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Aulas de Responsabilidade Civil

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RESPONSABILIDADE CIVIL
1. DEFINIÇÃO DE RESPONSABILIDADE: Obrigação de responder pelas ações próprias, pelas ações dos outros e pelas coisas confiáveis (AURÉLIO). 
a. Espécies de responsabilidade:
Pode haver a responsabilidade moral, a qual está relacionada ao instituto da filosofia e a responsabilidade jurídica, relacionada ao âmbito jurídico.
i. Espécies de responsabilidade jurídica: penal ou criminal, administrativa e civil, e será conforme o âmbito jurídico. É possível haver a cumulação de duas responsabilidades, também chamada dupla cumulação ou dupla responsabilidade jurídica e se três, tripla responsabilidade jurídica.
1. Diferenças entre as responsabilidades jurídicas:
a. Âmbitos:
· Âmbito criminal, será responsabilizado penalmente;
· Âmbito administrativo, será responsabilizado administrativamente;
· Âmbito civil, será responsabilizado civilmente.
b. Efeitos:
· A responsabilidade criminal pode produzir efeitos na liberdade (Art. 5º, XLVI, CF);
· A responsabilidade administrativa pode produzir efeitos na perda de direitos (Art. 37, §4ª, CF);
· A responsabilidade civil, em regra, produz efeitos apenas sobre o patrimônio. Em última análise, é a concretização do chamado Princípio da Responsabilidade Patrimonial do Devedor (art. 391, CC).
2. Prisão civil: Em regra, a responsabilidade civil trará efeitos somente sob o patrimônio do devedor. Exceção: a prisão civil nos casos de inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel. 
Art. 5º, LXXVII, CF: “Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel”. 
A prisão do depositário infiel é constitucional, porém ilícita.
Súmula Vinculante 25/STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
Súmula 419/STJ: Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel.
Nesse sentido, Tema 220, Recurso Repetitivo.
Sistema Interamericano de Proteção dos Diretos Humanos (art. 7, da Convenção de Direitos Humanos – Pacto de São José da Costa Rica: Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar) – Para o STF, o pacto foi recepcionado com status supralegal, de forma que contenha a eficácia da norma constitucional. RE 466.343. Caso o tratado sobre direitos humanos tenha passado pelo rito de emenda constitucional, terá equivalência a este: a II Convenção Internacional de Nova Iorque e o Tratado Internacional de Marraqueche. Caso não, terá eficácia supralegal.
3. Responsabilidade civil como “minus”/”residum”: a responsabilidade civil é residual, no que tange a produção de efeitos, já que atingir o patrimônio é menor que privar a liberdade e restringir direitos.
4. Regra da Independência das instâncias: em regra, as instâncias criminal, administrativa e civil são independentes entre si. 
Exceções: ausência de materialidade e negativa de autoria / juridicidade ou excludente de ilicitude.
· A responsabilidade civil dependerá da criminal quando nesta for comprovado a inexistência do fato (ausência de materialidade) ou inexistência da autoria (negativa da autoria), chamados de “comprovação categórica” (art. 66, CPP – contrário sensu). Neste caso, não haverá responsabilidade no âmbito civil, uma vez que as decisões no juízo criminal repercutem no âmbito civil (art. 935, CC: A responsabilidade civil é independente da criminal, (exceção) não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal). 
· Em sentido contrário, o art. 66, do CPP: “Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato”.
Enunciado 45, CJF: “No caso do art. 935, não mais se poderá questionar a existência do fato ou quem seja o seu autor se essas questões se acharem categoricamente decididas no juízo criminal”. 
· Excludentes de ilicitude ou juridicidade (art. 65, CPP): “Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”.
Para o STJ, nosso sistema admite a independência relativa das instâncias, não absoluta. REsp 1.164.236: “A decisão fundamentada na falta de provas aptas a ensejar a condenação criminal, como no particular, não restringe o exame da questão na esfera cível”.
5. Absolvição por falta de provas: A absolvição por falta de provas no processo criminal não obsta a ação civil.
3. A norma do artigo 935 do Código Civil consagra a independência relativa das jurisdições cível e criminal. 4. Somente na hipótese de a sentença penal absolutória fundamentar-se na inexistência do fato ou na negativa de autoria está impedida a discussão no juízo cível. 5. A decisão fundamentada na falta de provas aptas a ensejar a condenação criminal, como no particular, não restringe o exame da questão na esfera cível. Precedentes. (REsp 1164236/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/02/2013, DJe 28/02/2013)
6. Culpa concorrente: Eventual culpa concorrente entre autor e vítima pode ser considerada no julgamento da ação civil.
1."A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal" (art. 935 do Código Civil). 2. A sentença penal condenatória decorrente da mesma situação fática geradora da responsabilidade civil provoca incontornável dever de indenizar, não podendo o aresto impugnado reexaminar os fundamentos do julgado criminal, sob pena de afronta direta ao art. 91, I, do CP. 3. Apesar da impossibilidade de discussão sobre os fatos e sua autoria, nada obsta que o juízo cível, após o exame dos autos e das circunstâncias que envolveram as condutas do autor e da vítima, conclua pela existência de concorrência de culpa em relação ao evento danoso. (REsp 1354346/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 26/10/2015).
Ex: atropelamento de pedestre em via férrea:
1.A responsabilidade civil do Estado ou de delegatário de serviço público, no caso de conduta omissiva, só se concretiza quando presentes estiverem os elementos que caracterizam a culpa, a qual se origina, na espécie, do descumprimento do dever legal atribuído ao Poder Público de impedir a consumação do dano. Nesse segmento, para configuração do dever de reparação da concessionária em decorrência de atropelamento de transeunte em via férrea, devem ser comprovados o fato administrativo, o dano, o nexo direto de causalidade e a culpa. 2. A culpa da prestadora do serviço de transporte ferroviário configura-se, no caso de atropelamento de transeunte na via férrea, quando existente omissão ou negligência do dever de vedação física das faixas de domínio da ferrovia - com muros e cercas - bem como da sinalização e da fiscalização dessas medidas garantidoras da segurança na circulação da população. Precedentes. 4. No caso sob exame, a instância ordinária consignou a concorrência de causas, uma vez que, concomitantemente à negligência da concessionária ao não se cercar das práticas de cuidado necessário para evitar a ocorrência de sinistros, houve imprudência na conduta da vítima, que atravessou a linha férrea em local inapropriado, próximo a uma passarela, o que acarreta a redução da indenização por dano moral à metade. 5. Para efeitos do art. 543-C do CPC: no caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas, impondo a redução da indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a concessionária do transporte ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos, adotando conduta negligenteno tocante às necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em local inapropriado. (REsp 1172421/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe 19/09/2012)
7. Procedimento: No caso de ausência de materialidade, negativa de autoria e juridicidade ou excludente de ilicitude, o julgador pode suspender o processo. Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 ano.
É o que dispõe o art. 315, §§ 1º e 2º, do Código de Processo Civil:
Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal.
§ 1º Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da intimação do ato de suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão prévia.
§ 2º Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do qual aplicar-se-á o disposto na parte final do § 1º.
Esse prazo de suspensão (art. 315, § 2º, CPC) é diferente do “prazo” do art. 64, p. único, do CPP, que dispõe sobre a mesma hipótese de suspensão do processo. Comparemos:
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
No caso, entendemos que deve prevalecer o prazo do art. 315, § 2º, do CPC (1 ano), pelos seguintes fundamentos:
Pela Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, lex posterior derogat priori (lei posterior derroga anterior), e o CPC, que é de 2015, é posterior ao CPP, que, por sua vez, é de 1941.
Além disso, a priori, a disposição de prazo concretiza o princípio da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, CRFB).
8. Causa impeditiva da prescrição: Antes da sentença definitiva no processo criminal, não correrá a prescrição (causa impeditiva da prescrição). 
Art. 200, do CC: Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. 
