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Constitucionalismo: Limitação do Poder Estatal

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Constitucionalismo
CONSTITUCIONALISMO: movimento político-social cujo objetivo é a limitação do poder estatal.
É a história da limitação do poder.
ORIGEM: Teocracia do povo HEBREU, em que os detentores do poder estavam limitados pela lei do Senhor, que também precisava ser respeitada pelos governados. Destaque-se, ainda, que, no sistema hebreu, os profetas possuíam legitimidade para fiscalizar os atos dos governantes que extrapolassem a lei do Senhor. Considerando-se que todo e qualquer Estado tem uma Constituição, a lei do Senhor pode ser vista como uma verdadeira Constituição em sentido material. (LOEWENSTEIN)
Ademais, podemos citar da influência judaico-cristã a ideia do imago dei, ou seja, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, tendo uma dignidade própria que o torna distinto do restante da criação (dignidade da pessoa humana), e a ideia de igualdade, presente sobretudo no Novo Testamento.
(CESPE 2009) A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, especificamente ao povo hebreu, do qual partiram as primeiras manifestações deste movimento constitucional em busca de uma organização política fundada na limitação do poder absoluto. CORRETA
GRÉCIA ANTIGA: CIDADES-ESTADO - democracia direta, regime em que os governados participam ativa e diretamente do processo decisório.
FILOSOFIA, destacando-se os sofistas, como Protágoras, que defendiam uma ideia de igualdade e dignidade. Protágoras formulou a famosa frase que séculos mais tarde serve de lema do iluminismo: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são enquanto não são.” (ANTROPOCENTISMO).
A influência ROMANA mais importante é o DIREITO CODIFICADO, com leis escritas. A Lex regia era a lei que regulava os poderes do imperador, estabelecendo limites, próximo ao que hoje chamamos de Direito Público.
Na Idade Média, O Rei João sem Terra estava em guerra contra a França e precisava de apoio bélico, financeiro e de recursos humanos. Assim, o rei tentou obter esses recursos aumentando a carga tributária, o que gerou uma reação dos nobres (Barões), que se revoltaram contra o rei. No embate, o rei acaba cedendo e formulando esse pacto. Os nobres se comprometeram a fornecer apoio ao rei, e do outro lado, o rei reconhece direitos aos nobres. Tais direitos eram, na prática, limites ao poder real. A doutrina majoritária não entende a Magna Carta como uma constituição, mas um embrião do que viria a ser uma constituição. Parte dela ainda está em vigor na Inglaterra. Contribuições importantes da Magna Carta:
- No taxation without representation: o tributo não pode ser criado sem que tenha sido aprovado pelos representantes do povo (na época, pelos representantes da nobreza). Seria um embrião do princípio da Legalidade Tributária;
- The Law of the Land: Princípio segundo o qual ninguém poderia ser processado, julgado e condenado senão de acordo com a lei da terra. Formulação da ideia de anterioridade penal e do due process of law;
- Proporcionalidade: A ideia está presente, pois entendia-se, por exemplo, que a pena aplicada deveria seguir a gravidade do crime cometido.
Cria-se na Magna Carta a ação de Habeas Corpus, mas não se explicita nenhum procedimento.
Anos mais à frente, na Idade Moderna, a doutrina identifica novas manifestações do constitucionalismo, como o Petition of Rights (1628), Act of Habeas Corpus (1679) (remedies precedes rights) e o Bill of Rights (1689). Todos esses foram documentos que garantiram proteção aos direitos fundamentais da pessoa humana, limitando a ingerência estatal na esfera privada. Nos EUA, também é possível identificar alguns embriões do constitucionalismo, notadamente os contratos de colonização e a Declaration of Rights do Estado de Virginia (1776).
Percebe-se que o conceito de constitucionalismo está ligado, em um primeiro momento, à necessidade de se limitar e controlar o poder político, garantindo-se a liberdade dos indivíduos perante o Estado. Não havia, nesse primeiro momento do constitucionalismo (o denominado constitucionalismo antigo), a obrigatoriedade/imposição de que existissem Constituições escritas. Essa é uma característica que aparece no momento seguinte do constitucionalismo: o constitucionalismo moderno.
