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RECURSOS NO PROCESSO PENAL 1) Conceito: é a providência legal imposta ao juiz ou concedida à parte interessada, consistente em um meio de se obter nova apreciação da decisão ou situação processual, com o fim de corrigi-la, modificá-la ou confirmá-la. Trata-se do meio pelo qual se obtém o reexame de uma decisão. No Direito pátrio, os recursos só podem ser interpostos durante a tramitação processual. Transitada em julgado a ação, eventual impugnação a uma decisão judicial só poderá ser levada a acabo mediante o manejo de alguma ação autônoma impugnativa (ex.: Revisão Criminal). 2) Fundamentos a) Duplo grau de jurisdição: Conceito: Duplo grau de jurisdição significa a possibilidade do reexame da matéria de fato e de direito, por outro órgão jurisdicional de hierarquia superior. O princípio do duplo grau de jurisdição está previsto na Constituição? E na lei infraconstitucional? R.: De maneira expressa, ele não está previsto na CF. De maneira implícita, alguns doutrinadores o extrai da CF/88- art. 5º, LV LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Alguns doutrinadores a retiram da garanta da ampla defesa. A CADH (Convenção Americana de Direitos Humanos) prevê tal princípio de maneira expressa – Dec. 368/92 – art. 8º, item 2, h: Artigo 8º - Garantias judiciais 2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. A necessidade de recolhimento a prisão para recorrer? OBS.1: art. 594 do CPP – revogado em 2008 – o réu deveria se recolher à prisão para apelar (“pedágio recursal” – LFG assim o chamava). Mas desde 2007 – a partir do HC 88420 – o STF já vinha reconhecendo a importância do duplo grau de jurisdição previsto na CADH, passando a entender que o art. 594 do CPP seria incompatível com o Pacto de San José da Costa Rica. Muita gente, no passado, deixou de ter direito a recurso por conta desse antigo art. 594 do CPP. Legislações que obrigam o recolhimento a prisão para apelar: - art. 59 da lei 11.343/06 Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória. - art. 31 da lei 7.492/86 (crime contra o sistema financeiro) Art. 31. Nos crimes previstos nesta lei e punidos com pena de reclusão, o réu não poderá prestar fiança, nem apelar antes de ser recolhido à prisão, ainda que primário e de bons antecedentes, se estiver configurada situação que autoriza a prisão OBS.2: Quem é que não tem direito ao duplo grau de jurisdição? R.: Titulares de foro por prerrogativa de função. Quando se fala em duplo grau de jurisdição, fala-se em direito de apelar, o que é diferente dos recursos extraordinários. Duplo grau de jurisdição significa a possibilidade quanto ao reexame da matéria de fato, reexame de matéria de direito e reexame relacionado a provas. Recursos extraordinários não se prestam à tutela ao direito da parte; eles servem a se tutelar a Constituição e a legislação federal infraconstitucional. b) Controle Jurisdicional: O juiz, ao saber que suas decisões podem ser revistas, atua com maior empenho e de forma nãoabusiva. c) Falibilidade humana: O ser humano é passível de cometer equívocos na interpretação da lei ou da prova. d) Segurança jurídica: Decorre da maior experiência dos integrantes dos Tribunais. 3) Classificação dos Recursos a) Quanto à fonte: - Constitucionais: São aqueles previstos na CF, como o recurso extraordinário. Apensar de seu regramento estar disciplinado em leis ordinárias, sua existência emana da Constituição. - Legais: São os que emanam do próprio CPP ou de leis especiais. No CPP encontramos a apelação, embargos de declaração. Em leis especiais, encontramos o agravo em execução. - Regimentais: Previstos nos regimentos internos dos Tribunais. EX: - art.243 do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, que prevê: “Caberá reclamação de decisão que contenha erro ou abuso, que importe na inversão da ordem legal do processo, quando para o caso não haja recurso específico” e o agravo regimental (art. 300, RISTF). b) Quanto a iniciativa: - Voluntários: São aqueles em que a interposição do recurso fica a critério da parte que se sente prejudicada pela decisão. - 574, CPP – é a regra - Necessários: São conhecidos como recursos de ofício, pois em determinada hipótese, o legislador estabelece que o juiz de ofício, deverecorrer da própria decisão. c) Quanto às restrições na fundamentação: • Fundamentação livre – permite-se a impugnação de todas as questões, sejam fáticas ou de direito. EX: Apelação • Fundamentação vinculada – o próprio diploma legal delimita o campo da motivação recursal. EX: RE d) Quanto ao grau hierárquico: • Verticais – cabe a um tribunal superior àquele que proferiu a decisãoobjurgada proferir nova decisão. Exemplos: recursos especial eextraordinário. • Horizontais – aqueles onde o próprio órgão jurisdicional que proferiua decisão poderá resolvê-lo. Exemplo: embargos de declaração. 5) PRINCÍPIOS RECURSAIS 1) Princípio da voluntariedade: ART. 574 do CPP – Fala que os recursos serão voluntários. QUESTÂO IMPORTANTE EXCEÇÕES: Recurso de ofício: Conceito: é condição sem a qual a decisão não transita em julgado, ou seja, o magistrado, ao proferir a decisão, tem que submetê-la obrigatoriamente a uma reapreciação do Tribunal, mesmo que as partes não recorram. Por meio deste, devolve-se ao juízo ad quem o conhecimento integral do processo, de modo que nada que foi decidido na sentença se faz precluso. Decisão do Juiz “DESTA DECISÃO RECORRO EX OFFICIO. SUBAM OS AUTOS AO EG TRIBUNAL, APÓS O DECURSO DO PRAZO PARA EVENTUAL RECURSO VOLUNTÁRIO” Súmula 423 do STF – Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso exofficio, que se considera interposto ex lege. OBS: No recurso de ofício o juiz não é obrigado a fundamentar o recurso, com isso, torna-se desnecessário intimar as partes para apresentar contrarrazões. OBS: Não cabe contra decisão colegiada. São casos de reexame necessário: a) Art. 574, I do CPP da sentença que conceder habeas corpus, ou seja, da decisão do juiz singular ao acatar a ordem. OBS:Não há recurso de ofício contra deliberação do tribunal acerca desse remédio. b) Art. 574, II do CPP da sentença que desde logo absolver o acusado com fundamento na existência de circunstancia que exclua o crime ou isente de pena o acusado, evitando sua submissão a júri popular (absolvição sumária). OBS: Para a doutrina majoritária e conforme decisões dos TJs, essa hipótese encontra-se revogada, por ausência de previsão no art. 415 do CPP que foi alterado em 2008. Antes o 411 previa o recurso de ofício e com a reforma de 2008, a matéria do 411 passou para o 415, deixando de prever o recurso de ofício. Decisão do TJSC sobre o TEMA também é nesse sentido (neste caso o juiz da 1ª vara criminal de criciúma interpôs recurso de ofício, sendo que não foi conhecido): RECURSO DE OFÍCIO - ART. 121, CAPUT, C/C O ART. 14, II, E ART. 329, CAPUT, TODOS DO CÓDIGO PENAL - INIMPUTABILIDADE - SENTENÇA QUE ABSOLVEU O RÉU SUMARIAMENTE, COM FULCRO NO ART. 415, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - APLICAÇÃO, PELO SENTENCIANTE, DO ART. 574, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - DISPOSITIVO REVOGADO - ADVENTO DA LEI N. 11.689/08 - RECURSO NÃOCONHECIDO.Com a reforma processual advinda com a Lei n. 11.689/08, a antiga redação do art. 411 do Código de Processo Penal, que previa o recurso de ofício, não foi reprisada no novo art. 415, que passou a tratar da absolvição sumária. Embora o legislador não tenha se cercado do cuidado de adequar também o constante no inciso II do art. 574, dúvida não há de que é desnecessária a satisfação da condição de eficácia da decisão, com a remessa dos autos a Instância Superior. (TJSC, Recurso Criminal n. 2012.075408-3, de Itapema, rel. Des. Moacyr de Moraes Lima Filho, j. 27-11-2012). c) Art. 7º, da lei nº 1.521/51 (crimes contra a economia popular) da sentença de absolvição ou a deliberação que arquiva os autos do inquérito policial. d) Art. 746 do CPP da decisão que concede reabilitação criminal. Conceito de reabilitação criminal: é uma ação que visa assegurar ao condenado que já cumpriu pena o sigilo dos dados referentes à sua condenação. Visa que a reinserção na sociedade seja de forma digna, ausente de preconceitos e constrangimentos. - 93 do CP – prevê a reabilitação. e) Art. 625, §3º do CPP Do indeferimento liminar pelo relator, no tribunal, da ação de revisão criminal, quando o pedido não estiver suficientemente instruído. Neste caso a decisão será re-analisada pelo tribunal. f) art. 14, §1º, da Lei 12.016/09 Da sentença que defere mandado de segurança. EX: Mandado de segurança impetrado perante o juiz, contra ato ilegal do Delegado. 2) Princípio da taxatividade: Para que seja possível um recurso, é preciso previsão expressa no ordenamento jurídico. O rol de recursos é taxativo. 