor o produto acabado, era também um vendedor. A partir do século XV, ampliou-se o consumo e o artesão aumentou, desse modo, a produção. Muitos comerciantes passaram a se dedicar a essa atividade. Nesse caso, o comerciante contratava o serviço de vários artesãos, distribuía a matéria-prima e pagava. A produção desses comerciantes passou a ser conhecida como Atividade artesanal medieval e indústrial do século XIX. “manufatura”, e o conjunto dessas relações ocorria nas corporações de ofícios. Já a etapa final foi a “maquinofatura”, surgiram as fábricas, desapareceu o trabalho em casa contratado por um fabricante. Os trabalhadores foram, então, concentrados em grandes prédios e trabalhariam com máquinas, sendo que nem mesmo as ferramentas pertenciam a eles; em outras palavras, o trabalhador foi expropriado dos meios de produção e passou a vender sua força de trabalho para aquele que detinha esses meios (máquinas): o empresário, industrial ou, como o conhecemos, patrão. Foi nessa etapa que se consolidou a Revolução Industrial. [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 339 O Pioneirismo Inglês Na base do processo de industrialização inglês estão as Revoluções Inglesas do século XVII, com as quais a burguesia criou condições para conquistar mercados mundiais, transformar a estrutura agrária do país e canalizar todos os recursos para a produção industrial, tornando, assim, a Inglaterra o país pioneiro no processo de industrialização. Entre esses aspectos e os que causaram a Revolução Industrial na Inglaterra, temos como principais: o desenvolvimento comercial e colonial em anos anteriores, o que proporcionou uma acumulação de capitais que puderam ser investidos no processo industrial, além do acesso à matéria-prima barata; a abundância de ferro e carvão, dois elementos indispensáveis para a indústria; a eliminação das reminiscências feudais por causa da ascensão burguesa com as Revoluções Inglesas do século XVII; as invenções, que tornaram possível a associação da máquina a vapor ao progresso da maquinofatura, trouxeram o aumento da produção, e dessa maneira, o aumento do capital; a Revolução Agrária e os cercamentos (transformação das propriedades comunais em particulares) ocasionaram um aumento da produção de alimentos. Existe, porém, outro aspecto essencial, sem o qual a produção industrial não teria condição de existir: o controle sobre o trabalho. Para conhecer este aspecto é preciso considerar a transformação na estrutura agrária após as Revoluções Inglesas. A divisão das terras antes comunais beneficiou o grande proprietário. Por consequência, os pequenos camponeses ficaram com terras insuficientes para lhes garantirem a sobrevivência. A maioria dessa população migrou para as cidades, onde a única forma de ganhar a vida era trabalhando como operário nas fábricas. Este é o “proletariado”. A miséria do proletariado A Revolução Industrial exigiu grande concentração de trabalhadores nas fábricas. Mas, seu aspecto mais importante, aquele que trouxe uma radical transformação no caráter do trabalho, foi a separação entre os trabalhadores e os meios de produção (máquinas, instalações e matéria-prima). Com isso, os operários passaram a ser simples assalariados submetidos aos donos dos meios de produção. Os antigos artesãos, acostumados a controlar o ritmo do seu trabalho, submeteram- se à disciplina da fábrica. Mulheres e crianças faziam parte do operariado, invariavelmente, com os salários mais baixos que o dos homens. Na indústria têxtil de algodão, as mulheres formavam mais de 50% da massa trabalhadora. Em certas atividades, empregavam-se crianças de até seis anos de idade. A jornada diária de trabalho durava até 16 horas; não havia férias nem descanso aos sábados. Interior de indústria alemã no século XIX. Exemplos de invenções que impulsionaram a produção em série e a instalação de maquinofaturas. As condições de trabalho eram precárias e colocavam em risco a vida e a saúde do trabalhador. O salário era miserável. As fábricas quase não tinham janelas, as doenças profissionais eram frequentes, assim como os acidentes de trabalho. Nas minas de carvão ou de ferro, as vidas dos operários estavam sempre ameaçadas. O resultado disso tudo é que a média de vida dos trabalhadores era extremamente baixa. O desemprego agora era constante, uma vez que as máquinas foram pouco-a-pouco substituindo os seres-humanos na produção. Era o preço a ser pago pela riqueza e fartura da burguesia. Desenvolvimentos tecnológicos No início do século XIX, a máquina a vapor começou a ser utilizada também nos meios de transporte. Em 1807, o primeiro barco a vapor foi criado pelo estadunidense Robert Fulton. Na Inglaterra, George Stephenson organizou a primeira estrada de ferro. Com o barco a vapor e as linhas férreas, o tempo das viagens diminuiu, o custo dos transportes baixou e aumentou ainda mais o mercado. Com o aumento das trocas e a consequente necessidade de produzir mais, tornaram-se cada vez maiores os avanços da industrialização. Além dessa revolução nos transportes, entre as principais invenções mecânicas da época estão a máquina de fiar (de James Hargreaves, 1767), o tear hidráulico (de Richard Arkwright, 1768), o tear mecânico (de Edmund Cartwight, [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 340 1785). A partir do momento em que foram associados com a máquina a vapor, criada por Thomas Newcomen, em 1712, e aperfeiçoada por James Watt, em 1765, essas novas invenções obtiveram um ganho ainda maior em sua produtividade, jogando milhares de operários nas ruas, sem emprego, esperança e quaisquer possibilidades de levar uma vida que não estivesse condenada à miséria extrema. Essa forma de produção em pouco tempo se alastrou para além da Inglaterra, atingindo primeiramente a Bélgica e a França, para então se expandir para a Itália, Alemanha, Rússia e, além da Europa, atingir os Estados Unidos e o Japão. A Segunda Revolução Industrial As inovações técnicas foram ganhando mais força ao longo da década de 1860. Às pesquisas científicas e à aceleração nas inovações ocorridas no mesmo contexto, reconfigurando e dinamizando o processo de industrialização, denominou-se Segunda Revolução Industrial. No mesmo contexto: descobria-se a eletricidade; inventava-se o dínamo, permitindo a substituição do vapor pela eletricidade como força-motriz nas máquinas; desenvolvia-se o processo Bessemer (transformação do ferro em aço), permitindo a produção em grande escala, fazendo com que o ferro fosse, em pouco tempo, substituído pelo aço (mais resistente e com menor custo e produção), fazendo com que este fosse o metal símbolo da segunda fase da industrialização; aprimorava-se os meios de comunicação com a invenção do telefone e do telégrafo; inventou-se o motor a combustão interna, de Nikolaus Otto, aperfeiçoado por Rudolf Diesel, que inaugurou o uso do petróleo; substituição do vapor pelo petróleo como fonte de energia; desenvolvimento da indústria química. Dinamização da produção e reconfiguração do trabalho Com a Segunda Revolução Industrial, o uso da eletricidade e do petróleo como fontes energéticas geraram a intensificação do desenvolvimento tecnológico e a diversificação do processo produtivo. Passou-se a produzir artigos em série, ampliando-se a produção por meio da especialização do trabalho. Dessa forma, surgem as linhas de montagem, onde a produção era dinamizada conforme os trabalhadores ficavam ordenadamente distribuídos ao longo de uma esteira rolante por onde passavam as partes do produto a ser montado. Assim, o trabalhador especializava-se, por exemplo, em apertar parafusos ao longo de todos os dias de trabalho. A fragmentação do trabalho, ou seja, o trabalhador realizando apenas uma etapa do processo produtivo (já teorizada no século XVIII por Adam Smith), baixava os custos e aumentava a produção, incrementando, portanto, o lucro da burguesia industrial. A primeira vez em que foi aplicada em grande escala foi justamente na indústria automobilística de Henry Ford, nos EUA. Em suas fábricas, o chassi do carro era conduzido ao longo de esteiras rolantes, recebendo peça por peça dos operários distribuídos lateralmente de forma organizada na linha de montagem. Essa racionalização da produção foi denominada de fordismo. O custo da produção do automóvel