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DOSIMETRIA DA PENA Alyne Rayanna de Sousa S. da Silva Critério Trifásico: pena base por meio das três fases da pena. Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível 1ª Fase: pena-base. 2ª Fase: Agravantes e atenuantes 3ª Fase: causas de aumento e redução da pena Conceitos - Elementares: significa algo que é essencial, dados essenciais para configuração do tipo penal. Estão presentes sempre na cabeça do dispositivo, ou seja, no tipo-base, no caput. A ausência de um elementar pode provocar dois desdobramentos: 1. atipicidade absoluta (um indiferente penal); 2. atipicidade relativa (desclassificação de um tipo penal para outro) - Circunstâncias: são dados meramente acessórios, secundários ao tipo penal contribuindo para aumentar ou diminuir a pena. Estão presentes sempre nos tipos derivados, ou seja, nos parágrafos e incisos. Classificação das Circunstâncias NATUREZA APLICAÇÃO Objetivas/ Reais: aquelas que dizem respeito as características externas, extrínseca. Ou seja, ao lugar do crime (da prática), ao objeto do crime (corpo material), a qualidade, ao meio (artifício) ou modo de execução do crime. Ex.: art. 133, § 3º do CP (circunstância de aumento de pena); art. 121, § 2°, III e IV (modus operandi). Judiciais: são aquelas que não estão descritas no corpo legislativo, neste caso, cabe ao juiz livremente fixar tais circunstâncias no caso específico, com base nos critérios determinados pelo art. 59. Subjetivas/ Pessoais: aquelas que dizem respeito as características do sujeito ativo, aspectos pessoais, ou seja, interna do autor do crime. Como culpabilidade, personalidade do agente, antecedentes criminais, conduta social, motivos, reincidência etc. Ex.: art. 121, § 2, I, II e V do CP (motivação do crime). Legais: são aquelas descritas no corpo da lei. 1. Gerais ou Genéricas: são aquelas que estão descritas, na parte geral do Código Penal (art. 1º ao 120). 2. Especiais ou Específicas: são aquelas descritas na parte especial do Código Penal (art. 121 ao 361). - Obs.: as agravantes (subjetivas) e atenuantes (objetivas) não tem o mesmo peso (2ª Fase), as circunstâncias subjetivas têm mais pesos que as objetivas. Circunstâncias Legais 1. Gerais ou Genéricas Agravantes Atenuantes Causas de Aumento da Pena Causas de Redução da Pena GERAIS (Art. 1º-120) AGRAVANTES Características: 1. Função de provocar agravação ou elevação na pena. 2. Só pode ser aplicada em um momento adequado (2ª fase da dosimetria da pena). 3. Podem ser encontradas na parte geral do CP, rol taxativo nos art. 61 e 62 do CP. 4. Fixação do acréscimo cabe ao Juiz (usar como parâmetro o Princípio da Razoabilidade). Consenso jurisprudencial: deve ser fixado o acréscimo em até 1/6 da pena-base da 1ª fase da Dosimetria. ATENUANTES Características: 1. Vai provocar uma atenuação, ou seja, uma redução da pena. 2. Só pode ser aplicada em um momento adequado (2ª fase da dosimetria da pena). 3. Podem ser encontradas na parte geral do CP, rol taxativo nos art. 65 e 66 do CP. 4. Fixação do decréscimo cabe ao Juiz. Consenso jurisprudencial: deve ser fixado o decréscimo mínimo de 1/6 em diante na 3ª fase da dosimetria. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Características: 1. Efeitos: prova uma elevação ou aumento da pena. 2. Momento da dosimetria: adequado é a 3º fase da Dosimetria. 3. Podem estar descritas na Parte Geral (as que estão sendo tratadas aqui) e na Parte Especial do Código Penal. 4. Quantidade de acréscimo cabe ao legislador (na lei). Descrição no CP: a pena será aumentada; a pena será acrescida; aumentasse a pena em tanto (..). Ex.: art. 70, art. 71 do CP. CAUSAS DE REDUÇÃO DE PENA Características: 1. Efeitos: prova uma redução ou diminuição da pena. 2. Momento adequado: é a 3º fase da Dosimetria. 3. Podem estar descritas na Parte Geral (as que estão sendo tratadas aqui) e na Parte Especial do Código Penal. 4. Quantidade de decréscimo cabe ao legislador (na lei). Descrição no CP: a pena será reduzida; reduz-se a pena em tanto (..). Ex.: art. 14 do CP, art. 26, Parágrafo Único do CP. 2. Especiais ou Específicas Qualificadoras Privilegiadoras ESPECIAIS (Art. 121-261) QUALIFICADORAS Características: 1. Provoca uma elevação nos limites de pena previstos. Ex.: homicídio simples (art. 121 do CP), Pena: reclusão, de 6 a 20 anos. Mas, se caso houver uma qualificadora, os limites da forma simples serão elevados; homicídio qualificado (art. 121 § 2°), Pena: reclusão de 12 a 30 anos. Ou seja, se houver uma qualificadora a pena não será fixada na forma simples, mas na forma qualificada. 