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Curso de Capacitação em Psicossomática - A relação entre mente e corpo

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Curso de Capacitação em Psicossomática: A 
Relação entre Mente e Corpo 
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Sumário 
1. Compreendendo a Psicossomática .................................................................................... 4 
2. Histórico da Psicossomática .............................................................................................. 9 
3 A relação entre a Psicossomática e a Psicanálise .................................................................. 12 
3.1 As práticas curativas ancestrais ..................................................................................... 13 
3.2 Da idade média à idade moderna .................................................................................. 15 
3.2 A esfinge ....................................................................................................................... 16 
3.3 As duas Psicossomáticas ................................................................................................ 17 
3.4 A Banda de Moebius ..................................................................................................... 18 
4 A Psicossomática e os Tipos de Neurose ............................................................................... 21 
5 Doenças Psicossomáticas Mais Comuns ............................................................................... 28 
5.2 Resfriados Frequentes ................................................................................................... 29 
5.2 Herpes .......................................................................................................................... 30 
5.3 Enxaquecas ................................................................................................................... 30 
5.4 Alergia Nervosa ............................................................................................................. 30 
5.5 Diarreia ......................................................................................................................... 30 
6 Considerações Finais ............................................................................................................ 31 
Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 33 
Anexo I – Psicossomática: Um Estudo Histórico e Epistemológico ........................................... 35 
Resumo ............................................................................................................................... 35 
Abstract .............................................................................................................................. 35 
Introdução .......................................................................................................................... 35 
Evolução Histórica do Conceito ........................................................................................... 37 
Precursores Contribuições da Psicanálise ............................................................................ 39 
Escola Psicossomática Americana ........................................................................................ 40 
Escola Psicossomática de Paris ............................................................................................ 44 
Escola de Boston e Conceito de Alexitimia........................................................................... 47 
A Explicação Biológica e Neurofisiológica em Psicossomática .............................................. 50 
Outras Concepções e Modelos em Psicossomática .............................................................. 52 
Síntese e Reflexão a Partir dos Diversos Modelos ................................................................ 55 
Referências Bibliográficas .................................................................................................... 57 
Anexo II – Doenças Psicossomáticas na Adolescência .............................................................. 60 
Resumo ............................................................................................................................... 60 
Teoria Psicossomáticas ........................................................................................................ 61 
Abordagem Psicossomática ................................................................................................. 63 
Sintomas Psicossomáticos Comuns na Adolescência............................................................ 65 
Cefaléia ..................................................................................... Erro! Indicador não definido. 
Dor no Peito ........................................................................................................................ 66 
Dor Abdominal .................................................................................................................... 66 
Fadiga Cronica..................................................................................................................... 66 
Considerações Finais ........................................................................................................... 67 
Referências ......................................................................................................................... 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Compreendendo a Psicossomática 
 
A somatização é um transtorno psiquiátrico em que a pessoa apresenta 
múltiplas queixas físicas, localizadas em diversos órgãos do corpo, como dor, 
diarréia, tremores e falta de ar, mas que não são explicadas por nenhuma 
doença ou alteração orgânica. Geralmente, uma pessoa com doença 
psicossomática está frequentemente em consultas médicas ou pronto-socorro 
devido a estes sintomas, e o médico costuma ter dificuldade em encontrar a 
causa. 
Esta situação também é chamada de transtorno de somatização, e é 
comum em pessoas ansiosas e depressivas, por isso, para o adequado 
tratamento é fundamental a realização de psicoterapia, além do 
acompanhamento com o psiquiatra, que poderá indicar medicamentos como 
antidepressivos e ansiolíticos para ajudar a aliviar o problema. 
O corpo e a mente são uma unidade, então se o emocional de uma pessoa 
não vai bem ela pode desenvolver as chamadas doenças psicossomáticas, que 
são aquelas que possuem sintomas físicos e que não têm explicação médica. 
São dores que não tem causa aparente, que aparecem sem que tenha havido 
nenhuma razão conhecida e que não se curam nem como remédios, pois a 
causa não é física, mas sim emocional, ou seja, provocada pela nossa mente. 
Por isso mesmo, a pessoa que sofre com alguma doença 
psicossomática acaba somatizando no corpo os seus desequilíbrios emocionais 
e mentais e sofrendo com dores terríveis. Estas por sua vez são provenientes de 
suas angústias, ansiedades e depressões, o que desregula todos seus sistemas. 
As chamadas doenças psicossomáticas são doenças que apresentam 
sintomas físicos e que não têm origem ou causa identificada em exames. São 
dores que não tem causa aparente ou que aparecem sem que tenha havido 
nenhuma razão conhecida e que não se curam nem como remédios. Isso se dá 
porque as doenças psicossomáticas não possuem causas físicas e sim, 
emocionais. 
Identificar as doenças psicossomáticas com precisão requer o 
acompanhamento de profissionais da saúde – médicos, psicólogos e psiquiatras. 
Mas, o primeiro passo é estar atento para identificar alguns sintomas e assim, 
procurar a ajuda especializada que saberá lidar com as doenças 
psicossomáticas. E quais são as principais doenças psicossomáticas e seus 
respectivos sintomas? 
Nas últimas décadas a palavra “psicossomática”passou a ser usual tanto 
no meio médico e psicológico quanto no meio da comunidade científica, sendo 
que também já não era novidade no meio das sociedades psicanalíticas, que 
desde as manifestações de conversão da histeria reveladas por Freud, no início 
da forma do pensar psicanalítico, colocam os analistas frente às questões do 
adoecimento do corpo. 
A palavra psicossomática determina uma nova visão da abordagem das 
doenças, as quais passam a ser entendidas como parte de um processo mais 
amplo do que somente aos sintomas que se manifestam. Quando usamos a 
expressão “doença psicossomática” dizemos que a causa é psicológica, mas a 
pessoa apresenta mudanças clínicas detectáveis por exames de laboratório, ou 
seja, o corpo da pessoa está tendo danos físicos - chamamos de doença 
psicossomática. 
Em psicossomática, nas últimas décadas, os avanços da investigação 
psicanalítica, e outros não psicanalíticos, tornaram de interesse para o 
psicanalista não somente a contribuição da Psicanálise para a psicossomática, 
mas também a desta para aquela. Estudos recentemente publicados corroboram 
a eficácia terapêutica da Psicanálise e de tratamentos baseados na teoria 
psicanalítica bem como sufragam a tese de que a psicoterapia, incluindo-se a 
psicanaliticamente orientada, conquanto exija longo tempo do terapeuta, não se 
revela dispendiosa em relação a outros tratamentos, se considerados custos e 
benefícios. 
As lesões psicossomáticas são caracteristicamente enigmáticas, pois 
tanto podem aparecer como que “do nada” e do mesmo modo que se 
apresentaram vão embora. Ou, ainda, podem se agravar e colocar em risco a 
vida do sujeito, como um agravamento do quadro ou até mesmo a morte. 
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/sigmund-freud-biografia
Atualmente a Psicossomática apresenta-se como um grande campo de 
conhecimentos a ser mais bem compreendido, embora não se defina 
exatamente como uma área do saber. Assim como em muitas disciplinas, 
principalmente as de natureza integrativa ainda há a muito a ser feito, no sentido 
de compor e relacionar o saber acumulado acerca de processos isolados do ser 
humano, tanto a nível físico, como social e psíquico, em um único todo. 
A psicossomática é uma ciência interdisciplinar que integra diversas 
especialidades da medicina e da psicologia para estudar os efeitos de fatores 
sociais e psicológicos sobre processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar 
das pessoas. A palavra psicossomática, na visão dos profissionais de saúde que 
compreendem o ser humano de forma integral, não pode ser compreendida 
como um adjetivo para alguns tipos de sintomas, pois tanto a medicina quanto a 
psicologia estão percebendo que não existe separação ideal entre mente, corpo, 
alma e espírito. Então, psicossomática é um termo que pode ser empregado para 
qualquer tipo de sintoma, seja ele físico, emocional, psíquico, espiritual, 
profissional, relacional, comportamental, social ou familiar. [2] 
Segundo Eksterman (1992), a Medicina Psicossomática é um estudo das 
relações mente-corpo com ênfase na explicação psicológica dos sintomas 
corporais. O termo também pode ser compreendido, tal como descreve Mello 
Filho (1992), como "uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas 
de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma 
prática, a prática de uma medicina integral". 
A psicossomática é a ciência que estuda as doenças orgânicas com 
descarga no corpo, isto é, uma lesão de órgão ou sistema provocado por alguma 
disfunção do sistema nervoso. Na psicossomática, pensa-se a realidade na sua 
unidade, considerando os aspetos biológicos e psicológicos. Interessa-se pelos 
aspetos de interação causa/efeito, a pessoa como um todo na sua perspectiva 
biológica e relacional, isto é, pensar a realidade na sua totalidade: a entidade 
biológica e a entidade psicológica. [1] 
De acordo com Holmes (1997) há uma diferença entre os transtornos 
somatoformes e transtornos psicossomáticos: nos dois tipos de transtornos as 
causas são psicológicas, e os sintomas são físicos. A distinção entre eles é que 
https://psicologado.com.br/psicologia-geral/introducao/o-que-e-psicologia
nos distúrbios somatoformes não há lesão física (ex., um indivíduo reclama de 
dor no estômago e na verdade não há nada fisicamente errado com o órgão), 
enquanto com os distúrbios psicossomáticos, há lesão física (ex., úlceras 
envolvem lesões no revestimento do estômago) (MOURA, 2008). 
Estar sob forte pressão no trabalho, ter passado por um rompimento 
amoroso abrupto, pela perda de um ente querido ou estar com grandes 
problemas financeiros, são exemplos de situações que podem levar o indivíduo 
a uma condição de estresse, ansiedade e tristeza tão grave que o seu estado 
mental transcende e acaba afetando o seu estado emocional. 
Deste modo, tudo que a pessoa sente na mente e em seu coração, acaba 
se manifestando fisicamente também e causando muitas dores por todo o corpo. 
Isso é o que recebe o nome de somatização. 
Além destas causas, existem outras que podem acarretar em uma ou mais 
doenças psicossomáticas: 
• Traumas de infância ou qualquer outro tipo de trauma; 
• Ansiedade e depressão; 
• Situações de violência (física ou psicológica); 
• Trabalho em excesso; 
• Auto cobrança exagerada; 
• Entre outras causas. 
O diagnóstico de uma doença psicossomática deve ser feito por um 
psiquiatra, mas um clínico geral ou outro especialista podem apontar esta 
possibilidade, porque excluem a presença de outras doenças através do exame 
físico e de laboratório. 
As presenças dos principais sintomas ajudam a identificar o problema, e 
são coração acelerado, tremores, boca seca, sensação de falta de ar e de nó na 
garganta, e podem ser mais ou menos intensos de acordo com piora ou melhora 
do estado emocional de cada pessoa. Para confirmar este transtorno, o médico 
irá identificar na sua avaliação a existência de pelo menos 4 sintomas, sendo 
que os mais comuns são os gastrointestinais, os que imitam doenças 
neurológicas ou que afeta a região íntima 
http://www.jrmcoaching.com.br/blog/como-superar-a-pressao-no-trabalho-com-o-coaching/
http://www.jrmcoaching.com.br/blog/saiba-lidar-com-excesso-de-trabalho/
O tratamento para estas doenças pode envolver o uso de medicamentos 
como analgésicos, anti-inflamatórios e anti-histamínicos para aliviar seus 
sintomas, no entanto, é importante o acompanhamento de um psicólogo ou 
psiquiatra, para aprender a controlar as emoções, e tratar a verdadeira causa do 
problema. 
Antidepressivos, e ansiolíticos, por exemplo, prescritos pelo 
psiquiatra, ajudam a acalmar e diminuir a ansiedade, e sessões de psicoterapia 
são importantes para ajudar na resolução de conflitos internos. 
Algumas medidas simples e naturais também podem ajudar a lidar com 
os problemas emocionais, como tomar chás calmantes de camomila e valeriana, 
tirar férias para descansar a mente e procurar resolver um problema de cada 
vez. Fazer algum tipo de exercício físico como caminhada, corrida, yoga ou 
pilates também pode ajudar a promover o bem-estar. 
 
