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portfólio - Desafios e possibilidades da igualdade de gênero no espaço escolar

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
 PEDAGOGIA – 2º SEMESTRE
Ana Paula Pereira Alves
Daiane Oliveira Dos Santos
Diana Barbosa Da Silva
Elha Guimarães Do Vale
Gabriela Milagre Cunha
Juliana Assunção Almeida
Desafios e possibilidades da igualdade de gênero no espaço escolar
Guarapari
2019
 
 Ana Paula Pereira Alves
 Daiane Oliveira Dos Santos
 Diana Barbosa Da Silva
 Elha Guimarães Do Vale
 Gabriela Milagre Cunha
Juliana Assunção Almeida
Desafios e possibilidades da igualdade de gênero no espaço escolar
 
 Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da
 UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as
 disciplinas Psicologia da Educação e da Aprendizagem
 Ética, Política e Cidadania,Políticas Públicas da 
 Educação Básica,Metodologia Científica,
 Educação e Diversidade,Práticas Pedagógicas: Gestão da 
 Aprendizagem
 Professores: Mayra Campos Francica dos Santos 
 José Adir Lins Machado
 Natalia Gomes dos Santos
 Regina Celia Adamuz
 Natalia Germano Gejão Diaz
 Renata de Souza Franca Bastos de Almeida
 Tutora eletrônica:Maria do Carmo de Souza
 Tutora de sala: Pedro Henrique
 
 
 
 Guarapari 
 2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	4
2 DESENVOLVIMENTO 	5
 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS	18
4 REFERÊNCIAS 20
	
Introdução
A escola é um espaço social importante na formação dos sujeitos, tem um papel importante a cumprir, que vai além da transmissão de conteúdos. Cabe a ela ampliar o conhecimento de seus alunos,bem como dos demais sujeitos que por ela transitam (professoras/es, funcionários/as, famílias, etc.As relações de gênero, embora nem sempre contempladas nos currículos das escolas e nos cursos de formação de professores como objeto de discussão e análise, estão presentes implícita ou explicitamente no dia-a-dia das escolas, na relação professor e aluno, nas relações aluno e aluno e, principalmente, na prática educativa do professor. Para que a escola cumpra bem seu papel é preciso que esteja atenta às situações do cotidiano, ouvindo as demandas dos alunos e alunas, observando e acolhendo seus desejos, preocupações e frustrações. Vivemos, na contemporaneidade, um tempo de rápidas transformações de toda a ordem. A escola não pode se livrar da responsabilidade que lhe cabe de discutir determinados temas, tais como as desigualdades de gênero e a diversidade sexual.
Cabe destacar que a escola desempenha um papel importante na construção das identidades de gênero e das identidades sexuais, pois, como parte de uma sociedade que discrimina, ela produz e reproduz desigualdades de gênero, raça, etnia, bem como se constitui em um espaço generificado (LOURO, 1997). Vale lembrar, ainda, que um dos principais objetivos da escola consiste em ampliar os conhecimentos de seus atores sociais (alunos e professores), devendo ser um espaço de produção de saber, questionamento e aprofundamento de toda e qualquer questão que seja do interesse dos/as alunos/as. 
A proposta deste estudo surgiu a partir da observação das constantes discriminações e violências simbólicas no espaço da escola referente às questões de gênero.
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO DA ADOLESCÊNCIA 
Que a família é a base da sociedade, nós já sabemos. Que ela é alicerce e primeira escola na vida de qualquer ser humano, também.
Mas será só esse o papel da família? Certamente, não. Ela é a principal responsável pela educação de suas crianças; é o porto seguro que, de forma consciente e inconsciente, transmite valores e crenças que, ao longo do tempo, são absorvidos de acordo com os exemplos de atitudes e comportamentos dos adultos ao seu redor.
Uma estrutura familiar funcional baseada no amor e na autoridade faz toda diferença na hora de atravessar as turbulências dessa fase. A importância da família na adolescência é essencial ...Peti 2002
A adolescência é um momento de grandes transformações. Até aí, nenhuma novidade. Você certamente passou por elas quando era mais jovem. E vai vivê-las novamente, só que agora a partir de uma nova perspectiva, no papel de pai ou de mãe.
