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Psicossomática: Origem e Evolução

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DESCRIÇÃO
A construção histórica da Psicossomática e sua efetivação como campo de conhecimento da
Psicologia na área de Saúde.
PROPÓSITO
Compreender o conceito e a origem da Psicossomática para fins de obtenção de conhecimento
e atuação profissional dentro da Psicologia, discutindo a dicotomia mente e corpo.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Comparar as abordagens monistas e dualistas no problema mente/corpo
MÓDULO 2
Descrever o conceito de Psicossomática e sua evolução histórica
MÓDULO 3
Relacionar fundamentos da Psicossomática às práticas atuais
INTRODUÇÃO
Vamos estudar a visão mente e corpo, o conceito de psicossomática e somatopsíquico, para
assim descobrir a evolução da Psicossomática que aconteceu em três fases: psicanalítica,
behaviorista e multidisciplinar. Precisamos compreender que a Psicossomática não se resume
às doenças psicossomáticas, mas engloba todo um campo de estudos que considera o ser
humano em sua forma biopsicossocial, ou seja, o ser humano em sua integralidade. Desta
forma, vamos relacionar esses conceitos às práticas multi e interdisciplinares no campo da
Saúde.
MÓDULO 1
 Comparar as abordagens monistas e dualistas no problema mente/corpo
A DICOTOMIA MENTE/CORPO E SUA
REPERCUSSÃO NA PRÁTICA DO
PROFISSIONAL DE SAÚDE
Para discutir as concepções monistas e dualistas sobre o problema da mente e do corpo,
vamos precisar fazer uma breve visita à mãe de todas as ciências: a Filosofia. É na Filosofia
que esse problema é posto de forma sistemática e pensado por renomados filósofos da nossa
história. Veja os pensamentos de importantes filósofos sobre essas concepções.
DUALISMO
Dualismo é uma oposição ao pensamento monista, ou seja, mente e corpo são entidades
separadas, distintas e incompatíveis. Os dualistas, como o filósofo René Descartes, aceitam
que há relação entre mente e corpo, mas isso não significa que a mente padeceria após a
morte física do nosso corpo.
Vamos recorrer ao dicionário de Psicologia da American Psychological Association (APA) para
melhor compreensão desse conceito:
NO CONTEXTO DO PROBLEMA MENTE-CORPO,
DUALISMO É A POSIÇÃO DE QUE MENTE E CORPO
CONSTITUEM DOIS REINOS OU SUBSTÂNCIAS
SEPARADAS. POSIÇÕES DUALISTAS LEVANTAM A
QUESTÃO DE COMO MENTE E CORPO INTERAGEM
NO PENSAMENTO E NO COMPORTAMENTO [...] PARA
DESCARTES, ISSO SIGNIFICA QUE A MENTE
CONTINUA EXISTINDO MESMO QUE O CORPO
MATERIAL NÃO EXISTA MAIS.
(APA, 2010, p.312)
Platão foi um dos mais brilhantes filósofos que existiu. Nasceu em Atenas, na Grécia Antiga, e
viveu entre os anos de 427-347 a.C. Formulou a tese de que existe um mundo dos sentidos e
um mundo das ideias. Para explicar melhor a tese de Platão, podemos usar uma ilustração
confeccionada pelo próprio filósofo: o mito da caverna. De forma resumida, o mito da caverna
consiste em prisioneiros que se encontram condenados a viverem o resto de seus dias em uma
caverna, acorrentados e impossibilitados de enxergarem o que acontece por trás da entrada do
lugar. Tudo o que eles conseguem ver são sombras de pessoas e objetos projetadas na parede
da caverna, graças a uma fogueira presente no local. Um prisioneiro consegue escapar e
encontrar a saída, observa admirado o mundo exterior que sempre esteve ali, mas com o qual
ele apenas se conectava pelas sombras projetadas na caverna.
A alegoria da caverna serve para ilustrar a tese platônica do mundo das ideias e do mundo dos
sentidos. Para o filósofo grego, este mundo seria justamente o material, que conseguimos
captar pelos nossos órgãos sensoriais. São as projeções imperfeitas das sombras do que
existe no mundo das ideias. Portanto, o mundo das ideias é o exterior da caverna no mito de
Platão. É neste mundo que reside as formas perfeitas e eternas, separado do âmbito material e
que não pode ser acessado pelos órgãos sensoriais. Em outras palavras, a forma de contato
com o mundo das ideias é através da razão. É assim que Platão pode ser considerado um
dualista: para ele, a alma do homem é imortal e um dia ela já habitou o mundo das ideias, pois,
se o corpo é o possuidor dos sentidos e consegue captar esse mundo. A alma é possuidora da
razão, e é a parte do ser humano que acessa o mundo das ideias.
Em Platão, existe uma clara separação entre corpo (material) e alma (abstrata). Enquanto o
corpo habita o mundo dos sentidos, a alma pertence ao mundo das ideias. O corpo seria um
instrumento para a alma do ser humano.
 
Fonte: Shutterstock.com.
 Ilustração de “O mito da caverna”.
Outro importante dualista que também pertence ao campo da filosofia foi René Descartes. O
filósofo francês pensava que os sentidos são ferramentas falhas para conhecer a verdade, pois
eles nos enganariam o tempo todo. De fato, os sentidos humanos – visão, olfato, paladar, tato
e audição – podem nos enganar. Basta recorrermos aos inúmeros exemplos de ilusão de ótica,
nos quais uma figura pode ser interpretada de diversas formas, ou pode nos levar a acreditar
que uma imagem estática está em movimento. Faça o seguinte exercício: entre no Google
Imagens e digite a expressão “ilusão de movimento”. Você verá imagens estáticas, mas terá a
sensação de que elas estão em movimento.
Descartes busca pôr em xeque todas as certezas sobre o mundo, com o objetivo de chegar a
certezas irrefutáveis. A primeira certeza de Descartes era a de que ele não podia duvidar de
sua própria existência, pois: penso, logo, existo. Em outras palavras, para pensar é preciso
existir, não haveria a mínima possibilidade de um pensamento sem existência, logo, a
existência se constituía em uma certeza para Descartes.
 
Fonte: Shutterstock.com.
 René Descartes.
O filósofo usa o exemplo da cera para indicar como conhecemos as coisas pela razão e não
pelos sentidos. Um pedaço de cera derretido tem suas características modificadas e
transformadas, mas continua sendo cera:
O QUE É, POIS, QUE SE CONHECIA DESTE PEDAÇO
DE CERA COM TANTA DISTINÇÃO? CERTAMENTE
NÃO PODE SER NADA DE TUDO O QUE NOTEI NELA
POR INTERMÉDIO DOS SENTIDOS, POSTO QUE
TODAS AS COISAS QUE SE APRESENTAVAM AO
PALADAR, AO OLFATO, OU À VISÃO, OU AO TATO, OU
À AUDIÇÃO, ENCONTRAM-SE MUDADAS E, NO
ENTANTO, A MESMA CERA PERMANECE.
(DESCARTES, 1979, p. 96)
A dependência em conhecer através dos sentidos poderia nos enganar no exemplo citado,
pois, graças a nossa res cogitans sabemos que a cera continua sendo cera, mesmo que
derretida e com outras características.
RES COGITANS
Termo de origem no latim, que significa coisa pensante. O ser humano tem uma res
cogitans, em circunstâncias naturais, todo ser humano pensa e, como indicado por
Descartes em seu método, pode duvidar das ideias que ele tem sobre si e sobre o
mundo.
 
Fonte: Gimas / Shutterstock.com.
 Escultura de bronze “O Pensador”, de Auguste Rodin.
É neste sentido que o dualismo cartesiano está ancorado nessas duas substâncias
incompatíveis. Enquanto a res cogitans está associada à mente, a res extensa está
relacionada ao corpo. Aqui, existe um claro dualismo entre mente e corpo. Destaca-se a opção
de Descartes em usar o substantivo res extensa para nomear a esfera da matéria física, o
javascript:void(0)
javascript:void(0)
filósofo evidencia com essa escolha que toda matéria física tem uma extensão no espaço. A
própria cera, ainda que derretida, continua ocupando o espaço com sua extensão. O próprio
cérebro – órgão em que alguns autores da psicologia, principalmente, os de cunho
cognitivistas, vão indicar como sinônimo de mente – possui uma extensão, mas, para
Descartes, a mente não possui nenhuma extensão no espaço, o que, para ele, significa que ela
continua existindo mesmo depois da morte do corpo material.
De que forma mente e corpo se relacionavam em Descartes? O autor acreditava que a
glândula pineal exerce um papel fundamental nesse processo. Segundo o pensador:
RES EXTENSA
A gênese da palavra está no latim e significa coisa expandida. Descartes usa o termo
para indicar o aspecto físico da matéria. Toda a matéria ocupa espaço físico, ainda queela seja modificada como a cera derretida, a propriedade da extensão continua existindo
na mesma matéria.
A RAZÃO QUE ME PERSUADE DE QUE A ALMA NÃO
PODE TER, EM TODO CORPO, NENHUM OUTRO
LUGAR, EXCETO ESSA GLÂNDULA, ONDE EXERCE
IMEDIATAMENTE SUAS FUNÇÕES, É QUE CONSIDERO
QUE AS OUTRAS PARTES DE NOSSO CÉREBRO SÃO
TODAS DUPLAS, ASSIM COMO TEMOS DOIS OLHOS,
DUAS MÃOS, DUAS ORELHAS, E ENFIM TODOS OS
ÓRGÃOS DE NOSSOS SENTIDOS EXTERNOS SÃO
DUPLOS [...]
(DESCARTES, 1979, p. 229)
A mente não é sinônimo de cérebro para Descartes, porque os animais, assim como os
humanos, possuem cérebros, mas eles não possuem capacidade de raciocínio. Os animais,
em suma, consistem apenas em corpos, já os seres humanos possuem corpos e mente.
 