 
 
 
 
2. Histórico da Psicossomática 
 
Segundo Moura (2008) o termo “psicossomático” foi utilizado pela primeira 
vez em 1818 por Heinroth, psiquiatra alemão, ao fazer referência a insônia e a 
influência das paixões na tuberculose, epilepsia e cancro. No século seguinte 
as descobertas de Freud permitiram uma melhor compreensão desses 
fenômenos. Em 1922 Deutsch reintroduziu esse termo em Viena. 
Antes da psicanálise, entendia-se que as doenças eram causadas por 
agentes externos. Havia, é claro, muitas iniciativas em tentar compreender a 
relação corpo e mente. O próprio surgimento do termo psicossomática em 1828 
por Johann Heinroth testemunha isto. Ele postula que paixões sexuais são 
importantes para a manifestação de doenças como tuberculose,epilepsia e 
câncer, ressaltando a importância dos aspectos físicos e psíquicos integrados 
nos processos de adoecer (VOLICH, 2000, p. 43). 
A psicossomática evoluiu das investigações psicanalíticas que contribuem 
para o campo com informações acerca da origem inconsciente das doenças, e 
mais especificamente dos estudos das paralisias e anestesias histéricas 
originados das contribuições pré - psicanalíticas de Jean-Martin Charcot e Josef 
Breuer. 
Expressão doença psicossomática foi utilizada inicialmente para referir-se 
apenas a certas doenças como a úlcera péptica, asma brônquica, hipertensão 
arterial e colite ulcerativa onde as correlações psicofísicas eram muito nítidas 
posteriormente foi-se percebendo que tal concepção é potencialmente válida 
para todas as doenças (MELLO FILHO, 2005). 
Segundo Cardoso (2005), a história da psicossomática poderia ser 
dividida em duas grandes correntes: de um lado, as correntes inspiradas nas 
teorias psicanalíticas e com base no conceito de doença psicossomática; de 
outro lado, a inspiração biológica, alicerçada no conceito de stress. 
Já Mello Filho (1992) considera três fases distintas na evolução da 
Psicossomática: a inicial ou psicanalítica, em que foi estudada, entre outros 
assuntos, a origem inconsciente das doenças e o fenômeno de regressão; a 
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/o-inconsciente
intermédia ou behaviorista, na qual houve uma tentativa para enquadrar os 
estudos feitos em humanos e animais nas ciências exatas; e a atual ou 
multidisciplinar, em que é dada importância às influências sociais e se considera 
a Psicossomática como atividade de interação e integração de dados de 
diferentes áreas do saber. 
Segundo Cardoso (1995), no fim do século XIX o campo da 
psicossomática veio a estender por dois grandes ramos de investigação. O 
primeiro ramo da história da psicossomática se refere à Escola Americana, 
representada por Franz Alexander e Dunbar, cuja via de investigação tem como 
ponto de partida o modelo médico, onde estes procuram correlacionar 
determinados tipos de personalidades com doenças orgânicas específicas. As 
contribuições da Escola Psicossomática Americana, especificamente Alexander 
e Dunbar, e as de Cannon e Selye foram fundamentais para a consolidação do 
movimento psicossomático, assim como para a influência sobre uma medicina 
integral e humanista. 
O segundo grande ramo das investigações psicossomáticas foi formada 
pelos integrantes da chamada Escola Psicossomática de Paris, composta entre 
outros por Pierre Marty, de M’Uzan, David e Fain, tentaram elaborar uma teoria 
da economia psicossomática atribuindo uma grande parte da etiologia a um 
determinismo multifatorial com forte participação biológica. 
Para eles, falar de “doenças psicossomáticas” é um equívoco, preferindo 
chamar de “pacientes psicossomáticos” àquela cuja manifestação sintomática 
preponderante aparece no plano orgânico e não no psíquico. A falta de recurso 
psíquico para a elaboração dos conflitos decorreria a sua característica 
preponderantemente “psicossomática” e o consequente desequilíbrio 
psicossomático com a ocorrência de desorganizações orgânicas progressivas 
(CARVALHO, s.d.). 
 
 
 
 
3 A relação entre a Psicossomática e a Psicanálise 
 
As indagações sobre as relações entre o psíquico e o somático percorrem 
toda a obra de Freud. Os primeiros trabalhos sobre a histeria permitiram-lhe 
reconhecer a influência do funcionamento psíquico nos sintomas somáticos, 
onde se evidencia a relação entre histeria e sexualidade, apresentando-se 
também a noção de conversão, através da qual o conflito psíquico seria 
transposto para a soma, carregando o sintoma de significado simbólico. Freud 
partiu daqui para construir uma teoria metapsicologia em que o corpo recebeu 
progressivamente lugar de destaque, podendo ser simultaneamente fonte 
da pulsão e agente da sua satisfação (GANHÃO, 2009). 
De acordo com Cardoso (1995), o maior legado de Freud para as 
investigações psicossomáticas se deve ao conceito de conversão individual. 
Esse termo conversão foi utilizado por Freud para explicar a transposição de um 
conflito psíquico na tentativa de resolvê-lo em termos de sintomas somáticos, 
motores ou sensitivos. ” 
Na obra de Freud, as formulações que mais se aproximam do que se 
conhece atualmente como psicossomática estão em sua definição de neuroses 
atuais. Freud mencionou um grupo de neuroses de transferência que se 
assemelham ás afecções psicossomáticas denominando-as neurose atuais e 
classificando-as em neurastenia e neurose de angústia. A neurastenia tinha 
origem na satisfação sexual realizada de forma inadequada e nas neuroses de 
angústia, o sujeito não obtém uma descarga de excitação sexual, produzindo 
angústia diante da relação sexual incompleta (GERMANO 2010). 
Germano (2010) salienta ainda que Freud, ao pensar sobre o corpo, 
acabou por desenvolver o conceito de conversão somática, que seria uma junção 
do psíquico e do físico remetendo a outra cena. Freud denominou conversão a 
uma manifestação somática idêntica ao desejo em que está em jogo uma 
satisfação substitutiva de uma fantasia de conteúdo sexual e onde esta outra 
cena fala do sujeito através de seu corpo. 
Na primeira tópica, com a introdução do conceito de Inconsciente, Freud 
pôs em causa definitivamente a dicotomia clássica corpo-alma, revelando uma 
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/introducao-ao-conceito-de-pulsao
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/a-teoria-da-angustia-na-psicanalise
nova leitura das relações entre soma e psique. Como afirma Lionço (2008): “o 
inconsciente seria uma espécie de lugar de passagem, processo no qual se 
tornaria impossível distinguir o corporal do psíquico, que estariam articulados 
numa espécie de curto-circuito” 
Na segunda tópica, Eksterman (1992), diz que: “quando o id se transforma 
em ego é o ponto central da intersecção da Psicanálise com a Psicossomática”. 
Nas palavras do autor: “se pudéssemos dissecar todos os componentes 
comprometidos na transformação do id em ego, teríamos provavelmente 
respondido aos enigmas que subsistem entre a mente e o corpo”. Ainda em 
Eksterman, ao falar sobre a origem da mente, Freud afirmou que a atividade 
corporal origina o id e este, por sua vez, diferencia uma camada mais superficial 
– o ego –, quando em contato com o mundo exterior. 
Aparentemente, Freud não se interessou pelas consequências 
efetivamente psicossomáticas de suas descobertas, pelo ao menos no sentido 
de enveredar pela medicina clínica e incluir na fisiologia das doenças físicas 
uma psicopatologia psicodinâmica, em outros termos, questões psicológicas 
relativas ao balanço consciente/ inconsciente presentes nas doenças do corpo. 
Foram seus discípulos imediatos que perceberam essa relação com a Medicina 
em geral, notadamente Felix Deutsch, Otto Fenichel, Georg Groddeck e 
finalmente um emigrante para os Estados Unidos, também discípulo direto de 
Freud, Franz Alexander (EKSTERMAN, s.d). 
Passados mais de cem anos do surgimento da psicanálise, atualmente há 
um campo de conhecimento denominado hoje como psicossomática 
psicanalítica do qual compartilham diversos autores e posicionamentos, em que 
há um acordo em se considerar uma multiplicidade de causas para o adoecer 
relacionados com conflitos inconscientes. (MELLO, 2009) 
3.1 as práticas curativas ancestrais 
 
