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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
1 
Projeto Pós-graduação 
Disciplina Vigilância em Saúde 
Tema Políticas Públicas de Saúde no Brasil 
Professora Joy Ganem Longhi 
Introdução 
Neste tema, vamos compreender o que são políticas públicas, qual a 
evoluções dessas ações voltadas para a saúde no Brasil e quais as 
expectativas e previsões de avanço para o atual sistema utilizado. Bons 
estudos! 
Antes de prosseguir, assista ao vídeo da professora Joy, ela vai falar 
sobre o que vamos estudar neste tema. 
Princípios Doutrinários e Organizativos do SUS 
As estratégias de saúde propostas pelo governo, tal qual mostra a 
história, nem sempre visavam o bem-estar da população. As políticas de saúde 
no Brasil refletiam o momento vivido, a economia vigente e as classes 
dominadoras (LUZ, 1982). 
As políticas públicas de proteção social surgem como forma de 
minimizar as distorções existentes na sociedade, assim como em decorrência 
das reivindicações por melhores condições de trabalho, feitas pelo movimento 
operário. Atualmente, além das demandas trabalhistas, as políticas públicas 
estão voltadas para educação, saúde, segurança, habitacional, transporte, 
transferência de renda, segurança alimentar, entre outros. Entende-se por 
política pública o conjunto de ações realizadas pelo Estado e seus agentes, 
com a participação ou não da sociedade, visando garantir os direitos sociais 
previstos em lei (SOUSA; BATISTA, 2012). 
Atualmente, o SUS é um dos maiores programas de saúde pública do 
mundo e possui um dos maiores sistemas de atenção primária à saúde que é o 
Programa Saúde da Família (PSF), o qual propõe reorganizar a prática 
assistencial a partir de ações preventivas e curativas. O Brasil, através do SUS, 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
2 
possui o maior número de conjunto de procedimentos executados em hospitais 
pagos por um único financiador (SOUSA; BATISTA, 2012). Além disso, o 
sistema público possui o maior número de estabelecimentos de saúde, é 
responsável pela maior parte dos procedimentos e pela cobertura de três 
quartos da população. É no SUS que a população encontra cobertura para 
procedimentos de saúde coletiva, além do fornecimento de medicamentos na 
atenção ambulatorial (MENICUCCI, 2009). 
A Construção do SUS como Política Pública – Histórico de Políticas 
Públicas no Brasil 
No início do século XX, a saúde foi marcada por campanhas sanitárias e 
reformação de órgãos federais. As campanhas contra a varíola, com a lei da 
vacinação obrigatória em 1904, contra a febre amarela e a peste bubônica, 
marcaram suas primeiras décadas. 
O Código Sanitário de 1918 inicia campanhas de educação em saúde, 
voltadas para a questão do saneamento e controle de endemias, no entanto, 
essas ações são pontuais e fragmentadas (SARRETA, 2009). 
Em 1921 houve um movimento pela mudança na organização sanitária 
que resultou na criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), 
o qual atuava nas áreas do saneamento urbano e rural da higiene industrial e 
dos serviços de higiene materno-infantil (SOUSA; BATISTA, 2012). 
Em 1923, a Lei Eloy Chaves instituiu as Caixas de Aposentadorias e 
Pensões (CAP). A lei conferiu um estatuto legal às iniciativas já existentes de 
trabalhadores por fábricas, visando garantir a pensão em caso de algum 
acidente ou afastamento do trabalho por doença e também uma futura 
aposentadoria (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2010). Institui a obrigatoriedade do 
seguro social e do financiamento vinculado à contribuição do empregado e do 
empregador (SARRETA, 2009). 
A Lei Eloy Chaves, além da seguridade social, concedia serviços 
médicos-assistenciais e medicamentos aos “segurados”. Antes dessa lei, 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
muitas fábricas forneciam serviços médicos aos seus trabalhadores, muito 
embora parte do custo fosse pago pelos próprios trabalhadores através de 
descontos em seus salários (SOUSA; BATISTA, 2012). 
O Estado não participava propriamente do custeio das Caixas que, de 
acordo com o determinado pelo artigo 3º da Lei Eloy Chaves, eram mantidas 
por: empregados das empresas (3% dos respectivos vencimentos), empresas 
(1% da renda bruta) e consumidores dos serviços das mesmas. Desse modo, 
as próprias empresas deveriam recolher mensalmente o conjunto da 
contribuição das três fontes de receita e depositar diretamente na conta 
bancária da sua CAP (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1985). 
Além da aposentadoria e pensões, os fundos proviam os serviços, 
funerários e médicos e obrigavam as CAPs a arcar com assistência os 
acidentados no trabalho (POLIGNANO, 2015). 
Saiba Mais: quer saber mais sobre as Políticas Públicas de Saúde e História 
do SUS? Então, clique no link a seguir e assista ao vídeo. 
https://www.youtube.com/watch?v=wsT9xCNBeX8 
Em 1932 houve a criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões 
(IAPs) as quais cobrem categorias estratégicas de trabalhadores pela lógica 
contributiva do seguro, ou seja, dos trabalhadores, dos empresários e do 
Estado (SARRETA, 2009). Acentua-se o componente da assistência médica. 
Em parte, por meio de serviços próprios, mas principalmente por meio da 
compra de serviços do setor privado (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2010). Com 
sua criação, paulatinamente, as CAPS são extintas. 
A intervenção do Estado na saúde inicia em 1930, quando foi criado o 
Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP) e organizada uma política 
nacional de saúde a partir de dois eixos: da saúde pública e da medicina 
previdenciária ligada aos IAPS e suas categorias correspondentes. A saúde 
pública foi desenvolvida por meio de campanhas sanitárias, coordenadas pelo 
Departamento Nacional de Saúde, criado em 1937. Nesse período, a 
https://www.youtube.com/watch?v=wsT9xCNBeX8
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
assistência médica para a população empobrecida, que não dispunha de 
recursos como CAPs ou IAPs, era prestada pelo atendimento de caridade e 
filantrópico, mantido pela igreja (SARRETA, 2009). 
Nesses institutos, os trabalhadores eram organizados por categoria 
profissional (marítimos, comerciários, bancários) e não por empresa 
(POLIGNANO, 2015). 
Na década de 40, foram tomadas medidas de reestruturação e 
ampliação dos órgãos de saúde dos Estados. As ações passaram a ser 
coordenadas e centralizadas pelo Governo Federal. Durante esse período, 
houve a criação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), o qual, na 
década de 50, teria importante atuação no combate à malária, em pesquisas de 
doenças tropicais e na educação sanitária (SOUSA; BATISTA, 2012 e 
SARRETA, 2009). 
Em 1953, ocorreu a divisão da saúde e da educação através da criação 
do Ministério da Saúde. 
Em 1965 houve a criação do Instituto Nacional de Previdência Social 
(INPS), resultante da unificação dos IAPs e consolida o componente 
assistencial (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO. 2010). Nessa época, o sistema de 
saúde brasileiro passava por uma crise, por ser insuficiente, mal distribuído, 
descoordenado, inadequado, ineficiente e ineficaz. Para mudar essa realidade, 
foi organizado um movimento formado pela sociedade, por pesquisadores, 
estudantes e profissionais da saúde que propôs a resolução desses problemas 
e a democratização da saúde no país. Esse movimento foi chamado de 
Reforma Sanitária Brasileira e é a base para a proposta de criação do Sistema 
Único de Saúde (SUS) (SOUSA; BATISTA, 2012). 
Durante os anos 70, foi construída uma sólida estrutura privada de 
atenção médica, privilegiando a medicina curativa. A rede privada chegou a ser 
financiada em mais de 80% pelo estado e os recursos para a saúde eram 
mínimos (LUZ, 1991). O sistema previdenciário sofreu mudanças institucionais, 
separando o componente benefício da assistência médica. Em 1977 houve a 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
5 
Criação do Sistema Nacionalde Assistência e Previdência Social (SINPAS) e 
do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS): o 
INAMPS estava inserido no SINPAS e é o grande órgão governamental 
prestador de assistência médica (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2010). 
Para os usuários, as transformações da organização do sistema de 
saúde indicavam duas situações igualmente difíceis de serem enfrentadas: a 
ineficácia do sistema previdenciário e a baixa eficiência dos serviços públicos 
de saúde (CORDEIRO, 1991). No âmbito internacional, em setembro de 1978, 
aconteceu em Alma-Ata, a Conferência sobre Cuidados Primários de Saúde, 
com a proposta de atenção primária em saúde como estratégia para ampliar o 
acesso de forma a atender, com igualdade de condições, todos os membros ou 
segmentos da sociedade até o ano 2000 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). 
O período de 1980 a 1983 é conhecido como o período da crise da 
previdência social. Na tentativa de elaborar um programa nacional de serviços 
básicos de saúde, criou-se o Prev-Saúde, inspirado na Conferência sobre 
Cuidados Primários à Saúde, o qual não chegou a ser colocado em prática. 
Nessa conferência, promovida pela Organização Mundial da Saúde/UNICEF, 
se declara que saúde não é apenas ausência de doença e sim um completo 
bem-estar físico, mental e social (ROSA; LABATE, 2005). 
A criação do Conselho Consultivo de Administração de Saúde 
Previdenciária (CONASP), em 1981, propõe reorganizar a assistência médica, 
sugerir critérios para a alocação de recursos no sistema de saúde, estabelecer 
mecanismos de controle de custos e reavaliar o financiamento de assistência 
médico-hospitalar (CORDEIRO, 1991). 
Em 1982 ocorreu a implantação do Programa de Ações Integradas de 
Saúde (PAIS): programa que dava particular ênfase na atenção primária, sendo 
a rede ambulatorial a porta de entrada dos sistemas. Visava integração das 
instituições públicas da saúde mantidas pelas diferentes esferas de governo, 
em rede regionalizada e hierarquizada. Propunha a criação de sistemas de 
referência e contrarreferência e a atribuição de prioridade para a rede pública 
 