Sua missão também será diferente. Como adolescente, você precisava formar sua personalidade, se encontrar consigo mesmo e redefinir o seu lugar no mundo e no grupo social em que vivia. Como pai ou mãe de um adolescente, você terá de guiar seu filho ou filha por esse processo de maneira suave, mantendo um equilíbrio delicado. Nem impondo pontos de vista ou opiniões, nem se omitindo a ponto de parecer negligente.
Como conseguir esse equilíbrio? O que fazer nos momentos de cara amarrada e silêncio intransigente em que seu filho ou filha se tranca no quarto? O que aconselhar nos momentos de franqueza explícita em que ele ou ela lhe pede conselhos sobre temas delicados que, talvez, você preferisse não ter de abordar ainda?
Não existem receitas prontas para lidar com esse momento. Mas há, sim, um aspecto fundamental que pode ajudar a todos os envolvidos nesse processo: a estrutura familiar. Uma família com uma estrutura funcional, que seja sólida e bem delineada, atravessa melhor as turbulências da adolescência. E esse é um fato clinicamente comprovado pela psicologia.
O que é estrutura familiar? Um equívoco comum é achar que estrutura familiar se refere à composição da família. Não é isso. O que importa aqui não é se um adolescente tem um pai e uma mãe casados, ou pais divorciados, ou ainda apenas uma mãe ou um pai solteiro. Uma família pode ter inúmeras configurações nos dias de hoje. E todas podem funcionar bem ou mal, dependendo da forma como estruturam suas relações. E esse é o ponto fundamental quando se fala em estrutura familiar. Uma família bem estruturada é aquela em que as relações entre pais e filhos estão solidamente estabelecidas sobre dois pilares fundamentais: o amor e a autoridade. Mas não é tão simples assim.
O pilar do amor – Ou da afetividade, como alguns preferem chamar, é construído diariamente, na forma como você dá e recebe atenção do seu filho. Pare para pensar: você sabe os nomes dos melhores amigos dos seus filhos? Quando foi a última vez que vocês foram ao cinema, tomaram um café? Ou saíram para um passeio, sem celulares nas mãos, e conversaram olhando umnos olhos do outro? O ritmo da vida moderna e a distração das novas tecnologias são grandes inimigos de um bom vínculo afetivo real entre pais e filhos. Para construir esse vínculo é preciso parar para ouvir verdadeiramente o que seu filho ou filha tem para lhe contar, para observá-lo, para dar atenção a ele. E quanto mais cedo você construir esse pilar, mais fácil será mantê-lo durante os momentos mais introspectivos da adolescência. É esse pilar que vai garantir a existência de uma amizade sólida com seu filho ou filha quando ele estiver na adolescência plena.
O pilar da autoridade – Embora racionalmente ele tente negar isso, todo adolescente precisa enxergar autoridade na figura do adulto que o conduz. Nem que seja para se revoltar contra essa autoridade, o que faz parte do processo de amadurecimento. Quanto mais seguro, forte e consistente você for na relação, mais seguro e protegido seu filho se sentirá. E é em cima da sua constância que ele vai construir a autoconfiança dele e você mostrará a importância da família na adolescência.
O adolescente espera que você crie os limites e as regras e cobre que ele as respeite. Isso não significa que você manda e ele obedece. Ter autoridade é bem diferente de ser autoritário. Numa relação autoritária, o lado mais fraco se submete pela força; numa relação de autoridade, você conduz o processo, mas a construção das regras e limites é conjunta e, na medida do possível, consensual. E ele aceita o combinado por entender que tem uma função importante.Para construir sua autoridade, é sempre bom lembrar, você precisa saber dizer não.Mas ninguém amadurece emocionalmente se não aprender a lidar com as frustrações. Lembre-se disso. Ao dizer um não, você está ajudando o seu filho.
Outra coisa que você precisa ser capaz de ensinar a seu filho é esperar. No mundo do imediatismo tecnológico, onde todas as respostas e prazeres estão apenas a alguns toques numa tela, saber esperar é uma coisa cada vez mais rara. E você precisa ensinar isso a seu filho. Quanto mais facilmente ele aceitar o não e a espera, mais resiliente ele se torna e maior será a tranquilidade com que ele aceitará a sua autoridade.
“Des” igualdades de gênero ao pensar na esfera da família, uma primeira questão que sempre se coloca é como se explica a manutenção da hierarquia de gênero, uma vez que houve transformações sócio econômicas tão importantes em suas bases. Ou seja, como o sistema de vantagens de homens sobre as mulheres em condições materiais, status e autoridade, isto é, na hierarquia e discriminação de gênero, tem continuado de uma forma ou de outra em um contexto de profundas mudanças estruturais e de um movimento de produção que acelerou a participação da mulher na força de trabalho extra doméstico.