A pintura rupestre, onde o homem do Paleolítico ao Neolítico, entre 
50.000 e 10.000 anos antes de Cristo, representou as primeiras expressões 
conhecidas de sua humanidade, continua trazendo inúmeras informações sobre 
a cultura humana dos primórdios da história. Na gruta dos Três Irmãos, na 
https://psicologado.com.br/psicopatologia/psicopatologia-definicoes-conceitos-teorias-e-praticas
França, encontra-se a representação de um provável sacerdote-médico, vestido 
com pelesde animais e envergando chifres de alce, datada, segundo os testes 
com carbono 14, de 35.000 anos. Segundo Lopes (1970), os registros 
arqueológicos demonstram a íntima relação entre as práticas religiosas e 
curativas na pré-história. 
 A técnica primitiva da trepanação, na verdade uma sofisticada cirurgia 
em que uma parte do crânio era removida, visava, segundo esse autor, a 
propiciar que os "maus espíritos" fossem afugentados do doente. 
No berço da Civilização, a Mesopotâmia, os curandeiros lutavam contra 
as doenças com encantamentos, considerando que as forças maléficas que se 
materializavam como doenças eram expressões do castigo ou vingança dos 
deuses (Lopes,1970, pp 30-31). Entre os assírios, a prática curativa incluía a 
cirurgia, a astrologia, drogas de origem vegetal e a interpretação dos sonhos do 
doente. 
 Os principais pecados, causadores de doenças, eram: "Excitar o pai 
contra o filho e o filho contra o pai; excitar o amigo contra o amigo; entrar na casa 
do próximo; conquistar a mulher do amigo, dividir uma família unida; desatender 
ao superior, e assim por diante"(Lopes,1970, p-38). 
Observe-se que, nessa interessante enumeração, são os fatores básicos 
do convívio humano, a integração cultural, que estão em jogo, sendo a doença 
uma expressão da perturbação do viver. Como expressamos em outro trabalho: 
"Deve-se notar que, neste sistema integrado, Saúde e devoção, harmonia e 
cirurgia, destino e significação, são pólos que regem o que o homem vive e crê, 
partilhando com deuses e demônios a sua história" (Àvila, 1996). 
Entre os egípcios, já se pode constatar a especialização, pois existiam, 
segundo Heródoto, médicos que tratavam das diferentes partes e sistemas, de 
órgãos específicos, ou de conjuntos de sintomas. Praticantes de sofisticadas 
técnicas médicas e cirúrgicas, os egípcios legaram aos gregos muitos dos 
elementos que serão desenvolvidos pelos asclepíades, os médicos helênicos. 
Na obra de Hipócrates (ou dos muitos Hipócrates, pois segundo Lopes 
teriam existido muitos médicos com este mesmo nome) verifica-se o quanto da 
Medicina clássica se prendia a uma concepção ampla e integrada das doenças. 
Para o médico hipocrático, o organismo humano era considerado um 
microcosmos, inserido no universo maior que o regia. Dizia Hipócrates: "Para 
conhecer-se a natureza do homem é necessário conhecer-se a natureza de 
todas as coisas"(Lopes, 1970, p111). 
3.2 Da idade média à idade moderna 
 
Os princípios fundamentais da medicina grega, acrescentados da 
contribuição de Galeno e dos médicos romanos, formaram a base das técnicas 
curativas durante toda a Idade Média. O homem em interação com a natureza, 
seu corpo e seu espírito, inseparáveis, tal era a concepção desse período, como 
se pode constatar nesse documento, resgatado e comentado por Phillipe Ariès 
"Uma ideia geral emanava da obra, ideia erudita que logo se tornou 
extremamente popular: a ideia da unidade fundamental da natureza, da 
solidariedade existente entre todos os fenômenos da natureza, que não se 
separam das manifestações sobrenaturais. A ideia de que não havia oposição 
entre o natural e o sobrenatural pertencia ao mesmo tempo às crenças populares 
herdadas do paganismo, e a uma ciência tanto física quanto teológica. (...) uma 
mesma lei rigorosa rege ao mesmo tempo o movimento dos planetas, o ciclo 
vegetativo das estações, as relações entre os elementos, o corpo humano e seus 
humores, e o destino do homem". (Ariès, 1986/1566, pp 34-35): 
Com a grande revolução científica da idade moderna, muitas 
transformações advirão, mas a concepção médica permanece tributária de uma 
forma de representação das doenças e de sua causalidade onde corpo e espírito 
ainda estão intimamente unidos. Assim, por exemplo, Ettmüller, em 1691, 
descrevia como causas para as convulsões, alguns fatores que hoje seriam 
referendados pela moderna medicina, ao passo que outros seriam sem dúvida 
relegados, como conhecimentos supersticiosos, pré-científicos, ou francamente 
derrisórios: "a cólica nefrítica, os humores ácidos da melancolia, o nascimento 
durante um eclipse da Lua, a vizinhança das minas de metal, a cólera das amas 
de leite, os frutos de outono, a constipação, os caroços de néspera no reto e, de 
modo mais imediato, as paixões, sobretudo as do amor" (Foucault,1972/1691 
p222). 
Porém, a distinção estabelecida por Descartes, entre a res cogitans e 
a res extensa, logo se traduzirá em fundamento para a apreensão do corpo como 
realidade objetiva, conduzindo à radical separação entre corpo e mente, que a 
Medicina dos séculos XVII e XVIII consagrará. 
 Adotando a categorização que nasceu com a Botânica, a minuciosa 
descrição e classificação de todo o mundo natural, ao mesmo tempo que os 
princípios da experimentação das ciências físico-químicas, a Medicina passa a 
empregar os novos parâmetros que confluirão, no século XIX, com as grandes 
descobertas científicas dos fatores etiológicos de inúmeras doenças, e o 
desenvolvimentos de novos recursos diagnósticos e terapêuticos. 
 A Medicina ingressa no século XX com a esperança de poder abordar, 
com a Biologia, a Física e a Química como retaguarda, e a tecnologia como 
aliada, a totalidade dos padecimentos humanos. 
 
3.2 A esfinge 
 
Existe, todavia, uma doença, descrita há mais de 4.000 anos, e que 
parece não se curvar a todos os esforços diagnósticos e curativos da Medicina: 
trata-se da Histeria, entidade tão enigmática e tão exasperante, que inúmeros 
médicos, antigos e atuais, propõem que se abandonem todas as tentativas de 
compreendê-la. Aliás, é exatamente a Histeria que vai dar surgimento a uma 
outra e revolucionária forma de pensar o sofrimento humano: a Psicanálise. 
A Histeria parece confundir todas as fronteiras, e vai obrigar ao criador da 
Psicanálise à criação de um método próprio de investigação, método esse que 
é co-extensivo de suas formas de expressão. São as histéricas que inventam a 
Psicanálise, forçando, com seu desejo enigmático e demandante, que sua voz 
se faça ouvir, que seus sofrimentos "sem causa" sejam levados em conta, na 
mais intensa inserção do profissional que esteja buscando auxiliá-las. 
Freud pode fazer o gesto revolucionário, já esquecido pela Medicina de 
sua época, de ouvir sua paciente, e com isso trazê-la para o próprio centro de 
sua própria história e, assim, também, de seu processo terapêutico. 
A Psicanálise, no entanto, e à sua revelia, vai contribuir para que a 
Medicina moderna faça mais profundo o fosso entre os fenômenos psíquicos e 
os somáticos, como se pode constatar em todas as tentativas atuais de encontrar 
fatores exclusivamente biológicos para compreender processos de doença, 
procurando "isolar" os fatores "não objetivos". 
3.3 As duas Psicossomáticas 
 