foi reduzido de US$ 950 para US$ 250. E para aumentar ainda mais os lucros dos industriais, o engenheiro norte-americano Frederick W. Taylor desenvolveu técnicas de aumento produtividade que consistiam em controlar os movimentos não apenas das máquinas, mas também dos homens, cronometrando-os, fazendo-os produzir em um ritmo cada vez mais acelerado. Essa forma de produção em série acelerada consistia no taylorismo. O Fordismo- Taylorismo representam a transferência de uma racionalização típica do desenvolvimento científico para o âmbito da produção, que passa a ser sistematizada e ordenada segundo critérios científicos de rapidez e ordenamento. Como decorrência da dinamização da produção, reconfiguração do trabalho e do aumento dos lucros, começaram a surgir sociedades anônimas, enormes indústrias, concentrações financeiras e conglomerados empresariais, todas associações que concentravam um grande capital industrial, formando holdings, trustes e cartéis. Holding: conglomerado de grandes empresas financeiras que controlam enormes complexos industriais por meio da posse de suas ações; Truste: grandes empresas que absorvem a concorrência monopolizando a produção de mercadorias, controlando seus preços no mercado; Cartel: associação de grandes empresas produtoras da mesma mercadoria, visando evitar a concorrência, definir os preços e dividir o mercado entre si, eliminando a concorrência. Dessa forma, já no século XX, o Capitalismo Industrial começava a ser suplantado pelo Capitalismo Financeiro, focado principalmente nas complexas movimentações de capitais dos grandes grupos financeiros, por exemplo, nas Bolsas de Valores mundiais. A Terceira Revolução industrial Ao longo do século XX, essas profundas e aceleradas transformações técnicas iniciadas no século XVIII adentram em uma terceira etapa, um momento apontado como sendo a Terceira Revolução Industrial, cuja característica central possui uma velocidade assustadoramente rápida no desenvolvimento de novas técnicas, como no campo a computação, micro eletrônica, robótica industrial, química fina, biotecnologia e nanotecnologia. Ao mesmo tempo em que essas tecnologias se desenvolvem ultra-velozmente, produzem uma quantidade ainda maior de técnicas obsoletas. Isso fica claro ao se observar as transformações, por exemplo, na computação e em seu desenvolvimento das duas últimas décadas do século XX: aquilo que parecia ser o estágio mais elevado do progresso tecnológico, já estava ultrapassado nos primórdios do século XXI. Todo esse processo demanda vultosos investimentos financeiros e pesquisas científicas voltadas ao aumento até então nunca visto da eficiência e da produtividade. Trata-se, portanto, de um movimento controlado por grandes empresas transnacionais abarcando o mundo inteiro. [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 341 Significados “A Revolução Industrial assinala a mais radical transformação da vida humana já registrada em documentos escritos. Durante um breve período ela coincidiu com a história de um único país, a Grã-Bretanha (...) depois, ascenderá a uma posição de influência e poder mundiais sem paralelo na História de qualquer país com as suas dimensões relativas, antes ou desde então, e que provavelmente não será igualada por qualquer Estado no futuro previsível” HOBSBAWN, E J. Da Revolução Industrial inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1986, p13. “Que, entre os povos primitivos, a medição do tempo está comumente relacionada com os processos familiares no ciclo do trabalho ou das tarefas domésticas” (p.269). Para o povo Nandis, a ocupação do tempo era regulada considerando as meias-horas dos dias, onde: “às 5:30 as vacas foram levadas para o pasto; às 6:00 soltaram-se as ovelhas; às 6:30 nasceu o Sol; às 7:00 começou a aquecer (...)” (idem, p.270). Noção do tempo pelastarefas: “Em Madágascar, o tempo pode ser medido pelo ‘cozimento do arroz’ (cerca de meia hora) ou pelo fritar de um gafanhoto(um momento). Registrou-se que os nativos de Cross River dizem: ‘o homem morreu em menos tempo do que leva o ‘milho para assar’ (menos de quinze minutos)” A pressa é vista como uma falta de compostura combinada com ambição diabólica. O relógio á as vezes conhecido como ‘a oficina do Diabo’; não há horas precisas de refeições; a noção de um compromisso com hora marcada é desconhecida, eles apenas combinam de se encontrar no ‘próximo mercado’ (p270) Após a Revolução Industrial, “o que predomina não é a tarefa, mas o valor do tempo quando reduzido a dinheiro. O tempo agora é moeda, ninguém passa o tempo, e sim o gasta”. THOMPSON, E.P. “Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial”. Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. “Dentre todas as utopias criadas a partir do século XVI, nenhuma se realizou tão desgraçadamente como a da sociedade do trabalho. Fábricas-prisões, fábricas conventos, fábricas sem salário, que aos nossos olhos adquirem um aspecto caricatural, foram sonhos realizados pelos patrões e que tornaram possível esse espetáculo atual da glorificação do trabalho. (...)A dimensão crucial dessa glorificação do trabalho encontrou suporte definitivo no surgimento da fábrica mecanizada, que se tornou a expressão suprema dessa utopia realizada, alimentando, inclusive, as novas ilusões de que a partir dela não há limites para a produtividade humana. (...) Aqueles primeiros homens, que se viram constrangidos pela pregação moral do tempo útil e do trabalho edificante, sentiram em todos os momentos de sua vida cotidiana o poder destrutivo desse novo princípio normativo da sociedade. Sentiram na própria pele a transformação radical do conceito de trabalho, uma vez que essa nova positividade exigiu do homem pobre a sua submissão completa ao mando do patrão. Introjetar um relógio moral no coração de cada trabalhador foi a primeira vitória da sociedade burguesa, e a fábrica apareceu desde logo como uma realidade estarrecedora onde esse tempo útil encontrou o seu ambiente natural, sem que qualquer modificação tecnológica tivesse sido necessária. Foi através da porta da fábrica que o homem pobre, a partir do século XVIII, foi introduzido ao mundo burguês. DE DECCA, E. O nascimento das fábricas. 6.ed. São Paulo: Brasiliense, 1988, p7-10 Conclusão As Revoluções Inglesas do século XVII impulsionaram novas ideias que prenunciavam os acontecimentos do século seguinte, o Século das Luzes. Juntamente com a Revolução Francesa, os acontecimentos na Inglaterra construíram as bases políticas do mundo contemporâneo e, assim como a Revolução Industrial, constituiu-se num modo gerador de profundas transformações na sociedade humana, também do ponto de vista econômico. A velha sociedade, baseada no nascimento e na origem, deu lugar a uma nova, baseada no capital e na propriedade privada. Era o fim do Antigo Regime. Desta forma, ocorreu a solidificação da burguesia que, por sua vez, modificou a organização do Estado, fundamentando-se em leis que correspondiam a seus interesses. A queda do Absolutismo foi contemporânea ao declínio do Mercantilismo — tinha de ser, pois o mercantilismo era a política econômica do Absolutismo. Para intervir na economia, era preciso um rei muito poderoso. Novas classes sociais se constituíram: os trabalhadores formaram o operariado urbano, que produzia nas fábricas e vivia às custas de salários; e a burguesia industrial, controlava a produção e administrava o comércio. Separava-se definitivamente o Capital (configurado no poder dos donos dos meios de produção) e o Trabalho (representado pelos assalariados), onde os trabalhadores não mais tinham a propriedade dos instrumentos de trabalho, ficando confinados a se venderem como foca de trabalho por preços miseráveis e degradantes. Cidades do Reino Unido que se destacaram na Revolução Industrial. Em menos de dois séculos, o trabalho se transformou como nunca havia ocorrido em toda a História. Não apenas na forma de exploração dos detentores dos meios de produção sobre o proletariado, mas nas formas de organização dessa massa de trabalhadores, que para combater os proprietários começam a se organizar em associações trabalhistas e colocar em xeque a ordem capitalista: explicita-se a luta de classes entre a burguesia e o proletariado. De qualquer forma, o que é importante assinalar