3) Princípio da unirrecorribilidade (singulariedade ou unicidade): Cada espécie de decisão judicial, em regra, comporta um único recurso. A parte não pode interpor mais de um recurso para rever uma decisão. EX: O art. 593, §4º do CPP Fala que quando cabe apelação, não poderá ser usado o RESE. Exceção Excepcionalmente uma mesma decisão pode comportar mais de um recurso. É o que ocorre com a possibilidade do manejo simultâneo do recurso especial e do recurso extraordinário, quando uma mesma decisão ofenda a Constituição e a legislação infraconstitucional. Procedimento para interposição de ambos os recursos (especial e extraordinário): Art. 1.031 do novo CPC: 1º - Interpõem-se conjuntamente ambos os recursos e os autos serão encaminhados ao STJ. 2º - Concluído o julgamento do recurso especial os autos serão remetidos ao STF, para análise do recurso extraordinário. 4) Princípio fungibilidade recursal: Art. 579 do CPP Não havendo errogrosseiro ou má fé na interposição do recurso equivocado, e atendido o prazo temporaldo recurso que seria cabível, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro. Visa resguardar a parte das controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais quanto ao recurso cabível. Não será aceito se: - erro grosseiro. Ex. Previsão expressa de cabimento de apelação na sentença, no art. 593, I do CPP. - má fé - não for observado prazo do recurso correto EX: Imaginem que numa decisão da qual cabeEMBARGOS DE DECLARAÇÃO (cujo prazo é de dois dias), orecorrente tenha interposto RECURSO EM SENTIDOESTRITO (cujo prazo é de 05 dias) no quinto dia, apenas porter perdido o prazo de 02 dias para interpor os embargos dedeclaração. Neste caso, a interposição do recurso erradose deu por má-fé, não podendo ser aplicada afungibilidade. EX: Da sentença de pronúncia cabe RESE. Se a parte interpõe apelação percebendo o equívoco pode receber como RESE fosse. OBS no novo CPC: Possibilidade de trocar o Resp. pelo Recurso Extraordinário. Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional. Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça. OBS:Se interpor um recurso e o órgão entender que o cabível é outro, aplicando a fungibilidade, deverá realizar o processamento do recurso adequado. EX: Interpõe apelação e chegando no Tribunal, este entende que o cabível é o RESE. Deve-se devolver o processo a origem para realizar o juízo de retratação (589 do CPP), que inexiste na apelação. 5) Princípio da convolação: Consiste na possibilidade de um recurso manejado corretamente seja substituído por outro RECURSO OU AÇÃO AUTÔNOMA que se revelar mais útil, com viabilidade de maiores vantagens. Fungibilidade Convolação Recurso equivocado / errôneo Recurso correto EX:Parte ingressa com revisão criminal contra uma decisão transitada em julgado, mas o tribunal substitui por habeas corpus, por ser este mais célere e dispensar formalidades. EX: Diante de um constrangimento ilegal realizado por juiz de 1º grau, cabe HC para o Tribunal. Sendo denegada a ordem, cabe Recurso Ordinário Constitucional para o STJ (art. 105, II, “a” da CF) ou interposição de novo HC ao STJ. Se o paciente optar pelo Recurso Ordinário e o STJ conclua pela intempestividade, poderá receber este recurso como se fosse um HC. 6) Princípio da vedação da reformatio em pejus: Art. 617 do CPP – fala da apelação, mas aplica-se a todos os recursos. No processo penal, no caso de recurso exclusivo da defesa,não se admite a reforma do julgado para piorar sua situação. - Reformatio in pejus direta: É vedada! Transitado em julgado para a acusação, o réu não pode ter sua situação piorada se o recurso é apenas da defesa. EX: se for condenado pelo crime de tráfico e porte de arma por crimes autônomos, fazendo recurso o tribunal entende que é crime único, matem a mesma quantidade de pena mas entende que ocorreu crime único com causa de aumento. Há reformatio in pejus? Sim! Pois na fase de execução teria que cumprir 2/5 de tudo e não mais 2/5 e 1/6. Veredictos - Reformatio in pejus indireta: Também é vedada!Em recurso promovido apenas pela defesa, caso o tribunal anule a sentença, o órgão a quo, recebendo os autos para proferir nova decisão, a pena não poderá ultrapassar os limites da 1ª condenação. HC 73.804-4 STF Vedação à reformatio in pejus indireta e entendimento jurisprudencial Tribunal do júri – primeiro julgamento Jurados não reconhecem qualificadoras. Crime de homicídio simples. Pena aplicada pelo magistrado: 6 anos Recurso exclusivo da defesa Acusação não recorre Tribunal anula o primeiro julgamento Tribunal do Juri – Segundo julgamento Jurados reconhecem uma qualificadora. Crime de homicídio qualificado. Magistrado está limitado à pena de 6anos. OBS: E no caso do Tribunal do Júri, anulando o primeiro julgamento com recurso exclusivo da defesa, o segundo julgamento encontra limites ou o conselho de sentença é soberano para aplicar pena maior? HC 115.428 – primeira turma do STF HC nº 89.544, Segunda Turma do STF OBS: A reformatio in pejus indireta tem sido aplicada restritivamente ao Tribunal do Júri, sob a explícita condição de o conselho de sentença reconhecer a existência dos mesmos fatos e circunstâncias admitidos no julgamento anterior. Não sendo este o caso, o reformatio in pejus aplica- se somente a decisão do juiz presidente. “Habeas corpus. Processual Penal. Homicídio qualificado tentado (CP, arts. 121, § 2º, IV, c/c o art. 14, II). Pacientecondenado à pena de 8 (oito) anos de reclusão. Recursoexclusivo da defesa. Anulação do decisum. Designação denovo julgamento. Agravaçãoda reprimenda. Impossibilidade.Ocorrência de reformatio in pejus indireta. Prescrição.Cômputo pela pena concretamente dosada no primeirojulgamento. Extinção da punibilidade reconhecida. Ordemconcedida. 1. Anulados o julgamento pelo tribunal do júri e a correspondente sentença condenatória, transitada em julgado para a acusação, não pode o acusado, na renovação do julgamento, vir a ser condenado a pena maior do que a imposta na sentença anulada, ainda que com base em circunstância não considerada no julgamento anterior (HC nº89.544/RN, Segunda Turma, Relator o Ministro Cezar Peluso,DJe de 15/5/09). 2. O paciente foi condenado pela prática decrime de homicídio qualificado, por motivo que dificultou adefesa do ofendido (CP, art. 121, § 2º, inciso IV), na modalidadetentada (CP, art. 14, inciso II), tendo-se afastado a qualificadorado motivo fútil (CP, art. 121, § 2º, inciso II). 3. Portanto, em caso de nova condenação do paciente pelo Júri popular, ainda que reconhecida a presença de ambas as qualificadoras, a pena aplicada não pode superar a pena anteriormente cominada de 8 (oito) anos reclusão, sob pena de se configurar a reformatio in pejus indireta, a qual não é admitida pela Corte. 4. Fixada estapremissa, a prescrição, então, deve regular-se, na espécie, pelaexpressão em concreto da pena privativa de liberdade aplicada,qual seja, 8 (oito) anos de reclusão, cujo lapso prescricional é de12 (doze) anos, com esteio no art. 109, inciso III, do CódigoPenal. 5. Assim, em vista das circunstâncias peculiares do caso,o último marco interruptivo presente, nos termos do art. 117, inciso III, do Código Penal, foi a decisão confirmatória dapronúncia, datada de 27/8/96. Nesse contexto, considerandoque, até o momento da impetração, não houve um novojulgamento do paciente pelo delito em questão, é forçosoconcluir que o decurso do lapso temporal de 12 (doze) anos foialcançado em 26/8/08, levando-se em conta o último marcointerruptivo. 6. Ordem concedida”. (Grifei; HC 115.428/RJ, rel.Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe 23.8.2013). No caso de outros crimes que não vão a Júri, o reformatio in pejus não se limita apenas a quantidade de pena, mas a qualquer outra circunstância: Recurso ordinário em habeas corpus. 2. Tráfico ilícito de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006). 3. Apelação exclusiva da defesa. Dosimetria da pena. Configuração de reformatio in pejus, nos termos do art. 617 do CPP. A pena fixada não é o único efeito que baliza a condenação, devendo ser consideradas outras circunstâncias, além da quantidade final de pena imposta, para verificação de existência de reformatio in pejus. Exame qualitativo. 4. O reconhecimento de circunstâncias desfavoráveis não previstas na sentença gera reformatio in pejus, ainda que a pena definitiva seja igual ou inferior à anteriormente fixada. Interpretação sistemática do art. 617 do CPP. 5. Recurso provido, em parte, para determinar ao Juízo da Vara das Execuções a redução da pena imposta ao recorrente, com a aplicação da causa de diminuição do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006, no patamar máximo de 2/3, e, considerada a nova pena, o reexame do regime inicial e dos requisitos para a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos. (RHC 136346, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 18/10/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe- 237 DIVULG 07-11-2016 PUBLIC 08-11-2016) OBS: Nos casos de recurso de ofício, é possível a situação do réu ser agravado, mesmo que a acusação não recorra. Comentar HC nº 176.320 do STJ: Cidadão foi condenado a pena de 18 anos de reclusão em regime aberto por latrocínio. Juízo da execução reconheceu erro material da sentença e determinou o cumprimento da pena no regime fechado. O STJ entendeu que o réu deveria iniciar o cumprimento em regime aberto, pois o MP, como fiscal da lei, não interpôs embargos de declaração e ocorreu a formação da coisa julgada, impedindo qualquer alteração em prejuízo do réu. Reformatio in melius – Ocorre quando o Tribunal analisa recurso apenas da acusação e melhora e situação do réu, mesmo que tenha que julgar extra petita. É admitida. Recurso exclusivo da defesa Recurso exclusivo da acusação Pena pode melhorar ou ficar na mesma e Tribunal pode reconhecer matéria não alegada. Pode melhorar ou piorar. Tribunal pode reconhecer matéria não alegada somente em benefício do réu. Exceção: Apelação do Tribunal do Júri, em que o Tribunal está adstrito aos fundamentos do recurso, não podendo reconhecer matéria não ventilada em recurso. – Súmula 703 do STF “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição.” 7) Princípio da conversão Se a parte interpor um recurso para órgão incompetente para conhece-lo, este deverá remeter o processo ao que detenha competência.Em regra, a parte não pode ser prejudicada pelo erro no endereçamento do recurso. Ex: a parte interpõe recurso especial no STJ, quando deveria ter sido interposto no Tribunal local, havendo erro no endereçamento. 