2. Devem ser fixadas antes do início da dosimetria da pena. 3. A descrição só pode ser encontrada na Parte Especial do CP (nos parágrafos, nos incisos). PRIVILEGIADORAS Características: 1. Provoca uma redução nos limites de pena previstos. Ex.: explosão (Art. 251 do CP, caput) na forma simples. Pena: reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. Contudo, o § 2° do referido artigo traz uma privilegiadora, Pena: reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. Ou seja, se houver uma privilegiadora a pena não será fixada na forma simples, mas na forma privilegiadora. 2. Devem ser fixadas antes do início da dosimetria da pena. 3. A descrição só pode ser encontrada na Parte Especial do CP (nos parágrafos, nos incisos). CAUSAS DE AUMENTO DE PENA Características: Ex.: Art. 121, §4º do CP “No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos”. CAUSAS DE REDUÇÃO DE PENA Características: Ex.: Art. 121, §1º do CP “Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. Dúvida: Como diferenciar as causas de aumentos e redução de penas da parte geral e da parte específica? APLICAÇÃO DA PENA Fases da individualização da pena: deve ser cominada, aplicada e executada de forma individualizada, levando em consideração características específicas do caso. Dividida em: cominação, aplicação e execução. COMINAÇÃO APLICAÇÃO EXECUÇÃO A fase em que o legislador descreve o crime e comina os limites de pena de acordo com o fato descrito (de formaindividualizada). É a dosimetria da pena, onde é fixada a pena cabível ao infrator. Momento em que o indivíduo é condenado e sua execução leva em consideração as particularidades do indivíduo. FASES DA APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA PRIMEIRA FASE SEGUNDA FASE TERCEIRA FASE Fixação da pena-base (padrão), dentro dos limites previstos em abstrato, com base nas circunstâncias definidas pelo art. 59, CP. 1. Verificação da natureza do crime (simples ou qualificado): definição dos limites de pena nos quais ocorrerá a operação de dosimetria. 2. Início da operação de dosagem partindo, sempre, do limite mínimo estabelecido em abstrato. 3. Realização de uma análise individual e fundamentada das circunstâncias judiciais definidas a partir dos critérios estabelecidos pelo art. 59, CP, sob pena de nulidade da sentença. ponderação das circunstâncias agravantes e atenuantes, previstas na parte geral do Código Penal (arts. 61 e 65, CP). 1. Conceito e características das circunstâncias agravantes e atenuantes. 2. Redução/aumento da pena aquém/além do limite mínimo/máximo previsto em abstrato, na 2ª fase: divergência doutrinária e jurisprudencial (Súmula 231, STJ). ponderação das causas de aumento e redução de pena, previstas na parte geral e na parte especial do Código Penal. 1. Distinção entre causas de aumento/redução de pena e circunstâncias 2. agravantes/atenuantes. Análise das circunstâncias judiciais do art. 59, CP (1ª Fase: fixação da pena-base) 1. Culpabilidade: (grau de culpabilidade): avaliação da intensidade do dolo ou da culpa, das condições pessoais, do fim almejado, dos conflitos internos do réu etc. É a reprovabilidade da conduta típica ilícita, ou seja, uma conduta reprovável. Só pode dizer que há comportamento criminoso quando se constata: tipicidade, ilicitude e culpabilidade. É um critério regulador da pena. 2. Antecedentes: Posicionamento majoritário: histórico criminal do agente (condenações definitivas anteriores) imprestável para efeito de aferição da reincidência (agravante) (Súmula 444, STJ); Reincidência (art. 63 do CP): Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Posicionamento minoritário: inclusão de inquéritos policiais, de processos penais em curso e de sentenças recorríveis (anotações constantes na folha de antecedentes criminais). Ponderação da sentença penal geradora de reincidência, já prescrita, como mau antecedente: divergências entre o STF e o STJ. Antecedentes são todos os fatos da vida pregressa do infrator, bons ou ruins, mas precisamente os fatos criminosos, ou seja, histórico do individuo tem ou possui antes da prática do crime ao qual está sendo julgado ou condenado. 