Fonte: René Descartes/ Wikimedia Commons/Domínio Público.
 Desenho de René Descartes em "Tratado do Homem", retratando a função da glândula
pineal.
Descartes se aproxima de Platão, não no sentido da existência de um mundo dos sentidos e
um mundo das formas, mas pela via da existência da mente (ou alma em Platão), após o
perecimento do corpo físico humano.
MONISMO
A posição dualista do problema mente e corpo não é uma unanimidade nos dias de hoje.
Grande parte da comunidade científica defende uma posição monista, isto é, de que mente e
corpo não se constituem em substâncias diferentes. Se, para Platão, havia um mundo dos
sentidos e um mundo das ideias, o primeiro abrigando a substância material enquanto o
segundo acolhia nossas almas, para os monistas, essa separação não existe. Os monistas
acreditam que o ser humano, apesar da sua aparente diversidade expressa pelo problema
mente e corpo, tem sua gênese em um único princípio ou substância.
Monismo – Em uma concepção discursiva do problema mente e corpo, os monistas são
aqueles que pensam em uma integração entre as duas entidades, ou seja, mente e corpo
estão relacionados e intrinsecamente combinados. O dicionário de psicologia da APA descreve:
“No contexto do problema mente-corpo, monismo é qualquer posição que evita o dualismo.”
(APA, 2010, p.621)
Aqui, é importante destacar que existe uma ideia geral de que a vertente dualista do problema
mente e corpo se relaciona de uma forma mais próxima a algum tipo de espiritualidade – o que
faz sentido, uma vez que a eternidade da mente em Descartes, ou o mundo das ideias de
Platão, evoca um mistério desconhecido pelo ser humano. Enquanto o monismo estaria mais
associado a uma crença na finitude da espécie, de seu corpo, de sua mente e de sua
substância. Porém, alguns filósofos monistas também pensavam o monismo pela via do
espírito. Para Hegel, por exemplo, não existe separação entre ser e pensar (como existe em
Descartes), ou seja, ele é um monista. Entretanto, Hegel pensa um monismo pela via de
espírito infinito. Algo parecido acontece em Spinoza que, apesar de ser monista, considera que
Deus é a substância única, mas no sentido de que Deus e natureza são a mesma coisa, por
isso, Spinoza é considerado um panteísta.
 
Fonte: Shutterstock.com.
A nossa Psicologia contemporânea do século XXI tende a se aproximar mais do monismo do
que do dualismo. Uma das explicações para essa posição foi a empreitada de tornar a
Psicologia do século XIX uma ciência experimental. É William Wundt quem leva esse crédito ao
inaugurar, em 1879, na cidade Leipzig (Alemanha), o primeiro laboratório de Psicologia
Experimental oficial do mundo.
Portanto, para se tornar ciência, a Psicologia precisou se adequar aos equipamentos,
instrumentos e laboratórios, considerados científicos. Como analisar a mente através de
instrumentos e técnicas científicas, uma substância que, para Descartes, não tem extensão no
tempo e que, para Platão, já habitou o mundo das ideias? Na impossibilidade de provar a
existência da mente separada do corpo, pelo menos no que tange ao uso de instrumentos
científicos, grande parte dos psicólogos atualmente adota uma posição monista, o que não
significa dizer que o dualismo tenha desaparecido da Psicologia ou de qualquer outro campo
científico. No entanto, é bem verdade que é mais difícil encontrar cientistas que adotam essa
posição, pelo menos, publicamente.
O CURIOSO CASO DE PHINEAS GAGE
O emblemático caso de Phineas Gage é usado para ilustrar o monismo e sua afirmação de que
mente e corpo constituem uma só substância. Phineas Gage foi um estadunidense nascido em
1823, no estado de Nova Hampshire. Em 1848, Gage estava trabalhando como operário em
uma linha férrea. Seu trabalho era fazer detonações no terreno para construir o caminho
necessário para a passagem dos trilhos. Essa detonação era feita com pólvora e, em uma de
suas rotinas, um acidente aconteceu, enquanto Gage estava acomodando a substância no
local em que havia planejado.
O acidente fez voar uma barra de ferro de mais de 1 metro contra seu crânio. A barra
atravessou seu rosto atingindo seu cérebro, atravessando a extremidade da cabeça do
operário. A morte parecia certa para os seus colegas de trabalho, que vislumbraram o acidente,
mas Gage ficou apenas atordoado e logo recuperou seus sentidos. Suas capacidades
intelectuais pareciam intactas e é provável que os médicos da época tenham ficado
surpreendidos pela aparente falta de consequências ou efeitos colaterais do acidente. Contudo,
após o acidente, Phineas Gage, que era considerado um exemplo de trabalhador, responsável,
respeitoso e educado com as pessoas que conheciam seu caráter, passou a agir de forma bem
diferente, tratando as pessoas com desdém, de forma desrespeitosa, agindo com
irresponsabilidade e sendo grosseiro com seus colegas de trabalho.
 
