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Montes Claros/MG - 2014 Islei Gonçalves Rabelo Maria Cristina Freire Barbosa Maria das Graças Mota Mourão 2ª edição atualizada por Islei Gonçalves Rabelo estrutura e Funcionamento do ensino Fundamental e Médio 2ª EDIÇÃO Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES 2015 Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. EDITORA UNIMONTES Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089 Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214 Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes Ficha Catalográfica: REITOR João dos Reis Canela VICE-REITORA Antônio Alvimar Souza DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES Jânio Marques Dias EDITORA UNIMONTES Conselho Consultivo Antônio Alvimar Souza César Henrique de Queiroz Porto Duarte Nuno Pessoa Vieira Fernando Lolas Stepke Fernando Verdú Pascoal Hercílio Mertelli Júnior Humberto Guido José Geraldo de Freitas Drumond Luis Jobim Maisa Tavares de Souza Leite Manuel Sarmento Maria Geralda Almeida Rita de Cássia Silva Dionísio Sílvio Fernando Guimarães Carvalho Siomara Aparecida Silva CONSELHO EDITORIAL Ângela Cristina Borges Arlete Ribeiro Nepomuceno Betânia Maria Araújo Passos Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo César Henrique de Queiroz Porto Cláudia Regina Santos de Almeida Fernando Guilherme Veloso Queiroz Luciana Mendes Oliveira Maria Ângela Lopes Dumont Macedo Maria Aparecida Pereira Queiroz Maria Nadurce da Silva Mariléia de Souza Priscila Caires Santana Afonso Zilmar Santos Cardoso REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Carla Roselma Athayde Moraes Waneuza Soares Eulálio REVISÃO TÉCNICA Karen Torres C. Lafetá de Almeida Káthia Silva Gomes Viviane Margareth Chaves Pereira Reis DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS Andréia Santos Dias Camilla Maria Silva Rodrigues Sanzio Mendonça Henriques Wendell Brito Mineiro CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Camila Pereira Guimarães Joeli Teixeira Antunes Magda Lima de Oliveira Zilmar Santos Cardoso diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/ Unimontes Maria das Mercês Borem Correa Machado diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes Antônio Wagner Veloso Rocha diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes Paulo Cesar Mendes Barbosa Chefe do departamento de Comunicação e Letras/Unimontes Mariléia de Souza Chefe do departamento de educação/Unimontes Maria Cristina Freire Barbosa Chefe do departamento de educação Física/Unimontes Rogério Othon Teixeira Alves Chefe do departamento de Filosofi a/Unimontes Alex Fabiano Correia Jardim Chefe do departamento de Geociências/Unimontes Anete Marília Pereira Chefe do departamento de História/Unimontes Claudia de Jesus Maia Chefe do departamento de estágios e Práticas escolares Cléa Márcia Pereira Câmara Chefe do departamento de Métodos e Técnicas educacionais Helena Murta Moraes Souto Chefe do departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes Carlos Caixeta de Queiroz Ministro da educação Cid Gomes Presidente Geral da CAPeS Jorge Almeida Guimarães diretor de educação a distância da CAPeS Jean Marc Georges Mutzig Governador do estado de Minas Gerais Fernando Damata Pimentel Secretário de estado de Ciência, Tecnologia e ensino Superior Vicente Gamarano Reitor da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes João dos Reis Canela Vice-Reitor da Universidade estadual de Montes Claros - Unimontes Antônio Alvimar Souza Pró-Reitor de ensino/Unimontes João Felício Rodrigues Neto diretor do Centro de educação a distância/Unimontes Fernando Guilherme Veloso Queiroz Coordenadora da UAB/Unimontes Maria Ângela lopes Dumont Macedo Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Betânia Maria Araújo Passos Autoras Islei Gonçalves Rabelo Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. Especialista em Docência do Ensino Superior também pela UNIMONTES. É professora de Ensino Superior da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES e integra os grupos de pesquisa GEPEDS (Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, Diversidade e Saúde) e GHES (Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação e Sociedade). Também atua como Supervisora Pedagógica Escolar da Secretaria Municipal de Educação de Montes Claros/MG. Maria Cristina Freire Barbosa Doutoranda pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD de Portugal, mestre em Educação pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique José Varona/ Cuba, graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Atualmente é professora do Departamento de Educação, membro do Corpo Editorial da Revista Educação Significante e Coordenadora da Pós-Graduação Strictu Senso da Unimontes. Maria das Graças Mota Mourão Doutoranda pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro - UTAD de Portugal, mestre em Educação pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique José Varona/ Cuba, graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Atualmente é professora do Departamento de Educação, membro do Corpo Editorial da Revista Educação Significante e Coordenadora do Grupo de Pesquisas na Educação, Diversidade e Saúde - GEPEDS da Unimontes. Sumário Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 Organização do Sistema de Ensino Brasileiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.2 Organização dos Sistemas de Ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.3 Características Gerais do Sistema Educacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 1.4 Inter-Relação do Sistema Nacional com o Sistema Estadual, Municipal e Escolar . . .15 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 Currículo do Ensino Básico na Legislação Brasileira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 2.2 O Currículo na Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional 9394/96 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20 Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23 Organização e Estrutura da Educação Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.2 Organização e Estrutura da Educação Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.3 Níveis de Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3.4 Modalidade de Educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 3.5 Financiamento da Educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43 Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 Gestão das Instituições de Ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 4.2 A Escola na sua Dimensão Administrativa e Pedagógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59 Referências Básicas e Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65 Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71 9 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio Apresentação Caro (a) acadêmico (a), A disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio trata da legislação e organização do sistema de ensino. Esta disciplina tem o objetivo de contextualizar a evolução do processo de organização e funcionamento da educação brasileira, especificamente o ensino fun- damental e médio e o momento histórico atual, de modo a possibilitar ao graduando analisar cri- ticamente e posicionar-se como agente desse processo, fundamentado na legislação educacional. A disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio está estruturada em quatro unidades, na Unidade 1 - Organização do Sistema de Ensino Brasileiro: sentido do ter- mo, áreas de prioridades e regime de colaboração. Na Unidade 2 - intitulada “O Currículo do Ensino Básico na Legislação Brasileira” - buscamos analisar as disposições legais sobre o currículo escolar na LDB 93934/96 e nas DCN que precisa contar com um trabalhador pensante, criativo, pró-ativo, analítico, com habilidade para resolu- ção de problemas e tomada de decisões, entre outras capacidades. Na Unidade 3 - intitulada “Organização e Estrutura da Educação Brasileira” - trataremos dos Níveis e Modalidades de Educação, bem como do Financiamento da Educação. A unidade 4 - denominada “Gestão das Instituições de Ensino” está voltada para o conheci- mento da gestão das instituições de ensino regulares norteadas pelos regimentos escolares, bem como pelos projetos político-pedagógicos e institucionais. Esperamos que esta disciplina possibilite amplas reflexões em relação aos temas aqui trata- dos, contribuindo para a formação de um profissional comprometido com a construção de uma sociedade mais humana e justa. As autoras 11 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UnIdAde 1 Organização do Sistema de Ensino Brasileiro A educação do homem começa no momento do seu nascimento; antes de falar, antes de entender, já se instrui. Jean Jacques Rousseau 1.1 Introdução Nesta unidade, vamos analisar a organização dos sistemas de ensino brasileiro: sentido, áreas de prioridades, regime de colaboração e modalidades de ensino. No decorrer do estudo sobre as modalidades de ensino, você poderá observar o caráter fle- xível da legislação educacional vigente, considerando-se a autonomia atribuída aos sistemas de ensino e às suas respectivas redes. Pretendemos, ao final desta unidade, que você seja capaz de: • Reconhecer o sentido da expressão sistema de ensino. • Identificar as áreas prioritárias de atuação no sistema de ensino. • Definir o papel da União, do Estado e do Município na rede colaborativa. • Caracterizar as modalidades de ensino. • Compreender a flexibilidade da legislação vigente, considerando a autonomia das redes co- laborativas. 