é que tanto as Revoluções Inglesas e a Revolução Francesa, no campo político, como a Revolução Industrial, no campo econômico, significaram tanto a destruição da organização social anterior, [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 342 com os últimos vestígios de feudalismo, quanto a consolidação do Capitalismo, agora não mais comercial, mas industrial, hegemônico após a consolidação da ordem burguesa no mundo. A expansão da industrialização e seu consequente aumento de produtividade fizeram com que os países industrializados passassem a disputar novos mercados para poder escoar suas produções. Dessa forma, estimulava-se o Imperialismo (Neocolonialismo) do século XIX, gerando disputa por mais consumidores que desembocaria na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Filmografia Germinal, de Claude Berri. Baseado na obra homônima de Émile Zola, retrata as péssimas condições de trabalho e vida de trabalhadores franceses. A nós, a liberdade, de René Clair. Compara o trabalho forçado em uma prisão e o trabalho em uma fábrica. Tempos Modernos, de Charles Chaplin. Aponta os problemas de uma sociedade criada pela ordem industrial capitalista, especialmente a partir do desenvolvimento do Fordismo- Taylorismo. Os Companheiros, de Mario Monicelli. Retrata a luta de trabalhadores italianos contra a opressão da burguesia industrial. Exercícios 1. (FUVEST) “O fato relevante do período entre 1790 e 1830 é a formação da classe operária” “Os vinte e cinco anos após 1795 podem ser considerados como os anos da longa contra- revolução” [Durante esse período] “o povo foi submetido, simultaneamente, à intensificação de duas formas intoleráveis de relação: a exploração econômica e a opressão política.” Estas frases, extraídas de A Formação da Classe Operária Inglesa do historiador E. P. Thompson, relacionam-se ao quadro histórico decisivo na formação do mundo contemporâneo, no qual se situam: a) a revolução comercial e a reforma protestante. b) o feudalismo e o liberalismo. c) a revolução industrial e a revolução francesa. d) o capitalismo e a contra-reforma. e) o socialismo e a revolução russa. 2. (PUC – MG) O movimento dos trabalhadores assalariados é parte integrante da história do capitalismo. Sua origem está fundamentalmente ligada: a) à formação de partidos da classe operária. b) ao caráter ambicioso do patrão capitalista. c) ao surgimento das ideias socialistas-marxistas. d) a certa consciência coletiva de ser operário. e) à solidariedade internacional dos trabalhadores. 3. (PUC-Rio) “A Revolução Industrial assinala a mais radical transformação da vida humana já registrada em documentos. Durante um breve período ela coincidiu com a História de um único país, a Grã-Bretanha. Assim, toda uma economia mundial foi edificada com base na Grã-Bretanha, ou antes, em torno desse país. [...] Houve um momento na história do mundo em que a Grã-Bretanha podia ser descrita como sua única oficina mecânica, seu único importador e exportador em grande escala, seu único transportador, seu único país imperialista e quase que seu único investidor estrangeiro; e, por esse motivo, sua única potência naval e o único país que possuía uma verdadeira política mundial. Grande parte desse monopólio devia-se simplesmente à solidão do pioneiro, soberano de tudo quanto seocupa por causa da ausência de outros ocupantes.” E. J. Hobsbawm. Da revolução industrial inglesa ao imperialismo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1983, p.9. Ao falar da “solidão do pioneiro”, o autor refere-se ao pioneirismo da Grã-Bretanha na Revolução Industrial. a) Apresente DUAS razões que contribuíram para que a Grã- Bretanha tenha experimentado a "solidão do pioneiro" naquele processo. b) Identifique DUAS mudanças ocorridas na sociedade inglesa no decorrer do século XIX que permitam exemplificar a afirmativa do autor de que "a Revolução Industrial assinala a mais radical transformação da vida humana já registrada em documentos". 4. (UNESP-SP - adptado) A superioridade da indústria inglesa, em 1840, não era desafiada por qualquer futuro imaginável. E esta superioridade só teria a ganhar, se as matérias-primas e os gêneros alimentícios fossem baratos. Isto não era ilusão: a nação estava tão satisfeita com o que considerava um resultado de sua política que as críticas foram quase silenciadas até a depressão da década de 1880. Joseph A. Schumpeter. História da análise econômica. Dessa exposição conclui-se por que razão a Inglaterra adotou decididamente, a partir de 1840 o: a) isolacionismo em sua política externa. b) intervencionismo estatal na economia. c) capitalismo monopolista contrário à concorrência. d) agressivo militarismo nas conquistas de colônias. e) livre comércio no relacionamento entre as nações. 5. (FUVEST-SP) Revolução Comercial está para mercantilismo assim como Revolução Industrial está para: a) aristocracia. b) malthusianismo. c) liberalismo econômico. d) socialismo utópico. e) corporativismo. 6. (FATEC-SP) Dos fatos a seguir assinale aquele que não foi causa da Revolução Industrial. a) Revolução Comercial. b) Sólido sistema comercial inglês. c) Existência de carvão de boa qualidade e fácil acesso. d) Falta de braços para a lavoura. e) Desenvolvimento inicial da tecnologia. 7. (UnB-DF) Socialmente a Revolução Industrial favoreceu: a) o enriquecimento do proletariado. b) a eliminação das diferenças de classes. c) o crescimento econômico da burguesia. d) o crescimento da população rural. 8. (UFSCar-SP) Os economistas e historiadores estão de acorrdo em datar a Revolução Industrial no século XVIII, pois com a invenção das primeiras máquinas inicia-se a: [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 343 a) indústria de produtos alimentícios. b) indústria têxtil. c) indústria de comunicação e transportes. d) indústria metalúrgica. e) indústria de papel. 9. (UFPA) Uma das consequências sociais da Revolução Industrial foi: a) o desenvolvimento do capitalismo financeiro. b) a formação de impérios coloniais. c) a utilização de técnicas cada vez mais modernas. d) o intervencionismo estatal na vida econômica. e) o rápido aumento das cidades. 10. (Vunesp-SP - adaptado) Adam Smith, autor de A riqueza das nações (1776), referindo-se à produção e à aquisição de riquezas observou: Não é com o ouro ou a prata, mas com o trabalho, que toda a riqueza do mundo foi provida na origem, e seu valor, para aqueles que a possuem e desejam trocá-Ia por novos produtos é precisamente igual à quantidade de trabalho que permite alguém adquirir ou dominar. Os pontos de vista de Adam Smith opõem-se às concepções: a) mercantilistas que foram aplicadas pelos estados absolutistas europeus. b) monetaristas, que acompanharam as economias globalizadas. c) socialistas, que criticaram a submissão dos trabalhadores ao capital. d) industrialistas, que consideraram as máquinas as criadoras de riquezas. e) liberais, que minimizaram a importância da mão-de-obra na produção. 11. (UFJF-MG adaptado) Desde o século XVI vinha-se operando na Inglaterra uma verdadeira Revolução Agrária, que consistia, sobretudo, na substituição da produção fragmentada em pequenas unidades distribuídas entre proprietários e arrendatários camponeses por uma produção em larga escala, concentrada em grandes propriedades. (...) Esta alteração foi possível principalmente pelas leis de enclosures, ou leis de cercamento dos campos comuns. Elza Nadai e Joana Neves. Com base no que foi destacado, analise as pré-condições que geraram o desenvolvimento da Revolução Industrial no século XVIII, enfatizando o papel do movimento de cercamento dos campos. 12. (Unicamp-SP) As fábricas do século XVIII substituíram as antigas oficinas artesanais. Explique o que eram essas oficinas e as diferenças entre elas e o sistema da fábrica. 13. (Fuvest·SP) Já se observou uma vez que todo aluno mediano em História sabe que houve uma revolução industrial e que todo aluno estudioso sabe que não houve. Como bom estudante que você é, justifique a tese de que ocorreu uma evolução, e não uma revolução industrial. 