8) Princípio da Complementariedade dos recursos Ocorre quando o juiz altera sua decisão (juízo de retratação, retificação de erro material ou julgamento de embargos de declaração) que repercuta nos fundamentos do recurso que já tinha sido interposto. Neste caso, deve haver a renovação do prazo recursal, mas limitada apenas a nova sucumbência. EX: Partes são intimadas da sentença, sendo que acusação opõe embargos e defesa interpõe recurso de apelação. Havendo alteração da sentença, em razão dos embargos de declaração, deve a defesa ser intimada a complementar o seu recurso já apresentado. EX: Após intimação da sentença, réu interpõe apelação e MP opõe embargos para alterar regime prisional. Se o juiz acolher os embargos, deve-se abrir prazo para a parte complementar o recurso de apelação, somente na matéria referente a alteração do regime. 9) Princípio da dialeticidade Art. 1.010 do CPC Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o pedido de nova decisão É a necessidade de clara exposiçãodos motivos de fato e de direito pelos quais se insurge o recorrente contradeterminada decisão. A parte recorrente deve impugnar especificamente os fundamentos da decisão recorrida. É por meio deste que se permite o exercício do contraditório pela parte que defende os interesses adversos, garantindo-se, assim, o respeito à cláusula constitucional. Este princípio visa dois objetivos: - Permitir que a parte contrária elabore suas contrarrazões. - Fixar os limites de atuação do Tribunal na apreciação do recurso. OBS: STF entende que no RESE (589 CPP) e apelação (601 CPP), está autorizado o julgamento sem defesa fazer razões, desde que intimada para apresentar: EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. APELAÇÃO CRIMINAL. INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DAS RAZÕES RECURSAIS. CERTIFICADO O TRANSCURSO DO PRAZO SEM MANIFESTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. Inocorrência de cerceamento de defesa quando o recorrente é intimado para apresentação das razões de apelação e permanece silente, deixando transcorrer o prazo sem manifestação. As certidões cartorárias atestam a ocorrência de intimação da defesa para apresentação das razões recursais e o transcurso do prazo sem manifestação, prevalecendo tais registros, que gozam de presunção de veracidade, à falta de qualquer prova em contrário, a cargo da defesa. Habeas corpus denegado. (HC 109242, Relator(a): Min.ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 08/05/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-100 DIVULG 22-05-2012 PUBLIC 23-05-2012) OBS: Em sentido diverso, o TJSC diz que é necessário apresentar: APELAÇÕES CRIMINAIS. SENTENÇA CONDENATÓRIA. INSURGÊNCIA DOS RÉUS. QUESTÃO ANALISADA DE OFÍCIO. DESEJO DE RECORRER MANIFESTADO POR UM DOS ACUSADOS. RAZÕES RECURSAIS NÃO APRESENTADAS POR SEU DEFENSOR CONSTITUÍDO, APESAR DE INTIMADO PARA ESTA FINALIDADE. RÉU QUE, INTIMADO PARA CONSTITUIÇÃO DE NOVO DEFENSOR, PERMANECE INERTE. AUTOS REMETIDOS À DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO. MANIFESTAÇÃO PELA DESNECESSIDADE DAS RAZÕES RECURSAIS (ART. 601, CAPUT, CPP) ACOLHIDA PELO MAGISTRADO A QUO. FEITO REMETIDO À ACUSAÇÃO. CONTRARRAZÕES OFERECIDAS. JULGAMENTO DO RECURSO, TODAVIA, QUE IMPLICARIA EM NULIDADE, POR VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA (ART. 5º, LIV E LV, CRFB). ENTENDIMENTO FIRMADO RECENTEMENTE PELA SEÇÃO CRIMINAL DESTA CORTE NESSE SENTIDO. CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA (ART. 616, CPP) E RETORNO DOS AUTOS À DEFENSORIA PÚBLICA PARA QUE APRESENTE AS RAZÕES RECURSAIS. JULGAMENTO DO RECURSO DO CORRÉU SOBRESTADO. (TJSC, Apelação Criminal n. 2014.021466-4, de Chapecó, rel. Des. Newton Varella Júnior, j. 13-08-2015). OBS: TJSC inclusive reconhece como nulidade razões apresentadas de forma genérica: Apelação Criminal n. 2013.027579-3 CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. RECEPTAÇÃO. ARTIGO 180, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. NULIDADE ARGUÍDA PELA PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA. DEFICIÊNCIA DA DEFESA TÉCNICA. ACOLHIMENTO. ADVOGADO QUE APRESENTA RAZÕES RECURSAIS GENÉRICAS E DISSOCIADAS DO CONTEXTO FÁTICO DOS AUTOS. PREJUÍZO MANIFESTO. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 523 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NULIDADE DECRETADA A PARTIR DAS RAZÕES RECURSAIS DEFENSIVAS. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DO DEFENSOR CONSTITUÍDO PARA APRESENTAÇÃO DA PEÇA, NO PRAZO LEGAL. Em tendo o advogado constituído apresentado razões recursais absolutamente genéricas e dissociadas dos fatos narrados na denúncia, há manifesto prejuízo ao réu, constituindo em nulidade absoluta, conforme prevê a súmula 523 do Supremo Tribunal Federal: "No Processo Penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu", devendo ser o feito anulado, com a consequente intimação do defensor para a apresentação da referida peça. (TJSC, Apelação Criminal n. 2013.027579-3, de Curitibanos, rel. Des. Jorge Schaefer Martins, j. 18-06-2014). 6) PRESSUPOSTOS RECURSAIS São os requisitos de admissibilidade que o recurso deve possuir. São requisitos a serem analisados antes do mérito. Juízo de admissibilidade Quando falamos em análise do recurso, estamos diante de uma tarefa composta por duas fases distintas. 1ª –CONCEITO DE JUIZO DE ADMISSIBILIDADE: É verificação do preenchimento dos pressupostos recursais de admissibilidade (objetivos e subjetivos) do recurso. Obsta a análise do mérito do recurso. 2ª- CONCEITO DE JUIZO DE MÉRITO: É análise do mérito do recurso,ou seja, aquilo que o recorrente pretende que seja analisado e, ao final, provido (Juízo de mérito). Só analisado quando positivo o juízo de admissibilidade. Assim, quando alguém interpõe um recurso, o Tribunal (Embora oJuízo de admissibilidade seja feito, antes, pelo próprio órgão do Judiciárioque prolatou a decisão), recebendo o recurso, verifica, primeiramente, seo recorrente cumpriu todas as exigências legais (se interpôs orecurso certo, no prazo certo, pelos motivos certos, se recolheu o valor necessário à interposição do recurso, etc.). 6.1)PRESSUPOSTOS RECURSAIS OBJETIVOS A) Cabimento / Previsão legal Um recurso só pode ser interposto se previsto em lei ou na CF. É pressuposto atrelado ao princípio da taxatividade. Qual é a regra em relação às decisões interlocutórias do Processo Penal? São recorríveis ou irrecorríveis? R.: No Processo Penal, em regra, as decisões interlocutórias são irrecorríveis, salvo se listadas no art. 581 do CPP. B) Adequação Se cabível, deve-se verificar o recurso correto a ser interposto contra a decisão. Não basta que o recurso esteja previsto em lei, é necessário que seja adequado a decisão que se deseja impugnar. Princípio da fungibilidade Tal pressuposto da adequação sofre uma mitigação pelo princípio da fungibilidade – vem previsto no art. 579 do CPP. A parte entra com o recurso errado (vizualizou mal o recurso adequado), mas mesmo tendo errado, será ele conhecido com o rito do recurso cabível). Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro. Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível. C) Tempestividade O recurso deve ser interposto no prazo legal sob pena de preclusão temporal. O prazo recursal é contato a partir da data em que se considera intimada a parte interessada. Verifica-se a tempestividade através do protocolo. Art. 575 do CPP. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão dos funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresentados dentro do prazo. Início do prazo para o recurso - Data da intimação – Súmula 710 do STF - a data da audiência em que proferida a decisão e presente a parte - MP não possui prazo em dobro - HC 120.275 do STF - No caso do MP, o termo inicial é o da entrada dos autos da repartição e não da data da ciência aposta nos autos, conforme HC 83.255 STF - Será considerado tempestivo o recurso protocolado antes do termo inicial – art. 218, §4º, do CPC - Defensoria possui prazo em dobro, conforme art. 44, I; 89,I; e 128, I, da lei complementar nº 80/94. OBS: Não se estendem o benefício do prazo em dobro aos advogados nomeados, conforme AgRg 765.142 do STJ. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.CONCESSÃO DE PRAZO EM DOBROPARA RECORRER. IMPOSSIBILIDADE.PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL INTEMPESTIVO. 1. Obenefício do prazo em dobro para recorrer (art. 5º, §5º, Lei1.060/50), só é devido aos Defensores Públicos e àqueles que fazemparte do serviço estatal de assistência judiciária, não se incluindono benefício os defensores dativos.HC 27786 do STJ http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?i=1&b=ACOR&livre=((%27HC%27.clas.+e+@num=%2727786%27)+ou+(%27HC%27+adj+%2727786%27.suce.))&thesaurus=JURIDICO OBS: o Defensor Público, ou quem exerça o cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as instâncias. Então o Advogado dativo possui o benefício da intimação pessoal, mas não do prazo em dobro: a jurisprudência desta Corte Superior é firme em assinalar que o Defensor Público, ou quem lhe faça as vezes, deve ser intimado pessoalmente de todos os atos do processo, sob pena de nulidade do ato, por violação ao princípio constitucional da ampla defesa. HC 367.368 do STJ LER ART. 798 inteiro. OBS: E o recurso protocolado antes do prazo inicial do recurso, será aceito? Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. § 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. OBS: E o recesso forense previsto no artigo 220 do CPC, aplica-se ao processo penal? Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. A suspensão dos prazos processuais não se aplica aos processos criminais. O entendimento é da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça.Justificativa: Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. "O processo penal tem princípios, regras e conteúdos distintos do processo civil, razão pela qual não é possível aplicar indistintamente as normas do segundo sobre o primeiro, sob pena de subverter a lógica processual com base na qual foi construído o processo penal", registrou a ministra, ao negar liminar requerida pela Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco, que pretendia estender o recesso forense previsto no novo CPC para os processos criminais. SÚMULA Nº 710do STF NO PROCESSO PENAL, CONTAM-SE OS PRAZOS DA DATA DA INTIMAÇÃO, E NÃO DA JUNTADA AOS AUTOS DO MANDADO OU DA CARTA PRECATÓRIA OU DE ORDEM. SÚMULA Nº 428 do STF: NÃO FICA PREJUDICADA A APELAÇÃO ENTREGUE EM CARTÓRIO NO PRAZO LEGAL, EMBORA DESPACHADA TARDIAMENTE. http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=710.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=428.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas SUMULA 310 do STF QUANDO A INTIMAÇÃO TIVER LUGAR NA SEXTA-FEIRA, OU A PUBLICAÇÃO COM EFEITO DE INTIMAÇÃO FOR FEITA NESSE DIA, O PRAZO JUDICIAL TERÁ INÍCIO NA SEGUNDA-FEIRA IMEDIATA, SALVO SE NÃO HOUVER EXPEDIENTE, CASO EM QUE COMEÇARÁ NO PRIMEIRO DIA ÚTIL QUE SE SEGUIR. CUIDADO! No caso de prazo para interposição de recurso deapelação pela DEFESA, o STJ entende que devem ser intimados tanto oacusado quanto seu defensor, de forma que o prazo recursal somentecomeça a fluir da data da segunda intimação. (...) Sobre a tempestividade - pressuposto recursal -, importa ressaltar que o prazogeral para a interposição de apelação é de cinco dias, nos termos do art. 593,caput, do Código de Processo Penal, começando a correr da data em que houvea intimação da sentença. Quanto à apelação da defesa, há necessidade deintimação do acusado e de seu defensor, fixando-se o termo a quo no dia dasegunda intimação, em homenagem à plenitude de defesa. (...) (HC 217.030/MG STJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,julgado em 24/10/2013, DJe 04/11/2013) D) Inexistência de fato impeditivo Fatos impeditivos são aqueles que impedem a interposição do recurso ou seu recebimento.Surgem antes da interposição do recurso. São 2: • Renúncia– É ato de disposição.Significa abrir mão do direito de recorrer. A renúncia se dá antes da interposição do recurso. Será que o MP pode renunciar ao direito de recorrer? R.: Há duas correntes – 1ª corrente (majoritária): sustentada pelo professor EUGÊNIO PACELI – em virtude do princípio da indisponibilidade da ação penal pública, MP não pode renunciar ao direito de recorrer – melhor posição para concursos públicos; 2ª corrente: DENÍLSON FEITOSA – MP pode renunciar ao direito de recorrer, pois se recorre se você quiser (ele não é obrigado a recorrer, logo não teria o porquê não poder abrir mão do direito de recorrer). Os recursos são em regra voluntários e a previsão legal é apenas de desistência. OBS: Se o MP interpõe recurso e não apresenta razões, deve ser apreciado o recurso? Sim, devendo o Tribunal analisar toda a matéria da sentença. E se o acusado renunciou, o advogado pode recorrer? R.: Prevalece que, mesmo que o acusado tenha renunciado, o recurso interposto pelo o advogado deve ser conhecido. Pois o art. 577 fala “Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor.” SÚMULA Nº 705 do STF A RENÚNCIA DO RÉU AO DIREITO DE APELAÇÃO, MANIFESTADA SEM A ASSISTÊNCIA DO DEFENSOR, NÃO IMPEDE O CONHECIMENTO DA APELAÇÃO POR ESTE INTERPOSTA. SÚMULA Nº 708 do STF – (Aplica-se no caso de advogado que renúncia e réu não é intimado para constituir novo advogado). É NULO O JULGAMENTO DA APELAÇÃO SE, APÓS A MANIFESTAÇÃO NOS AUTOS DA RENÚNCIA DO ÚNICO DEFENSOR, O RÉU NÃO FOI PREVIAMENTE INTIMADO PARA CONSTITUIR OUTRO. • Não recolhimento à prisão – revogado art. 594 do CPP – o código partia do pressuposto de que se a pessoa fosse condenada em primeira instância, ela fugiria; então, para recorrer, deveria entrar no presídio. Súmula: 9 do STJ – (NÃO SE APLICA) A EXIGENCIA DA PRISÃO PROVISORIA, PARA APELAR, NÃO OFENDE A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCENCIA – Durante muito tempo esta súmula foi utilizada; não é mais! Tudo isso (de se recolher para apelar) muda a partir do HC 88420 do STF- reconheceu-se a grande importância do duplo grau de jurisdição na Convenção Americana de Direitos Humanos. STF http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=705.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=708.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas Súmula: 347 do STJ O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão. • - Preclusão: Conceito: É a perda de uma faculdade processual, que pode se manifestar de três formas: Preclusão temporal quando o interessado perde o prazo para interposição. Preclusão lógica quando a parte pratica conduta incompatível com o desejo de recorrer. EX1: Renúncia, pois junta petição com desejo de não recorrer. EX2: Juiz indefere oitiva de testemunha e advogado se mantem em silêncio. EX3:em caso envolvendo dois acusados, é proferida sentença condenatória para ambos. Na dosimetria da pena, o Magistrado valora de maneira idêntica as circunstâncias judiciais relativas aos condenados: considera favoráveis todas as diretrizes previstas no art. 59 do Código Penal, à exceção da culpabilidade, que entende ser elevada nos dois casos. Contudo, não obstante a idêntica valoração dos parâmetros da pena, fixa, em relação a um réu, a pena mínima, ao passo que em relação ao outro aplica a pena pouco acima do mínimo legal. MP não interpõe recurso. Recorre, apenas, o condenado à pena acima do mínimo legal, invocando tratamento isonômico em relação ao co-acusado e requerendo, assim, a aplicação da pena no patamar mínimo. O Tribunal dá provimento ao recurso, afirmando que a pena do apelante deve, de fato, ser aplicada no mínimo legal, em razão da identidade na análise das circunstâncias judiciais em relação ao outro réu. Inconformado, o Ministério Público interpõe Recurso Especial, sustentando negativa de vigência ao art. 59 do Código Penal, eis que não é possível a aplicação da pena mínima com o reconhecimento de uma circunstância judicial desfavorável. CONCLUSÃO:Vê-se, pois, que numa mesma ação penal, o órgão acusatório primeiramente aceita o entendimento de que a existência de uma circunstância judicial desfavorável não impede a fixação da pena-base no mínimo legal. Preclusão consumativa: ocorre quando a faculdade ou direito já foi validamente exercida. EX: Acusado tem 10 dias para apresentar as razões do recurso e apresenta no 8º. Poderá complementar o recurso até o 10º dia? R:Segundo o STJ, não pode, conforme Resp, 1.439.886) Exceção: Princípio da complementariedade, onde a parte pode complementar o recurso se posteriormente a apresentação das razões há alteração da decisão (embargos de declaração, juízo de retratação, erro material). E) Inexistência de fato extintivo Alguns fatos podem ocorrer após a interposição do recurso. Se ocorrerem, a conseqüência será a extinção anômala do recurso. São dois estes fatos: • Desistência – É ato de disposição, porém sempre posterior à interposição do recurso. Não se confunde com a renúncia (esta é antes; a desistência é depois). MP não pode desistir do recurso. O defensor pode fazê-lo,desde que com poderes especiais. Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. • Deserção– ela pode ser: a) deserção por fuga – art. 595 do CPP – NÃO EXISTE MAIS! – é incompatível com a Convenção Americana de Direitos Humanos – art. 8º, item 2, h; b) deserção por falta de preparo – qual recurso que precisa de preparo? R.: Recurso do querelante em crimes de exclusiva ação penal privada. Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório a importância das custas. § 2o A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso interposto. F) Observância das formalidades legais Art. 578 CPP Deve ser compreendido através da regularidade formal da interposição e pela correta formulação do pedido recursal. A forma do recurso deve ser aquela prescrita em lei. Regra geral para a interposição do recurso Juiz singular Por petição ou por termo nos autos Órgãos colegiados Sempre por petição acompanhada pelas razões Terminologia utilizada quando se vê a falta de pressuposto 1º grau “não recebe” o recurso Membro do Tribunal “nega seguimento” ao recurso Órgão colegiado “não conhecer” do recurso 6.2)PRESSUPOSTOS RECURSAIS SUBJETIVOS A) Legitimidade para recorrer O recurso precisa ser oferecido por quem é parte na relação processual, estando capacitado a fazê-lo, ou quando a lei expressamente autorize a interposição por terceiros. Os legitimados recursais podem ser gerais ou especiais: a) GERAIS: Art. 577 do CPP - o acusado; - o defensor/advogado; - MP ou querelante. b) ESPECIAIS: - Assistente da acusação -Art 268 CPP Quem poderá intervir como assistente de acusação? Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31. Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Conceito:É a possibilidade de o ofendido ou sucessores interporem recurso em situações específicas, quando o MP não recorre, ou seja, a atuação do assistência será de forma supletiva e nas seguintes hipóteses: 1) apelação contra a decisão de impronúncia (art. 584, § 1º, do CPP); 2) recurso em sentido contra decisão que declara extinta a punibilidade do acusado (art. 584, § 1º, do CPP); 3) apelação contra sentença relativa a crimes de competência do Tribunal do Júri ou do juiz singular (art. 598, caput, do CPP). 4) Recurso extraordinário nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598 do CPP (Súmula 210 do STF). OBS: O Assistente poderá interpor recurso nas hipóteses acima, mas poderá arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, conforme art. 271 CPP. ART 271 do CPP “Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598.” OBS: Há recente entendimento jurisprudencial ampliando as possibilidades de recurso do assistente da acusação e a tendência é a ampliação de sua atuação, como exemplo: - decisão de absolvição sumária. - RESE contra decisão de pronúncia, visando reconhecimento de qualificadora – HC 84.022 e HC 71.453, ambos do STF EMENTA: PROCESSO PENAL. PENAL. SENTENÇA DE PRONÚNCIA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO DO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO: LEGITIMIDADE. CPP, arts. 271, 584, § 1º, e 598. MANDADO DE SEGURANÇA. INTIMAÇÃO DO DEFENSOR: AUSÊNCIA: NULIDADE. C.F., art. 5º, LV. I. - O assistente do Ministério Público tem legitimidade para recorrer da sentença de pronúncia. Precedente do Supremo Tribunal Federal: HC 71.453/GO, Ministro Paulo Brossard, "DJ" de 27.10.94. II. - Mandado de Segurança, impetrado pelo assistente do Ministério Público, contra ato que inadmitiu seu recurso em sentido estrito. Sua denegação. Interposição de recurso ordinário para o STJ, que o proveu. Acontece que o réu não foi citado para integrar a lide como litisconsorte necessário. Tampouco o seu defensor foi intimado para apresentação de razões finais. Nulidade reconhecida. III. - H.C. deferido. (HC 84022, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Segunda Turma, julgado em 14/09/2004, DJ 01-10-2004 PP-00036 EMENT VOL-02166-02 PP-00205 RTJ VOL 00192-01 PP- 00237) - Sentença condenatória, visando o agravamento da pena; Prazo do assistente:será sempre supletivo, ou seja, começa a contar a partir que termina o do MP. O prazo recursal está ligado a habilitação do assistente: - assistente habilitado: 5 dias. - assistente não habilitado: 15 dias. DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRAZO PARA APELAÇÃO DE ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO HABILITADO NOS AUTOS. Após intimado da sentença, o prazo para o assistente da acusação já habilitado nos autos apelar é de 5 dias, contado a partir do término do prazo conferido ao Ministério Público para recorrer. Dispõe a Súm. N. 448/STF que “o prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público.” Conforme a jurisprudência do STF e do STJ, se o ofendido já estiver habilitado no processo o prazo para apelar é de 5 dias, não se aplicando o prazo de 15 dias previsto no art. 598, parágrafo único, do CPP. Precedente citado do STF: HC 59.668-RJ, DJ 4/6/1982; do STJ:REsp 708.169- RJ, DJ 23/5/2005. HC 237.574-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/11/2012. SÚMULA Nº 448 do STF O PRAZO PARA O ASSISTENTE RECORRER, SUPLETIVAMENTE, COMEÇA A CORRER IMEDIATAMENTE APÓS O TRANSCURSO DO PRAZO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (VIDE OBSERVAÇÃO). - Qualquer pessoa - HC; - Da decisão que inclui ou exclui da lista geral–426, §1º c/c 581, XIVe 586, § único. A lista será publicada no dia 10 de outubro e poderá ser alterada mediante reclamação (de qualquer do povo) até o dia 10 de novembro (publicação definitiva). OBS: Após a publicação definitiva, é possível combater a lista através de RESE no prazo de 20 dias. Esse recurso é a única hipótese de RESE que pode ser interposto por qualquer pessoa. http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=448.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas - Terceiro Quando o juiz decreta a quebra ou a perda de fiança prestada por terceiro em favor do réu. Aquele que prestou, pode recorrer por RESE – ART. 581, VII. Quebra de fiança está no 341 do CPP. B) Interesse recursal Somente se admite recurso por quem tem interesse na reforma da decisão. - art. 577, § único doCPP OBS.1: Acusado pode recorrer contra sentença absolutória? R.: Caso o acusado pretenda a modificação do fundamento da sentença absolutória, visando impedir que o ofendido mova ação civil para satisfação do dano.EX: Sentença que absolve por falta de provas não impede posterior ação civil, diferentemente da absolutória que absolve porque o acusado não concorreu para o crime. OBS.2: MP pode recorrer em favor do acusado? R.: Sim, pois o MP pode atuar não só como parte, mas também como fiscal da lei. O MP tem interesse recursal amplo, velando pela correta aplicação da lei.EX: Juiz aplica pena muito elevado e o MP não concorda. OBS.3: Sendo declarada a extinção da punibilidade pela prescrição, pode a parte recorrer pedindo análise do mérito? Não, sendo entendimento do STJ, no AgRg no Resp 308.994, de05/08/2014. OBS.4: Em ação exclusivamente privada, o MP tem interesse em recorrer? R: Não, segundo entendimento doutrinária lhe falta interesse. OBS.5: O assistente de acusação tem interesse em apelar de sentença condenatória? R: Sim, segundo o STF, pois pode buscar o aumento de pena. 8) Efeitos recursais Os recursos podem ser dotados de um ou mais efeitos. O juiz, ao exercer seu juízo de admissibilidade, deve indicar, em caso de recebimento do recurso, os efeitos que são a ele atribuído. Efeitos dos recursos: a) Efeito devolutivo: Significa que o recurso devolve a matéria recorrida para ser novamente apreciada. Em regra, a apreciação é dirigida a órgão com grau de jurisdição superior. Subdivide-se em: - Iterativo: quando a devolução cabe ao mesmo órgão que proferiu o julgado. EX: Embargos de declaração e embargos infringentes. - Reiterativo: quando a devolução da matéria é endereçada ao órgão ad quem. EX: Apelação e Agravo em execução. OBS: Qual a extensão da matéria a ser devolvida para nova apreciação? R: No processo penal, devolve-se a matéria impugnada nos limites impugnados pelo recurso, mas com algumas particularidades, em face nos princípios que norteiam o CPP, em especial o Favor Rei. EX: A apelação que pede a prescrição de um crime, não impede que o tribunal analise a atipicidade de outro crime, proferindo acórdão absolutório. EX: O recurso do MP pedindo a majoração da pena, não impede que o tribunal reconheça nulidade em favor do réu. b) Efeito suspensivo: É o efeito que tem finalidade de paralisar a eficácia da decisão recorrida. Em regra, o que suspende é a decisão e não o processo. Exceção: No caso de RESE contra decisão de pronúncia de acusado de crime doloso, enquanto não julgado o recurso, não haverá julgamento pelo tribunal do Júri, conforme 584, § 2º do CPP. Particularidades do efeito suspensivo no CPP Decisão Efeito Condenatória ou absolutória imprópria (aplica medida de segurança) O recurso ainda que se dirija ao STJ ou STF, serão recebidos no efeito suspensivo. Absolutória própria Recurso sem feito suspensivo.596 CPP Determinar a soltura do acusado Recurso sem efeito suspensivo. Decretar medida cautelar diversa da