3. Conduta social: comportamento do infrator perante a sociedade (ex. relações de trabalho, familiar) 4. Personalidade do agente: ponderação de todos os fatores de ordem psicológica que influem na formação do comportamento do indivíduo (diz respeito a sua índole, o seu caráter); 5. Motivos: : análise das razões ou dos fatores preponderantes para a realização da infração penal pelo agente (vedação do bis in idem: “vedação da dupla punição pelo mesmo fato” tem a importante missão de garantir que um indivíduo não seja processado duas vezes pelo mesmo crime. Significa que depois do cumprimento da pena, o condenado volta ao seu status quo ante diante da sociedade) Motivo fútil pode ser aplicado como: a) qualificadora (art. 121, §2º, II, CP); b) agravante (art. 61, II, a, CP) e c) circunstâncias judiciais (art. 59, CP). 6. Circunstâncias do crime: avaliação das circunstâncias fáticas nas quais o crime foi realizado, tais como o lugar do crime, o tempo de duração do crime, a relação existente entre vítima e autor etc. (vedação do bis in idem). 7. Consequências do crime: ponderação de todos os desdobramentos negativos oriundos da conduta delituosa, para a vítima ou terceiros (vedação do bis in idem); Consequências do crime são os efeitos negativos originados da conduta. 8. Comportamento da vítima: avaliação da contribuição fornecida pela própria vítima para o cometimento da infração penal pelo agente (vedação do bis in idem). Concurso de circunstâncias judiciais na 1ª fase da dosimetria: PB = P1+ {[(P2 – P1) ÷ 8] × α}. SIGLAS: PB – Pena-base P1 – Limite mínimo de pena P2 – Limite máximo de pena 8 – Corresponde as circunstâncias do art. 59 α – Número de circunstâncias desfavoráveis no caso concreto Pena-Base (PB) = Limite Mínimo de Pena (P1) + {[(Limite máximo (P2) – P1) ÷ 8] × α (Número de circunstâncias desfavoráveis no caso concreto)}. Exemplo Furto (art. 155, CP) Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. P1 = 01 ano P2 = 4 anos α = 4 (motivo, antecedentes, personalidade e conduta social) PB = 1+ {[(4 – 1) ÷ 8] × 4}. PB = 1+ {[3 ÷ 8] × 4}. PB = 1+ {0,375 × 4}. PB = 1+ 1,5 PENA-BASE = 2,5 (2 ANOS E 6 MESES) - Observação: Quando não houver nenhuma circunstância desfavorável o juiz deve aplicar a pena base. α nunca será igual a 8, o máximo será igual a 7. Critério de proporcionalidade matemática (com variantes): PB = P1+ {[(TM – P1) ÷ 8] × α}. SIGLAS: PB – Pena-base P1 – Limite mínimo de pena P2 – Limite máximo de pena TM – Termo médio (P1+ P2 ÷ 2) 8 – Corresponde as circunstâncias do art. 59 α – Número de circunstâncias desfavoráveis no caso concreto PB = P1+ {[(TM – P1) ÷ 8] × α}. Exemplo Furto (art. 155, CP) Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. P1 = 01 ano P2 = 4 anos α = 4 (motivo, antecedentes, personalidade e conduta social) TM = 1 + 4 ÷ 2 = 5 ÷2 = 2,5 (2 anos e 6 meses) PB = P1+ {[(TM – P1) ÷ 8] × α}. PB = 1 + {[(2,5 – 1) ÷ 8] × 4}. PB = 1 + {[1,5 ÷ 8] × 4}. PB = 1 + {0,1875 × 4}. PB = 1 + 0,75 PB = 1,75 (1 ANO e 9 MESES) Análise das circunstâncias agravantes e atenuantes (2ª Fase da Dosimetria) Circunstâncias agravantes (arts. 61 e 62, CP): agravação da pena, exceto se constituírem elementares ou qualificadoras (vedação do bis in idem). Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I – a reincidência; II – ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. Circunstâncias atenuante (arts. 65 e 66, CP): redução da pena. Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: I – ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; II – o desconhecimento da lei; III – ter o agente: a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; c) cometido o crime sob coação a que podia resistir,ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime; e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou. CONCURSO DE CRIMES CONCEITO: é a situação em que o agente através de uma só ou de várias ações/condutas provoca várias infrações penais, ou seja, produz uma pluralidade de crimes. CONCURSO DE CRIMES CONCURSO DE PESSOAS ≠ CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS Ou seja, o concurso de crime está direcionado a pluralidade de crimes, já o concurso de pessoas diz respeito a pluralidade de pessoas. - É possível que se configure ao mesmo tempo, simultaneamente, um concurso de crimes e um concurso de pessoas. O agente produz uma pluralidade de crimes através de uma ou várias ações. Dois ou mais agentes produzem determinadas situações. Existem um determinado fato, onde duas ou mais normas penais se aplicam a ele, contudo no