14. (CEETPS-SP) A partir da segunda metade do século XVIII, profundas transformações econômicas e sociais ocorreram em países da Europa Ocidental. Formou-se um novo tipo de sociedade, caracterizada pela predominância do capital em quase todas as atividades humanas, pelo trabalho industrial e pela vida urbana. Estas transformações foram resultado da Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra com a mecanização do trabalho, ou seja, a utilização de máquinas na produção e transporte de mercadorias. (CAMPOS, R. História Geral). a) De acordo com o texto, o que significou a Revolução Industrial? b) Explique uma mudança que ocorreu no mundo a partir da Revolução Industrial justificando se a consequência desta mudança foi positiva ou negativa. FORMAÇÃO DA ERA CONTEMPORÂNEA 2. AS REVOLUÇÕES BURGUESAS III: A REVOLUÇÃO FRANCESA No fim do século XVIII, na frança, a burguesia já liderava as finanças, o comércio, a indústria, fornecendo à monarquia os recursos necessários ao funcionamento do Estado. Por outro lado, a estrutura social da França conservava as características aristocráticas de sua origem: a terra ainda constituía fonte de riqueza social e conferia aos que a possuíam, o poder sobre aqueles que a cultivavam. A França continuava a ser um país de economia predominantemente agrária. Enquanto o antigo regime predominava na França, a Grã-Bretanha expandia sua produção industrial e o comércio exterior. Até a segunda metade do século, existiu certo equilíbrio entre essas duas potências europeias, mas a partir de 1763 as finanças francesas entraram em colapso, abalando toda a economia desta nação. O crescimento da economia capitalista, portanto, encontrava obstáculos em remanescentes feudais. Nesse contexto, a burguesia exigiu liberdades econômicas, políticas e sociais a fim de eliminar as barreiras aristocráticas e assegurar o livre desenvolvimento do modo de produção capitalista. Entretanto, esses entraves e privilégios feudais se apoiavam na ordem política do Antigo Regime e sua eliminação implicava em derrubar toda a estrutura do Estado moderno, o que só seria possível com medidas radicais. A França Pré-Revolucionária A França ainda era um país agrário nos fins do século XVIII: de seus 23 milhões de habitantes, cerca de 20 de milhões viviam no campo. Luís XVI, o rei da França nessa época, havia recebido de seu antecessor um país economicamente arruinado, com súditos descontentes e oprimidos pelos impostos. Para agravar ainda mais a situação, a França contava, na época, com um grande crescimento demográfico, que exigia correspondente crescimento econômico. Além disso, a pequena produção [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 344 agrícola, relacionada aos entraves feudais à produtividade e agravada também por fenômenos climáticos, causava acentuada elevação do preço do pão, tornando-o quase inacessível à população de baixa renda. Esse quadro fazia com que a miséria e a fome se alastrassem pela França. Socialmente, a França ainda conservava traçosmuito fortes da estrutura medieval, apresentando três “estados” bastante segmentados, vejamos: ▪ 1° Estado (Clero): era o primeiro estado e se dividia em Alto Clero (bispos e abades, originários da nobreza) e Baixo Clero (padres e vigários, originários das camadas baixas da população). ▪ 2° Estado (Nobreza): constituía o segundo estado, detinha a posse de grande parte das terras e recebia privilégios da Monarquia como, por exemplo, a isenção de impostos. ▪ O Terceiro Estado (Povo): formado pela burguesia e pelos trabalhadores (operários e camponeses), compreendia 98% da população e arcava com o peso de impostos e contribuições para o rei, o clero e a nobreza. Os outros dois estados não pagavam tributos e ainda viviam às custas do dinheiro público. Nessas condições, a principal reivindicação do terceiro estado era a abolição dos privilégios e a instauração de uma igualdade civil. Ideologicamente, as ideias liberais do Iluminismo constituíam as ideias empregadas pela burguesia para fazer oposição ao Absolutismo e ao Mercantilismo do Antigo Regime. Mais tarde condicionaram a conduta ideológica da própria Revolução Francesa. O rei Luis XVI sobe à guilhotina Nessa crise, a França estabeleceu um acordo comercial com a Inglaterra, em 1786, conhecido como “Tratado Eden-Rayneval”, que permitia a entrada de vinho francês no mercado inglês, com baixas taxas alfandegárias, porém, fazia o mesmo com os tecidos ingleses no mercado francês. Esse tratado praticamente arruinou a indústria manufatureira francesa, levando a burguesia a acirrar seu ódio ao Antigo Regime. Os Estados Gerais Na tentativa de vencer a crise, o governo convocou a Assembleia dos Notáveis (1787), composta de representantes do clero, da nobreza e da alta burguesia, propondo que a nobreza também pagasse impostos; porém os nobres negaram. Luís XVI nomeou, então, um novo ministro das Finanças, o banqueiro Jacques Necker e convocou a Assembleia dos Estados Gerais, uma assembleia formada por todos os Estados que não acontecia desde 1614. Necker não pertencia à nobreza e por sua iniciativa o número de representantes do terceiro estado na reunião dos Estados Gerais dobrou. Além disso, propôs que o rei fizesse concessões à burguesia para que essa apoiasse sua política de reformas. A nobreza e o clero se opuseram, mais uma vez. Os Estados Gerais deveriam discutir abertamente uma solução para a crise financeira e econômica que se agravava a cada dia. A notícia da convocação da Assembleia teve enorme repercussão na França. O país foi invadido por panfletos, cartazes e jornais, principalmente de cunho ideológico liberal, defendido pela burguesia, interessada em aproveitar a oportunidade e fazer exigências políticas, como a de que a votação fosse individual e não por estado. Em maio de 1789, os Estados Gerais se reuniram no Palácio de Versalhes pela primeira vez. O Terceiro Estado foi informado que os projetos seriam votados com um voto por estado. Isto daria vitória à nobreza e ao clero que possuíam os mesmos interesses e se uniriam. O Terceiro Estado rejeitou a decisão, pois almejava uma discussão conjunta e uma votação por pessoa. Diante da negação de suas reivindicações, a burguesia e os trabalhadores proclamaram uma assembleia nacional em represália e, como consequência, Luís XVI mandou fechar a sala de reuniões. Em contrapartida, o terceiro estado se dirigiu para um salão que a nobreza utilizava para jogos. Ali mesmo fizeram uma reunião, em que ficou estabelecido que permaneceriamreunidosaté que a França tivesse uma constituição, com a finalidade de limitar os poderes reais. Após tamanha reunião, Luís XVI, finalmente, cedeu, ordenando ao clero e a nobreza a se juntarem ao terceiro estado, surgindo assim a Assembleia Nacional Constituinte. O objetivo do rei era ganhar tempo, pois organizava tropas para dispersar a assembleia. Esta cena é um clássico de Prieu e representa um dos momentos mais importantes da Revolução Francesa. Em 14 de julho de 1789, o povo toma a Bastilha, a prisão-símbolo da opressão do Absolutismo dos Bourbons. Foi a Revolução Francesa um dos pontos culminantes das Revoluções Atlânticas, significando o mais duro golpe no Antigo Regime. Dez anos depois, ela terminaria nas mãos de um só homem: Napoleão Bonaparte. A Assembleia Nacional Constituinte (1789- 1791) No entanto, os produtos começaram a faltar; surgiram revoltas nas cidades e no campo. A reunião de tropas próximas à Paris, que dariam respaldo ao rei, e a demissão do ministro Necker provocaram insurreições em diversos pontos da França. Em 14 de julho de 1789, ocorre a Queda da Bastilha, símbolo do Absolutismo Real e onde eram mantidos os presos políticos, foi tomada de assalto pelo povo. Os camponeses, percebendo a fraqueza da nobreza, saquearam os castelos, executando famílias inteiras de nobres e queimando cartórios e títulos de [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 345 propriedade. A burguesia, na Assembleia, temerosa de que as exigências chegassem também às suas propriedades, propôs a extinção dos direitos feudais como única forma de conter o furor revolucionário. Em 4 de agosto, foram abolidos pela Assembleia Nacional Constituinte os direitos e privilégios feudais, fato que ficou conhecido como “Jornadas de Agosto”. Preocupada em estabelecer teórica e ideologicamente a revolução, a burguesia fez aprovar a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. De inspiração iluminista, o documento proclama o direito à liberdade e à igualdade perante a lei, a