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aula1_o_texto_narrativo_parte1

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LU 09/03/10 
PROT: 3094 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O TEXTO NARRATIVO – CARACTERÍSTICAS –
PARTE I 
 PROF: EQUIPE 
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
IMPACTO: A Certeza de Vencer!!! 
O universo das histórias 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Narrativa de ficção 
 
O texto que segue foi escrito por Moacyr Scliar 
 
 
Pausa 
 
 "Às  sete  horas  o  despertador  tocou.  Samuel  saltou  da  cama, 
correu para o banheiro, fez a barba e lavouse. Vestiu­se rapidamente 
e  sem  ruído.  Estava  na  cozinha,  preparando  sanduíches,  quando  a 
mulher apareceu, bocejando: 
— Vais sair de novo, Samuel? 
Fez  que  sim  com  a  cabeça. Embora  jovem,  tinha  a  fronte 
calva; mas as  sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém­
feita, deixava ainda no  rosto uma  sombra azulada. O  conjunto  era 
uma máscara escura. 
— Todos  os  domingos  tu  sais  cedo —  observou  a mulher 
com azedume na voz. 
— Temos muito  trabalho no  escritório — disse o marido, 
secamente. 
Ela olhou os sanduíches: 
— Por que não vens almoçar? 
—  Já  te  disse:  muito  trabalho.  Não  há  tempo.  Levo  um 
lanche. 
A  mulher  coçava  a  axila  esquerda.  Antes  que  voltasse  à 
carga, Samuel pegou o chapéu: 
— Volto de noite. 
As  ruas  ainda  estavam  úmidas  de  cerração.  Samuel  tirou  o 
carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os 
guindastes, as barcaças atracadas. 
Estacionou  o  carro  numa  travessa  quieta.  Com  o  pacote  de 
sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. 
Deteve­se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os  lados e 
entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando 
um  homenzinho  que  dormia  sentado  numa  poltrona  rasgada.  Era  o 
gerente. Esfregando os olhos, pôs­se de pé. 
— Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, 
não é? A gente... 
— Estou com pressa, seu Raul! — atalhou Samuel.  
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. — Estendeu a 
chave. 
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. 
 
Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre 
floreado, olharam­no com curiosidade: 
 
— Aqui, meu bem! — uma gritou, e riu: um cacarejo curto. 
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. 
Era  um  aposento  pequeno:  uma  cama  de  casal,  um  guarda­roupa  de 
pinho;  a  um  canto,  uma  bacia  cheia  d'água,  sobre  um  tripé.  Samuel 
correu  as  cortinas  esfarrapadas,  tirou  do  bolso  um  despertador  de 
viagem, deu corda e colocou­o na mesinha de cabeceira. 
Puxou a colcha e examinou os  lençóis com o cenho  franzido; 
com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado 
na  cama,  comeu  vorazmente  quatro  sanduíches.  Limpou  os  dedos  no 
papel de embrulho, deitou­se e fechou os olhos. 
Dormir. 
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover­se: 
os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. 
Um  raio  de  sol  filtrou­se  pela  cortina,  estampou  um  círculo 
luminoso no chão carcomido. 
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, 
perseguido por  índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o 
galope. No  planalto  da  testa,  nas  colinas  do  ventre,  no  vale  entre  as 
pernas, corriam. 
Samuel mexia­se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu 
uma  dor  lancinante  nas  costas.  Sentou­se  na  cama,  os  olhos 
esbugalhados: o índio acabava de trespassá­lo com a lança. Esvaindo­se 
em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito 
soturno de um vapor. Depois, silêncio. 
Às  sete  horas  o  despertador  tocou.  Samuel  saltou  da  cama, 
correu para a bacia, lavou­se. Vestiu­se rapidamente e saiu. 
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista. 
— Já vai, seu Isidoro? 
—  Já — disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o 
troco em silêncio. 
— Até domingo que vem, seu Isidoro — disse o gerente. 
— Não sei se virei — respondeu Samuel, olhando pela porta; a 
noite caía. 
— O senhor diz isto, mas volta sempre — observou o homem, 
rindo. Samuel saiu. 
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou 
olhando  os  guindastes  recortados  contra  o  céu  avermelhado.  Depois, 
seguiu. Para casa." 
 
SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. 
São Paulo: Cutrix, 1997 
 
 Dizem que nenhum de nós resiste a uma história. É só alguém começar a contar um caso qualquer e nós já ligamos nossas antenas, curiosos 
para saber o que aconteceu. 
 E, claro, somos também contadores de histórias. Observe quantas vezes ao dia você começa uma conversa, contando algo que aconteceu com 
você ou que você viu acontecer. 
 E por aí vai o fio das nossas conversas. Temos todos um bom estoque de histórias vividas e ouvidas, mas também daquelas que inventamos ( 
porque, afinal, nossa imaginação é muito fértil) e que poderiam ter acontecido. 
 Bem, se é assim na fala, não é diferente na escrita. Boa parte do que os escritores põe no papel não é nada mais do que histórias que 
aconteceram com eles; ou que foram contadas a eles; ou que poderiam ter acontecido; ou uma mistura de tudo isso. 
 É desse oceano infinito de histórias que nascem as crônicas, os contos, os romances. Mas também poemas e letras de música. E mais: os filmes , 
as histórias em quadrinhos, as peças de teatro, as novelas da televisão. 
 