final apenas será aplicada. SISTEMAS DE APLICAÇÃO DA PENA Sistema do Cúmulo material Aplica-se ao réu o somatório das penas de cada uma das infrações penais pelas quais foi condenado. Adotado: concurso material (art. 69); concurso formal imperfeito ou impróprio (art. 70, caput, 2ª parte) e concurso das penas de multa (art. 72). Sistema de absorção Aplica-se exclusivamente a pena da infração penal mais grave, dentre as diversas praticadas pelo agente, sem qualquer aumento. Sistema de exasperação Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave praticada pelo agente aumentada de determinado percentual. Adotado: concurso formal próprio ou perfeito (art. 70, caput, 1ª parte) e crime continuado (art. 71). ESPÉCIES DE CONCURSO DE CRIMES CONCURSO MATERIAL (REAL) Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. § 1º Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. § 2º Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. REQUISITOS EXIGIDOS: pluralidade de condutas; pluralidade de crimes (resultados), que podem ser idênticos ou não; conexão ou continência entre os crimes praticados (divergências doutrinárias). ESPÉCIES (doutrinário): A) Homogêneo: quando os crimes são idênticos. B) Heterogêneo: quando os crimes são diversos. • Aplicação da pena no concurso material de crimes: cúmulo das penas aplicadas a cada crime. 1. Concurso material e penas restritivas de direitos (art. 69, §§ 1º e 2º, CP). O § 1º do art. 69 do CP revela a possibilidade de se cumular, na aplicação das penas de crimes em concurso material, uma pena privativa de liberdade, desde que tenha sido concedido sursis, com uma restritiva de direitos. Também será admissível a aplicação de pena restritiva de direitos quando ao agente tiver sido imposta pena privativa de liberdade, com regime aberto para seu cumprimento, eis que será possível a execução simultânea de ambas. O § 2º dispõe que o condenado cumprirá simultaneamente as penas restritivas de direitos que forem compatíveis entre si, e sucessivamente as demais. Admite-se, o cumprimento simultâneo de prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária. Se forem, todavia, duas penas de limitação de final de semana, serão cumpridas sucessivamente. Competência para a aplicação do concurso material/real: a) juiz sentenciante (quando os vários crimes são julgados no mesmo processo) b) juiz da execução (quando os crimes forem julgados em processos distintos) (unificação das penas) CONCURSO FORMAL (IDEAL) CONCEITO: É aquele em que o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único. Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. CARACTERÍSTICAS OU REQUISITOS: unidade de condutas; pluralidade de crimes (resultados). ESPÉCIES: A) Homogêneo: quando os crimes são idênticos. (Ex.: três homicídios culposos praticados na direção de veículo automotor). B) Heterogêneo: quando os delitos são diversos. (Ex. A dolosamente, efetua disparos de arma de fogo contra B, seu desafeto, matando-o. O projétil, entretanto, perfura o corpo da vítima, resultando em lesões culposas em terceira pessoa). C) Perfeito: o agente realiza a conduta típica, que produz dois ou mais resultados, sem agir com desígnios autônomos (propósito de produzir, com uma única conduta, mais de um crime). Ocorre entre crimes culposos, ou entre um crime doloso e um crime culposo. (art. 70, caput, 1ª parte, CP) D) Imperfeito: se verifica quando a conduta dolosa do agente e os crimes concorrentes derivam de desígnios autônomos (envolve crimes dolosos). (art. 70, caput, 2ª parte, CP) • Aplicação da pena no concurso formal perfeito: aplicação da pena mais grave, se distintas, ou de qualquer das penas, se idênticas, mais acréscimo de um sexto a metade (exasperação). - Aplica-se a pena de qualquer dos crimes, se idênticos, ou então a mais grave, aumentada, em qualquer caso, de um sexto até a metade. O critério que norteia o juiz para fixar o aumento da pena entre os patamares legalmente previstos é, exclusivamente, o número de crimes cometidos pelo agente. NÚMERO DE CRIMES AUMENTO DA PENA 2 1/6 3 1/5 4 1/4 5 1/3 6 ou mais 1/2 • Concurso material benéfico (art. 70, parágrafo único, CP): aplicação do cúmulo material. Sistema do cúmulo material: é a simples soma aritmética das penas dos respectivos crimes. O Juiz aplica a pena de cada uma das infrações isoladamente e então as somas, totalizando-se a pena final. CRIME CONTINUADO CONCEITO: quando o agente, por meio de