1.2 Organização dos Sistemas de Ensino 1.2.1 O Significado da Expressão Sistema de Ensino De acordo com Saviani (2008, p.2), o “desenvolvimento da sociedade moderna correspon- de ao processo em que a educação passa do ensino individual ministrado no espaço doméstico ◄ Figura 1: Educação Fonte: Disponível em <http://espacoa- bertoweb.blogspot. com/2011/05/qualidade- -da-educacao-no-brasil. html>. Acesso em 11 set. 2011. 12 UAB/Unimontes - 4º Período por preceptores privados para o ensino coletivo ministrado em espaços públicos denominados escolas”. Dessa forma, a educação sistematizada exige que o funcionamento dessas instituições seja também sistematizado, originando os sistemas educacionais organizados pelo poder públi- co, emergindo e consolidando, a partir da segunda metade do século XIX, os Estados nacionais acompanhados pela implantação dos sistemas nacionais de ensino nos diferentes países. Para Saviani (2008), o alicerce do uso prolixo do conceito de sistema na educação está na noção de que o termo sistema significa conjunto de elementos, ou seja, a reunião de diferen- tes unidades formando um todo, ocasionando a assimilação do sentido de sistema educacional como conjunto de unidades escolares ou de rede de instituições de ensino. O termo sistema significa um conjunto de atividades que se cumprem tendo em vista deter- minada finalidade. Na visão de Saviani (2008, p. 3), “sistema implica organização sob normas pró- prias (o que lhe confere um elevado grau de autonomia) e comuns, isto é, que obrigam a todos os seus integrantes”. O autor afirma que: o deslocamento do eixo do processo produtivo do campo para a cidade e da agricultura para a indústria provocou o deslocamento do eixo do processo cultu- ral do saber espontâneo, assistemático para o saber metódico, sistemático, cien- tífico. Em conseqüência, o eixo do processo educativo também se deslocou das formas difusas, identificadas com o próprio processo de produção da existência, para formas específicas e institucionalizadas, identificadas com a escola (SAVIA- NI, 2008, p. 7). Abreu (1998, p. 36) entende o sistema de ensino como um conjunto de instituições de ensino públicas ou privadas, de diferentes níveis e modalidades de educação e de ensino, e de órgãos educacionais administrati- vos, normativos e de apoio técnico, elementos distintos mas interdependentes, que interagem entre si com unidade e coerência (o que não exclui contradições e ambigüidades), a partir de um conjunto de normas comuns elaboradas pelo órgão competente, visando ao desenvolvimento do processo educativo. No Brasil, “a organização dos sistemas de ensino sustenta-se na definição de áreas prioritá- rias de atuação e na preocupação em instituir um regime de colaboração entre os mesmos” (RA- POSO, 2002, s/p). Assim, cabe aos Municípios atuarem prioritariamente no ensino fundamental e no ensino infantil, aos Estados e ao Distrito Federal compete atuarem no ensino fundamental e médio. A discussão a respeito da existência de um sistema nacional, abrangendo os sistemas esta- duais, distrital e municipais, envolve estudiosos como Saviani (2008), Ranieri (2000), entre outros. Ranieri (2000, p. 123) diz que: numa perspectiva sociológica parece-lhe inegável a existência desse sistema na- cional, mas não com um caráter de supremacia sobre os demais e sim inserido no contexto de cooperação e inter-relacionamento decorrente do federalismo cooperativo, cuja expressão maior decorre da previsão constitucional do artigo 214 de um plano nacional de educação. Cabe ressaltar que o dispositivo do artigo 210 da Constituição Fede- ral, no campo da organização dos sistemas de ensino, evidencia tanto a preocupação com o papel da educação em promover a integração nacional quanto a preservação das peculiaridades regionais, mediante previsão de conteúdos mínimos para o ensino fundamental, visando à formação básica comum e ao respeito aos valores culturais e artísticos,nacionais e regionais. A Constituição Federal de 1988, portanto, determina que os sistemas de ensino brasileiro sejam organizados em regime de colaboração entre a União, os Estados e o Distrito Federal (art. 211, § 1 a 4): à União, compete a organização do sistema de ensino federal e dos Territórios, financiando as instituições públicas federais e exercendo, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir a equalização de oportuni- dades educacionais e o padrão mínimo de qualidade mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. A Constituição Federal de 1988, no seu Art. 211, modificada pelas Emendas Constitucionais n.º 14/96, 53/2006 (§ 5º) e 59/2009 (§4º), define as competências de cada esfera governamental para com a educação. Para Figura 2: Constituição Federal Fonte: Disponível em <http://www.revistasau- deemdestaque.com.br/ ler.php?materia=MTI=>. Acesso em 11 set. 2011. 13 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio isso, a União, os Estados, o Distrito federal e os municípios organizarão, em regime de colabora- ção, seus sistemas de ensino. § 1.º - A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as insti- tuições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir a equalização de oportunidades educacionais e o padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. § 2.º - Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. § 3.º - Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e mé- dio. § 4.º - Na organização de seus sistemas de ensino, a união, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. § 5º - A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 1.3 Características Gerais do Sistema Educacional 1.3.1 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 9394/96 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96), em seu artigo 21, divide a educação escolar em dois grandes níveis: I. Educação básica - formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II. Educação superior. A educação básica se divide em três etapas, as finalidades de cada uma estão expressas nos artigos 22 a 26 da referida lei. O art. 22 proclama que a educação básica “tem por finalidade de- senvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cida- dania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. A educação infantil, etapa inicial da educação básica, tem por finalidade “o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e so- cial, complementando a ação da família e da comunidade” (art. 29). A educação infantil é ofereci- da em creches, para crianças de zero a três anos de idade, e pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos. dICA Acesse o link abaixo para ler na íntegra a Constituição Federal em relação à educação. <http://portal.mec.gov. br/seesp/arquivos/pdf/ constituicao.pdf>. ◄ Figura 3: LDB 9394/96 Fonte: Disponível em <http://download- seducaotc.blogspot. com/2010/07/leis-de- -diretrizes-de-base-da- -educacao.html>. Acesso em 10 set. 2011. 