Não existe uma resposta simples para esta continua habilidade da hierarquia de gênero reaparecer sob novas formas e costumes.
Ambiente familiar intensifica desigualdade de gênero, estudo mostra que atividades caseiras são diferentes para meninos e meninas, e que tal contraste pode refletir no processo de escolarização das crianças “Isso não é coisa de mocinha!”, “Vem me ajudar na cozinha enquanto seu irmão brinca na rua”. Quem nunca ouviu frases como essa? Ao conversar com alguns adolescentes de uma escola ,observou que o tratamento e as atividades direcionadas a meninos e meninas no ambiente familiar ainda carregam diferenciação de gênero, percebeu que a divisão sexual do trabalho está presente em suas vidas desde muito cedo, com as garotas sendo cobradas a participarem de afazeres da casa e obtendo menos permissão para brincar na rua, por exemplo. Os meninos, pelo contrário, tinham mais liberdade. “As meninas tendem a ficarem mais retidas no ambiente doméstico, estando praticamente privadas do acesso à rua e, consequentemente, das oportunidades de lazer e de sociabilidade que o espaço público oferece”. As crianças acabam refletindo os papéis de gênero às quais são submetidas em casa.O aprendizado do que é certo ou esperado para cada sexo começa desde cedo e, mesmo que a escola não o promovesse, as próprias crianças acabam, mais cedo ou mais tarde, se conformando a certos padrões.
Atuação da escola na construção da igualdade de gênero
“A educação deve ser livre de qualquer discriminação para proporcionar condições do pleno desenvolvimento.” Rebeca Otero, UNESCO
É necessário implementar ações para desconstruir os estereótipos e remover as barreiras baseadas em gênero. Recomenda-se o desenvolvimento de currículos escolares inclusivos, que transformem impedimentos em oportunidades, além do estabelecimento de ambientes seguros, dentro e fora da escola, que favoreçam resultados de aprendizagem efetivos. A igualdade de gênero é uma prioridade global, pois é fundamental para a promoção do respeito e da cidadania que, por sua vez, estão na base da construção da paz e do desenvolvimento sustentável. Por isso, devemos pensar na integração da abordagem sensível ao gênero em legislações e políticas, em todos os âmbitos, do mundial ao local, incluindo as escolas.
Gênero na escola tem se tornado tema maldito para muitos. Mas a educação acredita que o espaço escolar deve promover a igualdade. Se há razão em dizer que ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher, também diremos que ninguém nasce homofóbico, transfóbico ou agressor de mulheres. Há uma socialização do gênero, uma pedagogia dos corpos. Não há isso de natureza masculina, a qual condiciona homens com pênis a serem provedores, fortões ou gostar de mulher; ou, então, natureza feminina, que condiciona mulheres com vagina a serem mães, delicadas e boas esposas de homens.
Há um regime de precarização de mulheres e dos que vivem fora da norma. A rua é um espaço perigoso às mulheres que têm medo de serem estupradas por um desconhecido ao andarem desacompanhadas, mas a casa também está longe de ser espaço protegido para aquelas que sofrem violência de seus pais ou companheiros. Homens e mulheres trans ainda lutam pelo direito a um nome diferente do que receberam ao nascer, mulheres morrem por abortos clandestinos, a população LGBT sofre violência todos os dias pelo simples fato de serem gays, lésbicas, transexuais, bissexuais ou travestis. São tristes exemplos como esses que nos fazem acreditar que a escola deve ser um espaço livre de discriminação, um espaço de acolhimento de todos e todas, e discutir gênero é parte disso.
A escola é um espaço não só para ensinar letras e números, mas também para promover cidadania; e, nesse sentido, deve ser espaço democrático e inclusivo, onde estudantes aprenderão que é possível o convívio com a diferença longe da violência e opressão.
Uma escola que promova a igualdade de gênero não é uma escola que ensina crianças e adolescentes a serem gays ou que ensinam sexo de maneira inapropriada para as diferentes faixas etárias. É no espaço pedagógico no qual se aprende que sexo é muito mais que natureza ou biologia, é também regime político da vida. Por isso acreditamos que a escola é lugar para o ensino do respeito mútuo. Isso não significa que a escola disputará com a casa ou a igreja – há valores morais que aprendemos e ensinamos em nossa vida privada.