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6 
de serviços de saúde, com complementação pela rede privada, após sua plena 
utilização; previa a descentralização da administração dos recursos; 
simplificação dos mecanismos de pagamento dos serviços prestados por 
terceiros e seu efetivo controle; racionalização do uso de procedimentos de 
custo elevado; e estabelecimento de critérios racionais para todos os 
procedimentos. Viabilizou a realização de convênios trilaterais entre o 
Ministério da Saúde, Ministério da Previdência e Assistência Social e 
Secretarias de Estado de Saúde, com o objetivo de racionalizar recursos 
utilizando capacidade pública ociosa (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2010). Em 
1985, a PAIS passou a Ações Integradas de Saúde (AIS). 
Em 1984, a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva 
(ABRASCO) e o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) promoveram 
uma reunião para a avaliação das AIS. O encontro reforçou a posição do 
movimento sanitário no sentido de se promover a unificação do sistema de 
saúde (CORDEIRO, 1991), mas foi em 1986 que aconteceu um marco histórico 
para a saúde, a VIII Conferência Nacional de Saúde, a qual consagrou uma 
concepção ampliada de saúde e o princípio da saúde como direito universal e 
como dever do Estado; princípios estes que seriam plenamente incorporados 
na Constituição de 1988 (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2010). 
A Criação dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde 
(SUDS) em 1987 propunha como principais diretrizes: a universalização e 
equidade nos acessos aos serviços de saúde; integralidade nos cuidados 
assistenciais; descentralização das ações de saúde e implementação de 
distritos sanitários. Pela primeira vez, o Governo Federal começou a repassar 
recursos para os estados e municípios ampliarem suas redes de serviços 
(REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2010). 
Em 1988, a Constituição Cidadã estabelece a saúde como “Direito de 
todos e dever do Estado”. 
Podemos, então, sintetizar essa última década do seguinte modo: em 
1979, a primeira proposta do SUS foi apresentada pelo Centro Brasileiro de 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
7 
Estudos em Saúde (CEBES) no I Simpósio Nacional de Saúde da Câmara dos 
Deputados, no entanto, apenas nove anos depois foi promulgada a 
Constituição Federal, a qual contemplava os princípios e diretrizes elaboradas 
pelo CEBES. A partir da constituição de 1988, a saúde passa a ser direito de 
todos e dever do Estado (SOUSA; BATISTA, 2012). 
A criação do SUS se deu através da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 
1990 – Lei Orgânica da Saúde, que dispõe sobre as condições para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento 
dos serviços correspondentes. A partir desse período, várias iniciativas 
institucionais legais e comunitárias foram criando condições de viabilização do 
direito à saúde. Segundo essa Lei, a saúde não é só ausência de doenças e é 
determinada por uma série de fatores presentes no dia a dia, tais como: 
alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, educação, 
lazer etc. (CORDEIRO, 1996). 
Outra Lei, a 8.142/90, regulamenta a participação da comunidade na 
gerência do SUS através de Conferências e dos Conselhos de Saúde. Foram 
criadas também as Normas Operacionais Básicas (NOB) que é um instrumento 
jurídico-institucional, editado periodicamente pelo Ministério da Saúde para 
aprofundar e reorientar a implementação do SUS; definir novos objetivos 
estratégicos, prioridades, diretrizes e movimento tático-operacional; regular as 
ações entre seus gestores e normatizar o SUS (CORDEIRO, 1996). 
Saiba Mais: vamos aprender mais sobre as políticas públicas de saúde no 
Brasil? Então, acesse o site a seguir e conheça. 
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Uni
dade_4.pdf 
O SUS e suas Atribuições 
O SUS transformou-se no maior projeto público de inclusão social em 
menos de duas décadas: 110 milhões de pessoas atendidas por agentes 
comunitários de saúde em 95% dos municípios e 87 milhões atendidos por 27 
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_4.pdf
http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_4.pdf
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
8 
mil equipes de saúde de família. Em 2007: 2,7 bilhões de procedimentos 
ambulatoriais, 610 milhões de consultas, 10,8 milhões de internações, 212 
milhões de atendimentos odontológicos, 403 milhões de exames laboratoriais, 
2,1 milhões de partos, 13,4 milhões de ultrassons, tomografias e ressonâncias, 
55 milhões de seções de fisioterapia, 23 milhões de ações de vigilância 
sanitária, 150 milhões de vacinas, 12 mil transplantes, 3,1 milhões de cirurgias, 
215 mil cirurgias cardíacas, 9 milhões de seções de radioquimioterapia, 9,7 
milhões de seções de hemodiálise e o controle mais avançado da AIDS no 
terceiro mundo. 
São números impressionantes para a população atual, em marcante 
contraste com, aproximadamente, metade da população excluída antes dos 
anos oitenta, a não ser pequena fração atendida eventualmente pela caridade 
das Santas Casas (SANTOS, 2007). 
 No tocante ao funcionamento, é importante ressaltar que o SUS não 
possui um caráter institucional, ele é um complexo sistema formado por centros 
de saúde, ambulatórios, laboratórios, hospitais de iniciativa privada e do poder 
público, bem como por outros órgãos da União, Estados e Municípios, tendo 
como gestor central o Ministério da Saúde. Desse modo, pode-se definir o SUS 
como um conjunto de ações e serviços públicos de saúde, compondo uma rede 
regionalizada e hierarquizada, organizada a partir das diretrizes da 
descentralização, integridade e participaçãoda comunidade (PAIM, 2009a). 
 A implantação de programas de saúde que possuem uma 
hierarquização desde o nível federal ao municipal tem permitido tanto a 
elaboração de projetos que promovam o desenvolvimento local, quanto a 
utilização de conceitos e ferramentas inerentes à geografia no sentido de 
planejar a territorialidade de políticas públicas, de equipamentos e ações 
(PEREIRA; BARCELLOS, 2006). 
Segundo a Lei Orgânica da Saúde (lei 8.080/90), são objetivos e 
atribuições do SUS: a assistência às pessoas, a vigilância epidemiológica, a 
vigilância sanitária, a saúde do trabalhador e a assistência farmacêutica. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
9 
Entende-se por assistência às pessoas a atenção à saúde em tudo que 
envolve o ser humano, como ações de promoção, prevenção, tratamento e 
reabilitação (SOUSA; BATISTA, 2012). 
Assista agora ao vídeo da professora Joy em que ela explica melhor 
sobre os princípios doutrinários e organizativos do SUS. 
Resultados e Perspectivas da Saúde Pública no Brasil 
 Desde seu surgimento, o SUS se tornou um dos sistemas de saúde 
públicos de maior cobertura do mundo. Sua efetivação implicou a organização 
de uma ampla rede de serviços e ações de saúde, abrangendo todos os níveis 
de complexidade (BARATA; TANAKA e MENDES, 2003). 
Antes do SUS, a saúde era uma mistura de inúmeros componentes: 
medicina liberal com médicos e dentistas em consultórios particulares; 
medicina previdenciária com hospitais públicos e postos de assistência médica 
do INPS e após 1977 do INAMPS, delegacias regionais do trabalho, delegacias 
federais de saúde, programas especiais do Ministério da Saúde, centros e 
postos de saúde estaduais e municipais, além das vigilâncias epidemiológica e 
sanitária, entre outros. Paralelamente, havia estruturas ligadas à medicina de 
grupo, cooperativas médicas, seguro-saúde, laboratórios clínicas e hospitais 
privados, universitários, beneficentes e filantrópicos. A produção de vacinas e 
medicamentos era bastante restrita, concentradas em poucas empresas 
estatais e com dependência externa das multinacionais (PAIM, 2009b). 
O SUS ampliou o acesso da população aos serviços de saúde, tanto na 
atenção básica quanto na de maior complexidade, entretanto, a implementação 
do SUS, como seria esperado em processos sociais complexos, desencadeou 
novos problemas financeiros, organizacionais e gerenciais que desafiam e 
retardam a concretização de algumas das premissas constitucionais do sistema 
e exigem reflexão e estratégias de enfrentamento por parte dos gestores e de 
todos que entendem a saúde como condição imprescindível da cidadania 
(BARATA; TANAKA e MENDES, 2003). 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
10 
A falta de identificação dos segmentos organizados da população com 
uma assistência pública e igualitária contribuiu para o enfraquecimento da 
proposta de caráter publicista e universalista e para o fortalecimento da 
segmentação, reforçando a perspectiva de que ao SUS cabe a cobertura da 
população mais pobre e em condições desfavoráveis de inserção no mercado 
de trabalho (MENICUCCI, 2009). 
 Além da ampliação da cobertura, o aumento de gastos do SUS resulta 
do encarecimento progressivo da assistência à saúde, que está sendo 
observado nos sistemas de saúde de todo o mundo, relacionado não só à 
incorporação de novas tecnologias, mas também às mudanças do perfil 
epidemiológico da população, com seu envelhecimento relativo e consequente 
aumento proporcional de doenças e condições crônicas (BARATA; TANAKA e 
MENDES, 2003). 
Além disso, a atual crise econômica enfrentada no Brasil faz com que a 
população aumente a busca pelos serviços do SUS, dado o desemprego e a 
impossibilidade de manter os planos e seguros suplementares de atenção à 
saúde. Desse modo, é improvável imaginar que haverá diminuição de gastos 
no SUS como aumento de eficiência no sistema, redução de seus desperdícios 
ou mudança do modelo assistencial atual. 
 Outro aspecto que compõe o cenário do SUS é o sucesso na 
implementação da descentralização e municipalização. Porém, a 
descentralização trouxe novos desafios que devem ser levados em conta, para 
que o desenvolvimento do sistema permita o acesso integral e equitativo à 
população, às ações e aos serviços de saúde (BARATA; TANAKA e MENDES, 
2003). 
Além do processo de municipalização, em diversas regiões do Brasil, no 
qual os municípios expandem a atenção médica sem nenhuma articulação 
regional, com desperdício de recursos públicos, gerados pela ineficiência na 
prestação da assistência, com hospitais atendendo com baixa taxa de 
ocupação e aparelhos de apoio diagnóstico trabalhando com ociosidade, 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
11 
dentre outros problemas (MENDES, 2001). 
 Outra dificuldade ainda encontrada pela população é a estruturação de 
serviços de média e alta complexidade que deem cobertura suficiente e 
adequada para todos. De modo geral, são comuns longas peregrinações, 
inclusive a outros estados em busca de tratamento, na maioria das vezes, 
enfrentando filas e exagerado tempo de espera para obtê-lo (BARATA; 
TANAKA e MENDES, 2003). 
 O desequilíbrio financeiro de algumas entidades decorre dos valores dos 
procedimentos do SUS, fixados pelo Ministério da Saúde, os quais não cobrem 
todos os gastos realizados pelos hospitais com os atendimentos prestados. 
Mas além do aumento do aporte de recursos, são necessárias outras medidas 
relativas à modernização gerencial e administrativa desses serviços, como a 
adoção de contratos de gestão com metas prefixadas, na busca da qualidade e 
eficiência dos serviços prestados e negociação com os prestadores de serviço 
(BARATA; TANAKA e MENDES, 2003). 
 Além da ampliação de cobertura do SUS e da garantia de integralidade, 
há a necessidade de aprimorar a humanização do atendimento no sistema. A 
humanização não é uma questão específica da saúde, mas um conceito e uma 
prática que deve se incorporar a atenção às pessoas em qualquer atividade 
que envolva usuários e profissionais da área social. A importância da 
humanização na saúde é ainda maior, tendo em vista a fragilidade da condição 
do ser humano doente, que o torna muito mais inseguro e angustiado, frente 
aos serviços médicos. A busca do atendimento de boa qualidade nas unidades 
de saúde, num ambiente humano, que procure entender e priorizar 
verdadeiramente a resolução dos problemas dos pacientes é fator 
imprescindível para que o SUS atinja seus verdadeiros objetivos na redução do 
sofrimento dos pacientes (BARATA; TANAKA e MENDES, 2003). 
 De modo geral, pode-se afirmar que muito já se conseguiu após a 
criação do SUS, apesar das dificuldades e obstáculos encontrados na gestão 
do sistema. Nada se faz sem a vontade política e aperfeiçoamento gerencial, 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
12 
porém o avanço do SUS também depende de recursos financeiros regulares e 
crescentes. 
Programa Saúde da Família 
O Programa Saúde da Família (PFS) tem se configurado como um dos 
mais importantes referenciais da organização de Atenção Básica no Brasil. Foi 
proposto em 1994 como uma estratégia de reorientação do modelo 
assistencial, baseada no trabalho de equipes multiprofissionais em Unidades 
Básicas de Saúde (UBS). Essas equipes são responsáveis pelo 
acompanhamento de uma população localizada em uma área delimitada, 
através de ações de promoção de saúde, prevenção, recuperação, reabilitação 
de doenças e agravos mais frequentes (PEREIRA; BARCELLOS, 2006). 
O PSF teve início quando o Ministério da Saúde formulou, em 1991, o 
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) com a finalidade de 
contribuir para a redução das mortalidades infantil e materna, principalmente 
nas regiões Norte e Nordeste, através da extensão de cobertura dos serviços 
de saúde para as áreas mais pobrese desvalidas. Desse modo, o Ministério da 
Saúde percebe a importância dos agentes nos serviços básicos de saúde no 
município e começa a enfocar a família como unidade de ação programática da 
saúde (VIANA; DAL POZ, 1998). 
O PSF apresenta uma nova maneira de trabalhar a saúde, tendo a 
família como o centro de atenção e não somente o indivíduo doente, 
introduzindo nova visão no processo de intervenção em saúde, uma vez que 
não espera a população chegar para ser atendida, pois age preventivamente 
sobre ela a partir de um novo modelo de atenção (ROSA; LABATE, 2005). 
Muda a antiga concepção de atuação dos profissionais da saúde, saindo da 
medicina curativa e passando a atuar na integralidade da assistência, tratando 
o indivíduo como sujeito dentro de sua comunidade socioeconômica e cultural 
(LEVCOVITZ; GARRIDO, 1996). 
Saiba Mais: Para você saber mais sobre as políticas de saúde do Brasil, 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
13 
acesse o site a seguir e leia as publicações sobre Políticas de 
Saúde Brasileiras produzidas pelo Ministério da Saúde do Brasil e instituições 
parceiras. 
http://brasil.bvs.br/vhl/diretorios-portais-e-servicos/politicas-de-saude-do-
brasil-2/ 
 
Vamos assistir agora a mais um vídeo em que a professora Joy fala 
mais sobre os projetos e programas do SUS que merecem destaque. Para 
isso, acesse seu material on-line e confira! 
 
 
 
 
 
http://brasil.bvs.br/vhl/diretorios-portais-e-servicos/politicas-de-saude-do-brasil-2/
http://brasil.bvs.br/vhl/diretorios-portais-e-servicos/politicas-de-saude-do-brasil-2/
 
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14 
Síntese 
Neste tema, pudemos verificar a evolução dos Programas de Saúde 
Pública no Brasil, a importância da Constituição de 1988 e da Lei Orgânica da 
Saúde, sancionada em 1990, a qual define a criação do Sistema Único de 
Saúde (SUS). 
Após esses 25 anos, pode-se perceber o avanço que o SUS representou 
na saúde da população brasileira e a evolução de seus programas e 
coberturas, mas ainda é possível verificar a possibilidade de desenvolvimento e 
crescimento das ações já implantadas, assim como a implantação de novas 
áreas, com o intuito de melhorar a saúde da população em seus diversos 
campos, como a prevenção, a epidemiologia, os tratamentos, a saúde do 
trabalhador e a vigilância ambiental. 
Assista ao vídeo da professora Joy em que ela faz uma síntese do que 
estudamos aqui. 
 
 
 
 
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15 
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17 
Atividades 
1. Pode ser constatado que as Políticas Públicas de Saúde no Brasil foram 
realizadas ao longo dos anos, na sua maioria, de forma imediatista e não 
planejada. O que se pode notar na realidade é que as mesmas, até a 
Constituição Federal de 1988, nunca tiveram como objetivo proporcionar ao 
cidadão um bem-estar amplo e irrestrito. As políticas adotadas até então, 
sempre tiveram o intuito de dar uma resposta às reinvindicações populares, 
no sentido de cessar os protestos e greves. Diante dessa afirmação, 
podemos dizer que: 
a. A saúde pública no Brasil sofreu uma revolução significativa com a 
Constituição de 1988, em que a lei orgânica da saúde foi assinada. No 
entanto, desde então, não pôde-se observar significativo avanço nas 
políticas de saúde. 
b. Até 1988, nenhum cidadão tinha acesso à saúde, sendo o tratamento 
público bastante escasso e atendendo apenas a parcela da população 
que trabalhava em indústrias e portos. 
c. A Constituição de 1988 teve fundamental importância ao afirmar que “A 
saúde é direito de todos e dever do Estado”. A partir de 1990, várias 
iniciativas institucionais legais e comunitárias foram criando condições de 
viabilização do direito à saúde pela Lei nº 8.080. 
d. Até 1988, a saúde pública se resumia a campanhas de vacinação. No 
entanto, desde então, a evolução foi notória, em especial no campo de 
saúde do trabalhador e assistência à saúde da mulher. 
 
2. Quanto ao SUS, podemos afirmar que: 
a. É um dos maiores programas de saúde pública do mundo e realiza desde 
simplesatendimentos ambulatoriais até procedimentos de alta 
complexidade como transplante de órgãos, garantindo acesso integral, 
universal e gratuito para toda a população do país. 
b. É o maior programa de saúde pública do mundo e, por isso, atende 
 
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18 
populações de países vizinhos e que se encontram em estado de extrema 
pobreza, auxiliando os “países-irmãos” do Mercosul. 
c. Encontra-se em reavaliação pelo Ministério da Saúde, o qual tem a 
intenção de reformulá-lo para SABR (Saúde dos Brasileiros de Baixa 
Renda) até 2020, a fim de reduzir os gastos com a saúde pública e 
atendendo apenas pessoas cuja renda mensal não seja superior a 3 
salários mínimos. 
d. É financiado pelo setor privado, em especial pelas grandes empresas, 
compostas por mais de 500 funcionários, uma vez que estas têm 
interesse no atendimento gratuito. 
 
3. Em 1923, a Lei Eloy Chaves instituiu as Caixas de Aposentadorias e 
Pensões (CAP). Esta lei previa: 
a. Vacinação aos recém-nascidos e as epidemias que na época eram 
recorrentes no Brasil. 
b. Estatuto legal às iniciativas já existentes de trabalhadores por fábricas, 
visando garantir a pensão em caso de algum acidente ou afastamento do 
trabalho por doença e também uma futura aposentadoria; institui a 
obrigatoriedade do seguro social e do financiamento vinculado à 
contribuição do empregado e do empregador e concedia serviços médico-
assistenciais e medicamentos aos “segurados”. 
c. Aposentadoria por invalidez, Programa Saúde da Família e, em especial, 
Programa Saúde da Mulher, uma vez que nessa época, o êxodo rural, 
aumentou a incidência de doenças comunitárias, especialmente em 
cidades grandes, e o índice de natalidade triplicou. 
d. Atendimento de saúde integral ao produtor rural e sua família, uma vez 
que estes viviam isolados, em grande parte estavam na linha de extrema 
pobreza, contribuindo para o êxodo rural. Esta foi uma tentativa de manter 
o homem no campo, uma vez que as cidades se tornavam cada vez mais 
inchadas e os problemas de saúde cresciam em velocidade alarmante. 
 
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4. Quanto ao Programa Saúde da Família, ele tem a família como o centro de 
atenção e não somente o indivíduo doente, introduzindo nova visão no 
processo de intervenção em saúde. Esse programa: 
a. Atende somente as famílias de baixa renda e ribeirinhas, presentes nos 
estados da região Norte e Nordeste. 
b. Atende somente famílias socialmente vulneráveis, em especial nas 
comunidades e favelas do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do 
Norte. 
c. Foi criado para atender as famílias que viviam no campo, uma vez que, 
para estas pessoas, o acesso à saúde é muito difícil. 
d. Foi criado com foco na redução das mortalidades infantil e materna, em 
especial nas regiões Norte e Nordeste. 
 
5. São princípios doutrinários do SUS, exceto: 
a. A universalidade, que garante a atenção à saúde por parte do sistema a 
qualquer cidadão. 
b. A equidade, que assegura as ações e serviços de acordo com a 
complexidade que cada caso requeira. Todo cidadão é igual perante o 
SUS e será atendido conforme suas necessidades, até o limite do que o 
Sistema pode oferecer. 
c. A integralidade busca compreender o conjunto de necessidades de ações 
e serviços de saúde que um paciente apresenta. 
d. A participação popular através da sociedade civil organizada. 
 
Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line. 
 
 
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1 
Projeto Pós-graduação 
Disciplina Vigilância em Saúde 
Tema Processo Saúde-Doença 
Professor Joy Ganem Longhi 
Introdução 
Neste tema, serão abordados diversos conceitos, entre eles, as 
definições para “doença”, “saúde” e “processo saúde-doença”, palavras essas 
bastante familiares, no entanto, com significados bastante amplos. 
Avaliaremos também o perfil da população brasileira em relação às 
doenças mais comuns e como elas vêm se apresentando ao longo dos últimos 
anos. Finalmente, poderemos analisar a perspectiva de saúde de nossa 
população. Bons estudos! 
Assista no seu material virtual ao vídeo de introdução que a professora 
Joy fez deste tema. 
Problematização 
Severino fugiu da seca no Nordeste junto com seus pais e foi para São 
Paulo em 1985. Como grande parte dos casos, sua família nunca conseguiu 
dinheiro suficiente para a manutenção de uma casa confortável, pagamento de 
suas contas e alimentação adequada. 
Severino cresceu morando em uma favela e a única casa que possui, 
composta por 2 cômodos (banheiro e sala/quarto/cozinha), acomoda 
atualmente sua mãe, com 70 anos, a qual sofre com diversas doenças 
crônicas, como diabetes, hipertensão e doença de Chagas; sua esposa, 
grávida do quinto filho; e os outros quatro filhos, e dois sofrem rotineiramente 
com problemas respiratórios devido à falta de estrutura de sua casa, umidade 
constante e poluição. 
Severino, atualmente, é servente de pedreiro e recebe R$ 1.200,00 para 
a manutenção da casa e de sustento de seus 7 habitantes. Sua esposa está 
 
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2 
desempregada e não consegue emprego por estar grávida. É comum Severino 
passar noites em claro, preocupado com suas contas e com o dia de amanhã. 
Nesse caso, qual o melhor cenário se adequa à realidade dessa família? 
Não responda ainda, vamos estudar nosso material e a final você poderá 
escolher a opção que melhor se encaixa neste caso. 
Saúde, Doença e Processo Saúde-doença 
Uma concepção difundida de saúde é a de um estado de harmonia e 
equilíbrio funcional do corpo. Tudo o que faz o ser humano sofrer, que o limita 
e impede de exercer suas atividades normais, dá ao homem a consciência de 
um corpo que deixou de "funcionar em silêncio" e que, portanto, dá mostras de 
alterações que podem significar um estado de doença. No entanto, "não sentir 
nada", nem sempre significa ausência de doenças, pois vários processos e 
lesões podem permanecer "calados" por muito tempo sem serem percebidos 
por seus portadores. 
A relação existente entre saúde e doença não é apenas uma relação de 
bom ou mau funcionamento do corpo, mas uma interação muito mais ampla do 
homem com os ambientes (físicos e sociais) que o cercam, da sua maneira de 
relacionar-se com outros homens, da sua condição de trabalho (tipo e 
características, condições físicas para exercê-lo e a relação pessoal com o 
trabalho - gostar de realizá-lo); da forma como é organizada a produção de 
riquezas e de como essas riquezas são repartidas e compartilhadas por todos, 
das possibilidades que ele possui para se expressar, para desenvolver seu 
potencial criativo e desenvolver-se como pessoa. A busca de uma concepção 
de saúde é também a procura da compreensão do processo de vida dos 
homens ao longo da história (SILVA MARQUES, 2015). 
Segundo Brêtas e Gamba (2006), por mais que se pense a saúde na 
dimensão do coletivo, é o ser humano que adoece e como tal requer cuidados. 
A saúde e o adoecer são experiências subjetivas e individuais, conhecidas de 
maneira intuitiva, dificilmente descritas ou quantificáveis. 
 
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3 
A preocupação com a conservação da saúde acompanha os homens 
desde os primórdios. A rejeição a substâncias amargas; a procura de abrigos 
para o frio, o calor e a chuva; a necessidade de repousar, de comer e beber 
são comportamentos que fazem parte do instinto humano de conservação 
(SCILAR, 2002). 
A estratégia da vigilância à saúde apoia-se na Teoria da Determinação 
Social do Processo Saúde-Doença, segundo a qual o processo saúde-doença 
manifesta-se em indicadores sociais e nos modos específicos de adoecer e 
morrer (perfis epidemiológicos) dos diferentes grupos sociais. O processo 
saúde-doença é socialmente determinado, ou seja, articula-se às condiçõesmateriais de existência, de tal modo que os eventos biológicos por si só não 
são capazes de explicá-lo. 
A história social condiciona os modos de adoecer e morrer dos grupos 
sociais, pois o biológico e o social são momentos de um mesmo processo 
(LAURELL, 1983). 
O processo saúde-doença deve ser, portanto, categorizado e analisado 
em seus determinantes e condicionantes históricos, genéticos e estruturais 
(bio-psíquicos, sociais e ecológicos/ambientais). A interação desses elementos 
é que determina sua particularização, isto é, a ocorrência do dano ou da 
doença no indivíduo ou na coletividade (LIEBER, 1998). 
Saúde 
Criado em 7 de Abril de 1948, desde o Dia Mundial da Saúde, a 
Organização Mundial de Saúde (OMS) desenvolveu o conceito de saúde, que 
diz: 
Saúde: estado completo de bem-estar físico, mental e social e não 
simplesmente ausência de doença ou enfermidade. É um direito 
fundamental e a consecução do mais alto nível de saúde é a mais 
importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de 
muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor de saúde. 
 
No Brasil, em 1986, foi desenvolvida a VII Conferência Nacional de 
Saúde, na qual foi adotado o seguinte conceito sobre saúde: 
[...] em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das 
 
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4 
condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio-
ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de 
terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, os 
resultados das formas de organização social da produção, as quais 
podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida (BRASIL, 
1986). 
 
O considerado normal em um indivíduo pode não ser em outro; não há 
rigidez no processo. Dessa maneira, pode-se concluir que o ser humano 
precisa se conhecer e saber avaliar as transformações sofridas pelo seu corpo 
(VIANNA, 2015). 
Doença 
A doença sempre esteve presente no desenvolvimento da humanidade. 
Estudos de paleoepidemiologia relatam a ocorrência há mais de três mil anos, 
de diversas doenças que até hoje afligem a humanidade. No entanto, os 
problemas de saúde se acentuaram significativamente com o desenvolvimento 
da vida comunitária. O homem passou de nômade a agricultor e pastor a 
domesticação de animais para auxílio no plantio ou como fonte de proteína, foi 
elemento crucial no aparecimento de novas doenças (FIOCRUZ, 2008). 
Originalmente, presente em animais, diversos microrganismos são 
pouco a pouco, adaptados e disseminados entre as populações humanas. 
Doenças como a varíola e a tuberculose migram do gado para os seres 
humanos (FIOCRUZ, 2008); porcos e aves transmitem a gripe e o cavalo, o 
resfriado comum (PALMEIRA et al., 2004). A armazenagem de alimentos e a 
concentração dos dejetos nas aldeias aproximam os vetores do convívio 
humano (FIOCRUZ, 2008). 
A doença não pode ser compreendida apenas por medições 
fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado de doença é o sofrimento, a 
dor, o prazer, enfim, os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo 
que adoece (BRETAS; GAMBA, 2006). 
Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com os mesmos padrões 
biológicos, prognósticos e implicações para o tratamento, podem afetar 
pessoas diferentes de forma distinta, resultando em diferentes manifestações 
 
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5 
de sintoma de desconforto, com comprometimento diferenciado de suas 
habilidades de atuar em sociedade (OLIVEIRA; EGRY, 2000). 
Processo Saúde-Doença 
Histórico 
Na antiguidade, as religiões politeístas acreditavam que a saúde era 
dádiva e a doença castigo dos deuses, com o decorrer dos séculos e o advento 
das religiões monoteístas, a dádiva e o castigo passaram a pertencer a um 
único Deus. No entanto, 400 anos a.C., Hipócrates desenvolve o tratado “Os 
Ares e Lugares”, onde relaciona os lugares de moradia, a água para beber, os 
ventos com a saúde e a doença (BUCK et al., 1988), a relação com o ambiente 
é um traço característico da compreensão hipocrático do fenômeno saúde-
doença. Partindo da observação das funções do organismo e suas relações 
com o meio natural e social, Hipócrates desenvolveu uma teoria que entende a 
saúde como homeostase, isto é, o resultado do equilíbrio entre o homem e seu 
meio (FIOCRUZ, 2008). 
Séculos mais tarde, as populações passam a viver em comunidades e a 
teoria miasmática, a qual consiste na crença de que a doença é transmitida 
pela inspiração de “gases” de animais e dejetos em decomposição, toma lugar 
(BUCK et al., 1988). 
O avanço significativo no pensamento médico ocorre quando se dá um 
desvio do foco de interesse das forças sobrenaturais para o portador da 
doença, passando a mesma, gradativamente, ser vista como um fenômeno 
natural, passível de ser compreendido e liberado da intromissão de forças 
divinas ou malévolas (BARROS, 2002). 
Para Galeno (122-199 d.C.), um dos médicos que exerceram maior 
influência na história da medicina ocidental, a ideia central da fisiologia repousa 
no fluxo permanente dos humores, o que estaria na dependência das 
influências ambientais, do calor inato e na ingestão alimentar e sua justa 
proporção. 
 
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6 
As causas mórbidas podiam ser internas (ligadas à constituição ou 
predisposição individual), externas (excessos alimentares, sexuais ou de 
exercícios físicos) ou conjuntas. O diagnóstico deve ter por fundamentos o 
cuidadoso exame do doente, o conhecimento de seu estado enquanto sadio, 
seu temperamento, regime de vida, alimentação, além das condições 
ambientais e a época do ano (BARROS, 2002). 
Para Celso (1493-1541), representa um modelo de transição entre a 
escola galênica e o modelo biomédico. Na determinação da doença, 
identificava influências cósmicas e telúricas, além de substâncias tóxicas e 
venenosas, bem como a predisposição do próprio organismo e das motivações 
psíquicas (BARROS, 2002). 
A Era Bacteriológica iniciou-se no século XIX, quando foi aceita a teoria 
de que um microrganismo específico, no caso um bacilo, seria responsável por 
determinada doença. Robert Koch, em 1876, demonstrou durante três dias, na 
presença de outros cientistas, a transmissão do antraz, usando camundongos 
como modelos experimentais. 
Anteriormente, diversos outros já haviam observado e apresentado suas 
teorias como, por exemplo, Bonomo, em 1687 apresentou a escabiose devida 
ao ácaro da sarna, mas não causou impacto, sendo insuficiente como 
contraposição à teoria miasmática. Em 1841, Jacob Henle, formulou uma teoria 
em que comprovava seres organismos vivos, causadores das doenças 
infecciosas (FIOCRUZ, 2008). 
Ao final do século XIX, boa parte das questões relativas às doenças 
infecciosas havia sido respondida, especialmente em relação às doenças 
contagiosas. Porém, persistiam algumas interrogações sobre a origem de 
doenças em que novos casos surgiam sem qualquer contato direto com os 
indivíduos enfermos. Do mesmo modo, intrigava o não adoecimento de 
pessoas expostas aos doentes. Nos primeiros anos do século XX, foram 
desvendadas a participação de vetores ou hospedeiros intermediários na 
transmissão de doenças e o papel dos portadores sadios na manutenção da 
 
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7 
cadeia epidemiológica (FIOCRUZ, 2008). 
A era bacteriológica resultou em um modelo unicausal de compreensão 
da doença, no qual se baseava na existência de apenas uma causa, o agente. 
Para um agravo ou doença, no entanto, o vigor para as explicações unicausais 
começa a enfraquecer após a Segunda Guerra quando os países 
industrializados começam a vivenciar uma “transição epidemiológica”, 
caracterizada pela diminuição da importância das doenças infecto-parasitárias 
como causa de adoecimento e morte em detrimento do incremento das 
doenças crônico-degenerativas(FIOCRUZ, 2008). 
 O modelo multicausal avançou no conhecimento dos fatores 
condicionantes da saúde e da doença. A crítica que se faz a ele reside no fato 
de tratar todos os elementos da mesma forma, ou seja, naturalizar as relações 
entre o ambiente, o hospedeiro e o agente, esquecendo que o ser humano 
produz socialmente sua vida em um tempo histórico e que, por isso, em certos 
períodos, podem ocorrer doenças diferentes com intensidades e manifestações 
também diferentes (PALMEIRA et al., 2004). 
O modelo biomédico ou mecanicista teve início no século XVI e baseia o 
papel do médico exclusivamente na eliminação de doenças e lhe confere 
grande autoridade e poder, que se manifestam na relação estabelecida entre 
ele e o paciente. O encontro que ocorre durante a consulta médica é centrado 
no médico ou na doença, e a perspectiva do paciente é considerada pouco 
relevante (SANDMAN; MUNTHE, 2010). 
Em 1978, a Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em 
Saúde, produto da I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários à 
Saúde, realizada em Alma-Ata, na Rússia, realçou o novo pensamento de 
caracterização do processo saúde-doença, incorporando as dimensões sociais, 
políticas, ambientais, culturais e econômicas como indispensáveis às ações e 
aos serviços de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). 
Nas últimas décadas, observa-se a necessidade de mudança na forma 
de atendimento à população nos serviços de saúde. Isso se deve a um 
http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/index.php?s_livro_id=6&area_id=2&autor_id=&capitulo_id=24&sub_capitulo_id=80&arquivo=ver_conteudo_2
 
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8 
conjunto de fatores, tais como insatisfação dos clientes, modificação no perfil 
epidemiológico, reconhecimento de fatores de risco, surgimento de novas 
doenças e crescente desenvolvimento de tecnologias sofisticadas e de alto 
custo (STEWART et al., 1995). 
Não existe um limite preciso entre saúde e doença, mas uma relação de 
reciprocidade entre ambas; entre a normalidade e a patologia, na qual os 
mesmos fatores que permitem ao homem viver (alimento, água, ar, clima, 
habitação, trabalho, tecnologia, relações familiares e sociais) podem causar 
doenças. Essa relação é demarcada pela forma de vida dos seres humanos, 
pelos determinantes biológicos, psicológicos e sociais. Tal constatação nos 
remete à reflexão de que o processo saúde-doença-adoecimento ocorre de 
maneira desigual entre os indivíduos, as classes e os povos, recebendo 
influência direta do local que os seres ocupam na sociedade (BRÊTAS; 
GAMBA, 2006). 
Em síntese, pode-se dizer, em termos de sua determinação causal, que 
o processo saúde-doença representa o conjunto de relações e variáveis que 
produzem e condicionam o estado de saúde e doença de uma população, que 
variam em diversos momentos históricos e do desenvolvimento científico da 
humanidade (VIANNA, 2015). 
O processo saúde-doença é um dos pontos centrais para profissionais 
da saúde que buscam promovê-la, cuidando para que as pessoas possam ter, 
tanto quanto possível, uma boa qualidade de vida, mesmo quando as 
limitações se estabelecem (VIANNA, 2015). 
Prevenção 
Diariamente, levamos em conta nossos riscos. Proteger-se da morte, da 
doença, da tempestade, dos maus êxitos nos negócios, não é uma criação 
recente. 
A base do conceito de medicina preventiva foi sistematizada no livro 
“Medicina Preventiva” de Leavell e Clark, cuja primeira edição foi publicada em 
 
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9 
1958. A prevenção apresenta-se em três fases: 
 Prevenção Primária: Realizada no período pré-patogênese. O conceito 
de promoção à saúde aparece como um dos níveis de promoção 
primária, definido como “medidas destinadas a desenvolver uma saúde 
ótima”. E um segundo nível de prevenção primária seria a prevenção 
específica: contra agentes patológicos ou pelo estabelecimento de 
barreiras contra os agentes do meio ambiente”. 
 Prevenção Secundária: Também apresenta dois níveis: o primeiro, o 
diagnóstico e tratamento precoce e o segundo, a limitação por invalidez. 
 Prevenção Terciária: São as ações de reabilitação. 
Os Principais Problemas de Saúde da População Brasileira 
Características da População Brasileira 
Até os anos 60, a população brasileira era extremamente jovem, com 
cerca de 52% de indivíduos abaixo dos 20 anos e menos de 3% acima dos 65 
anos. Nesse período, houve significativo declínio da mortalidade e uma discreta 
redução da fecundidade. A partir dos anos 70, começa a se observar um 
estreitamento continuado na base da pirâmide etária e, consequentemente, o 
envelhecimento da população (FIOCRUZ, 2008). 
Essa tendência vem se firmando, conforme demonstrado no gráfico a 
seguir, com os dados etários da população brasileira, de acordo com o censo 
realizado pelo Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE) em 2010. 
 
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10 
 
 Fonte: IBGE, 2010. 
 
Com essa mudança de perfil da população, o impacto na organização do 
Sistema Único de Saúde incidirá na necessária reconfiguração da oferta de 
serviços, procurando qualificar o atendimento das necessidades de saúde, das 
faixas mais avançadas. 
A atenção à saúde do idoso passa a demandar não só o direcionamento 
na contratação de especialistas (geriatras, ortopedistas, cardiologistas, 
angiologistas etc.), a inclusão de um calendário específico de imunizações, a 
implantação e ampliação do atendimento domiciliar, a expansão do acesso e 
adequação da oferta de medicamentos na farmácia básica, como também, o 
desenvolvimento de ações de promoção à saúde, com orientações nutricionais, 
educação física, lazer e cultura (FIOCRUZ, 2008). 
Saiba Mais: clique no link a seguir e leia um artigo sobre a morbidade 
hospitalar em idosos nas internações do Sistema Único de Saúde do Brasil. 
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a23v15n6.pdf 
http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n6/a23v15n6.pdf
 
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11 
O Quadro de Morbimortalidade Brasileiro 
As transformações históricas e sociais que a sociedade brasileira vem 
atravessando têm repercutido na produção e distribuição dos problemas de 
saúde. Nas últimas décadas, o Brasil vem apresentando um novo perfil 
epidemiológico. Ainda que tenha sido observada queda na mortalidade por 
doenças infecciosas, para muitas destas, o quadro de morbidade manteve-se 
estável ou se acentuou. As doenças cardíacas, as neoplasias e as mortes 
violentas passaram a ser responsáveis por cerca de 60% dos óbitos 
(FIOCRUZ, 2008). 
Veja no gráfico a seguir a mortalidade proporcional por grupos de 
causas definidas entre 1930 e 2004 no Brasil. 
 
Fonte: FIOCRUZ, 2008. 
 
De acordo com o Ministério da Saúde (2004), a mudança do perfil 
epidemiológico do Brasil, nos últimos vinte anos, pode ser expressa pela 
permanência das doenças do aparelho circulatório como principal causa de 
morte, pela diminuição da importância das doenças infecciosas e parasitárias 
e, principalmente, pelo crescimento das neoplasias e das causas externas. 
 
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12 
Foram observadas melhoras marcantes em alguns indicadores da 
saúde, como a redução da mortalidade infantil e de doenças infecciosas e 
parasitárias, a tendência de redução do risco de morte pela doença isquêmica 
do coração e cerebrovascular, a tendência de redução de mortalidade por 
câncer do pulmão em homens com até 64 anos, além de, em algumas regiões, 
ter ocorrido a estabilização do risco de mortalidade por câncer do colo de útero 
e redução do risco de mortalidade por acidentes de transporte terrestre. Por 
outro lado, o risco de morte por câncer de mama apresentou tendência 
crescente. A mortalidade materna, apesar da redução aparente, continua alta e 
subnotificada. A gravidez na adolescênciavem crescendo, especialmente em 
regiões menos desenvolvidas; as consultas de pré-natal aumentaram e o 
número de partos por cesarianas é alto. 
As taxas de mortalidade infantil vêm diminuindo no Brasil desde o início 
do século XX. Esse indicador reflete as condições de vida de uma população, 
dado que uma criança com menos de um ano é extremamente sensível às 
condições socioeconômicas e ambientais. Um dos motivos que contribui para 
esse declínio é a expansão do Programa Saúde da Família (PSF), que vem 
acumulando resultados positivos na prevalência do aleitamento materno e na 
redução da desnutrição infantil (FIOCRUZ, 2008). 
Saiba Mais: neste outro artigo você pode ler mais sobre as causas de 
hospitalização no SUS de crianças de zero a quatro anos no Brasil. Clique no 
link e aproveite. 
http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v13n2/09.pdf 
 
Quando analisado os principais motivos de mortalidade infantil, as 
afecções originárias do período perinatal representam o principal contingente 
das mortes no primeiro ano de vida. Seus fatores causais estão intimamente 
ligados às condições de saúde e nutrição, nível de escolaridade e de vida das 
mulheres, assim como à qualidade da atenção prestada durante o pré-natal, 
parto e assistência ao nascimento (BRASIL, 2005). 
http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v13n2/09.pdf
 
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13 
Vamos assistir agora ao vídeo da professora Joy em que ela explica 
detalhadamente sobre a mortalidade infantil. Acesse-o no seu material on-line e 
acompanhe! 
Doenças Prevalentes 
Doenças não infecciosas 
Sabe-se que a hipertensão, o colesterol alto, o excesso de peso, a 
inatividade física, o tabagismo e o alcoolismo estão entre os fatores de risco 
para a maior parte dessas doenças. 
O principal grupo de causas de morte no Brasil em todas as regiões e 
para ambos sexos, são as doenças do aparelho circulatório, representadas por: 
doenças hipertensivas, doenças cerebrovasculares, doenças isquêmicas do 
coração, infarto agudo do miocárdio, doenças reumáticas e demais doenças 
circulatórias (FIOCRUZ, 2008). 
Saiba Mais: no link a seguir, você poderá encontrar um artigo sobre o controle 
da hipertensão arterial em publicações brasileiras. Boa leitura! 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-
782X2013002900020&script=sci_arttext 
Sobre esse assunto, acesse seu material virtual e assista ao vídeo da 
professora Joy em que ela fala sobre hipertensão e suas complicações na 
população brasileira. 
Neoplasias 
O impacto da globalização econômica sobre as sociedades 
contemporâneas, redefinindo padrões de trabalho, nutrição e consumo, assim 
como o envelhecimento populacional, tem sido indicado como responsável pelo 
aumento da incidência das doenças crônico-degenerativas, como as 
cardiovasculares e o câncer, no entanto, no Brasil, o aumento da prevalência 
de cânceres associados ao melhor nível econômico – mama, próstata e 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2013002900020&script=sci_arttext
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2013002900020&script=sci_arttext
 
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cólon/reto – é observado simultaneamente à elevação das taxas de incidência 
de tumores geralmente associados à pobreza – colo do útero, pênis, estômago 
e cavidade oral. 
Segundo o estudo, ainda não existem dados que permitam compreender 
a vulnerabilidade de determinados grupos à doença, sendo que seu 
aparecimento está vinculado tanto a condições genéticas quanto a condições 
determinadas pelo modo de vida e o ambiente. Dentre os principais fatores de 
risco reconhecidos pelos pesquisadores, figuram o tabagismo e o álcool, a 
obesidade e o sedentarismo, infecções sexualmente transmissíveis, riscos 
ambientais (poluição do ar, exposição profissional a agentes cancerígenos, 
radiação solar) e contaminação venosa pelo vírus de hepatite B e C (RADIS, 
2006). 
Ainda que se tenha obtido grandes êxitos na prevenção (combate ao 
tabagismo, programas de saúde da mulher) e na assistência (diagnóstico 
precoce, avanços terapêuticos), o grande desafio para o SUS, diante de um 
cenário de crescimento dos casos, consiste na constituição de uma rede capaz 
de prover o acesso universal ao cuidado em todos os níveis, bem como de 
serviços adequados para o tratamento dos pacientes com câncer em todas as 
regiões, ou seja, a efetiva implantação da Política Nacional de Atenção 
Oncológica, criada pela Portaria 2.349, de dezembro de 2005. 
Agora, a professora Joy vai falar sobre o câncer no Brasil, assista ao 
vídeo no seu material on-line. 
Causas Externas 
Violência e Acidentes de Trânsito, de modo geral, o sexo masculino é 
mais afetado por essas causas, sendo em média, maior que 80% do número 
de vítimas. Na faixa etária de 10 a 29 anos, as causas externas representam a 
segunda maior causa de morbidade hospitalar. São principalmente os 
homicídios e os acidentes terrestres os responsáveis pelas altas taxas de 
morbimortalidade. Quanto às principais causas para esse tipo de óbito, pode-se 
http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/nav.php?s_livro_id=6&capitulo_id=22&autor_id=&sub_capitulo_id=695&arquivo=ver_pop_up
 
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15 
citar: homicídios, acidentes de transporte terrestre e suicídios (FIOCRUZ, 
2008). 
Saiba Mais: para você conhecer mais sobre isso, leia o artigo “Determinação 
sociocultural dos Acidentes de Transporte Terrestre (ATT)” disponível no site a 
seguir. 
http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n9/a05v17n9.pdf 
Doenças Infecciosas 
Em 1930, estas eram as principais causas de morte no país. Esse 
quadro se alterou significativamente mediante as melhorias sanitárias, o 
desenvolvimento de novas tecnologias – vacinas, antibióticos, recursos 
diagnósticos –, a ampliação do acesso aos serviços de saúde e a adoção de 
medidas de controle específicas (BRASIL, 2004) que se observa uma 
expressiva redução na mortalidade (46% no período de 1980-2001). 
As doenças infecciosas e parasitárias continuam a produzir um impacto 
importante no quadro de adoecimento no país, constituindo-se na terceira 
maior causa de morte em crianças de 0 a 4 anos de idade (FIOCRUZ, 2008). 
Saiba Mais: neste artigo, você poderá saber mais sobre a política de saúde do 
homem, clique no link a seguir e leia. 
http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v46s1/co4221.pdf 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n9/a05v17n9.pdf
http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v46s1/co4221.pdf
 
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Revendo a problematização 
E aí, já pensou no caso de Severino apresentado no início deste tema? 
Qual seria o cenário que se adequa à realidade da família? Escolha uma das 
opções a seguir que melhor se adeque ao que foi descrito. 
a. Todos os membros da família poderiam estar saudáveis caso, no passado, a 
família de Severino não tivesse se mudado para São Paulo. 
b. Atualmente, na casa de Severino existem 3 membros doentes: sua mãe e os 
dois filhos. 
c. Pode-se considerar que todos os membros da família estão com sua saúde 
comprometida. 
 
Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. 
 
 
 
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17 
Síntese 
Neste tema, pudemos compreender a complexidade da definição de 
saúde, verificamos a evolução da compreensão do processo saúde-doença e 
conhecemos o perfil da população brasileira em relação às doenças 
prevalentes e aos índices e motivos de morbimortalidade. 
Verificamos que a população vem envelhecendo e que, por esse motivo, 
o atendimento à saúde deverá se preparar para as mudanças nos cenários da 
faixa-etária atendida, aumento dos índices de doenças crônicas e 
degenerativas e, felizmente, a redução da mortalidade infantil. 
Assista ao vídeo de síntese que a professora Joy fez deste tema. 
 
 
 
 
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18 
Referências 
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto de 
Promoção da Saúde. Distritos sanitários: concepção e organização do conceito 
de saúde e do processo saúde-doença. Brasília, Ministério da Saúde, 1986. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 
Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2004 – uma 
análise da situação de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 
 
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 
Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2005: uma 
análise da situação de saúde no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2005 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Subsídios para a 
construção da Política nacional de Saúde Ambiental; Brasília: Ministério da 
Saúde, 2009. 
 
BRÊTAS, A.C.P; GAMBA, M.A. Enfermagem e saúde do adulto. Barueri: 
Manole, 2006. 
 
BUCK, C.; LLOPIS, A.; NAJERA, E.; TERRIS, M., eds. El desafío de la 
epidemiología. Washington DC: Organización Panamericana de la Salud, 
1988. 
 
FIOCRUZ. O território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro, 2008. 
 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Distribuição da 
população por sexo segundo os grupos de idade. Disponível em: 
<http://vamoscontar.ibge.gov.br/atividades/ensino-fundamental-6-ao-9/49-
piramide-etaria>. Acesso em: 28 de mar. de 2015. 
 
LAURELL, A.C. A saúde-doença como processo social. In: NUNES, E.D, 
organizador. Medicina social: aspectos históricos e teóricos, p. 133-158. 
São Paulo: Global, 1983. 
 
LIEBER, R. R. Teoria e metateoria na investigação da causalidade – Tese 
de doutorado. São Paulo: USP, 1998. 
 
OLIVEIRA, M. A. C; EGRY, E. Y. A historicidade das teorias interpretativas do 
processo saúde-doença, Revista da Escola de Enfermagem da USP, 34(1), 
São Paulo,2001. 
 
PALMEIRA, G. et al. Processo saúde doença e a produção social da saúde. In: 
EPSJV. (Org.) Informação e Diagnóstico de Situação. Rio de Janeiro: 
http://vamoscontar.ibge.gov.br/atividades/ensino-fundamental-6-ao-9/49-piramide-etaria
http://vamoscontar.ibge.gov.br/atividades/ensino-fundamental-6-ao-9/49-piramide-etaria
 
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19 
Fiocruz, EPSJV, 2004. 
 
RADIS. Reunião, Análise e Difusão de Informações sobre Saúde. Situação do 
câncer no Brasil. Radis, 52. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006 
 
SANDMAN, L; MUNTHE, C. Sharing decision making, paternalism and 
patient choice, Health Care Anal., 18. p. 60-84; 2010. 
 
SCILAR, M. Do mágico ao social: trajetória de saúde pública. São Paulo: 
Senac, 2002. 
 
SILVA MARQUES, C. M. Processo saúde-doença. Disponível em: 
<http://www.escolaseac.com/s-
educ/arquivos/download/pbnprocesso_saude_doenca_-
_claudia_marques.pdf>. Acesso em: 23 de mar. de 2015. 
 
STEWART, M; BROWN, J. B; WETSON, W. W; Mc WHINNEY, C. L; 
FREEMAN, T.R. Patient-centered medicine: transforming de clinical methods. 
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VIANNA, L. A. C. Processo Saúde-Doença. Módulo Político Gestor. 
Disponível em: http://www.escolaseac.com/s-
educ/arquivos/download/wvpreferencia_1.pdf. Consultado em: 22 de mar. de 
2015. 
 
 
 
 
 
http://www4.ensp.fiocruz.br/radis/
http://www4.ensp.fiocruz.br/radis/
http://www.escolaseac.com/s-educ/arquivos/download/pbnprocesso_saude_doenca_-_claudia_marques.pdf
http://www.escolaseac.com/s-educ/arquivos/download/pbnprocesso_saude_doenca_-_claudia_marques.pdf
http://www.escolaseac.com/s-educ/arquivos/download/pbnprocesso_saude_doenca_-_claudia_marques.pdf
http://www.escolaseac.com/s-educ/arquivos/download/wvpreferencia_1.pdf
http://www.escolaseac.com/s-educ/arquivos/download/wvpreferencia_1.pdf
 
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20 
Atividades 
 Em relação às definições dos termos saúde e doença, podemos afirmar: 
a. Ao contrário da saúde, a doença pode ser avaliada unicamente pelos 
processos fisiopatológicos. 
b. A saúde pode ser definida como ausência de qualquer doença de 
manifestação fisiopatológica. 
c. Uma mesma doença, por causar mesmos sintomas e resultados em 
diferentes pessoas, pode ser avaliada e tratada de modo igual. 
d. Uma mesma doença pode atingir pessoas que apresentem desfechos 
totalmente diferentes e por isso, esses indivíduos devem ser avaliados e 
tratados de acordo com sua necessidade específica. 
 
 No último século, o Brasil vem apresentando significante mudança no perfil 
de morbimortalidade. Isso se deve: 
a. Ao crescente aumento da natalidade, havendo atualmente a prevalência 
de doenças como: hiperatividade, sarampo e meningite. 
b. À utilização indiscriminada de antibióticos, propiciando a dizimação das 
bactérias e consequentemente redução das doenças infectocontagiosas. 
c. Ao envelhecimento da população, fazendo com que doenças 
degenerativas e crônicas fiquem cada vez mais em evidência. 
d. Ao saneamento básico atualmente disponível para 70% da população, 
reduzindo assim o número de parasitoses e doenças: Malária, 
Esquistossomose e Doença de Chagas. 
 
 Em relação à hipertensão, pode-se afirmar: 
a. Por ser uma doença silenciosa, não há maiores preocupações, a não ser 
que o paciente tenha mais do que 60 anos de idade. 
b. Resulta em doenças e quadros mais graves como: insuficiência renal, 
infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral, o que pode 
deixar o indivíduo potencialmente ativo, com graves sequelas e 
improdutivo. 
 
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21 
c. Resulta em doenças graves como insuficiência renal, no entanto, essa 
condição atinge em especial idosos, não impactando na produtividade do 
indivíduo, no entanto, aumentando os custos do governo com 
medicamentos e exames de acompanhamento. 
d. Foi uma doença de grande importância para a população Brasileira, no 
entanto, os atuais surtos de dengue, malária e gripe A no Brasil, fazem 
com que a importância das doenças cardiovasculares seja reduzida. 
 
 O conceito de Prevenção de Doenças refere-se à tentativa de evitar o mal, 
agindo sobre as causas das doenças, com o uso de medidas específicas 
contra a doença que se quer evitar. Sobre esse assunto, podemos dizer que: 
a. A vacinação é uma prevenção terciária. 
b. Alimentação adequada, exercícios físicos regulares e não fumar, podem 
ser considerados como prevenção primária para diversas doenças. 
c. O afastamento do serviço devido a lesões de esforço repetitivo, pode ser 
considerada uma prevenção terciária 
d. A fisioterapia e hidroterapia na reabilitação de um acidente de trabalho 
podem ser consideradas prevenção secundária. 
 