14 UAB/Unimontes - 4º Período O ensino fundamental é obrigatório e gratuito na escola pública, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria. De acordo com o art. 32 da LDB 9394/96, tem duração de 9 (nove) anos, inicia-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação bási- ca do cidadão, mediante: I. o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II. a compreensão do ambiente natural e social, do sistema polí- tico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III. o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV. o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solida- riedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjeti- vo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o po- der público para exigi-lo. O ensino médio visa à consolidação e aprofundamento dos objetivos adquiridos no ensino fundamental. Tem a duração mínima de três anos, com ingresso a partir dos quinze anos de idade. A educação superior tem como finalidades: • estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento re- flexivo; • incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura. Com isso, espera-se desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive. A edu- cação superior abrange cursos sequenciais nos diversos campos do saber, cursos de graduação, de pós-graduação e de extensão. O acesso a esse nível de educação acontece a partir dos 18 anos, variando o número de anos de estudo de acordo com os cursos e sua complexidade. As modalidades de ensino que permeiam os níveis descritos anteriormente são: • Educação especial: oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. • Educação de jovens e adultos: destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. • Educação profissional e tecnológica: que, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. É destinada ao aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem como ao trabalhador em geral, jovem ou adulto (art. 39). Cabe ressaltar que as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Res. 4/2010), em seu art. 27, consideram também como modalidades de ensino a Educação do Cam- po, a Educação Escolar Indígena e a Educação a distância. Ressalta-se ainda que, a partir das discussões na Conferência Nacional de Educação (CO- NAE), em 2010, ocorrida em Brasília, foi feita a inclusão da educação escolar quilombola como modalidade da educação básica, através do Parecer CNE/CEB 07/2010 e da Resolução CNE/CEB 04/2010. No Brasil, devido à existência de comunidades indígenas em algumas regiões, existe a ofer- ta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, visando à valorização ple- na das culturas dos povos indígenas e à afirmação e manutenção de sua diversidade étnica. De acordo com o art. 78, essa educação objetiva: I. proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias histó- ricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências; II. garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos téc- nicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias. Figura 4: Educação Infantil no Brasil Fonte: Disponível em <http://mariajprn. blogspot.com/2011/09/ breve-resumo-sobre-his- toria-da-educacao.html>. Acesso em 11 set. 2011. dICA Leia na íntegra as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, aces- sando o site do MEC no link abaixo: <http://portal.mec.gov. br/index.php?option=- com_content&view=ar- ticle&id=12992:diretri- zes-para-a-educacao- -basica&catid=323:or- gaos-vinculados> 15 História - Estrutura e Funcionamento do EnsinoFundamental e Médio 1.4 Inter-Relação do Sistema Nacional com o Sistema Estadual, Municipal e Escolar Para compreender essa inter-relação, devemos entender primeiramente o sentido de siste- ma. Saviani (1999, p. 122) diz que “sistema denota um conjunto de atividades que se cumprem, tendo em vista determinada finalidade, o que implica que as referidas atividades são organiza- das segundo normas que decorrem dos valores que estão na base da finalidade preconizada”. Dessa forma, um sistema implica a unidade na multiplicidade, considerando-se uma finali- dade comum quanto à maneira do como se busca articular tais elementos. Assim, podemos entender que os sistemas de ensino são o conjunto de campos de compe- tências e atribuições, que visam ao desenvolvimento da educação escolar e que se concretizam em instituições, órgãos executivos e normativos, recursos e meios articulados pelo poder público competente, acessíveis ao regime de colaboração e respeitadas as normas gerais vigentes. Teoricamente cada sistema de ensino forma um conjunto articulado de competências e atri- buições. Existindo, entretanto, uma educação nacional, fundamentada em valores e finalidades comuns, que promove a articulação entre os sistemas. A LDB/96 prescreve que cabe à União a coordenação da política nacional de educação, arti- culando os sistemas de ensino e “[...] exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais” (art. 8º, §1º), conforme discutido anteriormente. As atribuições que conferem às normas e ações da União o estatuto de coordenação da política na- cional de educação estão listadas no artigo 9º desta Lei, entre as quais se destacam: a elaboração de plano nacional de educação, em colaboração com estados e municípios; a assistência técnica e financeira aos governos subnacionais, o estabelecimento de diretrizes para as etapas da Educa- ção Básica, com a colaboração dos estados e municípios e a implementação de processo nacio- nal de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior. Na organização da educação nacional, funciona o Conselho Nacional de Educação (CNE). Esse conselho exerce funções específicas voltadas às instituições do sistema federal de ensino. Ele é, efetivamente, um conselho nacional, já que suas competências e sua área de jurisdição atingem todos os sistemas de ensino, abrangendo os sistemas estaduais e municipais. O CNE exerce muitas das atribuições da União que constam na LDB. As atribuições do Conselho Nacio- nal constam na Lei 9.131/1995. É importante ressaltar que se integrar ao sistema de ensino é ser parte deste, adotar suas normas e regulamentações para credenciamento e funcionamento, sem perder suas características históricas e o respeito às suas diversidades culturais; estar sujeito à supervisão, ao acompa- nhamento, ao controle e à avaliação do Sistema de Ensino. Pertencer ao Sistema Estadual, Municipal ou do Distrito Federal não é uma opção das instituições. Se o município tiver constituído seu Sistema de Ensino todas as instituições de edu- cação infantil deverão vincular-se a ele (BRASIL, 2001). As secretarias e conselhos têm o desafio de promover a integração das creches aos sistemas municipais de ensino, a fim de realizar um atendimento de qualidade às crianças brasileiras de zero a seis anos de idade. Historicamente as instituições de educação infantil eram vistas como de amparo e assistên- cia, assim integrá-las aos sistemas municipais de ensino, conferindo-lhes um caráter educacio- nal, não tem sido uma tarefa fácil para as Prefeituras. Assumir essa integração envolve aspectos burocráticos e questões ligadas à qualidade do atendimento com diferentes implicações para o município, entre os quais se destacam: • Criação do Sistema Municipal de Ensino. • Definição de normas para o funcionamento da educação infantil. • Formação inicial e continuada dos professores e sua profissionalização. • Elaboração de Propostas Pedagógicas das instituições. • Criação de espaços físicos e a aquisição de recursos materiais para o atendimento às crian- ças de 0 a 6 anos, entre outros (BRASIL, 2002). 16 UAB/Unimontes - 4º Período Dessa forma, faz-se necessário que, ao definir as políticas municipais, as Secretarias de Edu- cação se organizem com relação aos seguintes aspectos: à estrutura, ao orçamento, relativo às demandas por ampliação do atendimento e melhoria da qualidade dos serviços proporcionados, articulando a construção de uma política municipal de educação infantil. Referências ABREU, M. Organização da educação nacional na Constituição e na LdB. Ijuí: Ed. UNIJUI, 1998. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/principal.htm>. Acesso em 26 abr. 2009. BRASIL. Lei nº 9.394 de 21/12/1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. diário Oficial da União. Brasília-DF, 23 de dez. de 1996. v. 134, n. 248, p. 27883 – 27841. BRASIL. Ministério da Educação. Integração das instituições de educação infantil aos sistemas de ensino: um estudo de caso de cinco municípios que assumiram desafios e realizaram conquistas. Secretaria de educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2002. RAPOSO, Gustavo de Resende. A educação na Constituição Federal de 1988. Jus navigandi, Te- resina, v. 10, n. 641, 10 abr. 2005. Disponível em <http://jus.com.br/revista/texto/6574>. Acesso em 6 out. 2011. SAVIANI, Dermeval. Sistemas de ensino e planos de educação: o âmbito dos municípios. educ. Soc. [online], v.20, n.69, 1999. p. 119-136. ISSN 0101-7330. SAVIANI, Dermeval. Sistema Nacional de Educação: conceito, papel histórico e obstáculos para sua construção no Brasil. In: 31ª Reunião Anual da AnPed. Caxambu, out. 2008. 17 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UnIdAde 2 Currículo do Ensino Básico na Legislação Brasileira 2.1 Introdução Nesta unidade, vamos discutir o currículo no ensino básico expresso na LDB 9394/1996 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução 04 do CEB/CNE/2010), para analisarmos e compreendermos a sua trajetória no contexto da legalidade brasileira. Juntos desvelaremos as mudanças legais ocorridas no campo do currículo escolar para atuar como um professor mais reflexivo, analítico, criativo e pró-ativo, com habilidade para resolver os problemas postos pelas transformações dos tempos atuais. Pretendemos, ao final desta unidade, que você seja capaz de: • Compreender o currículo nos seus aspectos legais. • Compreender a importância da legislação na definição do currículo escolar. • Determinar a sua ação educativa fundamentada na legislação vigente. 