inviolabilidade da propriedade, assim como o direito de resistir à opressão. A recusa de Luís XVI em aprovar a Declaração provocou novas manifestações populares na capital, conhecidas como “Jornadas de Outubro”. O Palácio de Versalhes foi invadido e o rei obrigado a transferir sua residência para o Palácio das Tulheiras, em Paris. Muitos nobres aceitaram e juraram fidelidade à Revolução, outros, os refratários, emigraram e deram início às agitações contra- revolucionárias nas províncias. Em 1790, a Assembleia Nacional Constituinte aprovou a “Constituição Civil do Clero”, que estabelecia que os bens eclesiásticos seriam confiscados para servirem de lastro à emissão de papel-moeda, chamado de assignat. No ano seguinte, foi terminada a elaboração da Constituição, que fazia da França uma Monarquia Constitucional, com separação de poderes, de acordo com o pensamento de Montesquieu e com a limitação do direito do voto em virtude do seu caráter censitário. A Convenção Nacional (1791-1795) Instalada como órgão do Poder Legislativo, a Assembleia Legislativa não conseguiu acalmar a situação no país. Os setores populares estavam descontentes porque continuavam sob o despotismo, não o da Monarquia Absoluta, mas o despotismo dos homens do dinheiro; setores da nobreza e do clero conspiravam com o apoio do rei, para tentar restaurar o Antigo Regime. As potências europeias, inicialmente indiferentes, uniram-se e preparavam a invasão da França. Internamente, a crise começava a provocar divisões entre os próprios revolucionários: no início os patriotas estavam unidos contra os aristocratas; porém, com a evolução dos acontecimentos, essa unidade desapareceu. Em Paris, as classes populares, os chamados sans-culottes, queriam o tabelamento dos preços e exigiam maior participação no poder público. Na Assembleia Legislativa, formaram-se grupos políticos defendendo seus interesses e ficaram conhecidos pela posição que ocupavam no anfiteatro de reuniões: à esquerda: eram os jacobinos ou montanheses, assim chamados por se sentarem nas partes mais altas da Assembleia; no centro: eram os constitucionalistas, defensores da alta burguesia e da nobreza liberal, grupo que mais tarde ficaria conhecido como Planície; à direita: eram os girondinos, defensores dos interesses da alta burguesia e que temiam a radicalizaçãoda revolução; na extrema-direita: encontravam-se alguns remanescentes da aristocracia que ainda não haviam emigrado e pretendiam restaurar o poder absoluto. Em abril de 1792, a França declarou guerra à Áustria e à Prússia, pois para esses países tinham fugido os principais opositores do movimento revolucionário e seus governos pretendiam intervir na França, a fim de neutralizar a burguesia francesa. A guerra era desejo tanto da extrema-direita, representada pelo rei, quanto da aristocracia — que acreditava que os soberanos absolutistas da Europa derrotariam a Revolução, possibilitando- lhes o retorno ao poder e o controle da situação —, como pelos girondinos — que pensavam poder desviar para o conflito externo a pressão popular. Em 20 de setembro de 1792, os austros-prussianos foram derrotados na Batalha de Valmy, e a guerra deixou claro que o rei e aristocracia eram aliados dos inimigos externos. A nação, por seu turno, identificava-se com a Revolução. Os líderes dos exércitos populares eram justamente os jacobinos que mais se destacaram na Convenção: Robesrpierre, Marat e Danton. Em Paris, formou-se a Convenção Nacional, eleita por sufrágio universal, isto é, pelo voto de todos os cidadãos do sexo masculino. Ela assumiu o lugar da Assembleia, proclamou a República no dia 22 de setembro e condenou à morte, pela guilhotina, o rei Luís XVI. Sua morte provocou uma série de revoltas feitas por partidários da realeza na região de Vendéia. A Revolução dos Jacobinos Nas ruas de Paris, os sans-culottes, sob a liderança de Jacques Roux, exigiam reformas, controle de preços, mercadorias baratas e salários condizentes, reivindicações exatamente contrárias do que exigiam os girondinos. Neste momento, os jacobinos lideraram as reclamações e conseguiram formar o Comitê de Salvação Pública, inicialmente liderado por Danton, que tinha por obrigação o controle dos preços e a denúncia dos abusos realizados pelos altos comerciantes girondinos. Em junho de 1793, o povo cercou o prédio da Convenção e exigiu a prisão dos deputados traidores e exploradores. Os jacobinos aproveitaram-se das manifestações populares e depuseram todos os girondinos, instaurando um novo governo, sob a liderança de Robespierre. Teve início, então, o período do Terror, que se estendeu de junho de 1793 a julho de 1794. Por toda a França surgiram comitês revolucionários que prendiam, julgavam e executavam sumariamente todo aquele que se tornasse suspeito de ser inimigo da Revolução. Todos os elementos acusados de ligações com girondinos e com a aristocracia contra-revolucionária foram executados na guilhotina depois de julgamentos populares. Em meio a esse clima de agitações, a Convenção fez reformas de interesse popular: fixou preços máximos aos gêneros alimentícios e regulamentou os salários, criou escolas públicas, aboliu a escravidão nas colônias francesas e decretou uma ampla reforma agrária, além de dividir com os pobres os bens dos nobres emigrados. Ao mesmo tempo, os elementos mais radicais também eram executados. Hébert e Danton, ambos à frente dos indulgentes foram executados, fazendo com que Robespierre perdesse apoio popular. Entretanto, em 1794, a vitória do exército francês nas frentes de batalha e a derrota da contra-revolução na Vendéia provocaram uma nova mudança na luta pelo poder. De tanto assassinar líderes populares, a Comissão de Salvação Pública perdeu o contato com os sans-culottes. Nesse momento, os setores moderados voltaram com toda a força. Tendo perdido o apoio da [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 346 massa parisiense, Robespierre e seus partidários foram guilhotinados. A Reação dos Moderados: A Consolidação do Poder da Burguesia Essa era a reação termidoriana, consistindo na vitória dos conservadores e da burguesia. Anularam-se várias conquistas feitas pelos jacobinos: restaurou-se a escravidão nas colônias, liberaram os preços das mercadorias, retornaram as terras distribuídas aos camponeses e proibiram de cantar “A Marselhesa”, o hino da Revolução. Além disso, permitiram o retorno de nobres e clérigos expatriados durante o governo jacobino. Os antigos líderes e apoiadores dos jacobinos eram executados, o que ficou conhecido como Terror Branco. Promulgou-se, em 1795, uma nova Constituição, que criava um poder executivo composto por cinco membros, denominados Diretório, duas Câmaras Legislativas, o Conselho dos Quinhentos e o Conselho dos Anciãos. O Diretório e a Instalação do Consulado (1795-1799) O Diretório, de hegemonia dos girondinos, suprimiu o voto universal e restabeleceu o voto censitário, isto é, fazia um censo e somente aqueles que pagassem determinada quantia em impostos é que podiam votar ou serem eleitos. Isto significa que todos os esforços feitos pela maioria do povo francês foram aproveitados só pela alta burguesia. Em oposição à reação dos girondinos, explodem revoltas populares ao longo da França. A de maior impacto foi a “Conspiração dos Iguais” (1796), liderada por “Grago” Babeuf, defendendo o fim das desigualdades, atacando a propriedade privada e os privilégios das elites, defendendo a coletivização da riqueza para todos. Simultaneamente, as guerras externas continuavam, com vitórias francesas sobre a Espanha, Holanda e Áustria e as ideias revolucionárias burguesas continuavam a ser disseminadas por toda a Europa. O militar encarregado dessas todas essas ações foi um jovem general, Napoleão Bonaparte. Dentre os adversários da França, o mais forte era a Inglaterra: sua posição geográfica, (a insularidade) e a força de sua marinha, a tornavam quase inatingível. Napoleão tentou enfraquecê-la tomando posse do Egito, cortando assim o comércio com o Oriente. Entretanto, no mar, com a vitória do Almirante Nelson, em Abukir (1798), sobre a esquadra francesa, seus planos naufragaram. Nessas vitórias externas começa a se destacar a figura de Napoleão Bonaparte, líder militar famoso por sua habilidade em elaborar estratégias militares bem