Ex: ação penal e processo administrativo disciplinar contra médico que prometeu cura de doença incurável:
5. O art. 200 do Código Civil dispõe que, em se tratando pretensão indenizatória fundada na responsabilidade civil por fato que deva ser apurado no juízo criminal, não corre a prescrição antes do advento da respectiva sentença penal definitiva. Precedentes. 6. Desde que haja a efetiva instauração do inquérito penal ou da ação penal, o lesado pode optar por ajuizar a ação reparatória cível antecipadamente, ante o princípio da independência das instâncias (art. 935 do CC/2002), ou por aguardar a resolução da questão no âmbito criminal, hipótese em que o início do prazo prescricional é postergado, nos termos do art. 200 do CC/2002. Precedentes. 7. No caso, os fatos narrados na inicial ocorreram no ano de 2001, mas foram objeto de ação penal que teve início em 2003 e foi concluída apenas em 2013,não havendo falar em prescrição. A ação indenizatória em tela foi ajuizada em março de 2010, antes, portanto, de transitada em julgado a sentença penal que condenou o recorrente pela prática dos crimes previstos nos arts. 171 e 273, § 1º-B, inciso II, do Código Penal. 8. As conclusões da Corte de origem e do juízo de primeiro grau - acerca da existência do dever do médico recorrente indenizar danos morais causados a paciente (o autor da demanda) por submetê-lo, sem habilitação profissional para tanto, a tratamento médico ineficaz oferecido como sendo meio hábil para a cura de doença crônica incurável (psoríase) -, resultaram do aprofundado exame de todo o acervo fático probatório carreado aos autos e, por isso, não podem ser objeto de revisão na via especial, haja vista o óbice da Súmula nº 7/STJ. 9. O Superior Tribunal de Justiça, afastando a incidência da Súmula nº 7/STJ, tem reexaminado o montante fixado pelas instâncias ordinárias a título de danos morais apenas quando irrisório ou abusivo, circunstâncias inexistentes no presente caso. 10. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido. (REsp 1798127/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/04/2019, DJe 05/04/2019).
Para não correr a prescrição, é imprescindível a instauração do inquérito policial ou propositura da ação penal:
1. Ação de reparação de danos derivados de acidente de trânsito ocorrido em 26 de agosto de 2002 proposta apenas em 07 de fevereiro de 2006, ensejando o reconhecimento pela sentença da ocorrência da prescrição trienal do art. 206 do CC. 2. Reforma da sentença pelo acórdão recorrido, aplicando a regra do art. 200 do CC de 2002. 3. Inaplicabilidade da regra do art. 200 do CC/2002 ao caso, em face da inocorrência de relação de prejudicialidade entre as esferas cível e criminal, pois não instaurado inquérito policial ou iniciada ação penal. 4. Interpretação sistemática e teleológica do art. 200 do CC/2002, com base na doutrina e na jurisprudência cível e criminal desta Corte. 5. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (REsp 1180237/MT, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 22/06/2012)
9. Conceito de responsabilidade civil: Responsabilidade civil é o dever jurídico decorrente, também chamado de derivado/sucessivo ou, ainda, secundário, que decorre ou deriva/sucede do não cumprimento de obrigação, que, por sua vez, é dever jurídico originário ou primário.
Não cumprida a obrigação surge a respectiva responsabilidade civil.
10. Sinalágma: Por um lado o devedor inadimplente tem o respectivo dever jurídico para com o seu credor, por outro, o credor tem o correspondente direito subjetivo ao crédito, para com o seu devedor.
11. Função da responsabilidade civil: A função da responsabilidade civil é o retorno ao status quo ante bellum (o estado em que as coisas estavam antes da guerra). Em outras palavras, é o retorno à situação anterior ao dano. Porém, como esse retorno não é possível fisicamente, aplica-se o princípio da restitutio in integrum [restauração econômica à condição original], também chamado de reparação integral. A reparação pode ser em dinheiro ou in natura (da mesma natureza).
2. O valor estabelecido pelas instâncias ordinárias a título de danos morais somente deve ser revisto por esta Corte Superior nas hipóteses em que a condenação se revelar irrisória ou excessiva, em desacordo com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. No caso, a tríplice função da indenização por danos morais e o método bifásico de arbitramento foram observados, de acordo com a gravidade e a lesividade do ato ilícito, de modo que é inviável sua redução. 3. O direito à retratação e ao esclarecimento da verdade possui previsão na Constituição da República e na Lei Civil, não tendo sido afastado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 130/DF. O princípio da reparação integral (arts. 927 e 944 do CC) possibilita o pagamento da indenização em pecúnia e in natura, a fim de se dar efetividade ao instituto da responsabilidade civil. (REsp 1771866/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/02/2019, DJe 19/02/2019).
12. Elementos/Pressupostos da Responsabilidade Civil:
1) Conduta humana (elemento subjetivo): ato, ação ou comportamento humano. 
Sujeito ativo: agente causador do dano.
· Espécies de conduta humana: a) conduta positiva/comissiva (ação/agir/fazer); b) conduta negativa/omissiva (abstenção/não-agir/não-fazer). 
A omissão deve ser juridicamente relevante e não uma simples abstenção (deve produzir um resultado naturalístico -> produz prejuízo (econômico)/dano (jurídico). 
**Flávio Tartuce: Para que haja omissão juridicamente relevante deverá haver omissão genérica (dever jurídico de praticar determinadoato) + específica (prova de que a conduta não foi praticada).
a) Omissão Genérica: violação do dever jurídico;
b) Omissão Específica: respectiva comprovação da violação de um dever (caso concreto – prova de que a conduta não foi praticada e se caso o sujeito tivesse agido para evitar/reduzir o prejuízo, ele não teria acontecido).
Ex: prestação de socorro por parte de advogado -> não tem omissão específica; prestação de socorro por parte de médico -> tem omissão específica (tem o dever jurídico de agir e não age).
· Voluntariedade: A conduta lato senso (comissiva e omissiva) deve ser voluntária (livre e espontânea), não viciada (sem vicio de consentimento) e culposa lato senso (dolo e culpa estrito senso).
Pode ser culposa em estrito senso (negligência (sabendo fazer, não o faz), imprudência (exagero) e imperícia (não utiliza a técnica que deveria utilizar).
· Relação entre pessoa jurídica e voluntariedade: a voluntariedade da pessoa jurídica será aferida pelas pessoas humanas que compõem a pessoa jurídica. 
A aferição indireta da voluntariedade de pessoa jurídica se dá através de presunções e regras de experiência. 
Ex: violação da marca de uma pessoa jurídica (RESp 1.327.773 – STJ: há dano material no caso de uso indevido da marca -> aferível in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da mera comprovação da prática de conduta ilícita).
3. A lei e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhecem a existência de dano material no caso de uso indevido da marca, uma vez que a própria violação do direito revela-se capaz de gerar lesão à atividade empresarial do titular, como, por exemplo, no desvio de clientela e na confusão entre as empresas, acarretando inexorável prejuízo que deverá ter o seu quantum debeatur, no presente caso, apurado em liquidação por artigos. 4. Por sua natureza de bem imaterial, é ínsito que haja prejuízo moral à pessoa jurídica quando se constata o uso indevido da marca. A reputação, a credibilidade e a imagem da empresa acabam atingidas perante todo o mercado (clientes, fornecedores, sócios, acionistas e comunidade em geral), além de haver o comprometimento do prestígio e da qualidade dos produtos ou serviços ofertados, caracterizando evidente menoscabo de seus direitos, bens e interesses extrapatrimoniais. 5. O dano moral por uso indevido da marca é aferível in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da mera comprovação da prática de conduta ilícita, revelando-se despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou a comprovação probatória do efetivo abalo moral. (REsp 1327773/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 15/02/2018).
2) Nexo causal/elemento imaterial, virtual ou espiritual: elo entre a conduta humana e o dano.
· Causa (conduta) e efeito (dano).
· Teorias:
1. Teoria da equivalência das condições/histórico das condições (conditio sine qua non – sem o qual não pode ser): a causa (conduta humana), por mais remota que seja, sempre concorre para o efeito (dano). *Crítica: Regressus ad infinitum (regresso até o infinito).
2. Teoria da causalidade adequada: adequação entre a causa (conduta) e o efeito (dano) -> apenas a conduta humana que efetivamente concorre para o dano é considerada para fins de responsabilidade civil. *Concretização do princípio da proporcionalidade lato senso (sentido amplo).
a) Necessidade
b) Adequação
c) Proporcionalidade estrito senso (razoabilidade): nem proteção excessiva nem ausência de proteção.
Art. 945, do CC: Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Enunciado nº 47, I Jornada de Direito Civil do CJF: O art. 945 do CC não exclui a aplicação da teoria da causalidade adequada.
Adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro!
3. Teoria do dano direto e imediato/interrupção do nexo causal: apenas a conduta humana direta e imediata é causa considerada para fins de responsabilidade civil. 
Art. 403 do CC: Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direito e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro!