Mas é principalmente na escola que convivemos pela primeira vez com os diferentes de nós: as crianças verão que há diferentes cores, religiões e modos de se apresentar no mundo.
Uma escola que promova igualdade de gênero será também espaço para todos e todas e, quem sabe em um futuro bonito, terá a potência de formar uma sociedade livre do ódio, violência ou perseguição.
A escola é instrumento poderoso para o exercício da cidadania e formação de meninas e meninos. Silenciar o gênero na escola é reproduzir as desigualdades, é ignorar a diversidade e a possibilidade de uma vida feliz com nossas próprias escolhas no campo sexual e reprodutivo. A educação é sempre será a chave para um progresso de uma nação, e falar de gênero nas escolas é garantir que todos e todas sejam respeitados e respeitadas por suas escolhas e afetos.
A importância das amizades na adolescência
Nessafase, a formação dos grupos é fundamental para o exercício dos papéis sociais. Não menos importante do que tratar de um assunto tão relevante quanto o que ora nos propomos discutir, seria lembrarmos das ideias de Henri Wallon – médico, militante, psicólogo e filósofo francês –, mencionavam que o aluno, enquanto aprendiz, não representa apenas uma cabeça apta a apreensões, mas sim um ser complexo, constituído de corpo e sentimentos. Partindo dessa prerrogativa, torna-se inegável que a família, assim como o grupo secundário com o qual o jovem convive , também se tornam coparticipantes de toda essa história, compartilhando com todas as consequências nascidas das transformações físicas e psíquicas que demarcam essa certa fase. Tal etapa, ora demarcada pela transição da infância para a puberdade, desperta no adolescente a descoberta de seu próprio eu enquanto sujeito, e por essa razão torna-se plausível que ele busque fora da rede protetora (família) subsídios para saciar esse objetivo. Dessa forma, os amigos nessa hora representam peças fundamentais nesse processo, haja vista que por meio dessa interação o jovem exercita seu verdadeiro papel social e se identifica com comportamentos e valores a partir da convivência com o outro. Como justificativa da afirmativa em questão, retomemos ao posicionamento do autor em referência: uma das características que mais “afloram” na fase da adolescência é a ambivalência de atitudes e sentimentos, fato resultante da riqueza afetiva e da capacidade imaginativa que traduzem o desequilíbrio interior – demonstrado em diversas tomadas de atitude. Segundo Wallon, essa mesma ambivalência faz surgir a necessidade de conquista, independência, de surpreender a si próprio e de se unir a outros jovens com os mesmos ideais. Mediante tais pressupostos, sobretudo em se tratando da formação dos grupos, vale atentarmos para os aspectos negativos que surgem em decorrência dessa, pois, frente ao temor de se sentir sozinho, o jovem passa a adotar regras e comportamentos coletivos, sem que para isso necessite questioná-los. “Ao mesmo tempo em que anseiam pela identidade própria, eles percebem que ser igual a todo mundo é a saída mais segura para não se expor e perder a aprovação”. Como exemplo disso podemos citar o caso de um determinado grupo ridicularizar alguém pelas atitudes, como por exemplo, por fazer perguntas excessivas, destacando-se como o “nerd” da sala. Ao se sentirem incomodados, resolvem exprimir certo preconceito, e isso pode acabar ocasionando reprimendas e até se transformando no temível bullying. Em face dessa ocorrência é essencial que o educador utilize alguns artifícios, tais como a observação em torno de quais ideias e valores os grupos se reúnem, no intuito de incentivar boas práticas e aproveitar temas relacionados à realidade dos alunos, além de pôr em xeque questões pertinentes, fazendo-os reconhecer a responsabilidade de seus atos – devendo essa ser sempre discutida e partilhada com todo o grupo. Atitudes como essas passam a evitar eventuais rotulações e permitem com que todo o grupo passe a refletir acerca de suas próprias responsabilidades. Na família, o jovem precisa receber a devida atenção, ser respeitado e valorizado, fazendo sempre prevalecer o desenvolvimento de uma personalidade autônoma e consciente. A aderência a grupos e as relações de amizade proporcionam a inclusão dos seres humanos nas regras e normas da convivência social, além de ser importante para a autonomia e o fortalecimento da identidade. A experiência da amizade e sua importância são definidas de acordo com cada contexto histórico específico, que inclui os aspectos sociais, mas também da família, da religião, da política e da cultura de cada determinada época. Alguns autores afirmam que as relações de amizade têm passado por mudanças significativas na atualidade: a troca de experiências e os momentos de convivência e diversão, que no