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Kamilla Galiza / 5º Período Objetivos 1. Identificar as causas das complicações diabéticas agudas: CAD, EHH e Hipovolemia. 2. Compreender a fisiopatologia e as manifestações clinicas das CDA 3. Analisar como se dá a avaliação e a conduta a ser tomada nas CDA 4. Discorrer sobre os efeitos de uma má conduta com as CDA Cetoacidose diabetica A cetoacidose diabética (CAD) é uma complicação aguda grave do DM, responsável por até 8% das internações por diabetes, cuja incidência tem aumentado em todo o mundo. Cerca de 30% dos casos novos de DM1 apresentam cetoacidose como manifestação inicial da doença – especialmente em crianças e adolescentes. Embora seja mais comum em quem tem diabetes tipo 1, principalmente jovens do sexo feminino, a CAD pode acontecer em quem tem diabetes tipo 2 submetidos a estresse intenso – infarto do miocárdio, sepse. O Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico (EHH), entretanto, é uma complicação exclusiva do DM2. Etiologia Geralmente o primeiro evento é ao diagnóstico do DM1. DM2 é muito raro ter cetoacidose, mas pode ter. Isso acontece porque o DM1 tem uma falha/insuficiência na produção de insulina. O DM2 acontece mais por falha metabólica de função da insulina (a insulina existe, ela é liberada pelas células beta, mas não é funcional), pode ser por falha na ativação da GLUT-4, menor atividade funcional ou menor quantidade de liberação. Quando estamos em jejum, as células beta são estimuladas para liberar glucagon. Ele reconhece a falta de circulação da glicose e busca um local de liberação de glicose. Então ele usa lactato, aminoácidos (proteínas da musculatura) e faz a quebra delas, fazendo gliconeogênese (fabricação de ácidos e atividade anaeróbia nas células pela quebra do lactato). Há quebra do glicogênio na glicogenólise. Para impedir que isso aconteça, é preciso uma carga de insulina • Por isso é mais raro no DM2: ele tem insulina, mas com volume reduzido. Há uma deficiência grave de insulina: • Apresentação inicial da doença em ~25% • Omissão do tratamento Aumento de hormônios contrarreguladores: • Glucagon, catecolaminas, cortisol, GH → o aumento do glucagon é responsável por jogar açúcar na circulação • Infecções e estresse também predispõe a cetoacidose ® Paciente com cetoacidose sempre tem que descartar os principais focos de infecção ativa: pulmão, urina e pele. ® Estresse estimula a liberação de adrenalina e células alfa, que estimula a liberação de glucagon. Fisiopatologia O substrato fundamental da CAD é a deficiência grave de insulina, a qual pode ser absoluta, com ausência de insulina circulante, como ocorre no DM1 sem Diabéticas complicações Kamilla Galiza / 5º Período tratamento adequado, ou relativa, por grande elevação dos hormônios contrarreguladores (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio do crescimento – GH) em pacientes com deficiência moderada de insulina, como pacientes com DM2 submetidos a estresse intenso. Caracteriza-se pela tríade bioquímica composta de hiperglicemia, cetonemia e acidose metabólica com ânion-gap alto. A ausência de ação da insulina, especial se associada à ação excessiva dos hormônios contrainsulínicos, determina uma produção hepática e renal elevada de glicose, enquanto sua captação pelos tecidos periféricos é reduzida, determinando hiperglicemia e consequente hiperosmolaridade, além de glicosúria, com diurese osmótica e perda de água, sódio, potássio e outros eletrólitos. Na CAD, a deficiência grave de insulina também determina aumento da lipólise por falta de ação inibitória da insulina sobre a atividade da lipase hormônio-sensível, no tecido adiposo, aumento da oferta de ácidos graxos livres ao fígado e consequente aumento da cetogênese hepática – maior betaoxidação lipídica nas mitocôndrias, por diminuição da malonil-coenzima-A e por aumento da atividade da carnitina - palmitoiltransferase – CPTF. Como os corpos cetônicos (ácido acetoacético, ácido beta-hidroxibutírico e acetona) são ácidos orgânicos, seu