duas ou mais condutas, comete dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, local, modo de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art.75 deste Código. Requisitos do crime continuado: a) pluralidade de condutas (ações ou omissões realizadas pelo agente); b) prática de vários crimes de mesma espécie; c) existência das mesmas condições objetivas de tempo, lugar, modo de execução e outras semelhantes; d) unidade de desígnios ou relação de contexto entre os crimes. Teorias relativas a natureza jurídica do crime continuado 1) Teoria da ficção jurídica (Francesco Carrara): a continuidade delitiva é uma ficção criada pelo Direito. Existem, na verdade, vários crimes, considerados como um único delito para fins de aplicação da pena. Ou seja, os diversos delitos parcelares formam um crime final. 2) Teoria da realidade ou da unidade real (Bernardino Alimena): vislumbra o crime continuado como um único delito. A conduta pode ser composta por um ou vários atos, os quais não necessariamente guardam absoluta correspondência com a unidade ou pluralidade de delitos. 3) Teoria objetivo-subjetiva ou mista: não basta a presença dos requisitos objetivos previstos no art. 71, caput, do Código Penal. Reclama-se a necessidade da unidade de desígnio. 4) Teoria objetiva pura ou puramente objetiva: basta a presença dos requisitos objetivos elencados no art. 71, caput, do Código Penal. ESPÉCIES A) Simples ou comum: é aquele em que as penas dos delitos parcelares são idênticas. Sem violência ou grave ameaça (art. 71, caput, CP); B) Qualificado: é aquele em que as penas dos crimes são diferentes. C) Específico: aplica-se a pena a qualquer dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada até o triplo. Crimes dolosos, praticados com violência ou grave ameaça, contra vítimas diferentes (art. 71, parágrafo único, CP). * O crime continuado, em qualquer de suas espécies, constitui-se em causa obrigatória de aumento de pena, e incide, por corolário, na terceira fase da dosimetria da pena. 1. Aplicação da pena no crime continuado simples: aplicação da pena mais grave, se distintas, ou de qualquer das penas, se idênticas, mais acréscimo de um sexto a dois terços (adoção do sistema da exasperação). 2. Concurso material benéfico (art. 71, parágrafo único, CP): aplicação do cúmulo material. 3. Crime continuado e novatio legis in pejus: aplicação da nova lei mais grave (Súmula 711, STF). “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. O art. 72 do Código Penal dispõe que “No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. A lei revela a adoção, no tocante às penas de multa no concurso de crimes, do sistema do cúmulo material. LIMITE DAS PENAS - Consagração do princípio da limitação das penas pela Constituição Federal (art. 5º, XLVII): cumprimento da finalidade de prevenção especial da pena (ressocialização) Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; Limite de tempo para o cumprimento das penas privativas de liberdade: 40 anos (art. 75, caput, CP). Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. § 2º Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido O art. 10 do Decreto-lei 3.688/1941 – Lei das Contravenções Penais, dispõe “A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a 5 (cinco) anos.” A unificação é a transformação de várias penas e uma única. Súmula 715 A pena unificada para atender ao limite de quarenta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução. A competência para unificação das penas é do juiz das execuções penais (Art. 66, III, a, da Lei 7.210/1984). Condenação do agente pela prática de fato posterior ao início do cumprimento da pena privativa de liberdade: realização de nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido (art. 75, § 2º, CP). Essa regra se destina aos casos em que o agente, encontrando-se no cumprimento da pena privativa de liberdade, é condenado por fato praticado posteriormente ao início de satisfação da sanção penal. Despreza-se o tempo já obedecido pelo sentenciado, procedendo-se a nova unificação para obedecer ao limite de 40 anos. Em casos em que decorrer de fato anterior ao início do cumprimento da pena privativa não será realizada nova unificação. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA CONCEITO: SURSIS é a suspensão condicional da pena privativa de liberdade na qual o réu, se assim desejar, se submete durante o período de prova à fiscalização e ao cumprimento de condições judicialmente estabelecidas. TIPOS DE SISTEMAS Sistema anglo-americano ou “probation system” o magistrado, sem aplicar pena, reconhece a responsabilidade penal do réu, submetendolhe a um período de prova, no qual, em liberdade, deve ele comportarse adequadamente. Se o acusado não agir de forma correta, o julgamento é retomado, com a consequente prolação de sentença condenatória e imposição de pena privativa de liberdade. Sistema do “probation of first of enders act” o juiz determina a suspensão da ação penal, permitindo a liberdade do acusado, sem, contudo, declará-lo culpado. Durante a suspensão, o réu deve apresentar boa conduta, pois, caso contrário, é reiniciada a ação penal. - Esse sistema acolhido, no Brasil, definida pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. Sistema franco-belga o réu é processado normalmente, e, com a condenação, a ele é atribuída uma pena privativa de liberdade. O juiz, entretanto, levando em conta condições legalmente previstas, suspende a execução da pena por determinado período, dentro do qual o acusado deve revelar bom comportamento e atender as condições impostas, pois, caso contrário, deverá cumprir integralmente a sanção penal. - Adotado pelos art. 77 a 82 do CP. NATUREZA JURÍDICA DO SURSIS Instituto de política criminal cuida-se de execução mitigada da pena privativa de liberdade. O condenado cumpre a pena que lhe foi imposta, mas de forma menos gravosa. Art. 77, II, do Código Penal Direito Público subjetivo do condenado consubstancia-se em benefício penal assegurado ao réu. O juiz tem liberdade para analisar a presença dos requisitos legais, os quais, se presentes, impõem a concessão do sursis. Pena trata-se de espécie de pena, embora não prevista no art. 32 do Código Penal. Os requisitos da suspensão condicional da execução da pena são previstos no art. 77 do Código Penal: Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I – o condenado não seja reincidente em crime doloso; II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III – não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 do Código. § 1.º A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. § 2.º A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 4 (quatro)anos, poderá ser suspensa, por 4 (quatro) a 6 (seis) anos, desde que o condenado seja maior de 70 (setenta) anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. O momento adequado para a concessão do Sursis deve ser analisado, de maneira fundamenta, na sentença ou no acórdão (Art. 157, LEP) O juízo da execução não pode conceder a suspensão condicional da penal, por ser questão que deve ser solucionada durante o trâmite da ação penal. ESPÉCIES LEGAIS DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Sursis simples (art. 78, §1º, CP) aplicável quando o condenado não houver reparado o dano, injustificadamente, e/ou as circunstâncias do art. 59 do Código Penal não lhe forem inteiramente favoráveis. No primeiro ano do período de prova o condenado deverá prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana, cabendo a escolha ao magistrado. CONDIÇÕES: a condição legal e obrigatória é a prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana, durante o primeiro ano do período de suspensão (CP, art. 78, § 1.º). Sursis especial (art. 78, §2º, CP) aplicável quando o condenado tiver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 do Código Penal lhe forem inteiramente favoráveis. Obs: o condenado, em regra, não presta serviços à comunidade nem se submete a limitação de fim de semana, pois o juiz pode substituir tal exigência por outras condições cumulativas, tais como: proibição de frequentar determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. CONDIÇÕES: as condições legais que devem ser cumpridas cumulativamente no primeiro ano do período de suspensão são: proibição de frequentar determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. - OBSERVAÇÃO: A SUSPENSÃO DA PENA É CONDICIONADA, OU SEJA, OBEDECE ÀS CONDIÇÕES. O CÓDIGO PENAL NÃO ADMITE A SUSPENSÃO SEM CONDIÇÕES. - O art. 79 do Código Penal permite ao magistrado especificar, na sentença, outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. São as denominadas condições judiciais, que jamais podem ser vexatórias ou abusivas, não se admitindo que violem direitos fundamentais do condenado. - O art. 81 do Código Penal ainda prevê condições legais indiretas, assim chamadas por autorizarem a revogação do sursis. São condições proibitivas, uma vez que, se presentes, acarretarão na revogação do benefício. PERÍODO DE PROVA: é o intervalo de tempo fixado na sentença condenatória concessiva do sursis, no qual, o condenado deverá revelar boa conduta, bem como cumprir as condições que lhe foram impostas pelo Poder Judiciário. A fiscalização do cumprimento das condições do sursis será atribuída, pelo juiz, a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público, ou por ambos (LEP, art. 158, § 3.