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Contraditório e sua mitigação

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Contraditório e o processo: histórico e relevância 
O contraditório se realiza pela igualdade entre as partes, aos quais os são conferidos igualdade de tratamento, direitos e poderes. Arranjo esse que ligado ao direito de conhecimento e a defesa, garantem a estrutura democrática no processo. Tal princípio resulta do latim latina audiatur et altera pars, que significa “ouça-se também a outra parte” e resultante do princípio do devido processo legal, o qual garante a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei, dotado de todas as garantias constitucionais.
Nesse sentido leciona Bento Herculano e Zulmar Duarte sobre o princípio do contraditório: 
“É dizer: a estrutura processual é construída por fases sucessivas destinadas a receber as manifestações das partes adversas, respeitando-se o direito das partes apresentarem, cada qual, sua versão, o caráter agnóstico do processo (JUNIOR, 2012. Pag. 56) ”.
A Constituição Federal no seu art. 5º, inciso LV garante o contraditório juntamente à ampla defesa ao falar que “aos litigantes, em fesa, com os meios e recursos a ele inerentes”. Assim, desde os processos administrativos ou judiciais, sem prejuízos de classe ou matéria, garantir-se-á às partes ou réus o direito de defesa, como garantir também o conhecimento dos atos processuais realizados, sob pena de nulidade nos termos da lei. Mesmo que haja provas suficientes para incriminar ou acusar alguém, este sempre terá o direito ao contraditório, o mesmo por ser absoluto e não garantir assim privilegio a nenhuma das partes.
Assim discorre Alexandre Câmara sobre o contraditório como direito à informação sobre o processo, e o direito à manifestação sobre os atos nele praticados:
“Tal definição significa dizer que o processo – o qual deve, sob pena de não ser verdadeiro processo, se realizar em contraditório – exige que seus sujeitos tomem conhecimento de todos os fatos que venham a ocorrer durante seu curso, podendo ainda se manifestar sobre tais acontecimentos. Para demonstrar a veracidade dessas afirmações, basta lembrar que, proposta uma ação, deve-se citar o réu (ou seja, informa-lo da existência de um processo em que este ocupa o polo passivo), para que o mesmo possa oferecer sua defesa. Da mesma forma, se no curso do processo alguma das partes juntar aos autos um documento qualquer, é preciso intimar a parte adversa, para que esta, tomando conhecimento da existência do documento, possa sobre ele se manifestar. (...). Considera-se, assim, demonstrada a veracidade da definição apresentada para o princípio do contraditório, sendo este visto em seu aspecto puramente jurídico. Pode-se, assim, ter como adequada a afirmação de Aroldo Plínio Gonçalves, para quem o contraditório (em seu aspecto jurídico) pode ser entendido como um binômio: informação + possibilidade de manifestação. (CÂMARA, 2014, p. 41)”. 
O contraditório por vês decorre do próprio direito de defesa, uma vez que o processo busca a verdade processual dos fatos, abrindo a necessidade de que se dê ao acusado a oportunidade de contrariar os fatos apontados pelo autor. O contraditório é tido, portanto, como o princípio norteador do próprio conceito da função jurisdicional.
Breve histórico:
Podemos traçar três formas e aspectos do princípio do contraditório ao longo da história, perpassando por Roma, Idade média e pela modernidade.
Em Roma o processo consistia em um enfrentamento dialético das partes mediante um terceiro imparcial, que outrora se resumia no brocardo “audiatur et altera pars”.
“A noção do que hoje se entende por contraditório persistiu como um direito natural ao longo do medievo. Sob o brocardo do “audiatur et altera pars”, um complexo de garantias solidificava a necessidade de se respeitar a audiência bilateral antes da adoção de qualquer medida resolutiva sobre conflitos de interesses (PICARDI, 2008, p. 130-131.)”
Fugindo do enfrentamento entre as partes, na idade média tal princípio viria a tomar novos rumos, o qual outrora se resumia no enfrentamento entre as partes, agora se resumindo na exigência tratamentos igualitários entre as partes, tornando reciproco todo e qualquer tratamento.
“A reciprocidade entre os envolvidos era tão forte na praxe processual que sequer o papa ou o príncipe podiam dela prescindir sem gerar qualquer mal estar. (DOS SANTOS JUNIOR, 2013, p.81).”
Na chegada da modernidade surge o liberalismo, liberalismo esse que influencia diretamente a nascente ciência processual. A então nascente ciência processual buscava evidenciar ainda mais a neutralidade do juiz, assim, favorecendo o princípio do dispositivo e a igualdade formal. Com a busca da igualdade formal e o favorecimento de tal princípio, torna claro a transformação de tal princípio em uma formalidade ritualística.
“Nota-se que, historicamente, até a primeira metade do século XX, a noção de contraditório declinou da posição de razão lógica e ética orientadora da dialética argumentativa entre as partes antagonistas de um processo para a situação de mera formalidade ritualística, resumindo-se à oitiva dos envolvidos antes da enunciação do juízo derradeiro do magistrado2 (DOS SANTOS JUNIOR, 2013, p.82).”
DUARTE, Bento Herculano; JUNIOR, Zulmar Duarte de Oliveira. Princípios do processo civil: noções fundamentais (com remissão ao novo CPC): jurisprudência do STF e do STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012.
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 25ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
PICARDI, 2008, p. 130-131.
BRASIL. Constituição Federal do Brasil de 1988. Artigo 5º, LV. Disponível em: . Acesso em 12/05/2015. 20 DUARTE, Bento Herculano; JUNIOR, Zulmar Duarte de Oliveira. Princípios do processo civil: noções fundamentais (com remissão ao novo CPC): jurisprudência do STF e do STJ. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012. p. 56.
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 25ª ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 41
BRASIL. Constituição Federal do Brasil de 1988. Artigo 5º, LV. Disponível em:httj://WWW.planalto.gpv.br/ccivil_03/constituição/constituiçaocompilado.htm: . Acesso em 12/05/2017.

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