Constitucionalismo INGLÊS: garantiu direitos e liberdades, estabelecendo limites ao poder, sem que fosse necessário criar uma constituição escrita. Preferiram “revelar” a norma constitucional mediante, principalmente, a confirmação de existência de direitos e liberdades embasados em normas costumeiras. É uma constituição histórica. O mais importante dos princípios constitucionais britânicos é o da SUPREMACIA DO PARLAMENTO.
Constitucionalismo NORTE-AMERICANO: assenta-se na tese de que o POVO é a matriz do PODER CONSTITUINTE. Trazendo as regras do jogo político, a constituição registra normas que garantem direitos e limitam o poder estatal. É um documento para “dizer” a norma, não concebido como projeto de futuro. Trata-se de um estado cooperativo, uma aliança.
Constitucionalismo FRANCÊS: com grande preocupação em superar a monarquia absolutista, o poder constituinte cria uma norma que estabelece nova ordem política e social para o futuro, rompendo totalmente com o antigo regime. Reconstrução do próprio Estado.
Marcos do constitucionalismo moderno: a Constituição dos Estados Unidos da América (1787) e a Constituição da França (1791). Já havia, anteriormente, alguns documentos escritos, mas que não chegavam a ser Constituições, como é o caso dos pactos (Magna Carta, Bill of Rights,Petition of Rights), forais, cartas de franquia e contratos de colonização. Considera-se que esses documentos são embriões do constitucionalismo moderno e das constituições escritas.
Omnia potestas ad Deum – Santo Agostinho
Omnia potestas ad Deum per populum – São Tomás de Aquino
 O constitucionalismo moderno nasce com um forte viés liberal, consagrando como valores maiores a liberdade, a proteção à propriedade privada, a proteção aos direitos individuais (evidenciando o voluntarismo) e a exigência de que o Estado se abstenha de intervir na esfera privada (absenteísmo estatal). Para CANOTILHO, “o constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos.”
No início do século XX, o Estado liberal dá lugar ao que se chamou Estado social de direito. Enfatiza-se a ideia de igualdade. O constitucionalismo social pretendeu promover uma maior igualdade entre as pessoas, através da oferta, pelo Estado, de prestações positivas aos indivíduos, garantindo-lhes os chamados direitos sociais. A Constituição de Weimar (1919) é um documento que espelha essa nova postura do Estado ante os indivíduos; ela reflete o ápice da crise do Estado liberal e o surgimento do Estado social de direito. A primeira constituição Brasileira Social é a de 1934.
Constitucionalismo Contemporâneo é o encontrado depois da II Guerra Mundial, sobretudo nos anos 70 e 80. Reconhece as liberdades individuais, consagra os direitos econômicos, sociais e culturais, e traz normas programáticas, que estabelecem alvos a serem conquistados. A constituição brasileira de 1988 faz parte deste movimento. A crítica feita é que esses alvos ideais trazidos pelas constituições são quase utópicos, o que é considerado por muitos como promessas constitucionais irrealizáveis, o que acaba por gerar uma descrença do povo, resultando numa perda de efetividade da constituição.
Constitucionalismo do PORVIR (José Roberto DROMI): A constituição deve se ater ao realizável (VERACIDADE); abre-se para relações de solidariedade internacional (SOLIDARIEDADE DOS POVOS); as conquistas já obtidas devem ser mantidas enquanto se busca promover novas (CONTINUIDADE); cria novos mecanismos de participação popular (PARTICIPATIVIDADE); formula entidades supranacionais (INTEGRACIONALIDADE), e promove-se a dignidade da pessoa humana não apenas no âmbito interno, mas também no âmbito internacional (UNIVERSALIDADE DOS DIREITOS HUMANOS).
