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Emergências Endocrinológicas I Bernardo farias Quais são? Cetoacidose diabética; Estado hiperosmolar hiperglicêmico; Hipoglicemia. Por que estudá-las? Acometem população portadora de diabetes mellitus; Aumento da prevalência de DM na população; Até comuns na prática médica; Atraso no reconhecimento e início da conduta pode ser fatal; Sucesso na recuperação se bem conduzidas. Objetivos Entender quais são os pacientes de risco Visão geral de fisiopatologia Fatores desencadeantes Quadro clínico: como reconhecer Como tratar as emergências Como lidar com as complicações e tratá-las Emergências hiperglicêmicas Quando todo o cuidado pode ser pouco De quem estamos falando? Pacientes com insulinopenia plena Pacientes com resistência a insulina e/ou insulinopenia relativa Hiperglicemia crônica Diabetes mellitus tipos 1 e 2 FOSTER DW, MCGARRY JD. The metabolic derangements and treatment of diabetic ketoacidosis. N Engl JMed 1983: 309(3): 159–69. KITABCHI AE, UMPIERREZ GE, MURPHY MB, KREISBERG RA. Hyperglycemic crises in adult patients with diabetes: a consensus statement from theAmerican Diabetes Association. Diabetes Care 2006 Dec: 29(12): 2739–48. O que são? Cetoacidose diabética Pacientes com DM1 >> DM2 Déficit pleno de insulina Desidratação e acidose metabólica (cetose) Jovens Estado hiperglicêmico hiperosmolar Pacientes com DM2 Déficit parcial de insulina Desidratação e hiperglicemia (hiperosmolaridade) Idosos Histórico Mortalidade até início do século XX: 100% Atualmente: CAD: 5-10% (mais jovens) EHH: 20-50% (idosos) Fatores desencadeantes Diabetes recém-diagnosticado 5-30% Doença aguda (ex: apendicite) 10-20% Uso irregular de insulina 33% Infecção 20-38% IAM e AVC < 10% Medicações (ex: corticóide) 10-20% Inibidores SGLT2 (cana e empaglifozina) ??? Diabetes Care Publish Ahead of Print, published online June 16, 2016 Revisão de fisiologia Insulina Glicogenogênese ++ Gliconeogênese - - Glicogenólise - - Lipogênese ++ Lipólise - - Síntese de proteínas ++ Proteólise - - Revisão de fisiologia Insulina Glicogenogênese ++ Gliconeogênese - - Glicogenólise - - Lipogênese ++ Lipólise - - Síntese de proteínas ++ Proteólise - - Hiperglicemia Cetogênese e acidose a.a.s livres Hormônios Contrarreguladores Deficiência de insulina Captação de glicose Lipólise Hiperglicemia Gliconeogênese Glicerol AGL Cetogênese Cetonemia Cetonúria Diurese osmótica Perda de água pela urina Depleção de eletrólitos Desidratação Glicosúria CAD Glicogenólise Acidose Omissão de insulina Fator precipitante (trauma, infecção) Glucagon Catecolaminas Cortisol GH Proteólise Aminoácidos Hiperosmolaridade Distúrbios eletrolíticos DIABETES CARE, VOLUME 32, NUMBER 7, JULY 2009 5 Este diagrama mostra o curso do desenvolvimento da CAD. Embora a influência dos hormônios contra-reguladores na gliconeogênese e cetogênese não seja exibida, ela é importante. Observe a diurese osmótica que causa um grau sério de depleção de eletrólitos e desidratação. CAD é a combinação de desidratação e acidose, e ambas precisam ser tratadas. Deficiência de insulina Captação de glicose Lipólise Hiperglicemia Gliconeogênese Glicerol AGL Cetogênese Cetonemia Cetonúria Diurese osmótica Perda de água pela urina Depleção de eletrólitos Desidratação Glicosúria Glicogenólise EHH Acidose 1/10 da dose de insulina já freia a lipólise excessiva Hiperosmolaridade DIABETES CARE, VOLUME 32, NUMBER 7, JULY 