º). REVOGAÇÃO: Com a revogação do sursis, o condenado deverá cumprir integralmente a pena privativa de liberdade que se encontrava suspensa, observando-se o regime prisional (fechado, semiaberto ou aberto) determinado na sentença. Não se considera o tempo em que permaneceu no período de prova. Duas espécies: obrigatória ou facultativa. REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA REVOGAÇÃO FACULTATIVA Decorre da lei. É dever do juiz decretá-la, não havendo margem para discricionariedade acerca da decisão de manter ou não a suspensão. A atuação em consonância com a lei, não é automática; Exige-se decisão judicial. O art. 81, I, do Código Penal: “A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário”: I – é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso. II – frustra, embora solvente, a execução da pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano. III – descumpre a condição do § 1.º do art. 78 deste Código. Permite ao juiz a liberdade de revogar ou não o benefício. Nos termos do art. 81, § 1.º, do Código Penal: “A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos”. Vislumbram-se duas situações de revogação facultativa: 1. Descumprimento de qualquer outra condição imposta As condições ora indicadas são as previstas no Código Penal, em seus arts. 78, § 2.º, “a”, “b” e “c”, e 79, isto é, proibição de frequentar determinados ugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades, além das judiciais, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. 2. Condenação irrecorrível, por crime culposo ou contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. A condenação com trânsito em julgado, por crime culposo ou contravenção penal, a pena privativa de liberdade, somente comportará a manutenção do sursis quando for imposto o regime prisional aberto para o seu cumprimento. De fato, a aplicação de regime fechado ou semiaberto acarreta a obrigação de o condenado ser colocado em estabelecimento penal, incompatibilizando o cumprimento da suspensão condicional da pena. Em respeito aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, entende-se que deve ser ouvido o condenado antes da revogação do benefício, a ele conferindo a oportunidade para justificar eventual manutenção da suspensão condicional da pena. CASSAÇÃO DO SURSIS: se verifica quando o benefício fica sem efeito antes do início do período de prova. Hipóteses: 1. O condenado não comparece, injustificadamente, à audiência admonitória (LEP, art. 161). A suspensão ficará sem efeito, executando-se imediatamente a pena. 2. O condenado renuncia ao benefício. O cumprimento do sursis é vinculado à aceitação do condenado, podendo o réu preferir o cumprimento da pena. 3. O réu é irrecorrivelmente condenado a pena privativa de liberdade não suspensa. A condenação à prisão, durante o período de prova, é causa de revogação do sursis. Tem lugar a cassação, todavia, quando o trânsito em julgado ocorrer antes do início do período de prova, pois é incompatível o cumprimento simultâneo da pena em regime fechado ou semiaberto e do sursis. 4. A pena privativa de liberdade é majorada em grau de recurso da acusação, passando de dois anos. O sursis anteriormente concedido é cassado pelo tribunal. EXTINÇÃO DA PENA: Cumprido integralmente o período de prova, sem revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. É o que se extrai do art. 82 do Código Penal. A sentença é meramente declaratória, e retroage ao dia em que se encerrou o período de prova. Exige-se prévia manifestação do Ministério Público, sob pena de nulidade, com fundamento no art. 67 da Lei de Execução Penal. Fontes: MASSON, Cleber Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 14. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2020. Slides e aula da disciplina de Direito Penal 2, professor Leonardo Figueiredo.
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