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Cap_3 - Instrumental do Serviço Social

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Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
. 
 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 
www.cicloceap.com.br 
Módulo 3 - Instrumental do Serviço Social 
 
 
 
Prezado(a) aluno(a), 
 
Não há técnicas específicas ou restritivamente pertencentes a uma determinada 
profissão, sobretudo nas Ciências Sociais, nas quais os instrumentos são adequados 
e utilizados por diversas especialidades. 
O instrumental técnico deve ser entendido como meios facilitadores da ação 
profissional em constante movimento de elaboração/criação, no âmbito do fazer 
cotidiano, visando o melhor atendimento da realidade. 
O presente módulo apresenta as principais técnicas e instrumentos utilizados pelo 
Serviço Social, ressaltando sua aplicabilidade deve estar atrelada à vinculação com 
os aportes teóricos metodológicos. 
 
Bons estudos!!!! 
 
Índice 
 
1. A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social 
2. Os Instrumentais 
2.1. Linguagem 
2.2. A entrevista na prática do Serviço Social 
2.3. Grupo Operativo 
2.4. Visita 
2.4.1. Visita de inspeção 
2.5. Reunião 
2.5.1. Reunião de equipe 
2.6. Estudo Social 
2.6.1. A elaboração de um estudo social 
2.6.2. O que deve ser observado na elaboração de um estudo social 
2.6.3. A estrutura de um estudo social 
2.7. Perícia Social / Conhecendo o termo 
2.7.1 Relatório e laudo social 
2.7.2 Parecer Social 
3. Projeto de intervenção no Campo do Serviço Social 
3.1. Itens de um projeto de intervenção 
4. Redes Sociais 
4.1. Métodos de rede 
4.2. Genograma Familiar 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
. 
 Ciclo CEAP – Centro de Estudos Avançados de Psicologia 
www.cicloceap.com.br 
1. A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente 
Social 
 
 
 
Conforme Selma Marques Magalhães aponta em seu livro “Avaliação e Linguagem: 
relatórios, laudos e pareceres”, a instrumentalidade serve de ponto de apoio para 
o trabalho, facilita a nossa atuação, racionaliza o nosso tempo, direciona 
eticamente a nossa proposta de trabalho e, sobretudo demonstra respeito ao 
usuário. 
 
O instrumental não pode ser utilizado como um fim em si mesmo, ou corremos o 
risco de nossa prática se tornar voltada para o senso comum. Dessa forma, não 
podemos agir por agir, perguntar por perguntar, olhar por olhar, dando a impressão 
de que apenas colhemos dados, o que poderia ser feito por qualquer profissional. 
 
No período pós-reconceituação os assistentes sociais entendiam que o instrumental 
da profissão representava o pragmatismo herdado pela influência norte-americana. 
Dessa forma, o instrumental técnico-operativo na profissão era negado, pois nessa 
concepção ele se destinava a consolidar um projeto conservador de sociedade, 
amplamente combatido pela categoria profissional. A ação profissional deveria se 
pautar pela interpretação do mundo mediante a leitura crítica da realidade. Tal 
leitura da realidade era desassociada da unidade teoria/prática, desconsiderando 
as dimensões teórico-metodológica, ético-político e técnico operativo. 
 
A ênfase do fazer profissional era a teoria, o método e a história distanciados da 
prática, do saber/fazer do Serviço Social, resultando em uma categoria profissional 
cindida entre assistentes sociais críticos e pragmáticos. 
 
Atualmente, os assistentes sociais retomam a questão da instrumentalidade 
considerando que a teoria não muda o mundo. O instrumental é uma ferramenta 
necessária à práxis na construção de uma sociedade. Assim, o trabalho do Serviço 
Social requer um instrumental técnico-operativo que é concebido como a 
ferramenta para a instrumentação do exercício profissional, que envolve na sua 
ação as dimensões teórico-metodológicas e ético-política. 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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O instrumental utilizado pelo Assistente Social no seu trabalho está articulado ao 
projeto ético-político da profissão, portanto aplicado com um sentido que 
possibilita conduzir o trabalho na direção da defesa de um projeto ético-político 
societário. 
 
Assim podemos dizer que a dimensão profissional está pautada em 03 aspectos: 
teórico-metodológico (saber), ético-político (poder) e técnico-operativo (fazer). 
 
Esses fundamentos constitutivos do Serviço Social interagem enquanto mediações 
da prática profissional e devem ser somados aos conhecimentos específicos do 
espaço ocupacional. 
No período pós-reconceituação o instrumental era negado, pois se entendia que ele 
representava um projeto conservador de sociedade. 
Atualmente a instrumentalidade é uma ferramenta necessária à práxis e contempla as 
dimensões teórico-metodológica, ético-político e técnico operativo. O instrumental está 
articulado ao projeto ético-político da profissão. 
 
2. Os Intrumentais 
 
2.1 A linguagem 
 
 
 
A linguagem é o instrumento privilegiado de todo o profissional que tem sua ação 
voltada para a intervenção junto a sujeitos sociais. Pois, na verdade, ela é o elo 
mais importante do processo comunicativo que se dá entre o profissional e o 
usuário. 
 
“O Serviço Social, como uma das formas institucionalizadas de atuação nas relações 
entre os homens no cotidiano da vida social, tem como recurso básico de trabalho a 
linguagem” Marilda Iamamotto. 
 
Como bem coloca a autora Selma Marques Magalhães, “o homem se comunica 
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através de signos, e esses são organizados através de códigos e linguagens. Pelo 
processo socializador, ele desenvolve e amplia suas aptidões de comunicação, 
utilizando os modos e usos de fala que estão configurados no contexto sociocultural 
dos diferentes grupos sociais dos quais faz parte”. 
“Considerando que a palavra é um signo ideológico por excelência, as enunciações 
linguísticas trazem, em si, uma natureza social e exprimem a subjetividade 
inerente aos valores da particularidade de cada contexto social (sozinha a palavra é 
neutra; só ganha conotação ideológica num contexto de comunicação). Logo, o 
material privilegiado da comunicação da vida cotidiana é a palavra”. (Magalhães, 
2006) . 
 
O uso de todo Instrumental pressupõe interações comunicativas. É a partir do uso 
da linguagem que o profissional poderá no seu espaço sócio-ocupacional, construir 
e utilizar de técnicas e instrumentos de intervenção. 
 
Para tanto é necessário considerar o contexto em que se dá a comunicação, bem 
como quem é o destinatário da mensagem. Tendo em vista que a linguagem é 
construída conforme as particularidades e singularidades dos grupos sociais em 
interação. 
 
Quando se usa a comunicação oral como instrumento de trabalho faz-se necessário 
o conhecimento não só das particularidades do contexto social, da classe ou grupos 
com os quais se interage, mas também dos signos (gírias, entonação, significado 
dos termos) que são expressos por meio da linguagem. O discurso não é expresso só 
pelo uso da palavra, o conteúdo não verbal, o olhar, a entonação, o gesto, o não 
falado, fazem parte da linguagem e estão carregados de significados. 
 
Já no contexto forense, a comunicação escrita assume espaço privilegiado, pois é 
por meio dela que se configura os fatos e o desenrolar dos autos de um processo. 
 
Na justiça, de forma objetiva, tudo gira em torno de um processo, no qual consta 
desde a documentação até a história de vida do usuário. Portanto os autos de 
processo são um importante meio de comunicação entre os profissionais que atuam 
na justiça. 
 
Exemplificando a importância desta comunicação escrita temos a máxima jurídica: 
“o que não está nos autos, não está na vida.” 
 
Os profissionais que exercem funções subsidiárias às decisões judiciais, como o 
assistente social e o psicólogo, por exemplo, irão anexar nos autos suas avaliações 
profissionais. Dessa forma, a leitura profissional de um caso atendido ganha a 
forma escrita. 
 
O profissional passaa ser o locutor do seu antigo locutor (usuário) para um novo 
interlocutor (juiz). Assim, a linguagem ganha conotação de metalinguagem, pois 
descreve a linguagem do antigo locutor, ou seja, do usuário, agora com um 
significado dado pelo saber profissional. 
 
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2.2 A entrevista na prática do Serviço Social 
 
 
 
A entrevista é um instrumento de trabalho do Assistente Social que permite a 
aproximação entre o Assistente Social e o usuário num processo de desconstrução, 
construção e reconstrução da problemática vivenciada pelos usuários. A entrevista 
é uma forma especializada de comunicação, é um meio de intervenção profissional, 
cuja intencionalidade pode ser de ajuste ou emancipação. 
 
Conforme a autora Selma Magalhães, a entrevista é um instrumento técnico muito 
utilizado e requer uma atitude profissional que implica em uma postura atenta e 
compreensiva, sem paternalismo. Requer um acolhimento do usuário, que deve ser 
visto e tratado como um sujeito de direitos. 
 
Segundo Maria Luza de Souza a entrevista é uma conversa entre duas ou mais 
pessoas com o objetivo de compreender, identificar ou constatar uma determinada 
situação. 
 
Na entrevista busca-se o conhecimento de dados, contudo ela não se reduz a um 
simples questionário de perguntas e respostas. A entrevista requer a participação 
do usuário, o estabelecimento de objetivos e uma escuta ativa. É importante 
ainda, o estabelecimento de vínculos entre o Assistente Social e o usuário, a fim de 
identificar os objetos de intervenção. 
 