2009 5 Este diagrama mostra o curso do desenvolvimento da CAD. Embora a influência dos hormônios contra-reguladores na gliconeogênese e cetogênese não seja exibida, ela é importante. Observe a diurese osmótica que causa um grau sério de depleção de eletrólitos e desidratação. CAD é a combinação de desidratação e acidose, e ambas precisam ser tratadas. CAD Cetoacidose hiperglicemia diurese osmótica desidratação cetonas acidose ânion gap elevado pseudo-hiponatremia falsa normocalemia alteração estado mental insuficiência renal EHH EHH hiperglicemia diurese osmótica desidratação cetonas acidose ânion gap elevado pseudo-hiponatremia falsa normocalemia alteração estado mental insuficiência renal Quadro clínico Sinais/Sintomas CAD EHH Evolução Rápida (< 24 horas) Insidiosa (dias a semanas) Poliúria, polidipsia e polifagia Adinamina, astenia, perda de peso Presente Presente Sonolência, torpor, coma Presente Presente Náuseas, vômitos, dor abdominal Presente Ausente Febre Presente Ausente Taquipneia e respiração profunda Presente (Respiração de Kussmaul) Ausente Sinais neurológicos focais Ausente Presente Achados do exame físico Fatores precipitantes Febre, tosse, estertores creptantes, dor a palpação dos seios paranasais, sinais meníngeos etc. CAD EHH Hálito cetônico Doce, como de maça verde (maça podre?) CAD Nível de consciência Alerta, letargia, obnubilação, torpor, coma*. (Relação com grau de osmolaridade) CAD EHH* Nível de hidratação Pele e mucosas ressecadas. Turgor da pele diminuído. CAD EHH Estado hemodinâmico FC, PA, enchimento capilar (lentificado > 2 segundos). Sinais de choque? CAD EHH Respiração Taquipneia e hiperpneia (respiração de Kussmaul – pH < 7,2). CAD Dor abdominal Esvaziamento gástrico retardado, acidose metabólica e desidratação muscular. CAD Sinais neurológicos focais e difusos Hemiplegia, hemiparesia, convulsões focais ou generalizadas (tônico-clônicas). EHH Avaliação laboratorial Glicose plasmática Fósforo Ureia Creatinina Cetonemia Eletrólitos Cálculo de ânion gap Análise urinária Cetonúria Gasometria Hemograma Eletrocardiograma Radiografia de tórax Tudo isso deve ser efetuado de forma organizada! Outros exames de acordo com suspeita clínica Pense! Não decore apenas! Panorama geral DIABETES CARE, VOLUME 32, NUMBER 7, JULY 2009 Como estão os íons? Pseudo-hiponatremia Correção com a fórmula de Katz (1973): Sódio Potássio Déficit do potássio corporal total Acidose e falta de insulina troca com meio intracelular (segue o princípio da eletroneutralidade) Eletroneutralidade 2K+ 3Na+ ATP ADP + Pi Acidemia K+ H+ Concentração de potássio no LEC? (K+) LEC LIC LEC Potássio: alto, baixo ou normal? K+ K+ K+ Shift Caliurese Hipocalemia: cuidado! http://www.msdlatinamerica.com/profissionais_da_saude/manual_merck/secao_02/secao_02_012.html QT longo! Torsades de pointes Acidose metabólica Cetonemia Consumo de Bicarbonato Acidose Metabólica Não se esqueça de calcular o anion gap (hiato aniônico): O AG está elevado. ACIDOSE METABÓLICA COM ANION GAP ELEVADO! Cuidado com os corpos cetônicos Osmolaridade Elevada: aumento de glicose plasmática Osm = 2x(Na+medido) + glicose/18 + Ureia/6 Osm = 2x(Na+medido) + glicose/18 Acide-base problems in diabetic ketoacidosis. NEJM,. 