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Acidentes por animais peçonhentos Aranhas Os acidentes causados por aranhas são comuns, porém a maioria não apresenta repercussão clínica. Os gêneros de importância em saúde pública no Brasil são a aranha-marrom (Loxosceles), aranha-armadeira ou macaca (Phoneutria) e viúva-negra (Latrodectus). Acidentes causados por outras aranhas podem ser comuns, porém sem relevância em saúde pública, sendo que os principais grupos pertencem, principalmente, às aranhas que vivem nas casas ou suas proximidades, como caranguejeiras e aranhas de grama ou jardim. Três gêneros de aranhas consideradas de importância médica no Brasil: 1. Aranha-marrom (Loxosceles) - Não é agressiva, pica geralmente quando comprimida contra o corpo. Tem um centímetro de corpo e até três de comprimento total. Possui hábitos noturnos, constrói teia irregular como “algodão esfiapado”. Esconde-se em telhas, tijolos, madeiras, atrás ou embaixo de móveis, quadros, rodapés, caixas ou objetos armazenados em depósitos, garagens, porões, e outros ambientes com pouca iluminação e movimentação. 2. Aranha armadeira ou macaca (Phoneutria) - Bastante agressiva, assume posição de defesa saltando até 40 cm de distância. O corpo pode atingir 4 cm, com 15 cm de envergadura. Ela é caçadora, com atividade noturna. Abriga-se sob troncos, palmeiras, bromélias e entre folhas de bananeira. Pode se alojar também em sapatos, atrás de móveis, cortinas, sob vasos, entulhos, materiais de construção, etc. 3. Viúva-negra (Latrodectus) - Não é agressiva. A fêmea pode chegar a 2 cm e o macho de 2 a 3 cm. Tem atividade noturna e hábito de viver em grupos. Faz teia irregular em arbustos, gramíneas, cascas de coco, canaletas de chuva ou sob pedras. É encontrada próxima ou dentro das casas, em ambientes sombreados, como frestas, sob cadeiras e mesas em jardins. Caranguejeiras (Infraordem Mygalomorphae) - As aranhas caranguejeiras, embora grandes e frequentemente encontradas em residências, não causam acidentes considerados graves. Como prevenir acidentes Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas; Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada; Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas; Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo; Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres; Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar acidentes; Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois muitos desses animais têm hábitos noturnos; Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas e telas nas janelas; Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques; Combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam; Afastar as camas e berços das paredes. Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Inspecionar sapatos e tênis antes de calçá-los; Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, coatis, entre outros (na zona rural). Sintomas Acidentes com aranha causam sintomas que podem ser leves a severos. Em raros casos, pode levar à morte. Aranha-armadeira: causa dor imediata e intensa, com poucos sinais visíveis no local. Raramente pode ocorrer agitação, náuseas, vômitos e diminuição da pressão sanguínea. Aranha-marrom: a picada é pouco dolorosa e uma lesão endurecida e escura costuma surgir várias horas após, podendo evoluir para ferida com necrose de difícil cicatrização. Em casos raros, pode ocorrer o escurecimento da urina. Viúva-negra: dor na região da picada, contrações nos músculos, suor generalizado e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos. O que fazer em caso de acidente: Lavar o local da picada; Usar compressas mornas, pois ajudam no alívio da dor; Elevar o local da mordida; Procurar o serviço médico mais próximo; Quando possível, levar o animal para identificação. Atenção ao que não se deve fazer após acidente: Não fazer torniquete ou garrote; Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida; Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções; Não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país. AS SEGUINTES MEDIDAS SÃO EFICAZES PARAO CONTROLE E PREVENÇÃO DEACIDENTES: 1 - Manter LIMPOS quintais, jardins e terrenos baldios e forros de telhados, não acumulando entulho como tijolos, telhas, madeiras e lixo doméstico; 2 Aparar a grama dos jardins e recolher as folhas caídas frequentemente; 3 - Vedar soleiras de portas com saquinhos de areia ou friso de borracha, colocar telas nas janelas, vedar ralos das pias, dos tanques e do chão com tela ou válvula apropriada; 4 - Colocar o lixo em sacos plásticos, que devem ser mantidos fechados para evitar o aparecimento de baratas, moscas e outros insetos que são o alimento predileto de aranhas; 5 - Examinar roupas, calçados, toalhas e roupas de cama antes de usá-las; 6 Andar sempre calçado e usar luvas de raspa de couro ao trabalhar com material de construção, lenha, e ao realizar a limpeza de seu quintal; 7 - Manter caixas de gordura bem vedadas para não atrair baratas, que são alimento para as aranhas. Para evitar aranhas, o uso periódico de inseticidas não é solução. Além do alto custo, a aplicação desses produtos tem pouquíssimo efeito e pode provocar intoxicações em seres humanos e animais domésticos. O ideal é remover o material acumulado onde as aranhas estavam alojadas, isso evitará a reinfestação. Escorpiões Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o envenenamento provocado quando um escorpião injeta veneno através de ferrão (télson). Os escorpiões são representantes da classe dos aracnídeos, predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo, com maior incidência nos meses em que ocorre aumento de temperatura e umidade. No Brasil, os escorpiões de importância em saúde pública são as seguintes espécies do gênero Tityus: Escorpião-amarelo (T. serrulatus) - com ampla distribuição em todas as macrorregiões do país, representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica no país, facilitada por sua reprodução partenogenética e fácil adaptação ao meio urbano; Escorpião-marrom (T. bahiensis) - encontrado na Bahia e regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil; Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) - espécie mais comum do Nordeste, apresentando alguns registros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina; Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus) - encontrado na região Norte e Mato Grosso. Atualmente, há 19 famílias de escorpiões distribuídas em todo o mundo. Os gêneros que causam os mais graves acidentes são: Androctonus e Leiurus (África setentrional), Centruroides (México e Estados Unidos) e