Recurso sem efeito suspensivo prisão. c) Efeito regressivo, iterativo ou diferido: É o efeito que a lei autoriza que o mesmo órgão que proferiu a decisão judicial, exerça o juízo de retratação, modificando-a. Não sendo a hipótese de retratação, o juiz sustentará a decisão. EX: RESE, agravo em execução e carta testemunhável. d)Efeito extensivo ou expansivo: Efeito aplicável na hipótese de concurso de agentes. Ocorre quando um dos corréus recorre alegando matéria de caráter que não seja exclusivamente pessoal, esse recurso irá beneficiar os demais. - art. 580 do CPP. Evita a existência de decisões conflitantes, sob condições idênticas. Não pode num mesmo processo, uma mesma questão ter tratamento diferenciado entre os réus. OBS: Aplica-se também nas ações autônomas de impugnação. HC, Revisão Criminal e MD. e)Efeito translativo: Refere-se à possibilidade de o Tribunalconhecer, de ofício, determinadas matérias que não foram impugnadaspelo recorrente, por serem de ordem pública. EX:Imaginem que no Tribunal se verifica que houve a prescrição. Ainda que orecorrente não tenha alegado a prescrição, poderá o Tribunal decretá-la,pois a prescrição é considerada matéria de ordem pública. EX: Ilegitimidade de parte, competência. f)Efeito substitutivo: O julgamento proferido pelo órgão competente para julgar o recurso, substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso, ainda que seja negado provimento à impugnação. - Art. 1.008 do NCPC. “O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso..” OBS IMPORTANTE: O que transita em julgado, a sentença recorrida ou o acordão que julga o recurso? R: Provido ou não provido o recurso, ainda que para confirmar a sentença do juiz singular, o acórdão é que transitará em julgado, eis que substitui a sentença recorrida. E se o recurso não for conhecido, substitui a sentença? R: Não há efeito substitutivo e o transito em julgado se opera sobre a sentença recorrida. 9) Extinção dos recursos Podem ser extintos normalmente ou anormalmente: a) Normalmente: É a forma de extinção normal dos recursos, através de seu julgamento pelo órgão competente. b) Anormalmente: Ocorre quando se dá a extinção do recurso de forma antecipada, sem que haja tramitação e seu julgamento regular. Pode ocorrer nas seguintes hipóteses: - DESERÇÂO: É o não conhecimento do recurso em razão de falta de preparo ou pagamento das despesas exigidas por lei. EX: art. 806, §2º do CPP Custas no CPP Regra Exceção Não há custas (por se tratar de ações públicas). EX: - Ação Penal Pública Incondicionada; - Ação Penal Pública Condicionada; - Ação Penal Subsidiária da pública. Da Ação Penal Privada - DESISTÊNCIA: É a faculdade que tem o acusado, o seu advogado, o querelante e o assistente de manifestar o desejo de não prosseguir com seu recurso. A desistência ocorre em momento posterior a interposição do recurso. DESISTENCIA é diferente de RENUNCIA (antes da interposição do recurso) OBS: MP não pode desistir do recurso interposto, com base na indisponibilidade e a obrigatoriedade da ação penal para o MP. DOS RECURSOS 1) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - Art. 581 do CPP CUIDADO! Embora o CPP trate, no caput do art. 581, do cabimentodo RESE em face de “decisão, despacho ou sentença que...”, trata-se de uma impropriedade técnica, pois: - Nunca cabe recurso (nenhum) em face de despacho de mero expediente; - Nunca caberá RESE em face de sentença – Vejamos o art. 593,§4° do CPP, salvo: 1) sentença de pronúncia 2) decisão que desclassifica a infração da competência do tribunal do júri para outra na primeira fase do procedimento, da competência do juiz singular, poderá a parte sucumbente interpor recurso em sentido estrito, 581, II, CPP. ESTADO DE SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADO DE SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTIÇARecurso Em Sentido Estrito n. 0003508-03.2014.8.24.0039, de LagesRelator: Desembargador José Everaldo Silva RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR, NA MODALIDADE DE DOLO EVENTUAL (ART. 121, CAPUT, C/C ART 18, I, ÚLTIMA PARTE, CP), PARTICIPAÇÃO DE CORRIDA AUTOMOBILÍSTICA NÃO AUTORIZADA (ART. 308 DO CTB) E OMISSÃO DE SOCORRO (ART. 304 DO CTB). SENTENÇA DE DESCLASSIFICAÇÃO. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PEDIDO DE PRONÚNCIA. POSSIBILIDADE. AGENTES QUE, EM TESE, DISPUTANDO CORRIDA AUTOMOBILÍSTICA NÃO AUTORIZADA ("RACHA") EM ALTA VELOCIDADE, COLIDE FRONTALMENTE COM A VÍTIMA FATAL. SUBSTRATO PROBATÓRIO SUFICIENTE PARA APRECIAÇÃO PELO CONSELHO DE SENTENÇA. INDÍCIO DE DOLO EVENTUAL. DÚVIDA ACERCA DO ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE. A desclassificação do tipo penal, com afastamento da competência do Tribunal do Júri, na fase de pronúncia, só teria cabimento caso fosse certa, neste momento processual, a ausência do dolo, direto ou eventual, do acusado quando no momento do crime. (Recurso Criminal n. 2011.036875-5, de Canoinhas, rel. Des. Paulo Roberto Sartorato, j. 26-6-2012). DELITOS CONEXOS. CRIME DE CORRIDA AUTOMOBILÍSTICA NÃO AUTORIZADA (ART. 308 DO CTB) ABSORVIDO PELO DE HOMICÍDIO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. AÇÕES DELITUOSAS COMPONENTES DOS FATOS DOLOSOS E NÃO COMO CRIMES AUTÔNOMOS. RECURSO PROVIDO NO PONTO. OMISSÃO DE SOCORRO (ART. 304 DO CTB) IMPOSSIBILIDADEDE REALIZAR A VALORAÇÃO DO MÉRITO DE TAL DELITO NESTA FASE PROCESSUAL. NECESSIDADE DE JULGAMENTO PELO CONSELHO DE SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. V (TJSC, Recurso em Sentido Estrito n. 0003508-03.2014.8.24.0039, de Lages, rel. Des. José Everaldo Silva, Quarta Câmara Criminal, j. 01-03-2018). 3) 581, X, CPP – Sentença q conceder habeas corpus - Em regra, cabe contra decisão interlocutória. - Só pode ser utilizado contra decisão de juiz singular, nunca contra decisão de Tribunal, ainda que tenhamos decisão monocrática de relator. - Não pode ser utilizado para combater decisão do juízo da execução penal. CONCEITO: O RESE permite o reexame de uma decisão, nas matérias especificadas em lei, possibilitando ao próprio juiz recorrido uma nova apreciação da questão (juízo de retratação), antes da remessa dos autos à segunda instância.Destina-se a impugnar decisões interlocutórias previstas no art. 581, pois em regra, as decisões interlocutórias são irrecorríveis.Há entendimento doutrinário e jurisprudencial, aceitando a interpretação extensiva (similitude) das hipóteses de cabimento, com base no art. 3º do CPP. Doutrinador que defende aplicação extensiva: Vicente Greco Resp 197.661/PR – STJ Admite-se interpretação extensiva ou analógica às hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito, "desde que a situação a que se busca enquadrar tenha similitude com as hipóteses do art. 581 do CPP" (Resp 197.661/PR - STJ, 6.ª Turma, Rel. MinistraMARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe de 01/12/2008) CONTRARIAMENTE há o entendimento de Guilherme Madeira, Ada Pelegrini e Tourinho Filho e Renato Brasileiro. EX:1 Ao se admitir o RESE contra decisão que indefere requerimento de aplicação de medida cautelar diversa da prisão ou pedido de prisão domiciliar, já que a redação fala apenas em indeferimento de pedido de prisão preventiva (581, V, do CPP). EX1: O Inciso XVI prevê RESE da decisão que suspender o processo, em virtude de questão prejudicial (EX: 92 e 93 do CPP). A jurisprudência admite que com base nesse inciso, também cabe RESE da decisão que suspende o processo com base no art. 366 do CPP. OBS2:A apelação exercer preferência sobre o recurso em sentido estrito, conforme art. 593, §4º do CPP. EX: Parte faz pedido de revogação de prisão preventiva em alegações finais e juiz defere na sentença. Deve-se interpor apelação para combater essa decisão, pois quando cabe apelação, não se pode utilizar RESE para parte da decisão. Regra para cabimento de RESE - Se a decisão é anterior a sentença, talvez caiba RESE: Verificar 581 e aplicação extensiva. - Se a decisão está inserida na sentença, é caso de apelação, ainda que conste no 581. Conforme 593, §4º do CPP. - Se a decisão é proferida no processo de execução criminal, cabe agravo em execução. • HIPÓTESES DE CABIMENTO As hipóteses de cabimento estão previstas de forma taxativa no art. 581 do CPP, mas admite-se interpretação extensiva, com base no art. 3º do CPP. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; - Cabe também RESE, quando o juiz recebe apenas parcialmente a denúncia. EX: Recebe a denúncia com relação ao crime de tráfico, já quanto a associação não recebe. - Se o juiz recebe a denúncia, cabe habeas corpus, por falta de justa causa (indícios suficientes de autoria e materialidade do crime). - Através de interpretação extensiva, cabe RESE também da decisão que não receber aditamento da denúncia, conforme também REsp 254.494 do STJ. - Rejeitada a denúnciade crime previsto NO RITO da lei 9.099/95, cabe apelação no prazo de 10 dias, conforme art. 82 da lei 9.099/95. - Nos crime de competência originária dos Tribunais, a decisão que rejeitar a denúncia cabe agravo regimental. OBS: É necessário intimação do acusado para apresentar contrarrazões se o MP recorrer da decisão que não recebeu a denúncia ou a queixa? R: Sim, conforme garantia constitucional da Ampla defesa e entendimento sumulado pelo STF – Súmula 707. “CONSTITUI NULIDADE A FALTA DE INTIMAÇÃO DO DENUNCIADO PARA OFERECER CONTRA-RAZÕES AO RECURSO INTERPOSTO DA REJEIÇÃO DA DENÚNCIA, NÃO A SUPRINDO A NOMEAÇÃO DE DEFENSOR DATIVO”. Súmula 709 do STF– “SALVO QUANDO NULA A DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU, O ACÓRDÃO QUE PROVÊ O RECURSO CONTRA A REJEIÇÃO DA DENÚNCIA VALE, DESDE LOGO, PELO RECEBIMENTO DELA” OBS: se for nula a decisão de 1º grau, o Tribunal vai mandar descer os autos para que seja proferida nova decisão. II - que concluir pela incompetência do juízo; Aplica-se nos casos em que o juiz reconhece de ofício a incompetência e determina a remessa dos autos ao juízo competente. Se o juiz se dar por incompetente, acolhendo exceção, aplica-se o inciso seguinte. OBS: A decisão do juiz se dá competente, não cabe recurso, podendo a parte impetrar habeas corpus. OBS: Da decisão que desclassifica a infração da competência do tribunal do júri para outra, da competência do juiz singular, poderá a parte sucumbente interpor recurso em sentido estrito. III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição (art. 95 CPP); Só são recorríveis as decisões que julgarem procedente as exceções. As que julgarem improcedente podem ser atacadas através de habeas corpus ou preliminar de apelação. - procedente a exceção -> RESE - Improcedente a exceção -> cabe HC ou alega em preliminar de apelação As Exceções estão previstas no artigo 95 do CPP: EXCEÇÔES Incompetência do Juízo Cabe RESE Litispendência Cabe RESE Coisa Julgada Cabe RESE Ilegitimidade de parte Cabe RESE Suspeição NÃO CABE RECURSO OBS: Por que não cabe contra suspeição? - arts. 99 e 100 do CPP 1º juiz reconhecendo a suspeição, sustará este e remeterá ao substituto. 2º Não aceita a suspeição, sustará o processo e o remeterá ao Tribunal para julgamento (não cabe RESE contra decisão do TJ). IV – que pronunciar o réu; Pronuncia Decisão interlocutória – cabe RESE Impronúncia e absolvição sumária Decisão terminativa – cabe apelação V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá- la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; - Cassar fiança: Ocorre quando a fiança anteriormente fixada não era cabível. EX: Crime de tráfico de droga, que não cabe fiança e o juiz fixa. - Fiança inidônea: É aquela prestada por engano, em quantia insuficiente ou cujo valor se depreciou com o tempo, havendo necessidade de ser reforçada, sob pena de ficar sem efeito. EX: Juiz fixa fiança no valor do salário mínimo. Há uma atualização do salário mínimo e o réu deposita no valor antigo. OBS: Cabe RESE das decisões JUDICIAIS relativas a fiança. Se for para combater ato do delegado de policia, deve-se combater o ato através de requerimento ao juiz. Segundo a doutrina, ainda cabe RESE de forma extensiva para: - decisão que indefere prisão temporária - decisão que indefere pedido de aplicação de medida cautelar diversa da prisão ou aplica cautelar em desacordo com o que se requereu. - decisão que indefere pedido de prisão domiciliar. Não foram contempladas no inciso e cabe habeas corpus - decreta prisão preventiva - decreta prisão temporária - indefere pedido de relaxamento da prisão - não concede liberdade provisória VI - (Revogado pela Lei nº 11.689, de 2008) VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; Pode ser inclusive interposto por terceiro que prestou a fiança em favor do acusado. Hipóteses de quebra de fianças 341 Deveres processuais previstos com aplicação da fiança – 327, 328- muda de residência, sem prévia permissão da autoridade processante - Ausentar-se por mais de 8 dias de sua residência, sem comunicar à autoridade o lugar onde será encontrado - legalmente intimado, deixa de comparecer sem justo motivo - pratica outra infração penal dolosa http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11689.htm - praticar ato de obstrução ao andamento processual - descumprir medida cautelar imposta cumulada com a fiança - Resistir injustificadamente a ordem judicial Art. 343 do CPP – Fala que a quebra importará na perda da metade da fiança e o juiz decide se aplica medida cautelar diversa da prisão ou decreta preventiva. Art. 344 do CPP – Ocorrerá a perda total da fiança, caso o condenado não se apresentar para o início da pena definitiva. VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; - Causa de extinção da punibilidade: art. 107 do CP - Prescrição: art. 109 e seguintes do CP. Trata-se de sentenças terminativas de mérito, que encerra o processo sem absolver ou condenar o réu. OBS: Se a extinção da punibilidade ocorre no processo de execução, cabe agravo em execução. IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; EXCEÇÃO: Durante a fase de execução penal, o recurso cabível é o agravo em execução. OBS: A decisão que indefere o pedido de reconhecimento de causa extintiva da punibilidade, também comporta habeas corpus, com base no art. 648, inc. VII do CPP. X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; Refere-se a decisão do juiz de 1º grau, sendo que na hipótese de concessão, cabe recurso de ofício (574, inciso I, do CPP). HC Recurso cabível 1º grau concede - Recurso de ofício - RESE 1º grau denega - RESE TJ ou TRF (denega) - Recurso ordinário ao STJ – art. 105, inc. II, “a”, da CF Tribunal Superior (denega) - Recurso ordinário ao STF – art. 102, inc. II, “a” da CF XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;- REVOGADO PELA LEP XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;- REVOGADO PELA LEP XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; A decisão que nega o pedido de reconhecimento de nulidade pode ser atacada: - preliminar na apelação - Habeas corpus. OBS: Se a anulação decorrer de sentença, o recurso é a APELAÇÃO, tendo em vista a aplicação residual do RESE. XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; A lista pode ser alterada de ofício ou mediante recurso. Peculiaridades: A lista será publicada no dia 10 de outubro e poderá ser alterada mediante reclamação (de qualquer do povo) até o dia 10 de novembro (publicação definitiva). OBS: Após a publicação definitiva, é possível combater a lista através de RESE no prazo de 20 dias. Esse recurso é a única hipótese de RESE que pode ser interposto por qualquer pessoa. - A legitimidade é de qualquer do povo (tem que ter advogado) – 426, §1º, do CPP. - O órgão competente para julgamento é o Presidente do Tribunal. XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; hipóteses de denegação: ausência de pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade. OBS: Cabe RESE somente quando for denegado juiz de primeiro grau, pois os requisitos de admissibilidade são analisados em dois momentos (1º e 2º graus). EX:Apresentar a apelação fora do prazo. OBS: RESE é usado apenas para apelação, pois para os demais recursos, utiliza-se carta testemunhável. OBS: Se o juiz receber indevidamente apelação fora do prazo, deve a parte alegar em preliminar das contrarrazões. Julgar deserta: Ocorre nos crimes de ação privado, onde tem que recolher preparo para recorrer, conforme art. 806, §2º do CPP. XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude dequestão prejudicial; Questão prejudicial (EX: 92 e 93 do CPP). OBS: A jurisprudência admite que com base nesse inciso, também cabe RESE da decisão que suspende o processo com base no art. 366 do CPP. XVII - que decidir sobre a unificação de penas;REVOGADO PELA LEP XVIII - que decidir o incidente de falsidade; Incidente de falsidade é regulamentado nos arts. 145 a 148 do CPP. Refere-se a decisão proferida no procedimento incidental instaurado a pedido de alguma das partes para constatar a autenticidade de documento que se suspeita falso. XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado;REVOGADO PELA LEP XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;REVOGADO PELA LEP XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;REVOGADO PELA LEP XXII - que revogar a medida de segurança;REVOGADO PELA LEP XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;REVOGADO PELA LEP XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples. REVOGADO, pois a Lei 9.268/96, proibiu a conversão de multa em pena privativa de liberdade. • PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO - Interposição: 5 dias (a contar da intimação) – art. 586, caput, do CPP. - Razões: 2 dias – art. 588 do CPP. Exceções: - decisão que incluir/excluir jurado na lista: 20 dias -art. 586, § único do CPP. - Interposição: Petição ou termo nos autos – art. 578 do CPP. OBS: A petição ou o termo de interposição do recurso perante o juízo prolator da decisão, deve ser indicado (no caso de instrumento) as peças que serão transladadas (587, CPP). • PROCEDIMENTO - Processamento:Instrumento (regra) ou nos próprios autos(583 do CPP). Será processado nos próprios autos o recurso cujo processamento não prejudicar o andamento do processo. Nas demais hipóteses, será por instrumento. Algumas hipóteses (de nos próprios autos) estão previstas no art. 583 do CPP: - interposto de ofício - decisão que não receber a denúncia ou a queixa; - decisão que julgar procedente exceção, salvo a de suspeição; - decisão que pronunciar o réu; - decisão que julgar extinta a punibilidade ou decretar prescrição; - sentença que concede pedido de habeas corpus; OBS: RESE será julgado pelo ORGÃO SUPERIOR AO JUIZ QUE PROFERIU DECISÃO, salvo a decisão que inclui/exclui jurado, que será julgada pelo Presidente do Tribunal. PROCESSO E JULGAMENTO NO TRIBUNAL: 1) Recebido o RESE no tribunal, será dado vista ao Procurador de Justiça, que se manifestará em 10 dias; 2) Remessa ao relator, para elaborar relatório em 10 dias, dando EM SEGUIDA vista ao revisor, para exame em igual prazo. 