2015 Parâmetros para o diagnóstico Gravidade não depende da glicemia, mas do pH e bicarbonato! Portanto, eis os critérios diagnósticos! CAD Glicemia ≥ 250 mg/dL; pH arterial ≤ 7,3; Cetonúria fortemente positiva. EHH Glicemia ≥ 600 mg/dL; pH arterial > 7,3; Osmolaridade sérica efetiva: > 320 Mosm/Kg. Tratamento Manutenção de vias respiratórias pérvias e, em caso de vômitos, indicação de cateter nasogástrica Correção da desidratação (hidratação) Correção dos distúrbios hidro-eletrolíticos e ácido-básicos Redução da hiperglicemia e da osmolaridade Identificação e tto do fator precipitante Déficit de água livre CAD: 6 L EHH: 9 L Hidratação (1º lugar) EC corresponde a até 87% dos óbitos infantis na CAD 1ª hora: 1L a 1,5L de salina 0,9% (20 a 30 mL/kg) Sim Avaliar hemodinâmica: ainda em choque ou IRA? Não Manutenção: 10 a 14 ml/kg/h Hipernatremia? Sim Não Usar salina 0,9 Usar salina 0,45 Glicose em 250 (CAD) ou 300 (EHH) Soro glicosado 5% + Salina 0,45% Cuidados para evitar edema cerebral Evitar a hidratação excessiva e a redução rápida da osmolalidade plasmatica (POsm) Diminuir gradualmente a glicemia do soro Manter a glicemia entre250 e 300 mg/dL ate que a POsm seja normalizada e o status mental, melhorado A hiperglicemia protege do edema cerebral, especialmente em crianças. Cuidado ao corrigir a osmolaridade. Pediatric Diabetes 2009: 10 (Suppl. 12): 118–133 Potássio (2º lugar) Em algum momento, o potássio deverá ser reposto. A questão é: quando? Insulinoterapia (3º lugar) Insulina regular por VIA INTRAVENOSA Dois esquemas: Dose de ataque: 0,15 U/kg (necessidade é controversa) Dose de manutenção: 0,1 U/Kg/h Glicemia chegar a 250 (CAD) e 300 (EHH): reduzir dose de insulina para 0,02 a 0,05 U/kg/h Atenção!!! A insulina deverá ser feita por via intravenosa até a resolução do quadro clínico Insulinoterapia (3º lugar) Suspendeu insulina regular IV Iniciou insulina regular SC O1 hora sem cobertura Hiperglicemia Cetose Pico de ação da insulina regular Suspendeu insulina regular IV Pico de ação da insulina regular Iniciou insulina regular SC O1 de antecedência Bicarbonato Jamais repor se pH ≥ 7,1 ou 7,0 (Divergência na literatura) Correção apenas se pH < 7,1 (Acidose metabólica grave) pH entre 6,9 e 7,1: Repor 50 mEq (controverso) pH < 6,9: Repor 100 mEq em 400 mL de SF. Repetir a cada 2 h até que pH esteja em 7,0 Checar o potássio na reposição E o fosfato? Reposição apenas se: < 1 mg/dL Disfunção miocárdica (VE) Disritmias cardíacas Rabdomiólise e achadas de hemólise Parâmetros de resolução CAD Glicemia < 200 mg/dL Bicarbonato ≥ 18 mEq/L pH venoso > 7,3 EHH Osm plasmática < 315 mOsm/Kg Alerta e capaz de alimentar-se Glicemia < 250/300 mg/dL Liberar a dieta; Aplicar dose de insulina regular por via subcutânea Suspender insulina regular por via IV (apenas 1 h após primeira dose por via SC Acrescentar NPH Complicações Complicação Desencadeador Tratamento Hipoglicemia (mais frequente) Insulinoterapia SG 5% Edema cerebral Rápida correção da osmolaridade plasmática Manitol 20% AM hiperclorêmica Excesso de salina 0,9% Parar SF e iniciar RL Hiperglicemia Suspensão precoce da insulina IV Retomar insulina IV Hipopotassemia Insulinoterapia com K+ baixo Cessar insulina e repor potássio Embolia pulmonar (EHH) Congestão pulmonar SDRA Mucormicose Dilatação gástrica aguda Complicações Acidemia mais grave Mais edema Edema ocorria após início da insulinoterapia e hidratação. Acide-base problems in diabetic ketoacidosis. NEJM,. 