Utilizando toda a sua habilidade, conhecimento e experiência o profissional deve 
fazer da entrevista um espaço de escuta visando à compreensão da realidade do 
usuário. 
 
O usuário deve ser envolvido neste processo sendo estimulado a analisar a sua 
realidade, a pensar em possíveis soluções para seus problemas e o Assistente Social 
é o responsável pela condução da entrevista se colocando de modo a favorecer o 
relacionamento interpessoal. 
 
Vasconcelos (1997) concebe a prática profissional como uma prática de caráter 
reflexivo que possibilita o rompimento com o instituído, mediante um fazer crítico, 
educativo, criativo e politizante. A ação envolve dois sujeitos: usuário e 
profissional, sendo que o profissional deve disponibilizar as informações a respeito 
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dos direitos sociais e do conhecimento técnico acerca da população usuária. 
 
Classificação das entrevistas: 
 
As entrevistas podem ser dirigidas (estruturadas, diretivas ou fechadas) ou 
semidirigidas (não estruturada, aberta). 
 
A entrevista dirigida é aquela cujo conteúdo a ser questionado não pode ser 
modificado, geralmente aplicada mediante um formulário com questões. É 
utilizada para a coleta de dados numa abordagem quantitativa. 
 
Na entrevista não estruturada, não diretiva ou aberta, chamada ainda de entrevista 
dialogada, o entrevistador e o entrevistado são agentes do processo. O 
entrevistador goza de autonomia para formular as perguntas. Esta entrevista 
permite a conscientização, a capacitação, a orientação, a informação e a 
valorização da autoestima do entrevistado. 
A entrevista pode ser estruturada, diretiva ou fechada, cujo conteúdo a ser questionado não 
pode ser modificado. É utilizada para a coleta de dados numa abordagem quantitativa. Na 
entrevista não estruturada, não diretiva ou aberta, chamada ainda de entrevista dialogada, 
entrevistador e entrevistado são agentes do processo. O entrevistador goza de autonomia para 
formular as perguntas. Esta entrevista permite a conscientização, a capacitação, a orientação, a 
informação e a valorização da autoestima do entrevistado. 
Entrevista: instrumental que implica em um relacionamento profissional que requer postura 
atenta e compreensiva. Deve-se ouvir, compreender e enxergar o usuário como um sujeito de 
direitos. O entrevistador deve estar atento ao conteúdo não verbal presente em uma entrevista: 
gestos, olhares, o tom da voz e até o silêncio. 
Tipos de entrevistas: 
 
Entrevista de ajuda 
Benjamim (1986) define a entrevista do Serviço Social como uma entrevista de 
ajuda, pois através dela o entrevistador leva o entrevistado a reconhecer o seu 
problema e decidir o que deve ser mudado e como. 
 
Entrevista de triagem 
Também chamada de entrevistas de ingresso, amplamente utilizadas em plantões 
sociais. 
 
Entrevista de avaliação socioeconômica 
Através dela se avaliam as condições socioeconômicas dos usuários. É utilizada em 
programas sociais, empresas e plantões sociais. 
 
Entrevista de devolução 
Entrevista na qual o entrevistador dá ciência ao entrevistado acerca do que foi 
constatado no decorrer da intervenção profissional, quais os encaminhamentos 
podem ser tomados. 
 
As etapas de uma entrevista 
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O acolhimento 
É a primeira etapa, na qual se procura estabelecer um vínculo entre o usuário e o 
profissional. Consiste em acolher o usuário, apresentar a ele o serviço, ouvir a sua 
demanda, sem, contudo aprofundar nesta etapa. 
 
Apresentação do problema e do contexto 
Neste momento procura-se entender a questão trazida pelo usuário, nas dimensões 
sociais, históricas e familiares. O usuário dever ser estimulado a mostrar o seu 
posicionamento frente a sua problemática. Após a elucidação, profissional e 
usuário pensarão em alternativas para o enfrentamento do problema. 
 
Momento de identificação do objeto de intervenção 
Consiste na identificação da problemática do usuário. O entrevistador deve 
direcionar a fala do entrevistado para o objetivo da entrevista. 
 
Desenvolvimento 
Nessa etapa o Assistente Social estimula o usuário a falar de si, guiado pelo 
objetivo da entrevista. É o momento da coleta de informações, neste momento 
todo o conteúdo verbal e não verbal deve ser analisado e estudado. 
 
Encerramento 
O Assistente Social recapitula brevemente os principais pontos tratados na 
entrevista, deixando claro o que o Serviço Social pode oferecer os 
encaminhamentos seguintes. 
 
A entrevista precisa ter um tempo definido, um espaço e um conteúdo. Os 
objetivos da entrevista é que determinarão as técnicas, o espaço, a duração e a 
documentação de uma entrevista. 
 
Algumas técnicas de entrevista 
 
O acolhimento 
Utilizada no início da etapa, porém presente em toda a entrevista. É o acolhimento 
do usuário no sentido de deixá-lo confortável durante o processo, com um espaço 
adequado para o atendimento, fazendo com que o usuário se sinta ouvido, 
respeitado, acolhido. 
 
Questionamento 
Perguntas abertas e indiretas permitem a obtenção de informações sem direcionar 
a resposta do usuário. Exemplo: evitar o uso de perguntas que podem ser 
respondidas apenas com “sim” ou “não”. 
 
Reflexão 
Aprofundamento dos temas trazidos pelo usuário, estimulando-o a participar desse 
processo analisando a sua problemática, convidando-o a pensar nas possibilidades 
para resolução da situação. 
 
Reexposição, paráfrase 
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Consiste em devolver ao usuário a sua própria fala permitindo que ele a analise, 
possibilitando a ele a compreender melhor o seu modo de interpretar a 
problemática. 
 
Silêncio 
Permite ao usuário reassimilar suas emoções após a exposição de suas questões. 
 
Exploração 
Permite ao profissional se aprofundar nos aspectos mais delicados da vida do 
usuário. Na entrevista a abordagem desses assuntos deve considerar o objetivo do 
trabalho e não a mera curiosidade. 
 
Reestruturação cognitiva 
Permite ao usuário analisar as situações a partir de um outro viés, outro 
paradigma, estimulando as mudançasde concepções e comportamento. 
 
Sinalização das contradições 
O usuário pode ficar confuso na hora de fazer suas colocações, apresentando dados 
contrários. Caso isso ocorra, deve- se solicitar o esclarecimento acerca de suas 
falas. 
 
Socialização de informações pelo Assistente Social 
Permite ao usuário articular o seu conhecimento em torno das questões 
questionadas na entrevista com o conhecimento do profissional de forma a 
complementar o seu próprio conhecimento. 
 
O local onde será realizada a entrevista deve proporcionar ao usuário tranquilidade 
e privacidade. Devem-se evitar interrupções da conversa, sejam em virtude de 
telefonemas, barulhos, entrada de pessoas estranhas. Já o tempo de uma 
entrevista deve ser previamente combinado entre o entrevistador e o entrevistado, 
sendo adequado que o início e o término ocorram na hora programada. 
 
Para melhor compreensão da problemática do usuário e adequado encaminhamento 
da situação, muitos profissionais realizam anotações, o que faz parte do processo 
de uma entrevista, já que não é possível confiarmos somente na memória. 
Contudo, essas anotações devem ser feitas respeitando o aspecto ético e 
confidencial de uma entrevista. É aconselhável que logo no início o profissional 
esclareça ao usuário a necessidade de se fazer anotações. Importante também, se 
ter cuidado para que fichas e anotações de outros usuários não fiquem expostas. 
 
Saber ouvir e saber perguntar 
São duas habilidades essenciais a um entrevistador. Mais do que escutar, ouvir 
significa direcionar a nossa atenção e interesse no que se está ouvindo e estar 
atento a todos os detalhes da fala do entrevistado: a voz, ritmo, linguagem 
corporal. Ouvir com atenção possibilita compreender o que está sendo exposto e 
faz com o usuário se sinta respeitado e valorizado. 
 
O saber perguntar define a forma da entrevista, portanto o ideal é utilizar 
perguntas abertas e indiretas que facilitam a reflexão, assim vejamos: 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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Perguntas abertas - são aquelas que permitem ao usuário emitir o seu ponto de 
vista acerca da questão, exprimindo suas concepções, opiniões e pensamentos. 
 
Perguntas fechadas – limitam as respostas a um dado específico, objetivo. Pode 
restringir o contato entre entrevistador e entrevistado. 
Toda pergunta deve ser feita com cuidado e respeito, os questionamentos devem 
considerar o objetivo do trabalho. 
Uma entrevista pode e deve proporcionar ao usuário uma experiência significativa, 
possibilitando que esse reflita sobre suas ideias, seus sentimentos, sua problemática. Entre o 
Assistente Social e o usuário deve-se estabelecer uma relação na qual o usuário é o responsável 
por suas ações e capaz de utilizar-se de seus recursos pessoais para solução de suas questões. 
 
O Assistente Social coloca à disposição do usuário, neste processo, todo o seu conhecimento 
experiência e habilidade profissional, que somadas ao uso do saber ouvir, habilidade 
indispensável, possibilita ao usuário a tomada de consciência sobre si favorecendo o seu 
protagonismo. 
 
2.3 Grupo Operativo 
 
 
 
O homem se organiza socialmente em grupos que são os mediadores nas relações 
sociais entre os indivíduos e a sociedade. 
 