sucedidas. Os girondinos, pretendendo estabilizar internamente a França e consolidar a República, dão um golpe de Estado contra o Diretório e colocam o país sob a tutela de Napoleão, ação denominada golpe do 18 brumário (em 9 de novembro de 1799). Instaurava-se o Consulado, sob o controle hegemônico de Napoleão, consolidando as conquistas da revolução burguesa na França. Entretanto, em breve Napoleão se utilizaria de seu poderes para instaurar uma ditadura militar no país. Ao longo dos dez anos de convulsões que assolaram a França, a aristocracia perdeu seus privilégios, desaparecerem os laços feudais que prendiam camponeses ao clero e à nobreza, e as atividades mercantis da burguesia das cidades não mais estavam sujeitas ao corporativismo arcaico. Dessa forma, a Revolução Francesa faz com que a França desponte no Capitalismo, deixando de lado seus últimos resquícios feudais. Apêndice sobre as revoluções burguesas Inspirada nos ideais iluministas e na Revolução Americana, a Revolução Francesa foi a revolução que postulou a tríade de princípios “Liberté, égalité, fraternité” (Liberdade, igualdade e fraternidade), princípios que serão reivindicados por outras revoluções e movimentos sociais ao longo de todo o século XIX. No entanto, ao estudar as Revoluções burguesas, é importante pontuar qual tipo de igualdade, liberdade e fraternidade estava sendo proclamada. Qual tipo de liberdade e igualdade estava em jogo? A seguir, alguns documentos de época para sondarmos a essência e particularidades de cada princípio. Égalité civil e égalité social: fim da estratificação social não é fim das classes sociais DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (França, setembro de 1789) Artigo 1º - Os homens nascem e permanecem livres e iguais nos direitos. As distinções sociais só podem ser baseadas sobre a utilidade comum. Artigo 6º -A Lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de participar, pessoalmente ou através de seus representantes, da sua elaboração. Ela deve ser igual para todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, estão igualmente habilitados a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, conforme suas [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 347 capacidades e sem outra distinção além daquela da sua virtude e dos seus talentos. A sociedade de corte, dos privilégios de origeme da falta de mobilidade social são traçosquecaracterizama Idade Moderna. Porém, o desajuste de uma nova classe vai desarticular a sociedade das três ordens, e apesar de uma parte da burguesia possuir dinheiro, ela não possuía direitos, tampouco, status sociais. Nesse sentido, os processos revolucionários do século XVII e XIX se erigiram contraos privilégios de nascimento e os títulos nobiliárquicos serem valores de distinção na sociedade. Esse desejo é expresso, não por acaso, no primeiro artigo da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: “todos os homens nascem livres e iguais por natureza”. Ou seja,o que está sendo reivindicada é a igualdade civil, jurídica, e não a igualdade social. Pelo contrário, há uma preocupação em preservar a propriedade privada como um direito inalienável do homem, como expresso no artigo abaixo: Artigo 17º - Sendo a propriedade um direito inviolável e sagrado, ninguém poderá ser dela privado, salvo quando a necessidade pública o exigir de forma evidente, e sempre através de justa indenização. E será justamente a propriedade que irá se constituir como a nova distinção social na sociedade contemporânea. Em consonância com outras revoluções, a Revolução Francesa desencadeou um processo de rearranjo da sociedade, na qual a classe burguesa passa a obter o poder político, por meio da República, e paulatinamente, ascende a posição econômica antes ocupada pelo Rei. Tanto isso se verifica, que, em meados da metade do século XIX,surgiram as ideias revolucionárias, os socialismos, anarquismo e luta operária, visandoextinguir as classes sociais e abolir a propriedade privada dos meios de produção, já que a burguesia passou a explorar a classe de onde era proveniente, o terceiro estado. “A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos das classes, novas condições de opressão, novas formas de luta no lugar das antigas”. MARX, K, ENGELS, F. Manifesto Comunista. RJ: Paz e Terra, 1998, p. 10. Logo, a declaração da igualdade social seria em relação à aristocracia, que tinha distinção social a priori, pois apesar da máxima que os homens são livres e iguais por natureza, um novo critério de distinção social se delineava: a propriedade privada e a quantidade de capital para poucos e a ausência destes para o restante. Égalité e desigualdade de gênero: Olympe de Gouges e a luta pelos direitos civis femininos. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA MULHER E DA CIDADÃ. Olympe de Gouges (França, setembro de 1791) Mães, filhas, irmãs, mulheres representantes da nação reivindicam constituir-se em uma assembleia nacional. Considerando que a ignorância, o menosprezo e a ofensa aos direitos da mulher são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção no governo, resolvem expor em uma declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados da mulher. Assim, que esta declaração possa lembrar sempre, a todos os membros do corpo social seus direitos e seus deveres; que, para gozar de confiança, ao ser comparado com o fim de toda e qualquer instituição política, os atos de poder de homens e de mulheres devem ser inteiramente respeitados; e, que, para serem fundamentadas, doravante, em princípios simples e incontestáveis, as reivindicações das cidadãs devem sempre respeitar a constituição, os bons costumes e o bem estar geral. Em consequência, o sexo que é superior em beleza, como em coragem, em meio aos sofrimentos maternais, reconhece e declara, em presença, e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos da mulher e da cidadã: Artigo 1ºA mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do homem. As distinções sociais só podem ser baseadas no interesse comum. (...) Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em todo o Universo. Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira. Quando se usa a expressão “Declaração dos direitos do homem e do cidadão¨, fica entendido que eram direitos relativos a todos os seres humanos. No entanto, observando a existência de uma “Declaração dos Direitos da mulher e da cidadã”, é notável que os direitos civis de 1789 não eram estendidos para a mulher. Olympe de Gouges, autora da Declaração, foi decapitada no período de Terror da Revolução, não foram toleradas suas ideias de igualdade de gênero. Ela e Mary Wollstonecraft, autora de “Vindication of the rights of woman” (1792) são consideradas as primeiras feministas da História. Pesquisando a situação política das mulheres na Revolução, a historiadora Elisabeth Badinter afirma: “Condorcet foi um dos raros políticos que defenderam a igualdade dos sexos [...]. Ao contrário da imensa maioria dos homens, Condorcet considerava as mulheres como legítimas concorrentes dos homens em numerosos cargos e profissões, incluindo as relativas às ciências, e concluía portanto pela necessidade absoluta de uma formação para homens e mulheres.