passado estavam centrados nos momentos de convivência familiar, agora se encontram voltados para as relações sociais, em especial entre pares. Pares são pessoas que compartilham algum tipo de característica, como a idade, o sexo ou a escolaridade. Podemos dizer então que historicamente vem sendo atribuída maior importância às relações extrafamiliares, nos grupos de pares. Esses grupos acabam por se tornar as principais agências socializadoras dos indivíduos, já que é a partir da inscrição em grupos que esses sujeitos podem compartilhar suas experiências. É também a partir desse processo que são aprendidas normas e regras da vida em sociedade, por isso, o grupo de amigos é considerado por alguns autores como sendo a principal fonte de referência comportamental de muitas crianças e adolescentes. Amizades na adolescência são tão importantes quanto a família. Para o adolescente, amizade significa criar laços entre as pessoas que têm sentimentos de lealdade, proteção, intimidade, reciprocidade, ajuda mútua, compreensão e confiança. Por isso, os amigos desempenham um papel complementar ao da família e são fundamentais para o bem-estar mental, além de fazer bem ao coração e ao corpo. “Amigos são importantes para desabafar, conversar, ter confiança para contar o que sentimos, o que nos deixa magoados, pedir conselhos sobre como agir em algumas situações e como enfrentar as dificuldades a nossa volta. Também para rir, se divertir e compartilhar momentos de companheirismo e solidariedade”, conta Mônica Krzyzanovski Pallu, gestora do Colégio Bom Jesus Nossa Senhora do Rosário, em Paranaguá. Os relacionamentos de amizade começam a aparecer já nas séries iniciais da Educação Infantil. Desde pequenas, as crianças compartilham brinquedos e brincadeiras com seus amigos e demonstram atitudes de carinho e respeito. Pesquisas ao redor do mundo têm buscado explicar a importância da amizade em situações extremas como: problemas familiares (separação, divórcio, falecimento de um parente), doenças físicas e momentos de sofrimento psíquico. Segundo alguns autores, as relações de amizade funcionariam como válvula de escape. A inserção nesses diversos grupos de amigos proporciona uma ampliação no universo social de crianças e adolescentes, uma vez que favorece experiências diante de novas formas de ver o mundo, a partir da relação com interações sociais e afetivas diferentes daquelas estabelecidas com a família. Segundo algumas pesquisas, o tempo que as crianças e adolescentes passam rodeadas de amigos é três vezes maior que o dos adultos. A sociedade contemporânea vivencia ainda novas formas de relacionamento social, como as amizades vivenciadas a partir de redes sociais e outras tecnologias de comunicação. Investigações acerca da estruturação e funcionamento dessas redes mostram que elas dependem, em muito, da manutenção de “laços fracos”: colegas, amigos aleatórios, conhecidos, contatos, uma vez que esses tipos de laços favorecem a aderência a diversos grupos diferentes. Essas pesquisas mostram a importância, por exemplo, dos “amigos em comum” que multiplicam o número de “amigos” de uma pessoa em escalas quase que ilimitadas. Algumas pesquisas em neurologia apontam inclusive para uma adaptação cerebral a esse tipo de relação. Segundo esses estudos, o cérebro humano estaria sendo preparado para lidar da mesma forma com amizades presenciais e virtuais. Outros estudos apontam para as diferenças entre esses relacionamentos. Em suas conclusões, pesquisadores indicam a insuficiência afetiva dessas relações, tornando os contatos artificiais e com pouca intimidade. Por mais divergente que sejam as opiniões, não podemos descartar o potencial de influência das relações humanas. Independentemente da forma como se dá a relação, ela acaba sendo determinante para a inserção do indivíduo numa forma específica de ver, sentir, conhecer e compartilhar o mundo, e essa dimensão é fundamental para a constituição do ser humano. Estimulando as amizades na adolescência Segundo Mônica, os pais podem estimular relações de amizade dos filhos convidando os amigos da escola para brincar em suas residências,deixando-os participar de festas de aniversário, passeios. É preciso estar em contato, seja escrevendo, conversando ao telefone, visitando. Atualmente, com o uso das tecnologias, ficou mais fácil manter as amizades, visto que podemos conversar em tempo real com nossos amigos”, conta a gestora. “O papel do “melhor amigo” do adolescente é o de oferecer suporte, afeto, boa companhia, diversão, segurança emocional ou auxílio instrumental, conduzindo ao aumento da competência social, da autoestima e uma autoavaliação positiva. Possibilitam, ainda, oportunidades para a partilha íntima, bem como a validação consensual de interesses, esperanças e receios”, finaliza.