 
 
 
 
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REVISÃO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!
 
   
 
ELEMENTOS DA NARRATIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENREDO (COMO?): 
 Trata-se aqui da ação da narrativa, da sucessão dos fatos, das vivências, das situações. E também conhecido como 
fabulação, intriga, trama. E onde as personagens se põem em movimento, relacionando-se entre si, como na vida, em relações que 
podem ser de colaboração, de afinidade, de oposição, de competição, que envolvem sentimentos e emoções. 
 
PERSONAGEM (QUEM?): 
 Entre as personagens, há aquelas que se destacam porque agem mais: são as protagonistas, também chamadas de heróis 
ou personagens principais. As que se relacionam a elas por oposição são as antagonistas, que geralmente também estão no primeiro 
plano dos fatos. Em volta dessas, há sempre um conjunto de personagens secundárias, que ajudam a sustentar a trama. 
 
TEMPO (QUANDO?): 
 As personagens agem num dado espaço, durante um tempo dado. Esse tempo pode ser cronológico, o tempo da natureza, 
aquele marcado pelo relógio, com o passar das horas e dos minutos. Ela é fundamental, por exemplo, para as narrativas históricas. 
Mas existe o tempo psicológico, o tempo da duração interior dos fatos, variável de indivíduo para indivíduo, composto de momentos 
imprecisos que se fundem ou se aproximam. Nele podem misturar-se passado, presente e futuro, ao sabor dos sentimentos e das 
lembranças. 
 
O ESPAÇO (ONDE?): 
 A ambientação, o conjunto de elementos que compõem, por exemplo, o quarto, a sala, a rua, o bar, a montanha, a floresta, 
a escola, a cidade, o sertão, etc., constitui o espaço narrativo. Ou seja, é o lugar onde se movem as personagens. Em alguns casos, 
como na ficção regionalista, a caracterização do espaço físico é fundamental. Mas pode-se dizer que existe também um espaço 
psicológico, o nosso espaço interior, o universo da nossa vivência subjetiva, pessoal, cheio de sonhos, desejos, sentimentos e 
emoções, que predomina nas narrativas intimistas. 
 
O Narrador como produtor da História 
 
Narrador -> 1a pessoa: Como este narrador é uma das personagens da história, ele tem acesso apenas aos acontecimentos que 
presencia ou às noticias que recebe sobre eles. Assim, nada pode dizer com certeza acerca dos personagens e sentimentos das 
outras personagens. 
 
Narrador -> 3ª Pessoa: Ao contrario do anterior, este narrador tem totalacesso a todas as cenas, espaços e consciência das 
personagens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROPOSTA DE REDAÇÃO 
 
Continue o seguinte trecho narrativo: 
 
"Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavouse. Vestiu-se 
rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando: 
— Vais sair de novo, Samuel? 
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora 
recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. 
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz. 
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente. 
Ela olhou os sanduíches: 
— Por que não vens almoçar? 
— Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. 
 
O que  torna o  texto  verdadeiro para quem o  lê  é a  verossimilhança, ou  seja, a  coerência  lógica  interna do  texto. Em outras 
palavras,  o  texto  deve  ser  semelhante  à  verdade  [vero  =  verdadeiro;  símil  =  semelhante). Os  fatos  de  uma  história  não  precisam  ser 
verdadeiros, no sentido de corresponderem exatamente a  fatos ocorridos no universo exterior ao texto, mas devem ser verossímeis;  isto 
quer dizer que, mesmo sendo inventados, o leitor deve acreditar no que lê. Esta credibilidade advém da organização lógica dos fatos dentro 
do enredo. Cada fato da história tem uma motivação [causa], nunca é gratuito e sua ocorrência desencadeia inevitavelmente novos fatos 
[consequência].  A  verossimilhança  é  verificável  na  relação  causal  do  enredo,  isto  é,  cada  fato  tem  uma  causa  e  desencadeia  uma 
consequência. 
(Cândida V. Gancho. Como analisar narrativas. São Paulo: Áuca, 1995. p. 10.) 
 Diante de uma proposta de narração, é sempre interessante que você faça inicialmente um 
projeto de texto. Fique atento ao foco narrativo, isto é, tenha claro o grau de conhecimento que o 
narrador  terá  dos  fatos,  das  personagens,  da  ambientação.  Pense  cuidadosamente  em  cada 
personagem,  considerando  seus  aspectos  físicos  e  psicológicos.  Lembre‐se  de  que  os  nomes 
próprios também são carregados de sentido. Monte o cenário de maneira a torná‐lo significativo 
para o que quer contar. Defina o tempo em que as ações devem acontecer. 
     Projeto  definido  redija  sua  história,  agora  mais  preocupado  com  a  linguagem.  É  ela  o 
instrumento que vai dar vida ao seu enredo Verbos, nomes, pontuação... Tudo a serviço de uma 
boa trama — policial, metafísica, romântica... — que satisfaça a você e a seu leitor. 
 
 
 
 
 
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REVISÃO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!
 
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:

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