3) Dano ou elemento material: violação ao patrimônio jurídico da respectiva vítima; ato ilícito -> obrigação de reparação (art. 927, caput, CC) -> objeto certo, determinado ou determinável.
Patrimônio jurídico: material ou patrimonial + imaterial ou extrapatrimonial ou não patrimonial.
Exemplo: pagamento de cheque falso pelo estabelecimento bancário (em regra, esse pagamento é de responsabilidade do estabelecimento). Súmula n.º 28, do STF: “O estabelecimento bancário é responsável pelo pagamento de cheque falso, ressalvadas as hipóteses de culpa exclusiva ou concorrente do correntista.” *A culpa concorrente do correntista pode apenas atenuar a culpa do fornecedor e diminuir o quantum indenizatório.
Art. 14, CDC - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: [...] § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Ex2: dano causado a terceiros, no uso do carro locado. 
Esse dano, além de ser de responsabilidade do locatário, também o é da empresa locadora de veículos. 
Súmula n.º 492, do STF: “A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.”
Ex3: dano decorrente da publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. 
Súmula n.º 403, do STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.” *No caso dessa súmula, pode ser incluído o dano pelo chamado lucro da intervenção, quando aquele que publicou, sem autorização, imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais, além de a ter publicado indevidamente (sem autorização e com fins lucrativos), lucra, efetivamente, com essa publicação. *REsp 1.698.701/RJ: Além do dever de reparação dos danos morais e materiais causados pela utilização não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais, nos termos da Súmula nº 403/STJ, tem o titular do bem jurídico violado o direito de exigir do violador a restituição do lucro que este obteve às custas daquele. *Havendo ainda publicação pela imprensa, serão civilmente responsáveis pelo ressarcimento tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação. É o que enuncia a Súmula n.º 221, do STJ: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.” **ARE 892127 AgR/SP - os órgãos de imprensa podem divulgar imagem de cadáver morto em via pública.
Enunciado n.º 278, da IV Jornada de Direito Civil, do CJF: A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade.
· Ato Ilícito: A violação ao patrimônio jurídico da respectiva vítima (dano) também é conceito legal de ato ilícito disposto no art. 186, do Código Civil: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
· Obrigação de Reparação: Quem comete ato ilícito é obrigado a reparar o respectivo dano.
Art. 927 do CC: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
· Cumulação de Danos Material e Moral: Essa reparação pode cumular os danos material e moral, ainda que oriundos do mesmo fato.
Súmula 37/STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
É o caso, por exemplo, da violação a direitos relativos a marcas, patentes e desenhos industriais, conforme o Enunciado n.º 551, da VI Jornada de Direito Civil, do CJF: “Nas violações aos direitos relativos a marcas, patentes e desenhos industriais, será assegurada a reparação civil ao seu titular, incluídos tanto os danos patrimoniais como os danos extrapatrimoniais.”
· Cumulação de Danos Moral e Estético: A reparação também pode cumular danos moral e estético.
Súmula n.º 387, do STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”
O dano moral é violação a direitos da personalidade, em suas integridades psíquica ou moral (imagem, privacidade, honra e nome) e intelectual, exceto física; por sua vez, a violação a essa (integridade física) é dano estético.
Dano Moral Lato Sensu: Dano Moral Stricto Sensu + Dano Estético.
Locupletamento ilícito/enriquecimento sem causa: art. 885, CC
Direitos da personalidade:
· psíquico (imagem, privacidade, honra, nome) -> resp. objetiva (dano moral).
· Intelectual
· Físico – dano estético (Súmula 227/STJ, Tese 10/125/STJ) *Regra
Tese 11/125/STJ *Exceção
· Pessoa Jurídica e Dano Moral: Embora a pessoa jurídica não tenha honra subjetiva, essa tem honra objetiva, imagem e nome. 
Tese n.º 10, da Edição n. º 125: Responsabilidade Civil – Dano Moral, da Jurisprudência em Teses, do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral, desde que demonstrada ofensa à sua honra objetiva.” 
Súmula n.º 227, do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.” 
Exceção: Tese n. º 11, da Edição n. º 125: Responsabilidade Civil – Dano Moral, da Jurisprudência em Teses, do STJ: “A pessoa jurídica de direito público não é titular de direito à indenização por dano moral relacionado à ofensa de sua honra ou imagem, porquanto, tratando-se de direito fundamental, seu titular imediato é o particular e o reconhecimento desse direito ao Estado acarreta a subversão da ordem natural dos direitos fundamentais”.
· Proteção dos Direitos da Personalidade: 
Lembremos que pode se aplicar a essas pessoas a proteção dos direitos da personalidade. É o que dispõe o art. 52, do Código Civil: “Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.”
Porém, apenas a sua proteção, e não a titularidade dos direitos da personalidade, conforme o Enunciado n. º 286, da IV Jornada de Direito Civil, do CJF: “Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.”
Certeza do Dano: O dano, para ser elemento material da responsabilidade civil, deve ser certo. Em outras palavras, deve ser determinado ou determinável. Contrário sensu, o dano indeterminado não pode ser elemento da responsabilidade civil. Por isso, serão importantes a composição (vide 2.3.11.) e a liquidação do dano (vide 2.3.12.).
Subsistência do Dano: Para fins de responsabilidade civil, o dano deve subsistir (justa causa) ao tempo do seu adimplemento, sob pena de enriquecimento sem causa, também chamado de locupletamento ilícito.
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
Espécies de dano:
· Dano patrimonial/material: violação ao patrimônio material da respectiva vítima -> violação ao respectivo patrimônio corpóreo da vítima. 
· Dano imaterial/extrapatrimonial/moral lato senso: violação aos direitos da personalidade da respectiva vítima, inclusive sua integridade psíquica ou moral -> dano moral + estético. *Art. 5º, incs. V e X, da CF/88: V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. *Art. 186, do CC: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Exemplos: aquisição de produtos de gêneros alimentícios contendo em seu interior corpo estranho (RESp 1.768.009/STJ – ofensa ao direito a alimentação adequada/dignidade da pessoa humana); ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em cadastro de proteção ao crédito (RESp 1.578.448/STJ); abandono material do pai em relação ao filho -> o pai que apesar de dispor de recurso, deixa de prestar assistência material ao filho, causando dano a integridade física, moral, intelectual e psíquica a este infere em ilícito civil (RESp 1.087.561/STJ) *exceção: abandono afetivo – em regra, não gera dano moral indenizável, podendo em hipóteses excepcionais, se comprovada a ocorrência de ilícito civil, que ultrapasse o mero dissabor, se reconhecida a existência do dever de indenizar (tese nº 7, edição 125, da jurisprudência do STJ) -> não há responsabilidade por dano moral decorrente do abandono afetivo antes do reconhecimento da paternidade – dano moral será devido a partir do reconhecimento da paternidade (tese nº 8/125/STJ) *início da contagem prescricional (dies a quo) da pretensão reparatória por abandono afetivo começa a fluir da maioridade do autor (tese nº 9/125/STJ) *Ag Int no RESP 1.619.259 – recusa indevida de cobertura médica gera dano moral, porém a recusa em arcar com pagamento de colocação de stents (marcapasso), utilizados em cirurgia cardíaca, pode ser o caso ou não, deve-se levar em conta as circunstâncias do caso concreto (Ag Int no RESp 1.800.758); agressões praticadas por jogador contra árbitro de futebol podem ou não gerar dano moral (RESp 1.762.786 – agressão física despropositada e desproporcional -> ofensa a honra e a imagem do árbitro); atraso na entrega do imóvel pode ser ou não dano moral (RESp 1.654.843) -> Enunciado nº 411, da V Jornada de Direito Civil, da CJF: o descumprimento de contrato pode gerar dano moral quando envolver valor fundamental protegido pela CF de 1988; retenção indevida em malha fina pode ensejar ou não dano moral (RESp 1.793.871).
Súmula 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização (por dano moral) pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais (dano “in re ipsa” presumido). Exceções (não há dano): representação da imagem do coadjuvante (RESp 1.454.016); imagem vinculada a fato histórico de repercussão social (RESp 1.631.329); o mero aborrecimento, que é inerente ao prejuízo material, não caracteriza dano moral (Enunciado 159 da III Jornada de Direito Civil da CJF - O dano moral, assim compreendido todo dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a prejuízo material); os sentimentos humanos desagradáveis (dor e sofrimento) não são pressupostos de indenização por dano moral (Enunciado 445 da V Jornada de Direito Civil da CJF - O dano moral indenizável não pressupõe necessariamente a verificação de sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento).
