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Psicossomática: história e conceitos

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Discplina: Psicologia da Saúde
Aula 3: Psicossomática
Introdução
Nesta aula, vamos ver a história do desenvolvimento do conceito de Psicossomática, até o
seu conceito atual.
Discutiremos ainda o conceito de Psicossomática, que abrange toda e qualquer doença e a
necessidade de uma interdisciplinaridade imposta pela incidência de fatores sociais e
psicológicos sobre o corpo.
Bons estudos!
Objetivos
Conhecer o conceito de Psicossomática e sua história;
Reconhecer o indivíduo como um ser integral;
Analisar as contribuições da Psicanálise e da Psicofísica no entendimento das doenças
psicossomáticas.
O que são doenças psicossomáticas?
Assista ao vídeo abaixo:

Doenças psicossomáticas | Fonte: Youtube.com
https://youtu.be/bQiZwhRHGxU
Primórdios da Psicossomática
Sintomas físicos podem ser causados pela mente?
Qual é a inter-relação entre corpo e mente?
Como se pode cuidar de um paciente cujo sintoma
físico é causado por um conflito psíquico?
 Corpo humano | Fonte: Martial Red / Shutterstock
+
 Cabeça humana | Fonte: Maksim M / Shutterstock
Essas questões intrigam os profissionais de saúde, e têm atualmente respostas
diferentes, mas acompanham aqueles que se dedicam ao cuidar desde a era
Clássica.
Vimos, na primeira aula, como Aristóteles entendia a noção de uma continuidade
entre corpo e alma (psyché). Vimos também como a noção holística do homem é
anunciada por Aristóteles que, de forma inovadora, já antecipava o olhar holístico,
que veio a desembocar na Psicossomática dos dias atuais.
A forma de entender a Psicossomática evoluiu ao longo da história deste conceito.
Mas as referências ao fenômeno de uma causa psíquica para uma enfermidade física
vêm desde as concepções da Medicina grega antiga. 
Vamos ver como se deu essa evolução.
Medicina separada da religião
Houve um período da História da Medicina que coincidiu, na Grécia clássica, com a
de outras áreas de saber, que não mais buscavam explicar os fenômenos humanos
naturais por uma concepção mágica ou mística.
Hipócrates é considerado o pai da Medicina, por tê-la estabelecido como uma
disciplina e por tê-la fundado como profissão separada da religião. 
 
Para ele, a causa das doenças não é uma punição dos deuses, mas um
desequilíbrio nos humores corporais, em consequência das disposições naturais
do temperamento do indivíduo, das influências do meio ambiente e das ações
atuais do paciente.
 Busto de Hipócrates | Fonte: Wikipédia

Saiba mais
Leia o texto “Contribuições de Hipócrates
<galeria/aula3/anexo/Contribuições de Hipócrates.pdf> ” para saber
mais sobre ele.
Alternância psicossomáticao
Uma das grandes contribuições que Hipócrates nos deixou é hoje descrito como
alternância psicossomática, que intriga os médicos ainda hoje. Segundo esse
conceito, o surgimento de uma doença física pode aliviar o quadro de um conflito
mental.
Atualmente, o conceito de alternância psicossomática permite entender o suceder
abrupto de uma situação psíquica e somática sucedendo a outra (Mello Filho, 2002).
Essa alternância explica os casos de remissão de sintomas físicos quando surge um
conflito mental e seu desaparecimento quando surge uma doença somática.
 Corpo humano frente e costa | Fonte: Stihii /
Shutterstock
Na próxima aula, veremos como geralmente os pacientes que desenvolvem doenças
autoimunes, como colite ulcerativa, parecem não ter um conflito psíquico.
Pensadores fundamentais para a
Psicossomática
Outros pensadores tiveram papel fundamental na história da Psicossomática.
Wilhelm Dilthey
Dilthey (Mello Filho-2002), quando propõe a separação das ciências naturais das
humanas, diz que esta se baseia na relação de sentido e significação, e com isto,
redimensiona a Psicologia. 
 
Agora os fenômenos psicológicos podem ser compreendidos, permitindo com isto
que o rigor da ciência possa valer também para a Psicologia.
1
Sigmund Freud
Freud , por sua vez, evidencia que as manifestações dos seres humanos, os
sonhos e os atos dos sujeitos têm um sentido. 
 
Na sua escuta da Histeria de conversão , Freud percebeu que não havia nenhum
órgão afetado quando apresentavam analgesias, paralisias e cegueira, mas os
sintomas no corpo eram traduções simbólicas de lembranças recalcadas, e que as
histéricas “sofriam de reminiscências” (Freud, 1893-1895).
Conceitos da Psicossomática
O que é Psicossomática?
Qual a importância deste saber para o profissional de
Saúde?
O que é somatizar ?
Assista ao vídeo abaixo:
2
3
4