O marco do Constitucionalismo Internacional ou Globalizado éa Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e se baseia nos direitos humanos universais. Sua pretensão é unificar e consagrar juridicamente os ideais humanos conforme os seguintes objetivos:
· Fortalecimento do sistema jurídico-político internacional (não somente relações entre estados – horizontais – como também nas relações Estado/povo – verticais);
· Primazia do direito INTERNACIONAL, fundado em valores e normas UNIVERSAIS, em face do direito nacional;
· A elevação da dignidade da pessoa humana a pressuposto não limitável por nenhum movimento constitucional.
DIRIGISMO COMUNITÁRIO (André Ramos Tavares): Difundir a proteção aos Direitos Humanos para todas as nações.
O NEOCONSTITUCIONALISMO tem como marco histórico o pós-Segunda Guerra Mundial. Ele representa uma resposta às atrocidades cometidas pelos regimes totalitários (nazismo e fascismo) e, justamente por isso, tem como fundamento a dignidade da pessoa humana.
As constituições passam a prever valores em seus textos (principalmente referentes à dignidade da pessoa humana) e opções políticas gerais (redução das desigualdades sociais, por exemplo) específicas (como a obrigação do Estado de prover educação e saúde). Este movimento reconhece na constituição força normativa, ou seja, que ela tem poder de gerar os seus efeitos e dar forma à realidade.
Para BARROSO:
O marco histórico dessas mudanças é a formação do Estado Constitucional de Direito, em face do reconhecimento da FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO.
O marco filosófico, por sua vez, é o pós-positivismo, que reconhece centralidade dos direitos fundamentais e reaproxima o Direito e a Ética. Os princípios passam ser encarados como verdadeiras normas jurídicas (e não mais apenas como meios de integração do ordenamento!).
O pós-positivismo entende que o Direito é aberto, recebendo influências de fora, como da moral, da política, da história, da filosofia. Há um influxo da moral, a partir do retorno do ideário de KANT, que ocorre pós II Guerra, em que se entende que o homem é o fim do Direito, traduzindo-se no princípio da dignidade da pessoa humana.
O marco teórico do neoconstitucionalismo, a seu turno, é o conjunto de mudanças que incluem a força normativa da Constituição, a expansão da jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucional.
Com o neoconstitucionalismo, o próprio direito privado passa a ser lido sob a ótica da constituição, no fenômeno da constitucionalização do Direito. 
*#OUSESABER: Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto:
· Constitucionalização-INCLUSÃO consiste no “tratamento pela Constituição de temas que antes eram disciplinados pela legislação ordinária ou mesmo ignorados”. Exemplo: a tutela constitucional do meio ambiente e do consumidor, algo até então inédito nas Constituições pretéritas. Essa inflação de assuntos no texto constitucional, marca das constituições analíticas, faz com que qualquer disciplina jurídica, ainda que dotada de autonomia científica, encontre um ponto de contato com a Constituição, cuja onipresença foi cunhada pela doutrina de ubiquidade constitucional.
· A constitucionalização-RELEITURA traduz “a impregnação de todo o ordenamento pelos valores constitucionais”. Neste caso, os institutos, conceitos, princípios e teorias de cada ramo do Direito sofrem uma releitura, para, à luz da Constituição, assumir um novo significado. Portanto, a Constituição, que era mera coadjuvante, se torna protagonista na interpretação do direito infraconstitucional. Na feliz expressão de Paulo Bonavides, “Ontem, os Códigos; hoje, a Constituição”. #OUSESABER: O que se entende por FILTRAGEM CONSTITUCIONAL? “Ontem os Códigos; hoje as Constituições: a revanche de Grécia contra Roma”. (Paulo Bonavides e Eros Grau). Essa frase que soa à primeira vista bem poética ilustra bem o conceito de filtragem constitucional que, de acordo com Luis Roberto Barroso, consiste no fenômeno segundo o qual toda a ordem jurídica deve ser lida e aprendida sob as lentes da Constituição, de modo a realizar os valores nela consagrados. 