Outras espécies de dano:
1) Teoria da perda de uma chance: Teve origem na França e foi aplicada pela primeira vez no Brasil no caso “Show do Milhão” (leading case).
RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO. IMPROPRIEDADE DE PERGUNTA FORMULADA EM PROGRAMA DE TELEVISÃO. PERDA DA OPORTUNIDADE. 1. O questionamento, em programa de perguntas e respostas, pela televisão, sem viabilidade lógica, uma vez que a Constituição Federal não indica percentual relativo às terras reservadas aos índios, acarreta, como decidido pelas instâncias ordinárias, a impossibilidade da prestação por culpa do devedor, impondo o dever de ressarcir o participante pelo que razoavelmente haja deixado de lucrar, pela perda da oportunidade. 2. Recurso conhecidoe, em parte, provido. (REsp 788.459/BA, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 08/11/2005, DJ 13/03/2006, p. 334).
· É o caso também da não coleta e armazenamento de células-tronco quando previsto em contrato médico:
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PERDA DE UMA CHANCE. DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO DE COLETA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS DO CORDÃO UMBILICAL DO RECÉM NASCIDO. NÃO COMPARECIMENTO AO HOSPITAL. LEGITIMIDADE DA CRIANÇA PREJUDICADA. DANO EXTRAPATRIMONIAL CARACTERIZADO. 1. Demanda indenizatória movida contra empresa especializada em coleta e armazenagem de células tronco embrionárias, em face da falha na prestação de serviço caracterizada pela ausência de prepostos no momento do parto. 2. Legitimidade do recém nascido, pois "as crianças, mesmo da mais tenra idade, fazem jus à proteção irrestrita dos direitos da personalidade, entre os quais se inclui o direito à integralidade mental, assegurada a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação" (REsp. 1.037.759/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe 05/03/2010). 3. A teoria da perda de uma chance aplica-se quando o evento danoso acarreta para alguém a frustração da chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma perda. 4. Não se exige a comprovação da existência do dano final, bastando prova da certeza da chance perdida, pois esta é o objeto de reparação. 5. Caracterização de dano extrapatrimonial para criança que tem frustrada a chance de ter suas células embrionárias colhidas e armazenadas para, se for preciso, no futuro, fazer uso em tratamento de saúde. 6. Arbitramento de indenização pelo dano extrapatrimonial sofrido pela criança prejudicada. 7. Doutrina e jurisprudência acerca do tema. 8. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe 01/10/2014).
· Erro médico:
DIREITO CIVIL. CÂNCER. TRATAMENTO INADEQUADO. REDUÇÃO DAS POSSIBILIDADES DE CURA. ÓBITO. IMPUTAÇÃO DE CULPA AO MÉDICO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA TEORIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELA PERDA DE UMA CHANCE. REDUÇÃO PROPORCIONAL DA INDENIZAÇÃO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O STJ vem enfrentando diversas hipóteses de responsabilidade civil pela perda de uma chance em sua versão tradicional, na qual o agente frustra à vítima uma oportunidade de ganho. Nessas situações, há certeza quanto ao causador do dano e incerteza quanto à respectiva extensão, o que torna aplicável o critério de ponderação característico da referida teoria para a fixação do montante da indenização a ser fixada. Precedentes. 2. Nas hipóteses em que se discute erro médico, a incerteza não está no dano experimentado, notadamente nas situações em que a vítima vem a óbito. A incerteza está na participação do médico nesse resultado, à medida que, em princípio, o dano é causado por força da doença, e não pela falha de tratamento. 3. Conquanto seja viva a controvérsia, sobretudo no direito francês, acerca da aplicabilidade da teoria da responsabilidade civil pela perda de uma chance nas situações de erro médico, é forçoso reconhecer sua aplicabilidade. Basta, nesse sentido, notar que a chance, em si, pode ser considerado um bem autônomo, cuja violação pode dar lugar à indenização de seu equivalente econômico, a exemplo do que se defende no direito americano. Prescinde-se, assim, da difícil sustentação da teoria da causalidade proporcional. 4. Admitida a indenização pela chance perdida, o valor do bem deve ser calculado em uma proporção sobre o prejuízo final experimentado pela vítima. A chance, contudo, jamais pode alcançar o valor do bem perdido. É necessária uma redução proporcional. 5. Recurso especial conhecido e provido em parte, para o fim de reduzir a indenização fixada. (REsp 1254141/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2012, DJe 20/02/2013).
OBS: Quanto maior a probabilidade de êxito, maior a possibilidade da aplicação da teoria da perda de uma chance. 
· Na perda de prazo por advogado pode ou não ser aplicada a teoria da perda de uma chance, dependerá das circunstâncias. Deve haver ponderação acerca da probabilidade da parte vencer.
RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOCACIA. PERDA DO PRAZO PARA CONTESTAR. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS FORMULADA PELO CLIENTE EM FACE DO PATRONO. PREJUÍZO MATERIAL PLENAMENTE INDIVIDUALIZADO NA INICIAL. APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS. JULGAMENTO EXTRA PETITA RECONHECIDO. 1. A teoria da perda de uma chance (perte d'une chance) visa à responsabilização do agente causador não de um dano emergente, tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermediário entre um e outro, precisamente a perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa que muito provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado. Nesse passo, a perda de uma chance - desde que essa seja razoável, séria e real, e não somente fluida ou hipotética - é considerada uma lesão às justas expectativas frustradas do indivíduo, que, ao perseguir uma posição jurídica mais vantajosa, teve o curso normal dos acontecimentos interrompido por ato ilícito de terceiro. 2. Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condutas apontadas como negligentes, e diante do aspecto relativo à incerteza da vantagem não experimentada, as demandas que invocam a teoria da "perda de uma chance" devem ser solucionadas a partir de uma detida análise acerca das reais possibilidades de êxito do processo, eventualmente perdidas em razão da desídia do causídico. Vale dizer, não é o só fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestação, como no caso em apreço, ou para a interposição de recursos, que enseja sua automática responsabilização civil com base na teoria da perda de uma chance. É absolutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade - que se supõe real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa. 3. Assim, a pretensão à indenização por danos materiais individualizados e bem definidos na inicial, possui causa de pedir totalmente diversa daquela admitida no acórdão recorrido, de modo que há julgamento extra petita se o autor deduz pedido certo de indenização por danos materiais absolutamente identificados na inicial e o acórdão, com base na teoria da "perda de uma chance", condena o réu ao pagamento de indenização por danos morais. 4. Recurso especial conhecido em parte e provido. (REsp 1190180/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 22/11/2010).
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS. REALITY SHOW. FASE SEMIFINAL. CONTAGEM DOS PONTOS. ERRO.
ELIMINAÇÃO. ATO ILÍCITO. INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL. PERDA DE UMA CHANCE. CABIMENTO. DANOS MORAIS DEMONSTRADOS.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. Cinge-se a controvérsia a discutir o cabimento de indenização por perda de uma chance na hipótese em que participante de reality show é eliminado da competição por equívoco cometido pelos organizadores na contagem de pontos.
3. A teoria da perda de uma chance tem por objetivo reparar o dano decorrente da lesão de uma legítima expectativa que não se concretizou porque determinado fato interrompeu o curso normal dos eventos e impediu a realização do resultado final esperado pelo indivíduo.
4. A reparação das chances perdidas tem fundamento nos artigos 186 e 927 do Código Civil de 2002 e é reforçada pelo princípio da reparação integral dos danos, consagrado no art. 944 do CC/2002.
5. Deve ficar demonstrado que a chance perdida é séria e real, não sendo suficiente a mera esperança ou expectativa da ocorrência do resultado para que o dano seja indenizado.
6. Na presente hipótese, o Tribunal de origem demonstrou que ficaram configurados os requisitos para reparação por perda de uma chance, tendo em vista (i) a comprovação de erro na contagem depontos na rodada semifinal da competição, o que tornou a eliminação do autor indevida, e (ii) a violação das regras da competição que asseguravam a oportunidade de disputar rodada de desempate. 7. O acolhimento da pretensão recursal, no sentido de afastar a indenização por danos morais ou de reduzir o valor arbitrado, demandaria o revolvimento do acervo fático-probatório dos autos (Súmula nº 7/STJ).