Inserir Legenda: Doenças psicossomáticas | Fonte: Youtube.com
https://www.youtube.com/embed/RyvQD1J8WdQ
A evolução dos modelos de compreensão do processo saúde-doença passou de uma
etiologia linear – componente emocional para a determinação da doença para
modelos multicausais e integrais, que consideram que todas as doenças são também
determinadas por aspectos psicológicos e sociais que determinam sua evolução
(Mello, 2011, p. 535). 
Segundo Mello Filho (2010), a Psicossomática não é só uma ciência interdisciplinar
que integra Psicologia e Medicina para o estudo de efeitos de fatores sociais e
psicológicos sobre o corpo e o bem-estar dos indivíduos.
É, sobretudo, uma atitude, uma ideologia e uma prática da Medicina
integral. Vejamos as palavras de Mello sobre a Psicossomática:

Psicossomática, em síntese, é uma ideologia sobre a saúde,
o adoecer e sobre as práticas de Saúde. É um campo de
pesquisas sobre esses fatos e, ao mesmo tempo, uma
prática – a prática de uma Medicina integral.
(p. 29)
Doença psicossomática
No processo de cuidar do profissional de Saúde, a doença psicossomática deve ser
vislumbrada de forma integral em função da pessoa que adoece, pois em sua
singularidade, cada um adoece de sua própria maneira.
Assim, o termo psicossomático, que foi inicialmente usado para se referir apenas a
algumas doenças cuja relação entre corpo e mente se mostrava muito evidente,
passou atualmente a ser usado para “... toda e qualquer doença e tendência atual é
unitária” (Mello, 2002, p.21).
O que quer dizer que a doença é sempre vivenciada no registro do sentido e da
significação.
Esta atitude pode e deve também ser adotada pelo
profissional de Saúde no processo de cuidar!
 Paciente em uma maca de hospital | Fonte: Thaiview / Shutterstock

Saiba mais
Leia o texto “ Visão integral do ser humano”
<galeria/aula3/anexo/Visão integral do ser humano.pdf> para saber
mais sobre a psicossomática.
O profissional de Saúde na
Psicossomática
A complexidade e a integralidade dos sujeitos que têm doenças
psicossomáticas acabam por impor um trabalho que pode ser
exercido não só pelos médicos, mas por todos os profissionais
de Saúde. 
 
Não devemos esquecer que a concepção psicossomática partiu
de uma posição unidirecional psique-soma, inicialmente
formulada para outra posição adotada pela Psicossomática
atual de tomar os fenômenos relacionados ao adoecer em seu
conjunto (Mello, 2002).
Então, qual deve ser o papel do profissional de Saúde
neste contexto interdisciplinar?
Não se espera que ele seja também psicólogo, mas que possa se tornar um
observador qualificado, para desenvolver uma nova atitude no processo de
cuidar. Devemos, para isso, levar em conta as relações humanas no cuidar.
É a experiência clínica que pode nos ensinar a ampliar nossos horizontes e
apreender as relações dos fenômenos psicossomáticos com as significações do
sujeito no contexto atual das relações doença-família e médico-paciente, da qual
trataremos na aula 7. 
Por enquanto, visitaremos algumas contribuições que nos ajudarão a entender como
foram formuladas algumas das teorias a respeito da possível relação entre o
somático e o psíquico.
O que a Teoria Psicanalítica pode nos
ensinar sobre a relação corpo-mente?Embora outros psicanalistas tenham trazido enormes contribuições para o
entendimento dos fenômenos psicossomáticos, vamos nos limitar neste contexto a
ressaltar algumas contribuições de Freud, que nos ajudarão a entender como foi
formulada a relação corpo-mente pela Teoria Psicanalítica.
Toda a teorização de Freud surgiu da prática clínica com as histéricas, que
apresentavam inexplicáveis sintomas no corpo por uma causa orgânica. 
 
Outro exemplo que nos foi legado por Freud foi sua postura de escuta da
biografia de seus pacientes.
 
Criticando a sugestão, Freud afirma que aquele que usa da sugestão peca por
"não ceder à palavra ao paciente” (1923).
 Sigmund Freud | Fonte: Wikipédia
Diante dessas evidências, Mello (2002) ressalta (p.23) que “... o pensamento de
Freud foi eminentemente psicossomático desde o início”. 
Talvez o tema que podemos destacar como relevante para o estudo da
Psicossomática, ainda nos dias atuais, é o conceito de pulsão. 