Conceito de Grupo 
Grupo é um local de expressão das necessidades e interesses pessoais e coletivos, 
uma estrutura de vínculos entre pessoas que possuem identidade grupal e uma 
finalidade que é materializada mediante projetos e ações que visam a melhoria da 
situação dos envolvidos. 
Identidade Grupal 
Trata-se da caracterização do grupo a partir da forma como o grupo é organizado, 
o grau de institucionalização, regras de participação, entrada e permanência no 
grupo e a relação desses com os demais grupos da sociedade. É a consciência, o 
sentimento de pertencimento ao grupo. 
Trabalhando com grupos 
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O ponto de partida para se trabalhar com grupos é o estabelecimento de objetivos, 
metas, estratégias que fazem parte do planejamento dos trabalhos. Contudo, por 
mais que se tenha com clareza os objetivos traçados, não é possível precisar os 
resultados, pois esse depende do processo grupal. Cada grupo tem seu próprio 
tempo e ritmo, suas particularidades. 
O grupo é algo mais que a soma de seus membros, possui uma personalidade e uma 
identidade própria e reflete as histórias de vida e a forma de ver o futuro de cada 
um que compõe o grupo. 
Assim, o educador ou coordenador assume um papel de facilitador, já que sua 
atuação deve facilitar o caminho do grupo rumo ao autoconhecimento, ao 
desenvolvimento pessoal e social. 
Coordenador = educador = facilitador = profissional 
 
Para se alcançar os objetivos propostos para o trabalho com grupos, é importante 
que entre os profissionais e os participantes exista um vínculo, que vai sendo 
construído a cada passo do trabalho e que depende de atitudes adotadas pelo 
facilitador, o que veremos posteriormente. 
Além da vinculação é necessário que haja limites estabelecidos. Tais limites vão 
definir as responsabilidades e os papéis de cada um. O limite colocado pelo 
coordenador expressa as possibilidades e as impossibilidades de cada ação, o que 
se pode ou não fazer dentro do grupo. 
O vínculo e os limites favorecem a comunicação entre o profissional e os membros 
do grupo, o que vai possibilitar a expressão de sentimentos e opiniões. 
Os limites dizem respeito ainda, às regras básicas do convívio e do funcionamento 
grupal. 
 
Uma maneira mais eficaz de se estabelecer limites é a adoção de um contrato a ser 
firmado entre seus membros. Tal contrato rege as condições, as formas de 
participação, os direitos e deveres entre os envolvidos. O contrato rege ainda a 
periodicidade e a duração das reuniões e demais aspectos relacionados ao 
funcionamento grupal. 
Outro ponto que deve ser trabalhado no contrato é a questão do sigilo das 
informações. O profissional orientado pela ética é obrigado ao sigilo das 
informações recebidas dos usuários. Já o respeito ao sigilo por parte dos usuários é 
algo que deve ser trabalhado e ser firmado entre os participantes. 
 
Num grupo também é necessário definir os papéis como a coordenação e a 
condução das atividades do grupo. O coordenador estará encarregado de auxiliar o 
grupo a pensar, encaminhar a dinâmica das atividades, cuidar do conteúdo e das 
temáticas a serem trabalhadas. 
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Já mencionamos a importância para a eficácia do trabalho com grupos, a 
construção de vínculos, já que é por meio desses que o processo de 
desenvolvimento pessoal e social se torna possível. 
Assim, devemos observar alguns pontos propostos pelas autoras Margarida Serrão e 
Maria Clarice Baleeiro, que nos auxiliaram na construção do vínculo: 
- Disponibilidade interna: 
Diz respeito à disponibilidade interna do facilitador e de cada participante do 
grupo para participar das atividades apresentadas e do projeto de desenvolvimento 
proposto para o grupo. É o querer fazer parte. 
 
- Aceitação das diferenças individuais, do jeito ser de cada um: 
Pensar que a diferença é um elemento enriquecedor que permite ampliar os 
horizontes de cada membro, favorecendo o processo grupal. 
 
- Confiança na capacidade de transformação pessoal: 
É fundamental acreditar na capacidade de transformação pessoal, reconhecendo 
que cada indivíduo tem a capacidade de se desenvolver pessoalmente e 
socialmente. 
 
- Escuta e acolhimento oferecidos a todos: 
Dar a oportunidade de expressão a todos os membros, estimulando a participação. 
É dizer que cada um é importante. 
 
- Cuidar do bem-estar do grupo: 
É estar disponível, ouvir e acolher, oferecendo e propiciando condições de 
expressão e reflexão.- Busca das qualidades existentes em cada indivíduo: 
Cada um é dotado de potencialidades distintas que vão contribuir com o trabalho. 
 
- Delicadeza de tratamento: 
É tratar com respeito, com acolhimento e afeto evitando ironias, cinismos e 
desqualificações. 
 
- O imaginário do grupo: 
Cuidar das expectativas que um grupo pode fazer com relação ao técnico a ao 
trabalho. Diante do novo sempre fazemos projeções. 
 
- A expectativa em relação ao trabalho: 
As expectativas dos membros podem não coincidir com o objetivo do trabalho, 
portanto é necessário deixar claro o que se pretende alcançar e saber que nem 
todas as necessidades serão satisfeitas. 
 
- Relações preexistentes ao grupo: 
Exige cuidado, pois os participantes podem se conhecer (serem de uma mesma 
comunidade, vizinhos etc.) e podem manter relações de amizade ou de qualquer 
natureza. 
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O coordenador deve ter uma postura compreensiva e de acolhimento, estimulando 
os participantes a participarem ativamente do processo, conduzindo o trabalho sem 
paternalismo e autoritarismo. 
 
É função do coordenador considerar aspectos éticos, tais como o respeito a todos e 
principalmente o respeito às diferenças tendo em vista a heterogeneidade grupal, 
dada as diferenças de idade, nível escolar, gênero, religião. 
 
É importante que o coordenador possa contar com o apoio de um observador que 
estará atento aos trabalhos e irá intervir no momento oportuno. Sua participação 
será importante no momento da avaliação dos trabalhos. 
 
Sempre que possível é mais adequado que o trabalho de coordenação do grupo seja 
realizado por dois facilitadores, o que permite uma percepção mais rica dos 
processos grupais, possibilitando o rodízio de papéis e o registro das falas. 
 
Para tanto, é necessário que haja entre o coordenador e o cocoordenador um 
entrosamento e que ambos caminhem na mesma direção. Contudo, se não for 
possível o trabalho de dois coordenadores é importante que o único coordenador 
procure discutir com outros educadores aspectos e perspectivas com relação ao 
grupo. 
 
Com relação à periodicidade e a duração dos encontros do grupo, Serrão e Baleeiro 
consideram como ideal que esses ocorram semanalmente com duração de até três 
horas. Encontros quinzenais enfraquecem o grupo e dificultam a elaboração de 
tarefas. 
 
A duração dos encontros, o intervalo e término do grupo devem ser estabelecidos 
com os participantes. 
 
No que tange a composição de um grupo devemos considerar o número de 
participantes, a idade, o sexo e a escolaridade. Grupos grandes dificultam as trocas 
e o aprofundamento das questões. Já um grupo pequeno demais empobrece o 
processo de troca de experiências. 
 
Com relação ao gênero, grupos compostos por ambos os sexos possibilitam o 
exercício da convivência e a expressão de pontos de vista, conforme a ótica de 
cada gênero. 
 
No que se refere à faixa etária, um grupo com faixa etária muito ampla pode 
dificultar o processo grupal, devido aos interesses distintos e prejudica a troca de 
experiências. 
 
O facilitador deve ter conhecimento quanto ao nível de escolaridade do grupo para 
o uso adequado de dinâmicas. 
 
Todo grupo encaminha suas questões ou uma ação importante, conclui uma 
discussão, um trabalho ou desenvolve um projeto. O sentimento de pertencimento 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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a um grupo depende do grau de identificação com as questões e formas de 
condução e ainda com os objetivos do grupo. 
 
Ao coordenador se faz necessário ter consciência dos próprios limites e do limite do 
grupo. Deve-se considerar a singularidade do grupo, sua vulnerabilidade com 
relação ao contexto social, seus recursos culturais, simbólicos e afetivos. 
Por fim, a formação de um grupo socioeducativo deve ser orientada pelos princípios da 
autonomia e cidadania, a finalidade deve ser a formação de um grupo de aprendizagem, no qual 
os participantes poderão desenvolver suas capacidades, atitudes e melhorar a compreensão de 
sua situação frente às questões sociais. 
2.4 Visita 
 
 
 
Instrumental presente na trajetória profissional do Assistente Social que permite a 
esse sair de traz de sua mesa e ir ao encontro do vivido, do cotidiano dos usuários. 
 
A visita é um instrumental de avaliação considerado por muitos como característico 
do Serviço Social e não raras vezes ela é sugerida por outro profissional. O objetivo 
da visita é clarificar situações considerando o caso na particularidade de seu 
contexto sociocultural e das relações. 
 
Ao contrário do que era antigamente, a visita não tem mais o seu caráter 
exclusivamente investigativo e não pode ser vista pelo usuário como uma “caixinha 
de surpresas” que é aberta com a chegada do profissional à sua porta. 
 
A visita faz parte de um processo de intervenção e tanto o profissional quanto o 
usuário devem ter a clareza do objetivo da visita. 
 