Tityus (América do Sul e Ilha de Trinidad). Os grupos mais vulneráveis são as trabalhadores da construção civil, crianças e pessoas que permanecem maiores períodos dentro de casa ou nos arredores, como quintais (intra ou peridomicílio). Ainda nas áreas urbanas, estão sujeitos os trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, por manusear objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar alojados. Sintomas A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem início rápido e duração limitada. Os adultos apresentam dor imediata,vermelhidão e inchaço leve por acúmulo de líquido, piloereção (pelos em pé) e sudorese (suor) localizadas, cujo tratamento é sintomático. Movimentos súbitos, involuntários de um músculo ou grupamentos musculares (mioclonias) e contração muscular pequena e local (fasciculações) são descritos em alguns acidentes por Escorpião-preto-da-Amazônia. Já crianças abaixo de 7 anos apresentam maior risco de alterações sistêmicas nas picadas por escorpião-amarelo, que podem levar a casos graves e requerem soroterapia específica em tempo adequado. Como prevenir acidentes Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das casas; Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Manter a grama aparada; Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto às casas; Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois as aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo; Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. É comum a presença de escorpiões sob dormentes da linha férrea; Usar calçados e luvas de raspas de couro; Como muitos destes animais apresentam hábitos noturnos, a entrada nas casas pode ser evitada vedando-se as soleiras das portas e janelas quando começar a escurecer; Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques; Combater a proliferação de insetos, para evitar o aparecimento dos escorpiões que deles se alimentam; Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e paredes, consertar rodapés despregados, colocar saquinhos de areia nas portas, colocar telas nas janelas; Afastar as camas e berços das paredes; Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Não pendurar roupas nas paredes; examinar roupas, principalmente camisas, blusas e calças antes de vestir; Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, moscas ou outros insetos de que se alimentam os escorpiões; Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos e sapos. O que fazer em caso de acidente escorpiônico: Limpar o local com água e sabão; Aplicar compressa morna no local; Procurar orientação imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referência); Atualizar-se regularmente junto à secretaria estadual de saúde para saber quais os pontos de tratamento com o soro específico em sua região; Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde. O que NÃO fazer em caso de acidente escorpiônico: Não amarrar ou fazer torniquete; Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem fazer curativos que fechem o local, pois isso pode favorecer a ocorrência de infecções; Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada; Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado, ou outros líquidos como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra o veneno e podem agravar o quadro. AS SEGUINTES MEDIDAS SÃO EFICAZES PARA O CONTROLE E PREVENÇÃO DE ACIDENTES: 1- Manter limpos quintais, jardins e terrenos baldios, não acumulando entulho e lixo doméstico; 2 - Aparar a grama dos jardins e recolher as folhas caídas; 3 - Vedar soleiras de portas com saquinhos de areia ou friso de borracha, colocar telas nas janelas, vedar ralos das pias, dos tanques e do chão com tela ou válvula apropriada; 4 - Colocar o lixo em sacos plásticos, que devem ser mantidos fechados para evitar o aparecimento de baratas, moscas e outros insetos, que são o alimento predileto dos escorpiões; 5 - Examinar roupas, calçados, toalhas e roupas de cama antes de usá-las; 6 - Andar sempre calçado e usar luvas de raspa de couro ao trabalhar com material de construção, lenha, etc. Serpentes Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da inoculação de uma peçonha através do aparelho inoculador (presas) de serpentes. No Brasil, as serpentes peçonhentas de interesse em saúde pública pertencem às Famílias Viperidae e Elapidae. Os acidentes estão divididos em quatro tipos: acidentes botrópicos (acidentes com serpentes dos gêneros Bothrops e Bothrocophias - jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca, comboia); acidentes crotálicos (acidentes com serpentes do gênero Crotalus - cascavel); acidentes laquéticos (acidentes com serpentes do gênero Lachesis - surucucu-pico-de-jaca); acidente elapídico (acidentes com serpentes dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus - coral-verdadeira). O envenenamento ocorre quando a serpente consegue injetar o conteúdo de suas glândulas venenosas, mas nem toda picada leva ao envenenamento. Isso porque há muitas espécies de serpentes que não possuem presas ou, quando presentes, estão localizadas na parte de trás da boca, o que dificulta a injeção de veneno ou toxina. Como prevenir acidentes O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos pode evitar cerca de 80% dos acidentes; Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, palhas, etc. Não colocar as mãos em buracos. Cerca de 15% das picadas atingem mãos ou antebraços; Cobras se abrigam em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado ao revirar cupinzeiros; Onde há rato, há cobra. Limpar paióis e terreiros, não deixar lixo acumulado. Fechar buracos de muros e frestas de portas; Evitar acúmulo de lixo ou entulho, de pedras, tijolos, telhas e madeiras, bem como não deixar mato alto ao redor das casas. Isso atrai e serve de abrigo para pequenos animais, que servem de alimentos às serpentes. O que fazer em caso de acidente: Lavar o local da picada apenas com água ou com água e sabão; Manter o paciente deitado; Manter o paciente hidratado; Procurar o serviço médico mais próximo; Se possível, levar o animal para identificação. O que NÃO fazer em caso de acidente: Não fazer torniquete ou garrote; Não cortar o local da picada; Não perfurar ao redor do local da picada; Não colocar folhas, pó de café ou outros contaminantes; Não beber bebidas alcoólicas, querosene ou outros tóxicos. Tratamento O tratamento é feito com o soro específico para cada tipo de envenenamento. Os soros antiofídicos específicos são o único tratamento eficaz e, quando indicados, devem ser administrados em ambiente hospitalar e sob supervisão médica.
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