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BIOFÍSICA Felipe dos Santos Moysés • A movimentação de substâncias entre diferentes regiões do corpo de um ser vivo é fundamental para a sua sobrevivência (transporte). • Depende o aporte de nutrientes para as células e a eliminação de dejetos do organismo. • Nos seres vivos há dois tipos fundamentais de transporte: Difusão Convecção • Convecção é o transporte de substâncias em massa ou em bloco. • Exemplo: É eficiente para grandes distâncias Transporte em massa do sangue Em distâncias microscópicas, no entanto, a difusão é o transporte predominante. • Terceiro tipo de transporte passivo é intermediário entre a convecção e a difusão: • Pode-se dizer que a filtração é uma convecção em um ambiente microscópico – os poros. Filtração, em que ocorre um movimento de água através de poros. • A filtração é movida por uma diferença de pressão hidrostática ou de pressão osmótica e, geralmente, pela combinação dessas duas pressões. • A filtração ocorre, por exemplo: ela é responsável pela entrega de água e solutos veiculados ao interstício, por convecção, pelos vasos sanguíneos, até os capilares sistêmicos Capilares sistêmicos Capilares glomerulares filtração glomerular é o processo crucial que dá início ao processamento renal dos fluidos corpóreos. Difusão • Após certo tempo, desaparece qualquer vestígio da gota original, e a coloração da água fica uniforme, indicando que as partículas de tinta distribuíram-se por toda a massa de água acessível. Difusão • Difusão: “resulta da agitação térmica das moléculas e partículas”. • Escala molecular: não há repouso dos átomos e moléculas. Somente no zero absoluto de temperatura é que cessa este movimento Em qualquer temperatura acima do zero absoluto, as partículas têm uma energia cinética. Difusão • Os átomos, moléculas e partículas em movimento possuem uma energia cinética média dada por: Ec = (3/2)kT T = temperatura k = constante de Boltzmann (1,38 x 10-²³ joule/K) OBS: nesta fórmula não aparece a massa Difusão • A energia cinética pode ser expressa por outra fórmula: Ec = (1/2)mv² m = massa v = velocidade Difusão (3/2)kT= (1/2)mv² • Igualando as duas expressões temos: Difusão • Segundo a lei da equipartição da energia: Todas as partículas e moléculas em equilíbrio térmico em uma mesma temperatura têm a mesma energia cinética média (3/2kT) Difusão • Ao mesmo tempo, as partículas com energia cinética menor que a média tendem a ganhar energia nos choques. • Quando dada partícula temporariamente tem uma energia cinética acima dessa média: ela cede esse excesso para as partículas com as quais se choca Difusão • Então segunda a lei da equipartição da energia: Quanto maior a massa da partícula, menor deverá ser a sua velocidade média Difusão • Se pudéssemos observar, uma molécula de glicose dissolvida na água: • Em cada choque, a molécula de glicose recebe ou cede energia e muda de direção. • No entanto, essa observação não é possível, uma vez que não há como visualizar a molécula. movimento é uma sequência de corridas e choques com as moléculas de água Difusão • Como podemos, então, observar a agitação térmica das partículas? suficientemente pequenos para que sua velocidade térmica produza um deslocamento visível objetos suficientemente grandes para serem observados em um microscópio convencional mas ao mesmo tempo Difusão • No século 19, o botânico escocês Robert Brown observou que grãos de pólen suspensos na água apresentavam movimentação aleatória espontânea: MOVIMENTO BROWNIANO Difusão • PARTÍCULAS BROWNIANAS Uma partícula de fumaça é um bom exemplo Difusão • Fazendo incidir um feixe de laser na fumaça e observando ao microscópio com fundo escuro, percebe-se que cada partícula da fumaça aparece como um ponto de luz que salta continuamente. • Esse é o movimento browniano, também conhecido como random-walk. Difusão • Ao chocar-se com grupos de moléculas de ar no seu caminho, a partícula de fumaça muda continuamente de direção, cedendo ou recebendo energia das moléculas do ar. Dessa maneira partícula de fumaça jamais consegue adquirir sua velocidade térmica final (atinge uma velocidade média muito menor) Difusão • A partícula browniana (embora tenha movimento aleatório) afasta-se continuamente de um ponto arbitrário de origem a probabilidade dos saltos que afastam a partícula da origem é maior do que a dos saltos que aproximam a partícula da origem. uma vez que Difusão • Analisando o movimento em um plano, a distância média (x–) da partícula à origem aumenta com o passar do tempo, de acordo com a equação a seguir, derivada por Einstein: Difusão • D é uma medida da “facilidade” com que a partícula se move e depende: do tamanho e