Mediante a visita pretende-se perceber, como define Francisco A Kern. a linguagem 
das relações do sujeito com o outro, em seu meio social, no seu espaço cotidiano. 
 
Neste prisma, a visita domiciliar demanda procedimentos que devem ser discutidos 
com o usuário, como a necessidade, a finalidade, o objetivo da visita. Sempre que 
possível deve-se acordar o dia e o horário com o visitado. 
 
O profissional deve estar atento a sua identificação, manter uma postura 
esclarecedora, habilidade para dirigir as perguntas e anotá-las, evitando o uso de 
questionários e a anotação de dados na presença de pessoas. 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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A visita enquanto recurso técnico permite a observação de dados pertinentes às 
condições de moradia, a dinâmica de interação familiar e a distribuição de papéis 
na família. 
 
Como aponta Selma Magalhães, visita-se com o objetivo de complementar dados, 
observar relações sociais em sua singularidade, no ambiente do usuário, seja o lar, 
a escola, o local de trabalho, ou outro espaço onde se reflitam as relações sociais 
do usuário. 
 
A visita domiciliar permite ao Assistente Social ir de encontro ao vivido no 
cotidiano do usuário. Neste contexto, o profissional entra em contato com fatos e 
acontecimentos visíveis no presente, mas também com dados da realidade 
invisível. 
 
Ao profissional cabe agir com ética reconhecendo que a visita é a aproximação em 
um espaço que é privativo da família ou dos sujeitos envolvidos. Assim, deve-se ter 
o cuidado para não inferir opiniões sobre a vida familiar, respeitando outras formas 
e modos de vida, não assumindo aspectos julgadores e moralista na reflexão. 
Como já foi dito, a visita atualmente não é concebida com uma “caixinha de surpresas”, na qual 
o profissional através de seu “olhar clínico” abre geladeiras, conta móveis, observa as 
condições de higiene e organização do espaço, partindo de seus valores e de seu contexto. Mais 
que isso, na visita o que se busca é a linguagem das relações e o profissional deve assumir uma 
postura teórico-prática, ético-política e técnico-operativa. 
Visita: instrumental de avaliação, através do qual se tem contato com a linguagem das relações 
no contexto do usuário. 
 
2.4.1 Visita de inspeção 
 
Esse tipo de visita tem como finalidade verificar se o trabalho desenvolvido nas 
instituições atende aos objetivos por elas propostos, bem como suas instalações 
físicas, os aspectos legais, dentre outros. 
2.5 Reunião 
 
 
 
A reunião é um instrumento coletivo de reflexão sobre as necessidades, 
preocupações e interesses comunitários, assim como de organização e ação. 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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“As reuniões são espaços coletivos. São encontros grupais,que têm como objetivo 
estabelecer alguma espécie de reflexão sobre determinado tema. Mas, sobretudo, 
uma reunião tem como objetivo a tomada de uma decisão sobre algum assunto” 
(Charles Toniolo de Sousa). 
Considerando a reunião como parte do instrumental cotidiano, é importante que 
seja elaborada uma pauta com os assuntos a serem tratados, que devem estar 
relacionados aos objetivos do trabalho. A dinâmica de uma reunião deve ser 
participativa e possibilitar à população uma reflexão acerca do cotidiano e de sua 
realidade social. Assim, o objetivo de uma reunião não deve se reduzir à realização 
de uma tarefa, mas deve ser um espaço de participação e reflexão. Para que isso 
se efetive é necessário que a coordenação da reunião seja democrática e que 
facilite o processo participativo e reflexivo. 
2.5.1 Reunião de equipe 
 
Esse tipo de reunião também pode ser considerado um instrumento técnico, já que 
possibilita a equipe solucionar problemas, discutir casos, avaliar as atividades ou 
estudar temáticas. É fundamental para o andamento dos trabalhos, pois é um 
momento de reflexão dos técnicos, troca de experiências e vivências. 
Reunião instrumental: técnica que possibilita aos usuários participarem e refletirem sobre suas 
questões. 
2.6 Estudo Social 
 
Segundo Regina Célia Tamaso Miotto, o estudo social é um instrumental utilizado 
nas mais diferentes áreas e modalidades de intervenção. Para o desenvolvimento 
deste trabalho geralmente, o assistente social estuda a situação, realiza uma 
avaliação e remete um parecer. 
 
Na realização do estudo, o profissional considera não somente o que é expresso 
verbalmente, mas também aquilo que não é falado, e que, no entanto faz parte do 
contexto em foco. 
 
O trabalho se dá por meio de observações, entrevistas, pesquisas documentais e 
bibliografias. O resultado do estudo é apresentado mediante um relatório e ou 
laudo e reporta-se à expressão da questão social. 
 
O Estudo Social pode ser concebido, como um instrumental que tem como objetivo 
a investigação sistemática e, como já dissemos é amplamente utilizado no 
cotidiano profissional, sobretudo no campo sociojurídico. 
O Estudo Social é o processo investigativo das condições objetivas e subjetivas de uma dada 
situação, de um fenômeno social. O resultado deste estudo – o relatório social ou laudo social – 
é a descrição ordenada do que se viu, ouviu e observou. 
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Com o objetivo de oferecer subsídio técnico-científico, se faz necessário a atuação 
de um profissional especializado em determinada área do conhecimento, o perito. 
No meio jurídico o assistente social mediante o estudo social fornecerá um parecer 
que auxiliará o magistrado na aplicação da lei. 
Dessa forma, o estudo social se apresenta como suporte fundamental para a 
aplicação de medidas judiciais dispostas no Estatuto da Criança e do Adolescente e 
na legislação referente à família. 
Por meio de observações, entrevistas, visitas, pesquisas de documentos e 
bibliografias, ele constrói o estudo social, que deve estar articulado aos conteúdos 
históricos, teóricos e metodológicos e ético-políticos do projeto do Serviço Social. 
 
Retomando as competências e atribuições do Assistente Social, conforme a 
legislação que norteia o fazer profissional, vamos refletir sobre as implicações 
ético-políticas da construção do estudo social. 
A lei nº 8.662/93 estabelece dentre as competências do Assistente Social: 
- Realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e 
serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas 
privadas e outras entidades; 
- Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres 
sobre matéria de Serviço Social. 
 
Já o Código de Ética destaca como princípios fundamentais que devem nortear o 
trabalho do Assistente Social: 
- o reconhecimento da liberdade com valor ético central; 
- a defesa intransigente dos direitos humanos 
- a ampliação e consolidação da cidadania; 
- a defesa do aprofundamento da democracia; 
- o posicionamento em favor da equidade e justiça social; 
- o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito; 
- a garantia ao pluralismo; 
- a opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma 
nova ordem societária – sem dominação/exploração de classe, etnia e gênero; 
- a articulação com movimentos de outras categorias; 
- o compromisso com a qualidade dos serviços prestados e o exercício do Serviço 
Social sem ser discriminado. 
 
Essas diretrizes e princípios devem nortear a ação do Assistente Social, assim a 
construção de um estudo social implica em uma reflexão a respeito do objetivo do 
Serviço Social e o processo de trabalho. 
Para elaboração de um estudo social, o 1º passo a ser adotado é identificar “o que” 
se deseja conhecer por meio dele, qual é o objeto do estudo. Em seguida, devemos 
entender o “por quê” e “para quê” realizar o estudo, ou seja, quais os objetivos e 
as finalidades que se deseja alcançar. 
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Tais objetivos e finalidades devem se reportar ao projeto ético-político e teórico-
metodológico da profissão. 
2.6.1 A elaboração de um estudo social 
 
Para o desenvolvimento do trabalho o profissional deve conhecer técnicas de 
entrevista e de redação e mais ainda os conteúdos históricos, teórico-
metodológicos e ético-políticos que constituem o projeto da profissão que devem 
ser articulados às técnicas. 
Na elaboração de um estudo social, devemos perceber que o usuário é um indivíduo 
social inserido em uma realidade social que determina sua história. Assim devemos 
resgatar a forma como ele está inserido em seu contexto histórico, se vive com sua 
família, como essa é constituída, qual a sua relação com o mundo do trabalho, se 
está inserido ou excluído nele, o local onde vive, se tem acesso ou não a bens 
sociais. 
 