acúmulo determinará acidose metabólica com aumento do ânion-gap (normoclorêmica). É importante ressaltar mais uma vez que, normalmente, a cetogênese é bloqueada pela ação da insulina, mesmo quando esta se encontra em concentrações muito baixas. Por isso, a cetoacidose só acontecerá quando a deficiência de insulina for absoluta, como no DM1, ou quando os níveis de hormônios contrarregulares insulínicos, como cortisol, GH e glucagon, forem extremamente elevados na presença de uma deficiência relativa de insulina, como no DM2 na vigência de intercorrências médicas graves (infarto, sepse etc.) A fisiopatologia da cetoacidose diabética envolve: 1. Deficiência grave de insulina + aumento de hormônios contrarreguladores: falta da ação da insulina → aumento da glicogenólise e gliconeogênese hepática e renal; redução da captação de glicose pelos tecidos sensíveis a insulina (músculos, tecido adiposo, fígado) → aumento da concentração plasmática de glicose → perda urinária de glicose, quando a glicemia ultrapassa o limiar de recaptação renal de glicose (180 a 200 mg/dL) → diurese osmótica → perda intensa de água e eletrólitos → distúrbios hidroeletrolíticos (hiperosmolaridade, hipocalemia, hipotensão, choque); 2. Hiperglicemia, depleção de volume, distúrbios eletrolíticos: falta de inibição da insulina sobre a lipase hormônio-sensível → lipólise aumentada → aumento dos ácidos graxos circulantes → transportados para o fígado → aumento da atividade da CPTF pelo estímulo do glucagon → betaoxidação dos ácidos graxos e síntese de corpos cetônicos (acetona, ácido acetoacético e beta-hidroxibutírico); 3. Cetonemia e acidose metabólica: evolução aguda/subaguda (horas/dias), com quadro clínico associado a hiperglicemia (poliúria, polidipsia), depleção (hipotensão, taquicardia), acidose (dor abdominal, vômitos, respiração de Kussmaul), cetose (hálito cetônico) e hiperosmolaridade (redução do nível de consciência). Imagem 1 hormônio do crescimento (GH); aminoácidos (AAs); Ácidos Graxos Livres (AGL); Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico (EHH); cetoacidose diabética (CAD) Fatores desencadeantes São 2 os principais fatores precipitantes da CAD. 1. O primeiro fator é a infecção, que pode levar à resistência à ação insulínica e ao aumento de hormônios contrarreguladores, acarretando cetoacidose. As infecções são responsáveis por 30 a 50% dos casos de CAD. Os quadros infecciosos mais prevalentes são pneumonia e infecção do trato urinário, seguidos de pé diabético, celulite, sinusite, meningite e diarreia, embora qualquer infecção possa levar à descompensação diabética. 2. O segundo fator precipitante de grande importância é a baixa adesão ao tratamento, extremamente relevante em quem tem diabetes Kamilla Galiza / 5º Período do tipo 1 durante a adolescência, representando cerca de 20 a 25% dos casos de cetoacidose. 3. Outras causas importantes em pacientes acima de 40 anos são as doenças ateroscleróticas, como o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), responsáveis por até 5% dos episódios de CAD nessa faixa etária. Assim, de forma mais completa, ficam expostos os fatores precipitantes: infecções respiratória e urinária; baixa adesão ao tratamento (uso irregular de insulina); primo descompensação diabética (CAD é a primeira manifestação do DM1 em 25% dos casos). Em todo paciente que se apresenta com CAD, é obrigatória a pesquisa de fatores desencadeantes desse quadro, exceto, talvez, no jovem com diabetes do tipo 1 em uso irregular de medicação, com crise claramente relacionada à interrupção do uso de insulina. Manifestações clínicas A cetoacidose ocorre, principalmente, na população com faixa etária entre 20 e 29 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade. Seu aparecimento é agudo e os pacientes apresentampródromo com poliúria, polidipsia, polifagia e mal-estar indefinido, com duração de em geral de horas ou 1 dia. Sintomas Poliúria Polidipsia Perda ponderal Náuseas e vômitos Dor abdominal difusa, sem peritonismo Intolerância alimentar