Fonte: Jack e Beverly Wilgus /Wikimedia.commons /licença CC BY-SA 3.0.
 Phineas P. Gage.
Será que a barra de ferro que atravessou seu cérebro lesionando-o tinha alguma relação com
essa mudança na personalidade de Phineas Gage? “150 anos mais tarde, pesquisadores
usando técnicas modernas de neuroimagem do crânio preservado de Gage e uma simulação
computadorizada do acidente, demonstraram que o principal dano ao cérebro de Gage tinha
ocorrido no córtex pré-frontal [...] esta área do cérebro é envolvida na maioria dos nossos
processos de pensamento avançado [...] Por isso, não é surpresa que os aspectos do self – as
características que associamos ao nosso self, as emoções provocadas por essas
características e nossa habilidade em regulá-lo, envolvam o processamento no córtex pré-
frontal.” (NOLEN et al., 2012, p. 458)
A mente é composta pelas propriedades que apenas um ser humano é capaz de expressar,
pelo menos até o estado da arte científica atual, como pensamento crítico, raciocínio lógico,
linguagem, aspectos relativos à personalidade de cada ser, sentimentos, emoções, memórias,
entre outras. Alguns desses aspectos mentais foram prejudicados por causa da barra de ferro
que atravessou Phineas Gage. Isto seria um indício de que mente e corpo (cérebro) formam
uma única substância. O exemplo do operário norte-americano pode ser utilizado como uma
forma de ilustrar a posição monista no que tange ao problema mente e corpo.
Atualmente, a Psicossomática parece estar mais próxima de uma abordagem monista do que
de uma visão dualista do problema mente e corpo. O próprio Hipócrates, filósofo que pensa em
uma medicina psicossomática mesmo sem dar este nome, era um filósofo monista. Ele
considerava que a alma (o que chamaríamos de mente nos dias de hoje) era um componente
orgânico do corpo.
A posição da Psicossomática faz sentido na medida em que os profissionais e estudiosos do
campo pensam que os aspectos psicológicos podem fazer surgir uma determinada doença ou
até mesmo trazer complicações para uma doença já existente. É a mente trazendo reflexos
para o corpo. A abordagem somatopsíquica também vai fazer essa relação pela via inversa,
como vamos ver posteriormente: o corpo físico e material gerando impactos psicológicos nesse
sujeito. É compreensível que essa relação mente-corpo e corpo-mente na Psicossomática se
enverede pelasvias do monismo, que concebe mente e corpo como uma única substância,
pois, na medida em que um desses aspectos do ser humano é modificado, o outro acaba
absorvendo consequência dessa mudança, sejam elas positivas ou negativas.
É claro que o dualismo também considera que há relação entre mente e corpo, basta
recordarmos a glândula pineal como o local da alma humana para Descartes. Entretanto, essa
relação parece ser mais frágil na medida em que a mente continuaria a existir após a morte do
corpo físico para os dualistas. No monismo, mente e corpo padecem uma vez que o sujeito
deixa de existir, pelo menos no que tange ao mundo físico. É por isso que a posição atual da
Psicossomática está mais próxima de um monismo do que de um dualismo.
Compreender a relação, associação e imbricação entre mente e corpo é fundamental para o
profissional que aposta na Psicossomática como ponto privilegiado para tratar o ser humano
enquanto um ser integral. Estar atento aos aspectos biológicos, psíquicos e sociais do
indivíduo pode auxiliar no processo de cura do sujeito.
VISÕES SOBRE A RELAÇÃO MENTE &
CORPO
Imagine um profissional que pense apenas na materialidade do corpo do sujeito e leve em
consideração apenas as lesões físicas ou doenças que se apoderam da estrutura física do
indivíduo. Até um cardiologista que vai decidir se opera ou não opera um determinado
paciente, ou se o caso dele é de urgência, ou se pode esperar mais um pouco. Para tomar
essas decisões, ele precisa ter esse olhar para os aspectos emocionais do cardíaco. Seria
interessante que todo médico que fosse tomar essa decisão, perguntasse como vai a vida
dessa pessoa, de seus familiares, os aspectos financeiros; de forma geral, verificasse a
regularidade da vida desse sujeito a fim de descobrir se está propenso a tomar algum grande
susto em sua vida que descompense suas emoções e que possa agravar seu quadro cardíaco,
levando-o até um infarto.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Agora, pense em outro profissional que considera apenas o psicológico do sujeito. Neste
exemplo, focaremos em um profissional de Psicologia, que é aquele que está trabalhando com
a subjetividade, emoção, sentimentos e cognições do sujeito de forma mais direta e clara. Este
psicólogo clínico que estamos imaginando recebe em seu consultório um paciente, preocupa-
se apenas com o psicológico dessa pessoa. Conforme as sessões avançam no tempo, as
queixas de insônia, cansaço, tristeza e ganho de peso vão se acumulando e ganhando cada
vez mais força na vida dessa pessoa. O psicólogo não tem dúvida e diagnostica o paciente
com depressão. Todavia, o psicólogo insiste na hipótese de que a depressão deste sujeito está
relacionada a uma série de pensamentos disfuncionais, crenças e esquemas, que favorecem o
surgimento deste transtorno. Ainda que a terapia esteja ajudando essa pessoa, a depressão
continua persistindo.
Em um exame de rotina indicado por seu médico, esse sujeito descobre que possui
hipotireoidismo e que esta desregulação da tireoide pode acarretar sintomas bem semelhantes
a um quadro depressivo e, inclusive, algumas pessoas com hipotireoidismo podem desenvolver
um quadro depressivo de fato. Com o tratamento adequado indicado pelo médico e com o
acompanhamento psicológico, essa pessoa consegue melhorar seu quadro depressivo. O
psicólogo observou apenas a mente do sujeito e desconsiderou seu corpo. Caso tivesse uma
visão mais holística do problema, poderia ter poupado seu paciente de um longo período de
sofrimento, fazendo a indicação para o médico competente e descobrindo o problema
hormonal precocemente.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ALGUNS DOS MAIS BRILHANTES FILÓSOFOS DA HUMANIDADE
PENSARAM NO PROBLEMA MENTE E CORPO. PLATÃO ELABOROU UMA
TESE QUE COMPREENDIA A EXISTÊNCIA DE DOIS MUNDOS: O MUNDO
DOS SENTIDOS E O MUNDO DAS IDEIAS. RENÉ DESCARTES PENSAVA
UM SER HUMANO COMPOSTO DE UMA RES COGITANS E UMA RES
EXTENSA, SENDO A PRIMEIRA RELATIVA À POSSIBILIDADE DO
PENSAMENTO E A SEGUNDA COMO O PRÓPRIO CORPO. NESTE
SENTIDO, PODEMOS AFIRMAR QUE AMBOS OS FILÓSOFOS SÃO
ADEPTOS DO:
A) Monismo.
B) Dualismo.
C) A uma mistura entre dualismo e monismo.
D) Ao monismo, mas pensam que o corpo e mente são instâncias distintas.
E) Ao dualismo, mas acreditam que corpo e mente fazem parte de uma mesma gênese.
2. O INTERESSANTE CASO DE PHINEAS GAGE, O OPERÁRIO QUE TEVE
SEU CRÂNIO PERFURADO POR UMA BARRA DE FERRO, GANHOU
NOTORIEDADE PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO ACIDENTE: ELE
SOBREVIVEU, MAS MUITAS CARACTERÍSTICAS DE SUA
PERSONALIDADE FORAM TRANSFORMADAS APÓS O INFORTÚNIO. A
PARTIR DA LEITURA DO TEXTO, PODE-SE AFIRMAR QUE O CASO DE
PHINEAS GAGE É UTILIZADO COMO UM ARGUMENTO A FAVOR:
A) Do dualismo.
B) Da importância em usar capacetes em obras ferroviárias.
C) Da personalidade ser imutável.
D) Do monismo.
E) Do mundo das ideias de Platão.
GABARITO
1. Alguns dos mais brilhantes filósofos da humanidade pensaram no problema mente e
corpo. Platão elaborou uma tese que compreendia a existência de dois mundos: o
mundo dos sentidos e o mundo das ideias. René Descartes pensava um ser humano
composto de uma res cogitans e uma res extensa, sendo a primeira relativa à
possibilidade do pensamento e a segunda como o próprio corpo. Neste sentido,
podemos afirmar que ambos os filósofos são adeptos do:
A alternativa "B " está correta.
 
Tanto Platão como René Descartes foram filósofos dualistas. Ambos pensavam na existência
da mente para além do próprio corpo e que ambas eram substâncias distintas. Descartes, por
exemplo, argumentava que toda a matéria tinha uma extensão e ocupava lugar no espaço,
mas isso não acontecia com a mente, logo, ela deveria ser eterna.
2. O interessante caso de Phineas Gage, o operário que teve seu crânio perfurado por
uma barra de ferro, ganhou notoriedade pelas circunstâncias do acidente: ele
sobreviveu, mas muitas características de sua personalidade foram transformadas após
o infortúnio. A partir da leitura do texto, pode-se afirmar que o caso de Phineas Gage é
utilizado como um argumento a favor:
A alternativa "D " está correta.
 
O caso de Phineas Gage é usado como um argumento em favor do monismo, pois, após ter
seu cérebro lesionado por uma barra de ferro, sua personalidade e outras características
comportamentais foram transformadas. Portanto, uma lesão no cérebro afetou o que
chamamos de mente, que engloba aspectos da personalidade do sujeito, o pensamento, a
memória, a tomada de decisão etc.
MÓDULO 2
 Descrever o conceito de Psicossomática e sua evolução histórica
A HISTERIA E A PSICANÁLISE
Durante o século XIX e início do século XX, alguns proeminentes médicos, como Jean-Martin
Charcot, Pierre Janet, Josef Breuer e Sigmund Freud, investigavam com afinco e interesse um
fenômeno que causava curiosidade em uma parcela da comunidade médica europeia. Tratava-
se de casos que chegavam a vários consultórios médicos da época. Eram casos de pessoas,
mais especificamente mulheres, que apresentavam sintomas de problemas físicos ou uma
desordem com o próprio corpo. Os sintomas eram os mais variados e podiam incluir cegueira,
dores nas pernas, desmaios, impossibilidade de andar, câimbras nos membros superiores ou
inferiores, amnésia e uma série de outros sintomas. Apesar da grande gama de sintomas que
podiam se manifestar das mais diversas formas, algo em comum agrupava esse conjunto de
pessoas que buscavam tratamento com os médicos da época: elas experimentavam os
sintomas, mas os exames médicos não apontavam uma causa física ou lesão orgânica nesses
sujeitos.
Vamos imaginar uma mulher que chega a um consultório médico reclamando que, de forma
repentina, ficou cega. Ela conta que foi se divertir em uma festa com amigos e amigas na noite
anterior, bebeu um pouco mais além da conta, mas que chegou em casa em segurança levada
por uma das pessoas que estavam no seu grupo. Chegando em casa, procurou a cama de
imediato, pois estava muito cansada e com dores de cabeça devido à alta dose de álcoolque
ingeriu na noite. O médico, muito preocupado, pede com gentileza que essa senhora se sente
sobre sua maca para que ele possa examiná-la. Várias hipóteses começam a circular nos
pensamentos do médico. Cuidadosamente, o médico vai até sua mesa e abre uma gaveta,
retira uma pequena lanterna e se dirige até a maca. O médico acende a lanterna e joga a luz
do objeto nos olhos da mulher. Para sua surpresa os olhos da paciente estão reagindo à luz,
isso significa que não existe nenhum tipo de lesão física que justifique a cegueira. Ela deveria
estar enxergando, mas ela afirma que não está. Esse tipo de manifestação, transtorno ou
doença ficou conhecido como histeria.
Histeria - A histeria é uma palavra de origem grega (hystera) que significa útero. A origem do
termo nos indica o motivo dessa desordem ter sido nomeada de tal forma, pois as observações
dos médicos, psicanalistas e neurologistas dos séculos XIX e XX apontavam para uma
predominância da histeria nas mulheres.
[...] UMA NEUROSE CARACTERIZADA POR QUADROS
CLÍNICOS VARIADOS. SUA ORIGINALIDADE RESIDE
NO FATO DE QUE OS CONFLITOS PSÍQUICOS
INCONSCIENTES SE EXPRIMEM DE MANEIRA
TEATRAL E SOB A FORMA DE SIMBOLIZAÇÕES,
ATRAVÉS DE SINTOMAS CORPORAIS PAROXÍSTICOS
(ATAQUES OU CONVULSÕES DE APARÊNCIA
EPILÉPTICA) OU DURADOUROS (PARALISIAS,
CONTRATURAS, CEGUEIRA).
(ROUDINESCO, 1998, p. 337)
Não era incomum encontrar médicos que se recusavam a tratar as histéricas, pois acreditavam
que seus sintomas eram uma espécie de atuação teatral e que elas não estavam doentes de
verdade. A falta de uma comprovação concreta expressa em algum tipo de exame e a
ausência de lesões orgânicas que justificassem as queixas das pacientes contribuía para a
recusa. Outros médicos acreditavam nas histéricas, mas se sentiam limitados no que tange a
formas de ajudar essas pessoas, uma vez que não havia exames que comprovassem lesões. E
se não há lesão orgânica comprovada, como ele poderia oferecer algum tipo de ajuda ou
tratamento para suas pacientes? Até mesmo as explicações que Freud forneceu para a
manifestação da histeria não foram suficientes por um longo período. A aceitação de suas
teorias sobre as histéricas começou a ganhar mais prestígio à medida que sua respeitabilidade,
enquanto fundador da Psicanálise, foi crescendo. Essa pequena explicação sobre a histeria
nos ajuda a compreender como as doenças foram tratadas de forma isolada pelos profissionais
que se incumbiam delas. Somente as manifestações físicas e as lesões orgânicas nos tecidos
do corpo humano eram consideradas na hora de ajudar alguém que estava sofrendo.
 