O estudo Social envolve uma dimensão da totalidade que deve ser registrada e 
decodificada pelo profissional. 
2.6.2 O que deve ser observado na elaboração de um estudo social 
 
No processo de trabalho de um estudo social, como já foi dito, observamos dados 
objetivos e subjetivos. Os dados objetivos se referem às condições de moradia, 
composição familiar (nome dos integrantes do grupo familiar, escolaridade, 
situação funcional, salário etc.) 
No que tange às condições de moradia devemos observar a organização do espaço, 
estado de conservação, higiene, salubridade, acomodação, se o imóvel é próprio, 
alugado ou cedido. 
No aspecto saúde, deve-se avaliar se existem problemas graves de saúde, se há 
acompanhamento médico, vacinação, desnutrição, etc. 
Quanto à situação econômica deve-se estar atento para o tempo de profissão, 
vínculo empregatício, renda ou salário. 
Já os dados subjetivos, o que “não é falado”, corresponde às várias formas de 
expressão verbal, se refere também a qualidade da relação familiar. 
2.6.3 A estrutura de um estudo social 
 
Salvaguardo o estilo de cada profissional, um estudo social conforme Alcebir Dal 
Pizzol deve conter: 
- nome de documento; 
- natureza da ação 
- nome das partes 
- técnicas utilizadas 
- relato do apurado 
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- manifestação final (parecer) 
 
O documento pode ser estruturado da seguinte forma: 
 
- Introdução: que corresponde à identificação e deve conter o nº do processo, vara 
de origem, identificação dos envolvidos e objetivo do trabalho; 
- Procedimentos: os instrumentais utilizados na coleta de dados; 
- Caracterização da situação; 
- Parecer Social 
 
Concluindo, o estudo social é um processo metodológico especifico do Serviço 
Social, que tem por finalidade conhecercom profundidade e de forma crítica uma 
determinada situação. 
O produto do estudo social, ou seja, a sistematização do estudo realizado, é 
apresentado por meio de um relatório social e/ou laudo social ou parecer social. 
Esses documentos apresentam de forma escrita as informações colhidas e as 
interpretações realizadas por um norte teórico, e o registro de um saber 
especializado relacionado a uma área profissional. 
2.7 Perícia Social 
 
A Perícia é um trabalho produzido por profissional especialista em determinada 
área do conhecimento humano. O Assistente Social é um dos profissionais do 
conhecimento científico que podem ser solicitado a apresentar uma perícia social. 
Conhecendo o termo 
 
O termo perícia se origina da palavra em latim peritia, que quer dizer habilidade, 
destreza. O autor José de Moura Rocha considera a perícia como uma atividade que 
demanda conhecimentos particulares em determinada arte ou ciência. 
 
Perícia – pode ser considerada como um exame de caráter técnico especializado 
realizado por um perito. 
Perito – é aquele especialista em determinado assunto e portanto habilitado para a 
realização de perícias. 
A Perícia Social pode ser considerada como um processo mediante o qual um 
especialista, no caso o Assistente Social, realiza um exame sobre determinada 
situação social com a finalidade de emitir um parecer sobre a mesma. 
 
A perícia Social é realizada a partir de solicitação feita por profissionais ou por 
autoridades de diferentes áreas, como do judiciário, da saúde, da previdência, da 
educação etc. 
Conforme aponta Mioto a perícia social é tradicionalmente utilizada no judiciário e 
tem a finalidade de conhecer, analisar e emitir um parecer sobre situações 
conflituosas no âmbito dos litígios judiciais, visando assessorar os juízes em suas 
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decisões. 
 
Para a realização de uma perícia, o profissional faz uso de todo instrumental 
técnico utilizado para a realização de um estudo social. 
Podemos considerar que o diferencial entre uma perícia e um estudo social, é que 
o objetivo da perícia é formar provas para subsidiar decisões. 
Mioto aponta que a perícia tem uma finalidade precípua, que é a emissão de um 
parecer para subsidiar a decisão de outrem (em geral um juiz) sobre determinada 
situação. 
 
A apresentação da perícia aos juízes se faz mediante o denominado laudo social. 
 
Rosângela de Araújo acrescenta em relação à perícia social no judiciário que a 
perícia é a expressão do estudo social e visa esclarecer situações conflituosas. 
 
O profissional após utilizar-se de todo o instrumental operativo usado para 
elaboração de um estudo social, após ter averiguado e estudado a situação, se 
manifesta mediante um laudo social. 
A expressão laudo é a mais correta para compor o título do trabalho escrito, além 
disso, é o termo utilizado por outros profissionais que também fazem perícias, 
como o laudo médico, o laudo psiquiátrico e o laudo contábil, exemplificando. 
 
O laudo deve ser redigido de forma clara e objetiva e pode ter a mesma estrutura 
do estudo social. 
Assim como a elaboração de um estudo social, o trabalho de perícia social requer 
um conhecimento técnico-operativo a observação dos preceitos contidos no Código 
de Ética da categoria. 
Mioto descreve 04 elementos que são eixos de sustentação de uma perícia social: 
Competência técnica, competência teórico metodológica, autonomia e 
compromisso ético. 
- Competência técnica: refere-se à habilidade do profissional na utilização de seus 
instrumentos de trabalho. 
Como já vimos, instrumentos são um conjunto de recursos ou meios que permitem 
a operacionalização da ação profissional: visitas, entrevistas, observação, dentre 
outros. 
 
- Competência teórico-metodológico: refere-se à base de conhecimentos que o 
Assistente Social deve dispor para desenvolver a perícia social. Tais conhecimentos 
se referem às construções teóricas e metodológicas do Serviço Social, às teorias, 
diretrizes, leis e normatizações, por exemplo, o ECA, Código de Ética. 
 
- A autonomia: é considerada pela autora como elemento chave para o 
desenvolvimento da perícia, já que o objetivo dessa é a emissão de uma opinião 
profissional. Para opinar, é necessário que o profissional tenha liberdade para 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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decidir sobre os caminhos que o levará à formação de tal opinião. É de 
competência e responsabilidade do perito a definição dos sujeitos a serem 
envolvidos no estudo social, bem como a escolha dos instrumentais operativos, a 
análise de documentos. A autonomia pressupõe um outro elemento que é o 
compromisso ético com a profissão. 
 
- Compromisso ético: corresponde ao atendimento dos princípios e das normas 
para o exercício profissional contidas no Código de Ética Profissional dos 
Assistentes Sociais, Lei de Regulamentação da Profissão. 
 
O pedido de perícia social pode vir acompanhado de perguntas a serem respondidas 
pelo profissional (quesitos), que devem ser atendidas sem o prejuízo de que o 
perito emita um parecer. 
 
Pode ocorrer de o trabalho pericial ser solicitado a profissionais de diferentes 
formações, no caso social, constantemente se demanda o trabalho do psicólogo, 
mesmo que a coleta de dados e a observação sejam feitas em conjunto por ambos 
profissionais, a exposição escrita do resultado da perícia deve ser feita 
individualmente, dado a especificidade de cada profissão. 
Perícia - apreciação técnica de um profissional especialista em determinada área do 
conhecimento, sobre algo estudado. 
A perícia no âmbito do judiciário, diz respeitado a uma avaliação, exame ou vistoria solicitada 
ou determinada por um juiz, quando a situação exigir um parecer técnico de uma determinada 
área do conhecimento. A perícia social é realizada por meio de um estudo e implica na 
elaboração de um laudo ou parecer. Para sua elaboração, o profissional irá utilizar de 
instrumentos e técnicas tais como entrevistas, visitas, pesquisas (documental e bibliográfica). 
2.7.1 Relatório e laudo social 
 
Relatório e laudo são resultados de um estudo feito, a materialização desse 
trabalho. 
 
O relatório social é a apresentação descritiva e interpretativa de uma situação ou 
expressão da questão social. O relatório também pode se referir a uma pesquisa 
realizada, ou atividade desenvolvida em um setor. Pode conter ou não um parecer 
social. 
 
Como já foi dito anteriormente, o laudo é mais utilizado no âmbito forense e 
resulta de um estudo acurado sobre determinada problemática e será utilizado 
para contribuir com a formação de um juízo por parte do magistrado. 
 
O laudo social geralmente possui uma estrutura formada pela introdução, que 
indica a determinação judicial e objetivos, uma identificação breve dos sujeitos 
envolvidos, a metodologia, um relato analítico acerca da questão estudada e um 
parecer social ou conclusão. 
 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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2.7.2 Parecer Social 
 
É uma manifestação sucinta do profissional, com base em conhecimentos 
específicos do Serviço Social, é a finalização de um estudo, o posicionamento do 
profissional com relação à problemática estudada. Tanto um laudo ou um relatório 
podem emitir um parecer social. 
Mediante o laudo e o relatório, o profissional emite o seu parecer sobre determinada situação. 
O resultado de uma perícia social é apresentado por meio do laudo social. Alguns autores não 
fazem distinção entre os termos perícia e estudo social. Devemos lembrar que a perícia é mais 
solicitada no âmbito forense e produz um laudo. 
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3. Projeto de intervenção no Campo do Serviço Social 
 
O projeto de intervenção é um componente básico para o exercício da profissão do 
Assistente Social e constitui uma organização sistemática das ações técnico-
profissionais e ético-político que serão utilizadas pelos Assistentes Sociais no 
exercício profissional. 
A formulação de um projeto de intervenção pode ser considerada como um 
trabalho de síntese entre conhecimento e ação que será utilizado como respostas 
técnicas e políticas para o enfrentamento das questões sociais. 
A elaboração de um projeto de intervenção profissional requer o conhecimento e a 
sistematização da realidade alvo do exercício profissional e a sistematização do 
conjunto das ações profissionais a serem realizadas. 
O projeto e intervenção é um conjunto articulado de atividades investigativas e 
interventivas que integram o exercício profissional norteadas por princípios e 
valores ético-políticos. 
O exercício profissional como afirma Lopes da Silva (1999) deve contemplar 03 
dimensões: 
- conhecimento teórico-metodológico - que permite ao profissional uma 
compreensão da realidade social identificando as demandas e as possibilidades 
dessa realidade; 
 
- compromisso ético-político conforme estabelece o Código de Ética Profissional 
de Assistente Social (1993), ressaltando os valores – liberdade, igualdade e justiça 
social; 
 
- capacitação técnico-operacional - que possibilite a definição de estratégias de 
intervenção visando à consolidação teórico-prática do projeto profissional 
vinculado ao projeto ético-político. 
 
