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Montes Claros/MG - 2014
Islei Gonçalves Rabelo
Maria Cristina Freire Barbosa
Maria das Graças Mota Mourão
2ª edição atualizada por
Islei Gonçalves Rabelo
estrutura e 
Funcionamento do 
ensino Fundamental e 
Médio
2ª EDIÇÃO
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
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Maria Cristina Freire Barbosa
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Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autoras
Islei Gonçalves Rabelo
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. 
Especialista em Docência do Ensino Superior também pela UNIMONTES. É professora 
de Ensino Superior da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES e 
integra os grupos de pesquisa GEPEDS (Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, 
Diversidade e Saúde) e GHES (Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação 
e Sociedade). Também atua como Supervisora Pedagógica Escolar da Secretaria 
Municipal de Educação de Montes Claros/MG. 
Maria Cristina Freire Barbosa
Doutoranda pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD de Portugal, 
mestre em Educação pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique José Varona/ Cuba, 
graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. 
Atualmente é professora do Departamento de Educação, membro do Corpo Editorial 
da Revista Educação Significante e Coordenadora da Pós-Graduação Strictu Senso da 
Unimontes.
Maria das Graças Mota Mourão
Doutoranda pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD de Portugal, 
mestre em Educação pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique José Varona/ Cuba, 
graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. 
Atualmente é professora do Departamento de Educação, membro do Corpo 
Editorial da Revista Educação Significante e Coordenadora do Grupo de Pesquisas na 
Educação, Diversidade e Saúde - GEPEDS da Unimontes.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Organização do Sistema de Ensino Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Organização dos Sistemas de Ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 Características Gerais do Sistema Educacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.4 Inter-Relação do Sistema Nacional com o Sistema Estadual, Municipal e Escolar . . .15
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Currículo do Ensino Básico na Legislação Brasileira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.2 O Currículo na Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional 9394/96 e nas 
Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
Organização e Estrutura da Educação Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2 Organização e Estrutura da Educação Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3 Níveis de Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.4 Modalidade de Educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
3.5 Financiamento da Educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Gestão das Instituições de Ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
4.2 A Escola na sua Dimensão Administrativa e Pedagógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
Referências Básicas e Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71
9
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a),
A disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio trata da legislação e 
organização do sistema de ensino. Esta disciplina tem o objetivo de contextualizar a evolução do 
processo de organização e funcionamento da educação brasileira, especificamente o ensino fun-
damental e médio e o momento histórico atual, de modo a possibilitar ao graduando analisar cri-
ticamente e posicionar-se como agente desse processo, fundamentado na legislação educacional.
A disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio está estruturada 
em quatro unidades, na Unidade 1 - Organização do Sistema de Ensino Brasileiro: sentido do ter-
mo, áreas de prioridades e regime de colaboração. 
Na Unidade 2 - intitulada “O Currículo do Ensino Básico na Legislação Brasileira” - buscamos 
analisar as disposições legais sobre o currículo escolar na LDB 93934/96 e nas DCN que precisa 
contar com um trabalhador pensante, criativo, pró-ativo, analítico, com habilidade para resolu-
ção de problemas e tomada de decisões, entre outras capacidades. 
Na Unidade 3 - intitulada “Organização e Estrutura da Educação Brasileira” - trataremos dos 
Níveis e Modalidades de Educação, bem como do Financiamento da Educação.
A unidade 4 - denominada “Gestão das Instituições de Ensino” está voltada para o conheci-
mento da gestão das instituições de ensino regulares norteadas pelos regimentos escolares, bem 
como pelos projetos político-pedagógicos e institucionais.
Esperamos que esta disciplina possibilite amplas reflexões em relação aos temas aqui trata-
dos, contribuindo para a formação de um profissional comprometido com a construção de uma 
sociedade mais humana e justa. 
As autoras 
11
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
UnIdAde 1 
Organização do Sistema de 
Ensino Brasileiro
A educação do homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, 
antes de entender, já se instrui.
Jean Jacques Rousseau
1.1 Introdução
Nesta unidade, vamos analisar a organização dos sistemas de ensino brasileiro: sentido, 
áreas de prioridades, regime de colaboração e modalidades de ensino. 
No decorrer do estudo sobre as modalidades de ensino, você poderá observar o caráter fle-
xível da legislação educacional vigente, considerando-se a autonomia atribuída aos sistemas de 
ensino e às suas respectivas redes.
Pretendemos, ao final desta unidade, que você seja capaz de:
•	 Reconhecer o sentido da expressão sistema de ensino.
•	 Identificar as áreas prioritárias de atuação no sistema de ensino.
•	 Definir o papel da União, do Estado e do Município na rede colaborativa. 
•	 Caracterizar as modalidades de ensino. 
•	 Compreender a flexibilidade da legislação vigente, considerando a autonomia das redes co-
laborativas.
1.2 Organização dos Sistemas de 
Ensino
1.2.1 O Significado da Expressão Sistema de Ensino
De acordo com Saviani (2008, p.2), o “desenvolvimento da sociedade moderna correspon-
de ao processo em que a educação passa do ensino individual ministrado no espaço doméstico 
◄ Figura 1: Educação 
Fonte: Disponível 
em <http://espacoa-
bertoweb.blogspot.
com/2011/05/qualidade-
-da-educacao-no-brasil.
html>. Acesso em 11 set. 
2011.
12
UAB/Unimontes - 4º Período
por preceptores privados para o ensino coletivo ministrado em espaços públicos denominados 
escolas”. Dessa forma, a educação sistematizada exige que o funcionamento dessas instituições 
seja também sistematizado, originando os sistemas educacionais organizados pelo poder públi-
co, emergindo e consolidando, a partir da segunda metade do século XIX, os Estados nacionais 
acompanhados pela implantação dos sistemas nacionais de ensino nos diferentes países.
Para Saviani (2008), o alicerce do uso prolixo do conceito de sistema na educação está na 
noção de que o termo sistema significa conjunto de elementos, ou seja, a reunião de diferen-
tes unidades formando um todo, ocasionando a assimilação do sentido de sistema educacional 
como conjunto de unidades escolares ou de rede de instituições de ensino.
O termo sistema significa um conjunto de atividades que se cumprem tendo em vista deter-
minada finalidade. Na visão de Saviani (2008, p. 3), “sistema implica organização sob normas pró-
prias (o que lhe confere um elevado grau de autonomia) e comuns, isto é, que obrigam a todos 
os seus integrantes”. O autor afirma que: 
o deslocamento do eixo do processo produtivo do campo para a cidade e da 
agricultura para a indústria provocou o deslocamento do eixo do processo cultu-
ral do saber espontâneo, assistemático para o saber metódico, sistemático, cien-
tífico. Em conseqüência, o eixo do processo educativo também se deslocou das 
formas difusas, identificadas com o próprio processo de produção da existência, 
para formas específicas e institucionalizadas, identificadas com a escola (SAVIA-
NI, 2008, p. 7).
Abreu (1998, p. 36) entende o sistema de ensino como
um conjunto de instituições de ensino públicas ou privadas, de diferentes níveis 
e modalidades de educação e de ensino, e de órgãos educacionais administrati-
vos, normativos e de apoio técnico, elementos distintos mas interdependentes, 
que interagem entre si com unidade e coerência (o que não exclui contradições 
e ambigüidades), a partir de um conjunto de normas comuns elaboradas pelo 
órgão competente, visando ao desenvolvimento do processo educativo.
No Brasil, “a organização dos sistemas de ensino sustenta-se na definição de áreas prioritá-
rias de atuação e na preocupação em instituir um regime de colaboração entre os mesmos” (RA-
POSO, 2002, s/p). Assim, cabe aos Municípios atuarem prioritariamente no ensino fundamental e 
no ensino infantil, aos Estados e ao Distrito Federal compete atuarem no ensino fundamental e 
médio.
A discussão a respeito da existência de um sistema nacional, abrangendo os sistemas esta-
duais, distrital e municipais, envolve estudiosos como Saviani (2008), Ranieri (2000), entre outros. 