Na década de 1920 vão surgir, simultaneamente na Alemanha e nos 
Estados Unidos, pesquisadores interessados em aplicar a Psicanálise ao 
conhecimento dos determinantes das doenças. Em Nova York, a dra. Helen 
Dunbar e em Chicago, o grupo ligado a Franz Alexander fundam o que deve ser 
denominado como Medicina Psicossomática. 
 Tal designação se aplica, pois, a Psicanálise será empregada, por esses 
autores e muitos outros que os seguiram, como um meio terapêutico auxiliar do 
procedimento médico, e suas hipóteses e modelos teóricos funcionarão para 
esclarecer possíveis determinantes inconscientes para as doenças. Para a 
Medicina Psicossomática, como afirma Trillat, "o conflito não é específico": 
"O que é específico, é a resposta fornecida por cada indivíduo em função 
de seu caráter, de suas tendências: a agressividade que não encontra meios de 
se descarregar no sistema de relação, vai tomar emprestada a via 
neurovegetativa e provocar perturbações cardiovasculares. Noutros casos, a 
necessidade de dependência ou de proteção, se não satisfeitas, vão se traduzir 
em perturbações da esfera digestiva (úlcera, constipação,colite)." 
A Medicina Psicossomática adota os mesmos critérios diagnósticos da 
Medicina, seus métodos, suas técnicas, seu procedimento de pesquisa, seus 
critérios de cura. A Psicanálise fornece para ela mais uma ferramenta, um meio 
de investigação daqueles fatores etiológicos "invisíveis", as emoções, o fator 
"subjetivo". 
Muito diferente é a orientação da outra Psicossomática, a que propomos 
chamar de Psicossomática Psicanalítica. Para essa concepção o "subjetivo" não 
é um fator de causalidade, e o sintoma, qualquer sintoma, não é o que deve ser 
eliminado. Para a Psicanálise, o principal sintoma é o próprio Ego, e esse é visto 
como um "campo de batalha", como Freud propunha em 1917. 
O criador dessa tendência, é Georg Groddeck, médico alemão que 
descobriu por via independente a existência e a eficácia do Inconsciente, e 
publicou, a convite de Freud, duas obras capitais para o pensar psicanalítico 
sobre as formas do padecimento humano que se manifestam como sintoma 
psicossomático: 
O "Livro d"Isso”, de 1921(Croddeck1984), e "Condicionamento Psíquico e 
Tratamento de Moléstias Orgânicas pela Psicanálise", de 1917 (Groddeck 7 
992). Uma das tarefas fundamentais para a Psicanálise contemporânea é 
resgatar a contribuição desse original e perturbador autor, ainda desconhecido 
e relegado. 
Não há aqui espaço suficiente para um desdobramento mais amplo dessa 
diferenciação, mas ela é fundamental para podermos considerar o modelo a 
seguir. 
 
3.4 A Banda de Moebius 
 
Em 1861 o matemático Ferdinand Moebius publicou um trabalho em que 
explorava as características paradoxais de um objeto, que ele definia 
como "unilateral e não-direcionável"(Trillat,1991, pp276-277). 
Fisicamente sua construção é bastante simples: toma-se uma tira de 
papel, colam-se suas extremidades, procedendo-se antes, no entanto, a uma 
torção no sentido longitudinal da tira. Forma-se assim uma espécie de anel, que 
lembra um oito. Essa figura matemática continua intrigando até hoje os 
matemáticos, que consideram não ter ainda esgotado o estudo de todas as suas 
possibilidades. 
 Do que se trata, e quais são suas utilidades para o tema que nos 
concerne? Trata-se de uma figura onde se processa uma continuidade completa, 
onde não existe interior e exterior, e seu uso em Psicanálise deve-se a Jacques 
Lacan (1973). Aqui propomos um uso um tanto diferente do que Lacan propôs, 
embora sem dúvida seja dele o essencial dessa apreensão. 
Banda é uma folha de papel que não tem frente e verso, possui um único 
lado. Esse lado, quando percorrido, conduz ao outro. Em seu conjunto, não se 
pode dizer onde é a frente, onde é o alto, onde é o fundo ou o baixo. Não tem 
dentro nem fora. Não se orienta no espaço, ou se orienta igualmente, como um 
objeto mergulhado em espaço topológico. Se ela é cortada, desfazem-se suas 
propriedades, mas se ela for cortada longitudinalmente, em sua "alma" (é o termo 
matemático) formam-se duas faixas: uma orientável, com dentro e fora, e outra 
Banda de Moebius, não orientável. 
Para a Psicossomática ela é a representação ideal para configurar-se um 
modelo para a relação entre o corpo e a mente. O corpo não é o exterior, sendo 
a mente o seu interior. Os processos psíquicos não são "dentro" do homem. O 
"corpo" não lhe é um mero veículo, ou uma veste, ou um calçado. O corpo e a 
mente interpenetram-se, como desde sempre se sabe. Não há processos 
puramente orgânicos, e nem unicamente mentais. 
 Embora se devam respeitar as especificidades dos registros, havendo 
assim uma esfera biológica, uma esfera físico-química, dimensões simbólicas 
organizadas por esferas sociais e culturais, e uma esfera própria ao psiquismo, 
além de outras, há, contudo, uma evidente continuidade no fenômeno humano. 
Essa continuidade é o que a Banda de Moebius pode dar conta de representar. 
O sofrimento humano é uma extraordinária manifestação da unidade da 
vida humana. Não se sofre só no corpo, nem apenas psiquicamente. O único 
corpo puro, isolado de mente, é o do cadáver. Os processos psíquicos são 
"apoiados", como dizia Freud. Talvez não haja dicotomias, mas apenas modelos 
distintos de apreensão. O que parece especificamente orgânico no corpo, talvez 
seja apenas um dos "momentos" da faixa, e se tivéssemos paciência suficiente, 
sabedoria suficiente, e critérios adequados, possivelmente poderíamos perceber 
quando esse processo passa a se manifestar em seu "momento" psíquico. De 
qualquer forma, a Banda de Moebius é um interessante recurso para que 
possamos nos defrontar com o ser humano integral que vai procurar auxílio para 
seu sofrimento. 
Para a clínica psicanalítica trata-se de uma representação que possibilita 
a continuidade da investigação, sem ruptura, quando é o corpo quem está 
"falando". Doenças continuarão, obviamente, sendo tratadas por médicos. 
Conflitos continuarão a ser a matéria prima da investigação dos analistas, mas 
o fenômeno psicossomático pode, talvez, deixar de ser "terra de ninguém". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 A Psicossomática e os Tipos de Neurose 
 