2.2 O Currículo na Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional 9394/96 e nas Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN 2.2.1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, norteia-se para um currículo de base nacional comum para o ensino fundamental e médio. Na LDB, três artigos tratam sobre o currí- culo: o artigo 8º, mais geral, rege a organização da Educação Nacional, o artigo 9º, IV, define a competência da União para ◄ Figura 5: Educação Básica Fonte: Disponível em <http://cursos- pecialway.blogspot. com/2011/04/28-musica- -e-um-dos-sete-novos- -conteudos.html>. Acesso em 11 nov. 2011. 18 UAB/Unimontes - 4º Período Estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum. E o art. 12 define que os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimentodos dias letivos e horas-aulas estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como so- bre a execução da proposta pedagógica da escola; VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinqüenta por cento do percentual permitido em lei. No capítulo da Educação Básica, estão outras referências mais específicas. O art. 23 orienta que esta se organize em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do proces- so de aprendizagem assim o recomendar. O artigo 24 define as regras comuns de organização da educação básica. Já o artigo 26 ex- pressa que Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. A LDB também estabelece as diretrizes que deverão orientar os “conteúdos curriculares da educação básica”, que envolvem: valores, direitos e deveres e orientação para o trabalho. 2.2.2 Diretrizes Curriculares Nacionais - DCN Como vimos, a educação básica está dividida em modalidades, e para cada modalidade há uma Diretriz Curricular Nacional (DCN) para regulamentá-la. As DCN são os documentos com caráter de obrigatoriedade por força de Lei, definida na Re- solução CEB nº 2, de 7 de abril de 1998, em seu artigo 2º As Diretrizes Curriculares Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias so- bre princípios, fundamentos e procedimento da educação básica, expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desen- volvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas . É importante reiterar que a educação de nossas crianças e jovens é res- ponsabilidade social, ou seja, problema da sociedade como um todo e não só das que se utilizam da escola ou nela desempenham suas funções profissio- nais. Portanto, a educação escolar, como patrimônio público, é de responsabi- lidade social, independentemente de sua forma jurídica de manutenção (MA- ZZULLI; ROSALEN, 2001, p. 1). Para os autores, a educação, vista como estrutura socialmente determinada, dICA Acesse o link e leia na íntegra, a LDB 9394/96 e suas alterações. <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/ L9394.htm>. Figura 6: DCN Fonte: Disponível em <http://www.dailymotion. com/video/xksovr_peb-i- -professor-de-educacao- -basica-i-simulado-2011_ school>. Acesso em 11 nov. 2011. 19 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio reflete o conjunto das contradições que permeiam o contexto social. É no con- texto dessas contradições que se situa a expectativa de que a escola contribua para a formação de pessoas capazes de analisar criticamente a realidade na qual estão inseridas e exercerem participação cidadã em seu meio (MAZZULLI; ROSA- LEN, 2001, p. 1). As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução 04 do CEB/ CNE/2010), no capítulo 1, estabelecem as formas para organização curricular no art. 13, transcrito a seguir: O currículo, assumindo como referência os princípios educacionais garantidos à educação, assegurados no artigo 4º desta Resolução, configura-se como o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidades socioculturais dos educandos. O parágrafo 1º deste artigo explicita que o currículo deve “difundir os valores fundamentais do interesse social, dos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem democrática”, levando em consideração as condições de escolaridade dos estudantes no estabe- lecimento, “a orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais e não-for- mais”. O 2º parágrafo diz que, na organização da proposta curricular, é preciso assegurar o entendi- mento do currículo como experiências escolares desdobradas em torno do conhecimento, “per- meadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conheci- mentos historicamente acumulados, contribuindo para construir as identidades dos educandos”. O 3º parágrafo trata da organização do percurso formativo, que deve ser aberto e contex- tualizado. Para isso, “deve ser construída em função das peculiaridades do meio e das caracterís- ticas, interesses e necessidades dos estudantes, incluindo não só os componentes curriculares centrais obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais”, como também outros, de modo flexível e variável, de acordo com o projeto escolar, desde que assegure alguns aspec- tos que podem ser consultados e analisados a seguir: BOX 1 Incisos do § 3º da Resolução 04 do CeB/Cne/2010 I. concepção e organização do espaço curricular e físico que se imbriquem e alarguem, in- cluindo espaços, ambientes e equipamentos [...]; II. ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares que pressuponham profis- sionais da educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com responsabilidade compartilhada [...]; III. escolha da abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz curricular, a definição de eixos temáticos e a consti- tuição de redes de aprendizagem; IV. compreensão da matriz curricular entendida como propulsora de movimento, dinamis- mo curricular e educacional, de tal modo que os diferentes campos do conhecimento possam se coadunar com o conjunto de atividades educativas; V. organização da matriz curricular entendida como alternativa operacional que embase a gestão do currículo escolar e represente subsídio para a gestão da escola (na organização do tempo e do espaço curricular, distribuição e controle do tempo dos trabalhos docen- tes), passo para uma gestão centrada na abordagem interdisciplinar, organizada por ei- xos temáticos, mediante interlocução entre os diferentes campos do conhecimento; VI. entendimento de que eixos temáticos são uma forma de organizar o trabalho pedagógi- co, limitando a dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário no qual se constroem objetos de estudo, propiciando a concretização da proposta pedagógica centrada na vi- são interdisciplinar, superando o isolamento das pessoas e a compartimentalização de conteúdos rígidos; 20 UAB/Unimontes - 4º Período VII. estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de informação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a distância entre estudantes que aprendem a receber informação com rapidez utilizando a linguagem digital e professores que dela ainda não se apropriaram; VIII. constituição de rede de aprendizagem, entendida como um conjunto de ações didático -pedagógicas, com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada pela cons- ciência de que o processo de comunicação entre estudantes e professores é efetivado por meio de práticas e recursos diversos; IX. adoçãode rede de aprendizagem, também, como ferramenta didático-pedagógica rele- vante nos programas de formação inicial e continuada de profissionais da educação [...]. Fonte: Disponível em <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>. Acesso em 14 out. 2014. O parágrafo 4º traduz o entendimento da transversalidade “como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas”. Diferenciando no § 5º a transversalidade da interdisciplinaridade, afirmando que “ambas complementam-se e rejeitando a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto e acabado”. O parágrafo 6º diz que “a transversalidade refere-se à dimensão didático-pedagógica, e a in- terdisciplinaridade, à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento”. O capítulo II desta mesma resolução trata da formação básica comum e parte diversificada, que não podem se constituir em dois blocos diferentes, devendo “ser organicamente planejadas e geridas de tal modo que as tecnologias de informação e comunicação perpassem transversal- mente a proposta curricular, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, imprimindo direção aos projetos político-pedagógicos”, nos art. 14 e 15. As disciplinas que integram a base nacional comum na Educação Básica são: • a Língua Portuguesa; • a Matemática; • o conhecimento do mundo físico, natural, da realidade social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena; • a Arte, em suas diferentes formas de expressão, incluindo-se a música; • a Educação Física; • o Ensino Religioso. A parte diversificada deve complementar a base nacional comum, considerando as carac- terísticas regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da comunidade escolar, per- passando todos os tempos e espaços curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do En- sino Médio, independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos tenham acesso à escola. De acordo com a resolução, a parte diversificada pode ser organizada em temas, com eixos temáticos, selecionados nos colegiados escolares. A língua estrangeira pertence à parte diversificada e, pelo menos uma, deve ser incluída no currículo, escolhida pela comunidade escolar, dentro das possibilidades da escola, que deve con- siderar o atendimento de suas especificidades. A língua espanhola, por força da Lei nº 11.161/2005, é obrigatoriamente ofertada no Ensino Médio, embora facultativa para o estudante, bem como possibilitada no Ensino Fundamental, do 6º ao 9º anos. Ainda há Leis específicas que complementam a LDB, determinam que sejam incluídos com- ponentes não disciplinares, como temas relativos ao trânsito, ao meio ambiente e à condição e direitos do idoso. Referências BRASIL. Lei nº 9.394, de 21 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. diário Oficial da União. Brasília-DF, 23 de dez. de 1996. v. 134, n. 248, p. 27883 – 27841. dICA • A Lei 11.525, de setembro de 2007, definiu que o currí- culo do ensino fun- damental incluísse “obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes”. • A Lei 11.645, em março, tornou obri- gatórios, no ensino fundamental e médio, conteúdos da cultura africana e indígena. • A Lei 11.684, em junho, transfor- mou a Filosofia e a Sociologia em “disciplinas obri- gatórias em todas as séries do ensino médio”. • A Lei 11.769, em agosto, estabele- ceu o ensino de música como con- teúdo obrigatório, no ensino funda- mental e médio, do componente curricular de Artes. dICA Acesse o link abaixo para ler na íntegra os documentos legais disponibilizados no Portal do MEC sobre a educação básica. <http://portal.mec.gov. br/index.php?option=- com_content&view=ar- ticle&id=12992:diretri- zes-para-a-educacao- -basica&catid=323:or- gaos-vinculados> 21 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em 15 out. 2011. BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Prevê a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro–brasileira em todas as escolas brasileiras, e destaca o ensino da história e cultura dos povos indígenas . Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/ L11645.htm>. Acesso em 10 out. 2011. BRASIL. Lei n° 11.684/08, de 02 de junho de 2008. Alterou o art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de de- zembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filoso- fia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11684.htm>. Acesso em 10 out. 2011. BRASIL. Lei n° 11769, de agosto de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/ L11769.htm>. Acesso em 10 out. 2011. MAZZILLI, S.; ROSALEN, M. A. S. As diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil e os projetos pedagógicos das instituições de educação infantil. In: XXIV Reunião Anual da AnPed, 2001, Caxambu, 2001. 23 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio UnIdAde 3 Organização e Estrutura da Educação Brasileira 3.1 Introdução Nesta unidade vamos discutir a Organização e Estrutura da Educação Brasileira, focalizando a formação e os diversos fatores políticos, econômicos e sociais e a legislação como instrumento de intervenção na realidade educacional, além de abordarmos a questão do financiamento da educação no Brasil. Rediscutiremos as esferas do sistema educacional, a União, os estados e municípios, focali- zando também a escola onde você concretizará a educação na aula, na relação com os alunos e seus pais e nos debates com o conjunto de profissionais da unidade escolar. Esperamos, ao final desta unidade, que você seja capaz de: • Compreender a organização e o funcionamento de sistemas e instituições escolares no Bra- sil como elemento de reflexão sobre/na realidade sócio-histórica. • Refletir sobre a estrutura da educação básica e sua organização, enfocando a formação e os fatores de ordem política, econômica e social, onde o estudo da legislação possa servir como instrumento de intervenção na realidade educacional. • Contextualizar historicamente o desenvolvimento e a organização da educação no Brasil. • Identificar as leis que propuseram reformas para a educação brasileira. • Identificar as regras sobre o financiamento da educação brasileira. A legislação enquanto fonte documental oficial aponta necessária vinculação com o Estado e então há que ser considerada como expressão possível do jogo de forças das classes sociais aí presentes (MIGUEL, 2005, p. 9). 3.2 Organização e Estrutura da Educação Brasileira Para que se cumpra sua formação como acadêmico(a), pautada em sólida fundamentação, faz-se necessário a altercação acerca da disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Fun- damental e Médio como lócus privilegiado de debate sobre a realidade brasileira em cada mo- ◄ Figura 7: Estudando a Educação Fonte: Disponível em <http://estudando- educacao.blogspot. com/2011/04/o-numeros- -da-educacao-basica-no- -brasil.html>. Acesso em 10 nov. 2011. 24 UAB/Unimontes - 4º Período mento histórico. Segundo Mendonça e Lellis (1998), tal disciplina inscreve-se na expectativa de compreensão da contextura de relações sociais e de lutas que se travam no plano estrutural e conjuntural, ou seja, discute acerca da compreensão da educação no contexto da tessitura social produtiva,no contexto da organização econômica global e da organização política neoliberal. A estrutura e a organização da educação nacional não dispensam a legislação como fio con- dutor, como institucionalização lícita das políticas oficiais. A educação escolar se constitui em uma prática social que revela e desvela fins e interesses, sendo um elemento social essencial ao contexto sociopolítico e econômico. Assim, a disciplina Estrutura e Funcionamento da Educação Básica, desde a sua criação, é mensageira de uma história que se relaciona às formas específicas de organização da sociedade e dos sujeitos que a significam e ressignificam no tempo e nos es- paços escolares. Nos tempos atuais, em pleno século XXI, período histórico cujos paradigmas reportam à ve- locidade da informação; tempo do fastígio da globalização, era do domínio e celeridade do co- nhecimento, em que as informações estão on line desde o exato momento de sua ocorrência, exige-se muito mais de profissionais da educação que buscam suscetibilidade num mercado eclético e de transformações aceleradas; transformações nas “estruturas econômicas, políticas, demográficas, geográficas, históricas, culturais e sociais, que se desenvolvem em escala mundial, adquirem preeminência sobre as relações, processos e estruturas que se desenvolvem em escala nacional” (IANNI, 1994, p. 147), mercado influenciado principalmente por uma grande demanda de consumo insano. É importante realçar aqui o juízo de que a disciplina de Estrutura e Funcionamento do Ensi- no Fundamental e Médio, ao ser ministrada nos cursos de formação de professores, e dependen- do do enfoque que lhe é atribuído, poderá provocar entre os sujeitos do processo educacional, discussões acerca de elementos históricos que, ao serem problematizados, tornam-se elementos imperiosos ao processo de formação do professor emancipado. Nesse contexto a preocupação com a educação vem adquirindo grande repercussão, de modo a mobilizar a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e a colaboração da família e da sociedade em geral. Ratificando essa preocupação, o Artigo 205 da Constituição Federal do Brasil (1988) afirma que “A Educação é um direito de todos e dever do Estado e da Família [...]”, e de acordo com o ar- tigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394/96 – “A educação [...] tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” Pode-se entender, portanto, que a educação escolar prima pela promoção da igualdade, da perspectiva social e pela universalização do ensino a partir da possibilidade de formação do sujeito, de modo a garantir-lhe o acesso ao desenvolvimento e ao conhecimento. Conforme Cury, a Constituição Federal do Brasil: Sendo um serviço público (e não uma mercadoria) da cidadania, a nossa Cons- tituição reconhece a educação como direito social e dever do Estado. Mesmo quando autorizada pelo Estado a oferecer esse serviço, a instituição privada não deixa de mediar o caráter público inerente à educação. Só que esta ação obriga- tória do Estado vai se pôr em marcha no interior de um Estado federativo (CURY, 2002, p. 171). A recente estrutura e funcionamento da educação brasileira provêm da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394/96), que, por sua vez, se junta à Constituição Federal de 1988 e às orientações gerais do Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/2014) bem