Classificação de Louis FAVOREAU:
· Constitucionalização-ELEVAÇÃO: elevação de assuntos até então tratados por leis infraconstitucionais, ao texto constitucional.
· Constitucionalização-TRANSFORMAÇÃO: aquela que impregna e transforma os demais ramos do Direito. 
· Constitucionalização-JURIDIZAÇÃO: traduz o surgimento da força normativa da Constituição. Crítica: a força normativa da Constituição é um pressuposto para a constitucionalização do Direito, não exatamente uma categoria autônoma desse fenômeno.
TRANSCONSTITUCIONALISMO é o fenômeno segundo o qual ordenamentos distintos interagem e somam esforços conjuntos para resolverem casos complexos e difíceis. Embora cada Estado continue com sua soberania e vida próprias, instala-se uma integração harmoniosa entre ordens constitucionais de Estados completamente diferentes. Marcelo NEVES entende que há necessidade de uma “conversação constitucional”, ou seja, uma relação dialógica entre essas diversas instâncias, para que possam chegar a soluções comuns e evitar as divergências.
INTERCONSTITUCIONALISMO é a relação entre diversas constituições num mesmo espaço político, havendo a concorrência, convergência, justaposição e conflitos de várias constituições e poderes constituintes. Conceito citado por CANOTILHO e que tem proximidade com o transconstitucionalismo. No Brasil, a Constituição Federal coexiste com as Constituições Estaduais. Contudo, como há hierarquia entre elas, o conflito é aparente.
NOVO CONSTITUCIONALISMO DEMOCRÁTICO LATINO-AMERICANO (Andino): Em estados plurinacionais, como a Bolívia, cada povo tem seu ordenamento jurídico próprio, que coexiste com o ordenamento jurídico estatal. Há uma Justiça Ordinária comum e a Justiça Indígena. Há, ainda, o Tribunal Constitucional Plurinacional, cuja composição é obrigatoriamente mista (juízes oriundos de comunidades indígenas e juízes de outras regiões).
PATRIOTISMO CONSTITUCIONAL: conceito primeiramente utilizado por DOLF STERNBERGER e posteriormente difundido por HABERMAS, segundo o qual se abandona a ideia de nacionalismo e, a partir de uma identidade política coletiva, fundada no respeito aos valores plurais do Estado Democrático de Direito, se propugna uma união entre os cidadãos, por mais que diferentes étnica e culturalmente. No Brasil o conceito foi trazido por DIRLEY DA CUNHA JR.
(CESPE 2011) No neoconstitucionalismo preconiza-se a abertura da hermenêutica constitucional aos influxos da moralidade crítica. CORRETA.
(CESPE 2009) Para Canotilho, o constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação do poder com fins garantidores. CORRETA.
(CESPE 2009) O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudança de paradigma, de Estado Legislativo de Direito para Estado Constitucional de Direito, em que a Constituição passa a ocupar o centro de todo o sistema jurídico. CORRETA
(CESPE 2015) No neoconstitucionalismo, passou-se da supremacia da lei à supremacia da Constituição, com ênfase na força normativa do texto constitucional e na concretização das normas constitucionais. CORRETA
(CESPE 2015) Embora o termo constituição seja utilizado desde a Antiguidade, as condições sociais, políticas e históricas que tornaram possível a universalização, durante os séculos XIX e XX, da ideia de supremacia constitucional surgiram somente a partir do século XVIII. CORRETA
(CESPE 2009) As constituições do pós-guerra promoveram inovações por meio da incorporação explícita, em seus textos, de anseios políticos, como a redução de desigualdades sociais, e de valores como a promoção da dignidade humana e dos direitos fundamentais. CORRETA
(CESPE 2012) Na perspectiva moderna, o conceito de constitucionalismo abrange, em sua essência, a limitação do poder político e a proteção dos direitos fundamentais. CORRETA
(CESPE 2012) O constitucionalismo moderno surgiu no século XVIII, trazendo novos conceitos e práticas constitucionais, como a separação de poderes, os direitos individuais e a supremacia constitucional.CORRETA

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