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BIZU - Legislacao Penal (1)

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TORTURA
Tortura prova: Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa (art. 1º, I, ‟a”, da Lei 9455/97);
Tortura crime: Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental para provocar ação ou omissão de natureza criminosa (art. 1º, I, ‟b”, da Lei 9455/97);
Tortura discriminatória: Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa (art. 1º, I, ‟c”, da Lei 9455/97).
Tortura castigo: Submeter alguém, sob guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo (art. 1º, II, da Lei 9455/97).
Tortura do preso ou de pessoa sujeita a medida de segurança: Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal (art. 1º, §1, da Lei 9455/97).
Tortura omissão: Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. É o único delito da Lei 9455/97 que não é equiparado aos crimes hediondos. É aplicável a suspensão condicional do processo.
Formas qualificadas: Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de 4 anos a 10 anos; se resulta morte, a reclusão é de 8 a 16 anos.
Causas de aumento de pena: Aumenta-se a pena de 1/6 até 1/3: a) se o crime é cometido por agente público; b) se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos; c) se o crime é cometido mediante sequestro. 
Efeitos da condenação: A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Esses efeitos da condenação são automáticos, ou seja, não necessitam constar da sentença penal condenatória.
O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. 
Regime de cumprimento da pena: O regime inicial para esses crimes acima pode ser o semiaberto e o aberto.
Exceção ao princípio da territorialidade previsto no art. 5º do Código Penal: A lei 9455/97 aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
CONTRAVENÇÕES PENAIS (Decreto-Lei 3.688/41)
Infração penal: O Brasil adotou o critério dicotômico, ou seja, as infrações penais dividem-se em crimes e contravenções penais. De acordo com o art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal:
Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. As contravenções penais, em regra, estão previstas no Decreto-Lei nº 3688/41, que foi recepcionado pela Constituição Federal como lei ordinária.
Territorialidade - Em relação às contravenções penais, adotou-se o critério da territorialidade exclusiva, ou seja, a lei penal brasileira somente tem aplicação a contravenções penais ocorridas no território nacional.
Tentativa – Movido por política criminal ante a pequena potencialidade lesiva, o legislador expressamente descreveu que não é punível a tentativa de contravenção penal.
Penas – As penas aplicáveis para as contravenções penais são a prisão simples e a multa. A prisão de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção. O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede a quinze dias. Em caso de inadimplemento da pena de multa não há que se falar em conversão em prisão simples. O art. 9º da LCP foi revogado pela Lei nº 9268/96, que alterou a redação do art. 51 do CP, estabelecendo que a pena de multa não paga deve ser executada na forma da legislação tributária. 
Reincidência - Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.
Erro de direito – No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. Com razão, o professor Damásio de Jesus entende que o art. 8º da LCP teria sido revogado pela reforma penal de 1984 do Código Penal, tendo sido substituído pelo erro de proibição do art. 21 do Código Penal.
Sursis – O período de prova do sursis na contravenção penal é de 1 a 3 anos. Os demais pressupostos são os mesmos do art. 77 do Código Penal.
A ação penal – Nas contravenções penais a ação penal é sempre pública. 
Vias de fato – Praticar vias de fato contra alguém. Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, se o fato não constitui crime.
Perturbação do trabalho ou do sossego alheios – Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheios: I – com gritaria ou algazarra; II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem guarda. Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa.
CRIMES HEDIONDOS
Crimes equiparados a hediondos – Tortura, Terrorismo e Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas. Os delitos assemelhados ao hediondo são expressamente descritos na Constituição Federal, sofrendo os rigores penais e processuais da Lei dos Crimes Hediondos. Segundo entendimento do STF, tráfico privilegiado (art. 33, §4º, da Lei 11343/06) não é equiparado a hediondo.
Rol dos crimes hediondos – O rol dos crimes hediondos é taxativo (numerus clausus) e previsto no art. 1º da Lei nº 8072/90. Eis os crimes hediondos: I – homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado; I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; II – latrocínio; III – extorsão qualificada pela morte; IV – extorsão mediante sequestro e na forma qualificada; V – estupro; VI – estupro de vulnerável, VII – epidemia com resultado morte, VII-B – falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais; 
Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto e fiança (art. 2º, incisos I e II, da Lei nº 8072/90). Todavia, o magistrado diante do caso concreto pode conceder liberdade provisória sem fiança.
Regime inicial de cumprimento da pena – Atualmente é possível iniciar o cumprimento da pena pela prática de um crime hediondo ou equiparado em regime diverso do fechado, se preenchidos os requisitos do art. 33 do CP.
Progressão de regime – A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos
neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5, se reincidente.
Prisão temporária – A prisão temporária nos crimes hediondos e equiparados terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovadanecessidade.
Estabelecimentos penais de segurança máxima – Compete à União Federal criar e manter os estabelecimentos prisionais de segurança máxima destinados aos presos de alta periculosidade, cuja permanência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou a incolumidade pública.
Delação eficaz - Se o crime de extorsão mediante sequestro é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado terá sua pena reduzida de uma a dois terços. É uma causa de diminuição de pena
Traição benéfica – Também é uma causa de diminuição de pena, cabível quando o partícipe ou seu associado denunciar à autoridade a associação criminosa qualificada (aquela constituída para cometer os crimes de que trata a Lei nº 8072/90), possibilitando, obrigatoriamente, o seu desmantelamento.

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