Ranieri (2000, p. 123) diz que:
numa perspectiva sociológica parece-lhe inegável a existência desse sistema na-
cional, mas não com um caráter de supremacia sobre os demais e sim inserido 
no contexto de cooperação e inter-relacionamento decorrente do federalismo 
cooperativo, cuja expressão maior decorre da previsão constitucional do artigo 
214 de um plano nacional de educação.
Cabe ressaltar que o dispositivo do artigo 210 da Constituição Fede-
ral, no campo da organização dos sistemas de ensino, evidencia tanto a 
preocupação com o papel da educação em promover a integração nacional 
quanto a preservação das peculiaridades regionais, mediante previsão de 
conteúdos mínimos para o ensino fundamental, visando à formação básica 
comum e ao respeito aos valores culturais e artísticos,nacionais e regionais.
A Constituição Federal de 1988, portanto, determina que os sistemas 
de ensino brasileiro sejam organizados em regime de colaboração entre a 
União, os Estados e o Distrito Federal (art. 211, § 1 a 4): à União, compete a 
organização do sistema de ensino federal e dos Territórios, financiando as 
instituições públicas federais e exercendo, em matéria educacional, função 
redistributiva e supletiva, de forma a garantir a equalização de oportuni-
dades educacionais e o padrão mínimo de qualidade mediante assistência 
técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
A Constituição Federal de 1988, no seu Art. 211, modificada pelas 
Emendas Constitucionais n.º 14/96, 53/2006 (§ 5º) e 59/2009 (§4º), define 
as competências de cada esfera governamental para com a educação. Para 
Figura 2: Constituição 
Federal
Fonte: Disponível em 
<http://www.revistasau-
deemdestaque.com.br/
ler.php?materia=MTI=>. 
Acesso em 11 set. 2011.

13
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
isso, a União, os Estados, o Distrito federal e os municípios organizarão, em regime de colabora-
ção, seus sistemas de ensino. 
§ 1.º - A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as insti-
tuições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e 
supletiva, de forma a garantir a equalização de oportunidades educacionais e o padrão mínimo 
de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal 
e aos Municípios. 
§ 2.º - Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. 
§ 3.º - Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e mé-
dio. 
§ 4.º - Na organização de seus sistemas de ensino, a união, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino 
obrigatório. 
§ 5º - A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 
1.3 Características Gerais do 
Sistema Educacional
1.3.1 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 9394/96
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96), em seu artigo 21, divide a 
educação escolar em dois grandes níveis: 
I. Educação básica - formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; 
II. Educação superior.
A educação básica se divide em três etapas, as finalidades de cada uma estão expressas nos 
artigos 22 a 26 da referida lei. O art. 22 proclama que a educação básica “tem por finalidade de-
senvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cida-
dania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. 
A educação infantil, etapa inicial da educação básica, tem por finalidade “o desenvolvimento 
integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e so-
cial, complementando a ação da família e da comunidade” (art. 29). A educação infantil é ofereci-
da em creches, para crianças de zero a três anos de idade, e pré-escolas, para crianças de quatro 
a seis anos.
dICA
Acesse o link abaixo 
para ler na íntegra a 
Constituição Federal em 
relação à educação.
<http://portal.mec.gov.
br/seesp/arquivos/pdf/
constituicao.pdf>.
◄ Figura 3: LDB 9394/96
Fonte: Disponível em 
<http://download-
seducaotc.blogspot.
com/2010/07/leis-de-
-diretrizes-de-base-da-
-educacao.html>. Acesso 
em 10 set. 2011.
14
UAB/Unimontes - 4º Período
O ensino fundamental é obrigatório e gratuito na escola pública, 
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria. De 
acordo com o art. 32 da LDB 9394/96, tem duração de 9 (nove) anos, 
inicia-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação bási-
ca do cidadão, mediante: 
I. o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como 
meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II. a compreensão do ambiente natural e social, do sistema polí-
tico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a 
sociedade;
III. o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo 
em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação 
de atitudes e valores; 
IV. o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solida-
riedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida 
social.
O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjeti-
vo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, 
entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o po-
der público para exigi-lo.
O ensino médio visa à consolidação e aprofundamento dos objetivos adquiridos no ensino 
fundamental. Tem a duração mínima de três anos, com ingresso a partir dos quinze anos de idade. 
A educação superior tem como finalidades: 
•	 estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento re-
flexivo; 
•	 incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da 
ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura.
Com isso, espera-se desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive. A edu-
cação superior abrange cursos sequenciais nos diversos campos do saber, cursos de graduação, 
de pós-graduação e de extensão. O acesso a esse nível de educação acontece a partir dos 18 
anos, variando o número de anos de estudo de acordo com os cursos e sua complexidade. 
As modalidades de ensino que permeiam os níveis descritos anteriormente são:
•	 Educação especial: oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educandos 
portadores de necessidades especiais.
•	 Educação de jovens e adultos: destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade 
de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
•	 Educação profissional e tecnológica: que, integrada às diferentes formas de educação, ao 
trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões 
para a vida produtiva. É destinada ao aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, 
médio e superior, bem como ao trabalhador em geral, jovem ou adulto (art. 39).
Cabe ressaltar que as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Res. 
4/2010), em seu art. 27, consideram também como modalidades de ensino a Educação do Cam-
po, a Educação Escolar Indígena e a Educação a distância.
Ressalta-se ainda que, a partir das discussões na Conferência Nacional de Educação (CO-
NAE), em 2010, ocorrida em Brasília, foi feita a inclusão da educação escolar quilombola como 
modalidade da educação básica, através do Parecer CNE/CEB 07/2010 e da Resolução CNE/CEB 
04/2010.
No Brasil, devido à existência de comunidades indígenas em algumas regiões, existe a ofer-
ta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, visando à valorização ple-
na das culturas dos povos indígenas e à afirmação e manutenção de sua diversidade étnica. De 
acordo com o art. 78, essa educação objetiva:
I. proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias histó-
ricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II. garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos téc-
nicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias.

Figura 4: Educação 
Infantil no Brasil
Fonte: Disponível em 
<http://mariajprn.
blogspot.com/2011/09/
breve-resumo-sobre-his-
toria-da-educacao.html>. 
Acesso em 11 set. 2011.
dICA
Leia na íntegra as 
Diretrizes Curriculares 
Nacionais Gerais para a 
Educação Básica, aces-
sando o site do MEC no 
link abaixo:
<http://portal.mec.gov.
br/index.php?option=-
com_content&view=ar-
ticle&id=12992:diretri-
zes-para-a-educacao-
-basica&catid=323:or-
gaos-vinculados>
15
História - Estrutura e Funcionamento do EnsinoFundamental e Médio
1.4 Inter-Relação do Sistema 
Nacional com o Sistema Estadual, 
Municipal e Escolar
Para compreender essa inter-relação, devemos entender primeiramente o sentido de siste-
ma. Saviani (1999, p. 122) diz que “sistema denota um conjunto de atividades que se cumprem, 
tendo em vista determinada finalidade, o que implica que as referidas atividades são organiza-
das segundo normas que decorrem dos valores que estão na base da finalidade preconizada”.
Dessa forma, um sistema implica a unidade na multiplicidade, considerando-se uma finali-
dade comum quanto à maneira do como se busca articular tais elementos.
Assim, podemos entender que os sistemas de ensino são o conjunto de campos de compe-
tências e atribuições, que visam ao desenvolvimento da educação escolar e que se concretizam 
em instituições, órgãos executivos e normativos, recursos e meios articulados pelo poder público 
competente, acessíveis ao regime de colaboração e respeitadas as normas gerais vigentes.
Teoricamente cada sistema de ensino forma um conjunto articulado de competências e atri-
buições. Existindo, entretanto, uma educação nacional, fundamentada em valores e finalidades 
comuns, que promove a articulação entre os sistemas.