[...] Sem dúvida, as mulheres foram as “deixadas por conta” da Revolução [...] Os judeus foram emancipados pelo decreto de 1791, a escravidão dos negros foi abolida em 1794, mas, apesar do esforço de alguns, a condição das mulheres não foi modificada. Os Direitos do homem, direitos naturais ligados à pessoa humana, não lhe foram reconhecidos.” BADINTER, E. Um é o outro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p.173. Liberté e escravidão. As contradições e essências do liberalismo. DISCURSO DE FREDERICK DOUGLASS SOBRE AS COMEMORAÇÕES DA INDEPENDÊNCIA DOS EUA “Companheiros e cidadãos! Por que fui convidado para falar hoje a vocês? O que os negros dos Estados Unidos têm a ver com a independência dos Estados Unidos? Será que os grandes princípios da liberdade política e da justiça natural, presentes na Declaração da Independência, aplicam-se também a nós? [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 348 Não me incluo entre aqueles que participam deste glorioso aniversário! A grande independência que vocês comemoram revela somente a imensa distância que nos separa. A rica herança de justiça, liberdade, prosperidade e independência, transmitida por seus pais, pertence somente a vocês, e não a mim. Da mesma forma, o dia que para vocês representa a luz e a esperança, significa para os negros os grilhões e a morte. Este 4 de julho é de vocês, não meu. Vocês podem, se quiserem, ficar alegres; quanto a mim, só resta o lamento. Trazer um homem acorrentado para o interior do templo iluminado da liberdade e convidá-lo para compartilhar de uma alegria que não lhe é comum, seria somente zombar deste homem de maneira desumana. Meu assunto, portanto, é a escravidão nos Estados Unidos. Assim, falarei deste 4 de julho, e de suas características populares, sob o ponto de vista do escravo. E afinal, o que esse dia representa para o escravo americano? Mais do que todos os outros dias do ano, o 4 de julho significa a injustiça, e a crueldade de que o escravo tem sido a vítima constante. Para ele, o que vocês comemoram não passa de uma fraude; a liberdadede que se vangloriam, uma profanação da própria liberdade; sua grandeza nacional, pura vaidade; suas comemorações, vazias e desprovidas de sentimento; suas denúncias de tiranos, simples descaramento; sua defesa da liberdade e igualdade, mera zombaria; suas orações e hinos, seus ofícios religiosos e solenidades são, para o escravo, engodos, decepções, impiedade e hipocrisia – um fino véu para dissimular crimes que cobririam de vergonha uma nação como esta, tão culpada de práticas chocantes e sangrentas”. Discurso de Douglas Frederick de 5 de julho de 1852. In Jornal Movimento. São Paulo: 5/ 7/ 1976. p. 09 Como foi possível existir escravidão após a Independência dos EUA? Essa é a contradição que Frederick Douglass, importante abolicionista, evidenciou em uma das comemorações do Quatro de julho. Liberdade para quem? Liberdade da colônia das amarras da Metrópole para os colonos das 13 colônias. A estátua da liberdade levantou sua tocha para os descendentes dos ingleses que rearranjaram suas vidas na América, não para o africano escravizado.Os negros só terão sua liberdade após a Guerra Civil (Guerra de Secessão), quase cem anos após a Independência dos EUA,e, ainda assim, movimentos contestatórios a igualdade e inserção do negro na sociedade surgiram após a abolição da escravidão nos EUA, tais como a KKK (Ku Klux Klan), movimento declaradamente racista. Se as ideias de liberdade levaram os colonos das Treze colônias a declararem independência de sua Metrópole, isso não foi via de regra com todas as colônias que proclamaram liberdade. O Haiti era colônia francesa, a após a Declaração dos direitos do homem e do cidadão, adotando para si o princípio francês, declara-se independente. INDEPENDÊNCIA DO HAITI Toussaint Louverture redigiu uma constituição, auto- nomeando-se governador vitalício e estabelecendo uma nova política para a colônia. Especialmente entre os anos de 1800 e 1802, tentou reconstruir a falida economia do Haiti e restabelecer os contatos comerciais com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. (...) Seu nome significa, em francês, "o despertar de todos os santos" ou "a elevação de todas as almas". Suas últimas palavras foram dirigidas a seu filho na França: "Meu rapaz, um dia você terá a ventura de regressar a St. Domingo; esqueça-se de que a França assassinou seu pai." GELEDES.François-Dominique Toussaint Louverture. Acessado em julho de 2014. Disponível em: http://www.geledes.org.br/atlantico-negro/movimentos- lideres-pensadores/afrolatinos-caribenhos/haiti/937-francois- dominique-toussaint-louverture Em suma, ao estudar os princípios de igualdade e liberdade, percebe-se que apesar de terem sido essenciais e extremamente importantes em vários aspectos, tais como a participação civil no governo político, liberdade religiosa, direitos civis, por exemplo; a desigualdade e limitação de gênero, de classe e de raça subsistiram após as revoluções. Filmografia Ligações Perigosas - Retrato crítico da vida fútil e irreal da corte francesa, um pouco antes da Revolução Francesa. Danton - o processo da revolução - Retrato do Terror durante a Revolução Francesa, quando os jacobinos, liderados por Robespierre, buscam livrar a França dos contra-revolucionários. Exercícios 1. (UNIBH) Sobre a Revolução Francesa é correto afirmar, EXCETO: a) Ela é um marco na História do Mundo Contemporâneo, e suas ideias não se difundiram apenas na Europa, mas vão estar presentes no processo de emancipação política da América Espanhola em fins do século XVIII e princípios do século XIX. b) Ela é considerada uma revolução burguesa clássica, provocada por uma gama de fatores e de contingências, num contexto em que cresciam a oposição ideológica ao regime absolutista e a disseminação dos ideais de liberdade e igualdade. c) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada no dia 26 de agosto de 1789, foi um documento importante no qual os norte-americanos se basearam para fazer a Declaração da sua Independência e, mais tarde, a sua Constituição. d) Muitas das conquistas sociais e políticas da Revolução Francesa foram difundidas em outros países durante a “Era Napoleônica” (1799–1815); entre elas, a igualdade dos indivíduos perante a lei e o direito de propriedade privada. 2. (FSL-RS) Com a morte de Robespierre, iniciou-se a fase denominada reação termidoriana, que assinala: a) a ascensão de Napoleão pelo golpe de 18 Brumário. b) o início do terror. c) o fim da Convenção. d) a formação da Primeira Coligação contra a França. e) a volta da alta burguesia ao poder. 3. (Fuvest - adaptado) O que era o Terceiro Estado e quais suas reivindicações? 4. (PUCMG) A Revolução Francesa é um tema da contemporaneidade, porque: http://www.geledes.org.br/atlantico-negro/movimentos-lideres-pensadores/afrolatinos-caribenhos/haiti/937-francois-dominique-toussaint-louverture http://www.geledes.org.br/atlantico-negro/movimentos-lideres-pensadores/afrolatinos-caribenhos/haiti/937-francois-dominique-toussaint-louverture http://www.geledes.org.br/atlantico-negro/movimentos-lideres-pensadores/afrolatinos-caribenhos/haiti/937-francois-dominique-toussaint-louverture [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 349 a) inaugura a sociedade capitalista. b) fornece a base da atual prática política. c) cria a atual divisão de classes sociais. d) retira o poder da velha aristocracia. e) denuncia o arcaísmo do regime monárquico. 5. (VUNESP) “Como terror entende-se (...) um tipo de regime particular, ou melhor, o instrumento de emergência a que um Governo recorre para manter-se no poder.” (N. Bobbio, Dicionário de política.) O mencionado “instrumento de emergência” - o “terror” - foi aplicado em sua forma típica, na Revolução Francesa, a) durante a reação aristocrática de 1787-1788. b) por Napoleão Bonaparte, na fase do Diretório. c)Por Luís XVI contra os camponeses da Vandéia. d) Pelos girondinos contra os bonapartistas e) no período da ditadura do Comitê de Salvação Pública 6. (MACKENZIE) Desde a abertura dos Estados Gerais em 1789, a roupa possui um significado político. Michelet descreveu a diferença entre a sociedade dos deputados do terceiro Estado, à frente da procissão de abertura, como uma massa de homens vestidos de negro com trajes modestos e o grupo refulgente dos deputados da nobreza com seus chapéus de plumas, suas rendas, seus paramentos de ouro. Segundo o inglês John Moore, uma grande simplicidade, e na verdade a avareza no vestuário era considerada prova de patriotismo. Michelle Perrot Dentre os motivos da convocação da Assembleia a que se refere o texto, destacamos: a) anular as medidas radicais de alcance social, implementadas por Robespierre. b) o interesse do rei em abolir a desigualdade de impostos e confiscar os bens do clero. c) a crise financeira e econômica que atravessava o Governo de Luís XVI. d) estabelecer a transformação dos membros do clero em funcionários civis do estado. e) abolir o feudalismo, estabelecendo as liberdades civis e o voto censitário. 7. (FIU-MG) A Revolução Francesa de 1789 concorreu, entre outros aspectos, para: a) o surgimento do pacifismo na França, por inspiração dos filósofos do Iluminismo. b) o desaparecimento do nacionalismo chauvinista que dominava a França. c) a consolidação do regime de Napoleão, graças à abolição do sistema constitucional. d) o término do ciclo de revoluções reivindicatórias que abalaram a Europa. e) o desaparecimento de alguns traços remanescentes do feudalismo. como a servidão. 