Cansaço Sinais Desidratação (perda 5-10%) Hálito cetônico Taquicardia Hipotensão (19% de óbitos) Taquipneia (Kussmaul) Torpor/coma (10%) Manifestações da doença precipitante Hipotermia Febre = infecção Exame físico Ao exame físico geralmente há desidratação, podendo haver hipotensão e, muitas vezes, taquicardia. Não é incomum que as extremidades estejam quentes e bem perfundidas pelo efeito de prostaglandinas. A dor abdominal é um achado bastante característico de cetoacidose (não no estado hiperosmolar, exceto se há outras causas associadas) e, provavelmente, tem relação com a alteração de prostaglandinas na parede muscular intestinal e com íleo paralítico (por desidratação, acidose e alterações hidroeletrolíticas). • É um achado que tende a melhorar muito com a hidratação inicial. Podem ocorrer: • Taquipneia para compensação da acidose metabólica; • Ritmo respiratório de Kussmaul (movimentos respiratórios rápidos e profundos quando o pH está entre 7 e 7,2); • Hálito cetônico ou “de maçã podre”, em razão do caráter bastante volátil da cetona. O paciente pode, ainda, apresentar as manifestações clínicas da condição precipitante do episódio de cetoacidose, como infecção do trato urinário e IAM. O quadro clínico é, portanto, relativamente inespecífico. Entretanto, o quadro laboratorial é largamente característico, composto pela tríade de hiperglicemia, cetonemia/cetonuria e acidose. O paciente normalmente está alerta. As manifestações neurológicas e as alterações do nível de consciência são muito mais relacionadas ao EHH do que à CAD. Entretanto, cerca de 10 a 20% dos casos de CAD (os mais graves, com maior hiperosmolaridade) podem cursar com torpor ou coma. O achado de febre não é frequente entre os indivíduos com CAD, e sua ausência não descarta a presença de infecção. Hipotermia é sinal de mau prognóstico. Manifestações gastrintestinais: dor, náuseas e vômitos estão presentes em cerca de metade dos casos. A dor abdominal pode ser grave a ponto de simular abdome agudo, mas tende a melhorar com a reversão da cetoacidose, o que ajuda no diagnóstico diferencial. Diagnostico Critérios Parâmetros laboratoriais Hiperglicemia Glicemia ≥ 250 mg/dl Acidose Ph arterial ≤ 7,3 ou bicarbonato sérico ≤ 18 mEq/L Cetose Cetonúria fortemente positiva ou cetonemia presente Kamilla Galiza / 5º Período Avaliação laboratorial 1. Glicemia (mesmo que tenha HGT) e HbA1c (acúmulo de glicose nos últimos 3 meses) 2. Gasometria arterial 3. Eletrólitos (K, NA, P, Cl) 4. Hemograma 5. EQU (Avaliação de cetonúria) 6. Creatinina e ureia 7. RX (se crepitação pulmonar...) 8. ECG (alterações de eletrólitos) 9. Culturas se sinais/sintomas de infecção *HbA1c < 7% é o ideal * Se glicemia > 250mg/dL, mas com cetonúria positiva e acidose metabólica, questionar sobre uso de glifozina (medicação que se usa em associação, para pacientes com difícil manejo da glicemia – é um inibidor SGLT-2, inibe a receptação de açúcar na urina). * A cetonúria tem detecção feita a partir de reação de nitroprussiato que reage com ácido aceto-acético e acetona, mas não reage com ácido 2-beta-OH- butírico: pode “piorar” no início do tratamento. Piora na cetonúria no início do tratamento não significa piora clínica. Classificação • Quadros leves ou até um moderado-leve, podem ser tratados no andar. • A insulina em BI pode ser feita nas primeiras 12h na emergência e depois ser feita SC. • Grande maioria (moderado e grave) é na CTI. • Grau de comprometimento: pH arterial e bicarbonato sérico. • pH < 7,3 já é acidose. Tratamento Os quadros de hiperglicemia com cetose, mas sem acidose (pH > 7,3), conhecidos como cetose diabética, podem ser tratados com hidratação e insulina suplementar, com reversão em poucas horas, geralmente sem necessidade de internação. Pacientes com CAD devem ser internados, submetidos a pesquisa de fatores desencadeantes e tratados de acordo com as diretrizes. Os 3 pilares fundamentais da terapêutica são hidratação intravenosa, reposição de potássio e insulinoterapia. Outros fatores importantes são a