A LDB/96 prescreve que cabe à União a coordenação da política nacional de educação, arti-
culando os sistemas de ensino e “[...] exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em 
relação às demais instâncias educacionais” (art. 8º, §1º), conforme discutido anteriormente. As 
atribuições que conferem às normas e ações da União o estatuto de coordenação da política na-
cional de educação estão listadas no artigo 9º desta Lei, entre as quais se destacam: a elaboração 
de plano nacional de educação, em colaboração com estados e municípios; a assistência técnica 
e financeira aos governos subnacionais, o estabelecimento de diretrizes para as etapas da Educa-
ção Básica, com a colaboração dos estados e municípios e a implementação de processo nacio-
nal de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior.
Na organização da educação nacional, funciona o Conselho Nacional de Educação (CNE). 
Esse conselho exerce funções específicas voltadas às instituições do sistema federal de ensino. 
Ele é, efetivamente, um conselho nacional, já que suas competências e sua área de jurisdição 
atingem todos os sistemas de ensino, abrangendo os sistemas estaduais e municipais. O CNE 
exerce muitas das atribuições da União que constam na LDB. As atribuições do Conselho Nacio-
nal constam na Lei 9.131/1995.
É importante ressaltar que se integrar ao sistema de ensino é ser parte deste, adotar suas 
normas e regulamentações para 
credenciamento e funcionamento, sem perder suas características históricas e 
o respeito às suas diversidades culturais; estar sujeito à supervisão, ao acompa-
nhamento, ao controle e à avaliação do Sistema de Ensino. Pertencer ao Sistema 
Estadual, Municipal ou do Distrito Federal não é uma opção das instituições. Se 
o município tiver constituído seu Sistema de Ensino todas as instituições de edu-
cação infantil deverão vincular-se a ele (BRASIL, 2001).
As secretarias e conselhos têm o desafio de promover a integração das creches aos sistemas 
municipais de ensino, a fim de realizar um atendimento de qualidade às crianças brasileiras de 
zero a seis anos de idade.
Historicamente as instituições de educação infantil eram vistas como de amparo e assistên-
cia, assim integrá-las aos sistemas municipais de ensino, conferindo-lhes um caráter educacio-
nal, não tem sido uma tarefa fácil para as Prefeituras. Assumir essa integração envolve aspectos 
burocráticos e questões ligadas à qualidade do atendimento com diferentes implicações para o 
município, entre os quais se destacam:
•	 Criação do Sistema Municipal de Ensino. 
•	 Definição de normas para o funcionamento da educação infantil.
•	 Formação inicial e continuada dos professores e sua profissionalização. 
•	 Elaboração de Propostas Pedagógicas das instituições. 
•	 Criação de espaços físicos e a aquisição de recursos materiais para o atendimento às crian-
ças de 0 a 6 anos, entre outros (BRASIL, 2002).
16
UAB/Unimontes - 4º Período
Dessa forma, faz-se necessário que, ao definir as políticas municipais, as Secretarias de Edu-
cação se organizem com relação aos seguintes aspectos: à estrutura, ao orçamento, relativo às 
demandas por ampliação do atendimento e melhoria da qualidade dos serviços proporcionados, 
articulando a construção de uma política municipal de educação infantil.
Referências
ABREU, M. Organização da educação nacional na Constituição e na LdB. Ijuí: Ed. UNIJUI, 
1998. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/principal.htm>. Acesso em 26 abr. 2009.
BRASIL. Lei nº 9.394 de 21/12/1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. diário 
Oficial da União. Brasília-DF, 23 de dez. de 1996. v. 134, n. 248, p. 27883 – 27841.
BRASIL. Ministério da Educação. Integração das instituições de educação infantil aos sistemas de 
ensino: um estudo de caso de cinco municípios que assumiram desafios e realizaram conquistas. 
Secretaria de educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2002.
RAPOSO, Gustavo de Resende. A educação na Constituição Federal de 1988. Jus navigandi, Te-
resina, v. 10, n. 641, 10 abr. 2005. Disponível em <http://jus.com.br/revista/texto/6574>. Acesso 
em 6 out. 2011.
SAVIANI, Dermeval. Sistemas de ensino e planos de educação: o âmbito dos municípios. educ. 
Soc. [online], v.20, n.69, 1999. p. 119-136. ISSN 0101-7330.
SAVIANI, Dermeval. Sistema Nacional de Educação: conceito, papel histórico e obstáculos para 
sua construção no Brasil. In: 31ª Reunião Anual da AnPed. Caxambu, out. 2008.
17
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
UnIdAde 2
Currículo do Ensino Básico na 
Legislação Brasileira
2.1 Introdução
Nesta unidade, vamos discutir o currículo no ensino básico expresso na LDB 9394/1996 e nas 
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução 04 do CEB/CNE/2010), 
para analisarmos e compreendermos a sua trajetória no contexto da legalidade brasileira. 
Juntos desvelaremos as mudanças legais ocorridas no campo do currículo escolar para atuar 
como um professor mais reflexivo, analítico, criativo e pró-ativo, com habilidade para resolver os 
problemas postos pelas transformações dos tempos atuais. 
Pretendemos, ao final desta unidade, que você seja capaz de:
•	 Compreender o currículo nos seus aspectos legais.
•	 Compreender a importância da legislação na definição do currículo escolar. 
•	 Determinar a sua ação educativa fundamentada na legislação vigente.
2.2 O Currículo na Lei de 
Diretrizes e Bases de Educação 
Nacional 9394/96 e nas Diretrizes 
Curriculares Nacionais - DCN
2.2.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, norteia-se para um currículo de base 
nacional comum para o ensino fundamental e médio. Na LDB, três artigos tratam sobre o currí-
culo: o artigo 8º, mais geral, rege a organização da Educação Nacional, o artigo 9º, IV, define a 
competência da União para
◄ Figura 5: Educação 
Básica
Fonte: Disponível 
em <http://cursos-
pecialway.blogspot.
com/2011/04/28-musica-
-e-um-dos-sete-novos-
-conteudos.html>. Acesso 
em 11 nov. 2011.
18
UAB/Unimontes - 4º Período
Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 
competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o 
ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo 
a assegurar formação básica comum.
E o art. 12 define que os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do 
seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
III - assegurar o cumprimentodos dias letivos e horas-aulas estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração 
da sociedade com a escola;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os 
responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como so-
bre a execução da proposta pedagógica da escola; 
VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca 
e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que 
apresentem quantidade de faltas acima de cinqüenta por cento do percentual 
permitido em lei.
No capítulo da Educação Básica, estão outras referências mais específicas. O art. 23 orienta 
que esta se organize
em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de 
estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros 
critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do proces-
so de aprendizagem assim o recomendar. 
O artigo 24 define as regras comuns de organização da educação básica. Já o artigo 26 ex-
pressa que 
Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio 
devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de 
ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida 
pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e 
dos educandos.
A LDB também estabelece as diretrizes que deverão orientar os “conteúdos curriculares da 
educação básica”, que envolvem: valores, direitos e deveres e orientação para o trabalho.
2.2.2 Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN
Como vimos, a educação básica está dividida em modalidades, e para cada modalidade há 
uma Diretriz Curricular Nacional (DCN) para regulamentá-la.
As DCN são os documentos com caráter de obrigatoriedade por força de Lei, definida na Re-
solução CEB nº 2, de 7 de abril de 1998, em seu artigo 2º
As Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias so-
bre princípios, fundamentos e procedimento da educação básica, expressas pela 
Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão 
as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desen-
volvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas .
É importante reiterar que a educação de nossas crianças e jovens é res-
ponsabilidade social, ou seja, problema da sociedade como um todo e não só 
das que se utilizam da escola ou nela desempenham suas funções profissio-
nais. Portanto, a educação escolar, como patrimônio público, é de responsabi-
lidade social, independentemente de sua forma jurídica de manutenção (MA-
ZZULLI; ROSALEN, 2001, p. 1).