Na elaboração de um projeto de intervenção a identificação de questão social a ser 
trabalhada constitui um passo preliminar e fundamental. É essa aproximação com a 
realidade que vai definir as alterações que se deseja nela imprimir, por meio do 
trabalho a ser desenvolvido. A relação entre as determinações sociais que 
configuram o objeto de trabalho e a intencionalidade do profissional permite o 
estabelecimento de objetivos e metas realizáveis. 
 
Os princípios fundamentais que norteiam o exercício profissional presentes no 
Código de Ética e as atribuições previstas na Lei de Regulamentação da Profissão 
(8.662/93) constituem-se um importante guia de definição dos rumos à 
operacionalização das ações profissionais. 
O projeto ético-político da profissão está vinculado a um projeto de transformação da 
sociedade. Uma nova ordem social, sem dominação e ou exploração.O projeto implica no 
compromisso do Assistente Social com a competência técnica, teórica e política, tendo como 
base o aprimoramento intelectual. 
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Projeto de intervenção – componente básico para o exercício da profissão do Assistente Social e 
constitui uma organização sistemática das ações técnico-profissionais e ético-político que serão 
utilizadas pelos Assistentes Sociais no exercício profissional. 
Projeto de intervenção requer conhecimento acerca da realidade alvo do trabalho e 
sistematização das ações que serão executadas. O projeto de intervenção deve ser norteado por 
valores e princípios éticos da profissão. 
 
3.1 Itens de um projeto de intervenção 
 
A professora Ilma Rezende sugere alguns itens que devem conter um projeto de 
intervenção: 
 
Justificativa- diz da relevância do projeto e sua aplicabilidade. É através dele que 
se vai convencer a instituição empregadora a investir no trabalho, pois será uma 
importante forma de intervenção e modificação da realidade, em consonância com 
as metas institucionais e seu papel social. É ainda, a maneira de se justificar 
socialmente as ações a serem desenvolvidas na perspectiva da defesa dos direitos 
de cidadania e dos valores democráticos. 
 
Problematização teórico-histórica de um objeto de intervenção- consiste em 
abordar o objeto de intervenção considerando as transformações sócio-históricas 
da sociedade contemporânea, a relação Estado/sociedade, bem como suas 
repercussões na política social em questão e nas condições de vida da população 
usuária. Trata-se da contextualização social, histórica e cultural do objeto de 
intervenção. 
 
Objetivo geral- explicita o impacto social que se deseja alcançar com a proposta 
do projeto, considerando a relação entre os interesses e as necessidades do público 
alvo e os objetivos da instituição. 
 
Objetivos específicos- são as atividades específicas necessárias para de atingir o 
objetivo geral. 
Procedimentos operacionais- operacionalização das ações definidas nos objetivos 
específicos. Quais são as ações a serem realizadas, o responsável por cada uma 
delas, a periodicidade da ação, conteúdo etc. 
 
Público-alvo- a quem se destina o objetivo geral do projeto. 
 
Metas: o que se pretende atingir. 
 
Avaliação e controle: deve ter como parâmetro o objetivo geral, os objetivos 
específicos, as metas e o contexto sócio-histórico e político. 
 
Cronograma: com a definição do período e prazo para implantação, execução, 
avaliação, redefinição/ajustamento do projeto após a avaliação. 
 
Recursos: devem estar explícitos os recursos materiais, humanos e financeiros. 
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Abordagem 
Abordar é aproximar, chegar à beira ou à borda de. É através do processo de 
abordagem que o profissional desenvolve suas relações com a comunidade, isso 
requer um conhecimento prévio do espaço e da realidade e o estabelecimento de 
uma relação de vínculo com o usuário, que possibilita ao técnico compreender a 
realidade do usuário, como ele vê, percebe e entende sua vida. O desenvolvimento 
de uma relação de troca e cooperação entre profissional e usuário possibilita a 
articulação das ações necessárias ao desenvolvimento comunitário. 
 
Observação 
A observação possibilita um contato entre o profissional e o fenômeno pesquisado. 
Permite a coleta de dados em situações em que é impossível outras formas de 
comunicação, quando, por exemplo, a pessoa observada não pode falar – como no 
caso de bebês ou devido a outras circunstancias. 
 
Para que a observação se torne um instrumento de investigação científica se faz 
necessário que seja estabelecido um planejamento para o uso de tal instrumento e 
uma percepção apurada do observador. 
 
“Observar é muito mais do que ver ou olhar. Observar é estar atento, é direcionar 
o olhar, é saber para onde se olha” (Cruz Neto, 2004) 
 
O observador deve definir com antecedência “o que” e “como” observar o objeto 
de estudo delimitado. O trabalho de observação exige concentração por parte do 
observado que deve se ater aos aspectos mais importantes. 
 
Observação participante 
A observação direta ou participante é obtida por meio do contato direto do 
pesquisador com o fenômeno observado, que recolhe as informações a partir da 
compreensão e do sentido que os atores atribuem aos seus atos. O profissional 
recolhe dados das ações dos atores investigados em seu contexto natural, 
partilhando e vivendo aspectos de suas atividades, de suas ações e significados. 
Observação participante: o observador participa em interação constante em todas as situações, 
acompanhando as ações cotidianas, as circunstâncias e o sentido dessas ações para os 
envolvidos. 
4. Redes Sociais 
 
 
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Existem inúmeros projetos destinados a atender às inúmeras problemáticas sociais, 
como programas para idosos, crianças e adolescentes, drogaditos, etc. Estes 
programas inicialmente atendiam o indivíduo e sua problemática de forma isolada 
do contexto social e relacional. Hoje se compreende que é necessário se trabalhar 
conjuntamente com a família e com a redesocial de apoio. Este olhar surge com a 
questão sistêmica, na qual o indivíduo passa a ser entendido na sua rede de 
relações. 
 
As ações com a rede de apoio demandam compreender como a família construiu 
sua rede social, familiar e extrafamilair. Assim, o profissional pode se articular com 
a rede, mediante: reuniões com a rede pessoal do indivíduo, ou de sua família, 
articular a rede social de apoio de sua localidade (programas de saúde, escolas, 
creches, associações) com o objetivo de traçar possibilidades de atendimento. 
 
O trabalho com redes nasceu nos anos 50, com os programas de Psiquiatria 
Comunitária, que visava desinstitucionalizar pacientes psiquiátricos, 
proporcionando o retorno ao convívio social, com a família, amigos e rede social. 
 
A rede social passou a ser utilizada para tratamentos emergenciais de pacientes em 
crises com o objetivo da reinserção social tendo a comunidade e o contexto social 
como espaço de intervenção terapêutica. Este trabalho, demanda a utilização da 
rede de apoio intra e extrafamiliar. 
 
Atualmente, a expressão rede social torna-se frequente no atendimento à família. 
Para compreendermos melhor o termo rede social, utilizaremos algumas definições 
trazidas pelos autores Sluzki, Barnes e Bronfebrenner. 
 
Carlos E. Sluzki. psiquiatra e terapeuta familiar define redes sociais como: 
 
- Conjunto de vínculos interpessoais do sujeito; família, amigos, relações de 
trabalho, estudo, inserção comunitária e práticas sociais. Portanto, as fronteiras do 
sistema significativo do indivíduo não se limitam à família nuclear ou extensa; 
- A rede social possibilita organizar as experiências pessoais ou coletivas; 
- Sistema fluido de fronteiras móveis ou pouco definidas, em constante mudança. 
 
O autor supracitado divide a rede social em micro rede social pessoal e macro rede 
social: 
 
Micro rede social pessoal- São todas as relações mais significativas do indivíduo, é o 
nicho interpessoal, que contribui para o seu próprio reconhecimento como 
indivíduo. 
 
A rede social e pessoal inclui os indivíduos com quem interage uma determinada 
pessoa, sua família, amizades, relações de trabalho ou escolares, relações 
comunitárias (clubes, grupos religiosos, associações) e de serviços (serviços 
médicos e outros). 
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Macro rede social- É a sociedade formada pela comunidade do indivíduo, com seus 
valores e regras sociais. Trata-se do contexto cultural onde o indivíduo está 
inserido. 
 
John Barnes em 1954 usou o seguinte conceito para definir redes sociais: “Cada 
pessoa está, por assim dizer, em contato com certo número de pessoas, algumas 
das quais estão em contato direto entre si e outras não (...) Creio ser conveniente 
denominar de rede a um campo social deste tipo. A imagem que tenho é a de uma 
rede de pontos, dois quais alguns estão unidos por seguimentos de retas. As 
pessoas, ou às vezes os grupos seriam pontos desta imagem e os seguimentos de 
reta que interatuam entre si.” 
 
O trabalho com redes segue uma metodologia geral composta de dois elementos 
básicos: o mapa da rede e o processo de mobilização de rede. 
 
Bronfebrenner afirma que as pessoas fazem parte de um contexto que se constitui 
de um número de sistemas de diferentes níveis: micro, meso, exo e macro. 
 
Microssistema é “um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais 
experienciados pela pessoa em desenvolvimento num dado ambiente com 
características físicas e materiais específicas.” 
 
Um mesossistema “inclui as inter-relações entre dois ou mais ambientes nos quais a 
pessoa em desenvolvimento participa ativamente (para a criança seria a escola, 
casa, grupo de amigos; para um adulto, as relações na família, no trabalho, na vida 
social). 
 