como às respectivas Emendas Constitucionais em vigência. Na LDB, em cada um dos níveis e modalidades de ensino propostos, é possível perceber, apesar das limitações ainda presentes, possibilidades de flexibilidade da legislação educacional vigente, de forma a levar em conta a autonomia confe- rida aos sistemas de ensino e às suas respectivas interligações. Assim, nesse contexto da educação escolar brasileira, há conforme o Título V da LDB, os ní- veis e as modalidades do ensino. Este título compreende 37 (trinta e sete) artigos: do artigo 21 (vinte e um) ao artigo 58 (cinquenta e oito), através dos quais se estabelece a estrutura didática da educação escolar do Brasil. GLOSSáRIO Altercação: discussão 25 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio 3.3 Níveis de Educação Em relação ao quadro acima apresentado, faz-se importante ressaltar que, de acordo com o inciso I do artigo 208 da Constituição Federal do Brasil de 1988, através de redação dada pela Emenda Constitucional nº 59/2009, a educação básica obrigatória, ou ensino obrigatório, diz res- peito à faixa etária de 04 a 17 anos, ou seja, educação pré-escolar (04 e 05 anos), ensino funda- mental (06 a 14 anos) e ensino médio (15 a 17 anos); além da Educação destinada aos jovens e aos adultos: “educação básica obrigatória e gratuita dos 04 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”. Figura 8: Organograma e estrutura da educação brasileira Fonte: Organizado pelas autoras a partir da legislação vigente e do site <http://www.oei.es/ quipu/brasil/estructura. pdf>. Acesso em 10 nov. 2011. 26 UAB/Unimontes - 4º Período Na Unidade I, vocês estudaram que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 9394/96 – em seu artigo 21, determina que a educação escolar seja composta pela educação básica e su- perior. A educação se compõe na Educação Básica, formada pela educação infantil, ensino funda- mental e ensino médio; e na Educação superior. A LDB/96 também determina as suas finalidades: A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (Art. 22). A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comu- nidade. (Art. 29). O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na es- cola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, [...] (Art. 32). O ensino médio, etapa final da educação básica, tem duração mínima de três anos, [...] (Art. 35). A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou especialização (Art. 45). O conceito de educação básica que nos é dado pela legislação educacional é um conceito novo e inovador para um país cuja história da educação mostra claramente que, durante muitos anos, foi negligenciado o acesso de seus cidadãos à educação escolar. A ideia de formação co- mum pode ser entendida como um todo integral e integrado de conhecimentos em condições de aprimorar a habilidade de cada um de se colocar no espaço social, no espaço de trabalho, nas relações produtivas e na construção de sua vida particular e coletiva. A formação comum se via- biliza por meio de uma base comum de conteúdos e de aprendizagem. O conceito de educação básica garante um entendimento mais aberto da função social da educação, tendo em vista um ensino que prima pela qualidade. Um elemento que merece ser aqui destacado é o trabalho que, com certeza, configura-se como um desafio a ser assumido no processo de organização da escola mediante a condição de construção do conhecimento. A relação trabalho e educação, proposta pela LDB, pode constituir- se num caminho de acesso à plenitude da democracia através de uma concepção educacional que se paute na intenção de formar sujeitos conscientes de sua inserção social e de suas possibi- lidades no/do espaço social. Em relação à ideia de desenvolvimento do educando, nas etapas da educação básica, eta- pas estas que formam um todo orgânico e encadeado, importa destacar o reconhecimento da educação escolar para as diferentesfases da vida bem como sua intencionalidade maior anterior- mente posta no art. 205 da Constituição Federal do Brasil de 1988: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimen- to da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Frente ao exposto, entende-se a universalização do ensino para as diferentes fases da vida através da educação infantil como primeira etapa da educação básica, do ensino fundamental e do ensino médio como etapa e espaço de culminância de um processo que se baseia na articu- lação entre suas partes, integrado inclusive com o ensino superior. Há de se considerar ainda o dispositivo legal que ratifica o alargamento do conceito de educação básica e que amplia o nú- mero de anos propostos para este nível de escolarização: educação infantil de zero a cinco anos, ensino fundamental de seis a catorze anos (observa-se nove anos de duração) e ensino médio que varia entre três e quatro anos, conforme a natureza e especificidade do curso e da institui- ção, cursado a partir dos 15 (quinze) anos. A educação infantil constitui a etapa inicial da educação básica e divide-se em duas etapas, a saber, de zero a três anos em creche e de quatro a cinco anos em educação pré-escolar. Tem por objetivo o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelec- tual e motor. (Artigo 29 da Lei 9394/96). A Constituição Federal do Brasil (1988), em seu art. 208 e inciso I, diz que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia da “educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”, o que significa que a creche, zero a três anos, não se constitui, pelo menos a princípio, dever do Estado. 27 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio Já o inciso IV do mesmo artigo dispõe esta etapa da educação como dever do Estado: “edu- cação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 05 (cinco) anos de idade”. Segundo o Parecer CEE/MG 1132/97, que dispõe sobre a Educação Básica, nos termos da Lei 9.394/96, a educação infantil compreende a creche e a pré-escola: A creche e a pré-escola constituem direito da criança à educação e um direito da família de compartilhar a educação de seus filhos em instituições sociais, As- sim como são um dos meios mediante os quais o Estado efetiva o seu dever de educar. No mesmo sentido, cabe ao Município oferecer educação infantil, em creches e pré-escolas, buscando formas de colaboração com outras instituições, para oferta, expansão e melhoria de sua qualidade. Assim, a proposta pedagógica da educação infantil deve considerar o bem-estar da criança, seu grau de desenvolvimento, a diversidade cultural das populações infantis, os conhecimentos a serem universalizados e o regime de atendimento a ser oferecido pelas instituições educacio- nais (tempo integral ou parcial). A avaliação, na educação infantil, será feita mediante acompanhamento e registro do desen- volvimento da criança, tomando como referência os objetivos estabelecidos para essa etapa da educação, que não tem função de promoção nem constitui pré-requisito para o acesso ao ensino fundamental. As instituições de educação infantil integram o Sistema Municipal ou Estadual de Ensino, se- gundo as opções que forem feitas pelos municípios. Os estabelecimentos de educação infantil serão autorizados e supervisionados pelos res- pectivos sistemas de ensino, assegurado o prazo de três anos, a contar de 20.12.96, para sua reor- ganização e cumprimento das novas exigências legais. Os municípios que se integrarem ao sistema estadual de ensino ou compuserem com este um sistema único de educação básica cumprirão as diretrizes e normas para credenciamento e funcionamento de instituições educacionais estabelecidas pelo Conselho Estadual de Educação. Frente à atual política educacional brasileira, a educação infantil passa a ser reconhecida como uma etapa específica da formação humana, baseada na ideia de educação como processo contínuo, desde o nascimento. A especificidade atribuída a essa etapa de escolarização é exata- mente oposta à visão atribuída à pré-escola, que era percebida e entendida a partir da noção de privação cultural, ou seja, a pré-escola tinha por missão suprir as supostas deficiências das crian- ças das camadas populares, de modo a prepará-las para o ingresso no ensino fundamental. Importa acrescentar, ainda, que a dimensão pedagógica atribuída pela legislação vigente à educação infantil intenta o crescimento muldimensional da criança. Desse modo procura, a par- tir desse dispositivo legal, superar a visão assistencialista que marcou as ações governamentais direcionadas à pré-escola. O ensino fundamental, segunda etapa da educação básica, que apresenta como maior ob- jetivo a formação básica do cidadão, tem duração de nove anos (Lei 11.274, de 06 de fevereiro de 2006), e é obrigatório e gratuito na escola pública, a partir dos seis anos de idade. A oferta do ensino fundamental deve ser gratuita também aos que a ele não