Para os autores, a educação, vista como estrutura socialmente determinada,
dICA
Acesse o link e leia na 
íntegra, a LDB 9394/96 e 
suas alterações.
<http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/
L9394.htm>.
Figura 6: DCN 
Fonte: Disponível em 
<http://www.dailymotion.
com/video/xksovr_peb-i-
-professor-de-educacao-
-basica-i-simulado-2011_
school>. Acesso em 11 
nov. 2011.

19
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
reflete o conjunto das contradições que permeiam o contexto social. É no con-
texto dessas contradições que se situa a expectativa de que a escola contribua 
para a formação de pessoas capazes de analisar criticamente a realidade na qual 
estão inseridas e exercerem participação cidadã em seu meio (MAZZULLI; ROSA-
LEN, 2001, p. 1).
As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução 04 do CEB/
CNE/2010), no capítulo 1, estabelecem as formas para organização curricular no art. 13, transcrito 
a seguir:
O currículo, assumindo como referência os princípios educacionais garantidos 
à educação, assegurados no artigo 4º desta Resolução, configura-se como o 
conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de 
significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de 
identidades socioculturais dos educandos.
O parágrafo 1º deste artigo explicita que o currículo deve “difundir os valores fundamentais 
do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem 
democrática”, levando em consideração as condições de escolaridade dos estudantes no estabe-
lecimento, “a orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais e não-for-
mais”.
O 2º parágrafo diz que, na organização da proposta curricular, é preciso assegurar o entendi-
mento do currículo como experiências escolares desdobradas em torno do conhecimento, “per-
meadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conheci-
mentos historicamente acumulados, contribuindo para construir as identidades dos educandos”.
O 3º parágrafo trata da organização do percurso formativo, que deve ser aberto e contex-
tualizado. Para isso, “deve ser construída em função das peculiaridades do meio e das caracterís-
ticas, interesses e necessidades dos estudantes, incluindo não só os componentes curriculares 
centrais obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais”, como também outros, 
de modo flexível e variável, de acordo com o projeto escolar, desde que assegure alguns aspec-
tos que podem ser consultados e analisados a seguir:
BOX 1
Incisos do § 3º da Resolução 04 do CeB/Cne/2010
I. concepção e organização do espaço curricular e físico que se imbriquem e alarguem, in-
cluindo espaços, ambientes e equipamentos [...];
II. ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham profis-
sionais da educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com 
responsabilidade compartilhada [...];
III. escolha da abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar 
ou transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de 
pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, 
subsidiando a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a consti-
tuição de redes de aprendizagem;
IV. compreensão da matriz curricular entendida como propulsora de movimento, dinamis-
mo curricular e educacional, de tal modo que os diferentes campos do conhecimento 
possam se coadunar com o conjunto de atividades educativas;
V. organização da matriz curricular entendida como alternativa operacional que embase a 
gestão do currículo escolar e represente subsídio para a gestão da escola (na organização 
do tempo e do espaço curricular, distribuição e controle do tempo dos trabalhos docen-
tes), passo para uma gestão centrada na abordagem interdisciplinar, organizada por ei-
xos temáticos, mediante interlocução entre os diferentes campos do conhecimento;
VI. entendimento de que eixos temáticos são uma forma de organizar o trabalho pedagógi-
co, limitando a dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário no qual se constroem 
objetos de estudo, propiciando a concretização da proposta pedagógica centrada na vi-
são interdisciplinar, superando o isolamento das pessoas e a compartimentalização de 
conteúdos rígidos;
20
UAB/Unimontes - 4º Período
VII. estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos 
de informação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a 
distância entre estudantes que aprendem a receber informação com rapidez utilizando a 
linguagem digital e professores que dela ainda não se apropriaram;
VIII. constituição de rede de aprendizagem, entendida como um conjunto de ações didático
-pedagógicas, com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada pela cons-
ciência de que o processo de comunicação entre estudantes e professores é efetivado 
por meio de práticas e recursos diversos;
IX. adoçãode rede de aprendizagem, também, como ferramenta didático-pedagógica rele-
vante nos programas de formação inicial e continuada de profissionais da educação [...].
Fonte: Disponível em <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>. Acesso em 14 out. 2014.
O parágrafo 4º traduz o entendimento da transversalidade “como uma forma de organizar o 
trabalho didático-pedagógico em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às 
áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas”. Diferenciando no § 5º a 
transversalidade da interdisciplinaridade, afirmando que “ambas complementam-se e rejeitando 
a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado”.
O parágrafo 6º diz que “a transversalidade refere-se à dimensão didático-pedagógica, e a in-
terdisciplinaridade, à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento”.
O capítulo II desta mesma resolução trata da formação básica comum e parte diversificada, 
que não podem se constituir em dois blocos diferentes, devendo “ser organicamente planejadas 
e geridas de tal modo que as tecnologias de informação e comunicação perpassem transversal-
mente a proposta curricular, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, imprimindo direção 
aos projetos político-pedagógicos”, nos art. 14 e 15. 
As disciplinas que integram a base nacional comum na Educação Básica são:
•	 a Língua Portuguesa;
•	 a Matemática;
•	 o conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, especialmente do 
Brasil, incluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena; 
•	 a Arte, em suas diferentes formas de expressão, incluindo-se a música;
•	 a Educação Física; 
•	 o Ensino Religioso.
A parte diversificada deve complementar a base nacional comum, considerando as carac-
terísticas regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar, per-
passando todos os tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do En-
sino Médio, independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola.
De acordo com a resolução, a parte diversificada pode ser organizada em temas, com eixos 
temáticos, selecionados nos colegiados escolares. 
A língua estrangeira pertence à parte diversificada e, pelo menos uma, deve ser incluída no 
currículo, escolhida pela comunidade escolar, dentro das possibilidades da escola, que deve con-
siderar o atendimento de suas especificidades. 
A língua espanhola, por força da Lei nº 11.161/2005, é obrigatoriamente ofertada no Ensino 
Médio, embora facultativa para o estudante, bem como possibilitada no Ensino Fundamental, do 
6º ao 9º anos.
Ainda há Leis específicas que complementam a LDB, determinam que sejam incluídos com-
ponentes não disciplinares, como temas relativos ao trânsito, ao meio ambiente e à condição e 
direitos do idoso.
Referências
BRASIL. Lei nº 9.394, de 21 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional. diário Oficial da União. Brasília-DF, 23 de dez. de 1996. v. 134, n. 248, p. 27883 – 27841.
dICA 
•	 A Lei 11.525, de 
setembro de 2007, 
definiu que o currí-
culo do ensino fun-
damental incluísse 
“obrigatoriamente, 
conteúdo que 
trate dos direitos 
das crianças e dos 
adolescentes”.
•	 A Lei 11.645, em 
março, tornou obri-
gatórios, no ensino 
fundamental e 
médio, conteúdos 
da cultura africana 
e indígena.
•	 A Lei 11.684, em 
junho, transfor-
mou a Filosofia e 
a Sociologia em 
“disciplinas obri-
gatórias em todas 
as séries do ensino 
médio”.
•	 A Lei 11.769, em 
agosto, estabele-
ceu o ensino de 
música como con-
teúdo obrigatório, 
no ensino funda-
mental e médio, 
do componente 
curricular de Artes.
dICA
Acesse o link abaixo 
para ler na íntegra os 
documentos legais 
disponibilizados no 
Portal do MEC sobre a 
educação básica.
<http://portal.mec.gov.
br/index.php?option=-
com_content&view=ar-
ticle&id=12992:diretri-
zes-para-a-educacao-
-basica&catid=323:or-
gaos-vinculados>
21
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em 15 
out. 2011.
BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Prevê a obrigatoriedade do ensino da história e 
cultura afro–brasileira em todas as escolas brasileiras, e destaca o ensino da história e cultura dos 
povos indígenas . Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/
L11645.htm>. Acesso em 10 out. 2011.