Fonte: Shutterstock.com.
Hoje, evoluímos nesse sentido e muitos profissionais compreendem a importância de um
diagnóstico e tratamento mais integrado. Médicos encaminham seus pacientes para
consultórios de psicologia, educadores solicitam aos familiares da criança uma avaliação junto
a um neurologista, psicólogos encaminham seus pacientes ao psiquiatra. Há uma preocupação
desses profissionais em saber em que contexto essa queixa é produzida. Inclusive, é cada vez
mais comum e desejável que os profissionais – para além de fazerem esses encaminhamentos
– busquem contato direto um com o outro, no intuito de discutir o caso do paciente que ambos
têm em comum. Isso porque, assim podem traçar estratégias conjuntas mais efetivas com o
objetivo de ajudar de forma mais eficaz a pessoa que os busca. O ser humano é um ser
biopsicossocial e, por isso, deve ser tratado nesta perspectiva.
Afirmar que o ser humano é um ser biopsicossocial significa dizer que esses três aspectos de
sua vida devem ser considerados quando se fala de um ser humano. Todos os seres humanos
possuem uma herança genética, características físicas próprias e um corpo biológico
composto de órgãos, hormônios, neurônios, tecidos fibrosos, ossos, músculos e afins. Porém,
o corpo não se resume apenas a essas características biológicas, também existem nossas
variáveis psíquicas: atenção, inteligência, emoções, personalidade, humor etc. Tão
importante quanto nossas características biológicas e psíquicas é o contexto social em que
vivemos, nossas relações familiares, escolares, religiosas, políticas, laborais e afetivas também
formam um ser humano. Essas três dimensões são indissociáveis e, por isso, as escrevemos
juntas: biopsicossocial.
 
Fonte: EnsineMe
Ainda que muitos profissionais, sejam eles médicos, psicólogos, psicanalistas, neurologistas,
educadores, dentre outros, compreendam o ser humano enquanto um ser biopsicossocial,
muitas doenças parecem sofrer dessa mesma característica que a histeria sofria: parecem ser
“frescura”, algo menos importante ou até mesmo falta de vontade do sujeito em superar o que
está passando. Um bom exemplo é a depressão. Frases como: “isso é falta do que fazer” ou
“dê um tanque de roupa suja para lavar que ele vai melhorar rapidinho” ou ainda que a
depressão seria “falta de Deus na vida do sujeito”, costumam ser ouvidas por pessoas que
passam por um processo depressivo e não contribuem em nada para a melhora, pelo contrário,
essas frases preconceituosas podem agravar o quadro desses indivíduos.
Parece que a falta de um exame de imagem ou uma lesão orgânica também faz uma parcela
da sociedade não dar a importância devida a transtornos psicológicos ou doenças que não
possuem uma explicação física. É possível que essas pessoas até neguem a existência desses
transtornos, uma vez que eles não saem em uma ressonância magnética. Esse é o caso das
doenças psicossomáticas que vamos estudar com mais profundidade a partir de agora.
O CONCEITO DE PSICOSSOMÁTICA
PSICOSSOMÁTICA: CONCEITOS E
HISTÓRIA
Psicossomática é uma palavra formada pela junção de duas outras de origem grega: 
 
psique = alma e soma = corpo
A Psicossomática estuda como a nossa mente se relaciona com o nosso corpo e a produção
de doenças. Segundo Julio de Melo Filho (2010), uma pesquisa em Psicossomática se
debruça: “[...] sobre a relação mente-corpo, sobre os mecanismos de produção de
enfermidades, notadamente sobre os fenômenos do estresse” (FILHO et al., 2010, p. 29).
A DEFINIÇÃO DO TERMO PARA A APA (2010, P.765) É A
SEGUINTE: “ADJ. CARACTERIZA ABORDAGEM BASEADA NA
CRENÇA DE QUE A MENTE (PSIQUE) DESEMPENHA UM
PAPEL EM TODAS AS DOENÇAS QUE AFETEM OS VÁRIOS
SISTEMAS CORPORAIS (SOMA).”
Roudinesco localiza na Grécia Antiga o nascimento deste tipo de Medicina: “Nascida com
Hipócrates, a Medicina Psicossomática concerne simultaneamente ao corpo e ao espírito e,
mais especificamente, à relação direta entre a soma e a psyché. Descreve a maneira como as
doenças orgânicas são provocadas por conflitos psíquicos, em geral inconscientes”
(ROUDINESCO, 1998, p. 624). É importante destacar que tanto a palavra alma como o termo
espírito possuem um sentido de mente nesses escritos.
Hipócrates foi o filósofo que fundou a Psicossomática em termos epistemológicos, mas foi
Heinroth quem criou essa expressão (FILHO et al., 2010, p. 29). Em outras palavras,
Hipócrates praticava Psicossomática, mas não nomeava sua prática desta forma. O nome
psicossomática nasce com Heinroth que, além de nomear esse campo, também cunhou um
outro termo importante: o conceito de somatopsíquico.
Vamos recorrer aos exemplos para esclarecer os conceitos de psicossomática e
somatopsíquica.
ESTUDO DE CASO 1
Imagine um atleta que está se preparando há quatro anos para as Olimpíadas que acontecerão
em seu país. Esse atleta está confiante com as chances de ganhar uma medalha olímpica e
seus treinadores acreditam que o Brasil tem boas chances de conseguir o pódio nos 100
metros rasos com sua boa performance. Alguns meses antes das Olimpíadas, o atleta sofre um
acidente e fratura uma das pernas necessitando de cirurgia e um longo período de reabilitação.
As Olimpíadas chegam e ele assiste de casa o pódio ser ocupado por dois quenianos e um
canadense. Por ser muito patriota, a derrota do país na modalidade é sentida como um
fracasso pessoal; ele pensa que talvezpudesse alegrar seu povo com uma medalha, caso não
estivesse impedido de competir. Depois de alguns meses, o atleta começa a apresentar
sintomas depressivos como uma tristeza profunda que se estende por mais de duas semanas,
incapacidade de experimentar prazer nas coisas que antes lhe traziam satisfação, insônia e
pensamentos de morte. O acompanhamento psicológico e psiquiátrico indica um transtorno
depressivo. O leitor consegue perceber como a lesão e seus efeitos está acompanhada de
enormes impactos psicológicos na vida deste atleta? É exatamente isso que a somatopsíquica
vai investigar.
ESTUDO DE CASO 2
Agora, vamos imaginar que tudo o que o atleta brasileiro dos 100 metros rasos vivenciou não
passou de um terrível pesadelo. Ele acorda e verifica que sua perna está intacta. Os treinos
continuam trabalhando intensamente e as esperanças de subir ao pódio estão mais próximas
do que nunca. Alguns meses antes de começar as Olimpíadas, o atleta começa a sentir
desconfortos abdominais, cólicas e uma estranha alternância entre períodos de prisão de
ventre seguidos por outros períodos de diarreia. O nosso corredor posterga a ida ao médico e
pensa que os sintomas logo irão passar. Após mais algumas semanas de sofrimento e de
prejuízos ao seu treinamento, o atleta resolve buscar ajuda especializada. Uma colonoscopia é
realizada para verificar a saúde do seu intestino e nada é constatado. O exame clínico do
médico é fundamental para o diagnóstico e o profissional chega à conclusão de que a nossa
esperança de medalha sofre da síndrome do intestino irritável. O médico levanta a hipótese da
sua condição ter sido gerada pela ansiedade com a chegada da competição. Este seria um
caso que interessaria a Psicossomática, pois um fator psíquico influenciou a chegada de uma
síndrome no intestino.
Vale notar que condições psicossomáticas e somatopsíquicas podem acontecer de forma
conjunta, uma não anula a outra, necessariamente. É possível que uma pessoa conviva com
alguma condição crônica de saúde que movimente negativamente seu psiquismo que, por seu
turno, vai trazer consequências desfavoráveis para o físico desse sujeito. Por exemplo: a
fibromialgia é uma doença psicossomática na medida em que o psiquismo do sujeito tem
influência na dor e na intensidade da doença. Mas também é somatopsíquica, uma vez que o
sofrimento experimentado pode gerar um quadro de ansiedade generalizada na pessoa, que
sempre está à espera da próxima onda de sofrimento. Ou seja, não há dualidade mente e
corpo, como já dito anteriormente. Nesta perspectiva, a dualidade mente-corpo é superada.
SOMATOPSÍQUICAS
A APA ainda nos oferece uma boa definição de Somatopsicologia (que pode ser
compreendida como um sinônimo de somatopsíquico): “s. o estudo do impacto
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psicológico de doença ou incapacidade fisiológica [...]” (APA, 2010, p. 875).
AS TRÊS FASES DA PSICOSSOMÁTICA
A Psicossomática surge como uma reação à tradição dualista cartesiana de estudar a doença.
Propõe um olhar holístico para a doença e se refere à origem psicológica de doença orgânica e
aos efeitos psicológicos de doença física (somatopsíquica), compreendendo mente, corpo e
ambiente como indissociáveis para compreensão da saúde e do adoecimento humanos.
Como já aprendemos, o termo aparece pela primeira vez em 1818, quando o psiquiatra alemão
J.C. Heinroth descreve a insônia e a influência das paixões na tuberculose, na epilepsia e no
cancro, mas, somente no século posterior, o conceito é estruturado por influência da
Psicanálise.
Em uma perspectiva histórica, podemos afirmar que a Psicossomática passou por três fases
(FILHO & BURD, 2010). São elas: a fase psicanalítica, a behaviorista e a multidisciplinar.
Examinemos com um pouco mais de detalhes cada uma dessas fases.
FASE PSICANALÍTICA
 