tiveram acesso na idade pró- pria, ou seja, para a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa alteração de oito para nove anos no ensino obrigatório tem como objetivo assegurar a todas as crianças um tem- po mais longo de convivência escolar e maiores oportunidades de aprendizagem. Julga-se importante acrescentar, em relação ao ensino fundamental, segundo o Parecer CEE/MG 1.132/97, que, para o cumprimento da obrigatoriedade de oferta de ensino fundamen- tal, o Estado e os Municípios: • Em regime de colaboração e com assistência da União, recensearão a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso. • Criarão formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior. • Promoverão cursos presenciais ou a distância para jovens e adultos insuficientemente esco- larizados; • Possibilitarão a aceleração de estudos para alunos com atraso escolar. • Realizarão cursos e exames supletivos que habilitem ao prosseguimento de estudos. Em relação ao ensino fundamental, segundo os principais teóricos que versam sobre esse assunto, a inovação mais importante posta pela Constituição Federal do Brasil de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96 foi o fato de que a educação básica obri- gatória, ou seja, de 04 a 17 anos, é “direito público subjetivo”. Veja a seguir os textos legais que determinam tal prática. dICA Conheça o Parecer CNE/ CEB nº 22/1998 - Dire- trizes Curriculares Na- cionais para a Educação Infantil e a Resolução CNE/CEB nº 01/1999 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. 28 UAB/Unimontes - 4º Período A Constituição Federativa do Brasil (1988), no art. 208, inciso VII, § 1º e 2º determina: § 1º - o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo; § 2º - o não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua ofer- ta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. Reafirmado na Lei 9394/96, art. 5º: O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sin- dical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. De acordo com Cury, é muito importante saber o significado de “direito público subjetivo”: [...] é aquele pelo qual o titular de um direito pode exigir direta e imediatamente do Estado o cumprimento de um dever e de uma obrigação. O titular deste direi- to é qualquer pessoa, de qualquer idade, que não tenha tido acesso à escolari- dade obrigatória na idade apropriada ou não.É válida sua aplicação para os que, mesmo tendo tido acesso, não puderam completar o ensino fundamental. Trata- se de um direito subjetivo, ou seja, (sic) um sujeito é o titular de uma prerrogativa própria deste indivíduo, essencial para sua personalidade e para a cidadania. E se chama direito público, pois, no caso, trata-se de uma regra jurídica que regula a competência, as obrigações e os interesses fundamentais dos poderes públicos, explicitando a extensão do gozo que os cidadãos possuem quanto aos serviços públicos. O sujeito deste dever é o Estado sob cuja alçada estiver situada essa etapa da escolaridade (CURY, 2000, p. 21). Além disso, o não cumprimento desse direito, por parte das autoridades competentes, im- plica crime de responsabilidade. O significado de crimes de responsabilidade é definido pela Lei 1.079/1950, artigo 4º, III, “como crime de responsabilidade aquele em que a autoridade venha a atentar contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais”. Cury (2000, p. 22) pontua que, mediante a ausência de vagas no ensino fundamental, o art. 14 desta mesma Lei permite a “qualquer cidadão denunciar autoridades omissas ou infratoras perante a Câmara dos Deputados”. O ensino médio, etapa final da educação básica, tem por objetivo materializar e radicar os objetivos e habilidades construídas e consolidadas no ensino fundamental. Esta etapa da educa- ção básica, ao longo do tempo, vem buscando sua identidade, uma vez que, num momento da história, lhe foi delegada a função propedêutica, noutro momento o atendimento ao mercado de trabalho. Atualmente, esta etapa da educação básica tem a finalidade de preservar o caráter uni- tário da educação, a partir da proposta de educação geral e desempenha a função de colaborar para que a juventude aprofunde e solidifique os conhecimentos até então adquiridos. Outro pa- pel que também lhe é atribuído é a condição de permitir o acesso à educação profissionalizante, seja ele técnico ou de nível superior. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº 9.394/96), ao situar o ensino médio como etapa final da educação básica, define-o como a conclusão de um período de esco- larização de caráter geral, como parte de uma etapa da escolarização que tem por finalidade o desenvolvimento do indivíduo, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercí- cio da cidadania, fornecendo-lhe os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores, como disposto em seu art. 22. A matrícula nesta etapa da educação básica, até o ano de 2009, não era considerada obriga- tória. Desde 2010, o poder público teve que oferecer o ensino médio público e gratuito a todos os alunos interessados em cursá-lo, porém, o estudante continuou podendo escolher se ia ou não cursar o ensino médio. Entretanto, a partir de 2016, o poder público e os pais poderão ser responsabilizados civil e criminalmente por aqueles que estiverem fora da escola – como aconte- cia, segundo a Emenda Constitucional 14/96, com os alunos do ensino fundamental. A Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, que acrescenta o § 3º ao art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para reduzir, anualmente, a partir do exercício de 2009, o percentual da Desvinculação das Receitas da União (DRU) incidente sobre os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino de que trata o art. 212 da Constituição Federal, dá nova redação aos incisos I e VII do art. 208, de forma a prever a obriga- toriedade do ensino de 4 a 17 anos e ampliar a abrangência dos programas suplementares para todas as etapas da educação básica, e dá nova redação ao § 4º do art. 211 e ao § 3º do art. 212 e ao caput do art. 214, com a inserção neste dispositivo de inciso VI. dICA Leia a legislação vigente na íntegra que trata do ensino fundamental. - Parecer CNE/CEB nº 04/1998 - Diretrizes Cur- riculares Nacionais para o Ensino Fundamental e a Resolução CNE/CEB nº 02/1998 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental; - A Lei 11.114/2005 – Torna obrigatório o início do ensino funda- mental aos seis anos de idade; - O Parecer CNE/CEB nº 18/2005 - Orientações para a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Funda- mental obrigatório; - A Resolução CNE/CEB nº 03/2005 - Define normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração. 29 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio A extensão da obrigatoriedade ao ensino médio vem sendo posta desde 1988 pela Consti- tuição Federal, tendo perdido força com a Emenda Constitucional nº 14, de setembro de 1996, que substituiu sua obrigatoriedade por “progressiva universalização”. A Emenda nº 59 de 2009, portanto, treze anos depois, permite a recuperação da obrigatoriedade e da gratuidade ao ensi- no médio, sendo que ainda necessitamos de mecanismos que possibilitem a concretização desse direito no País. Também a LDB, no artigo 4º, II, afirma que o dever do Estado com a educação escolar pú- blica será efetivado mediante a garantia de universalização do ensino médio gratuito (Redação dada pela Lei nº 12.061, de 2009). É importante esclarecer que há divergência de entendimento entre autores que discutem este assunto como, por exemplo, Dermeval Saviani, Carlos Roberto Jamil Cury, João Gualberto de Carvalho Menezes, Eva Waisros Pereira, entre outros. Enquanto uns entendem que a progressiva universalização significa obrigatoriedade, outros discordam. Na interpretação de Cury, a legisla- ção vigente mantém o dever do Estado para esse nível de ensino. A ‘prioridade’ de sua oferta fica sob a incumbência dos Estados. Ora, a concre- tização dessa oferta gratuita, progressivamente em direção à ‘universalização obrigatória’, vai também estendendo para este nível o caráter de direito público. Deste modo, admitindo-se a progressão permanente, gradual e ampliada, ‘ain- da que em ritmos diferentes’, a obrigatoriedade ‘coroaria’ esse processo. Dentro dessa gradualidade, é precedente, desde logo, apontar o dever dos Estados em garantir sua oferta gratuita para todos os que demandarem. Então, em um ‘se- gundo momento’, assegurar o seu atendimento universal e ‘obrigatório’, como já vige para o ensino fundamental, ‘seria’ o passo final para que essas duas etapas da educação básica se vissem sob o direito público subjetivo. (CURY, 2000, p. 25, Grifos nossos) Percebe-se que Cury, Conselheiro do Conselho Nacional de Educação, é um dos autores que entendem que a progressiva universalização significa a obrigatoriedade