BRASIL. Lei n° 11.684/08, de 02 de junho de 2008. Alterou o art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de de-
zembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filoso-
fia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11684.htm>. Acesso em 10 out. 
2011.
BRASIL. Lei n° 11769, de agosto de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na 
educação básica. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/
L11769.htm>. Acesso em 10 out. 2011.
MAZZILLI, S.; ROSALEN, M. A. S. As diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil e os 
projetos pedagógicos das instituições de educação infantil. In: XXIV Reunião Anual da AnPed, 
2001, Caxambu, 2001.
23
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
UnIdAde 3
Organização e Estrutura da 
Educação Brasileira 
3.1 Introdução
Nesta unidade vamos discutir a Organização e Estrutura da Educação Brasileira, focalizando 
a formação e os diversos fatores políticos, econômicos e sociais e a legislação como instrumento 
de intervenção na realidade educacional, além de abordarmos a questão do financiamento da 
educação no Brasil. 
Rediscutiremos as esferas do sistema educacional, a União, os estados e municípios, focali-
zando também a escola onde você concretizará a educação na aula, na relação com os alunos e 
seus pais e nos debates com o conjunto de profissionais da unidade escolar. 
Esperamos, ao final desta unidade, que você seja capaz de:
•	 Compreender a organização e o funcionamento de sistemas e instituições escolares no Bra-
sil como elemento de reflexão sobre/na realidade sócio-histórica.
•	 Refletir sobre a estrutura da educação básica e sua organização, enfocando a formação e 
os fatores de ordem política, econômica e social, onde o estudo da legislação possa servir 
como instrumento de intervenção na realidade educacional.
•	 Contextualizar historicamente o desenvolvimento e a organização da educação no Brasil.
•	 Identificar as leis que propuseram reformas para a educação brasileira.
•	 Identificar as regras sobre o financiamento da educação brasileira.
A legislação enquanto fonte documental oficial aponta necessária vinculação 
com o Estado e então há que ser considerada como expressão possível do jogo 
de forças das classes sociais aí presentes (MIGUEL, 2005, p. 9).
3.2 Organização e Estrutura da 
Educação Brasileira 
Para que se cumpra sua formação como acadêmico(a), pautada em sólida fundamentação, 
faz-se necessário a altercação acerca da disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Fun-
damental e Médio como lócus privilegiado de debate sobre a realidade brasileira em cada mo-
◄ Figura 7: Estudando a 
Educação
Fonte: Disponível em 
<http://estudando-
educacao.blogspot.
com/2011/04/o-numeros-
-da-educacao-basica-no-
-brasil.html>. Acesso em 
10 nov. 2011.
24
UAB/Unimontes - 4º Período
mento histórico. Segundo Mendonça e Lellis (1998), tal disciplina inscreve-se na expectativa de 
compreensão da contextura de relações sociais e de lutas que se travam no plano estrutural e 
conjuntural, ou seja, discute acerca da compreensão da educação no contexto da tessitura social 
produtiva,no contexto da organização econômica global e da organização política neoliberal.
A estrutura e a organização da educação nacional não dispensam a legislação como fio con-
dutor, como institucionalização lícita das políticas oficiais. A educação escolar se constitui em 
uma prática social que revela e desvela fins e interesses, sendo um elemento social essencial ao 
contexto sociopolítico e econômico. Assim, a disciplina Estrutura e Funcionamento da Educação 
Básica, desde a sua criação, é mensageira de uma história que se relaciona às formas específicas 
de organização da sociedade e dos sujeitos que a significam e ressignificam no tempo e nos es-
paços escolares.
Nos tempos atuais, em pleno século XXI, período histórico cujos paradigmas reportam à ve-
locidade da informação; tempo do fastígio da globalização, era do domínio e celeridade do co-
nhecimento, em que as informações estão on line desde o exato momento de sua ocorrência, 
exige-se muito mais de profissionais da educação que buscam suscetibilidade num mercado 
eclético e de transformações aceleradas; transformações nas “estruturas econômicas, políticas, 
demográficas, geográficas, históricas, culturais e sociais, que se desenvolvem em escala mundial, 
adquirem preeminência sobre as relações, processos e estruturas que se desenvolvem em escala 
nacional” (IANNI, 1994, p. 147), mercado influenciado principalmente por uma grande demanda 
de consumo insano. 
É importante realçar aqui o juízo de que a disciplina de Estrutura e Funcionamento do Ensi-
no Fundamental e Médio, ao ser ministrada nos cursos de formação de professores, e dependen-
do do enfoque que lhe é atribuído, poderá provocar entre os sujeitos do processo educacional, 
discussões acerca de elementos históricos que, ao serem problematizados, tornam-se elementos 
imperiosos ao processo de formação do professor emancipado. Nesse contexto a preocupação 
com a educação vem adquirindo grande repercussão, de modo a mobilizar a União, os Estados, o 
Distrito Federal, os Municípios e a colaboração da família e da sociedade em geral.
Ratificando essa preocupação, o Artigo 205 da Constituição Federal do Brasil (1988) afirma 
que “A Educação é um direito de todos e dever do Estado e da Família [...]”, e de acordo com o ar-
tigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394/96 – “A educação [...] tem 
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania 
e sua qualificação para o trabalho.” Pode-se entender, portanto, que a educação escolar prima 
pela promoção da igualdade, da perspectiva social e pela universalização do ensino a partir da 
possibilidade de formação do sujeito, de modo a garantir-lhe o acesso ao desenvolvimento e ao 
conhecimento.
Conforme Cury, a Constituição Federal do Brasil: 
Sendo um serviço público (e não uma mercadoria) da cidadania, a nossa Cons-
tituição reconhece a educação como direito social e dever do Estado. Mesmo 
quando autorizada pelo Estado a oferecer esse serviço, a instituição privada não 
deixa de mediar o caráter público inerente à educação. Só que esta ação obriga-
tória do Estado vai se pôr em marcha no interior de um Estado federativo (CURY, 
2002, p. 171).
A recente estrutura e funcionamento da educação brasileira provêm da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96), que, por sua vez, se junta à Constituição Federal 
de 1988 e às orientações gerais do Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014) bem como às 
respectivas Emendas Constitucionais em vigência. Na LDB, em cada um dos níveis e modalidades 
de ensino propostos, é possível perceber, apesar das limitações ainda presentes, possibilidades 
de flexibilidade da legislação educacional vigente, de forma a levar em conta a autonomia confe-
rida aos sistemas de ensino e às suas respectivas interligações.
Assim, nesse contexto da educação escolar brasileira, há conforme o Título V da LDB, os ní-
veis e as modalidades do ensino. Este título compreende 37 (trinta e sete) artigos: do artigo 21 
(vinte e um) ao artigo 58 (cinquenta e oito), através dos quais se estabelece a estrutura didática 
da educação escolar do Brasil.
GLOSSáRIO 
Altercação: discussão
25
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
3.3 Níveis de Educação
Em relação ao quadro acima apresentado, faz-se importante ressaltar que, de acordo com 
o inciso I do artigo 208 da Constituição Federal do Brasil de 1988, através de redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 59/2009, a educação básica obrigatória, ou ensino obrigatório, diz res-
peito à faixa etária de 04 a 17 anos, ou seja, educação pré-escolar (04 e 05 anos), ensino funda-
mental (06 a 14 anos) e ensino médio (15 a 17 anos); além da Educação destinada aos jovens e 
aos adultos: “educação básica obrigatória e gratuita dos 04 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de 
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na 
idade própria”.

Figura 8: Organograma 
e estrutura da 
educação brasileira
Fonte: Organizado 
pelas autoras a partir da 
legislação vigente e do 
site <http://www.oei.es/
quipu/brasil/estructura.
pdf>. Acesso em 10 nov. 
2011. 