Os estudos iniciais de Freud sobre as neuroses ficaram marcados pela 
distinção que ele fazia entre as chamadas neuroses atuais e as psiconeuroses. 
Ocorre que, aos poucos, o conceito de neurose atual foi deixando de aparecer 
em seus trabalhos, como que sendo colocados à parte do campo propriamente 
psicanalítico. No entanto, é interessante observar-se, hoje em dia, como muitos 
dos aspectos por ele descritos como peculiares às neuroses atuais podem se 
articular com aquilo que se compreende atualmente como campo da 
psicossomática (FERRAZ, 2005). 
Ferraz (2005) diz ainda que a neurose é classificada em dois grandes 
grupos: Neuroses atuais (neurastenia, neurose de angústia e hipocondria) e da 
psiconeurose (histeria e obsessões), existindo ainda a ocorrência, muito 
frequente, de casos em que os sintomas de ambos os grupos aparecem 
combinados. 
Para Freud, a principal diferença entre as neuroses atuais e as 
psiconeuroses podia ser estabelecida por meio da etiologia: enquanto as 
primeiras eram tidas como consequência, por interferência química, de 
impedimentos da satisfação sexual na vida atual, as psiconeuroses eram vistas 
como consequência, por intermediação psíquica, de fixações e desvios da libido 
na infância (JUNQUEIRA, 2006). 
Segundo Andrade (1995), fica evidente que a causa é sem dúvida de 
natureza sexual em ambos os casos, mas enquanto na neurose atual a causa 
deve ser buscada nas desordens da vida sexual atual, nas psiconeuroses a 
origem está na vida passada. Por outro lado, enquanto na neurose atual a 
etiologia é de natureza somática, na histeria e na obsessão ela se encontra no 
domínio psíquico. Na neurose de angústia este fator somático seria a ausência 
de descarga da excitação sexual, enquanto na neurastenia seria sua satisfação 
inadequada (pela masturbação, por exemplo). 
Do ponto de vista etiológico e no que concerne ao seu mecanismo interno, 
a neurose atual tem a sua origem não em conflitos psíquicos, mas em 
acontecimentos do tempo presente. Isto é, seus sintomas resultam diretamente 
da ausência ou da inadequação da satisfação sexual atual, e não de eventos 
importantes da vida passada. Eles não são, portanto, nem uma expressão 
simbólica de um desejo recalcado, nem sobre determinados por uma motivação 
inconsciente (ANDRADE, 1995). 
Interessante pensar como Freud pontua, nesses mecanismos das 
neuroses atuais, que uma ação psíquica produz efeitos fisiológicos e vice-versa. 
Pois diante de uma ação inadequada nas formas de conduzir a vida sexual, uma 
resposta corporal se impõe ao implicar que a energia sexual somática encontre 
vias de escoamento secundárias através do corpo. Porém, tal escoamento 
acaba por produzir efeitospsíquicos como o cansaço, a irritação, a angústia 
difusa, etc. (PINHEIRO, 2008). 
Nas psiconeuroses os sintomas provêm do recalcado num processo de 
insucesso do recalcamento e de retorno do recalcado, enquanto que nas 
neuroses atuais não há mediação psíquica e a patologia reflete, diretamente, 
uma economia sexual perturbada, consequência de um excesso ou insuficiência 
de descarga, seria a realidade a tomar maior importância, ficando o conflito fora 
do acesso do sujeito. (CARDOSO, 1995). 
Clinicamente, as neuroses atuais e as psiconeuroses aparecem 
mescladas, simultaneamente. De acordo com o dizer de Freud, a neurose atual 
está contida na psiconeurose, configura-se como “grão de areia no centro da 
pérola”, seu núcleo. Ou seja, através da manifestação de uma neurose atual, 
alcança-se uma complexidade psiconeurótica, rastreando-se os seus sintomas. 
Portanto, as neuroses atuais e as psiconeuroses, intrinsecamente ligadas, 
aparecem simultaneamente sem qualquer problema de contradição 
fenomenológica (QUINTELLA, 2003). 
De acordo com Trombini (2004), os sintomas das Neuroses atuais basicamente 
são: 
• Neurastenia: Caracterizada pelo cansaço, pela cefaleia, digestão difícil, 
prisão de ventre e diminuição da atividade sexual pelo uso excessivo da 
masturbação. 
• Sintomas hipocondríacos. Dores, mal-estares e preocupações como 
consequência de uma falta de energia sexual dos órgãos. 
• Neurose de angústia: Dominada por um contínuo estado de ansiedade, 
acompanhada de seus equivalentes somáticos (respiração difícil, 
alterações do ritmo cardíaco, vertigens, sudorese) 
E das Psiconeuroses: 
• Histeria: Alterações da sensibilidade, paralisia de um membro, cegueira, 
desmaio ou crise convulsiva. 
• Neurose obsessiva: Pensamentos obsessivos e rituais compulsivos 
Os distúrbios da neurose atual são caracterizados por sintomas de 
natureza corpórea, sem lesões orgânicas. Freud, porém, acreditava que a sua 
causa não fosse psicológica, como no caso das psiconeuroses, mas somática, 
sempre de origem sexual. Pensava que os sintomas derivassem do acúmulo de 
mal-estar físico e de toxinas para problemáticas de natureza “atual”, ou seja, não 
ligadas ao passado, mas ao presente. Eles eram resultado de uma alteração do 
metabolismo, devido a uma vida sexual inadequado (TROMBINI, 2004). 
A diferença entre a neurose de angústia e a histeria é que a conversão 
nesta última se dá no plano psíquico que, não encontrando outro caminho para 
a excitação, reverte-se no corpo, enquanto que na neurose de angústia a tensão 
física não encontra meios para passar para o psíquico conservando-se no plano 
físico. Acrescenta-se que a causa desencadeante da neurose de angústia não 
seria de uma patologia psíquica e se reverteria ao somático, “não dependeria do 
recalcamento de uma representação e do deslocamento de seu afeto” 
(CHEMAMA,1995). 
A expressão “neurose atual” aparece pela primeira vez no trabalho de 
Freud em “A sexualidade na etiologia das neuroses”, de 1898. Neste artigo, 
afirma que a causa de toda neurose se baseia na vida sexual do paciente, 
afirmação esta que viria a constituir a base da psicanálise. Não obstante, ele 
alertou para o fato de que o papel desempenhado pela sexualidade pode ser 
diferente de acordo com a situação. As neuroses, assim, estariam classificadas 
em dois grupos, de acordo com o sintoma do paciente. Haveria o grupo da 
neurastenia ou neurose atual e o da psiconeurose (histeria e obsessões), 
existindo ainda a ocorrência, muito frequente, de casos em que os sintomas de 
ambos os grupos aparecem combinados. 
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/introducao-ao-conceito-de-neurose-obsessiva
No caso da neurastenia, poder-se-ia alcançar a causa do sintoma com 
uma entrevista inicial com o paciente. O sintoma da doença estaria associado 
com a vida sexual do indivíduo. Então, na neurastenia ou neurose atual, a 
etiologia da doença estaria relacionada a vida sexual atual do sujeito. É aí que 
se observa a diferença para o que foi postulado para as psiconeuroses. As bases 
que “sustentariam” este grupo de neurose seria a sexualidade infantil e o 
recalque. 
Freud alertou para o fato de que haveria duas formas bastante diferentes 
de se processar a excitação psíquica: transformando-a diretamente em angústia 
- resultariam sintomas predominantemente somáticos ou não simbolizados - ou 
então procedendo-se à mediatização simbólica, na qual o resultado seriam 
sintomas psíquicos. Desta maneira, o que delimitaria o campo das neuroses 
atuais não seria apenas a relação de temporalidade (atualidade no tempo), 
seriam também as características somáticas do estudo dos sintomas da 
patologia. 
Em um breve levantamento, pode-se dizer que Freud enfatizou, no caso 
das neuroses atuais, aspectos tais como: a sintomatologia somática; o caráter 
atual do fator etiológico; a não satisfação da libido como causa precipitante do 
sintoma; e a transformação direta da causa em sintoma, sem a mediatização 
simbólica do recalque. 
Pierre Marty 
 Marty foi um dos criadores da Escola Psicossomática de Paris, que teve 
como influência e ponto de partida na sua formação a teoria de neurose atual. 
Na sua perspectiva teórica de como ocorria o processo psicossomático, utilizou 
o conceito de mentalização como sendo uma espécie de medida das dimensões 
do aparelho psíquico, que concernem “à quantidade e à qualidade das 
representações psíquicas dos indivíduos”. 
Para ele, uma mentalização adequada protege o corpo das descargas de 
excitação, à medida que esta encontra abrigo nas representações existentes no 
pré-consciente. Um grau pobre de mentalização, ao contrário, deixa o corpo 
biológico desprotegido, entregue a uma linguagem primitiva basicamente 
somática. 
As representações psíquicas, bases da vida mental, são responsáveis 
pela existência das fantasias e dos sonhos, longas vias associativas que 
permitem o escoamento das excitações, dando-lhes um substrato propriamente 
psíquico. Nos processos de somatização pode-se falar, então, em insuficiência 
das representações. 
Então, o indivíduo não consegue fazer uma associação entre o que 
poderia estar causando a somatização e o fator psíquico envolvido. Não há uma 
visualização que contenha significado para este sujeito. Como ele não consegue 
mentalizar, ou seja, existe a impossibilidade ou fraqueza na elaboração psíquica, 
isto deixa livre o acesso da excitação não representável (simbolizada) para o 
plano corporal. 
 Existiria, como já havia colocado Freud, uma área de formação do 
sintoma não abrangida pela simbolização, sendo então um mecanismo distinto 
do recalque. 
Constatou a existência de uma estrutura psicossomática, com modos de 
manifestação e defesas próprias. A característica mais marcante e visível do 
comportamento desses pacientes era o modo como eles faziam uso das palavras 
durante a análise. 
Enquanto os neuróticos utilizavam e seguiam a regra da associação livre 
para falarem sobre suas experiências e dedicavam a maior parte do tempo de 
análise para falarem de si, de suas fantasias, medos, sentimentos etc., os 
pacientes somatizantes apresentavam um discurso mecânico, controlado, 
carente de metáforas e essencialmente voltado para a descrição da realidade 
externa. Eram uma espécie de jornalistas de seu cotidiano. 
Então, para Pierre Marty, a doença psicossomática é uma estratégia 
defensiva empregada por determinados pacientes como forma de se livrar do 
excesso libidinal que não encontrou descarga através da fantasia e das 
manifestações decorrentes dela. 
Tais pacientes possuem uma estrutura psíquica específica caracterizada 
por uma carência fantasmática que “oportuniza” um funcionamento operatório 
manifesto em um discurso pobre em simbolização e voltado para a descrição da 
realidade externa. 
Acredito ser inegável as contribuições de um século atrás para as 
pesquisas atuais sobre a psicossomática.Muito do que foi teorizado e discutido 
apresenta um caminho que pode guiar a novas descobertas e ideias. No entanto, 
por mais que essa contribuição seja importante, não é a única. Será que só 
haveria uma etiologia na afecção psicossomática? 
Se seguirmos ao pé da letra o que já foi postulado sem questionamentos, 
estaremos assumindo a responsabilidade de simplesmente fechar os olhos e 
seguir cegamente. Não é negar tudo o que foi construído, é puramente 
problematizar estas supostas verdades universais. 
Pensando a teoria freudiana e muitos do que seus seguidores, como 
Marty, teorizaram sobre o assunto, como não sendo ou não tendo algum sintoma 
histérico, afinal a neurose atual coloca que os problemas estão relacionados a 
vida atual de seus pacientes e não a uma remota infantilidade da sexualidade. 
Se a psicossomática é algo que afeta “fisicamente” o órgão ou corpo, 
porém não tem uma explicação orgânica, como podemos saber que não há 
algum vestígio de recalcamento? Somente por que alguns pacientes tem um 
discurso mecânico e sem aparente simbolização? Acredito que não devemos 
esquecer que cada passa por processos de maneira distinta e, assim, será 
possível fazer uma generalização não somente sobre o processo de 
psicossomática, mas também de outras patologias? 
Ao longo de suas obras, Freud foi modificando e transformando a visão 
que tinha de seus estudos, mostrando o que não tinha visto antes ou outros 
processos pelos quais o ser humano passava. Ele próprio escreveu sobre as 
neuroses mistas, defendendo que era difícil definir suas etiologias, que muitas 
vezes os sintomas se misturavam. Assim, não deveria ser somente neurose atual 
os só psiconeurose, afinal diversos processos ocorrem simultaneamente e não 
separados por barreiras em momentos distintos. 
Uma outra questão envolve a diferenciação entre psicossomática e 
histeria. Sei que pode parecer confuso pelo que acabei pontuando acima, porem 
meu objetivo não é defender uma teoria ou outra neste espaço. O que pretendo 
é apresentar alguns pontos discutidos entre profissionais, estudantes, em artigos 
e dúvidas próprias. 
Retornando, então, a essa distinção, coloca-se que o mecanismo da 
conversão na histeria é, na realidade, uma falsa conversão. Nada ali é 
convertido a não ser o afeto que originalmente prazeroso, ligado a uma 
satisfação sexual, passa a ser desprazeroso. 
Não há conversão da libido de uma representação intolerável para o 
corpo, mas sim o deslocamento daquela para outra representação, 
representação de uma parte do corpo. 
Deste modo, se adotarmos a dicotomia mente-corpo, podemos dizer que 
o fenômeno em questão é eminentemente mental. Já o sintoma psicossomático 
seria um fenômeno diferente de uma conversão histérica, visto que o primeiro 
incide sobre o próprio corpo e não sobre a representação do corpo, como na 
histeria. 
No entanto, como saberemos que o fator psicossomático não significa a 
representação de algo no corpo? Como se pode afirmar que não foi recalcado 
ou que não passou pelo processo de simbolização? Uma fala controlada seria 
indício disto? 
Nasio, no livro “O Livro da dor e do Amor” cita um caso de uma garota que 
sentia certo incômodo inexplicável pela medicina em uma parte de sua perna 
(coxa). Observou-se que, quando seu pai estava doente, era ela quem cuidava 
dele, sendo que muitas vezes deitava a cabeça dele em sua perna (parte 
afetada) para assim cuidar melhor. 
Nestes momentos, em que o cabelo do pai tocava sua pele, sentia desejos 
incestuosos ao mesmo tempo que sentia vergonha. Tal episódio demonstra o 
surgimento de uma pulsão incestuosa reprimida pela vergonha, ou seja, 
recalcada. Assim, esta situação conflitante marcara uma associação entre o local 
preciso do corpo – coxa – lugar de desejos culposos hoje, lugar de dores físicas 
amanhã. 
Este autor acaba trazendo mais de uma hipótese sobre a origem psíquica 
que poderia causar uma psicogenia. Uma de suas hipóteses, por exemplo, 
considera a conversão histérica como o salto do psíquico para o somático. 
Postula que uma pulsão recalcada sairia do campo do inconsciente para o do 
corpo e se transformaria em dor física. 
Um conflito passado, esquecido, porém que continuou ativo no 
inconsciente como pulsão, se converteria em alguma dor ou incômodo. No 
entanto, que parte do corpo será atingida? A dor vai se localizar na parte do 
corpo já atingida em algum momento, que representa um abalo perturbador, 
abalo que foi a eclosão momentânea de uma pulsão inconsciente. A zona do 
corpo marcada e simbolizada por esse conflito ficaria então impressa no 
inconsciente, como uma foto. 
É complicado e complexo tentar encontrar a etiologia de alguma patologia. 
Mesmo as comprovadas pela medicina, que apresentam um caráter orgânico 
acabam tendo múltiplas origens e causas, até porque o homem não é só corpo 
e nem somente psique. Afirmar que isto causou aquilo e generalizar este achado 
pode significar uma redução a algo específico, quando muitas vezes não é. Se 
tentar encontrar uma explicação lógica para certos comportamentos do 
organismo não é uma tarefa fácil, o que dirá procurar por algo semelhante em 
processos psicológicos. 
Não acredito em uma definição fechada para certas ações, ainda mais se 
envolve uma dimensão que é inacessível a todos os indivíduos. Afirmar 
categoricamente pode conduzir a uma caída enorme, em que os danos não são 
pequenos, não só profissionalmente, mas a própria maneira do sujeito observar 
ao seu redor. 
 