Fonte: Natata / Shutterstock.com.
 Sigmund Freud.
É a primeira fase descrita pelos autores do livro que usamos como referência no Brasil, quando
o assunto é Psicossomática. Freud, o pai da Psicanálise, entendia que ideias reprimidas
podiam acarretar conversões sintomáticas no corpo do sujeito. É o que já vimos anteriormente
com a histeria e sua conversão em um sintoma físico, sem um correspondente orgânico
lesionado:
“A CONVERSÃO FOI DESCRITA POR FREUD COMO
UM MECANISMO INCONSCIENTE, PRESENTE NA
MATRIZ CLÍNICA DA NEUROSE HISTÉRICA, EM QUE A
PULSÃO LIGADA A UMA IDEIA É RECALCADA, É
CONVERTIDA EM REPRESENTANTES IDEATIVOS DO
PRÓPRIO CORPO”.
(GALDI & CAMPOS, 2017, p. 30)
Nesse sentido, para a Psicanálise, algumas enfermidades que não podiam ser explicadas por
lesões físicas, que, por consequência, eram consideradas psicossomáticas, tinham suas
origens no inconsciente.
Para enfatizar a diferença entre a histeria e uma doença psicossomática, é importante destacar
que, na histeria, não existe um correspondente físico lesionado para os sintomas do sujeito e,
na Psicossomática, também pode não existir essa relação. Contudo, diferentemente da
histeria, que nunca apresenta um órgão, tecido ou músculo que apresente distúrbios, na
Psicossomática, é possível que isto ocorra devido às questões da psique.
FASE BEHAVIORISTA
A segunda fase diz respeito à behaviorista da Psicossomática. Os behavioristas formavam
grupos que nos séculos XIX e XX queriam fazer da Psicologia uma ciência mais objetiva e
quantificável. O interesse dos behavioristas era prever e controlar o comportamento (WATSON,
1913, p. 1). O Positivismo, corrente filosófica que defendia a neutralidade, objetividade e
sistematização das pesquisas, exerceu grande influência nas obras behavioristas. É de se
imaginar que esses preceitos foram usados nos estudos behavioristas sobre as doenças
psicossomáticas, diferente de grande parte da comunidade que as estuda, que compreende a
existência da mente e seus efeitos sobre o corpo.
 
Fonte: Desconhecido/Wikimedia Commons/ Domínio Público.
 John Broadus Watson.
Os behavioristas, ainda que admitam a existência da mente, não estão interessados em seu
estudo, uma vez que, para esses teóricos, o que importa é o comportamento e o ambiente em
que o sujeito está inserido.
Para eles, a mente é uma substância abstrata que não pode ser medida, quantificada e
observada de forma direta, neutra e empírica. Alguns behavioristas chegam a afirmar que a
psicossomática está mais para a vertente dualista do que para uma concepção monista.
Os behavioristas se afastam dos estudos que buscam investigar a mente e seus processos,
pois são eventos que não podem ser observados. Essa é a posição de Watson, que concebia a
existência da mente, mas pensava ser impossível estudá-la com os métodos que considerava
adequado para uma psicologia que pretendia se tornar científica. Para estudar os processos
mentais, era comum que os contemporâneos de Watson utilizassem uma metodologia
conhecida como introspecção.
Se, para os behavioristas, a mente não deve ser estudada, já que está inacessível aos nossos
métodos de pesquisa realmente válidos, como eles entendem a Psicossomática? Para os
behavioristas, essas alterações fisiológicas sem causa orgânica aparente podem ser
compreendidas olhando para as contingências.
Uma série de contingências aversivas são experimentadas pelas pessoas em suas rotinas. O
ambiente de trabalho e as tarefas laborais podem, por exemplo, resultar em níveis elevados de
estresse incessante. Para os behavioristas, o ambiente do sujeito que somatiza precisa ser
transformado em algo mais positivo para sua saúde, principalmente, se esse sujeito não tem
condições de contornar as contingências aversivas de sua vida por conta própria.
CONTINGÊNCIA
Pode ser entendida como a probabilidade de um determinado evento (o estresse, por
exemplo) acontecer depois de um outro evento (uma bronca do chefe no trabalho, por
exemplo). Assim, o estresse é contingente à bronca do chefe no trabalho. Segundo a
definição da APA: “s. relação condicional, probabilística, entre dois eventos.” (APA, 2010,
p. 225).
javascript:void(0)FASE MULTIDISCIPLINAR
É a terceira fase da Psicossomática. Filho et al. (2010, p. 29) afirmam que a terceira fase é:
“[...] atividade essencialmente de interação, de interconexão entre vários profissionais de
saúde.” Uma abordagem multidisciplinar pressupõe a contribuição de diversos profissionais
para atender um mesmo paciente. Pensar a Psicossomática desta forma implica na aposta de
que o psicólogo, o médico, o psiquiatra, o nutricionista, o neurologista ou qualquer outra
especialidade, não consegue dar conta da integralidade do sujeito de forma isolada. A
multidisciplinaridade está relacionada ao conceito de um ser humano biopsicossocial. França e
Rodrigues (2005) resumem bem essa afirmação, para eles: “[...] o que somos hoje é resultado
de nossa interação com o mundo e todas as nossas experiências do passado e de
expectativas futuras. É um sistema único, constituído por três subsistemas: mente, corpo e
relacionamentos sociais”.
Cabe ressaltar que uma instituição de cuidados clínicos composta por diversos profissionais de
saúde, como médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, dentre
outros, não está automaticamente praticando uma medicina psicossomática. Ainda que a atual
fase da Psicossomática demande uma multidisciplinaridade, é necessário que esses
profissionais compreendam o ser humano enquanto um ser biopsicossocial e o tratem dessa
forma, considerando a possibilidade de que a psique possa influir em desordens físicas e que
estas possam descompensar a psique do sujeito. Uma atuação psicossomática não pode tratar
apenas da doença. Filho et al. (2010, p. 40) dizem que essa nova visão terapêutica “[...] trouxe
para o pensamento médico-científico e para a prática assistencial o mote clássico: tratar
doentes e não doenças.”
A Psicossomática não resume apenas as doenças psicossomáticas. Engloba uma
compreensão de ser humano biopsicossocial e a importância de um trabalho multidisciplinar
para oferecer a melhor assistência possível para as pessoas que necessitam de cuidados em
saúde.
É nesse sentido que Filho et al. (2010, p. 29) afirmam que:
PSICOSSOMÁTICA, EM SÍNTESE, É UMA IDEOLOGIA
SOBRE A SAÚDE, O ADOECER E SOBRE AS
PRÁTICAS DE SAÚDE, É UM CAMPO DE PESQUISAS
SOBRE ESTES FATOS E, AO MESMO TEMPO, UMA
PRÁTICA – A PRÁTICA DE UMA MEDICINA INTEGRAL
[...] HOJE, A GAMA DE ATIVIDADES DO QUE SE
CHAMA DE PSICOSSOMÁTICA ABRANGE O ENSINO
OU A PRÁTICA DE QUALQUER TIPO DE FENÔMENOS
DE SAÚDE E DE INTERAÇÕES ENTRE PESSOAS,
COMO AS RELAÇÕES PROFISSIONAIS-PACIENTES,
AS RELAÇÕES HUMANAS DENTRO DE UMA FAMÍLIA
OU DE UMA INSTITUIÇÃO DE SAÚDE, A QUESTÃO
DAS DOENÇAS AGUDAS E CRÔNICAS, O PAPEL DAS
REAÇÕES ADAPTATIVAS AO ADOECER, A INVALIDEZ,
A MORTE, OS RECURSOS TERAPÊUTICOS
EXTRAORDINÁRIOS.
(FILHO et al., 2010, p. 29)
O DSM E A PSICOSSOMÁTICA
As doenças chamadas psicossomáticas, por serem desencadeadas ou agravadas por
questões psicológicas, podem ser manifestadas em dores, alterações gastrointestinais,
tremores, manchas na pele, falta de ar e esses sintomas tendem a se intensificar em situações
de estresse. O diagnóstico é complexo e se dá por exclusão. Não há uma causa específica,
mas alguns fatores são recorrentes, como a sobrecarga profissional, vivência de evento
traumático, situações de violência, luto, ansiedade, preocupação excessiva, entre outras
situações possíveis de desencadear estresse. A dificuldade em falar sobre o sofrimento
psicológico vivenciado parece ser um fator relevante nesses casos.
Nosso organismo, quando sobrecarregado, possui três vias de descarga das excitações: o
pensamento, o comportamento e o organismo. Assim, o sofrimento intenso ou mesmo a
sobrecarga de atividades pode perturbar o funcionamento do organismo e favorecer, de acordo
com a cultura, os traços de personalidade e o momento de vida, o surgimento de patologias
psíquicas ou somáticas. Isso acontece quando o conflito psíquico e o sofrimento ultrapassam a
capacidade habitual da pessoa de tolerar situações de estresse, impedindo que estas sejam
elaboradas. O adoecimento aparece como uma tentativa de equilíbrio para o corpo e, quando é
percebido dessa forma, implica não somente em tratar os sintomas da doença, mas também
mudar os fatores que propiciaram seu desencadeamento.
Essas patologias são tratadas no capítulo de Sintomas Somáticos e outros Transtornos
Relacionados, na última revisão do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-V).
MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO
DE TRANSTORNOS MENTAIS (DSM-V)
O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição ou DSM-5 é
uma referência para psicólogos, médicos e terapeutas ocupacionais, elaborado pela
Associação Americana de Psiquiatria para definir diretrizes no diagnóstico de transtornos
mentais. O instrumento é atualizado de acordo com o avanço científico que fornece novas
evidências que podem retirar, inserir ou alterar critérios para diagnóstico.
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Fonte: Shutterstock.com.
O DSM-V classifica como portador de Transtorno com Sintomas Somáticos os indivíduos que
apresentam qualquer número de sintomas somáticos acompanhados por pensamentos,
sentimentos ou comportamentos excessivos, relacionados aos sintomas em si ou
preocupações associadas com a saúde, caracterizado por:
PENSAMENTOS DESPROPORCIONAIS E
PERSISTENTES SOBRE A GRAVIDADE DOS
PRÓPRIOS SINTOMAS
 