O DIREITO À IGUALDADE DE GÊNERO
O princípio constitucional da igualdade é um dos pilares de sustentação do Estado Democrático de Direito, que força a discriminação e o tratamento injustificado desigual entre os cidadãos. Não impede tamanha centralidade, a igualdade de gênero, seja na política, seja em outros campos da vida, como o mercado de trabalho e as próprias relações privadas, tem sido historicamente tratada como um assunto de menor importância.
A sub representação das mulheres na política institucional tem raízes histórico-culturais da época que reflete, ainda hoje, a profunda desigualdade existente entre homens e mulheres na sociedade. A qualidade entre esfera pública e esfera privada e a divisão sexual do trabalho são fatores que explicam essa desigualdade e justificam a necessidade de políticas afirmativas para mulheres na política.
As condições em que vivem homens e mulheres não são produtos de um destino biológico, mas, acima de tudo, construções sociais. A base material dessas relações é a divisão sexual do trabalho, a qual se caracteriza pela separação: há trabalhos de homens e trabalhos de mulheres.
Caracteriza as relações entre homens e mulheres nas sociedades ocidentais deste final de milênio, após muitos séculos de desigualdades, com visíveis privilégios para os homens.
Durante cinco décadas de difícil luta, em uma sociedade dominada pelos homens, as mulheres foram conquistando condições de igualdade, contra discriminações das variadas ordens.Mesmo depois dos inegáveis avanços da Constituição de 1988, as mulheres ainda se defrontam com o preconceito, seu maior adversário, que se estabeleceu principalmente nos costumes.
A atual Constituição promoveu mudanças extremamente importantes na superação do tratamento desigual fundado no sexo, ao afirmar, no art. 5°, inciso I, que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos da Constituição.
Ao equiparar direitos e obrigações de homens e mulheres, em todos os níveis, a Constituição ensina que a igualdade de homens e mulheres está contida na norma geral da igualdade perante a lei, bem como em todas as normas constitucionais que vedam discriminação de sexo (arts. 3°, IV, e 7°, XXX). Registre-se, todavia, que o próprio texto constitucional promove discriminações, a favor das mulheres, nos arts. 7°, incisos XVIII e XIX, 40, III, e 202, I a III e § 1º.
A discriminação em razão de gênero, nomeadamente que coloca a mulher de
forma direta ou indireta, também além disso vivemos em uma sociedade em que a maioria trata a discriminação como uma coisa normal.
Ainda existem grandes barreiras a serem vencidas como violência e exploração sexual, a divisão desigual sobre as obrigações domésticas e a discriminação públicas. 
Para constituição federal brasileira, homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, conforme as definições internacionais igualdade de direitos, responsabilidades e oportunidades das mulheres e homens; igualdade significa que mulheres e homens são iguais.
A igualdade de gênero é um assunto histórico entre as reivindicações sociais e populares em todo o mundo. Desde o século XVIII as mulheres se mobilizam por direitos civis, políticos e sociais, e igualdade, incluindo reivindicações como direito ao voto, ao divórcio, a educação, a igualdade salarial, condições adequadas de trabalho, direitos sexuais e participação em espaços de poder.
A Igualdade de Gênero é ainda um projeto em construção. Esse processo já soma diversos movimentos e mudanças, reivindicações e lutas, nacional e internacionalmente. por maiores que tenham sido as dificuldades, são muitas as conquistas das mulheres. Cada vez mais as leis e as políticas públicas visam o bem-estar social da cidadania independentemente de seu gênero e as mulheres vêm ganhando espaço em diversas áreas.
Prevista no inciso I do artigo 5º, a Igualdade de Gênero é uma luta de todos e por todos. Ter esse direito assegurado pela Constituição é de inegável importância, mas a história já mostrou que apenas isso não garante sua eficiência prática. A defesa dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero é, portanto, um esforço coletivo e contínuo.