correção de outros distúrbios hidroeletrolíticos, a identificação e o tratamento do fator desencadeante e, acima de tudo, a monitorização contínua. A cada 2 a 4 horas, amostras de sangue para análise de potássio, sódio, glicose, ureia, creatinina e pH venoso devem ser colhidas. Reposição volêmica Imagem 2 . Critérios diagnósticos para cetoacidose diabética. A hidratação inicial visa restaurar o volume intracelular, o volume extracelular e a perfusão renal. A reposição volêmica deve corrigir o déficit de água e eletrólitos em 24 horas. A terapia com hidratação intravenosa é suficiente para reduzir a glicemia em 20 a 25% de seu nível inicial, independentemente do uso de insulina. O mecanismo ocorre pela diluição da glicose sérica, diminuição da resistência periférica a insulina (por melhora da perfusão) e diminuição do estímulo adrenérgico. • A reposição inicial vai de 1.000 a 2.000 mL de soro fisiológico a 0,9% nas primeiras 2 a 3 horas (15 a 20 mL/kg de peso). Depois que o paciente estiver normotenso e com débito urinário, a solução de escolha dependerá do sódio plasmático: utiliza-se solução salina a 0,9% se houver hiponatremia (lembrar de calcular o sódio corrigido), ou salina a 0,45% se o sódio plasmático corrigido for normal ou alto, com velocidade de infusão de 4 a 14 mL/kg/h ou de 250 a 500 mL/h. • Quando a glicemia baixar para < 250 mg/dL, deve-se associar glicose às soluções de Kamilla Galiza / 5º Período hidratação (na concentração de 5 ou 10%), a fim de evitar hipoglicemia. É importante reavaliar a osmolaridade plasmática a cada 1 a 2 horas e ajustar o tratamento de forma que a variação na osmolaridade não seja mais rápida que 3 mOsm/L/h para evitar o edema cerebral agudo, que é muito raro em adultos. À medida que as náuseas e os vômitos desaparecem e o paciente se torna vígil, é possível começar a repor as perdas por via oral. Reposição de potássio Em pacientes com diurese adequada, a solução salina infundida deve conter de 20 a 30 mEq/L (ou 10 a 15 mEq/h) de KCl se a potassemia é de 3,3 a 5,5 mEq/L; ou 40 a 60 mEq/L se potassemia < 3,3 mEq/L. Se a potassemia for muito baixa (< 3,3 mEq/L), não se deve iniciar ou se deve suspender temporariamente a administração de insulina (para não piorar a hipocalemia que pode levar a arritmias graves e fraqueza da musculatura respiratória) e repor KCl (intravenoso) até que o potássio plasmático esteja acima de 3,3 mEq/L, e só então reiniciar a infusão de insulina. Imagem 3.Reposição de potássio na cetoacidose diabética. Insulinoterapia No tratamento emergencial, devem-se utilizar apenas insulinas de ação rápida, como a regular, ou eventualmente os análogos lispro, asparte ou glulisina (reservadas aos casos de CAD leve a moderada, não complicada, já que sua eficácia nos casos mais graves ainda não foi comprovada). Nos casos de CAD moderada a grave, ou nos casos leves com depleção de volume, a insulina regular deve ser administrada na forma de infusão contínua intravenosa. A insulinoterapia é realizada concomitantemente com a hidratação intravenosa, exceto quando o paciente apresenta hipocalemia (K < 3,3 mEq/L), ocasião em que está contraindicada a insulina pelo risco de agravar esse distúrbio hidroeletrolítico (lembrar que a insulina provoca deslocamento do potássio do meio extracelular para o intracelular). Nessa situação, devem-se iniciar hidratação e reposição de potássio, reiniciando o uso da insulina apenas quando a potassemiaestiver acima de níveis seguros (K > 3,3 mEq/L). A insulinoterapia subcutânea ou intramuscular, usando insulina regular ou os análogos de ação ultrarrápida, pode ser uma boa opção a pacientes com CAD leve sem depleção importante (já que a depleção altera a absorção de insulina por via subcutânea). 