O exossistema “se refere a um ou mais ambientes que não envolvem a pessoa em 
desenvolvimento como um participante ativo, mas no qual ocorrem eventos que o 
afetam ou são afetados, por aquilo que acontece no ambiente contento a pessoa 
em desenvolvimento.” 
O macrossistema “se refere a consistências, na forma e conteúdo de sistemas de 
ordem inferior (micro, meso e exo) que existem, ou podem existir, no nível da 
subcultura ou da cultura como um todo, juntamente com qualquer sistema de 
crença ou ideologia subjacente a essas consistências” 
As redes de relações, nas quais um indivíduo está inserido são constituídas tanto de 
contatos positivos e negativos, variam também quanto a densidade, isto é as 
pessoas que circundam um indivíduo podem ou não se conhecerem. As relações 
existentes na rede social de uma pessoa exercem influência sobre ela de vários 
modos e são importantes para o bem-estar psicossocial do indivíduo. Dessa forma, 
sintomas apresentados por um indivíduo podem indicar um mau funcionamento da 
rede social, que pode ser total ou parcial. 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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Trabalhar sob a perspectiva de rede significa conhecer e considerar o contexto 
social total de um indivíduo, no sentido de que os recursos naturais existentes em 
torno de uma pessoa sejam usados de forma construtiva. 
4.1 Métodos de rede 
 
Mobilização de rede: 
 
Trata-se de um processo de intervenção em rede mais tradicional e utilizado 
originalmente para atender pacientes em casos de crise e de diagnósticos de 
psicoses. 
 
Consiste em ativar pessoas importantes na rede social do indivíduo, no momento de 
crise, dividindo as responsabilidades entre aqueles que conhecem melhor o 
indivíduo. 
Pode ser descritas em termos de desobstrução, ligação e desligamentos. 
Desobstrução- significa abrir canais bloqueados entre pessoas ou reativar relações 
já estabelecidas. 
 
Ligação- criar canais entre pessoas da rede que não têm contato. 
Desligamento- significa eliminar ou reduzir a importância de uma relação entre 
pessoas da rede. 
 
Mapa da rede 
 
Para mapear a rede social de uma pessoa, desenhamos um mapa composto de 04 
campos: família, parentes, colegas de trabalho e de escola, amigos/autoridades, 
especificando as pessoas importantes de cada campo. Isso possibilita ao indivíduo 
visualizar a sua rede, de modo que ele mesmo possa usá-la de forma construtiva. 
Padrões destrutivos, relações conflitivas e/ou rompidas ficam mais claros e 
passíveis de serem transformados. 
 
O trabalho com redes constitui-se em uma forma de atendimento que valida a rede 
social do indivíduo, sua cultura, reforçando a sua identidade social. Aborda o 
sujeito não de forma fragmentada, mas sim considerando o contexto social no qual 
ele encontra-se inserido. 
O trabalho com redes surgiu para atendimento de pacientes psiquiátricos. Está baseado na 
teoria sistêmica, que considera o sujeito a partir de seu contexto social e relacional. 
Na abordagem do trabalho com redes, a micro e a macro rede social do indivíduo são ativadas. 
4.2 Genograma Familiar 
 
O genograma familiar é uma forma de reunir dados de observação, mediante um 
esquema simbólico, um registro gráfico. Oferece um resumo das estruturas 
familiares e de padrões de relação. 
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O genograma é um instrumento que permite compreender o funcionamento de uma família, 
mediante a observação de eventos significativos e de padrões de relação persistentes. 
 
Desenvolvido por Murray Bowen, a partir da árvore genealógica, permite estudar a 
organização de uma família, pesquisar suas histórias e as relações entre seus 
membros com as gerações, idade, sexo e outros. 
Seu uso visa à percepção e a mudança de certos padrões de relação que 
prejudicam ou dificultam o desenvolvimento da família atual. Possibilita a família 
conhecer o seu sistema emocional, suas dificuldades e facilidades, pois se constitui 
um resumo da família e de seus problemasem potencial. 
O genograma possibilita ao técnico perceber os padrões de relação entre os 
membros de uma dada família, as aproximações, os afastamentos, as rupturas, a 
posição dos membros, a expectativas de papel e o registro de eventos importantes 
do ciclo familiar. 
Assim o técnico utiliza o genograma para classificar as características das relações: 
- a estrutura da família; 
- ciclo vital; 
- padrões importantes e funcionamento da família; 
- padrões relacionais e triangulações; 
-estabilidade e desequilíbrio familiar. 
 
O genograma é como um mapa familiar, um recurso instrumental usado nas 
práticas sistêmicas com a família e sua rede social. Os dados são colhidos por meio 
de entrevistas com a família, cujo objetivo é clarear a queixa e a situação-
problema da família. 
 
Construindo um genograma 
 
Para de construir um genograma deve-se colher dados sobre a composição da 
família e sua história relacional por mais de uma geração. 
 
O genograma deve conter: 
 
- dados da família atual (estudada) 
- dados da família de origem de cada membro do casal – paterna e materna 
- dados da relação entre ambas 
 
Através de símbolos identificam-se os elementos que compõem a família (gênero, 
idade), a disposição desses membros, os tipos de ligações biológicas e legais entre 
eles. 
 
 
Simbologia Genograma 
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Simbologia para Genograma extraído do livro: Trabalho Social com Família, 
Terra dos Homens, 2002, Rio de Janeiro/RJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências Bibliográficas: 
 
AUN, Juliana Gontijo. A proposta de redes no atendimento em saúde mental. In: IX Congresso 
Mineiro de Psiquiatria, Belo Horizonte, 1999. 
 
CABRAL, Cláudia et ali. Trabalho Social com Família. Rio de Janeiro, Terra dos Homens, 2002. 
 
CEDESPS. Curso de Atualização Profissional “Instrumentais técnico-Operativos no trabalho do 
Assistente Social” 2008. 
 
CFESS.Código de Ética do Assistente Social. Brasília. 1993. 
 
CFESS. O estudo social em perícias, laudos e pareceres técnicos. Cortez, 2004. 
 
CHIZZOTTI. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo, Cortes, 2001. 
 
GUERRA, Yolanda. A Instrumentalidade do Serviço Social. São Paulo, Cortez, 1995. 
 
MAGALHÃES, Marques Selma. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres.São Paulo, 
Veras, 2003. 
 
PIZZOL, Alcebir Dal. Estudo Social ou Perícia Socail? Santa Catarina, Insular, 2005. 
 
SERRÃO, Margarida e BALEEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a ser e a conviver. São Paulo, Fundação 
Odebrecht, 1999. 
 
CARVALHO, Cristiano Costa de. Referenciais de estudos sociais e perícia social dos assistentes 
sociais do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Universidade Federal de 
Minas Gerais, Belo Horizonte, (mimeo), 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Anexo I 
Resumo do artigo: 
Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social 
 
Yolanda Gerra 
 
Introdução 
 
Neste texto a autora apresenta outro conceito com relação à instrumentalidade no 
exercício profissional do Assistente Social, que comumente está relacionado ao uso 
de instrumentos necessários à atuação técnica. 
A autora traz que o sufixo idade tem a ver com capacidade, qualidade ou 
propriedade de algo e afirma que a instrumentalidade refere-se a uma determinada 
capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, que é construída e 
reconstruída no processo sócio histórico. E afirma que o termo mais correto para se 
referir ao conjunto de técnicas e instrumentos é instrumentação técnica. 
A instrumentalidade do trabalho e o Serviço Social 
 
A instrumentalidade no exercício profissional é uma propriedade sócio histórica ou 
um determinado modo de ser da profissão, que possibilita que os profissionais 
objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. Ou seja, é por meio da 
instrumentalidade que os Assistentes Sociais modificam, transformam, alteram as 
condições objetivas e subjetivas e as relações interpessoais e sociais no nível do 
cotidiano. 
 
Quando o Assistente Social altera o cotidiano profissional e o cotidiano das classes 
sociais que demandam a sua intervenção, estão dando instrumentalidade às suas 
ações. 
 
Assim, quando os profissionais utilizam, criam, adéquam às condições existentes, 
transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação de suas finalidades, 
suas ações passam a ser portadoras de instrumentalidade. Deste modo, a 
instrumentalidade é uma condição necessária ao trabalho e também categoria 
constitutiva. 
 
Todo trabalho social possui instrumentalidade que é construída e reconstruída na 
trajetória profissional de seus agentes. O trabalho é uma ação transformadora – 
práxis, pois detém a capacidade de manipulação, de conversão dos objetos em 
instrumentos que atendem às necessidades dos homens. 
 
O processo de trabalho é compreendido como uma atividade prático reflexiva 
voltado para o alcance de finalidades, assim o homem utiliza ou transforma os 
meios e as condições objetivas e subjetivas. 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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Condições objetivas: 
 
São aquelas relativas à produção material da sociedade. Por exemplo, a divisão do 
trabalho, a propriedade dos meios de produção, a conjuntura, os objetos e os 
campos de intervenção, os espaços sócio ocupacionais, as relações e condições 
materiais de trabalho. 
 
Condições subjetivas: 
 
São as relativas aos sujeitos, às suas escolhas, ao grau de qualificação e 
competência, ao preparo técnico e teórico-metodológico, aos referenciais teóricos, 
metodológicos, éticos e políticos utilizados dentre outras. 
 
