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Resumo de Concurso Material

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CONCURSO MATERIAL
Dá-se o concurso material, nos termos do art. 69 do CP, quando o agente, mediante duas ou mais ações ou omissões, comete 2 ou mais crimes, idênticos ou não. Nesses casos, as penas são somadas. O concurso material é também chamado de concurso real ou cúmulo material.
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 2 ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se 1ª aquela.
§ 1º Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
· Requisitos e Consequências do Concurso Material ou Real
O art. 69 do CP apresenta o rol dos requisitos e consequências em razão da adoção da regra do concurso material, a saber:
Requisitos:
a) mais de uma ação ou omissão;
b) a prática de dois ou mais crimes.
Consequência: Aplicação cumulativa das penas privativas de liberdade em que haja incorrido.
A questão do chamado concurso material cuida da hipótese de quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, poderá ser responsabilizado, em um mesmo processo, em virtude da prática de 2 ou mais crimes. Caso as infrações tenham sido cometidas em épocas diferentes, investigadas por meio de processos também diferentes, que culminaram em várias condenações, não se fala, segundo a nossa posição, em concurso material, mas sim em soma ou unificação das penas aplicadas, nos termos do art. 66, III, a, da LEP, com a finalidade de ser iniciada a execução penal.
O concurso material surge quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 2 ou mais crimes que tenham entre si uma relação de contexto, ou em que ocorra a conexão ou a continência, cujos fatos criminosos poderão ser analisados em um mesmo processo, quando, ao final, se comprovados, farão com que o agente seja condenado pelos diversos delitos que cometeu, ocasião na qual, o juiz cumulará materialmente as penas de cada infração penal por ele levada a efeito. Essa posição que assumimos é minoritária, não sendo a adotada pela maioria esmagadora de nossos autores.
Contudo, uma vez afirmada existência do concurso material, a regra a ser adotada será a do cúmulo material. Como dito, o juiz deverá encontrar, isoladamente, a pena correspondente a cada infração penal praticada. Depois do cálculo final de todas elas, haverá o cúmulo material, ou seja, serão as penas somadas para que seja encontrada a pena total aplicada ao sentenciado que, por sua vez, poderá somar-se a outras para efeitos de início de execução, sendo ainda possível a unificação com a finalidade de atender ao limite previsto pelo art. 75 do CP.
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 anos.
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste art.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
Estamos falando em soma e unificação como se fossem institutos distintos, e realmente são. Se não o fossem, a lei não teria necessidade de mencionar as duas hipóteses, como o faz na alínea a do inciso III do art. 66 da LEP, que diz competir ao juiz da execução decidir sobre a soma ou a unificação das penas.
Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
III - decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
Ficam configurados os crimes de roubo e extorsão, em concurso material, se o agente, após subtrair bens da vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a entregar o cartão bancário e a respectiva senha, para sacar dinheiro de sua conta corrente (STJ, HC 127.320/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª T., DJe 15/05/2015).
· Espécies
Pela expressão idêntica ou não, contida no caput do art. 69 do CP, podemos concluir pela existência de 2 tipos de concurso material:
a) Homogêneo: quando o agente comete dois crimes idênticos (dois roubos, dois estupros etc.) não importando se a modalidade praticada é simples, privilegiada ou qualificada. Para o reconhecimento desta modalidade, em que as infrações penais são da mesma espécie, é preciso que sejam diversas as circunstâncias de tempo, local ou modo de execução, pois, caso contrário, a hipótese seria de crime continuado. Haverá, portanto, concurso material, se os 2 roubos foram cometidos em datas distantes um do outro, ou em cidades diferentes, ou, ainda, se foram cometidos por modos de execução distintos;
b) Heterogêneo: quando o agente vier a praticar duas ou mais infrações penais diversas (um furto e um estelionato; um estupro e um aborto). Nestes casos, em que os delitos não são da mesma espécie, é fácil a distinção em relação ao crime continuado. Como a regra adotada pelo CP é a do cúmulo material, tal distinção não tem relevância prática, ao contrário do que ocorre, por exemplo, com o concurso formal.
· A soma das penas
A soma das penas propriamente dita só é possível quando os crimes cometidos forem apenados com a mesma espécie de sanção. Assim, se o réu for condenado por furto e estelionato (ambos apenados com reclusão) a 1 ano por cada um dos crimes, a pena final será de 2 anos de reclusão. O mesmo raciocínio se aplica se os delitos forem todos apenados com detenção. Se, entretanto, as penas privativas de liberdade previstas forem distintas, não haverá soma (no sentido aritmético). Em tais casos, estabelece a parte final do art. 69 que o juiz fixará as duas penas, sem somá-las, e o réu cumprirá 1º a pena de reclusão e depois a de detenção, sendo que, conforme observou Heleno Fragoso, essa disposição é inútil porque não há praticamente diferença entre uma e outra das penas privativas de liberdade que se cumpram sob o mesmo regime.
O critério expressamente adotado pelo art. 76 do CP refere-se à gravidade das penas privativas de liberdade, a saber, reclusão e detenção. Assim, havendo mais de uma condenação, com penas diversas, executa -se primeiro a pena de reclusão com precedência sobre a detenção, em ordem cronológica, sendo irrelevante se o delito é comum ou hediondo (STJ, HC 325.645/MS, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T., DJe 29/09/2016).
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais grave.