Saiba mais
Leia o texto “A pulsão e o corpo erógeno” <galeria/aula3/anexo/A
pulsão e o corpo erógeno.pdf> para saber mais sobre a Força Pulsional.
Sintomas simbolizariam conflitos
 Cabeça humana | Fonte: Stihii / Shutterstock
Outra contribuição que Freud nos legou foi no campo da significação, ao afirmar que
os sintomas têm um sentido que simbolizam um conflito, um desejo inconsciente
que não pôde ser traduzido em palavras e que, uma vez traduzidos em palavras, são
passíveis de remissão.
Assim, o estudo do psiquismo abandona o campo da
representação da consciência, passando a afirmar, através do
conceito de inconsciente, que a maior parte de nossa vida
mental é regida pelos desejos e conflitos inconscientes,
permanentemente influenciando nossas atitudes e ações.
É dessa perspectiva que podemos entender uma doença psicossomática:
Um discurso sem palavras, um sintoma físico que é a
simbolização de um processo de pensamento do qual
não temos consciência.
As contribuições da Psicofisiologia
Enquanto os psicanalistas tentavam entender os fenômenos psicossomáticos no
registro do sentido e da significação, os psicofisiologistas também deram
contribuições que permitiram elucidar os mecanismos de interação psicofísica nos
níveis fisiológico e bioquímico, usando a experimentação.
Destacamos os trabalhos de alguns teóricos:
1
Walter Bradford Cannon
Mello (2002) mostra a importância do trabalho de Cannon , que contribuiu para a
Psicofísica com seu clássico trabalho sobre as modificações fisiológicas produzidas
pela “secreção adrenalínica de emergência”, subjacentes aos estados de fome,
medo, dor e raiva.
O trabalho pioneiro de Cannon influenciou as descobertas da Psicofísica, que é o
estudo das interações entre estados mentais e processos fisiológicos.
Os psicofisiologistas começaram a buscar relacionar os estados mentais às
modificações no corpo.
2
Wolf e Wolf (Mello, 2002)
Constataram a íntima relação que guardava o funcionamento global dos órgãos de
determinados pacientes com os mais diversos estados emocionais.
Processo de reação do organismo
Selye (Mello, 2002) confirma experimentalmente que qualquer vivente tem
tendência a desenvolver de forma uniforme e inespecífica, anatomofisiologicamente
aos vários estresses aos quais se vê submetido. 
Esse autor denomina o processo de reação do organismo, buscando respostas
adaptativas de síndrome-adaptação, distinguindo três fases:
Alarme
Também denominado choque, iniciado por uma descarga adrenérgica:
taquicardia, diminuição do tônus muscular e temperatura, hipercalcemia, entre
outras.
Contrachoque
5
Quando as reações humorais e neurovegetativas são modificadas por uma
hiperatividade do córtex suprarrenal.
Defesa
Se o agente estressante continuar com sua atuação, o organismo entra em uma
fase de defesa, onde há uma permanente hiperatividade corticossuprarrenal, e
uma fase de esgotamento, consequência da falha dos mecanismos adaptativos
a estímulos permanentes e excessivos.

Atenção
As “doenças de adaptação” são as que Selye denomina de resultantes do uso
excessivo dos mecanismos de defesa. 
A úlcera péptica, certas formas de artrite, hipertensão arterial e lesões
miocardiais são algumas destas resultantes. 
Com a Psicanálise, vimos como o sofrimento de uma vivência pode ser
expressada simbolicamente no corpo, e como a Psicofísica entende alguns
mecanismos que interrelacionam corpo e mente.
É importante ressaltar que perceber o que não é falado
diretamente, e que aparece no corpo, não é tarefa fácil. Dar a
palavra ao sujeito, na prática do dia a dia, não é fácil. 
Esperamos que este percurso pela Psicossomática dê a você um modelo de
assistência integral, com a possibilidade de desenvolver uma ideologia que o ajude
na elaboração de um novo modelo no processo de cuidar.
Atividade
Utilize os números para correlacionar os conceitos às suas definições:
a) O surgimento de uma doença física pode aliviar o quadro de um conflito
mental. Explica os casos de remissão de sintomas físicos quando surge um
conflito mental e seu desaparecimento quando surge uma doença somática.
b) Um discurso sem palavras, um sintoma físico que é a simbolização de um
processo de pensamento do qual não temos consciência.
c) Resultantes do uso excessivo dos mecanismos de defesa.
d) É uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de Saúde. É
um campo de pesquisas sobre esses fatos e, ao mesmo tempo, uma prática – a
prática de uma Medicina integral.
Notas
Dilthey
Wilhelm Dilthey foi um filósofo hermenêutico, psicólogo, historiador, sociólogo e pedagogo
alemão.
Freud
Conhecido como Sigmund Freud, formou-se em medicina e especializou-se em Neurologia,
tendo logo a seguir criado a Psicanálise.
Histeria de conversão
Doenças nervosas que promoviam distúrbios de personalidade.
Somatizar
1
2
3
4
O termo somatização é considerado “um mecanismo de interferência da ‘mente’ no corpo”
(Mello, 2011, p. 535).
Esse mecanismo aponta para a inter-relação do sofrimento emocional e o adoecimento físico
como tendo participação em qualquer doença.
Estes sintomas não têm origem no corpo, mas o afetam de forma significativa e são
denominados sem origem médica (SEM).
Cannon
Walter Bradford Cannon, Professor e presidente do Departamento de Fisiologia da Harvard
Medical School.
Referências
FREUD, S. Estudos sobre a histeria. Obras completas. Vol. II. Rio de Janeiro: Imago.
MELLO FILHO, Julio. Concepção psicossomática: visão atual. 11. Ed. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2002.
______; BURD, Miriam; et al. Psicossomática hoje. 2. Ed. Artmed, 2011. 
Próximos Passos
• O conceito de sujeito e como é determinado psicossocial e culturalmente; 
• A importância de entender como cada sujeito singular vivencia sua própria doença;
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