2015 Current guidelines for the treatment of diabetic ketoacidosis recommend against the administration of an intravenous insulin bolus. Complicações N engl j med 372;1 European Society for Paediatric Endocrinology/Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society Consensus Statement on Diabetic Ketoacidosis in Children and Adolescents Queda da osmolaridade do plasma Queda de glicemia + Ganho de água livre CAD Emergências clínicas : abordagem prática / Herlon Saraiva Martins...[et al.]. -- 8. ed. rev. e atual. -- Barueri, SP : Manole, 2013. EHH Emergências clínicas : abordagem prática / Herlon Saraiva Martins...[et al.]. -- 8. ed. rev. e atual. -- Barueri, SP : Manole, 2013. Hipoglicemia Principal complicação do tto no paciente com dm Introdução/Fontes de glicose Glicemia Alimentação Glicogênio Hepático (Glicogenólise) Neoglicogenese Definição Tríade de Whipple: Glicemia < 45 mg/dL Sintomas associados a hipoglicemia Melhora com administração de glicose Isso é para não diabéticos! Quando penso em hipoglicemia no PS? Paciente com: Confusão mental; Agressividade; Convulsões; Coma; Déficit neurológico focal; Alterações neurológicas difusas. A hipoglicemia simula doenças neurológicas! Nova definição Todos os episódios de glicose plasmática baixa, com ou sem sintomas, que expõem o individuo a potencial dano Valor de glicemia capilar de alerta: ≤ 70 mg/dL 1. mais alto que o valor utilizado para diagnosticar hipoglicemia em não diabéticos 2. da tempo para o paciente agir, repetir a medida, evitar tarefas de risco 3. leva em consideração a acerácea limitada dos glicosímetros para valores baixos de glicemia É 70! Entendeu!? Fatores de risco Dose excessiva de insulina ou secretagogo (sulfonilureias e glinidas) Menor oferta de glicose (omitir refeição, jejum noturno) Maior utilização de glicose (exercício) Diminuição da produção endógena de glicose (consumo de álcool) Aumento da sensibilidade a insulina (perda de peso, melhora do controle glicêmico) Diminuição da eliminação da insulina e depuração de drogas hipoglicemiantes (insuficiência renal) Uso de β-bloqueadores Neuropatia autonômica Hipoglicemia e sulfuniluréias Glucovance [Bula]. Princeton, NJ: Bristol-Myers Squibb Company; 2004. 2. UKPDS Group. Lancet. 1998; 352: 837–853. 3. Draeger KE, et al. Horm Metab Res. 1996; 28: 419–425. 4. McGavin JK, et al. Drugs. 2002; 62; 1357–1364. 5. Metaglip [Bula]. Princeton, NJ: Bristol-Myers Squibb Company, 2002. Classificação e etiologias Classificação clínica Definição Hipoglicemia grave Evento necessitando da assistência de terceiros para administrar carboidrato, glucagon ou outra ação/ Nem sempre e possível confirmar a hipoglicemia: a recuperação neurológica é evidencia suficiente Hipoglicemia sintomática documentada Evento durante o qual sinais e sintomas Qpicos de hipoglicemia são acompanhados de glicemia ≤ 70 mg/dL Hipoglicemia assintomática Evento não acompanhado de sinais e sintomas tipicos de hipoglicemia, mas com glicemia ≤ 70 mg/dL Provável hipoglicemia sintomática Evento durante o qual sinais e sintomas típicos de hipoglicemia NAO são acompanhados de glicemia ≤ 70 mg/dL Pseudo-hipoglicemia Evento durante o qual um diabético relata quaisquer dos sintomas típicos de hipoglicemia, interpreta como indicativo de hipoglicemia, mas com glicemia > 70 mg/dl Resumo fisiologia Insulina Glucacon Catecolaminas Cortisol GH Resposta fisiológica/patológica à hipoglicemia Queda na liberação de insulina Liberação de glucagon Liberação de catecolaminas e cortisol pelas adrenais Ingestão de alimentos em vista dos sintomas de hipoglicemia Queda na liberação