· Concurso material e penas restritivas de direitos
Estabelece o art. 69, § 1º, (já revogado tacitamente), que, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição por pena restritiva de direitos. A finalidade deste dispositivo era afirmar que, no caso de concurso material, se o condenado tivesse de cumprir pena privativa de liberdade por um dos delitos, em relação ao outro não caberia pena restritiva de direitos.
A Lei 9.714/98 alterou o capítulo das penas, criando algumas novas modalidades de penas restritivas de direitos, que podem ser cumpridas concomitantemente com a pena de prisão. Por isso, o art. 44, § 5º, do CP estabelece que, quando o condenado já estiver cumprindo pena restritiva e sobrevier condenação a pena privativa de liberdade por outro crime, o juiz da execução deverá decidir a respeito da revogação da pena restritiva, podendo deixar de decretá-la, se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. Assim, atualmente é possível, ao contrário do que diz o art. 69, § 1º (que sofreu revogação tácita), que o juiz, em casos de concurso material, aplique para um dos delitos pena privativa de liberdade — a ser cumprida efetivamente em prisão — e, em relação ao outro, realize a substituição por pena restritiva de direitos compatível como cumprimento da pena privativa de liberdade.
Após o advento da Lei 9.714/98, as penas restritivas de direitos nos crimes dolosos passaram a ser admitidas em condenações de até 4 anos, desde que não haja emprego de violência contra pessoa ou grave ameaça. Além disso, de acordo com a atual redação do art. 44, § 2º, do CP, dada por aquela lei, na condenação superior a 1 ano e inferior a 4, o juiz pode substituir a pena por uma restritiva e outra de multa, ou por duas restritivas de direitos.
Suponha-se, que o réu seja condenado a 2 anos por um furto qualificado e mais 1 ano e 6 meses por uma apropriação indébita. A substituição por penas restritivas é cabível porque as penas somadas não superam 4 anos (se superassem, o juiz deveria fixar pena privativa de liberdade em regime inicial semiaberto). Discute-se, na prática, se o juiz somará as penas e ao final as substituirá por duas penas restritivas (ou por uma restritiva e outra de multa), ou se fará duas substituições (a 1ª em relação ao furto e a 2ª em relação à apropriação indébita), podendo aplicar, nesta hipótese, 4 penas restritivas ou duas restritivas e mais duas multas. Essa questão não seria relevante se todas as penas restritivas substituíssem as privativas de liberdade pelo mesmo tempo, pois seria irrelevante cumprir 3 anos e 6 meses de prestação de serviços à comunidade pela soma das penas, ou cumprir 2 anos pelo furto qualificado e depois mais 1 ano e 6 meses pela apropriação indébita (lembre-se de que o prazo prescricional é sempre individual em relação a cada crime, mas não corre durante o cumprimento da pena). Contudo, se adotada a última corrente, o juiz poderia fixar, por exemplo, penas de prestação de serviços à comunidade (uma pelo furto e outra pela apropriação) e mais duas prestações pecuniárias (uma para cada crime), hipótese em que o réu teria uma sanção a mais a cumprir (uma prestação pecuniária a mais). Parece-nos que esta é a orientação correta, pois é o que ocorreria se o sujeito sofresse duas condenações em processos distintos, não havendo razão para ser beneficiado pelo mero fato de os crimes, cometidos em concurso material, serem apurados nos mesmos autos.
· A soma das penas prevista em dispositivos da Parte Especial
Em diversos crimes previstos no CP, o legislador mencionou expressamente que a violência utilizada pelo agente como meio de execução e que cause lesão leve não fica por ele absorvida, constituindo, assim, exceção ao princípio da consunção. Ademais, em tais casos, o legislador adotou redação que leva à conclusão de que as penas serão somadas, ainda que tenha havido uma única ação criminosa. Vejamos os seguintes exemplos:
a) no crime de injúria real (ofensa à honra por meio de agressão), a pena é de detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência (art. 140, § 2º);
b) no crime de constrangimento ilegal, o art. 146, § 2º, prevê que, além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência;
c) no crime de resistência, o art. 329, § 2º, estabelece que as penas deste art. são aplicadas sem prejuízo das correspondentes à violência.
Note-se que a redação dos dispositivos dá a clara noção de que as penas devem ser somadas, pois dizem que uma pena será aplicada além da outra ou sem prejuízo da outra. Por isso, se alguém agride um policial para não ser preso e acaba lesionando-o, serão somadas as penas dos crimes de resistência e de lesão corporal, embora a agressão tenha sido única.
Regras idênticas são encontradas, dentre outros crimes, nos de dano qualificado pelo emprego de violência (art. 163, § único, II), atentado contra a liberdade de trabalho (art. 197), coação no curso do processo (art. 344), exercício arbitrário das próprias razões (art. 345), evasão mediante violência contra pessoa (art. 352), arrebatamento de preso (art. 353), motim de presos (art. 354).
· Suspensão condicional do processo
O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de 1 ano (STJ, HC 48174/SC, Rel. Min. Paulo Medina, 6ª T., DJ 1º/8/2006, p. 553).
· Fiança
Não se revela cabível a fiança criminal quando, em concurso material a soma das penas mínimas abstratamente cominadas for superior a 2 anos de reclusão. Precedentes (STF, HC 79376/RJ, Rel. Min. Celso de Mello, RTJ 193, p. 936).

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