8. O montante arbitrado a título de indenização por danos morais (R$ 25.000,00 - vinte e cinco mil reais) encontra-se em conformidade com os parâmetros adotados por esta Corte, não se mostrando excessivo diante das particularidades do caso concreto.
9. Recursos especiais não providos.
(REsp 1.757.936, Rel. Min. RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/08/2019, DJe 28/08/2019)
Diferenças entre a Teoria da Perda de Uma Chance e Lucros Cessantes:
· Composição do dano material: Danos emergentes + Lucros cessantes.
OBS: Segundo a doutrina a teoria da perda de uma chance está entre os danos emergentes e os lucros cessantes. Porém, existem controvérsias, tendo em vista que nos lucros cessantes há a certeza quanto a extensão do dano e na teoria de uma chance ocorre a incerteza quanto a extensão.
2) Dano In re ipsa (da própria coisa)/Presumido:
Em regra, o ônus da prova incumbe ao autor (no caso, vítima), quanto ao fato constitutivo do seu direito (prejuízo/dano). É o que dispõe o art. 373, I, do CPC: “Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito”. 
Porém, excepcionalmente, esse ônus é invertido, sendo incumbindo ao réu (no caso, autor do dano), quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (vítima). É o que dispõe, por sua vez, o art. 372, II, do CPC: “Art. 373. O ônus da prova incumbe: [...] II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”.
O dano in re ipsa é presumido. Em outras palavras, a vítima não tem que provar o respectivo prejuízo. Há uma inversão do ônus da prova (“ônus probandi”). Essa presunção é iuris tantum (relativa). Logo, admite prova em contrário. E essa prova é ônus do autor do dano.
Exs: 1) publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais (Súmula n.º 403, do STJ - Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais).
2) veiculação de imagem de criança sem autorização do respectivo representante legal:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS MORAIS. PEDIDO ILÍQUIDO. SENTENÇA LÍQUIDA. POSSIBILIDADE. REPORTAGEM JORNALÍSTICA. IMAGEM DE CRIANÇAS. DIVULGAÇÃO. AUTORIZAÇÃO DOS REPRESENTANTES LEGAIS. INEXISTÊNCIA. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. VIOLAÇÃO. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. 1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. É possível a sentença determinar valor certo quando apoiada nos elementos probatórios dos autos, ainda que o pedido tenha sido genérico. 3. O dever de indenização por dano à imagem de criança veiculada sem a autorização do representante legal é in re ipsa. 4. Na hipótese, as fotos veiculadas na reportagem retrataram simulação de trabalho infantil, situação manifestamente vexatória. 5. O ordenamento pátrio assegura o direito fundamental da dignidade das crianças (art. 227 do CF), cujo melhor interesse deve ser preservado de interesses econômicos de veículos de comunicação. 6. O bem jurídico tutelado, no caso, interesse de crianças, está atrelado à finalidade institucional do Ministério Público, em conformidade com os artigos 127 e 129, III, da Constituição Federal e arts. 1º e 5º da Lei nº 7.347/1985 7. Recursos não providos. (REsp 1628700/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA - STJ, julgado em 20/02/2018, DJe 01/03/2018).
3) agressão sofrida por criança/adolescente:
CIVIL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CARÁTER INFRINGENTE. POSSIBILIDADE. AGRESSÃO VERBAL E FÍSICA. INJUSTIÇA. CRIANÇA. ÔNUS DA PROVA. DANO MORAL IN RE IPSA. ALTERAÇÃO DO VALOR. IMPOSSIBILIDADE. 1. Ação de compensação por dano moral ajuizada em 01.04.2014. Agravo em Recurso especial atribuído ao gabinete em 04.07.2016. Julgamento: CPC/2015. 2. Cinge-se a controvérsia a definir ocorrência de violação do art. 535 do CPC; e, se as alegadas agressões físicas e verbais sofridas pela recorrida lhe geraram danos morais passíveis de compensação. 3. Admite-se, excepcionalmente, que os embargos de declaração, ordinariamente integrativos, tenham efeitos infringentes desde que constatada a presença de um dos vícios do artigo 535 do CPC/73, cuja correção importe alterar a conclusão do julgado. Precedente. 4. As crianças, mesmo da mais tenra idade, fazem jus à proteção irrestrita dos direitos da personalidade, assegurada a indenização pelo dano moral decorrente de sua violação, nos termos dos arts. 5º, X, in fine, da CF e 12, caput, do CC/02. 5. A sensibilidade ético-social do homem comum na hipótese, permite concluir que os sentimentos de inferioridade, dor e submissão, sofridos por quem é agredido injustamente, verbal ou fisicamente, são elementos caracterizadores da espécie do dano moral in re ipsa. 6. Sendo presumido o dano moral, desnecessário o embate sobre a repartição do ônus probatório. 7. A alteração do valor fixado a título de compensação por danos morais somente é possível, em recurso especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada pelo Tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 8. Recurso especial parcialmente conhecido, e nessa parte, desprovido. (REsp 1642318/MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/02/2017, DJe 13/02/2017).
4) caso do policial que, fora do exercício da sua função, prende, com algemas, vizinho idoso em seu condomínio, por suposto desacato: 
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRISÃO EFETUADA POR POLICIAL MILITAR FORA DO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES. OFENSA À LIBERDADE PESSOAL. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR ARBITRADO. MÉTODO BIFÁSICO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. NÃO COMPROVAÇÃO. 1. Ação de compensação por danos morais ajuizada em 17/10/2014, de que foi extraído o presente recurso especial, interposto em 02/03/2016 e concluso ao Gabinete em 08/06/2017. Julgamento pelo CPC/73. 2. O propósito recursal é dizer sobre a ocorrência de dano moral e sobre a proporcionalidade do valor arbitrado a título compensatório. 3. Constitui grave violação da integridade física e psíquica do indivíduo, e, portanto, ofensa à sua dignidade enquanto ser humano, a privação indevida da liberdade, sobretudo por preposto do Estado e fora do exercício das funções, caracterizando dano moral in re ipsa. 4. O contexto delineado no acórdão recorrido revela que, ao largo da discussão acerca da prática de eventual crime de desacato, houve, por parte do recorrente, uma atuação arbitrária, ao algemar o recorrido, pessoa idosa, no interior do condomínio onde moram, em meio à uma discussão, e ainda lhe causar severas lesões corporais, caracterizando-se, assim, a ofensa a sua liberdade pessoal e, consequentemente, a sua dignidade; causadora, portanto, do dano moral. 5. As Turmas da Seção de Direito Privado têm adotado o método bifásico como parâmetro para valorar a compensação dos danos morais. 6. No particular, o TJ/DFT levou em conta a gravidade do fato em si, tendo em vista o interesse jurídico lesado, bem como as condições pessoais do ofendido e do ofensor, de modo a arbitrar a quantia considerada razoável, diante das circunstâncias concretas, para compensar o dano moral suportado pelo recorrido. 7. Assim sopesadas as peculiaridades dos autos, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), arbitrado no acórdão recorrido para compensar o dano moral, não se mostra exorbitante. 8. Não se conhece do recurso pela divergência jurisprudencial nas hipóteses em que o recorrente se limita à transcrição de ementas, sem promover o cotejo analíticoa que se refere o art. 541, parágrafo único, do CPC/73. 9. Recurso especial desprovido. (REsp 1675015/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/09/2017, DJe 14/09/2017) 
5) caso dos policiais que, no exercício de suas funções, são vítimas de ofensas proferidas por cantora durante o respectivo show: 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. INJÚRIAS IRROGADAS A POLICIAL MILITAR DURANTE SHOW MUSICAL. POSSIBILIDADE. Ausentes os vícios do art. 535 do CPC/73, rejeitam-se os embargos de declaração. Ofensas generalizadas, proferidas a policiais militares que realizavam a segurança ostensiva de show musical, atingem, de forma individualizada, cada um dos integrantes da corporação militar que estavam de serviço no evento. O dano, na hipótese, exsurge da própria injúria proferida, pois a vulneração ao sentimento de autoestima do ofendido, que já seria suficiente para gerar o dano moral compensável, é suplantado, na hipótese específica, pela percepção que os impropérios proferidos, atingiriam um homem médio em sua honra subjetiva, fato suficiente para demonstrar a existência de dano, na hipótese, in re ipsa. (REsp 1677524/SE, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/08/2017, DJe 10/08/2017).
6) uso indevido de marca:
RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. USO INDEVIDO DE MARCA DE EMPRESA. SEMELHANÇA DE FORMA. DANO MATERIAL. OCORRÊNCIA. PRESUNÇÃO. DANO MORAL. AFERIÇÃO. IN RE IPSA. DECORRENTE DO PRÓPRIO ATO ILÍCITO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. RECURSO PROVIDO. 1. A marca é qualquer sinal distintivo (tais como palavra, letra, numeral, figura), ou combinação de sinais, capaz de identificar bens ou serviços de um fornecedor, distinguindo-os de outros idênticos, semelhantes ou afins de origem diversa. Trata-se de bem imaterial, muitas vezes o ativo mais valioso da empresa, cuja proteção consiste em garantir a seu titular o privilégio de uso ou exploração, sendo regido, entre outros, pelos princípios constitucionais de defesa do consumidor e de repressão à concorrência desleal. 2. Nos dias atuais, a marca não tem apenas a finalidade de assegurar direitos ou interesses meramente individuais do seu titular, mas objetiva, acima de tudo, proteger os adquirentes de produtos ou serviços, conferindo-lhes subsídios para aferir a origem e a qualidade do produto ou serviço, tendo por escopo, ainda, evitar o desvio ilegal de clientela e a prática do proveito econômico parasitário. 3. A lei e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça reconhecem a existência de dano material no caso de uso indevido da marca, uma vez que a própria violação do direito revela-se capaz de gerar lesão à atividade empresarial do titular, como, por exemplo, no desvio de clientela e na confusão entre as empresas, acarretando inexorável prejuízo que deverá ter o seu quantum debeatur, no presente caso, apurado em liquidação por artigos. 4. Por sua natureza de bem imaterial, é ínsito que haja prejuízo moral à pessoa jurídica quando se constata o uso indevido da marca. A reputação, a credibilidade e a imagem da empresa acabam atingidas perante todo o mercado (clientes, fornecedores, sócios, acionistas e comunidade em geral), além de haver o comprometimento do prestígio e da qualidade dos produtos ou serviços ofertados, caracterizando evidente menoscabo de seus direitos, bens e interesses extrapatrimoniais. 5. O dano moral por uso indevido da marca é aferível in re ipsa, ou seja, sua configuração decorre da mera comprovação da prática de conduta ilícita, revelando-se despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou a comprovação probatória do efetivo abalo moral. 6. Utilizando-se do critério bifásico adotado pelas Turmas integrantes da Segunda Seção do STJ, considerado o interesse jurídico lesado e a gravidade do fato em si, o valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a título de indenização por danos morais, mostra-se razoável no presente caso. 7. Recurso especial provido. (REsp 1327773/MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 15/02/2018).
OBS1: O atraso de voo pode ou não ser dano in re ipsa, conforme as circunstâncias.
DIREITO DO CONSUMIDOR E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E COMPENSAÇÃO DE DANOS MORAIS. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 282/STF. ATRASO EM VOO INTERNACIONAL. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. EXTRAVIO DE BAGAGEM. ALTERAÇÃO DO VALOR FIXADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 5. Na específica hipótese de atraso de voo operado por companhia aérea, não se vislumbra que o dano moral possa ser presumido em decorrência da mera demora e eventual desconforto, aflição e transtornos suportados pelo passageiro. Isso porque vários outros fatores devem ser considerados a fim de que se possa investigar acerca da real ocorrência do dano moral, exigindo-se, por conseguinte, a prova, por parte do passageiro, da lesão extrapatrimonial sofrida. 6. Sem dúvida, as circunstâncias que envolvem o caso concreto servirão de baliza para a possível comprovação e a consequente constatação da ocorrência do dano moral. A exemplo, pode-se citar particularidades a serem observadas: i) a averiguação acerca do tempo que se levou para a solução do problema, isto é, a real duração do atraso; ii) se a companhia aérea ofertou alternativas para melhor atender aos passageiros; iii) se foram prestadas a tempo e modo informações claras e precisas por parte da companhia aérea a fim de amenizar os desconfortos inerentes à ocasião; iv) se foi oferecido suporte material (alimentação, hospedagem, etc.) quando o atraso for considerável; v) se o passageiro, devido ao atraso da aeronave, acabou por perder compromisso inadiável no destino, dentre outros. 7. Na hipótese, não foi invocado nenhum fato extraordinário que tenha ofendido o âmago da personalidade do recorrente. Via de consequência, não há como se falar em abalo moral indenizável. (REsp 1584465/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/11/2018, DJe 21/11/2018) 
Também o caso da exigência de cheque caução para realização de procedimento cirúrgico de emergência pode ser ou não:
RECURSO ESPECIAL. SAÚDE SUPLEMENTAR. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. VIOLAÇÃO DE DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. INADMISSIBILIDADE. ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA. CIRURGIA NÃO COBERTA POR PLANO DE SAÚDE. PAGAMENTO POR CHEQUE CAUÇÃO. DANOS MORAIS. INEXISTÊNCIA DE QUALQUER CONSTRANGIMENTO ILEGAL OU COBRANÇA EXTORSIVA PELO HOSPITAL. AVALIAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS CONCRETAS DA RELAÇÃO PACIENTE-HOSPITAL. NECESSIDADE. 4. Por um lado, é certo que aqueles que buscam socorro hospitalar estão cercados de dúvidas e temores pela própria saúde, muitas vezes fragilizados pelo desconforto anímico que os moveu até a casa de saúde. Por outro lado, não se pode olvidar que os hospitais privados fornecem atendimento de urgência e emergência ao mercado de consumo em geral mediante pagamento pelos serviços efetivamente prestados. 5. É preciso observar casuisticamente se houve abuso de direito na ação do hospital, seja pela cobrança de valores extorsivos, seja pelo constrangimento ilegal de pacientes e familiares quanto a tratamentos inadequados ou inúteis; sem descurar do interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso (art. 51, §1º, III, do CDC). 6. Na hipótese, a paciente foi acolhida pelo serviço de emergência hospitalar, o diagnóstico médico fornecido, indicado o tratamento correspondente, solicitada a cobertura pelo plano de saúde, assinado termo de responsabilidade hospitalar, disponibilizada ao consumidor a opção de pagamento particular pela cirurgia excluída pelo convênio, realizado o pagamento por meio de cheque caução e efetivamente prestado o serviço de atenção à saúde. Não configurado dano moral no particular. 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, não provido. (REsp 1771308/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/02/2019, DJe 22/02/2019) 
 
OBS2: Já o acidente automobilístico, sem vítima, não é o caso. Nesse sentido, é a jurisprudênciado STJ: 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MORAIS DECORRENTES DE COLISÃO DE VEÍCULOS. ACIDENTE SEM VÍTIMA. DANO MORAL IN RE IPSA. AFASTAMENTO. NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DE CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE EM RECURSO ESPECIAL. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 3. Não caracteriza dano moral in re ipsa os danos decorrentes de acidentes de veículos automotores sem vítimas, os quais normalmente se resolvem por meio de reparação de danos patrimoniais. 4. A condenação à compensação de danos morais, nesses casos, depende de comprovação de circunstâncias peculiares que demonstrem o extrapolamento da esfera exclusivamente patrimonial, o que demanda exame de fatos e provas. 5. Recurso especial provido. (REsp 1653413/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/06/2018, DJe 08/06/2018) 
· Investigação Judicial:
Embora esse dano seja presumido, o respectivo quantum indenizatório assim não o é. Logo, para essa quantificação, o julgador dever investigar as circunstâncias do caso concreto, inclusive com depoimento pessoal e prova testemunhal instruída em audiência, conforme o Enunciado n.º 455, da V Jornada de Direito Civil, do CJF: “Embora o reconhecimento dos danos morais se dê, em numerosos casos, independentemente de prova (in re ipsa), para a sua adequada quantificação, deve o juiz investigar, sempre que entender necessário, as circunstâncias do caso concreto, inclusive por intermédio da produção de depoimento pessoal e da prova testemunhal em audiência”. 
 “Iuris tantum” (relativa) e “iure et iure” (absoluta).
Fato cometido (art. 373, I, do CPC)
Autor da ação/vítima do dano ------------------- réu da ação/autor do dano
-------------------
Fato extintivo, impeditivo ou modificativo (art. 373, II, do CPC)
3) Dano Reflexo, por Ricochete ou Oblíquo: art. 12, p. único, do CC; 20, p. único, do CC e art. 948, I e II, do CC).