26
UAB/Unimontes - 4º Período
Na Unidade I, vocês estudaram que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 9394/96 
– em seu artigo 21, determina que a educação escolar seja composta pela educação básica e su-
perior. A educação se compõe na Educação Básica, formada pela educação infantil, ensino funda-
mental e ensino médio; e na Educação superior.
A LDB/96 também determina as suas finalidades:
A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe 
a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe 
meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (Art. 22).
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o 
desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus aspectos físico, 
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comu-
nidade. (Art. 29).
O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na es-
cola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação 
básica do cidadão, [...] (Art. 32).
O ensino médio, etapa final da educação básica, tem duração mínima de três 
anos, [...] (Art. 35).
A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas 
ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização (Art. 45).
O conceito de educação básica que nos é dado pela legislação educacional é um conceito 
novo e inovador para um país cuja história da educação mostra claramente que, durante muitos 
anos, foi negligenciado o acesso de seus cidadãos à educação escolar. A ideia de formação co-
mum pode ser entendida como um todo integral e integrado de conhecimentos em condições 
de aprimorar a habilidade de cada um de se colocar no espaço social, no espaço de trabalho, nas 
relações produtivas e na construção de sua vida particular e coletiva. A formação comum se via-
biliza por meio de uma base comum de conteúdos e de aprendizagem. O conceito de educação 
básica garante um entendimento mais aberto da função social da educação, tendo em vista um 
ensino que prima pela qualidade.
Um elemento que merece ser aqui destacado é o trabalho que, com certeza, configura-se 
como um desafio a ser assumido no processo de organização da escola mediante a condição de 
construção do conhecimento. A relação trabalho e educação, proposta pela LDB, pode constituir-
se num caminho de acesso à plenitude da democracia através de uma concepção educacional 
que se paute na intenção de formar sujeitos conscientes de sua inserção social e de suas possibi-
lidades no/do espaço social.
Em relação à ideia de desenvolvimento do educando, nas etapas da educação básica, eta-
pas estas que formam um todo orgânico e encadeado, importa destacar o reconhecimento da 
educação escolar para as diferentesfases da vida bem como sua intencionalidade maior anterior-
mente posta no art. 205 da Constituição Federal do Brasil de 1988:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimen-
to da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para 
o trabalho.
Frente ao exposto, entende-se a universalização do ensino para as diferentes fases da vida 
através da educação infantil como primeira etapa da educação básica, do ensino fundamental e 
do ensino médio como etapa e espaço de culminância de um processo que se baseia na articu-
lação entre suas partes, integrado inclusive com o ensino superior. Há de se considerar ainda o 
dispositivo legal que ratifica o alargamento do conceito de educação básica e que amplia o nú-
mero de anos propostos para este nível de escolarização: educação infantil de zero a cinco anos, 
ensino fundamental de seis a catorze anos (observa-se nove anos de duração) e ensino médio 
que varia entre três e quatro anos, conforme a natureza e especificidade do curso e da institui-
ção, cursado a partir dos 15 (quinze) anos.
A educação infantil constitui a etapa inicial da educação básica e divide-se em duas etapas, 
a saber, de zero a três anos em creche e de quatro a cinco anos em educação pré-escolar. Tem 
por objetivo o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelec-
tual e motor. (Artigo 29 da Lei 9394/96).
A Constituição Federal do Brasil (1988), em seu art. 208 e inciso I, diz que o dever do Estado 
com a educação será efetivado mediante a garantia da “educação básica obrigatória e gratuita 
dos quatro aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos 
os que a ela não tiveram acesso na idade própria”, o que significa que a creche, zero a três anos, 
não se constitui, pelo menos a princípio, dever do Estado.
27
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
Já o inciso IV do mesmo artigo dispõe esta etapa da educação como dever do Estado: “edu-
cação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 05 (cinco) anos de idade”.
Segundo o Parecer CEE/MG 1132/97, que dispõe sobre a Educação Básica, nos termos da Lei 
9.394/96, a educação infantil compreende a creche e a pré-escola:
A creche e a pré-escola constituem direito da criança à educação e um direito 
da família de compartilhar a educação de seus filhos em instituições sociais, As-
sim como são um dos meios mediante os quais o Estado efetiva o seu dever de 
educar. No mesmo sentido, cabe ao Município oferecer educação infantil, em 
creches e pré-escolas, buscando formas de colaboração com outras instituições, 
para oferta, expansão e melhoria de sua qualidade.
Assim, a proposta pedagógica da educação infantil deve considerar o bem-estar da criança, 
seu grau de desenvolvimento, a diversidade cultural das populações infantis, os conhecimentos 
a serem universalizados e o regime de atendimento a ser oferecido pelas instituições educacio-
nais (tempo integral ou parcial).
A avaliação, na educação infantil, será feita mediante acompanhamento e registro do desen-
volvimento da criança, tomando como referência os objetivos estabelecidos para essa etapa da 
educação, que não tem função de promoção nem constitui pré-requisito para o acesso ao ensino 
fundamental.
As instituições de educação infantil integram o Sistema Municipal ou Estadual de Ensino, se-
gundo as opções que forem feitas pelos municípios.
Os estabelecimentos de educação infantil serão autorizados e supervisionados pelos res-
pectivos sistemas de ensino, assegurado o prazo de três anos, a contar de 20.12.96, para sua reor-
ganização e cumprimento das novas exigências legais.
Os municípios que se integrarem ao sistema estadual de ensino ou compuserem com este 
um sistema único de educação básica cumprirão as diretrizes e normas para credenciamento e 
funcionamento de instituições educacionais estabelecidas pelo Conselho Estadual de Educação.
Frente à atual política educacional brasileira, a educação infantil passa a ser reconhecida 
como uma etapa específica da formação humana, baseada na ideia de educação como processo 
contínuo, desde o nascimento. A especificidade atribuída a essa etapa de escolarização é exata-
mente oposta à visão atribuída à pré-escola, que era percebida e entendida a partir da noção de 
privação cultural, ou seja, a pré-escola tinha por missão suprir as supostas deficiências das crian-
ças das camadas populares, de modo a prepará-las para o ingresso no ensino fundamental.
Importa acrescentar, ainda, que a dimensão pedagógica atribuída pela legislação vigente à 
educação infantil intenta o crescimento muldimensional da criança. Desse modo procura, a par-
tir desse dispositivo legal, superar a visão assistencialista que marcou as ações governamentais 
direcionadas à pré-escola.
O ensino fundamental, segunda etapa da educação básica, que apresenta como maior ob-
jetivo a formação básica do cidadão, tem duração de nove anos (Lei 11.274, de 06 de fevereiro 
de 2006), e é obrigatório e gratuito na escola pública, a partir dos seis anos de idade. A oferta do 
ensino fundamental deve ser gratuita também aos que a ele não tiveram acesso na idade pró-
pria, ou seja, para a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa alteração de oito 
para nove anos no ensino obrigatório tem como objetivo assegurar a todas as crianças um tem-
po mais longo de convivência escolar e maiores oportunidades de aprendizagem.
Julga-se importante acrescentar, em relação ao ensino fundamental, segundo o Parecer 
CEE/MG 1.132/97, que, para o cumprimento da obrigatoriedade de oferta de ensino fundamen-
tal, o Estado e os Municípios:
•	 Em regime de colaboração e com assistência da União, recensearão a população em idade 
escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso.
•	 Criarão formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente 
da escolarização anterior.
•	 Promoverão cursos presenciais ou a distância para jovens e adultos insuficientemente esco-
larizados;
•	 Possibilitarão a aceleração de estudos para alunos com atraso escolar.
•	 Realizarão cursos e exames supletivos que habilitem ao prosseguimento de estudos.
Em relação ao ensino fundamental, segundo os principais teóricos que versam sobre esse 
assunto, a inovação mais importante posta pela Constituição Federal do Brasil de 1988 e pela Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96 foi o fato de que a educação básica obri-
gatória, ou seja, de 04 a 17 anos, é “direito público subjetivo”. Veja a seguir os textos legais que 
determinam tal prática.
dICA
Conheça o Parecer CNE/
CEB nº 22/1998 - Dire-
trizes Curriculares Na-
cionais para a Educação 
Infantil e a Resolução 
CNE/CEB nº 01/1999 
- Institui as Diretrizes 
Curriculares Nacionais 
para a Educação Infantil.