NÍVEL PERSISTENTEMENTE ELEVADO DE ANSIEDADE
SOBRE A SAÚDE OU SINTOMAS
 
EXCESSO DE TEMPO E ENERGIA DEDICADOS A
ESTES SINTOMAS OU PROBLEMAS DE SAÚDE
 ATENÇÃO
O diagnóstico pode ser aplicado mesmo na presença de uma doença clínica devido à ênfase
dada aos pensamentos e comportamentos que acompanham o sintoma.
O diagnóstico de Transtorno de Ansiedade de Doença é recebido por indivíduos que
experimentam um alto nível de ansiedade, com temor de estar doente, mas sem sintomas
somáticos. Estes indivíduos eram classificados como hipocondríacos até o DSM-IV e esta
categoria foi excluída devido ao caráter pejorativo que o termo adquiriu como “quem tem mania
de doença”.
O Transtorno Factício foi incluído no capítulo dos Sintomas Somáticos e Outros Transtornos
Relacionados com um diagnóstico para indivíduos que apresentam falsificação de sintomas
físicos ou psicológicos, sem um incentivo externo evidente, motivado por assumir o papel de
enfermo. Nesses casos, não falamos em adoecimento psicossomático. São situações em que
os sintomas não existentes são usados como justificativa para determinado comportamento ou
mesmo para obter benefícios, sejam eles conscientes ou inconscientes.
Outro quadro estudado anteriormente, quando contextualizamos o que ficou conhecido como
Histeria de Conversão pela Psicanálise, é o que hoje está classificado como Transtorno
Conversivo. Nesse quadro, é necessária a presença de um ou mais sintomas de alterações da
função motora e sensorial voluntária, tendo os exames neurológicos descartando outras
causas para a sintomatologia apresentada. Nesses casos, o sintoma não é falseado como no
Transtorno Factício, nem o organismo apresenta algum tipo de lesão orgânica de fato como no
Transtorno de Sintomas Somáticos. A pessoa de fato sente o que está relatando, mas não há
alteração no organismo que justifique o que está relatando sentir.
Há ainda a inclusão de um novo diagnóstico neste capítulo, Fatores Psicológicos que Afetam
Outras Condições Médicas, que identifica os quadros nos quais fatores psicológicos e
comportamentais afetam negativamente o estado de saúde, por interferirem em outras
condições clínicas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS QUE A HISTERIA FOI OBJETO DE INTERESSE DE
MÉDICOS COMO CHARCOT E FREUD. MUITAS HISTÉRICAS CHEGAVAM
AOS CONSULTÓRIOS MÉDICOS E PODIAM APRESENTAR UMA GAMA DE
SINTOMAS EXTENSA COMO: CEGUEIRA, CÃIMBRAS NOS MEMBROS
SUPERIORES E ATÉ MESMO DESMAIOS. SOBRE A HISTERIA, É
CORRETO AFIRMAR QUE:
A) Atingiam apenas as mulheres jovens.
B) Todos os médicos recebiam as histéricas em seus consultóriose ofereciam seus serviços a
elas.
C) As pessoas que são histéricas fingem seus sintomas.
D) Na histeria, não existe lesão física.
E) Os exames da época conseguiam localizar no corpo com precisão o motivo dos sintomas.
2. A PSICOSSOMÁTICA SE INTERESSA PELA INFLUÊNCIA DE
ASPECTOS PSÍQUICOS EM DOENÇAS CORPORAIS. SOBRE O
CONCEITO DE PSICOSSOMÁTICA, É INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) Hipócrates praticava uma medicina psicossomática.
B) Histeria e psicossomática são sinônimos.
C) A palavra psicossomática tem origem grega nas palavras psique e soma.
D) A psicossomática ganhou esse nome de Heinroth.
E) Ansiedade e estresse podem gerar uma condição psicossomática como a síndrome do
intestino irritável.
GABARITO
1. Estudamos que a histeria foi objeto de interesse de médicos como Charcot e Freud.
Muitas histéricas chegavam aos consultórios médicos e podiam apresentar uma gama
de sintomas extensa como: cegueira, cãimbras nos membros superiores e até mesmo
desmaios. Sobre a histeria, é correto afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
 
Apesar da possibilidade de a histeria aparecer com sintomas bem distintos, dependendo da
pessoa, algo em comum entre as histéricas era a inexistência de uma lesão física no corpo que
justificasse os sintomas que a pessoa experimentava. Ou seja, de fato, ela sentia o que estava
dizendo, mas não havia correspondência com alguma lesão física no corpo.
2. A Psicossomática se interessa pela influência de aspectos psíquicos em doenças
corporais. Sobre o conceito de Psicossomática, é incorreto afirmar que:
A alternativa "B " está correta.
 