CAMINHOS POSSÍVEIS PARA A IGUALDADE DE GÊNERO NAS ESCOLAS
Tendo consciência de que o espaço escolar é ambiente privilegiado para fazer acontecer uma nova cultura será importante e necessário que sejam planejadas ações eliminando toda a forma de discriminação e violência. Acreditando que a escola é o espaço de pleno desenvolvimento do ser humano, considera-se importante que ela cumpra o seu papel oportunizando o exercício da cidadania acolhendo as diferenças como caminho para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
É muito importante que as professoras/es tenham acesso a informações para que possam conduzir debates sobre a igualdade de gênero, os grupos de estudo e não sejam omissos diante de cenas de discriminação, sexismo e violência que estão presentes no espaço escolar.
Sabe-se que as carências humanas estão presentes no espaço escolar e muitas vezes são as causadoras das dificuldades de aprendizagem e da indisciplina. Daí a necessidade de desenvolvermos um conjunto de ações bem articuladas que tenham por objetivo desnaturalizar a violência, o preconceito, o sexismo, a homofobia para a construção de uma sociedade com parâmetros entre os quais esteja a justiça social e o respeito.
É importante conscientizar que a igualdade de gênero só vai acontecer quando os pais mudarem a forma de educar seus filhos. É através da educação que se pode desconstruir os preconceitos a falta de respeito ao diferente e promover a inclusão social. Como educadores e educadoras comprometidos com a justiça e a cidadania será necessário trabalhar para que as pessoas sejam realmente humanizadas e desconstruir essa cultura que reforça e perpetua uma realidade social que prioriza o que é branco, masculino, hétero e cristão.
O espaço escolar pode ser um lugar privilegiado para fazer acontecer um novo modelo de educação que promova a igualdade entre homens e mulheres num processo constante de desconstrução da crença no androcentrismo e da cultura do ser homem ou mulher que ainda é causa de sofrimento para muitas pessoas. Mudanças só irão acontecer se as famílias tomarem consciência de que é preciso começar na infância. O machismo e a violência doméstica ainda são realidades presentes nas famílias de hoje. A tomada de consciência das famílias e da comunidade escolar a respeito da urgência das mudanças contribui para essa problematização e análise crítica do que é reproduzido pela instituição escolar. Ao afirmarmos que a escola deve preparar o educando para o exercício da cidadania, precisamos considerar que se vive numa sociedade desigual e que a proposta educativa deve contribuir sistematicamente para que aconteçam novas relações de gênero.
É preciso ficar claro que não há lugar na escola para machismo, preconceito, homofobia e a inferioridade feminina. A grande maioria das educadoras são mulheres que precisam ser valorizadas para que também possam contribuir para o processo de humanização. A gravidade do tema exige continuidade da reflexão, ações sistemáticas e políticas públicas que priorizem a construção de relações de gênero baseadas no respeito às diferenças. Pode-se dizer que toda a reflexão teórica que está sendo feita sobre a violência doméstica pode ajudar
na tomada deconsciência para a construção de novas relações de Gênero com base na igualdade e no amor. Acredita-se que professores estabelecendo pesquisas e fazendo com que os alunos se interessem pelo assunto podem produzir resultados muito positivos e que chegará o dia em que homens e mulheres se respeitarão e serão os protagonistas desta nova História construindo relações de gênero baseadas na justiça e na igualdade.É importante identificar quais palavras expressadas transmitem ideia de sexismo, racismo, etnocentrismo. É imprescindível questionar o que se é ensinado, tal qual, o modo como se ensina, desmistificando aprendizagens sólidas e verdades tidas como absolutas.
É imprescindível refletir sobre algumas ações realizadas na escola para que se exercite o não preconceito de gênero durante as atividades escolares.
Professores e gestores precisam ser orientados a não reproduzir estereótipos e preconceitos dentro da escola. Dentro de salas, quadras e laboratórios, não pode haver coisas de menino ou de menina. E, quando surgirem conflitos relacionados a gênero, o assunto deve ser abordado de forma clara, para que sejam convertidos em aprendizado. Algumas atitudes que as escolas, professores e demais profissionais da educação podem adotar a fim de promover a igualdade de gênero, são:
1. A desigualdade de gênero deve pautar debates em sala: O essencial é encorajar a conversa sobre o tema sempre que possível. Se o assunto é tratado em sala de aula, cria-se espaço para debate e reflexão. Acredito que também seja importante mostrar que os alunos podem ter voz e se sentirem confortáveis para fazer perguntas e aprender.