do Estado para com esta etapa da educação básica. Porém, ao analisar as palavras que destacamos na citação feita, perce- bemos que ele fala em prioridade e não em obrigatoriedade, o tempo verbal usado é o futuro do pretérito do indicativo. Também quando ele se refere à “progressão permanente, gradual e am- pliada, ainda que em ritmos diferentes”, fica clara a diferença posta entre o ensino obrigatório e o ensino médio, e quando fala sobre “a concretização dessa oferta gratuita, progressivamente em direção à universalização obrigatória”, pode-se observar que, na redação dada pela Lei nº 12.061, de 2009, o termo posto é “universalização do ensino médio gratuito”. Por fim, Pereira e Teixeira comentam sobre a obrigatoriedade do ensino médio: O artigo 208 da Constituição Federal define que o ensino fundamental públi- co será obrigatório e gratuito, condições estas a serem implantadas progressi- vamente no desenvolvimento do ensino médio, ainda que hoje, com redação reformulada pela [...] emenda constitucional 14/1996, a “obrigatoriedade” tenha sido substituída por “universalização” (PEREIRA e TEIXEIRA, 2000, p. 95). Ainda em relação ao ensino médio, segundo o Parecer CEE/MG 1132/97, faz-se necessário salientar que As escolas que oferecerem o ensino médio, última etapa da educação básica, organizarão seus cursos com duração mínima de três anos com 2.400 horas deefetivo trabalho escolar. O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. O ensino profissional, articulado com o ensino médio, será ministrado: a) de forma seqüencial, quando concluída a programação destinada ao ensino médio seguir-se um período destinado exclusivamente ao ensino profissional; b) de forma paralela, quando as duas partes, a destinada à formação geral do educando e a destinada à formação profissional, ocorrerem lado a lado. Nesse caso, as duas partes devem cumprir as respectivas cargas horárias; c) de forma concomitante, quando as duas partes integrarem o mesmo currículo, sem prejuízo da carga horária destinada à formação geral do educando. O estabelecimento de ensino médio poderá oferecer habilitação profissional em cooperação com instituições especializadas em educação profissional (centros 30 UAB/Unimontes - 4º Período de formação profissional, escolas de formação técnica ou empresas que pos- suam programas de formação ou qualificação). Nos cursos noturnos, os horários e a duração da jornada diária serão compatíveis com as especificidades dos alunos trabalhadores, sem comprometer os padrões de qualidade. Quanto à educação superior, esta constitui o segundo nível da educação escolar, conforme estabelecido pelo artigo 21 da Lei 9394/96. Percebe-se,no Capítulo IV desta Lei, que versa sobre este nível educacional, que este contém um número maior de artigos, sendo quinze no total (do artigo 43 ao 57). A educação superior abrange cursos sequenciais nos diversos campos do saber, cursos de graduação, de pós-graduação e de extensão. O acesso à educação superior ocorre a partir dos 18 anos, através de diferentes processos seletivos, e o número de anos de estudo varia de acordo com os cursos, sua natureza e sua complexidade. O Parecer CNE nº CP 98/99, aprovado em 06/07/99, confirma a continuidade dos concursos vestibulares: Vale ressaltar desde logo que os concursos vestibulares continuam a ser proces- so válido para ingresso no ensino superior; a inovação é que deixaram de ser o único e exclusivo mecanismo de acesso, podendo as instituições desenvolver e aperfeiçoar novos métodos de seleção e admissão alternativos que, a seu juízo, melhor atendam aos interessados e às suas especificidades. Hoje existem diferentes processos que possibilitam o acesso ao Ensino Superior no Brasil, porém ainda imperam as tradicionais provas de vestibular e a utilização do eneM. O exame nacional do ensino Médio (eneM) surgiu em 1998 para medir o desempenho dos estudantes do Ensino Médio. Hoje é uma das formas de ingresso para uma instituição de ensino superior pública ou federal. Seu principal objetivo é avaliar o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica. Podem participar do exame alunos que estão concluindo ou que já concluíram o ensino médio em anos anteriores. O Enem é utilizado como critério de seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni). Além disso, cerca de 500 universidades já usam o resultado do exame como critério de seleção para o ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular. O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi criado em 2004, pela Lei nº 11.096/2005, e tem como finalidade a concessão de bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cur- sos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação superior. As instituições que aderem ao programa recebem isenção de tributos. Outra grande modificação foi a criação do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Trata-se de um processo organizado pelo Ministério da educação (MeC) para selecionar os estudantes para as universidades por meio da nota obtida no ENEM. Uma das vantagens do sistema seria unificar todos os testes em um só. A nota do ENEM também é utilizada de outras maneiras: na primeira fase do vestibular como parte da nota final e também para preencher vagas remanescentes nas instituições. Outro processo usado para acesso ao ensino superior é o Vestibular tradicional. Esse pro- cesso seletivo consiste em uma prova na qual os vestibulandos que obtém maior pontuação fi- cam com a vaga. O tipo de prova depende da instituição que a aplicará. Algumas dividem o ves- tibular em fases, sendo a primeira eliminatória com perguntas de múltipla escolha. A segunda é discursiva para testar se o estudante é claro em suas explanações. Além disso, todas as universi- dades cobram a realização de uma redação em alguma das fases de seus processos. Também utiliza-se o processo de Avaliação seriada. Essa forma de seleção é realizada du- rante os três anos em que o estudante está no Ensino Médio. As provas são aplicadas no final de cada ano e abordam os conteúdos aprendidos. No terceiro ano é que o vestibulando deve selecionar qual o curso desejado. As provas são estruturadas da mesma forma que o vestibular com questões de múltipla escolha e dissertativas, além de uma redação. No final do processo, a instituição calcula uma média com a pontuação obtida em cada prova. Outra forma de seleção a ser citada aqui é a entrevista. Esse meio de seleção não é usa- do sozinho, ou seja, costuma estar aliado com outras formas como uma redação, nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ou análise de histórico escolar. Com base na entrevista, a instituição seleciona os candidatos que tem o perfil necessário para o curso e profissão. Existe também a seleção através da Análise de histórico escolar. Esse tipo de processo considera as notas do aluno durante o Ensino Médio em todas as disciplinas. Geralmente, as ins- tituições o usam como parte da nota final do estudante, que também precisa prestar a prova do vestibular em busca da aprovação. dICA Leia o Parecer CEB n.º 15/1998 - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e a Resolução n.º 3/1998 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. 31 História - Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio Outro processo é a Prova agendada. Esse sistema é comum quando ainda há vagas rema- nescentes na universidade. O estudante marca um horário e dia para realizar o teste, com o mes- mo conteúdo cobrado nos vestibulares tradicionais. Na modalidade de Prova eletrônica, o estudante comparece até o campus e realiza a prova em um laboratório de informática. A vantagem desse tipo de seleção é que, no dia seguinte, o resultado já é divulgado. Nas Provas de habilidade específica, dependendo do curso escolhido, os vestibulandos são submetidos a uma prova específica para verificar se eles estão aptos a ganhar a vaga. Para o curso de Arquitetura, por exemplo, é preciso mostrar habilidades em desenho, já em Educação Física o aluno passa por testes físicos. O aluno que deseja uma vaga no curso de Música também tem que realizar esse tipo de teste. Importa destacar que, na LDB 9394/96, o ensino superior apresenta, entre as suas finalida- des: o estímulo à criação cultural, o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento re- flexivo, o incentivo ao trabalho de pesquisa e investigação científica. Pode-se entender, a partir daí, que não ficam claros a função e o compromisso da universidade em realizar ou desenvolver a pesquisa, de modo a contribuir para o desenvolvimento do conhecimento científico, embora a Constituição Federal (1988), no seu art. 207, cite um ponto inovador neste nível de ensino, des- crevendo o conceito de universidade desta mesma LDB e advertindo que sejam “instituições plu- ridisciplinares [...] de pesquisa”. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão