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01 - Conceito, funções e princípios da responsabilidade civil (1)

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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA 
UNOESC - CAMPUS DE VIDEIRA 
CURSO DE DIREITO 
PROFESSOR: Me. Nilson Feliciano de Araújo 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Código Civil – Art. 927 a 954 
 
MÓDULO I 
 
CONCEITO, EVOLUÇÃO E PRINCÍPIOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
1. Introdução e evolução histórica 
A responsabilidade civil é um tema de suma importância para o conhecimento 
do direito, sendo um dos seus ramos mais relevantes, já que trata da recomposição 
dos danos causados em razão de inexecução contratual ou na ocorrência do ato 
ilícito. Abrange tanto o direito civil quanto o penal. 
Relaciona-se com todos os ramos do direito, estando inserido na essência da 
ciência jurídica, já que envolve a responsabilização pelo dano causado, seja qualquer 
que seja esse. 
É importante também o estudo e conhecimento da responsabilidade civil, já 
que este tema é comumente objeto de questionamentos em todas as provas de 
conhecimento na área jurídica, sendo necessário o domínio, tanto para concursos 
quanto, principalmente, para o exercício de qualquer atividade que envolva a 
ciência do direito. 
Na sociedade moderna, prima-se pela chamada segurança jurídica e ordem 
social, fatores imprescindíveis para a existência do Estado Democrático de Direito e 
também para possibilitar o pleno exercício dos direitos, de modo a se ter a correta 
reparação sempre que alguém sofrer algum tipo de dano. 
A responsabilidade civil é fruto da evolução do Direito Romano, sendo que ao 
longo dos tempos sofreu transformações de forma a adequar-se as evoluções que 
experimentaram nossa sociedade. 
Quanto mais as relações sociais se foram intensificando e tornando-se 
complexas, mais se sentiu a necessidade e a importância do instituto, e mais 
aplicabilidade teve a responsabilidade para a solução dos conflitos decorrentes da 
recomposição dos danos. 
2 
 
Na fase primitiva da humanidade o homem agia por seus instintos para repelir 
ameaças ao seu patrimônio, reagindo de maneira imediata e brutal ao possível dano. 
Essa fase ficou conhecida como fase da vingança privada, onde a pessoa poderia 
repelir ou revidar uma agressão através de suas próprias forças, vez que o Estado não 
interferia na relação das pessoas. 
O Código de Hamurabi (2.500 a.C), permitia que o lesado reagisse “legalmente” 
à ação sofrida, mesmo que de maneira desproporcional entre o dano e aquela ação, 
cujo respaldo se encontrava na Lei de Talião: “olho por olho, dente por dente”. 
Vê-se que naqueles tempos primitivos não havia uma preocupação maior em 
relação a validação de provas e análise de culpabilidade. Na maioria das vezes eram 
eventos empíricos que decidiam se haveria ou não punição aos agressores, como 
destaca-se em alguns artigos do código de Hamurabi: 
1. Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não 
puder provar, então que aquele que enganou deve ser condenado à morte. 
2. Se alguém fizer uma acusação a outrem, e o acusado for ao rio e pular neste 
rio, se ele afundar, seu acusador deverá tomar posse da casa do culpado, e se 
ele escapar sem ferimentos, o acusado não será culpado, e então aquele que 
fez a acusação deverá ser condenado à morte, enquanto que aquele que 
pulou no rio deve tomar posse da casa que pertencia a seu acusador. 
3. Se alguém trouxer uma acusação de um crime frente aos anciões, e este 
alguém não trouxer provas, se for pena capital, este alguém deverá ser 
condenado à morte. 
Em um momento seguinte o Estado passou a intervir na recomposição dos 
danos, vez que na vingança privada os excessos eram comuns, sendo necessária a 
imposição de certos limites, podendo o ofendido reagir dentro destes limites 
estabelecidos. 
A partir do aparecimento da retaliação por intermédio do Estado, é possível 
notar os primeiros resquícios da responsabilidade civil objetiva, na medida em que o 
lesado somente reagia ao dano sofrido sem nem mesmo haver comprovação da 
culpa do agente. 
Mais adiante foi adotada a composição, onde as próprias partes envolvidas 
pactuavam as condições da recomposição dos danos, o que geralmente se dava 
pelo pagamento em dinheiro. Este instituto teve origem na Lei das XII Tábuas, que 
ainda inspirou o surgimento de outras legislações. 
É neste momento que significativa alteração ou evolução na responsabilidade 
civil foi sentida, pois o agente causador do dano não mais respondia com seu próprio 
corpo para o ressarcimento do dano, mas sim com seu patrimônio, situação quer 
perdura até os dias de hoje. Passou-se da recomposição pessoal com dor e sofrimento 
para a recomposição patrimonial, através dos bens e posses do ofensor. 
Tem-se aí o ditado popular que a parte que mais dói no corpo humano é o 
bolso. 
A responsabilidade civil é um dos problemas centrais do direito privado neste 
século e continuará sendo um importante tema, ainda mais com a evolução social, 
fruto tanto do desenvolvimento tecnológico como da globalização da economia, 
trazendo profundas transformações nas relações entre pessoas. 
A evolução da responsabilidade civil acabou ensejando dois campos distintos: 
 O exame da conduta do autor do dano e a responsabilidade civil dependiam 
de culpa, provada ou presumida; 
3 
 
 A garantia da segurança da vítima, com base nas teorias da responsabilidade 
objetiva, baseada no risco ou nas situações de profunda desigualdade existente 
entre quem causava o dano e a vítima da lesão. 
No Código Civil de 1916 a jurisprudência e a doutrina transformaram a 
necessidade de prova da culpa à qual se referia o art. 1.523, em presunção 
inicialmente juris tantum (admite prova em contrário) e posteriormente juris et jure, 
(não admite prova em contrário) ensejando, assim, uma responsabilidade objetiva. 
O atual Código Civil, de 2002, reconhece a responsabilidade civil objetiva em 
vários artigos, situação já corrente em muitos países. Isso decorre da enorme 
dificuldade nas relações atuais em se comprovar a culpa do agente causador do 
dano e com isso, impedir que se dê sua responsabilização e a consequente 
recomposição. 
 
2. Conceito 
O termo “responsabilidade” advém do latim respondere, cujo significado traduz-
se na obrigação de responsabilizar-se, estando intimamente ligado a obrigação, pois 
quem responsabiliza se obriga a alguma coisa, imposta de forma legal, em que há 
imposição de não se causar dano a outrem (obrigação de não fazer), ou imposta de 
forma contratual quando do seu inadimplemento. 
Vários são os conceitos da responsabilidade civil e todos eles de certa forma 
envolvem a violação de uma regra legal ou contratual e a necessidade da 
recomposição de eventuais danos decorrentes dessa ação ou omissão. 
Responsabilidade civil é a obrigação da pessoa física ou jurídica, ofensora de 
reparar o dano causado por conduta que viola um dever jurídico preexistente de não 
lesionar implícito ou expresso em lei. (Rui Stoco) 
É a situação de quem sofre as consequências da violação de uma norma, ou 
como a obrigação que incumbe a alguém de reparar o prejuízo causado a outrem, 
pela sua atuação ou em virtude de danos provocados por pessoas ou coisas dele 
dependentes. 
Trata-se, pois, de um mecanismo jurídico para sancionar violações prejudiciais 
de interesses alheios (Arnold Wald). 
A aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou 
patrimonial causados a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por 
pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples 
imposição legal. (Maria Helena Diniz). 
 
3. Funções 
A função primordial da responsabilidade civil é possibilitar a ordem pública e o 
convívio harmônico de modo que todo aquele que causar prejuízo a outro esteja 
obrigado a repará-lo. 
É a mantença da segurança jurídica, seja quanto ao patrimônio, quanto a 
moral. 
O objetivo é a recomposição dos danos e o reestabelecimento da situação 
anterior ao dano. 
As funções da responsabilidadecivil são: 
4 
 
 ressarcitória (para a vítima - material) 
 compensatória (para a vítima – moral) 
 punitiva (para o agressor) 
 sociopreventiva (para terceiros) 
 
a) Função ressarcitória 
O objetivo desta função é fazer com que as coisas retornem à situação anterior 
à lesão. É aplicada na recomposição do dano material ou patrimonial, já que nesta 
espécie há como se reestabelecer a situação anterior a existência do dano, tratando-
se de recomposição do patrimônio. 
Tem o objetivo de garantir o direito do lesado à segurança dos bens que 
compõem seu patrimônio, por meio de uma reconstituição do valor do prejuízo. 
É a recomposição patrimonial que tem direito o ofendido, de modo que lhe seja 
restituído o patrimônio que não poderá sofrer diminuição em razão de dano praticado 
por alguém contra si. 
 
b) Função compensatória 
Há bens e direitos de um indivíduo que embora componham sua personalidade 
e patrimônio, não possuem uma valoração direta e assim não podem ser ressarcidos. É 
a lesão à intimidade, privacidade e imagem, ou o dano moral, como conhecemos. 
Na impossibilidade de ressarcimento ou reparação específica, a compensação 
vem no sentido reestabelecer o equilíbrio anteriormente existente, ou seja, substituir 
uma coisa que falta (o dano pelo dinheiro). 
O dinheiro em si não traz felicidade, mas ele funciona como um meio de acesso 
aos mais variados bens de consumo, cujo acesso garante aos indivíduos sensações 
agradáveis, compensando de certa forma o abalo sofrido (WALD, 2011). 
Nos dizeres de Coco Chanel, “o que conta não são os quilates, mas o efeito." 
Na função compensatória, ao contrário da ressarcitória, o valor pago em 
dinheiro não é necessariamente equivalente ao dano, mas sim somente para 
neutralizar ou minimizar os efeitos deste. 
É de se destacar aqui forte corrente doutrinária e jurisprudencial no sentido que 
combatem a vulgarização e monetarização do dano moral, muitas vezes utilizado de 
forma banal e objetivando apenas o enriquecimento sem causa. 
Alguns autores defendem que o abalo moral experimentado pela vítima não 
deveria necessariamente ser recomposto de forma monetária, mas de outras possíveis 
que viessem a amenizar o sofrimento da vítima, como tratamento psicológico entre 
outros. 
 
c) Função punitiva 
É a responsabilidade como instrumento de punição ao agressor, agindo 
pedagogicamente no sentido de desmotiva-lo a reiterar a conduta. 
Tem a dupla finalidade de conscientizar o agressor de seu comportamento 
danoso através da aplicação de uma sanção que lhe diminua o patrimônio, como 
também o efeito pedagógico a terceiros com a punição do agressor. 
5 
 
Nem sempre a punição com a diminuição patrimonial do agressor deve ser 
revertida integralmente à vítima. Em algumas situações, essa situação poderia gerar 
um enriquecimento desproporcional para a vítima. Assim, vale a prudência de se 
aplicar o parágrafo único do artigo 883 do Código Civil: 
Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter 
fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. 
Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de 
estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz. 
Ocorre que em algumas situações a situação econômica do agressor é muito 
desproporcional à da vítima, situação em que deve se ter uma razoabilidade, 
principalmente na recomposição do dano moral, de forma que não gere um 
enriquecimento sem causa. 
 
d) Função sociopreventiva (socioeducacional) 
É pautada pelo princípio da prevenção ou da precaução, o qual estabelece 
um sistema jurídico baseado na prudência, criando um dever de segurança geral. 
Esta função é exercida pelo Estado, por meio de seus órgãos regulatórios, já que 
é uma obrigação de todos prevenir a ocorrência de danos e, na medida do possível, 
aumentar o nível de segurança dos indivíduos. (WALD, 2011). 
No artigo 6º do Código do Consumidor existem dispositivos para a suspensão da 
publicidade enganosa e também proibição de comercialização de produtos 
perigosos. 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por 
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou 
nocivos; 
(.....) 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou 
impostas no fornecimento de produtos e serviços; 
(.....) 
O Supremo Tribunal Federal assim se manifesta quanto a publicidade enganosa 
à luz da responsabilidade civil: 
INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Lei nº 12.420/99, do Estado do Paraná. 
Consumo. Comercialização de combustíveis no Estado. Consumidor. Direito de 
obter informações sobre a natureza, procedência e qualidade dos produtos. 
Proibição de revenda em postos com marca e identificação visual de outra 
distribuidora. Prevenção de publicidade enganosa. Sanções administrativas. 
Admissibilidade. Inexistência de ofensa aos arts. 22, incs. I, IV e XII, 170, incs. IV, 
177, §§ 1º e 2º, e 238, todos da CF. Ação julgada improcedente. Aplicação dos 
arts. 24, incs. V e VIII, cc. § 2º, e 170, inc. V, da CF. É constitucional a Lei nº 12.420, 
de 13 de janeiro de 1999, do Estado do Paraná, que assegura ao consumidor o 
direito de obter informações sobre a natureza, procedência e qualidade de 
produtos combustíveis comercializados nos postos revendedores do Estado. 
(ADI 1980, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 16/04/2009, 
DJe-148 DIVULG 06-08-2009 PUBLIC 07-08-2009 EMENT VOL-02368-01 PP-00151 RTJ 
VOL-00211- PP-00052 LEXSTF v. 31, n. 368, 2009, p. 69-77 RSJADV jan./fev., 2010, p. 
32-34) 
 
6 
 
4. Princípios da responsabilidade civil 
Princípios são proposições básicas que fundamentam e orientam uma ciência 
jurídica. 
No direito, para facilitar seu estudo, os temas estão divididos em várias áreas de 
conhecimento, tendo cada uma delas princípios específicos que, alicerceados nos 
princípios gerais do direito, dão os contornos básicos para compreensão, estudo e 
interpretação das normas jurídicas. 
Nos dizeres de Silvio Venosa, os princípios da responsabilidade civil buscam 
restaurar um equilíbrio patrimonial e moral violado. 
Não há em nenhum ramo do direito consenso quanto à nominação e tipos de 
princípios. Na responsabilidade civil da mesma forma. 
Assim enumeramos alguns dos princípios mais comuns que são dissertados por 
alguns autores e de forma geral geram certo consenso nos meios doutrinários e 
jurisprudenciais. 
 
a) Princípio da correspondência entre o risco e a vantagem 
O beneficiado por uma atividade deve arcar com os prejuízos dela decorrentes. 
Trata-se do princípio fundamental da teoria do risco-proveito. 
A maior dificuldade relativa a esse princípio, é estabelecer o que deve ser 
considerado benefício: apenas vantagens pecuniárias ou quaisquer vantagens? 
No limite, é possível considerar, que "todos os que agem livremente, por vontade 
própria, o fazem em seu próprio interesse", obtendo, portanto, um benefício. 
O princípio da correspondência entre risco e vantagem é especialmente 
convincente como fundamento da responsabilidade de profissionais, pois estes 
podem distribuir o risco entre seus clientes, igualmente beneficiários da manutenção 
da fonte de risco, por meio do preço. 
Exemplos: do transportador pelos danos causados; empregador por danos 
causados a empregados e a terceiros. 
 
b) Princípio do risco extraordinário 
Toda atividade humana envolve riscos. Dirigir um automóvel, praticar um 
esporte, até andar a pé envolve o risco de sofrer danos. O próprio fato de ocorrer um 
acidente qualquer é a comprovação de que a atividade em questão envolvia algum 
risco. 
O ordenamento jurídico, ao regular a responsabilidade civil, define o modo 
como esses riscos deverão ser distribuídos. 
Ao estabelecer a responsabilidade subjetiva, o legisladoratribui à vítima os riscos 
envolvidos em dada situação, a não ser que haja dolo ou culpa de quem deu causa 
ao dano. 
Ao estabelecer a responsabilidade objetiva, por outro lado, o direito desloca da 
vítima para uma outra pessoa o ônus de arcar com os riscos da situação. 
Uma justificativa para esse tratamento diferenciado dos riscos envolvidos nas 
mais diversas situações da vida é a ideia de risco extraordinário (besondere Gefahr, na 
doutrina alemã), isto é, um risco acima do normal. 
7 
 
O caráter extraordinário do risco pode ser determinado pela grande 
probabilidade da ocorrência de danos, pelo valor elevado dos prejuízos potenciais ou 
pelo desconhecimento do potencial danoso da situação ou atividade regulada. 
 
c) Princípio da causa do risco 
A responsabilidade deve ser atribuída a quem deu causa ao dano, isto é, ao 
sujeito que mantém a fonte do risco. 
Esse princípio relaciona-se de modo íntimo com o princípio da prevenção, pois, 
normalmente, o sujeito que mantém a fonte de risco é quem a conhece melhor e está 
na melhor posição para evitar, na medida do possível, a ocorrência de danos. 
 
d) Princípio da prevenção 
De acordo com o princípio da prevenção, a responsabilidade se atribui ao 
sujeito em melhores condições para controlar e reduzir os riscos de dano. 
O sujeito que controla a fonte de risco pode, por meio de certas medidas, 
reduzir o risco ao nível mais baixo possível. 
A imposição de responsabilidade é um incentivo para que ele o faça. 
 
e) Princípio da distribuição dos danos 
De acordo com esse princípio, tendo em vista que uma das funções da 
responsabilidade é distribuir os danos, ela deve ser atribuída ao sujeito em melhores 
condições para repartir o prejuízo, de modo que um número maior de pessoas o 
suporte e seja diminuído o fardo individual. 
Enseja a responsabilidade solidária e subsidiária. 
 
f) Princípio da equidade 
Segundo o princípio da equidade, a responsabilidade se atribui a quem tem as 
melhores condições de suportar o prejuízo do ponto de vista econômico. 
Naturalmente, este princípio não é justificativa suficiente para a 
responsabilidade objetiva, se considerado isoladamente. 
No entanto, pode ser considerada uma justificativa complementar para a 
atribuição. 
Esses princípios servem de base para o entendimento e aplicação a 
responsabilidade civil, seja nas relações contratuais seja quando da prática do ato 
ilícito e possibilitam a melhor aplicabilidade da responsabilização e recomposição dos 
danos.

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