5 Doenças Psicossomáticas Mais Comuns 
 
Cada pessoa pode manifestar fisicamente as suas tensões emocionais 
em diferentes órgãos, podendo simular ou piorar muitas doenças. Os principais 
exemplos são: 
• Estômago: dor e queimação no estômago, sensação de enjoo, piora de 
gastrites e úlceras gástricas; 
• Intestino: diarréia, prisão de ventre; 
• Garganta: sensação de nó na garganta, irritações mais fáceis constantes 
na garganta e amígdalas; 
• Pulmões: sensações de falta de ar e sufocamento, podendo simular 
doenças pulmonares ou cardíacas; 
• Músculos e articulações: tensão, contraturas e dores musculares; 
• Coração e circulação: sensação de dores no peito, que pode, até, ser 
confundida com infarto, além de palpitações, surgimento ou piora da 
pressão alta; 
• Rins e bexiga: sensação de dor ou dificuldade para urinar, que pode imitar 
doenças urológicas; 
• Pele: coceira, ardência ou formigamentos; 
• Região íntima: piora da impotência e diminuição do desejo sexual, 
dificuldade para engravidar e alterações do ciclo menstrual; 
• Sistema nervoso: crises de dor de cabeça, enxaqueca, alterações da 
visão, do equilíbrio, da sensibilidade (dormências, formigamentos) e da 
motricidade, podendo simular doenças neurológicas. 
A pessoa com transtorno de somatização pode sofrer por muitos meses 
ou anos com estes sintomas até que se descubra a causa. Confira mais 
os sintomas que podem surgir nas doenças psicossomáticas. 
Além disso, existem doenças que podem ser desencadeadas ou pioradas 
por situações de estresse, principalmente doenças inflamatórias, como artrite 
reumatoide, ou doenças como fibromialgia ou síndrome do intestino irritável, por 
exemplo. 
5.2 Resfriados Frequentes 
Todo mundo fica resfriado em algum momento da vida, porém, quando os 
episódios da doença acontecem com frequência é sinal de que há algo errado. 
Se os exames médicos não encontram uma explicação lógica para essa 
imunidade sempre baixa e você está passando por dificuldades, a somatização 
pode ser a resposta. 
https://www.tuasaude.com/sintomas-de-doencas-psicossomaticas/
Sintomas: Febre, mal-estar generalizado e dores de cabeça e no corpo. 
5.2 Herpes 
O vírus do herpes é transmitido através do contato com uma pessoa 
infectada, porém, ele se mantém adormecido até que a baixa imunidade o 
desperta. Ter episódios constantes de herpes, em especial a labial, indica que o 
indivíduo apresenta algumadesordem no organismo. As feridas podem surgir 
em momentos de muito estresse. 
Sintomas: Surgimento de feridas ao redor da boca ou na região genital, 
com fortes dores e sensação de queimação no local. 
5.3 Enxaquecas 
A enxaqueca não é uma dor de cabeça convencional, podendo durar 
algumas horas ou até dias. Alguns casos são incapacitantes, ou seja, a pessoa 
não consegue realizar as suas atividades do dia a dia. Estudos científicos 
demonstraram que o principal gatilho para episódio de enxaqueca é o estresse, 
por isso ela também é considerada uma doença psicossomática. 
Sintomas: Dor intensa e localizada em um ponto da cabeça, náuseas e 
falta de concentração. 
5.4 Alergia Nervosa 
Talvez você nunca tenha ouvido falar, mas existe um tipo de alergia de 
fundo nervoso, em que o indivíduo apresenta erupções na pele desencadeadas 
por um forte processo de estresse ou por um sentimento muito forte de tristeza. 
Uma crise, se não for tratada, pode acarretar em um choque anafilático. 
Sintomas: Surgimento de erupções na pele, coceira, vermelhidão no local 
e irritabilidade. 
5.5 Diarreia 
Em algumas pessoas, episódios de diarreia são decorrentes de forte 
estresse. Quando a diarreia se mostra constante e não há uma explicação física, 
como a Síndrome do Intestino Irritável, é bem possível que se configure como 
um caso de doença psicossomática. 
Sintomas: Dores abdominais, fezes extremamente líquidas e episódios 
constantes e frequentes de emergência para ir ao banheiro. 
http://www.jrmcoaching.com.br/blog/voce-esta-estressado-descubra-quais-sao-os-sintomas-de-estresse-no-trabalho/
Assim que alguns destes sintomas surgirem e permanecerem por um 
tempo maior do que o normal, o ideal é buscar ajuda de um profissional 
especializado. Como, geralmente, muitas pessoas não conseguem associar o 
problema físico ao emocional de maneira imediata, é comum que se procure a 
ajuda de especialistas, como a de um clínico geral, por exemplo. 
Este, por sua vez, ao solicitar os exames, analisá-los e concluir que não 
existe causa física comprovada para o mal que está sendo causado ao indivíduo, 
pode constatar que se trata de uma doença psicossomática e encaminhar o 
paciente a especialistas, como psicólogos e psiquiatras. 
Esta é a melhor maneira de descobrir se você está sendo acometido por 
uma doença psicossomática ou não. 
Fique atento a estes sinais: 
• Falta de ar constante; 
• Taquicardia; 
• Tremores; 
• Dores no estômago (enjoo, queimação ou gastrite nervosa); 
• Dores de cabeça constantes; 
• Manchas espalhadas pelo corpo; 
• Sensação de nó no peito e na garganta. 
Estes são os sintomas iniciais das doenças psicossomáticas. São os 
primeiros sinais de alerta que surgem e que permanecem por bastante tempo 
até que alguma providência seja tomada. Sendo assim, se você perceber o 
surgimento e duração de alguns destes sintomas, procure a ajuda de um 
especialista, para que você possa iniciar o tratamento o mais breve possível. 
6 Considerações Finais 
 