2. Explique o que é o feminismo: Contexto é sempre uma saída interessante para motivar o debate. Por exemplo, dedicar uma aula de História para aprender a origem do Dia da Mulher, entender o papel e o tratamento dado às mulheres em diferentes países. Isso torna a inclusão do tema mais natural, mais palatável.
3. Desmistificar estereótipos e preconceitos: Mitos como o de que os meninos são melhores em Matemática do que as meninas, por exemplo, ainda persistem na formação dos jovens. Por isso, é essencial valorizar a presença e o desempenho femininos na sala de aula, encorajar garotas a participarem de Olimpíadas, torneios ou de grupos de estudo focado. É algo que definitivamente deve ser trabalhado a longo prazo para também transformar a autoestima das garotas.
4. Alunas vítimas de assédio precisam de acolhimento: É essencial que a escola tenha um grupo de conselheiros e assistentes que possam apoiar a garota nesse tipo de situação tão delicada. É também importante que ela não tenha medo e sinta confiança em pedir ajuda a uma autoridade escolar para explicar o que está acontecendo. As redes sociais se tornaram um espaço para denúncias de abuso e má conduta escolar, mas também pode significar exposição da aluna, o que certamente é muito delicado. 
CONCLUSÃO
Levando em consideração todos esses aspectos, falar de gênero nas escolas não e sexualizar as crianças e adolescentes, não é promover o fim das famílias tradicionais, não é converter pessoas héteros,não é ir contra os valores. O que é então falar de gênero nas escolas ? É discutir as diferenças de salários de homens e mulheres no mesmo emprego e falar sobre o feminismo, sobre assédio, sobre estereótipos e preconceitos. Pois a escola não é apenas um espaço para ensinar letras e números, mas também para promover cidadania; e nesse sentido deve ser espaço democrático e inclusivo, onde estudantes aprenderam que e possível o convívio com a diferença longe da violência e opressão. A escola não é a única instituição que participa desse processo de aprendizado, mas é uma das mais importante, sobretudo na adolescência. Quando se propõe a abordar a igualdade de gênero nas escolas está se propondo um sistema educacional que seja inclusivo e que seja ativo no combate às desigualdades, evitando sua reprodução, pois acreditamos que a escola é lugar para o ensino do respeito mútuo. Os papéis e as relações de gênero são resultados de um processo de aprendizado, que se inicia no nascimento e é contínua durante a vida. É importante conscientizar que a igualdade de gênero só vai acontecer quando os pais mudarem a forma de educar seus filhos. Pois a família e a base e a primeira escola na vida de qualquer ser humano é dali que deve sair o respeitos e valores. Em relação às escolas o corpo docente por sua vez se sente, em algumas ocasiões despreparados para tal empreitada, na medida em que não teve uma formação específica para isso e muitas das vezes os professores(a) tem muitas dúvidas em como lidar com algumas situações que surgem no cotidiano da escola, e de como abordá-los, temendo ainda que as famílias desaprovem que o tema da sexualidade seja discutido com crianças e adolescentes. Um dos pontos fundamentais na educação de crianças e adolescente e problematizar e desconstruir todos os tipos de preconceitos, pois eles começam dentro de casa e podem ser reforçados, muitas vezes, dentro da própria escola que deveria ser um lugar de acolhimento, além de sua função de ampliar os conhecimentos dos alunos e alunas e também dos (professores).
 Falar e promover igualdade de gênero nas escolas não e anular as diferenças ou promover ideologias, mas garantir que qualquer cidadão e cidadã viva e apresente-se da forma como quiser. Falar de gênero nas escolas e garantir que todos sejam respeitados por sua suas escolhas.
REFERÊNCIAS
1.Psicanalista, mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica PUC/SP e pós-graduada em Psicologia Clínica-Teoria Psicanalítica pela PUC/SP.
2. André Zanardo, Brenno Tardelli e Igor Leone são fundadores do Justificando,
3. As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para terapia familiar. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas.
4. TJW Repercussões da adolescência no âmbito familiar. In:. Medicina do Adolescente. 2 ed. Sarvier. 2003;.
5. Crespin J. Consulta Clínica. In: Coates V, Beznos GW, Françoso LA. Medicina do Adolescente.
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