3) O revisor pedirá designação de dia para julgamento. 4) Realizar-se-ão as intimações. Súmula 431 do STF “É nulo o julgamento do recurso criminal na segunda instancia sem previa intimação ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus”. 5) Iniciado o julgamento e apregoadas as partes, o relator fará a exposição do feito. 6) Será concedido pelo prazo de 15 min, a palavra para fins de sustentação oral, aos advogados e ao procurador de justiça, quando requererem. 7) Terminados os debates, o relator proferirá seu voto, seguindo-se o do revisor e os demais integrantes. A decisão será formada por maioria de votos (615 do CPP). Se houver empate, o Presidente da Camaraproferirá voto; caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável (615, §1º do CPP). 8) Lavrado o acórdão, este será conferido na primeira sessão seguinte à do julgamento, ou no prazo de duas sessões (615, §2º do CPP). OBS: No caso de 3 votos divergentes, adota-se o critério do voto médio. Segundo Resp 20.263 do STJ. EX: Se um dos votos pedir a condenação, outro a absolvição e outrodesclassificação, adota-se o posicionamento da desclassificação. OBS:A todo momento, O tribunal poderá proceder novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar diligências, com base no 196 e 616 do CPP • EFEITOS Possui os seguintes efeitos: - Regressivo: Obriga o juiz prolator da decisão a reapreciar a questão (apenas uma vez) – juízo de retratação; - Efeito devolutivo: Transfere a matéria para análise a órgão superior; OBS: A regra é não ter efeito suspensivo, salvo nas hipóteses taxativas do art. 584 do CPP: Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. Exceções do 584 do CPP Decisão que determina a perda do valor da fiança –Art. 584 do CPP. Decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta –Art. 584 do CPP. . recurso contra a pronúncia - 584, § 2º(OBS:erro na redação do artigo, pois o recurso da pronúncia suspende a decisão e o processo, ou seja, não se pode nem iniciar os preparativos para o plenário) . decisão que julgar quebrada a fiança - 584, §3º(suspende apenas a perda a fiança, e não impede a prisão e aplicação de outras medidas cautelares). 1.5LEGITIMIDADE MP, Querelante, Réu, seu defensor OBS: decisão que inclui ou exclui jurado da lista, pode qualquer do povo. 2) APELAÇÃO - 593 e seguintes Trata-se de meio ordinário de impugnação de sentenças de mérito e decisões definitivas que não caibam RESE, que possibilita nova apreciação da causa por órgão jurisdicional de segundo grau, devolvendo-lhe a análise das questões fáticas e jurídicas. 2.1 CARACTERÍSTICAS - PREFERÍVEL Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito. Art. 593, §4º do CPP. EX: Se em uma sentença foi reconhecida a prescrição de um dos crimes pelo qual o réu era acusado, será cabível a apelação, e não o RESE, mesmo que a impugnação se refira apenas a essa questão, mesmo com a previsão de RESE no 581, VIII do CPP. 2.2 HIPÓTESES DE CABIMENTO a) Sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular – 593, I, do CPP Cabe apelação de sentenças que encerram o juízo sobre o mérito, reconhecendo ou não a procedência da pretensão punitiva. EXCEÇÃO: - Pronúncia (415 do CPP) – Cabe RESE 581, IV, do CPP. - Sentença de HC – Cabe RESE 581, X, CPP - Sentença condenatória ou absolutória de crime político - Cabe recurso ordinário constitucional ROC, de competência do Supremo Tribunal Federal, de acordo com o artigo 102, II, b, CF. - Sentença de desclassificação ao final da 1ª fase do rito do júri. b) Decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular, desde que não cabível o recurso em sentido estrito. A apelação será cabível contra decisões definitivas ou com força de definitiva se tais decisões não forem impugnáveis mediante RESE, tal como acontece: -rejeição da peça acusatória (CPP, art. 581,1); - acolhimento de exceção de coisa julgada, de ilegitimidade de parte ou de litispendência (CPP, art. 581, III); - extinção da punibilidade (CPP, art. 581, VIII). Exemplos de decisões definitivas que não tem previsão de RESE e cabe apelação: - pedido de restituição de coisa apreendida; - levantamento de sequestro; - pedido de arresto. c)São hipótese de cabimento em relação às decisões do tribunal do Júri A apelação do Júri tem fundamentação vinculada (devido a soberania dos veredictos), conforme Súmula 713 do STF. “O EFEITO DEVOLUTIVO DA APELAÇÃO CONTRA DECISÕES DO JÚRI É ADSTRITO AOS FUNDAMENTOS DA SUA INTERPOSIÇÃO.” Com isso, se apelar com fundamento na alínea “a”, não pode a instancia superior analisar com base em outra hipótese recursal. Exceção: Tribunal pode reconhecer de ofício nulidade absoluta, pois deve zelar pelo devido processo legal. OBS:Se a matéria devolvida a apreciação do Tribunal for relacionada ao mérito da decisão do Júri, só se admite a sujeição a novo julgamento. Já se for relacionado a decisão competente do juiz, é possível modificação de ofício pelo tribunal. Jurados Juiz - existência de crime e autoria - condenação ou absolvição - qualificadoras - causas de aumento e diminuição - fixar a pena base - agravantese atenuantes 1- Ocorrer nulidade posterior à pronúncia Trata-se de vícios posteriores à pronúncia, uma vez que os ocorridos anteriormente devem ser atacados no recurso da pronúncia (RESE). 2 – For a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados EX1: Em fiel observância a decisão dos jurados, o juiz condena a pena de 12 anos de reclusão e fixa o regime INTEGRALMENTE fechado para o cumprimento. EX2: Jurados condenam por homicídio qualificado e juiz coloca na sentença homicídio simples. 3 – Houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança EX: juiz aplica pena aquém do mínimo legal ou que analisa de forma equivocada qualificadoras ou circunstancias judiciais (59 do CP). - 593, §2º CPP – Neste caso o tribunal retificará a aplicação da pena. OBS: Não é cabível visando incluir ou excluirqualificadora ou causa de aumento ou de diminuição(492, I, “c”, do CPP e 483 do CPP), pois tal matéria é de competência dos jurados. Neste caso, a correção da sentença estaria modificando o veredicto. OBS:É possível o maneja da apelação com base neste dispositivo para provocar o reconhecimento de existência ou inexistência de circunstancias agravantes ou atenuantes genéricas, pois cuida de matéria a ser analisada pelo juiz-presidente (492, I, b, do CPP). 4) For a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos A decisão dos jurados possui garantia constitucional da soberania dos veredictos (art. 5º, XXXVIII, c, da CF). Tal garantia, possui ressalva pela interposição de apelação contra decisão que for manifestamente contrário à prova dos autos. OBS: Se o tribunal se convencer que a decisão dos jurados é contrária a prova dos autos, dará provimento ao recurso e sujeitará o réu a novo julgamento (art. 593, §3º do CPP). OBS: Essa decisão determina novo julgamento, irá cassar a decisão anterior, e não apenas substituir (que é característica dos recursos). OBS: apelação com base nesse fundamento é possível apenas uma vez. OBS: Se uma parte recorrer por esse motivo, pode agora a outra utilizar-se desse mesmo fundamento? Não, segundo o STF – HC 77.686 e 593, §3º do CPP. 2.5 CABIMENTO no JUIZADO 1) contra decisão que homologa ou deixa de homologar a transação penal (76, §5º,). 2) contra de cisão que rejeita a denúncia ou a queixa (82, caput,). 3) contra sentença definitiva de condenação ou absolvição (82, caput,). OBS: Prazo em qualquer hipótese é de 10 dias. Recorrido terá prazo de 10 dias para contrarrazões (82, §2º). OBS: Sempre a interposição por petição. OBS: Julgamento realizado por turma recursal. 2.3. Prazo e Forma A apelação deve ser interposta no prazo de CINCO DIAS, portermo nos autos ou por petição escrita. arts. 593 e 600, §4° do CPP. Após a interposição do recurso, o recorrente deverá apresentarsuas RAZÕES RECURSAIS, no prazo de OITO DIAS. Art.600 do CPP. CONTRAVENÇÕES:(5 dias interposição e 3 dias razões) – 600 CPP APELAÇÃO JUIZADO: 10 DIAS (interposição e razões)– art. 82 OBS: è encaminhada à instancia superior nos próprios autos do processo. Assistente de acusação habilitado: prazo de 5 dias – HC 74.242 STF – início do prazo após encerrar para o MP, conforme Súmula 448 do STF. O prazo para o assistente habilitado recorrer supletivamente é de cinco dias, e não de quinze
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