de insulina Liberação de glucagon Liberação de catecolaminas e cortisol pelas adrenais Ingestão de alimentos em vista dos sintomas de hipoglicemia ≥ 85 ≥ 75 ≥ 75 ≥ 55 ≥ 35 Disfunção cognitiva, torpor e coma Onde mora o perigo? n engl j med 369;4 nejm. org july 25, 2013 Quadro clínico Adrenérgicos Tremor Sudorese Palpitação/Taquicardia Sensação de fome Palidez Náuseas/vômitos Neuroglicepênicos Tonturas/ Fraqueza Distúrbios visuais Confusão mental Convulsões/ Coma Dilatação pupilar Cefaléia Parestesias Torpor/Hemiplegia Postura de decorticação Tratamento Prevenção Glicose oral Glicose intravenosa (2 a 5 ampolas) Glucagon intramuscular ou subcutâneo (Glucagen Hypokit®) 1 a 2 mg Opções de glicose oral E se paciente inconsciente, sem acesso venoso e sem glucagon? Esfregar Efeitos dos tratamentos E se paciente desnutrido, hepatopata ou etilista? Tiamina IV ou IM 100 mg junto com Glicose IV Porquê? R: Previne-se a encefalopatia de Wernicke-Korsakoff Zubaran, C. et al. Síndrome de Wernicke-Korsakoff Rev. Saúde Pública, 30 (6), 1996 Emergências clínicas : abordagem prática / Herlon Saraiva Martins...[et al.]. -- 8. ed. rev. e atual. -- Barueri, SP : Manole, 2013. Questões para treinamento Questão 1 (Liendo 2016) Paciente diabético aplica a dose de insulina ultrarrápida sem se alimentar e, logo em seguida, dirige-se a academia próxima de sua casa. Alguns minutos após o início de caminhada na esteira, ele desenvolve uma síncope, sendo levado imediatamente ao serviço de emergência de hospital próximo da academia. Na admissão, o paciente encontra-se inconsciente e a glicemia capilar é de 30 mg/dL. As enfermeiras tem dificuldade em encontrar acesso venoso periférico para este paciente. Sobre este caso, qual a MELHOR CONDUTA a ser tomada: a) Insistir na tentativa de um acesso venoso periférico por mais 5 minutos, prosseguindo com administração IV de glicose hipertônica. b) Providenciar acessovenoso profundo para administração IV de glicose hipertônica. c) Administrar glicose por via intramuscular. d) Administrar glicose por via subcutânea. e) Administrar glucagon por via intramuscular. e Comentário: O paciente que se apresenta com hipoglicemia sintomática deve ser tratado, caso inconsciente e sem acesso venoso possível, com glucagon IM ou SC. Infelizmente, em vista do preço elevado do glucagon e da baixa durabilidade dele, os hospitais tem deixado de comprar este medicamento. Por isso, em casos como este da questão, a única alternativa sensata é esfregar alguma fonte de carboidrato simples na mucosa jugal do paciente enquanto a equipe de enfermagem tenta obter um acesso venoso para administração de glicose hipertônica IV. Questão 2 Paciente masculino, 13 anos, chega à emergência do HUAP, com queixa de dor abdominal. Ao exame físico, encontra-se com respiração de Kussmaul, sinais de desidratação, taquicardia, hipotensão e hálito cetônico (maça verde). Os exames laboratoriais revelam acidose metabólica com anion gap elevado, glicemia de 322 mg/dL, glicosúria e cetonúria. Sobre este caso, qual alternativa contempla a MELHOR CONDUTA diante deste paciente: a. Na primeira hora após a admissão, é importante hidratá-lo através da administração de 20 a 30 ml/Kg de salina 0,9% (=soro fisiológico). b. A maior preocupação inicial é a correção da hiperglicemia. Por isso, independente dos níveis séricos de potássio, deve-se iniciar insulina regular na dose de 0,2U/kg/h. c. A dosagem de potássio