28
UAB/Unimontes - 4º Período
A Constituição Federativa do Brasil (1988), no art. 208, inciso VII, § 1º e 2º determina:
§ 1º - o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo;
§ 2º - o não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua ofer-
ta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
Reafirmado na Lei 9394/96, art. 5º:
O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo 
qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sin-
dical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério 
Público, acionar o poder público para exigi-lo.
De acordo com Cury, é muito importante saber o significado de “direito público subjetivo”:
[...] é aquele pelo qual o titular de um direito pode exigir direta e imediatamente 
do Estado o cumprimento de um dever e de uma obrigação. O titular deste direi-
to é qualquer pessoa, de qualquer idade, que não tenha tido acesso à escolari-
dade obrigatória na idade apropriada ou não.É válida sua aplicação para os que, 
mesmo tendo tido acesso, não puderam completar o ensino fundamental. Trata-
se de um direito subjetivo, ou seja, (sic) um sujeito é o titular de uma prerrogativa 
própria deste indivíduo, essencial para sua personalidade e para a cidadania. E se 
chama direito público, pois, no caso, trata-se de uma regra jurídica que regula a 
competência, as obrigações e os interesses fundamentais dos poderes públicos, 
explicitando a extensão do gozo que os cidadãos possuem quanto aos serviços 
públicos. O sujeito deste dever é o Estado sob cuja alçada estiver situada essa 
etapa da escolaridade (CURY, 2000, p. 21).
Além disso, o não cumprimento desse direito, por parte das autoridades competentes, im-
plica crime de responsabilidade. O significado de crimes de responsabilidade é definido pela Lei 
1.079/1950, artigo 4º, III, “como crime de responsabilidade aquele em que a autoridade venha a 
atentar contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais”. Cury (2000, p. 22) pontua 
que, mediante a ausência de vagas no ensino fundamental, o art. 14 desta mesma Lei permite a 
“qualquer cidadão denunciar autoridades omissas ou infratoras perante a Câmara dos Deputados”. 
O ensino médio, etapa final da educação básica, tem por objetivo materializar e radicar os 
objetivos e habilidades construídas e consolidadas no ensino fundamental. Esta etapa da educa-
ção básica, ao longo do tempo, vem buscando sua identidade, uma vez que, num momento da 
história, lhe foi delegada a função propedêutica, noutro momento o atendimento ao mercado de 
trabalho. Atualmente, esta etapa da educação básica tem a finalidade de preservar o caráter uni-
tário da educação, a partir da proposta de educação geral e desempenha a função de colaborar 
para que a juventude aprofunde e solidifique os conhecimentos até então adquiridos. Outro pa-
pel que também lhe é atribuído é a condição de permitir o acesso à educação profissionalizante, 
seja ele técnico ou de nível superior.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº 9.394/96), ao situar o ensino 
médio como etapa final da educação básica, define-o como a conclusão de um período de esco-
larização de caráter geral, como parte de uma etapa da escolarização que tem por finalidade o 
desenvolvimento do indivíduo, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercí-
cio da cidadania, fornecendo-lhe os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, 
como disposto em seu art. 22.
A matrícula nesta etapa da educação básica, até o ano de 2009, não era considerada obriga-
tória. Desde 2010, o poder público teve que oferecer o ensino médio público e gratuito a todos 
os alunos interessados em cursá-lo, porém, o estudante continuou podendo escolher se ia ou 
não cursar o ensino médio. Entretanto, a partir de 2016, o poder público e os pais poderão ser 
responsabilizados civil e criminalmente por aqueles que estiverem fora da escola – como aconte-
cia, segundo a Emenda Constitucional 14/96, com os alunos do ensino fundamental.
A Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, que acrescenta o § 3º ao art. 
76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do 
exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União (DRU) incidente sobre 
os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da 
Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obriga-
toriedade do ensino de 4 a 17 anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para 
todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e 
ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI. 
dICA
Leia a legislação vigente 
na íntegra que trata do 
ensino fundamental.
- Parecer CNE/CEB nº 
04/1998 - Diretrizes Cur-
riculares Nacionais para 
o Ensino Fundamental 
e a Resolução CNE/CEB 
nº 02/1998 - Institui as 
Diretrizes Curriculares 
Nacionais para o Ensino 
Fundamental;
- A Lei 11.114/2005 – 
Torna obrigatório o 
início do ensino funda-
mental aos seis anos de 
idade;
- O Parecer CNE/CEB nº 
18/2005 - Orientações 
para a matrícula das 
crianças de seis anos de 
idade no Ensino Funda-
mental obrigatório;
- A Resolução CNE/CEB 
nº 03/2005 - Define 
normas nacionais para 
a ampliação do Ensino 
Fundamental para nove 
anos de duração.
29
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
A extensão da obrigatoriedade ao ensino médio vem sendo posta desde 1988 pela Consti-
tuição Federal, tendo perdido força com a Emenda Constitucional nº 14, de setembro de 1996, 
que substituiu sua obrigatoriedade por “progressiva universalização”. A Emenda nº 59 de 2009, 
portanto, treze anos depois, permite a recuperação da obrigatoriedade e da gratuidade ao ensi-
no médio, sendo que ainda necessitamos de mecanismos que possibilitem a concretização desse 
direito no País.
Também a LDB, no artigo 4º, II, afirma que o dever do Estado com a educação escolar pú-
blica será efetivado mediante a garantia de universalização do ensino médio gratuito (Redação 
dada pela Lei nº 12.061, de 2009). 
É importante esclarecer que há divergência de entendimento entre autores que discutem 
este assunto como, por exemplo, Dermeval Saviani, Carlos Roberto Jamil Cury, João Gualberto de 
Carvalho Menezes, Eva Waisros Pereira, entre outros. Enquanto uns entendem que a progressiva 
universalização significa obrigatoriedade, outros discordam. Na interpretação de Cury, a legisla-
ção vigente mantém o dever do Estado para esse nível de ensino.
A ‘prioridade’ de sua oferta fica sob a incumbência dos Estados. Ora, a concre-
tização dessa oferta gratuita, progressivamente em direção à ‘universalização 
obrigatória’, vai também estendendo para este nível o caráter de direito público. 
Deste modo, admitindo-se a progressão permanente, gradual e ampliada, ‘ain-
da que em ritmos diferentes’, a obrigatoriedade ‘coroaria’ esse processo. Dentro 
dessa gradualidade, é precedente, desde logo, apontar o dever dos Estados em 
garantir sua oferta gratuita para todos os que demandarem. Então, em um ‘se-
gundo momento’, assegurar o seu atendimento universal e ‘obrigatório’, como já 
vige para o ensino fundamental, ‘seria’ o passo final para que essas duas etapas 
da educação básica se vissem sob o direito público subjetivo. (CURY, 2000, p. 25, 
Grifos nossos)
Percebe-se que Cury, Conselheiro do Conselho Nacional de Educação, é um dos autores que 
entendem que a progressiva universalização significa a obrigatoriedade do Estado para com esta 
etapa da educação básica. Porém, ao analisar as palavras que destacamos na citação feita, perce-
bemos que ele fala em prioridade e não em obrigatoriedade, o tempo verbal usado é o futuro do 
pretérito do indicativo. Também quando ele se refere à “progressão permanente, gradual e am-
pliada, ainda que em ritmos diferentes”, fica clara a diferença posta entre o ensino obrigatório e o 
ensino médio, e quando fala sobre “a concretização dessa oferta gratuita, progressivamente em 
direção à universalização obrigatória”, pode-se observar que, na redação dada pela Lei nº 12.061, 
de 2009, o termo posto é “universalização do ensino médio gratuito”.