As contribuições da psicanálise para a teoria psicossomática são valiosas, 
no sentido de que qualquer que seja o momento de sua elaboração, a teoria 
psicossomática permanece estreitamente ligada à psicopatologia e mais 
especificamente à noção de psiconeurose. Nesse contexto, podemos destacar 
a relevância dos benefícios que a visão psicossomática trouxe para a 
compreensão dos pacientes somatizadores, auxiliando os profissionais da 
psicologia e da área da saúde o entendimento da etiologia das doenças 
psicossomáticas, dos pacientes e das queixas trazidas pelos mesmos. O estudo 
mais moderno da psicossomática apresenta uma visão integrada, ou seja, um 
olhar voltado para o indivíduo e não à doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
Lazslo Antonio Ávila - Psicólogo Psicanalista Mestre e Doutor pela USP-
Professor-adjunto da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto/SP "A 
alma, o corpo e a psicanálise" 
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Janeiro: Jorge Zahar (Obra original publicada em 1996). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo I – Psicossomática: Um Estudo Histórico e Epistemológico 
Ednéia Albino Nunes Cerchiari – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul 
Resumo 
Artigo originado da Dissertação de Mestrado. Uma Contribuição ao 
Estudo da Relação Câncer de Mama e Alexitimia. Trata-se de um detalhado 
estudo teórico sobre o tema, abrangendo a psicossomática desde suas origens 
às abordagens atuais. Procura fazer um levantamento de quais doenças que se 
encontram sob esta denominação e qual o fator etiológico predominante se 
biológico ou psíquico. Analisa também a alexitimia em sua relação com a 
psicossomática. Sugerir ainda o termo somatopsicose como o mais indicado 
para referenciar as doenças designadas psicossomáticas. 
Palavras-chave: Psicossomática, Alexitimia, Somatopsicose. 
Abstract 
This article originated from the mastership dissertation “ A Contribution to the 
study on the relationship of breast cancer and alexithymia” . The detailed study 
about this teme shows the deasese psychosomatic from yours origin until now. 
This study shows yet which desease are called desease psychosomatic and 
which factor etiologic main and if the desease are biologic or psychic. This study 
analyses the alexitymia and yours relationship with psychosomatic. The author 
suggests the word somatic-psycosis with the best word to indicate deseases 
called deseases psychosomatics. 
Keywords: Psychosomatic, Alexithymia, Somatic-psycosis. 
Introdução 
O termo psicossomático, após séculos de estruturação, surgiu no século 
passado, através de Heinroth, com a criação das expressões psicossomática 
(1918) e somatopsíquica (1928). (Mello Filho, 1992). 
No entanto, o movimento consolidou-se somente em meados deste 
século, através das contribuições pioneiras de Franz Alexander e da Escola de 
Chicago. Contudo, as dúvidas referentes à relação mente corpo continuam 
expressas na própria denominação psicossomática e ainda continua a ser usada 
por muitos estudiosos destes fenômenos. 
Para Alexander, o termo psicossomático deve ser usado apenas para 
indicar um método de abordagem, tanto em pesquisa quanto em terapia, ou seja, 
o uso simultâneo e coordenado de métodos e conceitos somáticos - de um lado 
e métodos e conceitos psicológicospor outro lado. (Alexander, 1989, p.42). 
A. Dias (1992, p.31), refletindo a relação entre sujeito e linguagem, 
começa por criticar o termo psicossomático. Afirma que é um termo gasto, 
pois “entrou no domínio do psiquiátrico e da medicina com uma tal amplitude 
que, se bem que criando um novo espaço de investigação, também o diluiu 
noutros espaços afins. Propõe ainda que, a partir de algumas indicações 
deixadas por Bion, há necessidade de se interrogar quanto à inespecificidade do 
termo psicossomático e sua pertinência. 
O termo psicossomático, na expressão mais comum, pode reportar-se 
tanto ao quesito da origem psicológica de determinadas doenças orgânicas, 
quanto às repercussões afetivas do estado de doença física no indivíduo, como 
até confundir-se com simulação e hipocondria, onde toma um sentido negativo. 
(Cardoso, 1995, p.5). 
No sentido mais preciso, o termo circunscreve áreas específicas, 
sobreponíveis ou não, quando se refere à medicina psicossomática, doenças 
psicossomáticas ou psicossomática. 
A denominação de medicina psicossomática, de acordo com seu campo 
epistemológico, é um estudo das relações mente corpo com ênfase na 
explicação da patologia somática, uma proposta de assistência integral e uma 
transcrição para a linguagem psicológica dos sintomas corporais. (Ekstermam, 
1992, p.77). 
Sami-Ali (1992, p.159) ao refletir sobre a ligação entre o orgânico e o 
relacional começa por distinguir medicina psicossomática e psicossomática. 
Assim, a medicina psicossomática é uma maneira de introduzir variáveis 
psicológicas num domínio que se define como orgânico, adicionando variáveis 
psíquicas às variáveis orgânicas. 
A Psicossomática proposta por ele, no entanto, é um modelo teórico e 
uma metodologia específica, onde o somático é percebido em sua complexidade 
e não na falha psíquica. Desta forma, Sami-Ali inspira-se na psicanálise, mas a 
utiliza somente como ponto de partida para a elaboração de outros conceitos 
(Sami-Ali, loc. cit.), afastando-se, desta forma, dos modelos freudianos. 
O conceito de doença psicossomática, sua classificação e diagnóstico, é 
outra questão polêmica. Halliday (1943,1945,1946,1948, cit. Alexander, 1989, 
p.43) propõe que a úlcera péptica, a artrite reumatoide, a hipertensão, o 
hipertireodismo essencial e outras estariam inclusos nas doenças 
psicossomáticas. O ponto de partida deste autor firma-se na hipótese de que o 
fator etiológico proeminente nestas doenças é o fator psicológico. 
No entanto, Alexander (1989) diz que, teoricamente, cada doença é 
psicossomática, uma vez que fatores emocionais influenciam todos os processos 
do corpo, através das vias nervosas humorais e que os fenômenos somáticos e 
psicológicos ocorrem no mesmo organismo e são apenas dois aspectos do 
mesmo processo. 
Portanto, a designação de psicossomática, devido a seu esforço de 
delimitação e rigor no seu objeto e métodos, foi distanciado-se cada vez mais da 
Medicina Psicossomática. No entanto, isso não significa que se caminhe no 
sentido da síntese de um modelo psicossomático, contudo situa-se numa 
perspectiva específica no modo de encarar os fenômenos de doença. E 
tampouco significa que se tenha resolvido antigas questões do impasse das 
teorias monistas e dualistas da relação corpo-espírito (Cardoso, 1995, p.5). 
 