O dano reflexo, também chamado por ricochete, ou, ainda, oblíquo é o que legitima o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau, de morto, a exigir a cessação de ameaça ou lesão a respectivo direito da personalidade e, ainda, reclamar perdas e danos:
Art. 12, CC. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
É o caso dos danos morais sofridos durante a época do regime militar, conforme a Tese n. º 6, da Edição n. 125: Responsabilidade Civil – Dano Moral, da Jurisprudência em Teses, do STJ: “Os sucessores possuem legitimidade para ajuizar ação de reparação de danos morais em decorrência de perseguição, tortura e prisão, sofridos durante a época do regime militar.” 
Também é dano reflexo o que legitima o cônjuge, os ascendentes ou descendentes, a proteger os escritos, palavra, publicação, exposição ou utilização da imagem, que atinjam honra, boa fama ou respeitabilidade, ou, ainda, destinam-se a fins comerciais, de morto ou ausente:
Art. 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Se o morto for filho menor, os pais têm legitimidade ainda que esse filho não exercesse trabalho remunerado. É o que enuncia a Súmula n.º 491, do STF: “É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado.”
O dano reflexo é, ainda, o que, no caso de homicídio, gera o pagamento das despesas com tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família, e a prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia: 
Art. 948, CC. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
· Base de Cálculo da Pensão:
Essa prestação de alimentos (pensão) deve ser calculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença, sendo reajustável [rebus sic stantibus (estando assim as coisas)]. 
É o que enuncia a Súmula n. º 490, do STF: “A pensão correspondente à indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores”.
· Legitimidade:
As legitimidades (arts. 12, p. único, e 20, p. único, CC) são ordinárias (em nome e direito próprios), conforme o Enunciado n. º 400, da V Jornada de Direito Civil, do CJF: “Os parágrafos únicos dos arts. 12 e 20 asseguram legitimidade, por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou companheiro para a tutela contra lesão perpetrada post mortem.” Além disso, entre os legitimados ordinários dispostos no art. 12, p. único, do Código Civil (cônjuge sobrevivente ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau), a legitimidade é concorrente e autônoma, conforme o Enunciado n. º 380, da IV Jornada de Direito Civil, do CJF: “As medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser invocadas por qualquer uma das pessoas ali mencionadas de forma concorrente e autônoma.” Legitimidade ordinária (em nome próprio tutela direito próprio): Enunciado 400, da V Jornada de Direito Civil da CJF.
O direito de exigir reparação é transmissível aos herdeiros. É o que dispõe o art. 943, primeira parte, do Código Civil: “Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.” Tanto é assim que o espólio e os herdeiros tem legitimidade para exigir essa reparação, conforme a Tese n. º 5, da Edição n.º 125: Responsabilidade Civil – Dano Moral, da Jurisprudência em Teses, do STJ: “Embora a violação moral atinja apenas os direitos subjetivos do falecido, o espólio e os herdeiros têm legitimidade ativa ad causam para pleitear a reparação dos danos morais suportados pelo de cujus.” Isso porque, essas pessoas são, afetivamente, próximas da vítima, conforme a Tese n. º 4, da Edição n. º 125: Responsabilidade Civil – Dano Moral, da Jurisprudência em Teses, do STJ: 
A legitimidade para pleitear a reparação por danos morais é, em regra, do próprio ofendido, no entanto, em certas situações, são colegitimadas também aquelas pessoas que, sendo muito próximas afetivamente à vítima, são atingidas indiretamente pelo evento danoso, reconhecendo-se, em tais casos, o chamado dano moral reflexo ou em ricochete.
· Sobrevivência da vítima: Há legitimidade concorrente, ainda que a vítima sobreviva ao dano. Nesse sentido, é a jurisprudência do STJ (REsp n. º 1.734.536).
· Partido Político: Ofensas a candidatos também refletem na honra objetiva dos partidos políticos.
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ALEGAÇÃO DE OFENSAS A CANDIDATO. DIRETÓRIO NACIONAL DE PARTIDO POLÍTICO. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. DIRETÓRIOS. PRESENTAÇÃO DO ENTE JURÍDICO. LEGITIMIDADE ATIVA. DEFESA EM NOME PRÓPRIO DE DIREITO PRÓPRIO. 1. O partido político é pessoa jurídica de direito privado, sujeito de direitos e obrigações, constituído de acordo com a Lei n. 9.906/1995, organizado em diretórios nacional, regionais e municipais, nos termos do respectivo estatuto, que colabora com o Estado, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros. 2. O ente jurídico, dotado de capacidade civil, pode praticar atos jurídicos, sempre por meio de seus diretores ou administradores, havendo, nessescasos, apenas uma vontade, a da sociedade. Assim, não se trata de defesa em nome próprio de direito alheio. Sejam quais forem os órgãos internos, eles constituem a própria pessoa jurídica sob a forma de uma fração, fazendo-a presente, regularmente, em juízo ou fora dele (art. 12 do CPC). 3. A representação partidária nas ações judiciais constitui prerrogativa jurídico-processual do Diretório Nacional do Partido Político, que é - ressalvada disposição em contrário dos estatutos partidários - o órgão de direção e de ação dessas entidades no plano nacional. 4. Uma vez encampada certa candidatura, ofensas lançadas ao pretendente do cargo repercutem a ponto de alcançar o próprio partido ou coligação que indicou, evidenciando verdadeira legitimidade concorrente, a indicar possibilidade de atuação do ofendido direto ou do partido ou coligação que procedeu à indicação do candidato ou ao registro pelo qual concorre. 5. Recurso especial provido. (REsp 1484422/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/05/2019, DJe 05/08/2019).
Composição do dano:
O dano compõe-se dos danos emergentes (positivos) e lucros cessantes (art. 402 – perdas e danos).
Art. 402, CC. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar
O que o credor efetivamente perdeu são os danos emergentes; o que razoavelmente deixou de lucrar, os lucros cessantes. Porém, atividade empresarial não iniciada, ainda que possa razoavelmente deixar de lucrar, não é caso de lucros cessantes. Nesse sentido, é a jurisprudência do STJ:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. CONDENAÇÃO EM LUCROS CESSANTES. LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO. FIXAÇÃO DO VALOR DEVIDO PELA PERDA DA CHANCE. VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA. PESSOA JURÍDICA QUE NUNCA EXERCEU ATIVIDADE EMPRESARIAL. LAUDO PERICIAL BASEADO EM DANO HIPOTÉTICO. LUCROS CESSANTES NÃO COMPROVADOS. JULGAMENTO: 5. A perda de uma chance não tem previsão expressa no nosso ordenamento jurídico, tratando-se de instituto originário do direito francês, recepcionado pela doutrina e jurisprudência brasileiras, e que traz em si a ideia de que o ato ilícito que tolhe de alguém a oportunidade de obter uma situação futura melhor gera o dever de indenizar. 6. Nos lucros cessantes há certeza da vantagem perdida, enquanto na perda de uma chance há certeza da probabilidade perdida de se auferir uma vantagem. Trata-se, portanto, de dois institutos jurídicos distintos. 7. Assim feita a distinção entre os lucros cessantes e a perda de uma chance, a conclusão que se extrai, do confronto entre o título executivo judicial - que condenou a ré à indenização por lucros cessantes - e o acórdão recorrido - que calculou o valor da indenização com base na teoria perda de uma chance - é a da configuração de ofensa à coisa julgada. 8. Especificamente quanto à hipótese dos autos, o entendimento desta Corte é no sentido de não admitir a indenização por lucros cessantes sem comprovação e, por conseguinte, rejeitar os lucros hipotéticos, remotos ou presumidos, incluídos nessa categoria aqueles que supostamente seriam gerados pela rentabilidade de atividade empresarial que sequer foi iniciada. 9. Recurso especial de OPTICAL SUNGLASSES LTDA conhecido e desprovido. Recurso especial de VERPARINVEST S/A conhecido e provido. (REsp 1750233/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/02/2019, DJe 08/02/2019).
· Juros, Atualização Monetária e Honorários de Advogado: O dano pode ser composto também por juros e correção/atualização monetária, além de honorários de advogado. É o que dispõem, por sua vez, os arts. 389 e 395, também do Código Civil: 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
Nas obrigações de pagamento em dinheiro (obrigações de dar), as perdas e danos (art. 402, CC) também serão pagas com atualização monetária, abrangendo juros, custas e honorários de advogado. 