8. (FGV-SP) A Conspiração encabeça da por Graco Babeuf contra o Diretório: a) visava à restauração dos Bourbon. b) visava a implantar a ditadura dos humildes para quebrar a resistência dos ricos. c) era favorável à criação de uma representação c1assista na Com una de Paris. d) foi apoiada pelos girondinos. e) era realista. 9. (PUC-SP)Durante o domínio dos jacobinos na Revolução Francesa (1793-1794), várias reformas foram votadas, inclusive: a) a liberação dos preços dos gêneros alimentícios, estabelecendo-se quotas aos comerciantes. b) a abolição de todos os privilégios feudais, sem indenizações, e venda dos bens do clero e nobres emigrados. c) o estabelecimento de uma comissão para tratar da paz com as potências europeias. d) a criação do Comitê de Salvação Pública destinado a controlar os atos dos homens do governo. e) decreto de abolição do Culto da Pátria e da Liberdade imposto pelos girondinos em 1792. 10. (MACK-SP) A Revolução Francesa se deu basicamente para: a) eliminar os privilégios do clero. b) a formação imediata da República Francesa. c) eliminar os últimos entraves econômicos e políticos à ascensão da burguesia. d) concretizar as reivindicações dos operários e artesãos. e) a deposição de Luís XVI e Maria Antonieta. 11. (UFRN) Os girondinos no processo da Revolução Francesa representavam os: a) inimigos radicais da monarquia e a combatiam mesmo sob a forma constitucional. b) adeptos das ideias libertárias de Lafayette influenciadas por um socialismo utópico. c) grupos de esquerda, que desejavam o aprofundamento das transformações sociais no processo revolucionário. d) elementos da alta burguesia que apesar de defenderem as posições conquistadas procuravam conter a ascensão das massas. e) defensores da pequena burguesia que foi o estrato social prejudicado pela Revolução. 12. (Unesp-SP) A formação da Primeira Coligação antifrancesa (fevereiro e março de 1793), a alta do custo de vida, a traição de Dumoriez e a revolta camponesa da Vendéia criaram uma situação dramática para a Revolução. Jean-Paul Marat, que editava o jornal O Amigo do Povo, assim expressou a sua posição: É pela violência que se deve estabelecer a liberdade; o momento requer a organização do despotismo da liberdade, para esmagar o despotismo dos reis. a) Cite o nome dos principais grupos políticos rivais do período e indique qual deles adotou o ponto de vista expresso por Marat. b) Identifique as camadas sociais que aqueles dois grupos políticos representavam. 13. (VUNESP) No decurso da Revolução Francesa, destacaram- se várias facções ou agrupamentos políticos conhecidos por denominações específicas. Esclareça os interesses defendidos pelos girondinos e pelos jacobinos e indique qual destes, no recinto do plenário da Assembleia, sentava-se na ala esquerda. 14. (PUCC-SP) No contexto histórico da Revolução Francesa, o episódio denominado Golpe do 18 Brumário aconteceu: a) quando Napoleão, apoiado pelo Exército e pela alta burguesia, derruba o Diretório e chega ao poder. b) no momento em que a Conjura dos Iguais propõe a tomada do poder à força e o fim da propriedade privada. c) quando se inicia o regime do Diretório, período que se caracterizou pelos desmandos políticos. [CURSINHO POPULAR DA ACEPUSP] Curso Pré-Vestibular História 350 d) no momento em que os monarquistas tentam volltar ao poder através de golpe, que foi sufocado por Napoleão Bonaparte. e) quando Robespierre, Saint-Just e seus companheiros do Comitê de Salvação Pública são mortos na guilhotina, pondo fim ao Terror. 16. (Fumec-MG) O fracasso institucional do Diretório, fase da Revolução Francesa, em face das crises internas e das ameaças dos jacobinos e realistas, impossibilitou a burguesia de usufruir as conquistas revolucionárias anteriores. A articulação desses fatos possibilitou a ascensão de Napoleão Bonaparte, que se deu em virtude: a) do Golpe do 18 Brumário. b) do Bloqueio Continental. c) do Congresso de Viena. d) da Batalha de Waterloo. e) da Reação Termidoriana. 17. (FGV-SP) Chegou a hora de a igualdade passar a foice por todas as cabeças. Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na ordem do dia. (Discurso de Robespierre na Convenção.) A fala de Robespierre ocorreu num dos períodos mais intensos da Revolução Francesa. Esse período caracterizou-se: a) pela fundação da monarquia constitucional, marcada pelo funcionamento da Assembleia Nacional. b) pela organização do Diretório, marcado pela adoção do voto censitário. c) pela reação termidoriana, marcada pelo fortalecimento dos setores conservadores. d) pela convocação dos Estados Gerais, que pôs fim ao absolutismo francês. e) pela criação do Comitê de Salvação Pública e a radicalização da revolução. 18. (Vunesp-SP) O secular regime absolutista, apesar de subvertido e abalado pela Revolução Francesa, reagiu e resistiu durante certo tempo. Assinale alternativa que mais se identifica como efetiva ação contra-revolucionária. a) Rebelião de camponeses na Vendéia, instigados pela aristocracia. b) Forte oposição ao rei Luís XVI, sustentada pela aristocracia que lutava pela manutenção de seus privilégios. c) Manobra militar que resultou na tomada da Bastilha e na libertação de centenas de presos políticos. d) Solução de compromisso entre a alta burguesia e a aristocracia para restaurar o absolutismo. e) A fuga para o exterior de nobres e padres franceses, em busca de apoio da Guarda Nacional. 19. (Fuvest·SP) Do ponto de vista social, pode-se afirmar, sobre a Revolução Francesa, que: a) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida e apropriada por uma só classe social, a burguesia, única beneficiária da nova ordem. b) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não conseguiu impedir o retorno das forças sociopolíticas do Antigo Regime. c) nela coexistiram três revoluções sociais distintas: uma revolução burguesa, uma camponesa e uma popular urbana, a dos chamados sans-culottes. d) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao garantir as pequenas propriedades aos camponeses, atrasou, em mais de um século, o progresso econômico da França. e) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coesa, tanto do ponto de vista da riqueza quanto do ponto de vista político, impediu que a burguesia a concluísse. 20. (Unicamp-SP) Sobre a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, o historiador inglês Eric Hobsbawn escreveu: Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. (Eric Hobsbawn, A era das revoluções.) Utilizando-se dos seus conhecimentos sobre a Revolução Francesa, explique a afirmação do autor. 21. (Cesgranrio-RJ – adaptado) A Revolução Francesa teve fases distintas durante o seu desenvolvimento. A Convenção Nacional (1792-1795) foi uma das fases mais significativas por quais motivos? 22. (UFES) A Revolução Francesa não foi feita por um partido político organizado, no sentido modernodo termo, nem foi influenciada por um programa partidário previamente elaborado. Sua unidade foi estabelecida mediante a convergência de ideias geradoras de um consenso. Podemos classificar essas ideias como: a) burguesas, baseadas no liberalismo clássico. b) monarquistas, baseadas no absolutismo real de direito divino. c) burguesas, baseadas nos ideais socialistas e anarquistas. d) camponesas, baseadas no socialismo utópico e empresarial. e) monarquistas, baseadas na economia de mercado e no parlamentarismo. 23. (UFSCAR-SP). A queda na produção de cereais, às vésperas da Revolução Francesa de 1789, desencadeou uma crise econômica e social, que se manifestou: a) na alta dos preços dos gêneros alimentícios, na redução do mercado consumidor de manufaturados e no aumento do desemprego. b) no aumento da exploração francesa sobre o seu império colonial, na reação da elite colonial e no início do movimento de independência. c) no abrandamento da exploração senhorial sobre os servos, na divisão das terras dos nobres emigrados e na suspensão dos direitos constitucionais. d) na decretação, pelo rei absolutista, da lei do preço máximo dos cereais, na expansão territorial francesa
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