Como estudamos na histeria, não existe lesão orgânica no corpo do sujeito. Já na
Psicossomática a lesão orgânica pode existir. Logo, elas não são sinônimas.
MÓDULO 3
 Relacionar fundamentos da Psicossomática às práticas atuais
O humano como sujeito psicossomático: uma visão holística da saúde e suas implicações
práticas
A PSICOLOGIA DA SAÚDE
Doenças já foram tratadas como algo isolado, levando em conta, pura e simplesmente, suas
questões relacionadas a manifestações físicas. Introduzido por Heinroth, no início do século
XIX, o termo psicossomático vai nos dizer sobre a influência recíproca entre mente e corpo,
buscando compreender toda perturbação somática resultante de uma desordem psicológica,
que intervém de modo constante na gênese da doença.
O conceito de psicossomática engloba três diferentes horizontes. O primeiro diz respeito à
dimensão psicológica da doença, toda doença física tem implicações psíquicas para o
sujeito que a experimenta. O segundo horizonte vai enfatizar a importância da relação entre
médico e paciente, já que uma boa relação pode contribuir para a recuperação do sujeito e
até mesmo para a adesão do paciente a uma determinada intervenção. O terceiro horizonte
destaca os procedimentos terapêuticos em relação à pessoa que, no momento, está doente.
Tais procedimentos, sejam eles realizados por qualquer profissional que esteja envolvido no
caso, precisam levar em conta que o ser humano é um ser biopsicossocial.
A Psicologia da Saúde tem início, pelo menos no que tange a seu marco oficial, com um grupo
de trabalho na APA. Esse grupo se reúne para discutir a crescente demanda pela prática da
psicologia da saúde e para conduzir e avaliar pesquisas neste campo. Oito anos depois do
início das atividades deste grupo, uma divisão específica para a área foi criada dentro da
instituição que congrega inúmeros psicólogos norte-americanos. Essa divisão ficou conhecida
como divisão 38.
Aqui em nossas terras tropicais, as instituições de saúde surgem como mais um dos inúmeros
campos de atuação para os profissionais que se graduaram em Psicologia. Os hospitais e
demais instituições de saúde começaram a perceber a importância de ter um ou mais
psicólogos na equipe, uma vez que a compreensão de um ser humano biopsicossocial
demanda a atenção de profissionais capacitados para intervir na psique desses sujeitos. Neste
sentido, quem melhor do que os profissionais especializados em Psicologia da Saúde para
desempenhar este trabalho?
Mas afinal, o que é a Psicologia da Saúde? Segundo um importante psicólogo norte-
americano, ex-presidente da APA e presidente do primeiro departamento de Psicologia Médica
do seu país de origem, a Psicologia da Saúde pode ser definida da seguinte maneira:
É O CONJUNTO DE CONTRIBUIÇÕES EDUCACIONAIS,
CIENTÍFICAS E PROFISSIONAIS ESPECÍFICAS DA
PSICOLOGIA, UTILIZADAS PARA A PROMOÇÃO E
MANUTENÇÃO DA SAÚDE, PREVENÇÃO E
TRATAMENTO DAS DOENÇAS, IDENTIFICAÇÃO DA
ETIOLOGIA E DIAGNÓSTICO (DE PROBLEMAS)
RELACIONADOS À SAÚDE, DOENÇA E DISFUNÇÕES,
PARA A ANÁLISE DO SISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE
E FORMAÇÃO DE POLÍTICAS DE SAÚDE.
(MATARAZZO, 1980, p. 815)
Diante disso, torna-se importante salientar que cabe à Psicologia da Saúde, o interesse frente
ao adoecimento do sujeito e a promoção de saúde, isto é, como cada um experimenta seu
estado de saúde e doença, dando espaço para suas relações pessoais e visões de mundo.
Existem duas leis brasileiras que falam um pouco sobre o conceito de saúde, são elas: Lei n°
8080 de 19/9/90, a Lei Orgânica da Saúde, e a Lei n° 8142 de 18/12/90. A primeira discorre
sobre a promoção, proteção e recuperação da saúde e a segunda vai descrever a participação
da comunidade na gestão do SUS.
O mais interessante dessas leis é que elas estabelecem um conceito que não se restringe
apenas a tratar a saúde enquanto ausência de doença, mas pensam a saúde enquanto um
conceito ampliado em que é preciso levar em conta alguns universos que fazem parte da vida
de todo ser humano. Assim, temos o universo físico, já que todos nós temos um corpo e nos
relacionamos de forma concreta no mundo. O universo socioeconômico, tendo em vista que
todo ser humano nasce em uma família, frequenta instituições e se relaciona socialmente com
outros vários seres humanos. Também não podemos perder a dimensão econômica em que
esse indivíduo está inserido, pois o acesso a serviços de saúde pode ser diferente a depender
de sua condição econômica. O universo cultural se constitui em um ponto importante na
medida em que ter saúde também passa por uma concepção de um sujeito cultural.
As duas leis vão garantir o acesso à saúde como um direito de todo cidadão brasileiro,
afirmando a responsabilidade do Estado em garantir esse direito. A Lei 8142/90 ainda vai
enumerar os princípios do SUS que, dentre tantos, podemos destacar a acessibilidade do
nosso sistema de saúde para todas as pessoas que procurem ajuda médica, a universidade do
serviço e a humanização no tratamento das pessoas. Você pode conferir as outras atribuições
do SUS na Lei 8142/90, que está disponível no site do Planalto Federal.
 
Fonte: Brenda Rocha - Blossom / Shutterstock.com.
Cabe agora esclarecer as diferenças entre dois termos que podem parecer sinônimos, mas não
são: atenção básica e atenção primária. A atenção básica se constitui em uma perspectiva
mais ampla do que a atenção primária, pois trabalha com a promoção de saúde, a prevenção
de doenças, o diagnóstico de enfermidades, o tratamento de patologias e até mesmo a
reabilitação de pessoas que tenham passado por algum tipo de problema físico. A estratégia de
saúde da família (ESF) – modelo que vem ganhando cada vez mais espaço como um
substituto de um que preconizava a atenção individual, centrada na pessoa – trabalha na
perspectiva da atenção básica. O termo atenção básica costuma ser usado no Brasil, enquanto
o termo atenção primária é visto com mais frequência na literatura internacional. Atenção
primária incorpora temas com relação à saúde coletiva, prevenção e promoção de saúde.
Agora que já entendemos a Psicologia da Saúde, passamos ao entendimento de suas formas
de atuação. Vamos lá?
A PSICOLOGIA HOSPITALAR
PSICOLOGIA HOSPITALAR É O CAMPO DE
ENTENDIMENTO E TRATAMENTO DOS ASPECTOS
PSICOLÓGICOS EM TORNO DO ADOECIMENTO.
(SIMONETTI, 2004, p. 15)
Em sua prática diária, é atribuição do psicólogo hospitalar: “Atendera pacientes, familiares e/ou
responsáveis pelo paciente; membros da comunidade dentro de sua área de atuação;
membros da equipe multiprofissional e eventualmente administrativa, visando o bem-estar
físico e emocional do paciente; e, alunos e pesquisadores, quando estes estejam atuando em
pesquisa e assistência” (CFP, 2001, p. 13).
 