Por fim, Pereira e Teixeira comentam sobre a obrigatoriedade do ensino médio:
O artigo 208 da Constituição Federal define que o ensino fundamental públi-
co será obrigatório e gratuito, condições estas a serem implantadas progressi-
vamente no desenvolvimento do ensino médio, ainda que hoje, com redação 
reformulada pela [...] emenda constitucional 14/1996, a “obrigatoriedade” tenha 
sido substituída por “universalização” (PEREIRA e TEIXEIRA, 2000, p. 95).
Ainda em relação ao ensino médio, segundo o Parecer CEE/MG 1132/97, faz-se necessário 
salientar que
As escolas que oferecerem o ensino médio, última etapa da educação básica, 
organizarão seus cursos com duração mínima de três anos com 2.400 horas deefetivo trabalho escolar.
O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para 
o exercício de profissões técnicas.
A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, 
poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou 
em cooperação com instituições especializadas em educação profissional.
O ensino profissional, articulado com o ensino médio, será ministrado:
a) de forma seqüencial, quando concluída a programação destinada ao ensino 
médio seguir-se um período destinado exclusivamente ao ensino profissional;
b) de forma paralela, quando as duas partes, a destinada à formação geral do 
educando e a destinada à formação profissional, ocorrerem lado a lado. Nesse 
caso, as duas partes devem cumprir as respectivas cargas horárias;
c) de forma concomitante, quando as duas partes integrarem o mesmo currículo, 
sem prejuízo da carga horária destinada à formação geral do educando.
O estabelecimento de ensino médio poderá oferecer habilitação profissional em 
cooperação com instituições especializadas em educação profissional (centros 
30
UAB/Unimontes - 4º Período
de formação profissional, escolas de formação técnica ou empresas que pos-
suam programas de formação ou qualificação).
Nos cursos noturnos, os horários e a duração da jornada diária serão compatíveis 
com as especificidades dos alunos trabalhadores, sem comprometer os padrões 
de qualidade.
Quanto à educação superior, esta constitui o segundo nível da educação escolar, conforme 
estabelecido pelo artigo 21 da Lei 9394/96. Percebe-se,no Capítulo IV desta Lei, que versa sobre 
este nível educacional, que este contém um número maior de artigos, sendo quinze no total (do 
artigo 43 ao 57). A educação superior abrange cursos sequenciais nos diversos campos do saber, 
cursos de graduação, de pós-graduação e de extensão. O acesso à educação superior ocorre a 
partir dos 18 anos, através de diferentes processos seletivos, e o número de anos de estudo varia 
de acordo com os cursos, sua natureza e sua complexidade. O Parecer CNE nº CP 98/99, aprovado 
em 06/07/99, confirma a continuidade dos concursos vestibulares:
Vale ressaltar desde logo que os concursos vestibulares continuam a ser proces-
so válido para ingresso no ensino superior; a inovação é que deixaram de ser o 
único e exclusivo mecanismo de acesso, podendo as instituições desenvolver e 
aperfeiçoar novos métodos de seleção e admissão alternativos que, a seu juízo, 
melhor atendam aos interessados e às suas especificidades.
Hoje existem diferentes processos que possibilitam o acesso ao Ensino Superior no Brasil, 
porém ainda imperam as tradicionais provas de vestibular e a utilização do eneM.
O exame nacional do ensino Médio (eneM) surgiu em 1998 para medir o desempenho 
dos estudantes do Ensino Médio. Hoje é uma das formas de ingresso para uma instituição de 
ensino superior pública ou federal. Seu principal objetivo é avaliar o desempenho do estudante 
ao fim da escolaridade básica. Podem participar do exame alunos que estão concluindo ou que 
já concluíram o ensino médio em anos anteriores. O Enem é utilizado como critério de seleção 
para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos 
(ProUni). Além disso, cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame como critério de 
seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular.
O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi criado em 2004, pela Lei nº 11.096/2005, 
e tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cur-
sos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de 
educação superior. As instituições que aderem ao programa recebem isenção de tributos.
Outra grande modificação foi a criação do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Trata-se 
de um processo organizado pelo Ministério da educação (MeC) para selecionar os estudantes 
para as universidades por meio da nota obtida no ENEM. Uma das vantagens do sistema seria 
unificar todos os testes em um só. 
A nota do ENEM também é utilizada de outras maneiras: na primeira fase do vestibular 
como parte da nota final e também para preencher vagas remanescentes nas instituições. 
Outro processo usado para acesso ao ensino superior é o Vestibular tradicional. Esse pro-
cesso seletivo consiste em uma prova na qual os vestibulandos que obtém maior pontuação fi-
cam com a vaga. O tipo de prova depende da instituição que a aplicará. Algumas dividem o ves-
tibular em fases, sendo a primeira eliminatória com perguntas de múltipla escolha. A segunda é 
discursiva para testar se o estudante é claro em suas explanações. Além disso, todas as universi-
dades cobram a realização de uma redação em alguma das fases de seus processos. 
Também utiliza-se o processo de Avaliação seriada. Essa forma de seleção é realizada du-
rante os três anos em que o estudante está no Ensino Médio. As provas são aplicadas no final 
de cada ano e abordam os conteúdos aprendidos. No terceiro ano é que o vestibulando deve 
selecionar qual o curso desejado. As provas são estruturadas da mesma forma que o vestibular 
com questões de múltipla escolha e dissertativas, além de uma redação. No final do processo, a 
instituição calcula uma média com a pontuação obtida em cada prova. 
Outra forma de seleção a ser citada aqui é a entrevista. Esse meio de seleção não é usa-
do sozinho, ou seja, costuma estar aliado com outras formas como uma redação, nota obtida no 
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ou análise de histórico escolar. Com base na entrevista, 
a instituição seleciona os candidatos que tem o perfil necessário para o curso e profissão.
Existe também a seleção através da Análise de histórico escolar. Esse tipo de processo 
considera as notas do aluno durante o Ensino Médio em todas as disciplinas. Geralmente, as ins-
tituições o usam como parte da nota final do estudante, que também precisa prestar a prova do 
vestibular em busca da aprovação. 
dICA
Leia o Parecer CEB n.º 
15/1998 - Diretrizes 
Curriculares Nacionais 
para o Ensino Médio e 
a Resolução n.º 3/1998 
- Institui as Diretrizes 
Curriculares Nacionais 
para o Ensino Médio.
31
História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio
Outro processo é a Prova agendada. Esse sistema é comum quando ainda há vagas rema-
nescentes na universidade. O estudante marca um horário e dia para realizar o teste, com o mes-
mo conteúdo cobrado nos vestibulares tradicionais. 
Na modalidade de Prova eletrônica, o estudante comparece até o campus e realiza a prova 
em um laboratório de informática. A vantagem desse tipo de seleção é que, no dia seguinte, o 
resultado já é divulgado. 
Nas Provas de habilidade específica, dependendo do curso escolhido, os vestibulandos 
são submetidos a uma prova específica para verificar se eles estão aptos a ganhar a vaga. Para o 
curso de Arquitetura, por exemplo, é preciso mostrar habilidades em desenho, já em Educação 
Física o aluno passa por testes físicos. O aluno que deseja uma vaga no curso de Música também 
tem que realizar esse tipo de teste. 
Importa destacar que, na LDB 9394/96, o ensino superior apresenta, entre as suas finalida-
des: o estímulo à criação cultural, o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento re-
flexivo, o incentivo ao trabalho de pesquisa e investigação científica. Pode-se entender, a partir 
daí, que não ficam claros a função e o compromisso da universidade em realizar ou desenvolver 
a pesquisa, de modo a contribuir para o desenvolvimento do conhecimento científico, embora a 
Constituição Federal (1988), no seu art. 207, cite um ponto inovador neste nível de ensino, des-
crevendo o conceito de universidade desta mesma LDB e advertindo que sejam “instituições plu-
ridisciplinares [...] de pesquisa”.
As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de 
gestão financeira e patrimonial, e obedecerão

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