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. 
Essa pena convencional é a cláusula penal disposta entre os arts. 408 e 416, do Código Civil: 
Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. 
Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora. Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal. Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota. Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena. Art. 415. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação. Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. 
Logo, nas obrigações de pagamento em dinheiro, as perdas e danos poderão ser atualizadas (atualização monetária) e acrescidas dos consectários legais (juros, custas e honorários de advogado), cumulativamente com cláusula penal, quando estipulada. 
	Composição do Dano (arts. 389, 395 e 404, CC)
	Dano Emergente
	Lucros Cessantes
	Juros
	Atualização ou Correção Monetária
	Honorários Advocatícios
· Indenização Suplementar: Quando a cláusula penal não for estipulada, e os juros de mora não cobrirem o prejuízo, o julgador pode conceder indenização suplementar. É o que dispõe o art. 404, p. único, do Código Civil: “Art. 404. [...] Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.” 
· Atualização ou Correção Monetária: A atualização monetária é cabível no caso de indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito; relaciona-se com a justiça econômica (manutenção do poder aquisitivo da moeda). É o que enuncia a Súmula n.º 562, do STF: “Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, dos índices de correção monetária”. Neste caso,o termo inicial (dies a quo) da atualização monetária é a data do efetivo prejuízo. É o que enuncia a Súmula n. º 43, do STJ: “Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo”. Ex.: indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez (Súmula n.º 580 - a correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez, prevista no § 7º do art. 5º da Lei n. 6.194/1974, redação dada pela Lei n. 11.482/2007, incide desde a data do evento danoso). Lembrando que nesse caso (indenização seguro DPVAT), a indenização será proporcional ao grau de invalidez quando essa invalidez for parcial. É o que enuncia a Súmula n. 474, do STJ: “A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau da invalidez”. Sendo válida a utilização de tabela do CNSP para estabelecer essa proporcionalidade. É o Tema 662, dos Recursos Repetitivos, do STJ: RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. CIVIL. SEGURO DPVAT. SINISTRO ANTERIOR A 16/12/2008. VALIDADE DA TABELA DO CNSP/SUSEP. 1. Para fins do art. 543-C do CPC: "Validade da utilização de tabela do CNSP para se estabelecer a proporcionalidade da indenização ao grau de invalidez, na hipótese de sinistro anterior a 16/12/2008, data da entrada em vigor da Medida Provisória 451/08". 2. Aplicação da tese ao caso concreto. 3. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (REsp 1303038/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/03/2014, DJe 19/03/2014).
Porém, na indenização por dano moral, o início da contagem da atualização monetária é a data do respectivo arbitramento. É o que enuncia, por sua vez, a Súmula n.º 362, do STJ: “A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.”
	TERMO INICIAL
	Dano Material:
	Dano Moral:
	Data do efetivo prejuízo
	Data do arbitramento
· Contratos de Seguro: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil, o termo inicial da atualização monetária é a respectiva contratação. É o que enuncia a Súmula n. º 632, do STJ: “Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil, a correção monetária sobre a indenização securitária incide a partir da contratação até o efetivo pagamento.”
Porém, o termo inicial dos juros é a citação inicial. Nesse sentido, é a jurisprudência do STJ: 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SEGURO DE VIDA EM GRUPO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MATÉRIA QUE DEMANDA REEXAME DE PROVAS. SUMULA 7 DO STJ. ACÓRDÃO EM SINTONIA COM O ENTENDIMENTO FIRMADO NO STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. Esta Corte Superior entende que a correção monetária incide desde a data da celebração do contrato até o dia do efetivo pagamento do seguro, pois a apólice deve refletir o valor contratado atualizado, e que, nas ações que buscam o pagamento de indenização securitária, os juros de mora devem incidir a partir da data da citação da seguradora, visto se tratar de eventual ilícito contratual. Precedentes. 2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que a majoração ou minoração do valor arbitrado a título de honorários advocatícios enseja o revolvimento de matéria fático-probatória, além das peculiaridades do caso concreto, salvo quando o valor se revelar irrisório ou exorbitante, o que não se verifica no presente caso. 3. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 1167778/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 07/12/2017, DJe 13/12/2017)
RESUMO: Contratos de seguro – Atualização Monetária: A partir da contratação até o efetivo pagamento; Juros de Mora: A partir da citação inicial.
· Juros de Mora ou Moratórios:
Em regra, o início da contagem dos juros de mora é a citação inicial.
É o que dispõe o art. 405, do Código Civil: “Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.”
É caso da indenização do seguro DPVAT, conforme enuncia a Súmula n. º 426, do STJ: “Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação.”
Também é o Tema 197, dos Recursos Repetitivos, do STJ:
RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. JULGAMENTO NOS MOLDES DO ARTIGO 543-C DO CPC. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO OBRIGATÓRIO DE DANOS PESSOAIS CAUSADOS POR VEÍCULOS AUTOMOTORES DE VIA TERRESTRE - DPVAT. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. CITAÇÃO. 1. Para efeitos do artigo 543-C do CPC: 1.1. Em ação de cobrança objetivando indenização decorrente de seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre - DPVAT, os juros de mora são devidos a partir da citação, por se tratar de responsabilidade contratual e obrigação ilíquida. 2. Aplicação ao caso concreto: 2.1. Recurso especial provido. (REsp 1120615/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 26/11/2009)
Isso porque, na responsabilidade contratual, a citação inicial representa a notificação do devedor, conforme o Enunciado n.º 428, da V Jornada de Direito Civil, do CJF: Os juros de mora, nas obrigações negociais, fluem a partir do advento do termo da prestação, estando a incidência do disposto no art. 405 da codificação limitada às hipóteses em que a citação representa o papel de notificação do devedor ou àquelas em que o objeto da prestação não tem liquidez.
Porém, se for contrato de prestação de serviço educacional, com mensalidades, os juros de mora fluem a partir do vencimento de cada mensalidade. Nesse sentido, é a jurisprudência do STJ:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. MENSALIDADES ESCOLARES. JUROS MORATÓRIOS. TERMO INICIAL. VENCIMENTO. MORA EX RE. ART. 397 DO CÓDIGO CIVIL. PRECEDENTES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EDUCACIONAL. PROCESSUAL CIVIL. 1. A controvérsia diz respeito ao termo inicial dos juros de mora em cobrança de mensalidades escolares: se deve ser a data de vencimento de cada prestação ou da citação da devedora. 2. Os artigos 219 do CPC e 405 do CC/2002 devem ser interpretados à luz do ordenamento jurídico, tendo aplicação residual para casos de mora ex persona - evidentemente, se ainda não houve a prévia constituição em mora por outra forma legalmente admitida. 3. A mora ex re independe de qualquer ato do credor, como interpelação ou citação, porquanto decorre do próprio inadimplemento de obrigação positiva, líquida e com termo implementado. Precedentes. 4. Se o contrato de prestação de serviço educacional especifica o valor da mensalidade e a data de pagamento, os juros de mora fluem a partir do vencimento das prestações, a teor do artigo 397 do Código Civil. 5. Recurso especial provido. (REsp 1513262/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 26/08/2015).
E, se for cheque, os juros de mora fluem a partir da sua primeira apresentação ao sacado.
Nesse sentido, é a jurisprudência do STJ:
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. CHEQUE. INEXISTÊNCIA DE QUITAÇÃO REGULAR DO DÉBITO REPRESENTADO PELA CÁRTULA. TESE DE QUE OS JUROS DE MORA DEVEM FLUIR A CONTAR DA CITAÇÃO, POR SE TRATAR DE AÇÃO MONITÓRIA. DESCABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS. TEMAS DE DIREITO MATERIAL, DISCIPLINADOS PELO ART. 52, INCISOS, DA LEI N. 7.357/1985. 1. A tese a ser firmada, para efeito do art. 1.036 do CPC/2015 (art. 543-C do CPC/1973), é a seguinte: "Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção monetária incide a partir da data de emissão estampada na cártula, e os juros de mora a contar da primeira apresentação à instituição financeira sacada ou câmara de compensação". 2. No caso concreto, recurso especial não provido. (REsp 1556834/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/06/2016, DJe 10/08/2016).
Por outro lado, os juros de mora iniciarão na data do dano, quando a obrigação for decorrente de ato ilícito. É o que dispõe o art. 398, do Código Civil: “Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.”.
Também é o que enuncia a Súmula n. º 54, do STJ: “Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.”

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