Fonte: Shutterstock.com.
 ATENÇÃO
A Psicologia Hospitalar não trata apenas das doenças com causas psíquicas, mas sim dos
aspectos psicológicos de toda e qualquer doença. Desta forma, toda doença apresenta
aspectos psicológicos; toda doença encontra-se repleta de subjetividade, e por isso, pode-se
beneficiar do trabalho da Psicologia Hospitalar. Cada doença é entendida de uma determinada
forma, conforme o sujeito está adoecido.
Vamos pensar juntos em exemplos para compreender como uma mesma doença pode
reverberar de forma diferente conforme o sujeito que a experimenta?
ESTUDO DE CASO 1
Imagine um homem chamado Carlos André, com 52 anos, casado há 32 com sua esposa, pai
de dois filhos e em plena ascensão em sua carreira como chefe da unidade de trauma de um
hospital, referência neste tipo de atendimento em sua cidade. Nos últimos dois dias, Carlos
começa a sentir febre com constância, dores de garganta e nota o aparecimento recente de
feridas pelo corpo. Apropriando-se de sua formação e conhecimento em Medicina, opta por
tomar alguns analgésicos para aliviar os sintomas, porém os mesmos incômodos continuam
após se encerrar o “efeito” das medicações administradas. Depois de muita postergação, ele
resolve trocar sobre seus sintomas recentes com um colega médico que indica, aquilo que já
deveria ter feito, uma bateria de exames para investigar o caso. Após duas semanas, ele volta
a conversar com o colega médico, no entanto, desta vez, no lugar de paciente, pois Carlos
André acabou de descobrir que é portador do vírus da imunodeficiência humana (HIV). Como
médico, Carlos sabe que o vírus é uma condição crônica, sem cura e que exige muitos
cuidados, mas que, com os avanços tecnológicos da indústria farmacêutica, é possível
conviver relativamente bem com o vírus, desde que tenha boa adesão ao tratamento. Apesar
dessas informações e seu conhecimento técnico, no lugar de paciente, ele continua apavorado
com a descoberta. Ele sabe que o HIV é uma doença grave, mas que não é sinônimo de morte
no século XXI. No entanto, dado o diagnóstico, permanece temeroso e ansioso com outras
questões, dentre elas:
1°) Em um primeiro momento, os possíveis impactos que essa situação pode causar em seu
trabalho. A ampliação da unidade que ele esperava para o início do próximo ano pode não
acontecer, a doença pode trazer um estigma para sua vida, pode fazer seu prestígio cair junto
aos seus colegas.
2°) A doença que ele contraiu, provavelmente, ao que tudo indica, é fruto de algumas relações
extraconjugais que Carlos André foi acumulando ao longo do tempo, das quais ele se
relacionava sexualmente sem os devidos cuidados para não contrair ou contaminar outra
pessoa com doenças sexualmente transmissíveis.
3°) Carlos imagina que dar essa notícia para sua esposa e família, necessariamente, lhe
obrigará a contar a verdade sobre suas relações extraconjugais. Como resultado disso, ele
teme a possibilidade de sua esposa lhe pedir o divórcio e, consequentemente, perder o
convívio diário com seus filhos.
ESTUDO DE CASO 2
Agora, vamos imaginar que um jovem de 27 anos, chamado Henrique, solteiro, sem filhos, que
reside com seus pais enfermeiros, começa a apresentar os mesmos sintomas de Carlos André,
sendo também diagnosticado com HIV. Inicialmente, Pedro recebe a notícia como uma
condenação à morte e fica ansioso por conta desse diagnóstico, mas, depois do impacto inicial
e de muitas conversas com seus pais, que lhe apoiaram e ofereceram todo o suporte que
precisava, começa a perceber que a doença, ainda que grave e demandadora de muitos
cuidados, tem controle e que é possível conviver com ela de forma satisfatória, sem perder a
qualidade em sua vida. Henrique compreende que as consequências para seu comportamento
sexual descuidado (uma vez, saindo de uma balada, momento que ele não usou preservativos
para se prevenir do HIV) foram graves, porém o mundo não acabou e ele pode viver com o
vírus, desde que tome os devidos cuidados. Sua ansiedade começa a desaparecer conforme
percebe o apoio que tem da família, amigos e dos resultados do tratamento médico; esta rede
de apoio tem feito toda a diferença.
É possível perceber que o mesmo processo, neste caso, o HIV, carrega significados diferentes
para Carlos André e para Henrique? A doença é grave, a ansiedade e os medos que
acompanham o diagnóstico acometem aos dois, mas Henrique encontra apoio da família e dos
amigos, consegue absorver melhor o impacto da notícia e ter uma qualidade de vida
resguardada. Carlos André experimenta a ansiedade de forma mais elevada e por maior
tempo, imagina como o diagnóstico pode interferir em diversas áreas de sua vida, a quem ele
irá recorrer para conseguir suporte e apoio emocional nesse momento? Mesmo acontecimento,
vários sentidos que irão repercutir no estado de saúde.
A partir das definições supracitadas, cabe aqui a distinção entre Psicologia da Saúde,
Psicologia Hospitalar e Psicologia Clínica, pois, ao mesmo tempo que se torna possível
encontrar diferenças, também se faz necessário associar suas semelhanças no que tange às
formas de atuação na prática nos especialistas nestas áreas:
PSICOLOGIA CLÍNICA
PSICOLOGIA DA SAÚDE
PSICOLOGIA HOSPITALAR
PSICOLOGIA CLÍNICA
Atua nos três níveis de atenção: primário, secundário e terciário, no sentido de promover a
saúde mental para os usuários destes serviços.
PSICOLOGIA DA SAÚDE
Atua nos três níveis de atenção: primário, secundário e terciário, mas sua atuação está mais
voltada para o universo sanitário, com especial atenção para os desdobramentos psicológicos
de uma doença ou impossibilidade física que comprometa a saúde do sujeito.
PSICOLOGIA HOSPITALAR
É uma área que está dentro da Psicologia da Saúde, todavia, sua atuação está limitada ao
hospital, enquanto local de trabalho do profissional. Está associada ao nível secundário e
terciário.
A DOENÇA NÃO É UMA VARIAÇÃO DA DIMENSÃO DA
SAÚDE; ELA É UMA NOVA DIMENSÃO DA VIDA.
(CANGUILHEM, 2009, p. 73)
O entendimento do “ser doente” percebido por muitos dos profissionais da saúde, centrado
apenas em questões anatomofisiológicas, não leva em consideração as subjetividades do
sujeito. Sendo assim, a tendência é a redução de funcionalidades, dando prioridade aos
aspectos e manifestações da doença e não ao sujeito adoecido.
Durante muito tempo, a saúde humana foi tratada separando mente e corpo. A importância do
profissional de saúde em superar esta dualidade e compreender a pessoa em sua integralidade
é fundamental já que a divisão mente-corpo somente tem função didática, mas, na prática,
pouco auxilia na compreensão da saúde e do adoecimento humanos.
PSICOLOGIA HOSPITALAR
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A PSICOLOGIA DA SAÚDE TEM ORIGEM EM UM GRUPO DE
TRABALHO CONSTITUÍDO NA AMERICAN PSYCHOLOGICAL
ASSOCIATION (APA). SOBRE ELA, É CORRETO AFIRMAR QUE:
A) Não é um campo científico.
B) É um campo cujas contribuições advêm da medicina.
C) Qualquer profissional da área da saúde pode exercer a Psicologia da Saúde.
D) É a mesma coisa da Psicologia Clínica, mas feita em ambientes sanitários.
E) É um conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais da Psicologia na
busca de promoção, manutenção e prevenção de doenças.
2. SEGUNDO SIMONETTI (2004, P. 15), PSICOLOGIA HOSPITALAR PODE
SER DEFINIDA COMO: “CAMPO DE ENTENDIMENTO E TRATAMENTO
DOS ASPECTOS PSICOLÓGICOS EM TORNO DO ADOECIMENTO”.
NESTE SENTIDO:
A) A Psicologia Hospitalar está apta a medicar.
B) Está preocupada apenas com a doença do sujeito.
C) Trata dos aspectos psicológicos de qualquer doença, pois toda doença possui uma
dimensão psicológica.
D) Busca compreenderos aspectos psicológicos que estão envolvidos no processo de
adoecimento, pois qualquer doença pode ser curada pelo psicólogo.
E) Apenas as doenças psicossomáticas são atendidas pelo psicólogo hospitalar.
GABARITO
1. A Psicologia da Saúde tem origem em um grupo de trabalho constituído na American
Psychological Association (APA). Sobre ela, é correto afirmar que:
A alternativa "E " está correta.
 
A definição de Matarazzo para a Psicologia da Saúde engloba suas contribuições e seus
objetivos enquanto prática profissional.
2. Segundo Simonetti (2004, p. 15), Psicologia Hospitalar pode ser definida como:
“campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do
adoecimento”. Neste sentido:
A alternativa "C " está correta.
 
Toda doença possui uma dimensão psicológica, uma vez que todo o processo de adoecimento
carrega uma série de significados para cada sujeito. Uma mesma doença é sentida de
diferentes formas a depender de quem está experienciando o processo.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, iniciamos falando sobre o dualismo - concepção de que mente e corpo constituem
substâncias distintas - e sobre o monismo - abordagem que considera mente e corpo parte da
mesma substância.
Posteriormente, estudamos o conceito de psicossomática e somatopsíquica. A primeira diz
respeito à relação entre mente e corpo e à produção de doenças advindas de desordens
psíquicas. Já a segunda trata dos aspectos psicológicos gerados por uma lesão física ou
doença. Além disso, analisamos como a Psicossomática assume uma posição mais conectada
com o monismo do que com o dualismo.
Também compreendemos características da Psicologia da saúde, da Psicologia Hospitalar e
questões relativas à multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. Todos
esses temas são atravessados pelos estudos da psicossomática.
Esta conclusão não se trata de um final ou algum tipo de fechamento, pois há muito mais a ser
estudado, e o que aprendemos durante nossa leitura são aspectos introdutórios aos temas
abordados.
REFERÊNCIAS
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Disorders (DSM-V). 5 ed. Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013.
BRASIL. Lei n° 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. Consultado em meio eletrônico em: 01 nov. 2020.
BRASIL. Lei n° 8142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
Consultado em meio eletrônico em: 01 nov. 2020.
BORING, E. A history of experimental psychology. 2. ed. Englewood Cliffs, New Jersey:
Prentice Hall, 1950.
CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Tradução de Maria Thereza Barrocas. 6. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2009.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 02, 10 de março de 2001. Altera e
regulamenta a Resolução CFP no 014/00 que institui o título profissional de especialista em
psicologia e o respectivo registro nos Conselhos Regionais. Consultado em meio eletrônico em:
20 out. 2020.
DESCARTES, R. As Paixões da Alma. Tradução de Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior. In:
Os Pensadores, 2. ed. São Paulo: Abril, 1979.
DESCARTES, R. Discurso do método. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. Tradução de Jacó Guinsburg e Bento Prado Júnior.
2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
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ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de Psicanálise. Tradução de Vera Ribeiro e Lucy
Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
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VANDENBOS, G. (org.). Dicionário de Psicologia da APA. Tradução de Daniel Bueno et al.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
VOLICH, R. Psicossomática: de Hipócrates à Psicanálise. Casa do Psicólogo: São Paulo,
2000.
WATSON, J. Clássico traduzido: a psicologia como o behaviorista a vê. v. 16. n. 2. Temas em
Psicologia, Ribeirão Preto, 2008.
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Burb abordam aspectos históricos e conceituais da Psicossomática.
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CONTEUDISTA
Leticia Nascimento Mello
 CURRÍCULO LATTES
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