sérico inferior a 3,3 mEq/L (Abaixo do valor mínimo de referência) indica o início imediato da insulinoterapia. d. A administração de bicarbonato de sódio deve ser imediata, pois só ela corrigirá a acidose metabólica do paciente. e. Na evolução do paciente, após o início do tratamento, a cetonúria é um parâmetro confiável para avaliação da resposta ao tratamento. a Comentário: A medida terapêutica fundamental diante de um paciente com suspeita clínica de CAD é a expansão volêmica rápida com soro fisiológico. Deve-se administrar cerca de 1000 mL da solução cristaloide na primeira hora. Esta medida será salvadora para a maioria dos pacientes. A hiperglicemia é de longe a maior preocupação no tratamento da CAD. Além disso, a sua correção, através da insulinoterapia, só está autorizada após a certeza dos níveis séricos de potássio. Jamais deve-se iniciar a insulinoterapia antes que se conheça os níveis sérios deste eletrólito. Caso a insulinoterapia seja iniciada precocemente ( na primeira hora após admissão) e os níveis de potássio estiverem baixos (< 3,3 mEq/L), pode-se precipitar um hipocalemia grave e, em decorrência desta, arritmias graves que, inclusive, podem evoluir para PCR. A administração de bicarbonato só está autorizada sem maiores divergências na literatura quando o pH encontra-se menor do que 6,9. Na faixa de 6,9 a 7,1, embora a reposição seja controversa, está respaldada por importantes literaturas e, por isso, nós a recomendamos. A cetonúria só é usado para estabelecer a diagnóstico de CAD, já que no Brasil não é possível ainda na maioria dos serviços hospitalares dosar a cetonemia. Na evolução, contudo, não há indicação do seu uso como parâmetro de melhora clinica. Aliás, é contraindicado, pois a cetonúria pode estar mais elevada em vista do aumento dos níveis de acetoacetato. Este aumento, curiosamente, não indica piora do quadro, mas a metabolização dos corpos cetônicos que, fisiologicamente, ocorre. Questão 3 A catoacidose diabética pode ser a manifestação inicial do diabetes tipo 1 ou aparecer durante intercorrências clínicas como infecção, trauma ou cirurgia em pacientes diabéticos. São considerados achados fundamentais para a suspeita diagnóstica desta afecção: a. Hiperglicemia acima de 600 mg/dL; ph sanguíneo acima de 15 meq/L; osmolalidade sérica acima de 310 mosm/kg. b. Hiperglicemia acima de 250 mg/dL; pH sanguíneo abaixo de 7,3; bicarbonato sérico menor que 18 meq/L. c. Hiperglicemia acima de 126 mg/dL; pH sanguíneo entre 7,3 e 7,5; bicarbonato sérico entre 15 e 30 meq/L. d. Acidose grave com hiperventilação; pH sanguíneo abaixo de 7,3; lactato sérico acima de 5 mmol/L. e. Hiperglicemia acima de 250 mg/dL; ph sanguíneo acima de 18 meq/L; osmolalidade sérica acima de 310 mosm/kg. b Comentário: Questão decoreba. Infelizmente, é importante que se conheçam os parâmetros objetivos para estabelecer o diagnóstico de cetoacidose. Dentre eles, temos: Glicemia > 250 mg/dL Acidose metabólica: pH < 7,3 e bicarbonato < 15/18 mEq/L Cetonúria ou cetonemia (nos serviços que dosam corpos cetônicos no sangue) A glicemia > 600 mg/dL é parte do arsenal diagnóstico do Estado hiperglicêmico hiperosmolar. Questão 4 a Comentário: Questão capciosa. Ela chama a atenção para o quadro clínico, que poderia fazer pensar em Delirium. Todavia, ela expõe uma informação importante: idoso em uso de glimeperida. Se vocês se lembrarem, a glimeperida é um antidiabético oral da classe