da forma da partícula; da viscosidade do meio; da temperatura. Difusão • Uma única partícula: Não apresenta o fenômeno de difusão Sofre apenas o random-walk Seu movimento é totalmente casual ou aleatório Difusão Difusão e Fluxo • Ao contrário do que ocorre com uma única partícula, uma coleção de partículas ou moléculas apresentam um comportamento bastante previsível • 1.000 partículas de tinta na água irão afastar-se da origem (cada uma em uma direção) • É possível afirmar, com 100% de certeza, que a tinta vai se difundir na água, formando uma mancha cada vez maior. as partículas vão se distribuir por todo o volume da massa de água Difusão e Fluxo • Se a massa de água: for homogênea estiver em repouso absoluto o número de partículas for muito grande (milhões) • OBS: difusão é um processo irreversível a mancha será esférica, porque não há nenhuma direção preferencial para a difusão Difusão e Fluxo • Consideremos a região de transição entre a gota de tinta e a água. • Nessa região, a concentração de partículas de tinta decai progressivamente, de modo contínuo. A concentração é máxima no interior da gota e zero na água pura Difusão e Fluxo • A taxa com que a concentração decai com a distância GRADIENTE DE CONCENTRAÇÃO (dC/dx) C: concentração x: fluxo Difusão e Fluxo • Camada A: mais perto do centro da gota • Camada B: mais afastada do centro da gota • Consequência dos saltos aleatórios das partículas de tinta (random- walk): certo número de partículas na camada A salta para a camada B a cada segundo saltam partículas da camada B para A • Concentração de partículas na camada A é maior que na camada B mais partículas passarão de A para B do que de B para A • O número de partículas que saltam de A para B, por segundo, constitui um fluxo de partículas, designado por FA→B (unidade é partículas/segundo) Difusão e Fluxo • Da mesma forma, em cada segundo, certo número médio de partículas na camada B salta para a camada A fluxo FB→A • OBS: fluxos FA→B e FB→A são chamados de fluxos unidirecionais (FA→B é maior que FB→A) Difusão e Fluxo • A diferença entre os dois fluxos unidirecionais expressa o resultado dessa combinação dos dois fluxos: fluxo resultante Difusão e Fluxo • O fluxo resultante depende: da diferença de concentração de partículas de tinta entre duas camadas hipotéticas adjacentes (CA – CB) da distância (d) entre essas duas camadas da “facilidade” com que as partículas de tinta movem-se no meio (nesse caso, a água) Difusão e Fluxo • Quando uma partícula executando random-walk vai se afastando da origem, não há nenhuma força movimentando-a, apenas a energia térmica do meio. um fator que limita o movimento da partícula no meio é a viscosidade Entretanto Difusão e Fluxo • Porém, é mais convenienteusar um parâmetro que é aproximadamente o inverso da viscosidade: Mobilidade (designada pela letra B) • O coeficiente de difusão pode ser expresso como: Difusão e Fluxo • Quanto menor a viscosidade do meio, maior a mobilidade (facilidade). • A equação revela que o coeficiente de difusão depende de dois parâmetros: temperatura e mobilidade. • Se a temperatura for muito baixa, a partícula terá pequena energia cinética e pequena velocidade (random-walk será muito lento). • Isso resultará em um coeficiente de difusão pequeno. Difusão e Fluxo Difusão e Fluxo na Membrana • Substância S entre duas regiões em uma solução. • Quando uma membrana é interposta entre essas duas regiões, cria uma barreira. • O fluxo passa a depender não somente da diferença de concentração mas da eficiência das moléculas do soluto em atravessarem a membrana • O fluxo vai depender de dois fenômenos: A penetração e a saída da membrana são independentes do movimento através do interior da membrana, sendo regidos por leis independentes 1°: entrar e sair da membrana substância S 2°: solubilizar-se no interior da membrana Difusão e Fluxo na Membrana • Solubilização do soluto S na membrana depende: das características físico-químicas de S das propriedades da membrana • Os solutos hidrofílicos dissolvem-se bem na água, mas não se dissolvem em lipídios: • não consegue penetrar (em quantidade significativa) na matriz lipídica da membrana Difusão e Fluxo na Membrana • A maior dificuldade para uma substância hidrofílica em penetrar no ambiente lipofílico da membrana é a água de solvatação OBS.: a penetração de uma substância na membrana requer vencer uma barreira de energia. Difusão e Fluxo na Membrana Lei da Difusão de Fick Referências Bibliográficas • AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013, 2008, 1999, 1991. • CURI, Rui, PROCOPIO, Joaquim. Fisiologia Básica. 2ª edição. Guanabara Koogan, 2017.
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