Evolução Histórica do Conceito 
Se partirmos do pressuposto da unidade funcional soma-psyche, na qual 
a psicossomática se funda, “ela constitui, mais uma vez, uma resposta à velha 
questão da relação corpo espírito”. (Weiss e English, 1952, cit. Cardoso, 1995, 
p.7), assunto provavelmente tão antigo quanto à própria humanidade, uma vez 
que a relação entre corpo e espírito foi e continua a ser assunto tão controvertido 
e fecundo. 
Ao fazer referência a insônia e a influência das paixões na tuberculose, 
epilepsia e cancro, J. C. Heinroth, psiquiatra alemão, utiliza pela primeira vez, 
em 1818, o termo psicossomática. A medicina psicossomática, a partir do século 
passado, como reação à tradição dualista cartesiana, surge com a proposta 
holística na maneira de olhar a doença. Somente no século posterior, o termo 
psicossomática é retomado, influenciado pelo desenvolvimento da psicanálise e 
do modelo freudiano, iniciando, desta forma, sua estruturação. 
A medicina, conhecedora “das descobertas e da teorização da 
psicanálise, das investigações no campo da reflexiologia por Pavlov (1976), da 
neurofisiologia por Cannon (1911) e da conceptualização da noção de stress por 
Selye (1956).” (Cardoso, 1995, op. cit.), utiliza destas valiosas contribuições para 
fazer uma nova leitura dos fenômenos. 
A história da psicossomática, poderia ser dividida em duas grandes 
correntes: de um lado, as correntes inspiradas “nas teorias psicanalíticas e com 
base no conceito de doença psicossomática”; de outro lado, a “inspiração 
biológica, alicerçada no conceito de stress”. (Dantzer, 1989 cit. Cardoso, 1995, 
op. cit.). 
Para Mello Filho (1992), a evolução da psicossomática ocorreu em fases. 
A primeira, denominada de fase inicial ou psicanalítica, sob a influência das 
teorias psicanalíticas, teve seu interesse voltado para os estudos da origem 
inconsciente das doenças, das teorias da regressão e dos ganhos secundários 
da doença. A segunda, também chamada de fase intermediária, influenciada 
pelo modelo Behaviorista, valorizou as pesquisas tanto em homens como em 
animais, deixando assim grande legado aos estudos do stress. A terceira fase, 
denominada de atual ou multidisciplinar, valorizou o social, a interação e 
interconexão entre os profissionais das várias áreas da saúde. 
Precursores Contribuições da Psicanálise 
A psicossomática e a psicanálise estão articuladas histórica e 
praticamente, mesmo que Freud, em momento algum, tenha se preocupado em 
criar uma teoria psicossomática. Devido ao fato de seus conceitos fomentarem 
grandes discussões e fundamentarem inúmeros modelos, ele é considerado um 
dos percursores mais influentes nesta área (Dejours et al.., 1980; Dejours, 1988, 
cit. Cardoso, 1995). 
Freud (1895), em seus estudos sobre a histeria, “aborda a componente 
somática do sintoma de um ponto de vista econômico e conceptualiza o 
fenômeno de conexão, a que atribui o sentido de expressão simbólica do 
conflito”. (A. Dias 1976 cit. Cardoso, 1995, op. cit.). 
Diferentemente de Janet que “afirmava um valor negativo, fosse para 
organização mental subjacente (subconsciente) ou para o sistema neurótico 
(astenia)”, Freud propõe um valor positivo à “descompensação neurótica, via o 
estudo do fenômeno histérico” (A. Dias, 1992, op. cit.), delimitando, assim, o 
pensamento psicanalítico do pensamento psicológico da época. 
A noção de complacência somática é introduzida por Freud, constituindo 
objeto de controvérsia, ainda hoje, por aqueles que defendem “o assimbolismo 
ou estupidez do sintoma e da escolha do órgão, contra os que acreditam no seu 
valor simbólico”. (Cardoso, 1995). Ao tentar “articular o somático e o psíquico”, 
Freud faz a distinção entre as psiconeuroses e as neuroses atuais, contribuindo 
sobremaneira a algumas teorias psicossomática (Sami-Ali, 1992, op. cit.). 
Freud introduziu a expressão complacência somática para se referir 
à “escolha da neurose histérica e a escolha do órgão ou do aparelho corporal 
sobre o qual se dá a conversão”. (Laplanche e Pontalis, 1995, p.69), onde o 
corpo ou um órgão específico facilitaria a expressão simbólica do conflito 
inconsciente. Ao questionar a determinação do sintoma, no caso Dora, Freud 
(1905) levanta a polêmica questão referente à origem dos sintomas histéricos, 
ou seja, se seriam de origem psíquica ou somática. Para ele, no entanto, a 
questão da origem dos sintomas histéricos, não está em escolher entre a origem 
psíquica e a somática, uma vez que “todo sintoma histérico requer a participação 
de ambos. Não pode ocorrer sem a presença de uma certa complacênciasomática fornecida por algum processo normal ou patológico no interior de um 
órgão do corpo ou com ele relacionado”. (Freud, 1905, Vol. VII, p. 47-48). 
Portanto, para Freud, é esta complacência somática que “proporciona aos 
processos psíquicos inconscientes uma saída no corporal” (Freud, 1905, loc. 
cit.). 
Nas psiconeuroses os sintomas provêm do recalcado num processo de 
insucesso do recalcamento e de retorno do recalcado. Ou seja, o “conflito 
intrapsíquico e as tentativas para sua elaboração tomariam o lugar central, com 
existência de fantasma e neurose de transfert” (Cardoso, 1995, p.9). Enquanto 
que nas neuroses atuais (neurastenia, neurose de angustia e hipocondria) não 
há mediação psíquica e a patologia reflete, diretamente, uma economia sexual 
perturbada, consequência de um excesso ou insuficiência de descarga, “seria a 
realidade a tomar maior importância, ficando o conflito fora do acesso do 
sujeito” (Sami-Ali, cit. Cardoso, 1995, p.9). 
Vemos que, os contributos da psicanálise para a teoria psicossomática 
são valiosos, uma vez que, “qualquer que seja o momento de sua elaboração, a 
teoria psicossomática permanece estreitamente ligada à psicopatologia e mais 
especialmente à noção de psiconeurose, o que continua sendo a norma mesmo 
quando dela nos afastamos deliberadamente” (Sami-Ali, 1993, p.86). 
Escola Psicossomática Americana 
Na América, o interesse pela psicossomática surge por volta dos anos 30, 
consolidando-se em meados deste século com Alexander e Dunbar da Escola 
de Chicago. Estes autores consideram que os transtornos psicossomáticos 
seriam “consequência de estados de tensão crônica, relativa à expressão 
inadequada de determinadas vivências, que seriam derivadas para o corpo”. 
(Cardoso, 1995, p.10). Defendem ainda a questão da especificidade da doença 
psicossomática numa visão psicogenética. De acordo com a hipótese da 
especificidade, “as diferentes doenças psicossomáticas corresponderiam 
diferentes ‘factores psicológicos’, que para Dunbar seriam os tipos de 
personalidade e para Alexander os conflitos ou ‘situações de vida 
significantes’” (Cardoso, 1995, loc. cit.) 
A. Dias (1992), criticando os dois grandes ramos da psicossomática 
(Escola Americana e Escola de Paris), diz que o modelo de Alexander e os que 
dele derivam é um modelo médico “que, entreabindo as portas à ‘neurose de 
órgão’, lhes fechara imediatamente pela imposição do anatômico que ‘exigia’ 
uma explicação do localisacional fisiológico”. ( A.Dias, 1992, p.39). Este autor 
ainda salienta que existe “insuficiência epistemológica crucial” no modelo de 
Alexander, quando este defende a questão da especificidade, ao tentar acoplar 
ao órgão e sua doença diferentes personalidades, onde a cada vivência 
emocional corresponderia uma síndrome específica de alterações físicas. 
Alexander (1989, p.37), analisando o conceito Freudiano de histeria 
conversiva em psicossomática faz uma distinção entre sintoma conversivo e 
neurose vegetativa. Para ele, o sintoma conversivo é “uma expressão simbólica 
de um conteúdo psicológico emocionalmente definido”, cuja finalidade 
é “expressar e aliviar tensões emocionais”, através dos sistemas neuromuscular 
voluntário ou perceptivo. Enquanto a neurose vegetativa é uma resposta 
fisiológica dos órgãos vegetativos a estados que podem ser ou não constantes. 
Para este autor, apenas no campo das inervações voluntárias pode haver 
a expressão simbólica do conteúdo psicológico, enquanto que é pouco provável 
que nos órgãos internos haja expressão simbólica. Para explicar este 
funcionamento, Alexander cria a noção de “neurose orgânica”, que abrange 
todos os “distúrbios funcionais” dos órgãos vegetativos, causados por impulsos 
nervosos, originados por processos emocionais “que ocorrem em algum lugar 
nas áreas cortical e subcortical do cérebro” (Alexander, 1989, p.37). 
Portanto, segundo este autor, a tensão emocional proveniente de conflitos 
vivenciados ou afetos específicos reprimidos estimulariam a função de órgãos 
específicos, verificando-se, a partir daí, “uma espécie de ‘estase anormal de 
energia’, pelo aumento ou persistência da produção dos concomitantes 
fisiológicos das emoções, perturbadora do seu funcionamento normal”, isto é, o 
que em um primeiro momento “se traduziria por uma alteração da 
função” posteriormente se constituiria em “uma transformação orgânica”, ou 
seja, “passaria de sintoma funcional a sintoma orgânico” (Cardoso, 1995, p.11). 
Do ponto de vista psicodinâmico, Alexander (1989, p.11), divide os 
distúrbios emocionais das funções vegetativas em duas categorias, sendo que 
correspondem a duas atitudes emocionais específicas. A primeira categoria se 
refere às atitudes emocionais de “preparação para luta ou fuga” e a segunda 
à “retirada da atividade” dirigida para o exterior. E, do ponto de vista fisiológico, 
as atitudes emocionais, da primeira categoria, estão sob o comando do sistema 
nervoso simpático; e, a segunda categoria, sob o sistema nervoso 
parassimpático. Partindo deste princípio, distingue as doenças relacionadas ao 
sistema nervoso simpático como respostas ativas, e as doenças relacionadas ao 
sistema nervoso parassimpático como respostas passivas. “O primeiro grupo 
incluíria doenças como a hipertensão arterial, a diabetes, a epilepsia, etc... 
enquanto do segundo grupo fariam parte afecções como asma, as colites, a 
úlcera duodenal, etc...” (Cardoso, 1995, p.11). 
A teoria da especificidade norteia todos os pontos de vista de Alexander. 
Para ele, a especificidade orgânica seria responsável pela fragilidade de 
determinados órgãos. “Está aliada a constelações emocionais ou 
psicodinâmicas dos sujeitos e que a par de conflitos inconscientes específicos 
organizaria modos de defesa também específicas, poderia levar ao 
aparecimento de determinadas doenças, servindo a situação exterior de 
desencadeante” (Cardoso, 1995, loc. cit.). 
O conceito de que há uma predisposição para determinadas doenças 
conforme o tipo de personalidade é muito antigo e ainda presente no 
pensamento médico. Dunbar, a partir da aplicação de “métodos modernos de 
diagnóstico psicodinâmico”(Alexander, 1989, p.59) explora este campo fértil e 
“desenvolve a noção de perfil de personalidade, enquanto factor pré-mórbido 
determinante no aparecimento de certas doenças psicossomáticas” (Cardoso, 
1995, op. cit.). 
Em seu estudo de perfis, esta autora procura “associar a um perfil 
psicológico uma patologia orgânica precisa”(Sami-Ali, 1993, p.86), chegando, 
inclusive, a um impressionante perfil do paciente coronariano, dos pacientes 
fraturados e propensos a acidentes, dos pacientes diabéticos etc.... Nestes 
estudos de perfis, Dunbar (1943, cit. Alexander, 1989) descreve 
determinadas “correlações estatísticas entre a doença e o tipo de 
personalidade”. (Alexander, 1989, p.59). O perfil do paciente coronariano parece 
ser o mais precioso de seus perfis. Para ela, este paciente demonstra ser uma 
pessoa constantemente batalhadora. Apresenta ter um elevado grau de controle 
e persistência e, também, uma aparência distinta, tendo como objetivo primordial 
o sucesso e a realização e, para atingir estes objetivos, o mesmo planeja a longo 
prazo. 
Outro perfil estudado por ela se refere ao paciente fraturado. Ao contrário 
dos pacientes coronarianos, estes “Tendem a agir sob impulso repentino e, 
freqüentemente, manifestam hostilidade mal controlada contra pessoas em 
posição de autoridade; ao mesmo tempo, seu comportamento é motivado por 
sentimentos de culpa e mostra uma tendência a auto-punição” (Alexander, 1989, 
p.59) 
Através destes estudos de perfis, Dunbar, conclui que determinados tipos 
de personalidades tenderiam a assumir ou não ocupações de responsabilidade. 
Alvarez (1930, cit. Alexander, 1989), clínico e estudioso de perfis, tem 
aperfeiçoado o “conceito de personalidade própria do portador de úlcera 
péptica” (Alexander, 1989,

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