 Quanto à mortalidade infantil, é incorreto afirmar: 
a. Trata-se de uma preocupação mundial, que atinge especialmente países 
pobres e sem saneamento básico adequado. Podemos citar o 
Afeganistão e os países africanos como os mais críticos nessa questão. 
b. O Brasil é referência mundial quando se aborda o tema “redução da 
mortalidade infantil”. 
c. O Nordeste brasileiro possui altíssimos índices de mortalidade infantil, 
sendo esses equiparáveis aos países africanos. 
d. Os índices atuais dos países asiáticos e africanos são comparáveis ao do 
Brasil no início do século passado. 
 
Para consultar o gabarito das questões, acesse o material on-line. 
 
 
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1 
Projeto Pós-graduação 
Disciplina Vigilância em Saúde 
Tema Vigilância Epidemiológica 
Professor Joy Ganem Longhi 
Introdução 
Neste tema, vamos compreender o papel e a importância da vigilância 
epidemiológica e como estamos nela inseridos; aprenderemos diversos 
conceitos relacionados à área e que comumente são confundidos. Bons 
estudos! 
Assista no seu material virtual ao vídeo de introdução que a professora 
Joy fez deste tema. 
Problematização 
Ontem foi um dia de festa na casa da família Sanches. A filha mais nova 
se formou em Serviço Social e, por isso, fez uma confraternizaçãona 
churrascaria ao lado do teatro em que foi a colação de grau. Essa ideia não foi 
só da família Sanches e diversos outros alunos também jantaram com suas 
famílias e amigos nesse mesmo restaurante. 
Hoje, ao se conversarem sobre a festa, diversos alunos relataram que 
após o jantar eles e seus convidados apresentaram vômito e diarreia e estão 
juntando as evidências, pois acreditam que tenha sido devido à ingestão de 
maionese. 
Neste caso, estamos diante de que tipo de ocorrência? 
Não responda ainda, vamos estudar nosso material e ao final você 
poderá escolher a melhor opção. 
 
 
 
 
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2 
Vigilância Epidemiológica 
Nas últimas décadas, a implementação de ações de vigilância 
epidemiológica (VE) esteve em consonância com as primeiras definições 
conceituais estabelecidas a partir das reflexões teóricas de Langmuir e Raska, 
esboçada na década de 1960. Em 1963, Langmuir definiu a VE como: 
Observação contínua da distribuição e tendências da incidência de 
doenças mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de 
informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados 
relevantes e a regular disseminação dessas informações a todos que 
necessitam conhecê-las (LANGMUIR). 
 
Em 1966, Raska publicou um artigo no qual define vigilância como: 
O estudo epidemiológico de uma enfermidade, considerada como um 
processo dinâmico que abrange a ecologia dos agentes infecciosos, o 
hospedeiro, os reservatórios e vetores, assim como os complexos 
mecanismos que intervêm na propagação da infecção e a extensão 
com que essa disseminação ocorre (HAMMANN; LAGUANDIA, 
2000). 
 
Atualmente, após cinco décadas das referidas definições, é 
inquestionável o papel da VE como um componente da monitorização do 
estado de saúde da população, na formulação, no desenvolvimento e na 
implementação de políticas de saúde pública e na promoção de ambientes 
seguros e saudáveis. 
Em face das mudanças nos padrões epidemiológicos de vários agravos, 
o surgimento de novos agentes patogênicos, os efeitos da globalização da 
economia e seu desdobramento nas relações humanas, assim como o impacto 
da ação dos seres humanos sobre o meio ambiente, faz-se necessária a 
revisão e ampliação de suas estratégias e práticas (HAMMANN; LAGUANDIA, 
2000). 
Histórico 
As primeiras intervenções estatais no campo da prevenção e controle de 
doenças, desenvolvidas sob bases científicas modernas, datam do início do 
século XX e foram orientadas pelo avanço da era bacteriológica e pela 
descoberta dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e 
 
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3 
parasitárias. Essas intervenções consistiram na organização de grandes 
campanhas sanitárias e visavam controlar doenças que comprometiam a 
atividade econômica como, por exemplo: a febre-amarela, a peste e a varíola 
(BRASIL, 2009). 
A expressão “Vigilância Epidemiológica” passou a ser aplicada ao 
controle das doenças transmissíveis na década de 1950 para designar uma 
série de atividades subsequentes à etapa de ataque da Campanha de 
Erradicação da Malária. Visava à vigilância de pessoas, com base em medidas 
de isolamento ou de quarentena, aplicadas individualmente e não de forma 
coletiva (BRASIL, 2009). 
No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola - CEV (1966-1973) é 
reconhecida como marco da institucionalização das ações de vigilância no 
país. O modelo da CEV inspirou a Fundação de Serviços de Saúde Pública 
(FSESP) a organizar, em 1969, um sistema de notificação semanal de doenças 
selecionadas e disseminar informações pertinentes em um boletim 
epidemiológico de circulação quinzenal (BRASIL, 2009). 
Em 1968, a vigilância epidemiológica foi tema central da 21ª Assembleia 
Mundial de Saúde, ficando estabelecida a abrangência do conceito, que 
permitia a aplicação a diversos problemas de saúde pública, além das doenças 
transmissíveis, como: as malformações congênitas, envenenamento na 
infância, leucemia, aborto, acidentes, doenças profissionais, comportamentos 
de fatores de risco, riscos ambientais, utilização de aditivos, entre outros 
(BRASIL, 2009). 
Em 1975, o Ministério da Saúde instituiu, por recomendação da 5ª 
Conferência Nacional de Saúde, o Sistema Nacional de Vigilância 
Epidemiológica (SNVE), por meio da Lei nº 6.259/75 e Decreto nº 78.231/76. 
Assim, tornou-se obrigatória a notificação de doenças transmissíveis 
selecionadas. Em 1977, o Ministério da Saúde elaborou o primeiro Manual da 
Vigilância Epidemiológica, reunindo e compatibilizando as normas técnicas que 
eram utilizadas para a vigilância de cada doença, no âmbito de programas de 
 
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4 
controle específicos (BRASIL, 2009). 
A partir da década de 80, com objetivo de superar as dificuldades 
encontradas para o bom desempenho da VE, foram implantadas, entre outras 
atividades, elaboração e/ou revisão de normas técnicas, treinamentos e 
supervisões. Em 1983, foi estruturado em programa de treinamento em VE, 
com base em materiais institucionais desenvolvidos pela Secretaria de 
Recursos Humanos do Ministério da Saúde (CARVALHO; MARZOCCHI, 1992). 
Definições, Propósitos e Funções 
 O Sistema Único de Saúde define na Lei nº 8.080/90 a vigilância 
epidemiológica como: 
Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou 
prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de 
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das 
doenças ou agravos (BRASIL, 2009). 
 
A vigilância epidemiológica tem como propósito oferecer orientação 
técnica permanente para os profissionais de saúde, que têm a 
responsabilidade de decidir sobre a execução das ações de controle de 
doenças e agravos, tornando disponíveis informações atualizadas sobre essas 
doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área 
geográfica ou população definida (BRASIL, 2009). 
São funções da vigilância epidemiológica: 
 Coleta de dados; 
 Processamento dos dados coletados; 
 Análise e interpretação dos dados processados; 
 Recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas; 
 Promoção das ações de prevenção e controle indicadas; 
 Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; 
 Divulgação de informações pertinentes. 
 
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5 
Portanto, as funções da VE estão pautadas na tríade informação-
decisão-ação. Assim, sua atuação deve ultrapassar o enfoque da doença, 
procurando identificar os fatores que determinam o processo saúde-doença e, 
assim, desenvolver práticas voltadas para a promoção da saúde (SANTOS; 
MELO, 2008). 
O Sistema de Vigilância Epidemiológica (SVE) organiza-se através de 
diversas esferas de competências para cada nível administrativo, competências 
essas definidas pela Constituição Federal e que preveem a descentralização 
das atividades de VE, em consonância com os princípios do Sistema Único de 
Saúde (SUS), conforme visualizado no quadro abaixo: 
Esquema básico do Sistema de Controle de Doenças e Agravos 
Níveis Nacional Central Estadual Municipal Local 
Órgão 
responsável 
Ministério da 
Saúde 
 
 
Conselho Nacional 
de Saúde 
Secretaria 
Estadual de Saúde 
 
Conselho Estadual 
de Saúde 
Secretaria 
Municipal de 
Saúde 
 
Conselho 
Municipal de 
Saúde 
Centro de 
Saúde, 
Unidade mista, 
Posto de 
saúde, 
Hospital, 
Ambulatório, 
Consultório 
médico, 
Laboratório. 
 
Escola, 
Extensão rural, 
Agremiação, 
Igrejas. 
Localização Brasília-DF Capitais das UF Sedes Municipais 
Bairros, vilas e 
povoados 
 
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6 
Funções 
Coordenação 
nacional 
•Coleta de dados e 
informações 
•Análise de dados 
•Investigações 
especiais 
•Assessoria 
técnica

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