Este processo implica na manipulação, domínio e controle de uma matéria natural 
que resulta na sua transformação. O movimento de transformar a natureza é o 
trabalho e transformando a natureza o homem transforma a si próprio produzindo 
um mundo material e espiritual necessários à realização da práxis. Então, trabalho 
é a relação homem-natureza e práxis conjunto das formas de objetivação dos 
homens, em um e em outro os homens realizam a sua teleologia. 
 
Assumir uma postura teológica é a possibilidade do homem de manipular e 
modificar as coisas atribuindo-lhes propriedades humanas com o objetivo de 
convertê-las em instrumentos para o alcance de suas finalidades. Converter objetos 
naturais em coisas úteis e torná-los instrumentos é um processo teleológico, que 
demanda um conhecimento correto das propriedades dos objetos. 
 
Através do trabalho o homem desenvolve capacidades que mediam a sua relação 
com outros homens. São mediações postas pela práxis, a consciência, a linguagem, 
o intercâmbio, o conhecimento. 
 
Essas mediações possibilitam a transformação do ser social em ser histórico, pois o 
desenvolvimento do trabalho exige a evolução das próprias relações sociais e do 
processo de reprodução social e requerem mediações mais complexas como a 
ideologia, a filosofia, a política, a arte, o direito, o Estado, a racionalidade, a 
ciência e a técnica. 
 
Esses complexos sociais têm como objetivo proporcionar uma organização das 
relações entre os homens, no âmbito da reprodução social. Dessa forma, a 
instrumentalidade, com a qual os homens controlam a natureza, convertendo 
objetos naturais em meios para o alcance de suas finalidades, é transportada para 
as relações sociais, interferindo no nível da reprodução social. 
1 
Em condições sócio históricas determinadas os homens tornam-se 
meios/instrumentos de outros homens, como a compra e venda da força de 
trabalho como mercadoria, que consiste na instrumentalização de pessoaso que 
determina a existência e permanência da ordem burguesa. 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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O processo produtivo capitalista detém a propriedade de converter as instituições e 
práticas sociais em instrumentos de reprodução do capital. 
Na sociedade capitalista, o trabalhador deixa de lado suas necessidades enquanto 
pessoa humana e se converte em instrumento para a execução das necessidades do 
outro. 
 
Instrumentalização de pessoas: 
 
É o processo pelo qual a ordem burguesa, por meio de um conjunto de inversões 
transforma os homens de sujeitos em objetos, o trabalho de primeiro carecimento 
de vida em meio de vida e a força de trabalho em instrumentos a serviço da 
valorização do capital. 
 
Serviço Social e instrumentalidade 
 
Para tratar a questão social, em decorrência da reprodução da ordem burguesa, o 
Estado demanda especialistas e instituições que lhe sirvam de instrumentos para o 
alcance dos fins econômicos e políticos. Já que a questão social, no estágio 
monopolista do capitalismo, se torna objeto de intervenção do Estado. E com isso, 
se instaura um espaço determinado na divisão social e técnica do trabalho para o 
Serviço Social. 
A utilidade social de uma profissão depende das necessidades sociais. A utilidade 
social da profissão está em responder as necessidades das classes sociais. Essas 
respostas devem ser reconhecidas pelas classes sociais (capitalistas e 
trabalhadores). 
 
O espaço social da profissão de Serviço Social é criado pela existência de tais 
necessidades sociais e quando o Estado passa a interferir na questão social, 
mediante as políticas sociais, que são modalidades de enfrentamentos da questão. 
Assim, as políticas e os serviços sociais são espaços sócio ocupacionais para o 
Assistente Social. 
A funcionalidade do Serviço Social à ordem burguesa está em eliminar os conflitos, 
modificar comportamentos, controlar as contradições, abrandar as desigualdades, 
administrar recursos e ou benefícios sociais, incentivar a participação do usuário 
nos programas governamentais ou no alcance de metas empresariais. Assim, a 
profissão tem nos interesses da burguesia uma de suas bases de legitimidade. 
 
As políticas sociais constituem-se em um conjunto de procedimentos técnico 
operativos e necessita de profissionais que atuem na sua formulação e 
implementação. Em um mercado de trabalho, próprio da ordem burguesa, os 
Assistentes Sociais adquirem a condição de trabalhador assalariado. 
A intencionalidade dos Assistentes Sociais passa a ser medida pela lógica da 
institucionalização e pelas estruturas em que a profissão se insere, nas quais, 
muitas vezes o profissional fica submetido. 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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A reflexão acerca do significado sócio histórico da instrumentalidade resgata a 
natureza e a configuração das políticas sociais, que atribuem determinadas formas, 
conteúdos e dinâmicas ao exercício profissional. 
As políticas sociais produzem uma dinâmica que reflete no exercício profissional 
através de dois movimentos: 
a)conforme sua estrutura constitutiva submete o profissional a uma 
intervenção microscopia, nos fragmentos, nas refrações, nas singularidades; 
 
b)exige-se dos profissionais o uso de procedimentos instrumentais. 
 
O tratamento dado pelo Estado à questão social, mediante políticas sociais que a 
fragmentam, institui um espaço na divisão sociotécnica do trabalho para um 
profissional que atue na fase terminal da ação executiva das políticas, onde a 
população vulnerabilizada recebe e requisita respostas fragmentadas. Nesse 
sentido, as políticas sociais contribuem para a produção e reprodução da força de 
trabalho e para o capital. 
Compreendendo a utilidade social da profissão, podemos pensar a 
instrumentalidade do Serviço Social como condição sócio histórica em 03 níveis: 
a) A profissão é transformada em instrumento para manutenção da ordem 
burguesa. O Estado utiliza as políticas sociais com estratégia para controle 
da ordem social e requisita os Assistentes Sociais para operacionalizar as 
políticas, o que corresponde a função atribuída a profissão: reproduzir as 
relações capitalistas de produção. 
 
b) O aspecto instrumental operativo das respostas profissionais em face das 
demandas das classes, aspecto que permite o reconhecimento da profissão, 
assim a instrumentalidade do exercício profissional expressa-se: 
 
b1) nas funções que lhe são requisitadas: executar, operacionalizar, 
implementar políticas sociais, espaço sócio-ocupacional do Assistente 
Social no capitalismo; 
 
b2) no cotidiano das classes vulnerabilizadas, em termos da 
modificação empírica das variáveis do contexto social e da 
intervenção nas condições objetivas e subjetivas da vida dos sujeitos. 
O Assistente Social exerce sua instrumentalidade no cotidiano dos 
serviços. O cotidiano é o lugar onde a reprodução social se realiza 
através da reprodução do indivíduo. 
 
b3) Nas modalidades de intervenção que lhe são exigidas pelas 
demandas das classes sociais. 
 
Nos três casos b1, b2 e b3, as respostas são manipulatórias, fragmentadas, 
imediatistas, isoladas, respostas dadas as expressões/aparências, cujo objetivo é a 
promoção de uma alteração segundo a racionalidade burguesa. 
Capítulo 3: Instrumental do Serviço Social 
 
 
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As operações são realizadas por ações instrumentais, que abstraías de mediações 
subjetivas e universalizantes (referenciais técnicos, éticos, políticos) tendem a 
perceber as situações sociais na sua individualidade. 
Muitas das requisições profissionais são de ordem instrumental, no entanto o 
exercício profissional não se restringi a elas. Isso quer dizer que atender as 
demandas técnicos instrumentais não quer dizer ser funcional a manutenção da 
ordem burguesa, o que ocorreria se reduzíssemos a intervenção profissional à sua 
dimensão instrumental, prescindida de referências teóricos e ético políticas. 
As intervenções demandam escolhas pautadas na razão crítica e da vontade dos 
sujeitos, que se inscrevem no campo dos valores universais. 
O exercício profissional necessita da interlocução com conhecimentos de disciplinas 
especializadas. O acervo teórico e metodológico que lhe serve de referencial é 
extraído das ciências sociais. 
Tais conhecimentos têm sido incorporados pela profissão e particularizados na 
análise dos seus objetos e intervenção. Mas a categoria também tem pesquisado e 
produzido material acerca da questão social e sobre as estratégias capazes de 
orientar e instrumentalizar a ação profissional. 
A instrumentalidade também é uma mediação, ao ser considerada uma 
particularidade da profissão, dada as sua condições objetivas e subjetivas. 
A instrumentalidade do exercício profissional como 
mediação 
 
A instrumentalidade como mediação permite a passagem das ações meramente 
instrumentais para o exercício profissional crítico e competente. Possibilita que as 
referências teóricas, explicativas da lógica e da dinâmica social possam ser 
remetidas à compreensão das particularidades do exercício profissional e das 
singularidades do cotidiano, onde os Assistentes Sociais constroem os indicativos 
teóricos e práticos de intervenção, o chamado instrumental técnico ou 
metodologias de ação. 
A instrumentalidade como mediação permite perceber o Serviço Social como 
totalidade constituída de dimensões técnico instrumental, teórico intelectual, 
ético política e formativa. 
A instrumentalidade articula dimensões da profissão e é a síntese das mesmas, 
além de permitir a passagem dos referenciais técnicos, teóricos, valorativos e 
políticos em estratégias políticas, em instrumentais técnicos operativos. Ela 
permite aos sujeitos investirem na criação e articulação dos meios e instrumentos 
necessários

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