das sulfuniluréia, ou seja, é um secretagogo da insulina. Este fármaco está associado aos episódios de hipoglicemia decorrentes do tratamento do DM. Neste caso, a quadro clínico decorre, possivelmente, de uma possível hipoglicemia precipitada pela glimeperida. O tratamento, neste caso, seria a administração de glicose hipertônica por via intravenosa. Contudo, caso o paciente estivesse consciente e, dentre as opções, houvesse alguma forma de alimento rico em glicose de rápida absorção, esta seria a alternativa mais plausível. Questão 5 c Comentário: O EHH é a emergência hiperglicêmica típica do paciente com DM 2 idoso. A volemia encontra-se, normalmente, muito depletada nesta afecção, podendo o déficit de água livre chegar a 9 litros. A glicemia > 600 mg/dL é um dos critérios diagnósticos objetivos do EHH. Nele, não há acidose metabólica importante e nem cetose significativa. Quando há, são leves. Questão 6 d Comentário: Questão capciosa. Mais uma vez, a descrição do caso foi sedutora, levando o aluno a pensar que o foco do autor era a hipercalemia. De fato, a dosagem de potássio > 5 mEq/L e a presença de ondas T apiculadas corroboram esta hipótese. Contudo, observe o valor de pH = 6,88, caracterizando uma acidose grave. Neste caso, a medida que fará mais diferença no propósito de salvar o paciente é a reposição de bicarbonato de sódio, mesmo que seja também mandatório, logo em seguida, a administração de gluconato de cálcio. Gostaríamos de destacar que o gluconato de cálcio não é administrado com o propósito de corrigir a hipercalemia. O seu uso tem o propósito de proteger o miocárdio da toxicidade da hipercalemia, prevenindo a ocorrência de arritmias graves e potencialmente fatais. Questão 7 c Comentário: A CAD é uma apresentação mais comum nos pacientes com DM 1. No entanto, tem aumentado nos últimos anos a frequência de pacientes com DM2 idosos com CAD. O bicarbonato deve ser reposto quando o pH torna-se inferior a 7,1. A adequada hidratação com soro fisiológico e a insulinoterapia com insulina regular IV é a base terapêutica da CAD. Errado. Isso está indicado quando há suspeita de infecção e sepse no paciente com CAD. Questão 8 c Comentário: Trata-se de um caso de EHH. O tratamento básico é a hidratação, a insulinoterapia e a reposição de potássio. Como o EHH é acompanhado de intensa desidratação e glicemia muito elevada, a altíssima osmolaridade plasmática pode justificar o uso de solução hipotônica na reposição volêmica, tal qual salina 0,45%. As doses de insulina são consideradas baixas. A investigação do fator desencadeante é mandatória. Caso seja infecção, deve-se instituir a antibioticoterapia. Diante da suspeita de sepse, é importante a coleta precoce de hemoculturas mais a cultura de amostra de sítio suspeito da infecção. Questões desafio Prova de residência Questão 9 (Unicamp 2016) c Comentário: Todo paciente que chega ao PS com sinais neurológicas focais ou difusos, rebaixamento do nível de consciência e alteração de comportamento deve ser avaliado imediatamentepor meio de um glicemia capilar. Posteriormente, outros exames serão solicitados para avaliar as alterações, como um TC de crânio sem contraste para déficit neurológico focal de início súbito. Questão 10 (Unicamp 2016) d Questão 11 (Unicamp 2016) b Obrigado Minha gratidão a Jesus Cristo, que pelo seu amor, dá-nos de bom grado da sua sabedoria
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