1. Infusão contínua de insulina regular intravenosa: inicia-se com bolus de 0,1 UI/kg, seguido da infusão de 0,1 UI/kg/h ou 0,14 UI/Kg/h sem bolus. Essa dose contínua pode ser ajustada conforme a queda observada na glicemia venosa – alvo de queda de 50 a 70 mg/dL/h; 2. Uso de insulina regular intramuscular ou subcutânea a cada hora: inicia-se com bolus de 0,4 UI/kg, metade por via intravenosa e metade por via intramuscular ou subcutânea. Depois, mantém-se a dose de 0,1 UI/kg/h IM ou SC, observando-se a taxa de queda da glicemia, que deve ser mantida entre 50 e 70 mg/dL/h, ajustando a dose de insulina administrada, se preciso. Em crianças com CAD leve ou moderada e sem depleção importante, outro esquema muito utilizado é a administração de análogos de insulina ultrarrápidos (lispro, asparte ou glulisina), por via subcutânea, a cada 2 horas (dose habitual: 0,15 UI/kg a cada 2 horas). Se for usado o esquema de infusão contínua de insulina regular intramuscular em crianças, não se deve administrar o bolus inicial de 0,15 UI/kg e utilizar a dose de 0,05 UI/kg/h. Imagem 4. Insulinoterapia intravenosa na cetoacidose diabética. Kamilla Galiza / 5º Período estado hiperglicemico hiperosmolar É uma complicação aguda, mais comum no Diabetes Mellitus tipo 2 e idosos. Os diabéticos tipo 2 têm insulina disponível, prevenindo a lipólise e cetogênese evidenciados no mecanismo da cetoacidose diabética já mencionado. Por isso, os diabéticos tipo 2 raramente apresentam cetoacidose diabética, e então a complicação aguda é na forma de EHH. O estado hiperglicêmico hiperosmolar é decorrente principalmente de uma hiperglicemia excessiva (>600mg/dL) constante associada à desidratação severa. Diferentemente do que ocorre na cetoacidose, o EHH tem desenvolvimento insidioso e se manifesta em dias a semanas. O EHH tipicamente não se acompanhada de acidose metabólica, os pacientes não têm taquipneia, porém apresentam maior grau de desidratação e maior déficit sensorial (podendo levar ao coma). Fisiopatologia Há um aumento progressivo da osmolaridade sérica como consequência da hiperglicemia e hipernatremia sem uma elevação da osmolaridade intracelular, o que facilita o transporte de fluidos do meio intra → extra. Com a diminuição do volume intravascular, há comprometimento da função renal com menor eliminação de glicose (agrava a hiperglicemia). Essas alterações são possibilitadas em estados de hipovolemia persistente, uma vez que a reidratação causa queda da osmolaridade séria e aumento da eliminação renal de glicose. Ou seja, o EHHNC só acontece em pacientes que estão com o mecanismo da sede/acesso a fluidos prejudicado. A grande diferença com a CAD é a ausência de acidose + cetonemia, uma vez que na DM2 há insulina, mesmo que em níveis baixos, permitindo que previna a lipólise e a cetogênese. Quadro clínico O quadro clínico do paciente em EHH manifesta com sinais e sintomas de: • Desidratação • Hipovolemia • Taquicardia • Diminuição do débito urinário • Secura da pele O estado neurológico pode variar de: • Confusão mental • Torpor • Coma. Diagnostico Critérios da ADA para EHH: • Glicose plasmática > 600 mg/dl • Ph arterial > 7,3 • HCO3 > 18 • Osmolalidade plasmática efetiva > 320 Tratamento Os objetivos do tratamento da EH são: • Restauração do volume circulatório e perfusão tecidual • Redução gradual da glicemia e da osmolaridade plasmática • Correção do desequilíbrio de eletrólitos. O tratamento do EHH é semelhante ao do CAD, com foco na hidratação e administração de insulina. O cuidado necessário no EHH é quanto à velocidade da hidratação, pois a diminuição repentina da osmolaridade plasmática pode desencadear o edema intracelular (água entrando na célula), principalmente no edema cerebral, piorando o quadro neurológico do paciente. Referencias • Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2015. • Endocrinologia Clínica 6ª edição, 2016 Vilar, Lúcio • HIRSCH, Irl B.; EMMETT, Michael. Diabetic ketoacidosis and hyperosmolar hyperglycemic state in adults: Clinical features, evaluation, and diagnosis. UpToDate, v. 2, n. 5, p. 1-28, 2018. • HIRSCH, Irl B.; EMMETT, Michael. Diabetic ketoacidosis and hyperosmolar hyperglycemic state in adults: Clinical features, evaluation, and diagnosis. UpToDate, v. 2, n. 5, p. 1-28, 2018.
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